quarta-feira, 30 de outubro de 2013

A REGIÃO DO CHIFRE DA ÁFRICA

  O chamado Chifre da África também conhecido como Nordeste Africano e algumas vezes como península Somali, é a região mais oriental do continente africano, sendo formada por quatro países: Etiópia, Eritreia, Somália e Djibuti. As paisagens dominantes são de deserto e semideserto, com exceção do sul da Etiópia e da Somália, onde o clima é menos seco.
  O Chifre da África está permanentemente em crise. A região costuma frequentar os noticiários internacionais pela pobreza da população, por guerras e disputas internas, pela quantidade de refugiados em seu interior e por constantes crises humanitárias. Os conflitos têm devastado continuamente essa região.
Legionários franceses e soldados norte-americanos participam de exercício militar em Djibuti
  Os povos do Chifre da África ocupam a região há milênios. Um dos países que mais aparece nos noticiários do mundo inteiro, sobretudo pelas dificuldades econômicas de sua população, é a Etiópia. Já foi chamada de Abissínia, é o país mais extenso e populoso da região e uma das únicas nações  africanas que escaparam da colonização europeia, exceto em um curto período de ocupação italiana (1935-1941).
ETIÓPIA
 
  A Etiópia é um dos países mais antigos do mundo e o segundo país mais populoso da África, perdendo apenas para a Nigéria. Limita-se ao norte com Eritreia e Djibuti, a oeste como o Sudão e com o Sudão do Sul, ao sul com o Quênia, e a leste com a Somália.
  Quando o continente africano foi dividido entre as potências europeias na Conferência de Berlim, a Etiópia foi um dos dois únicos países que mantiveram a independência (o outro foi a Libéria). Quando as outras nações africanas se tornaram independentes, muitas delas adoraram as cores da bandeira da Etiópia, e Addis Abeba tornou-se a sede de várias organizações internacionais focadas na África. Atualmente, a capital etíope é sede da União Africana e da Comissão Econômica das Nações Unidas para a África.
Sede da União Africana, em Addis Abeba - Etiópia
  Além de ser um país antigo, a Etiópia é um dos sítios de existência humana mais antigos, dividindo com a África do Sul o posto de maior número de Patrimônios Mundiais da Unesco na África. O país também possui laços históricos próximos com as três maiores religiões abraâmicas: foi um dos primeiros países a adotar o cristianismo como religião do Estado, ainda no século IV. Atualmente, a maioria da população ainda é cristã, porém, um terço é muçulmana. Na Etiópia está o sítio do primeiro Hégira da história islâmica, localizada em Negash. A nação também é o berço espiritual da religião Rastafari.
Igreja de Nossa Senhora Maria de Zion, em Axum - Etiópia
  O país desgastou-se muito com uma longa guerra - que durou 30 anos - de dominação sobre a Eritreia, que logrou tornar-se independente em 1993. Com isso, a Etiópia perdeu sua importante saída para o Mar Vermelho. Ainda hoje,o país mantém disputas com os vizinhos, particularmente a Somália.
  Aproximadamente 80% da PEA (População Economicamente Ativa) do país está inserido no setor primário, principalmente na agricultura. Os principais produtos de exportação  são: café, sementes oleaginosas, feijão, flores, trigo, cana-de-açúcar, milho, sorgo e cevada. A indústria possui pouca representatividade e as que existem estão ligadas à produção tradicional, como a de alimentos, couros, têxteis, entre outras. A economia do país é uma das mais atrasadas do mundo, o que resulta num quadro social desolador, onde cerca de 50% da população é considerada subnutrida, com intensidade crônica.
Agricultora etíope com cesta de grãos de café
  A altitude e a localização geográfica produzem três zonas climáticas na Etiópia: a zona fria, localizada acima dos 2.400 metros acima do nível do mar, cuja temperaturas variam de 0°C a 16°C; a zona temperada, localizada nas altitudes entre 1.500 a 2.400 metros acima do nível do mar, onde as temperaturas variam de 16°C a 30°C; e a zona quente, que está localizado nas áreas abaixo dos 1.500 metros, onde as condições tropicais e áridas proporcionam temperaturas diurnas de 27°C a 50°C.
Ras Dashan - com 4.550 metros, é o ponto mais elevado da Etiópia e o quarto do continente africano
  O relevo etíope varia desde diversas e elevadas cadeias montanhosas (como as montanhas Semuen e Bale) a uma das regiões mais baixas do continente africano, como é o caso da Depressão de Danakil ou Depressão de Afar - também conhecido como Triângulo de Afar. Nessa região encontra-se a maior depressão absoluta do continente africano, o lago Assal, que possui uma profundidade de 155 metros abaixo do nível do mar.
Lago Assal
  A Etiópia é um país com diversas paisagens, variando desde áreas desérticas ao longo da fronteira oriental, a áreas de florestas tropicais no sul, no norte e sudoeste. O Lago Tana, ao norte, é a principal fonte de abastecimento do Nilo Azul. O país possui um grande número de espécies endêmicas, como o babuíno-gelada (Theropithecus gelada) e o lobo-etíope (Canis simensis). O café é uma planta originária das terras altas do país.
Babuíno-gelada - espécie endêmica da Etiópia
  Entre o vale do Nilo Azul e a fronteira da Etiópia com a Eritreia, há uma região de elevados planaltos, onde se localizam várias cadeias de montanhas. Estes planaltos e montanhas constituem as Terras Altas da Etiópia. Em quase todos os lugares, as paredes dos planaltos tem subidas abruptas, constituindo em cadeias montanhosas. É nas Terras Altas da Etiópia que se localiza o ponto mais elevado do país, o Ras Dashan, com 4.550 metros acima do nível do mar.
Mapa topográfico da Etiópia
  O Vale Inferior do Awash, importante rio do país, é um dos locais que contém um dos agrupamentos mais importantes de locais paleontológicos do continente africano.
  A maioria dos planaltos da Etiópia têm uma inclinação que desce na direção noroeste, de modo que quase todos os rios fluam nesta direção em busca do rio Nilo, compreendendo a cerca de 85% da água do país. Além do Awash, outros rios de destaque são o Tekezé ao norte, o Abay no centro e o Sobat no sul. Há ainda os rios Shebelle e Jubba, que fluem para o sudeste da Somália, e o rio Omo, que é o principal distribuidor de águas da bacia endorreica do Lago Turkana.
Rio Tekezé
  A economia etíope é eminentemente agrícola e encontra-se entre as mais atrasadas do mundo. Como ocorre na maior parte dos países africanos, a Etiópia tem, no subdesenvolvimento e na fome, seus maiores problemas. As secas periódicas, a erosão e o esgotamento do solo, o desmatamento, a elevada densidade demográfica e a infraestrutura precária, tornam difícil o abastecimento satisfatório dos mercados. Os camponeses foram reunidos nas cooperativas e granjas do Estado, mas essas medidas, destinadas a melhorar a produção agrícola, tiveram pouco êxito. A pesca, a pecuária e as atividades extrativas também apresentam problemas relacionados com métodos ainda rudimentares de produção. O setor industrial (alimentos, couro, calçados, produtos têxteis, metalúrgicos e químicos) é incipiente. O governo incentivou a prática do turismo, melhorando os parques nacionais e a infraestrutura hoteleira.
A pobreza é um dos grandes problemas da Etiópia
  Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Etiópia um dos mais rápidos crescimento econômico do mundo nas últimas décadas, chegando a atingir 10% entre 2004 e 2009. Apesar disso, metade da população sofre com fome crônica.
  A história da Etiópia é marcada por conflitos e guerras civis.
  Com a federação formada pela Etiópia e Eritreia, em 1952 teve início uma época de grandes golpes de Estado na história política da Etiópia. Hailé Salassié permaneceu no governo de 1930 a 1974, sendo que durante o período de 1935 a 1941 o país esteve sob o domínio da Itália. Em 1975, um golpe militar derrubou o governo de Hailé Salassié, deixando o país mais próximo da URSS e cada vez mais envolvido com a Guerra Fria.
Hailé Salassié
  A partir de 1987, com a proclamação da República Popular e Democrática da Etiópia, a guerra civil se torna mais intensa. No ano de 1991 chega ao fim a União Soviética e o socialismo, e com isso o governo esquerdista da Etiópia é destruído e a província do norte se torna independente.
  Durante 10 anos (1975/85) ocorreram sucessivos movimentos separatistas em diversas partes do país. Além dos movimentos separatistas, os anos 1980 ficaram marcados na história da Etiópia pela fome e pela seca, que deixou quase metade da população subnutrida.
  Em 1993, a Eritreia consegue a sua independência, deixando a Etiópia sem o seu ponto estratégico, que era a saída pelo Mar Vermelho.
Mapa das áreas em conflito entre Etiópia e Eritreia
  A partir de 1998, a Eritreia e a Etiópia entraram em confronto, gerando uma guerra que permaneceu até o ano de 2000, deixando milhares de mortos e agravando a economia da Etiópia.
ALGUNS DADOS SOBRE A ETIÓPIA
NOME: República Democrática Federal da Etiópia
CAPITAL: Adis Abeba
Rua em Adis Abeba - capital da Etiópia
LÍNGUA OFICIAL: Amárico
GOVERNO: República Federal Parlamentarista

