sábado, 13 de outubro de 2012

O NORDESTE ATUAL: ECONOMIA E RECURSOS NATURAIS

  A economia nordestina mostrou-se mais dinâmica desde as últimas décadas do século XX. Entre as razões desse dinamismo estão o desenvolvimento industrial e o avanço dos setores agrário e de serviços.
  Com a criação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) em 1959, o setor secundário ou industrial do Nordeste recebeu a maior parte dos investimentos. Como consequência, houve a montagem de importantes e modernos centros industriais. No entanto, apenas uma parcela muito reduzida da população nordestina foi beneficiada, já que as indústrias se concentraram em apenas três estados ((Bahia, Pernambuco e Ceará), particularmente nas capitais, com destaque para as de transformação e de confecções.
  Com a política de desconcentração industrial, a partir da década de 1990, os governos estaduais da Região Nordeste têm investido em infraestrutura e oferecido vantagens, como incentivos fiscais visando atrair indústrias para seus territórios. Entretanto, a implantação de uma indústria, em geral bastante automatizada, abre poucos postos de trabalhos, quase sempre mais qualificados, além de contribuir com impostos reduzidos. Assim, apenas algumas empresas transnacionais ou de capital nacional acabam sendo as mais beneficiadas.
Distrito Industrial de Maracanaú - CE.
  Quanto ao setor agrícola, destacam-se duas importantes monoculturas cultivadas na Zona da Mata: a cana-de-açúcar, especialmente em Alagoas e Pernambuco, e o cacau, no sul da Bahia.
  No Meio-Norte, além da agricultura tradicional (cana, soja, mandioca, arroz) e do extrativismo vegetal (babaçu, carnaúba), têm crescido as plantações de soja no sul dos estados do Maranhão e Piauí - cultivo que se estende até o sertão, chegando ao oeste da Bahia.
Cultivo de soja em Balsas - MA
  No Sertão, subsiste a agricultura tradicional, cultivada nos vales mais úmidos e nas encostas e pés de serras. Milho, arroz, feijão, mandioca, algodão e cana-de-açúcar são as principais culturas.
  A fruticultura irrigada do Nordeste adquire cada vez mais importância não apenas no mercado interno, mas também para a exportação. É desenvolvida no Vale do São Francisco (uva, manga), no Vale do Açu no Rio Grande do Norte (melão, manga) e no sertão do Ceará (acerola, melão, além de flores). Em 2011, o estado da Bahia era o primeiro produtor brasileiro de coco, manga, mamão e maracujá.. A maior região produtora de melão no país localiza-se no polo Açu/Mossoró, no Rio Grande do Norte, e o polo Petrolina/Juazeiro firmou-se como o grande exportador de manga, banana, coco, uva, goiaba, melão e pinha.
Colheita de melão em Mossoró - RN
  Mão de obra barata e disponível, preços atrativos das terras e a localização da Região Nordeste em relação à Europa e aos Estados Unidos (reduzindo o tempo e o custo de transporte) confere vantagens à fruticultura na região. O desenvolvimento de tecnologias (criação de variedades de frutas, produção integrada, produção de mudas sadias, entre outras) e o aperfeiçoamento de técnicas de irrigação foram essenciais para o crescimento da atividade, que garante empregos no campo e na cidade, reduzindo o êxodo rural.
Polo agrícola Petrolina (PE)-Juazeiro (BA)
  Na pecuária predomina a criação de animais de pequeno porte como asininos (jumentos, mulas e burros), caprinos (cabras), ovinos (ovelhas) e suínos (porcos). A criação de bovinos (bois), tradicionalmente desenvolvida no Sertão de forma extensiva, vem crescendo também em áreas do Agreste próximas ao Sertão, com solos de baixa fertilidade e pouca umidade, e em áreas do Maranhão. A pecuária leiteira, na modalidade extensiva e voltada para o abastecimento da Zona da Mata, é praticada no Agreste.
Caprinocultura - uma das atividades que mais tem crescido no Nordeste
  No Agreste ainda se desenvolve a policultura comercial para o abastecimento da Zona da Mata, em médias e pequenas propriedades. É praticada em solos férteis com boas condições de umidade, na fronteira com a Zona da Mata.
  O turismo é outra atividade econômica de grande importância para a região, desenvolvido a partir das potencialidades naturais e dos atrativos culturais.
As festas de padroeiros contribuem para desenvolver o turismo nas mais diversas cidades brasileiras
  O Nordeste conta com diversos parques nacionais, entre eles o da Serra da Capivara (PI), com grande concentração de sítios arqueológicos e pinturas rupestres, o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (distrito estadual de Pernambuco) e o Parque Nacional da Chapada Diamantina (BA).