ESTABELECIMENTO:
Reino de D'mt: século XIII a.C.
Reino de Aksum: século I a.C.
Invasão italiana: 1936
Independência: 5 de março de 1941
GENTÍLICO: Etíope

LOCALIZAÇÃO: Chifre da África
ÁREA: 1.104.300 km² (26°)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2013): 90.873.739 habitantes (13°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 82,29 hab./km² (89°)
MAIORES CIDADES: 
Adis Abeba (Estimativa 2013): 3.594.569 habitantes
Adis Abeba - capital e maior cidade da Etiópia
Dire Dawa (Estimativa 2013): 362.852 habitantes
Dire Dawa - segunda maior cidade da Etiópia
Mek'ele (Estimativa 2013): 256.546 habitantes
Mek'ele - terceira maior cidade da Etiópia
PIB (FMI - 2012): U$ 41,893 bilhões (81º)
IDH (ONU - 2012): 0,396 (173º)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2005/2010): 57,21 anos (164°)
CRESCIMENTO VEGETATIVO: 2,51 / mil (29°)
MORTALIDADE INFANTIL (ONU - 2011): 199,27 / mil (171°)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA WORLD FACTBOOK - 2011): 17% (186°)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (PNUD - 2009/2010): 35,9% (170°)
PIB PER CAPITA (FMI - 2011): U$ 360,00 (177°)
MOEDA: Biir Etíope
RELIGIÃO (2010): cristianismo - 57% (sendo ortodoxos etíopes 52%, e outros cristãos 4,5%); islamismo - 31,4%, religiões tradicionais - 11,4%; outras religiões - 0,2%
DIVISÃO: a Etiópia é dividida em nove estados administrativos baseadas em etnias, que está subdividido em 68 zonas e duas cidades estatutárias.
1. Adis Abeba; 2. Afar; 3. Amhara; 4. Benisshangul-Gumaz; 5. Dire Dawa (cidade estatuária); 6. Gambela; 7. Harari; 8. Oromia; 9.  Região Somali; 10. Região das Nações, Nacionalidades e Povos do Sul;  11. Região Tigré.
ERITREIA
 
  A Eritreia é um país recente, pois teve sua independência conquistada em maio de 1993, quando o governo da Etiópia anunciou a sua liberdade que foi ratificada em plebiscito por praticamente toda a população eritreia.
  A história da terra onde hoje se localiza a Eritreia, é associada à sua faixa litorânea do Mar Vermelho. Do outro lado do mar, vários invasores e colonizadores ocuparam a região, como os árabes sauditas, os turco-otomanos, os portugueses indianos, os egípcios e os britânicos e, no século XIX, os italianos. Ao longo dos séculos, vieram também invasores de países vizinhos, como os etíopes e os sudaneses.
Mar Vermelho na Eritreia
  Na era da corrida das potências europeias para a África e as tentativas de abastecer uma base de reabastecimento para seus navios após a abertura do Canal de Suez, a Itália invadiu a Eritreia. Em janeiro de 1890, tornou-se uma colônia italiana. Em 1936, junto com a Etiópia e a Somália Italiana, tornou-se uma província da África Oriental Italiana. Após o confronto entre as tropas italianas e britânicas em 1941 e a vitória do exército britânico, a Eritreia passou a ser administrada pela Grã-Bretanha até 1951, quando foi unida à Etiópia pela resolução da ONU 390 (A), formando uma federação.
  Em 1952, os Estados Unidos estabeleceram uma base militar na capital da Eritreia com a permissão do Imperador Hailé Salassié da Etiópia. Em 1961, o Imperador declara a federação cancelada e fez da Eritreia uma província etíope. Esse episódio marcou o começo da luta de 30 anos pela independência da Eritreia.
Mapa da África Oriental Italiana
  A luta é dominada nos anos 1960 e 1970 por uma guerrilha conservadora e muçulmana chamada FLE (Frente pela Libertação da Eritreia), com o apoio de países árabes contra o monarca cristão e pró-americano da Etiópia. Em 1974, a Etiópia passou por uma revolução comunista, trocando o apoio dos Estados Unidos e do Ocidente pelo da União Soviética e do Oriente. Inicia também um conflito interno entre os grupos eritreus que preferem a guerrilha conservadora muçulmana da FLE por um lado, e a guerrilha marxista da FLPE (Frente pela Libertação do Povo Eritreu), pelo outro lado, que pretendia unir os eritreus sem discriminação nem preferência. A maior parte do apoio do FPLE vem de cidadãos eritreus exilados. Esse grupo acabou vencendo a luta, que levou à independência. Com a cooperação da FPLE, uma coligação de guerrilhas etíopes conseguiu derrotar o governo comunista da Etiópia e reconhecer a independência da Eritreia.
  Após cinco anos de paz, Eritreia e Etiópia entraram em um conflito destrutivo entre 1998 e 2000, desta vez por razões fronteiriças.  Atualmente, a fronteira é patrulhada pelos capacetes azuis da ONU.
Soldados de Paz da ONU fazendo patrulha na Eritreia
  Sobre a geografia da Eritreia, o país é dividido em duas parte por uma das cordilheiras mais longas do mundo, o Rift Valley, com terras férteis a oeste, e área desértica, no leste. Ao largo da linha costeira arenosa e árida, situam-se as ilhas do Arquipélago Dahlak, onde há uma intensa atividade pesqueira. Ao sul, nas terras altas, o clima é um pouco mais seco e a temperatura mais amena.
Terras altas da Eritreia
  O Triângulo de Afar é a provável posição de uma ligação tripla, onde três placas tectônicas estão se separando uma da outra: a Placa Arábica e as duas partes da Placa Africana (Núbia e Somali).
  O ponto culminante da Eritreia é o monte Emba Soira, com 3.018 metros de altitude e localiza-se no centro do país.
  Os principais rios da Eritreia são o Anseba e o Barka, que correm na direção norte, e os rios Gash (também conhecido como Mereb) e Tezeké, na fronteira com a Etiópia.
  O território eritreu é composto por três tipos de formações vegetais: as savanas de gramíneas, a floresta de altitude e a savana arbórea. Dentre a fauna da Eritreia, se destacam leões, leopardos, zebras, macacos, gazelas, antílopes e elefantes. As áreas litorâneas abrigam muitas espécies de tartaruga, lagosta e camarão. Dentre a flora destacam acácia, cacto, aloe vera, opuntia e oliveiras.
Opuntia - tipo de cacto
  A economia da Eritreia é baseada na agricultura de subsistência, com 80% da PEA trabalhando na agricultura ou na pecuária. A agricultura é dificultada pelas constantes secas que assola o país.
  A Guerra Etíope-Eritreia afetou severamente a economia do país, impedindo o plantio de culturas nas regiões mais produtivas da Eritreia, causando queda na produção de alimentos.
  Para tentar alavancar a economia, a Eritreia desenvolveu sua infraestrutura de transporte, asfaltando novas estradas, melhorando os seus portos, consertando rodovias e pontes que foram danificadas com a guerra, além da reabilitação da Ferrovia da Eritreia.
Ferrovia da Eritreia
  Além das constantes secas, o setor agropecuário da Eritreia é dificultado pela ausência de equipamentos e técnicas agrícolas modernas, pelos solos que já se encontram esgotados e a falta de serviços financeiros e investimentos no setor. Os principais produtos da agropecuária são: cevada, feijão, produtos lácteos, carne, milho, sorgo, couro, trigo e teff (um tipo de cereal).
Teff - apesar de ser pouco conhecido no mundo, é um cereal bastante comum na Etiópia e na Eritreia
  Os depósitos minerais da Eritreia são largamente inexplorados. Dentre os principais recursos minerais do país, estão ouro, mármore e granito.
  No setor industrial, prevalece as indústrias de bebidas, alimentos, tabaco, couro, tecidos, produtos metálicos, químicos, minerais não-metálicos, material de construção, sal, papel e fósforo. As recentes descobertas de petróleo no Mar Vermelho tem contribuído para a entrada de capitais internacionais ligados ao setor.
ALGUNS DADOS SOBRE A ERITREIA
NOME: Estado da Eritreia
CAPITAL: Asmara
Catedral Católica de Asmara - capital da Eritreia
LÍNGUA OFICIAL: não existe língua oficial, mas são falados o árabe, o tigrínio e o inglês.
GOVERNO: Governo Provisório

INDEPENDÊNCIA: da Etiópia
Declarada: 24 de maio de 1993.
GENTÍLICO: eritreu (eia)

LOCALIZAÇÃO: Chifre da África
ÁREA: 117.600 km² (98°)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2013): 5.502.026 habitantes (108°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 46,78 hab./km² (129°)
MAIORES CIDADES:
Asmara (Estimativa 2013): 798.872 habitantes
Asmara - capital e maior cidade da Eritreia
Keren (Estimativa 2013): 86.198 habitantes
Keren - segunda maior cidade da Eritreia
Massawa (Estimativa 2013): 43.285 habitantes
Massawa - terceira maior cidade da Eritreia
PIB (FMI - 2012): U$ 3,108 bilhões (155º)
IDH (ONU - 2012): 0,351 (181º)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2005/2010): 60,03 anos (159°)
CRESCIMENTO VEGETATIVO: 3,24 / mil (7°)
MORTALIDADE INFANTIL (ONU - 2011): 176,00 / mil (151°)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA WORLD FACTBOOK - 2011): 21% (180°)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (PNUD - 2009/2010): 60,5% (149°)
PIB PER CAPITA (FMI - 2011): U$ 459,00 (172°)
MOEDA: Nakfa
RELIGIÃO (2010): a Eritreia tem duas religiões dominantes: o islamismo (49,21%) e o cristianismo (47,26%). As minorias são: agnosticismo (2,86%), crenças tribais (0,62%) e outras religiões (0,05%).
Catedral católica de Asmara
DIVISÃO: a Eritreia é dividida em seis regiões (zobas) e subdividida em distritos (sub-zobas). A extensão geográfica das regiões é baseada em suas respectivas propriedades hidrológicas, objetivando proporcionar a cada administração um controle sobre a capacidade agrícola e eliminar os conflitos históricos intra-regionais.
  As regiões são: 1. Anseba; 2. Maekel; 3. Gash-Barka; 4. Semien-Keih-Bahri; 5. Debub; 6. Debub-Kein-Bahri.

SOMÁLIA
 
  A Somália faz fronteira com o Djibuti no noroeste, Quênia no sudoeste, Golfo de Aden a norte, Oceano Índico a leste e Etiópia a oeste.
  Na Antiguidade, a Somália foi um importante centro de comércio como resto do mundo antigo. Seus marinheiros e mercadores eram os principais fornecedores de incenso, mirra e especiarias, itens considerados luxuosos pelos antigos egípcios, fenícios, micênios e babilônios, como quem o povo somali negociava. A Somália é também o local onde o antigo Reino de Punt estava localizado. Os antigos Punties eram uma nação de pessoas que tinham relações estreitas com o Egito no tempo do faraó Sahure e da rainha Hatshepsut.
Pirâmide do faraó Sahure em Abusir - Egito
  O nascimento do Islã no lado oposto da costa da Somália no Mar Vermelho permitiu que comerciantes somalis, marinheiros e expatriados que viviam na Península Arábica se convertessem a essa nova religião através de seus parceiros comerciais.
  Devido aos laços de antiga data como o mundo árabe, a Somália foi aceita como membro da Liga Árabe em 1974. Para fortalecer a sua relação com o resto do continente africano, a Somália se juntou a outras nações africanas para fundar a União Africana. A Somália é também, um dos membros fundadores da Organização da Conferência Islâmica.
Organização da Conferência Islâmica
  Estados-membros