Parque Nacional da Serra da Capivara
  Entre os eventos culturais que atraem turistas estão o carnaval (com destaque para Salvador, Olinda e Recife), as festas juninas (com destaque para Caruaru e Campina Grande), as danças e as comidas típicas e o artesanato (rendas, cerâmicas) da região.
  A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), ligada à ONU, instituiu uma lista de sítios e monumentos de valor excepcional e de interesse universal, que integram o Patrimônio Mundial, Cultural e Natural da Humanidade. O objetivo é a preservação desses sítios para as gerações futuras. A Região Nordeste abriga grande número de Patrimônios Culturais e Naturais da Humanidade, como o centro histórico de Olinda (PE), de São Luís (MA) e o de Salvador (BA), como o Pelourinho, além dos sítios arqueológicos de São Raimundo Nonato no Parque Nacional da Serra da Capivara (PI).
Centro histórico de São Luís (MA) - Patrimônio Mundial, Cultural e Natural da Humanidade
Fonte: Terra, Lygia. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil / Lygia Terra, Regina Araújo, Raul Borges Guimarães. - 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2010.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

FOCOS DE CONFLITOS NA COMUNIDADE DOS ESTADOS INDEPENDENTES (CEI)

  Situada entre o Mar Cáspio e o Mar Negro, a região do Cáucaso, cadeia montanhosa a sudeste da Europa, abriga diversas etnias de religião cristã ou islâmica, que falam dezenas de línguas. Trata-se de uma área de tensões: as guerras entre os impérios Russo, Turco-Otomano e Persa e, mais recentemente, entre os Estados nacionais duram mais de três séculos.
Mapa da região do Cáucaso
  Ao longo da expansão russa, desde o século IX, mais de 80 etnias foram subordinadas ao Império Russo e, posteriormente, à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
  A Chechênia, uma unidade da Federação Russa de maioria muçulmana, declarou-se independente em 1991. Em 1994, foi invadida por tropas militares russas, o que deixou um saldo de 80 mil mortos. Apesar do acordo de paz de 1999, após a invasão do vizinho Daguestão por guerrilheiros chechenos com a finalidade de criar um Estado islâmico, a Chechênia sofreu um ciclo de violência, dessa vez precedida por bombardeios aéreos intensos e culminando em um verdadeiro massacre de civis pelo exército russo.
Grozny, capital da Chechênia após o bombardeio realizado pelas tropas russas em 2000
  Os grupos separatistas perderam um pouco de sua força original, mas, para o governo de Moscou, continuam a representar uma séria ameaça, tanto na Chechênia quanto no Daguestão.
  Os conflitos têm se espalhado por toda a região do Cáucaso, abrangendo territórios da Federação Russa, da Geórgia, do Azerbaijão, do Irã e da Armênia. A região conta com importantes oleodutos e refinarias de petróleo.
  A Ossétia do Sul (maioria de origem persa cristã) pertence à Geórgia, enquanto à Ossétia do Norte (onde há cristãos e muçulmanos) é uma unidade da Federação Russa. Com população e territórios divididos, ambas lutam pela independência desde 1991. Os ossetas do sul, discriminados pelos georgianos, buscam a separação da Geórgia e a unificação com a Ossétia do Norte.
  Na Abkházia, os abecazes foram reduzidos a uma minoria depois do deslocamento de milhares de georgianos para a região, na época da extinta União Soviética. Separatistas abecazes (muçulmanos ortodoxos) lutam contra georgianos (cristãos), desde 1992, pela criação de uma república independente.
  Desde o início do século XX, Armênia e Azerbaijão disputam a região de Nagorno-Karabakh, encravada no território do Azerbaijão, país de origem muçulmana, mas com 80% da população cristã e de origem armênia. Em 1991, essa região proclamou sua independência, iniciando uma série de conflitos. Em 1992, a Armênia conquistou o enclave e formou o corredor de Latchine, ligando Nagorno-Karabakh a seu território. Apesar das conversações entre os governos da Armênia e do Azerbaijão, os conflitos prosseguem.
FONTE: Terra, Lygia. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil / Lygia Terra, Regina Araújo, Raul Borges Guimarães. - 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2010.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

TELECOMUNICAÇÕES

AS TELECOMUNICAÇÕES NO MUNDO ATUAL
  O avanço do setor de telecomunicações foi muito rápido nas últimas décadas. Hoje esse ramo de negócios é um dos mais lucrativos e disputados em muitos países, inclusive no Brasil. As comunicações por satélite, a transmissão por meio de cabo de fibra óptica e a tecnologia digital geraram empresas gigantescas que controlam os principais meios de informação.
  O primeiro satélite artificial - o Sputnik, lançado pela União Soviética em 1957 - impulsionou a corrida espacial da Guerra Fria. Já nos anos 1960, os satélites artificiais passariam a ter aplicação comercial. Em 1962, entrou em órbita o Telstar 1, o primeiro capaz de transmitir sinais de televisão e de telefonia entre a Europa e os Estados Unidos.
Sputnik - primeiro satélite artificial
  A partir daí, as inovações no campo das telecomunicações por satélite não pararam. Em 1983, o telefone celular começou a ser comercializado nos Estados Unidos, época em que a fibra óptica já havia sido considerada um substituto favorável do fio de cobre. Na mesma década, o computador pessoal (PC) começou a entrar nas residências de diversos países do mundo e, a partir de 1990, a internet teve expansão sem precedentes, e os PCs foram ligados à maior e mais complexa rede de comunicações já existente, paralelamente às transmissões de dados por satélite (para televisão, telefonia, internet móvel e outros).
MTA (Sistema Automático de Telefonia) - inventado pela Ericsson em 16 de outubro de 1956, foi o primeiro celular do mundo
  As novas tecnologias de comunicação dependem da instalação de satélites, centrais telefônicas e de transmissão de imagens de TV, provedores de internet etc. Se você observar, verá que antenas de telefonia móvel e lan houses são elementos da paisagem urbana em quase todas as regiões de países como o Brasil.
  Os condutores de todos os tipos, como cabos submarinos e subterrâneos de fibra óptica por onde circulam as informações - as infovias -, também fazem parte da infraestrutura, pois são meios físicos através dos quais a informação trafega de um ponto a outro. Os satélites sozinhos não poderiam dar conta do volume de dados que hoje circulam, on line, em todo o mundo. No entanto, essas estruturas materiais, que tornam possíveis os fluxos de informação e comunicação, estão espalhadas de forma heterogênea pelo mundo: altamente concentradas nos países desenvolvidos e mais dispersas no mundo subdesenvolvido.
Yuri Gagarin - primeiro homem a ser lançado no espaço a bordo do Vostok I, em 1961
  As novas tecnologias de telecomunicação aceleraram o fluxo de informação e comunicação entre os mais diversos pontos do planeta. A divisão da produção entre os diversos países foi facilitada e o controle mais ágil e eficiente das operações das corporações multinacionais se  consolidou. Também a difusão da informação científica e jornalística em tempo real efetivou-se cada vez mais.
  Atualmente, a internet conecta também as novas gerações de aparelhos celulares - que começam a desempenhar funções dos PCs -, ao passo que a TV interativa já incorporou o computador em quase todas as suas funções.
Modelo DynaTAC 800X da Motorola - criado em 1973, foi o primeiro aparelho de celular móvel do mundo
  Enquanto uma parte da população do planeta tem fácil acesso a esses meios de comunicação, quase 30% da população do mundo nunca havia feito uma ligação telefônica no início deste milênio, denunciando as desigualdades entre os países no acesso às redes de telecomunicações.
  A maior e menor capacidade das redes de telecomunicações vai determinar que o acesso aos serviços seja mais ou menos facilitado para a população dos diversos países. A ausência de infraestrutura adequada nos países subdesenvolvidos e o controle de tecnologia desenvolvida pelas grandes corporações - que monopolizam a produção de equipamentos (hardware) e programas (softwares), além de cobrar direitos (royalties) - acabam determinando os elevados preços dos serviços de telecomunicações nas regiões menos desenvolvidas do planeta. Além disso, a renda da maioria dos habitantes desses países limita o acesso aos novos meios de comunicação e informação, pois os equipamentos e serviços são relativamente caros.
ENIAC (Eletronica Numeral Integrator and Computer) - primeiro computador a usar eletrônica digital
  Em relação ao acesso a computadores e à internet, os habitantes dos países periféricos vivem uma dupla situação de exclusão digital, pois além da questão econômica, muitas vezes falta a instrução necessária para a manutenção dos equipamentos e uso dos programas.
  Assim, a exclusão do mundo da informática distancia ainda mais as classes sociais e transforma-se em mais uma barreira para os excluídos no mercado de trabalho, que cada vez mais exige domínio das tecnologias da informação.
  Apesar da rápida expansão do número de computadores incorporados aos domicílios brasileiros nos últimos anos, ela ainda está aquém da disponibilidade encontrada em países desenvolvidos (ou centrais).
Crianças etíopes brincando com celular
O PODER DA INDÚSTRIA CULTURAL
  Os acordos entre as indústrias de telecomunicações e as empresas ligadas aos meios de comunicação de massa e entretenimento (jornais, revistas, televisão, rádio, cinema, DVD, videogame etc.) tornaram-se um fenômeno comum nas últimas décadas, sobretudo nos países centrais.