  Estados observadores

  Estados bloqueados


  A história do atual território da Somália remonta à antiguidade, quando a região foi conhecida pelos antigos egípcios. Entre os séculos II e VII d.C., várias partes do atual território somali foram anexadas ao reinado etíope de Aksum. Algum tempo depois, tribos árabes se instalaram ao longo da costa do Golfo de Áden, fundando um sultanato que tinha como centro o Porto de Zeila. Muçulmanos xiitas, vindos da Pérsia (atual Irã), se instalaram na Somália, contribuindo para que a Somália se tornasse uma nação islâmica. Porém, os habitantes preferiram conservar suas línguas, em vez de adotar o árabe.
  A partir do século VIII d.C., somalis e pastores nômades instalados no norte do Chifre da África, passaram a habitar o território que hoje é a Somália. Alguns povos árabes tentaram se apropriar do território, obrigando muitos somalis a migrarem para o exterior, especialmente para a Etiópia.
Ruínas do Sultanato de Adal, em Zeila - Somália
  Ao longo dos séculos XIX e XX, franceses, britânicos e italianos estabeleceram domínios na região.
  A Somália Britânica era conhecida como Estado da Somalilândia. A Somália Francesa atualmente é o Djibouti. A hegemonia italiana na Somália foi de curta duração por causa da Segunda Guerra Mundial.
  Os italianos conquistaram a Somalilândia em agosto de 1940, mas os ingleses conseguiram reconquistar totalmente a Somália em 1941.
  Durante os anos de guerra, a Somália era diretamente governada por uma administração militar britânica e a lei marcial esteve em vigor, especialmente no norte, onde houve muito derramamento de sangue.
  As milícias do interior da Somália receberam armamentos de colonos italianos e elementos anti-britânicos.
Regiões da Somalilândia
  Após a guerra, os britânicos diminuíram o controle na Somália e tentaram introduzir a democracia, permitindo a criação de vários partidos políticos. Um deles e o primeiro, foi a Liga da Juventude Somali (SYL), em 1945.
  A década de 1950 foi uma espécie de idade de ouro para a Somália. Com ajuda monetária da ONU e a entrada de experientes administradores italianos, o desenvolvimento da infraestrutura e educacional floresceu. Em 1960, foi concedida a independência da Somália, e o poder dos administradores italianos foi transferido para a bem desenvolvida cultura política somali.
Grande Somália - projeto de unificação do povo somali
  A partir dos anos 1960, os conflitos começaram a emergir quando o norte começou a rejeitar referendos que foram aprovados pela maioria da população.
  Em 15 de outubro de 1969, um guarda-costas matou o presidente Abdirashid Ali Shermarke enquanto o primeiro-ministro Ibrahim Igaal estava fora do país. O assassino era um membro de uma linhagem e afirmou ter sido mal tratado pelo presidente.
  Igaal voltou a Mogadíscio para organizar a seleção de um novo presidente da Assembleia Nacional. Sua escolha foi um membro do clã-família Darood. Os críticos do governo, especialmente um grupo de oficiais do exército, não via nenhuma esperança em melhorias na situação do país por este meio. Assim, unidades do exército, com a cooperação da polícia, assumiram pontos estratégicos de Mogadíscio, promovendo um golpe de Estado no país.
  Com o golpe, Mohammed Siad Barre assume o poder, ordenando que os tratados vigentes deveriam ser honrados, mas os movimentos de libertação nacional e a unificação da Somália deveriam ser apoiados. O país foi renomeado República Democrática da Somália.
Mohammed Siad Barre
  Mohammed Siad Barre transforma o país durante mais de duas décadas numa ditadura islâmico-socialista, tentando implantar o socialismo científico para introduzir e repelir a influência tradicional dos clãs. Seu governo tendencialmente centralizador e de partido único, o Partido Socialista Revolucionário Somali, teve forte apoio da União Soviética.
  As medidas do governo Siad Barre para promover a educação na Somália foram inicialmente populares. Em 1972, uma padronização e transcrição da língua somali foi desenvolvida a fim de fortalecê-la como língua nacional, fazendo com que o país seguisse um caminho diferente da maioria dos Estados africanos, que conservaram as línguas oficiais introduzidas pelas potências coloniais. Entre 1974 e 1975, uma seca levou à fome e a grandes perdas de gado no nordeste do país. Em 1976, o poder foi oficialmente cedido pelo governo militar ao Partido Revolucionário Socialista da Somália, porém, permaneceu sob o comando de Siad Barre e seus seguidores.
  Por outro lado, as relações com os países da região deterioraram-se progressivamente, em virtude do apoio à revolta das comunidades de etnia somali existentes nos países vizinhos, notadamente pelo movimento nacionalista no Djibuti e da Frente de Libertação da Somália Ocidental (WSLF) na região etíope de Ogaden.
Ogaden - território da Etiópia desde 1894 é reivindicado pela Somália
  No início de 1977, o presidente somali, Siad Barre, reuniu mais de 50.000 combatentes que começaram a se infiltrar em Ogaden. Em setembro desse ano, Mogadíscio controlava toda a região e forçou o recuo das forças etíopes nas regiões não-somalis de Harerge, Bale e Sidamo. Nesse mesmo mês, Moscou suspendeu toda a ajuda militar à Somália, após ter se tornado aliado da Etiópia, entregando armas e transferindo conselheiros militares da Somália para a Etiópia. Essa reviravolta soviética ganhou apoio da  Coreia do Norte, de Cuba e da República Democrática do Iêmen. A Somália renunciou ao Tratado de Amizade e Cooperação com a União Soviética e expulsou todos os conselheiros soviéticos, além de romper relações diplomáticas com Cuba.
  Em março de 1978, a Etiópia e seus aliados recuperaram o controle sobre Ogaden. Siad Barre se mostrou incapaz de devolver o Ogaden ao domínio da Somália, aumentando a impaciência do povo somali. No norte, rebeldes destruíram centros administrativos e tomaram grandes cidades. A Etiópia e a Somália foram incapazes de superar as secas e a fome que afligiram o Chifre da África na década de 1980. Em 1988, a Somália e a Etiópia concordaram em retirar suas tropas do confronto no Ogaden.
As setas indicam o avanço das tropas durante a Guerra de Ogaden: em azul, as tropas somalis e vermelho as tropas etíopes
  As consequências da Guerra de Ogaden foram milhares de mortes, alto custo para a Somália e o influxo de mais de 650.000 refugiados do território etíope. Essa derrota militar teve consequências desastrosas para o regime de Siad Barre, na medida em que a dependência relativamente ao exército e à ideologia de uma unidade somali originou uma profunda crise política, militar e ideológica, agravada economicamente pela falta de apoio externo.
  A partir de 1980, a Somália permitiu que os Estados Unidos passassem a usar seus aeródromos  e instalações portuárias. Em troca, o governo somali recebeu dos norte-americanos e dos países ocidentais aliados, um amplo apoio militar e econômico.
  Em 1981, crescia o movimento de independência da Eritreia, e esse episódio contribuiu para melhorar as relações entre a Etiópia e a Somália. A paz entre Addis Abeba e Mogadíscio implicou no compromisso de acabar com os apoios mútuos aos movimentos de oposição que surgiam nos dois países.
Rebeldes da FLNO (Frente de Libertação Nacional de Ogaden)
  Com a piora das condições da Somália, os rebeldes do Congresso Somali Unido, liderado por Mahamed Farrah Aidid atacaram Mogadíscio e em 26 de janeiro de 1991, o governo de Siad Barre foi derrubado.
  Em maio de 1991, a região norte ocidental da Somália, a Somalilândia, declarou sua independência, apesar de não ser reconhecida por nenhum país ou organização internacional.
  A Resolução 794 do Conselho de Segurança das Nações Unidas foi aprovada por unanimidade em 3 de dezembro de 1992, criando uma coalizão de força de paz das Nações Unidas lideradas pelos Estados Unidos para formar a UNITAF, encarregada de assegurar a ajuda humanitária e estabelecer a paz na Somália.
  Muitos somalis se opuseram à presença estrangeira, provocando tiroteios entre rebeldes e forças de paz, resultando em várias mortes.
Situação territorial da Somália em dezembro de 2006
  A guerra civil na Somália tem interrompido a agricultura e a distribuição de alimentos no sul da Somália, aumentando a fome no país.
  Atualmente, cerca de 60% da população somali é de nômades ou seminômades, criadores de gado, camelos e cabras. Aproximadamente 25% dos habitantes são agricultores assentados nas regiões férteis entre os rios Juba e Shebelle, no sul do país. O restante da população se concentra nas áreas metropolitanas. Cerca de 85% da população do país é da etnia somali. Somalis nômades e grupos de minorias étnicas compõem o restante da população do país. Dentre essas minorias estão: benadiris, bravaneses, bantus, bajunis, indianos, persas, italianos e britânicos.
 A guerra civil no início dos anos 1990 aumentou consideravelmente a diáspora somali. A Somália tem uma grande comunidade de refugiados fora do país, uma das maiores da África.
  A economia da Somália é baseada no setor agropecuário, sendo que há poucas indústrias, predominando as indústrias de refino de açúcar e a têxtil. Mais de 65% do PIB (Produto Interno Bruto) vem da agricultura, contra 25% do setor de serviços e 10% da indústria.
  A maior parte da economia somali foi devastada na Guerra Civil Somali. Na pecuária, predomina a criação extensiva de camelos, gado bovino e caprino, sendo a criação de camelo a de maior número. A Somália possui o maior rebanho de camelos do mundo. Os principais produtos agrícolas do país são cana-de-açúcar, sorgo, milho. A produção de pescados abastece principalmente o mercado interno.
Criadores de camelo da Somália
  A Somália é o país mais oriental da África. Seu território consiste de muitos platôs, planícies e montanhas. O norte do país é montanhoso, com altitudes variando de 900 a 2.100 metros. No noroeste, na região autônoma da Somalilândia, segue a cadeia de Cal Madow, desde a fronteira noroeste com a Etiópia até a região de Sanaag, onde localiza-se o ponto mais elevado do país, o Monte Shimbiris com 2.450 metros. As áreas do centro e do sul são planas, com altitudes inferiores a 180 metros. Os rios Juba e Shabele nascem na vizinha Etiópia e atravessam o país em direção ao Oceano Índico. O Shabele não alcança o mar, exceto em períodos de chuva mais intensa.
Imagem de satélite da Somália
  A Somália tem uma das mais altas taxas de mortalidade infantil do mundo: cerca de 10% das crianças morrem antes de completar 1 ano de idade, e 25% antes de completar 5 anos.
  A década de 1990 ficou marcada na Somália como um período de grandes dificuldades causadas pelas guerras internas que pioravam o quadro de fome no país.
  Outro fator que aterroriza a Somália é a ação dos piratas. Os piratas da Somália, são cidadãos que atuam na costa do país, no Oceano Índico, e atacam navios cargueiros que atravessam o Golfo de Aden. Para saquear e sequestrar navios os piratas utilizam barcos de fibra de vidro, armamentos pesados e planos de ação executados por grupos de homens que variam entre 10 a 50 pessoas.
  Além de saquear dinheiro e produtos dos navios, cobram recompensas pelo resgate dos tripulantes e embarcações. A atuação desses piratas está relacionada ao enfraquecimento do Estado somali e de sua política interna.

Mapa de áreas sob ameaça dos piratas da Somália
ALGUNS DADOS SOBRE A SOMÁLIA
NOME: República Federal da Somália
CAPITAL: Mogadíscio
Centro comercial e financeiro de Mogadíscio - capital da Somália
LÍNGUA OFICIAL: somali, árabe
GOVERNO: República Parlamentarista

INDEPENDÊNCIA: do Reino Unido e da Itália
Do Reino Unido: 26 de junho de 1960
Da Itália: 1° de julho de 1960
Unificação: 1° de julho de 1960
GENTÍLICO: somali, somaliano, somaliense