  No início do século XXI, o fenômeno se expandiu para as regiões periféricas. Tais acordos formaram verdadeiros trustes da chamada indústria cultural, por meio de fusões entre empresas e de incorporações. Essas grandes corporações empresariais, muitas vezes, desenvolvem os equipamentos que disponibilizam os conteúdos (como textos, sons e imagens) também produzidos por elas. Assim, garantem a venda dos equipamentos ao mesmo tempo que controlam a divulgação da informação. No Brasil, mais recentemente, isso acontece no setor da telefonia móvel, mas já ocorria, parcialmente, no da televisão.
Fusão da Oi com a Brasil Telecom
  Nos Estados Unidos, nos países europeus e no Japão, estão localizadas as sedes da maioria das empresas de comunicações. No entanto, a liderança norte-americana no setor é indiscutível. Os Estados Unidos foram o primeiro país do mundo a criar uma indústria cultural. Transformaram-na em instrumento fundamental para a difusão do seu estilo de vida (American way of life) e dos valores, idealizados como meta a ser conquistada por outras sociedades.
  Veiculadas em todo o mundo, principalmente no cinema e na televisão, além de em jogos eletrônicos e na internet, entre outros, o estilo e os valores estadunidenses ampliam o mercado e a influência que o país tenta resguardar. Os produtos da indústria de entretenimento dos Estados Unidos são, na atualidade, um dos seus principais produtos de exportação: calcula-se que as corporações norte-americanas de entretenimento produzam cerca de 70% das imagens (vídeos, fotos, filmes etc.) difundidas pelo mundo.
Hollywood (Los Angeles) - capital mundial do entretenimento
AS TELECOMUNICAÇÕES NO BRASIL
  O Brasil foi um dos primeiros países do mundo a utilizar o telefone. Já em 1877, dom Pedro II instalou a primeira linha, que ligava o Palácio Imperial à sede da Guarda Nacional. A partir daí, porém, o desenvolvimento foi lento.
  As telecomunicações no país expressaram um primeiro avanço principalmente a partir de meados da década de 1960. Nessa época, o Brasil tinha apenas 1.326.000 telefones, as ligações interurbanas podiam levar mais de um dia para serem realizadas e muitas ligações locais ainda tinham  que ser completadas com o auxílio da telefonista. As comunicações com o restante do mundo eram feitas, em sua maioria, pelo sistema de telégrafo. A partir de 1965, foi criada a Empresa Brasileira de Telecomunicações (Embratel), estatal responsável pela reestruturação e modernização do sistema de telecomunicações no território brasileiro.
Primeiro telefone instalado no Brasil
  Outro momento importante para esse processo foi a criação da Telecomunicações Brasileiras S.A. (Telebrás), em 1972, responsável pela administração e operação do sistema de telefonia no país. A Telebrás incorporou as concessionárias particulares existente e transformou o serviço de telefonia numa atribuição do Estado.  Transformou-se numa empresa holding controladora das operadoras distribuídas em cada uma das unidades da federação. O serviço telefônico passou a ser monopólio do Estado.
TELEFONIA E PRIVATIZAÇÕES
  A criação da Telebrás deu impulso ao desenvolvimento da telefonia, mas não conseguiu acompanhar o desenvolvimento do setor nem ampliar a sua infraestrutura diante das novas demandas do comércio internacional. A globalização gerou a necessidade de maior integração da economia nacional e da ampliação dos contatos entre empresas de diversos países do mundo. Há pouco mais de duas décadas, era difícil de possuir uma linha de telefone, pagava-se muito caro por uma instalação, as ligações interurbanas e internacionais eram muito caras, além de ser frequente o congestionamento das conexões.
  Em 1997, o Brasil e mais 68 países de todo o mundo assinaram um acordo multilateral - o Acordo Mundial de Telecomunicações (AMT) - durante a reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC), firmando o compromisso de liberalização do mercado mundial de telecomunicações. Por esse acordo foram eliminadas as barreiras referentes à exploração da telefonia por empresas particulares nacionais ou estrangeiras, a partir do início de 1998. Nesse mesmo ano, o sistema Telebrás começou a ser privatizado.
Evento na União Internacional de Telecomunicações
  O governo procurava mostrar as grandes vantagens da privatização dos serviços telefônicos no Brasil. Alegava que a concorrência entre as operadoras reduziria taxas e preços das ligações em todo o país e melhoraria a qualidade dos serviços, uma vez que a entrada de empresas estrangeiras traria tecnologias mais avançadas ao setor.
  A rede telefônica brasileira atualmente está controlada por um número reduzido de grandes operadoras. A disputa dessas gigantes do setor de telefonia ocorre apenas no caso de ligações interurbanas e internacionais e no setor de telefonia celular. A área de atuação dessas empresas para os serviços de telefonia fixa local é regionalizada e, por essa razão, estão praticamente livres de concorrência. Isso comprometeu as melhorias prometidas.
Operadoras de telefonia fixa no Brasil
  O modelo adotado para a exploração da rede telefônica privilegiou as empresas e a população de maior poder aquisitivo. Ligar para os Estados Unidos, países da Europa e o Japão, por exemplo, ficou mais barato. O acesso ao telefone, tanto de telefonia fixa como móvel, ficou mais fácil, mas a ligação local e as taxas mensais cobradas pelas novas operadoras tornaram-se muito elevadas.
AGÊNCIAS REGULADORAS
  As agências reguladoras foram criadas a partir do final de 1996, no contexto do processo de privatizações no Brasil. Elas foram inspiradas no modelo e experiência norte-americana. Entre as três principais agências criadas estão a Agência Nacional de Telecomunicações (Aneel) e a Agência Nacional de Petróleo (ANP). Apesar de pertencerem ao Estado brasileiro, essas agências têm autonomia financeira e administrativa.
  Essas agências devem racionalizar e apoiar a melhoria e a modernização dos serviços e controlar possíveis abusos e irregularidades das empresas de cada setor, tais como aumento exagerado de preços, problemas no fornecimento dos serviços etc. A Anatel, por exemplo, tem poder de decisão sobre a concessão de exploração dos serviços de operadoras, aplicação de multas e acompanhamento da expansão do setor. Foi criada com a finalidade de promover o desenvolvimento das telecomunicações e criar condições para a ampliação de uma estrutura moderna e eficiente, capaz de oferecer à sociedade serviços adequados, com preços justos, em todo o território nacional.
TELEFONIA MÓVEL
  A inauguração da telefonia móvel celular no Brasil ocorreu em 1990, com a utilização da banda (espectro de frequência captado pelo aparelho celular) A. Em 1997, com a inauguração da banda B, ocorreu significativa expansão da telefonia celular para grande parte do território nacional. A partir de 2003, a Anatel abriu novas bandas de frequência para aparelhos digitais de segunda geração.
  Atualmente, tecnologias de terceira geração (3G) de telefonia móvel permitem a transmissão com maior velocidade de download de músicas e vídeos e a incorporação ao celular de serviços como internet e TV. Os aparelhos 3G têm assegurado a ampliação do mercado desse tipo de telefonia.
A cada dia aparelhos cada vez mais modernos entram no mercado
  A evolução da telefonia celular no Brasil foi surpreendente. Nos dias atuais, os números de terminais supera de longe os da telefonia fixa. Da mesma forma que na telefonia fixa, poucas operadoras detêm o controle da maior parte do mercado dos celulares. O custo do serviço é ainda elevado.
  Para a expansão da telefonia celular, as autoridades também argumentaram que a concessão dos serviços a empresas privadas aboliria o monopólio estatal e estabeleceria maior competitividade entre as empresas, o que asseguraria melhor qualidade de serviços e menores preços. No entanto, em setembro de 2010, apenas quatro grandes operadoras controlavam 99,64% do mercado nacional.
RÁDIO
  Depois de descoberta a possibilidade de transportar sons através do espaço, por meio da radiotransmissão e da radiotelefonia, os aparelhos de rádio foram sendo constantemente aperfeiçoados no início do século XX. Mas foi durante a Primeira Guerra que as pesquisas de radiodifusão tiveram grande evolução. Por meio dos comunicadores radiofônicos, os pelotões se comunicavam, emitindo mensagens para organizar estratégias de deslocamento das tropas, pedindo socorro e reforço de tropas e informando sobre ações dos inimigos.
  Teminada a guerra, o rádio passou a ter uso comercial, inicialmente nos Estados Unidos. Esse período de difusão, entre os anos de 1920 e 1930, ficou conhecido como a Era do Rádio, devido à intensa utilização do rádio como meio de comunicação de massa e às mudanças de hábitos sociais e familiares por ele promovidas.
  O rádio mudou profundamente o cotidiano e o lazer das pessoas. Audições musicais, novelas e noticiários passaram a preencher o ambiente doméstico. Muitos deixavam de sair de casa ou se encontravam em locais públicos para ouvir rádio no aparelho disponível de vizinhos, em clubes ou outros locais.