LOCALIZAÇÃO: Chifre da África
ÁREA: 637.657 km² (42°)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2013): 9.558.666 habitantes (84°) 
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 14,99 hab./km² (173°)
MAIORES CIDADES:
Mogadíscio (Estimativa 2013): 1.975.562 habitantes
Mogadíscio - capital e maior cidade da Somália
Hargeisa (Estimativa 2013): 835.508 habitantes
Hargeisa - segunda maior cidade da Somália
Merca (Estimativa 2013): 562.325 habitantes
Merca - terceira maior cidade da Somália
PIB (FMI - 2012): U$ 2,897 bilhões (156º)
IDH (ONU - 2012): sem dados
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2005/2010): 50,24 anos (182°)
CRESCIMENTO VEGETATIVO: 2,92 / mil (16°)
MORTALIDADE INFANTIL (ONU - 2011): 207,23 / mil (187°)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA WORLD FACTBOOK - 2011): 37% (142°)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (PNUD - 2009/2010): Sem dados
PIB PER CAPITA (FMI - 2011): Sem dados
MOEDA: Xelim Somali
RELIGIÃO (2010): cerca de 98% dos somalis são muçulmanos, a maioria sunitas, e os 2% restantes praticam outras religiões.
DIVISÃO: a Somália está dividida em 18 regiões: 1. Awdal; 2. Bakool; 3. Banaadir; 4. Bari; 5. Bay; 6. Galguduud; 7. Gedo; 8. Hiiraan; 9. Jubbada Dhexe; 10. Jubbada Hoose; 11. Mudug; 12. Nugaal; 13. Sanaag; 14. Shabeellaha Dhexe; 15. Shabeellaha Hoose; 16. Sool; 17. Togdheer; 18. Woqooyi Galbeed.
DJIBUTI
  O Djibuti limita-se a sudeste com a Somália, ao norte com a Eritreia e a oeste com a Etiópia, sendo banhado a leste pelo Oceano Índico. É um dos países mais quentes e áridos do mundo e abriga lagos de água salgada no interior do seu território, além de possuir cadeias de montanhas que atingem mais de 1.600 metros de altitude.
  A maioria da população enfrenta diversos problemas socioeconômicos, como elevada taxa de mortalidade infantil, elevado índice de analfabetismo, grande parcela da população vivendo abaixo da linha de pobreza.
  A economia do país é pouco desenvolvida, tornando o Djibuti um dos países mais pobres do planeta. O solo e o clima não contribuem para a prática de atividades agrícolas, obrigando o país a importar a maioria dos alimentos. As relações no porto da capital são a principal fonte de receitas financeiras, além de investimentos dos Estados Unidos e da França.
Porto da cidade de Djibuti
  O Djibuti foi habitado por povos vindos da Arábia no século III a.C. Eles se estabeleceram no norte e deles se originaram os afars. Vindos da Somália, os issas expulsaram os primeiros habitantes e se estabeleceram na região litorânea. No ano 852 d.C., novos agrupamentos de árabes chegaram a região, dominando o comércio até a chegada dos portugueses, no século XVI. Os portugueses perderam o interesse pela região, preferindo comercializar com os árabes. Em 1888, a França estabeleceu a Costa Francesa dos Somalis, cuja capital foi Djibuti desde 1892. Na época teve início a construção da ferrovia como elo de ligação entre o Djibuti e a Etiópia. A entrada para o interior foi possível devido a construção de estradas entre 1924 e 1934.
Mulheres da etnia afar - primeiros povos a habitar o Djibuti
  Durante a Segunda Guerra Mundial foi estabelecido no Djibuti um governo neutro, fazendo parte do regime francês de Vichy.
  Em 1946, a região foi convertida em território francês de ultramar. Em 1958, a decisão dos moradores da Costa dos Somalis era de permanecer na Comunidade Francesa, com a maioria dos votos a favor feita pelos afars e pelos europeus. Em 1967, uma nova eleição aprovou que o Djibuti se vinculasse com a França, mas no plebiscito de 1977 foi aprovado a proclamação do Djibuti.
  No início da década de 1980 agravaram-se as tensões entre as duas grandes comunidades étnicas do país, os afars e os issas. Essa tensão aumentou com a chegada de refugiados das zonas de guerra próximas, contribuindo para piorar a situação socioeconômica do país.
Mapa do domínio europeu no Chifre da África
  O território do Djibuti divide-se em três regiões principais. O litoral, banhado pelas águas do Bab-el-Mandeb e do Golfo de Tadjura, onde as altitudes são abaixo de 200 metros. No sul e centro do país, erguem-se mesetas vulcânicas que oscilam entre 500 e 2.500 metros acima do nível do mar, às vezes margeadas por depressões e lagos. No norte erguem-se as montanhas que caracterizam a terceira região, onde se encontra o ponto culminante do país, o Monte Mussa Ali, com 3.500 metros.
  Em geral, toda a superfície do Djibuti é árida, recortada por depressões profundas e cobertas de areais. Na zona montanhosa correm três riachos de leito arenoso, o Sadai, o Adaleyi e o Iboli. Um rio subterrâneo, o Ambouli, constitui uma importante fonte de abastecimento de água.
Monte Mussa Ali - ponto culminante do Djibuti
  O clima do Djibuti é tórrido, com temperaturas máximas diurnas oscilando entre 29ºC em janeiro e 43ºC em julho. De novembro a abril ocorre uma estação relativamente fresca, com temperaturas diurnas variando entre 22ºC e 30ºC. As chuvas procedentes do Oceano Índico, ocorrem desde o término do verão até o final de março, porém, as precipitações atingem em média 125 mm anuais no litoral e pouco mais de 20 mm no interior do país.
  A maior parte do território djibutiense é desértico, com vegetação de arbustos espinhosos e alguns pastos. Nas montanhas há áreas florestais e no litoral crescem tamareiras e tamarindos. A fauna do país inclui linces, chacais, antílopes e gazelas. Apenas 1% das terras do país é cultivável, enquanto 9% são utilizadas para o pasto.
Paisagem da costa do Djibuti
  A agricultura gera 5% do PIB do país. No final da década de 1970, o governo do Djibuti empreendeu um amplo programa de perfuração de poços e de construção de sistemas de irrigação. Constitui a atividade básica, a criação de bovinos, ovinos, caprinos e camelinos. No litoral há uma modesta atividade pesqueira. A região do Lago Assal dispõe de recursos geotérmicos.
Lago Assal - maior depressão absoluta da África e 3ª do planeta
  A principal atividade econômica do Djiuti é a reexportação de produtos de países africanos sem acesso para o mar. O porto da cidade de Djibuti foi muito prejudicado pelo fechamento do Canal de Suez e pela interrupção do comércio ferroviário com a Etiópia, mas começou a se recuperar na década de 1980. Os principais produtos que transitam pelo Djibuti são café, sal, peles, legumes e cereais. O país importa a maior parte dos bens de consumo e de produção, como máquinas, veículos, alimentos, produtos têxteis e derivados de petróleo, procedentes da França, Etiópia, Japão e vários outros países europeus.
Mercado na cidade de Djibuti
ALGUNS DADOS SOBRE DJIBUTI
NOME: República do Djibuti
CAPITAL: Djibuti
Praça Rimbaud e a Grande Mesquita na capital Djibuti
LÍNGUA OFICIAL: árabe e francês
GOVERNO: República Semipresidencialista

INDEPENDÊNCIA: da França, em 27 de junho de 1977
GENTÍLICO: djibutiense, djibutiano

LOCALIZAÇÃO: Chifre da África
ÁREA: 23.200 km² (147°)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2013): 506.221 habitantes (162°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 21,82 (160°)
MAIORES CIDADES:
Djibuti (Estimativa 2013): 732.245 habitantes
Djibuti - capital e maior cidade do Djibuti
Ali Sabieh (Estimativa 2013): 54.695 habitantes
Ali Sabieh - segunda maior cidade do Djibuti
Tadjoura (Estimativa 2013): 38.195 habitantes
Tadjoura - terceira maior cidade do Djibuti
PIB (FMI - 2012): U$ 1,360 bilhão (166º)
IDH (ONU - 2012): 0,445 (164º)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2005/2010): 56,64 anos (165°)
CRESCIMENTO VEGETATIVO: 1,74 / mil (73°)
MORTALIDADE INFANTIL (ONU - 2011): 222,47 / mil (172°)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA WORLD FACTBOOK - 2011): 87% (22°)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (PNUD - 2009/2010): 70,3% (134°)
PIB PER CAPITA (FMI - 2011): U$ 1.467,00 (136°)
MOEDA: Franco Djibutiano
RELIGIÃO (2010): o islamismo foi declarado religião oficial do Estado, mas outras religiões são praticadas com uma liberdade considerável. A porcentagem dos grupos religiosos do país são: muçulmanos (94%), ortodoxos etíopes (3,17%), católicos (1,4%), protestantes (0,1%), bahaís (0,09%), hindus (0,02%) e sem religião/outras (1,32%).
DIVISÃO: o país divide-se em seis regiões que estão subdivididos em onze distritos. As regiões são: Ali Sabieh, Arta, Dikhil, Djibuti, Obock e Tadjourah.
Regiões do Djibuti
  Os distritos são: Alaili Dadda, Ali Sabieh, As Eyla, Balha, Dikhil, Djibuti, Dorra, Obock, Randa, Tadjourah e Yokobi.
Distritos do Djibuti
FONTE: Moreira, Igor. Mundo da geografia: 8º ano / Igor Moreira; ilustrações Antônio Éder, Divo. Curitiba: Positivo, 2012.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A NAVEGAÇÃO DE CABOTAGEM NO BRASIL

  A navegação de cabotagem, também chamada de navegação de escoamento da produção nacional, é aquela realizada pela costa entre portos ou pontos de um mesmo país, utilizando a via marítima ou vias navegáveis interiores. Este tipo de navegação pode ser encontrada no transporte entre dois portos marítimos ou entre um porto marítimo e um fluvial.
  As embarcações estrangeiras somente poderão participar do transporte de mercadorias da navegação de cabotagem e da navegação interior de percurso nacional, bem como da navegação de apoio portuário e da navegação de apoio marítimo, quando forem afretadas por empresas de navegação do mesmo país, no caso do Brasil, de acordo com os artigos 9º e 10º, da Lei nº 9.432, de 8 de dezembro de 1997.
Terminal de contêineres do Porto de Santos - o maior da América do Sul
  Na navegação de cabotagem podem ser destacados alguns pontos positivos, como a redução dos impactos ambientais encontrados no transporte rodoviário de cargas como poluição sonora, poluição do ar, congestionamentos, acidentes, bem como o aumento da eficiência energética nacional devido ao baixo consumo de combustível, se comparado com outros modais.
  O Brasil possui uma imensa costa litorânea, o que torna este tipo de transporte bastante atrativo se integrado a outros tipos de modais existentes no país.
  O governo brasileiro poderá celebrar acordos internacionais que permitam a participação de embarcações estrangeiras nas navegações referidas no artigo 7º da Lei nº 9.432, mesmo quando não afretadas por empresas brasileiras de navegação, desde que o idêntico privilégio seja conferido à bandeira brasileira nos outros Estados contratantes.
Principais portos brasileiros
  São extensivo às embarcações que operam na navegação de cabotagem e nas navegações de apoio portuário e marítimo os preços mais baixos de combustível cobrado às embarcações de longo curso.
  O transporte de cabotagem foi muito utilizado na década de 1930 no transporte de carga a granel, sendo o principal modelo de transporte utilizado quando as malhas ferroviárias e rodoviárias apresentavam condições precárias para o transporte.
Porto de Santos na década de 1950
  A cabotagem está despontando no Brasil como uma opção viável para viagens de longa distância pela segurança e preço do frete. Entretanto, a escassez de mão de obra, o preço do combustível para os navios e a necessidade de que o meio de transporte tenha bandeira brasileira são vistos como entraves para uma expansão mais acelerada do modal no país.
  Para que a cabotagem venha a ter êxito, devem existir portos eficientes, segurança no manuseio da carga, custos competitivos, tempos de espera menores nos portos e rotas adequadas.
Porto de Suape, em Cabo de Santo Agostinho - PE
FONTE: Geografia: ensino fundamental e ensino médio: o mar no espaço geográfico brasileiro / coordenação Carlos Frederico Simões Serafim, organização Paulo de Tarso Chaves. - Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2005, 304 p. (Coleção explorando o ensino, v. 8).

domingo, 6 de outubro de 2013

A MIGRAÇÃO DE RETORNO NO BRASIL

  As migrações populacionais remontam aos tempos pré-históricos. Todos os anos, milhões de pessoas em todo o mundo, migra do seu local de nascimento para outra parte do planeta, seja dentro do seu próprio país (migração interna) ou de um país para outro (migração externa ou internacional) à procura de novos horizontes.
  As razões que explicam as migrações são inúmeras (político-ideológicas, étnico-raciais, profissionais, econômicas, catástrofes naturais, entre outros), porém, predomina as migrações motivadas por questões econômicas.
  Todo ato migratório apresenta causas repulsivas - quando o indivíduo é forçado a migrar -, e/ou atrativas - quando o indivíduo é atraído por um determinado lugar ou país.
Imigrantes africanos detidos em Malta em 2009, quando tentavam entrar ilegalmente na Europa
  Existem três variáveis para se classificar os tipos de migrações: o espaço de deslocamento, o tempo de permanência do migrante e como se deu a forma de migração.
  Se for considerado o espaço de deslocamento do migrante, tem-se a migração internacional e a migração interna. A migração interna pode ser subdividida em:
  • Migração inter-regional: ocorre de uma região para outra.
  • Migração intra-regional: ocorre dentro da mesmo região.
  Levando-se em conta o tempo de de permanência do migrante, tem-se:
  • Migração definitiva: ocorre quando a pessoa passa a residir permanentemente no local para o qual migrou.
  • Migração temporária: ocorre quando o migrante reside apenas por um período pré-determinado no lugar para qual migrou.
  Se for considerada a forma como se deu a migração, tem-se:
  • Migração espontânea: quando o sujeito planeja, espontaneamente, migrar do seu lugar de origem para outra região, seja por motivo econômico, político ou cultural.
  • Migração forçada: quando o indivíduo se vê obrigado a migrar de seu lugar de origem, geralmente ocorrendo por catástrofes naturais.gindo da seca.
Um dos casos mais comuns de migração forçada no Brasil é a de nordestinos fugindo da seca
  Dentre as migrações internas no Brasil, destacam-se:
  •  Êxodo rural: tipo de migração que se dá com a transferência de populações rurais para o espaço urbano. Esse tipo de migração em geral tende a ser definitivo. As principais causas dele são: a industrialização, a expansão do setor terciário e a mecanização da agricultura. O êxodo rural está ligado diretamente ao processo de urbanização.
  • Êxodo urbano: tipo de migração que se dá com a transferência de populações urbanas para o espaço rural. Atualmente, é um tipo de migração muito incomum.
  • Migração urbano-urbano: tipo de migração que se dá com a transferência de populações de uma cidade para outra. Esse tipo de migração é muito comum nos dias atuais.
  • Migração sazonal: se caracteriza por estar ligada as estações do ano. É um tipo de migração temporária onde o migrante sai de um determinado local em um certo período do ano e, posteriormente, volta alguns meses após. Esse movimento migratório também é chamado de transumância.
  • Migração diária ou pendular: é a migração diária de pessoas de uma cidade para outra como o objetivo de trabalhar ou estudar. Geralmente, as pessoas saem pela manhã de casa e voltam no fim da tarde ou à noite. As cidades onde esses trabalhadores residem são chamadas de cidades-dormitório.
  • Migração de retorno: ocorre quando o migrante saiu de sua região algumas décadas ou anos atrás e volta para sua região de origem.
O êxodo rural tem se tornado um grande problema no campo e nas cidades
  A migração de retorno toma cada vez mais importância no contexto das migrações interestaduais, face à nova dinâmica e padrões migratórios emergentes.
  O fenômeno do retorno nordestino pode ser analisado, por um lado, numa ótica sociológica, pois representaria um retorno aos lugares de origem, onde a rede de relações e conhecimentos facilitaria sobreviver durante os anos de crise. Do ponto de vista econômico, o retorno pode estar ligado ao fato de que, durante a década 1980, o Nordeste teria manifestado sinais positivos, por meio de uma administração pública mais eficaz, a abertura de novas fontes de trabalho, entre outros, fatos estes que teriam contribuído para o retorno desses migrantes.
Os avanços econômicos da região Nordeste, tem contribuído para o retorno dos migrantes nordestinos à região
  A região Sudeste do Brasil, até o final do século XX, recebeu a maior quantidade de fluxos migratórios do país, principalmente o estado de São Paulo, pelo fato de fornecer maiores oportunidades de emprego em razão do processo de industrialização.
  Durante a década de 1990, o estado de São Paulo continuou a ser aquele que mais recebia migrantes de outros estados. Mas também havia se tornado o maior fornecedor de emigrantes para outros estados do país. Entre 1995 e 2000, entraram no estado de São Paulo cerca de 1,2 milhão de migrantes; entre 2000 e 2004, foram 832 mil, e entre 2004 e 2009, 535 mil. Nesse último intervalo, 588 mil pessoas deixaram São Paulo para se estabelecer em outra unidade da federação: pela primeira vez na história brasileira, São Paulo apresentava saldo migratório negativo.
Fluxo migratório entre 1960 e 1980 no Brasil
  Esse fato pode ser parcialmente explicado por meio da chamada migração de retorno - a volta de migrantes para seus estados de origem. Em 2009, metade dos migrantes que chegaram aos estados do Piauí e da Paraíba era composta por naturais desses estados, que haviam partido em busca de uma vida melhor, mas acabaram retornando para seus estados de origem.
Fluxo migratório no Brasil entre as décadas 1980-1990
  O destino dos que "voltam" é praticamente o mesmo da origem dos que "chegam".
  Dentre os fatores que têm contribuído para a volta desses migrantes, estão:
  • a decepção em não encontrarem a oportunidade desejada na região para qual migrou;
  • o aumento da violência nos grandes centros urbanos (especialmente São Paulo e Rio de Janeiro);
  • a melhoria das condições de vida nas áreas de origem de muitos migrantes, graças ao surgimento de novas tecnologias, como a agricultura irrigada, a informática, entre outras;
  • muitos dos migrantes conseguem alcançar sucesso na região em que migrou e agora pretendem investir em sua terra de origem;
  • a saturação do mercado de trabalho para a mão de obra não qualificada;
  • muitos dos que migraram há algumas décadas, conseguiram a aposentadoria e agora querem desfrutar a tranquilidade na sua cidade de origem.
Fluxo migratório do Brasil a partir de 2000
  De acordo com o Censo do IBGE realizado em 2010, a migração de retorno do Sudeste para o Nordeste começou a perder força. As regiões Norte e Centro-Oeste são as principais áreas de atração populacional dos migrantes, não só nordestinos, como também sulistas.
  De acordo como esse Censo, o Distrito Federal, Rondônia, Roraima e Mato Grosso, são as unidades da Federação com os menores percentuais de residentes naturais. O principal fator que tem contribuído para a migração para esses estados, é o surgimento das fronteiras agrícolas, que, apesar de utilizarem pouca mão de obra e muita mecanização, têm atraído uma grande leva de trabalhadores em busca de novas oportunidades de vida.
Fluxo migratório atual
FONTE: Araújo Regina. Observatório de geografia / Regina Araújo, Ângela Corrêa da Silva, Raul Borges Guimarães. - 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2009.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