  Nos Estados Unidos, em 1921, existiam apenas quatro emissoras. No ano seguinte já eram cerca de 400. No Brasil, a primeira emissora de rádio foi inaugurada em 1923, com o nome de Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Atualmente, mais de 90% das residências brasileiras estão sintonizadas nas ondas de rádio, sendo este o meio eletrônico de comunicação mais popular do país.
Dircinha Batista (cantora de rádio) na década de 1930. Os cantores de rádio eram os artistas mais populares na primeira metade do século XX
  Hoje, há no Brasil mais de 7 mil emissoras de rádio. A região Sudeste concentra as maiores delas, muitas com abrangência nacional. A região Norte, mais extensa e com menor número de municípios, é a que tem a menor quantidade de emissoras no país.
RÁDIO E DITADURA NO BRASIL
  A Rádio Nacional e a Rádio Globo, ambas inauguradas na cidade do Rio de Janeiro, durante o governo de Getúlio Vargas, foram as primeiras grandes rádios populares do Brasil. Suas programações eram transmitidas, alguns dias depois, a outras cidades brasileiras, que faziam a retransmissão dos programas.
Auditório da Rádio Nacional do Rio de Janeiro na década de 1950
  A ditadura de Getúlio Vargas (1937-1945) estabeleceu forte censura a todos os meios de comunicação, inclusive o rádio. No Brasil, o governo Vargas foi o primeiro a utilizar o rádio como instrumento de controle popular e de divulgação e propaganda das ações do governo.
  Em 1939 foi criado o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), que estabeleceu a censura nas artes (literatura, teatro, cinema), nos jornais e no rádio. Era parte das atribuições desse departamento organizar e dar apoio financeiro a manifestações e entidades que apoiassem e divulgassem as atividades do governo.
Getúlio Vargas discursando para a Nação em 1937
  A Agência Nacional - uma agência de notícias do próprio DIP - fornecia mais da metade das matérias veiculadas nos jornais e emissoras de rádio. As rádios e as empresas de jornalismo que não se submetiam à censura eram fechadas ou ocupadas e passavam a ser controladas pelo governo.
  Nas notícias divulgadas, a figura do presidente ditador era encoberta pela de grande estadista e responsável pelo desenvolvimento do país. O mecanismo de controle das informações foi inspirado na experiência da Alemanha nazista de Hitler, que manipulava os meios de informação de maneira semelhante.
  Posteriormente, durante quase todo o período da ditadura militar (1964-1985), as rádios, assim como todos os outros meios de comunicação, também foram censuradas. O Departamento de Censura Federal decidia o que podia ou não ser divulgado, inclusive músicas, livros, peças de teatro e filmes.
As atrizes Tônia Carrero, Eva Vilma, Odete Lara, Norma Bengel e Ruth Escobar na Passaeata dos Cem Mil, em 1968, no Rio de Janeiro
AS RÁDIOS PIRATAS E AS COMUNITÁRIAS
  Rádio pirata é o nome dado às estações radiotransmissoras que funcionam sem a concessão do governo, consideradas, portanto, ilegais. O termo surgiu na Inglaterra por volta de 1964, quando jovens irlandeses montaram uma emissora em um navio na costa da Irlanda. Eles eram contra o monopólio estatal da radiodifusão e divulgaram músicas que não tinham espaço nas rádios oficiais. A analogia com os piratas deveu-se ao fato de as transmissões serem emitidas do mar para a terra, em um navio.
  Existem, ainda, as rádios comunitárias, administradas e geridas pela própria comunidade e totalmente independentes de empresas e do governo (seja municipal, estadual ou federal). Não têm, dessa forma, compromisso com o governo estabelecido e não dependem da publicidade de empresas. Por essa razão, conseguem realizar uma programação centrada nos problemas e anseios da comunidade e são importantes locais de debate.
TELEVISÃO
  Depois de um longo percurso de pesquisas e tentativas de transmissão de imagens a longa distância, finalmente obteve-se êxito nos Estados Unidos, nos laboratórios da empresa RCA. Na década de 1930, com os principais problemas técnicos resolvidos, jogos, notícias, filmes, programas musicais e de auditório passaram a ser transmitidos pela TV. O estágio seguinte foi a popularização dos aparelhos e a exploração das possibilidades comerciais do novo meio de comunicação.
  Na década de 1950, surgiu a transmissão em cores, e as pesquisas tecnológicas relacionadas ao desenvolvimento da televisão ultrapassaram a fronteira norte-americana, tendo ocorrido grandes conquistas na Alemanha, França, Grã-Bretanha e, na década seguinte, no Japão. Nessa década, surgiram várias redes de TV também no Brasil. A extinta TV Tupi, de São Paulo, foi a primeira emissora de TV brasileira e da América Latina.