A CULTURA AMERICANA NOS ANOS 1920

  Os Estados Unidos são uma nação multicultural, lar de uma grande variedade de grupos étnicos, tradições e valores. Além das populações nativas americanas e do Havaí, quase todos os estadunidenses ou os seus antepassados emigraram nos últimos cinco séculos. A cultura da maioria dos norte-americanos é a cultura ocidental, em grande parte derivada das tradições de imigrantes europeus, com influência de muitas outras culturas, como as tradições trazidas pelos escravos africanos.
  A classe média e profissional estadunidense iniciou muitas tendências sociais contemporâneas como o feminismo moderno, o ambientalismo e o multiculturalismo. A autoimagem dos estadunidenses, do ponto de vista social e de expectativas culturais, é relacionada com as suas profissões em um grau de proximidade incomum.
  As mulheres, na sua maioria, trabalham fora de casa e recebem a maioria dos diplomas de bacharel. O casamento entre pessoas do mesmo sexo é um tema controverso no país. Alguns estados permitem uniões civis, em vez de casamentos.
Os Estados Unidos são um dos países com as maiores diversidades culturais do mundo
  Os anos 1920 foram bastante marcantes no complexo século XX. Ao mesmo tempo em que o mundo passava por sérios conflitos políticos e desajustes econômicos, havia uma grande efervescência cultural e social.
  Os Estados Unidos viviam anos de pleno desenvolvimento, prosperidade, otimismo e euforia. Essa euforia capitalista criou o conceito de American way of life, o estilo de vida americano, exportado para o mundo como modelo de modernidade e progresso. Esse novo modo de vida era baseado no consumo frenético das novidades tecnológicas, de eletrodomésticos a automóveis; do rádio ao cinema. O American way of life é um exemplo de uma modalidade comportamental, desenvolvida no século XVIII e praticada até os dias atuais, e se refere a uma espécie de síntese de costumes nacionalista que se propõe a aderir aos princípios de vida, liberdade e a procura pela felicidade (direitos não-alienáveis de todos os americanos de acordo com a Declaração de Independência). O American way of life está relacionado diretamente ao American Dream - o sonho americano de ter a igualdade de oportunidades e de liberdade que permite a todos os residentes dos Estados Unidos atingirem seus objetivos na vida somente com seu esforço e determinação.
Clássico do American way of life, de 1937 - "Não há nenhuma maneira como o
American way of life"
  O avanço tecnológico ampliava e popularizava a produção cultural. Nessa época, houve uma grande expansão do sistema radiofônico que muito contribuiu para a divulgação da música e da informação. Em 1924, já havia 562 estações de rádio em funcionamento nos Estados Unidos.
  Era época do jazz, estilo musical com raízes na cultura africana que se tornou muito popular.
  A música dos Estados Unidos reflete a população multi-étnica através de uma gama de estilos diversos. Rock and roll, blues, country, rhythm and blues, jazz, pop, techno e hip-hop estão entre os gêneros musicais do país mais reconhecidos internacionalmente.
  Os povos nativos foram os primeiros habitantes dos Estados Unidos e tocaram sua primeira música. No início do século XVII, imigrantes do Reino Unido, Irlanda, Espanha, Alemanha e França, começaram a chegar em grande número na América do Norte, trazendo consigo novos estilos e instrumentos. Escravos africanos trouxeram tradições musicais e cada leva de imigrantes contribuiu para a miscigenação cultural.
Cantora de blues Bessie Smith (1894-1937)
  O jazz é uma manifestação artístico-musical originária nos Estados Unidos. Tal manifestação teria surgido por volta do início do século XX na região de Nova Orleans e em suas proximidades, tendo, na cultura popular e na criatividade das comunidades negras que ali viviam, um de seus espaços de desenvolvimento mais importantes.
  O jazz se desenvolveu com a mistura de várias tradições musicais, em particular a afro-americana.
  As origens da palavra "jazz" são incertas. A palavra tem suas raízes na gíria norte-americana. O jazz não foi aplicado como música até por volta de 1915.
Coleman Hawkins (1904-1969) - importante músico de jazz
  Inicialmente, o jazz era tocado em clubes noturnos onde se reuniam jovens que gostavam de dançar ao som de um ritmo envolvente, ouvindo músicos como Duke Ellington e Louis Armstrong. Os conservadores achavam aquelas músicas barulhentas e ficavam escandalizados com os movimentos dos dançarinos. Houve quem dissesse que era um sinal de loucura coletiva. Mas a adesão ao novo ritmo - embalado pelo som cadenciado do piano, baixo, trompete e bateria - foi incontrolável. Em poucos anos, músicos brancos aderiram à nova onda e o jazz se tornou um ritmo presente em todo o país.
Duke Ellington (1899-1974)
  Músicos de jazz tocavam em bares clandestinos conhecidos como speakeasies. Esses bares surgiram com a Lei Seca, proibição da venda de bebidas alcoólicas implantada por meio da 18ª emenda à Constituição dos Estados Unidos da América (EUA). Essa lei foi revogada em 1933, em razão dos problemas que gerou, particularmente o surgimento da Máfia, que controlava o comércio ilegal de bebidas. O italiano Afonso Capone, criado em Nova Iorque, mais conhecido como Al Capone ou "Scarface" (rosto com cicatriz), foi o mafioso americano mais conhecido dessa época. Envolvido em guerras de gângsteres e assassinatos brutais, foi preso em 1931 por crime de sonegação fiscal e passou oito anos na prisão de Alcatraz.
Al Capone, em 1935
  Muito da moderna música popular tem suas raízes ligadas à música negra americana (com influência do blues) e ao crescimento da música gospel. A base afro-americana da música popular utilizou elementos vindos da música europeia e indígena. Os Estados Unidos tiveram também influência das tradições musicais e da produção musical na Ucrânia, Irlanda, Escócia, Polônia, América Latina, comunidades judaicas, entre outras.
  Muitas cidades americanas têm um cenário musical vibrante e, em cada uma, estilos regionais florescem. Juntamente com grandes centros musicais como Seattle, Nova Iorque, Minneápolis, Chicago, Nashville, Austin e Los Angeles, muitas cidades menores têm produzido destacados estilos musicais. O "Cajun", a música da Louisiana, a música havaiana, o bluegrass, a música antiga do Sudeste dos Estados Unidos são alguns exemplos da sua diversidade musical.
Dallas - localizada no Texas, é um importante centro cultural dos EUA
  A década de 1920 também foi a época de danças como o charleston e dos musicais da Broadway. As mulheres conseguiram avanços políticos importantes: em 1920, depois de longas campanhas, a 19ª emenda à Constituição dos EUA concedeu o direito de voto às mulheres. Ao mesmo tempo, muitas delas subiam audaciosamente as barras dos vestidos, mostrando tornozelos e joelhos, causando um verdadeiro escândalo. Usavam também os cabelos curtos, fumavam e bebiam em público. As "melindrosas" foram precursoras da emancipação feminina.
  Os carros eram bens acessíveis a uma parcela cada vez maior de indivíduos, graças ao barateamento da produção, resultante do processo de linha de montagem instituído por Henry Ford, em 1903. Também aumentou a parcela de jovens que conseguia cursar uma universidade.
Linha de montagem de Ford em 1913
  Embora ainda fosse grande o número de famílias que viviam modestamente, sobretudo entre os milhares de imigrantes que chegavam todos os anos ao país, eram crescente aquelas cuja renda propiciava uma vida cada vez mais confortável. Algumas, como as dos magnatas, chegavam a reunir imensas fortunas. E uma das formas de mostrar sua riqueza era a manutenção de coleções de obras de arte, várias das quais dariam, mais tarde, origem ao Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, entre outros.
Museu de Arte Moderna de Nova Iorque
  Era uma época de ouro do cinema em Hollywood, onde se concentravam as maiores indústrias cinematográficas do mundo. Até meados dos anos 20, os filmes mudos lotavam cinemas do mundo inteiro. Artistas como Charles Chaplin e Rodolfo Valentino se tornaram as primeiras grandes estrelas do cinema americano. Em 1927, chegou ao fim a era dos filmes mudos com a invenção dos filmes sonoros que tornaram o cinema cada vez mais popular.
Charles Chaplie, encarnando o seu inesquecível personagem Carlitos
  O cinema funcionava como uma máquina de sonhos, em que todas as fantasias humanas se tornavam realidade. Durante os anos 1930, quando a situação econômica mudou completamente com o cenário da crise, o cinema se tornou a principal válvula de escape para a população mundial. Era uma forma de fugir das misérias da depressão. No final dos anos 1930, 80 milhões de entradas de cinema eram vendidas a cada semana nos Estados Unidos, o que possibilita estimar que o estadunidense frequentava o cinema pelo menos uma vez a cada 15 dias.
  A influência do cinema podia ser medida pela sua capacidade de promover novos hábitos de consumo e de estilo de vida. Tudo o que as estrelas de Hollywood usavam virava moda e era copiado por pessoas em todo o mundo. Segundo alguns historiadores, nunca um sistema cultural teve tanto impacto e exerceu efeito tão profundo na mudança do comportamento e dos padrões de gosto e consumo de populações por todo o mundo, como o cinema de Hollywood no seu apogeu.
Sinal de Hollywood
  Consequentemente, o American way of life tornava-se cada vez mais internacionalizado. Atualmente, os hábitos, os produtos, o idioma, a comida, a moda, entre tantos outros modos culturais dos Estados Unidos, está amplamente difundida pelos continentes.
FONTE: Ribeiro, Vanise. Encontro com a História: 9° ano / Vanise Ribeiro; Carla Maria Junho Anastásia; Ilustrações José Luis Junhas ... [et al.]. - 3. ed. - Curitiba: Positivo, 2012.