O apresentador J. Silvestre no programa "O céu é o limite", da TV Tupi, em 1959
  Na década de 1960 ocorreria a transmissão via satélite. Nos anos 1970, surgiu comercialmente nos Estados Unidos a televisão por assinatura, com programação exclusiva e distribuição de sinais via satélite. O modelo foi seguido pela Europa e pelo Japão. Com o sucesso comercial da televisão paga, a transmissão e a recepção foram sendo complementadas pelo sistema de cabeamento. Esse fato, mais o aproveitamento da infraestrutura para o mercado de telefonia e internet, estimulou o processo de fusão das empresas de telecomunicações.
  Atualmente, existe a TV digital - multimídia e interativa -, que incorpora os avanços de computação e os recursos da internet. Quando se pensava que o aparelho de TV perderia espaço com a introdução de novos meios de comunicação, o que se vê é o contrário: ele está englobando todos esses meios e ressurgindo como a grande novidade tecnológica digital deste início de século.
  A programação televisiva que chega a cada região brasileira está sob o controle das grandes empresas de TV, situadas, principalmente, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Maior rede de TV dos dias de hoje, a Globo foi inaugurada em 1965 e teve um grande crescimento durante a ditadura militar. Considerada uma das maiores empresas de comunicação do mundo, além de grande penetração nacional (com várias retransmissoras em todo o território), exporta sua programação para mais de uma centena de países em todos os continentes.
Principais emissoras de TV do país
  O sistema de comunicações no Brasil, que inclui as TVs, pertence a alguns poucos grupos econômicos. No início do século XXI, cerca de dez empresas detinham 80% dos serviços de televisão no Brasil; quase metade dos deputados federais e senadores são concessionários de canais de rádio e TV espalhados pelo país.
  Quando, em 1998, foi criada a Anatel, era intenção do governo modificar o sistema de concessão, que seria atribuído a essa agência reguladora. No entanto, as pressões derivadas de interesses políticos mantêm o sistema anterior, isto é, o poder de fazer a concessão dos canais está nas mãos dos Ministério das Comunicações.
  Na década de 1990, foi introduzida no Brasil a TV por assinatura, por satélite ou a cabo. Os custos relativamente elevados dos equipamentos do primeiro sistema e da assinatura do segundo restringem o acesso a uma parcela pouco expressiva da população. Esses sistemas, além de emitirem sinais de televisão, são utilizados para outros serviços, como telefonia e internet a cabo.
Principais grupos de TV à Cabo
INTERNET
  A internet passou a funcionar no Brasil em 1988. Inicialmente era restrita a instituições de pesquisa, universidades e órgãos governamentais e militares. Em 1995, passou a ser um serviço oferecido a toda pessoa que possuísse um computador pessoal (PC), uma linha telefônica e conexão com um provedor de acesso.
  Em 2008, 67,5 milhões de brasileiros tinham acesso à rede (cerca de 35% da população). No entanto, não está discriminadas nessa pesquisa a velocidade e a qualidade da conexão nem o custo do acesso, que determinam o custo-benefício e o tempo que usuários de diferentes classes sociais podem disponibilizar na navegação. Esse dado representava mais da metade da população conectada em toda a América do Sul, colocando o Brasil em 5° lugar no mundo, em número absoluto de usuários de internet.
 A internet mudou a vida cotidiana, o deslocamento da população, as relações pessoais e econômicas. Diversas atividades passaram a ser realizadas com o apoio da rede mundial de computadores - depósitos e transferências bancárias, pagamento de contas, investimentos, reservas de passagens e de hotéis, compras de bens de consumo, equipamentos agrícolas e industriais etc. -, simplificando a rotina daqueles que dela usufruem.
  Por uma lado, a internet acentuou o desemprego em todo o mundo.Em empresas de setores como o bancário e o comercial, diminuiu o número de trabalhadores, justamente por causa da realização das operações diretamente pelo cliente, que dispensa o apoio ou a intermediação de funcionários. Por outro lado, o aumento da competitividade entre as empresas depende, entre outros fatores, da redução dos custos obtida pela automação dos processos de produção. Essa contradição do meio-técnico-científico-informacional no qual vivemos desampara milhões de trabalhadores em todo o mundo e ao mesmo tempo restringe o mercado consumidor que o alimenta.
FONTE: Lucci, Elian Alabi. Território e sociedade no mundo globalizado: geografia: ensino médio, volume 2 / Elian Alabi Lucci, Anselmo Lázaro Branco, Cláudio Mendonça. - 1. ed. - São Paulo: Saraiva, 2010. 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

A GEOPOLÍTICA NO BRASIL

POTÊNCIA REGIONAL
  Embora o termo potência tenha surgido fortemente associado à ideia de hegemonia militar, na atualidade, o conceito de potência está relacionado ao conjunto de fatores que possibilitam  a um país exercer influência sobre os demais. Portanto, além do poderio militar, o cenário diplomático, a atuação estratégica dos Estados e o desenvolvimento econômico fornecem elementos que permitem interpretar se determinado país cumpre os requisitos para assumir a função de potência, seja em escala regional ou mundial.