domingo, 29 de setembro de 2013

O MOVIMENTO DE AUTONOMIA DE SZÉKELY - ROMÊNIA

  A Romênia, assim como muitos outros países europeus, não é um país homogêneo. Tem uma grande diversidade de povos e línguas, sendo que em alguns lugares, os romenos são minoria. É o caso de alguns municípios do centro do país, habitados principalmente por pessoas de origem húngara, os székelys.
  A Romênia é um país de aproximadamente 22 milhões de habitantes, cuja população está distribuída em um território de 238.391 km². Desse total, 1,4 milhão são de húngaros, ou magiares, e centenas de milhares de ciganos. A minoria húngara no país é grande o bastante para assegurar que ultrapasse regularmente a barreira de 5% necessária para garantir cadeiras nas eleições parlamentares. Nas primeiras eleições desde que a Romênia ingressou na União Europeia, em janeiro de 2007, a UDMR (União Democrática dos Húngaros da Romênia) conquistou 6,2% dos votos, assegurando cadeiras no Parlamento Europeu.
Mapa da Romênia
  A UDMR exigiu a remoção do termo "país unificado" da Constituição romena, faz campanhas por melhores escolas para os cidadãos de etnia húngara e exige que o governo devolva os tesouros religiosos húngaros que foram confiscados em 1918.
  Um braço mais radical da UDMR, a União dos Cidadãos Húngaros, formada em 2004, está pressionando por relações mais estreitas com a Hungria e por uma autonomia de Székely, uma região no leste da Transilvânia e que é lar de cerca de 700 mil húngaros. O território é o coração cultural dos magiares da Romênia; em algumas cidades, mais de 90% dos moradores falam húngaro. Székely já foi uma região autônoma, entre 1952 e 1968, e partes da Transilvânia pertenceram à Hungria até 1920.
  O Székely Land ou Szekleland, é uma área histórica e etnográfica da Romênia, habitada principalmente pelos székelys, um subgrupo do povo húngaro do leste da Transilvânia. Seu território é de aproximadamente 16.943 km².
  Os székelys vivem nos vales e colinas dos Cárpatos Oriental, que corresponde ao atual Harghitha, Covasna e partes da Mures Concelhos, na Romênia. A área constitui um enclave étnico húngaro na Romênia. Seu centro cultural é a cidade de Targu Mures, o maior assentamento na região.
Cidade de Targu Mures - Romênia
ORIGEM
  A origem dos Székelys é muito controvérsia, tanto entre os historiadores quanto entre os próprios székelys. Uma teoria diz que eles são descendentes de tribos de guerra que foram assentadas pelos húngaros na Transilvânia para guardar as fronteiras orientais dos tártaros e outros povos bárbaros (o nome székely significa "guardas de fronteira"). Outras dizem que eles têm origem nos hunos, avaros e búlgaros. Há outras teorias que dizem que os székelys sempre foram húngaros, e as diferenças culturais devem-se ao seu relativo isolamento nas montanhas dos Cárpatos. Alguns estudiosos sugerem que os székelys eram simplesmente magiares, como outros húngaros transplantados na Idade Média para proteger as fronteiras. Há outros estudiosos que dizem que os székelys sejam de origem turca.
  Antigas lendas contam que um contingente de hunos se aliou ao exército húngaro que conquistou a Bacia dos Cárpatos no século IX.
Montes Cárpatos - Transilvânia
HISTÓRIA DOS SZÉKELYS
  Alguns historiadores têm datado a presença dos székelys nos Cárpatos Orientais no século V d.C.
  Durante a Idade Média, o povo székely, juntamente com os saxões, desempenhou um papel fundamental na defesa do Reino da Hungria contra os otomanos. Isso contribuiu para formar assentos, que se transformaram em unidades territoriais tradicionais dos Székely, na Transilvânia. Os assentos não eram parte tradicional do sistema húngaro e seus habitantes tiveram um maior nível de liberdade do que os que vivem nos municípios, especialmente até o século XVIII.
Aldeia Székely, em Covasna County - Romênia
  A partir do século XII até 1876, a Terra Székely teve uma quantidade considerável de assentos, mas variando de autonomia, primeiro como parte do Reino da Hungria, em seguida, no interior do Principado da Transilvânia e, finalmente, como parte do Império Habsburgo. A autonomia foi em grande parte devido ao serviço militar Székely, fornecida até o século XVIII. A Terra Székely medieval era uma aliança de sete Székely autônomos: Udvarhely, Csík, Maros, Sepsi, Kézdi, Orbai e Aranyos. O número de assentos foi reduzida mais tarde para cinco, quando Sepsi, Kézdi e Orbai se uniram para formar uma unidade territorial chamada de Háromszék. O assento principal era Udvarhely.
Székelys na fronteira leste e oeste do Reino da Hungria no século XIII
  Com o Tratado de Trianon de 1920 (que regularizou o novo Estado húngaro e substituiu o antigo Império Austro-Húngaro), a Transilvânia tornou-se parte da Romênia, e os székelys foram forçados a a aderir, em parte, à cultura romena. A língua húngara foi substituída pela romena, porém, os székelys conseguiram preservar a educação e a língua húngara.
  Em 1940, a Romênia foi obrigada a ceder o norte da Transilvânia à Hungria. Após a Segunda Guerra Mundial, a Transilvânia voltou a pertencer à Romênia, e em 1952, foi criada a Região Autônoma de Magyare, abrangendo a maior parte da terra habitada pelos székelys. Essa região durou até 1968, quando a reforma administrativa dividiu a Romênia para os atuais municípios.
Székely (em azul) na Transilvânia medieval, dentro do Reino da Hungria
  Atualmente, Harghita County engloba o ex-Udvarhely e Csik, sendo este último incluindo Gyergyószék. Cosvana County cobre mais ou menos o território da antiga Hározék. O ex-Aranyosszék está dividida em Cluj e Alba. Após a queda do comunismo, esperava-se que a ex-Região Autônoma de Magyar - abolida durante a ditadura de Nicolae Ceausescu - fosse restaurada. Isso não aconteceu, aumentando a iniciativa dos székelys pela autonomia e protestos de organizações Székely para alcançar um nível mais elevado de auto-governo para a Terra Székely na Romênia.
Divisão da Terra de Székely
MOVIMENTO DE AUTONOMIA
  Desde o fim da Região Autônoma da Mures-Magyares, por Nicolae Ceausescu, alguns székelys têm pressionado para que a autonomia seja restaurada. Várias propostas têm sido discutidas no seio da comunidade Székely húngara e pela maioria romena. Uma das iniciativas de autonomia Székely baseia-se no modelo da comunidade autônoma espanhola da Catalunha. A principal manifestação pacífica foi realizada em 2006, em favor da autonomia.
Mapa da Transilvânia com a distribuição étnica e as aspirações dos CNS
  O atual presidente romeno, Traian Basescu, no posto desde 2004, vem enfrentando inúmeras manifestações dos székelys nos últimos anos pela autonomia da região, e a sua resposta sempre foi negativa. Segundo o executivo romeno, o autonomismo destas minorias esconde o intuito de alterar a integridade territorial dos Estados sob o disfarce da defesa dos direitos das minorias. Sempre que tem oportunidade, Basescu pontifica contra os direitos coletivos dos povos, e em várias ocasiões manifestou que nunca concederá a autonomia territorial dos húngaros.
Traian Basescu - presidente da Romênia
FONTE: Lucci, Elian Alabi. Geografia: homem & espaço, 9° ano / Elian Alabi Lucci, Anselmo Lázaro Branco. - 23. ed. - São Paulo: Saraiva, 2010.

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