FATORES GEOPOLÍTICOS
  Entre os fatores que sustentam o poder geopolítico de um país, o tamanho do território, o poder econômico e o militar são os mais importantes para que um Estado possa agir de maneira independente e exercer sua influência sobre os outros Estados.
  As vantagens estratégicas decorrentes da extensão territorial devem-se ao fato de o território congregar os recursos naturais necessários ao desenvolvimento econômico de um país e, ao mesmo tempo, ser a base que pode condicionar a prosperidade de sua população. Além de propiciar ampla variedade de aspectos naturais, que se reflete no potencial produtivo, um grande território restringe menos o crescimento demográfico, favorecendo a composição de exércitos mais numerosos e fortalecidos.
Poderio militar - uma forma de um país exercer influência geopolítica
  O poderio econômico de um país está relacionado à sua importância no mercado global. O poderio militar não se manifesta apenas na atuação em conflitos armados, mas também na capacidade de negociação política internacional. Um bom exemplo dessa realidade é o fato de o Conselho de Segurança da ONU (órgão responsável por arbitrar e adotar medidas para solucionar desavenças entre países) ter como membros permanentes as maiores potências militares do mundo: Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França.
Conselho de Segurança da ONU
VIRTUDES E FRAGILIDADES
  O Brasil pode ser considerado uma potência regional da América do Sul e Latina, título também postulado pelo México e pela Argentina. Embora tenha sido um dos últimos países americanos a conseguir autonomia política e tendo como herança colonial a dependência econômica de países mais desenvolvidos, o Brasil é um país rico.
  A economia nacional, fortemente industrializada e com um setor agropecuário muito produtivo, está entre as mais desenvolvidas do mundo. Apesar de seu vigor econômico ainda não ter se revertido em benefícios sociais para a maioria da população, o Brasil tem melhorado sua inserção nas relações internacionais. Isso pode ser verificado pelo alto número de acordos bilaterais fechados na década de 2000 e pela participação de representantes do governo brasileiro em várias reuniões do G-20, o grupo das maiores economias do mundo.

Países que compõem o G-20 (Grupo dos 20 países com as maiores economias do planeta)
ANALISANDO O BRASIL POR MEIO DA GEOPOLÍTICA
  A grandeza territorial, a faixa fronteiriça e litorânea, o elevado número de habitantes, a predominância da língua portuguesa e os fartos recursos hídricos e minerais, são atributos que possibilitam ao Brasil manter uma posição de destaque na América Latina.
  Apesar de facilitar as trocas comerciais com os países vizinhos, a grande linha fronteiriça traz dificuldades para as forças armadas fiscalizarem toda a sua extensão. Tal fato deixa o território vulnerável  a ações ilícitas, como o tráfico de drogas proveniente de países vizinhos e o contrabando de mercadorias. O controle sobre os crimes ambientais nas regiões privilegiadas em riquezas naturais, sobretudo na região Amazônica, também é bastante frágil. A chamada biopirataria, retirada ilegal de matéria-prima de nossas florestas para o registro de patentes em outros países é uma das consequências dessa realidade.
Biopirataria - um dos graves problemas ambientais
UMA POTÊNCIA REGIONAL
  Ainda que o Brasil apresente fragilidades, sua economia é forte e seu parque industrial é amplo e diversificado. Há em território brasileiro empresas de todos os ramos da atividade econômica, o que deixa o país em situação confortável em relação aos seus vizinhos.
  O Brasil produz desde alimentos e tecidos até itens que requerem altos investimentos em pesquisa e tecnologia, como aviões e produtos farmacêuticos; também possui grandes empresas de exploração mineral, como a Petrobras e a Vale (antiga Companhia Vale do Rio Doce). Além disso, há no país uma importante produção científica e acadêmica, como as pesquisas relacionadas às células-tronco e ao Projeto Genoma. Portanto, no contexto latino-americano, embora enfrente dificuldades políticas e econômicas, o Brasil é considerado uma potência regional.
Projeto Genoma - importante produção científica desenvolvida pelo Brasil
FONTE: Geografia, 3° ano: ensino médio / organizadores Fernando dos Santos Sampaio, Ivone Silveira Sucena. - 1. ed. - São Paulo: Edições SM, 2010. - (Coleção ser protagonista).

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