Após a Segunda Guerra Mundial, sob o governo de Juan Domingo Perón (1947-1955), a Argentina viveu um período de intensa modernização e de melhorias no atendimento às necessidades básicas da população. O Estado passou a atuar de forma decisiva em vários setores, como transportes, serviços públicos e infraestrutura.
Juan Domingo Perón - presidente que proporcionou reformas políticas e econômicas na Argentina
OS GOLPES MILITARES
Em 1955, depois de entrar em atrito com parte do empresariado e das Forças Armadas, Perón foi derrubado do governo por um golpe militar que o obrigou a se exilar no Paraguai e depois na Espanha.
De volta à Argentina após um longo período no exílio, Perón candidatou-se novamente à Presidência em 1973 e foi eleito com enorme quantidade de votos. Porém, faleceu logo em seguida, e Isabelita Perón, sua terceira esposa e então vice-presidente, tomou posse.
Isabelita Perón - primeira mulher presidente da Argentina
Em 1976, um golpe militar derrubou Isabelita e implantou na Argentina o regime ditatorial que se estendeu até 1983. Esse período ficou caracterizado pela forte repressão política imposta à população, com censura à prisão, tortura e assassinato daqueles que se posicionavam contra o governo.
AS CRISES ECONÔMICAS
As décadas de 1970 e 1980 foram marcadas por sucessivas crises econômicas, que forçaram o governo a diminuir os gastos com serviços públicos e a implementar um intenso programa de privatizações.
O padrão de vida da população argentina, que era o mais alto da América Latina, caiu drasticamente. Desemprego crescente, altas da inflação e da dívida externa, aumento da pobreza e da concentração de renda foram as principais heranças deixadas ao país pelos governos militares.
Protesto contra a ditadura militar na Argentina
Com o término do regime militar e a consolidação da democracia, a situação política e econômica tornou-se mais estável, a inflação caiu e o crescimento econômico foi retomado.
Porém, de 1999 a 2002, uma nova grande crise econômica foi provocada pela queda das exportações: a moeda do país, o peso, estava valorizada em relação ao dólar, o que tornava os produtos argentinos muito caros no mercado internacional. Para agravar a situação, o Brasil - principal parceiro econômico da Argentina - promoveu uma desvalorização do real em relação ao dólar e diminuiu consideravelmente as importações dos produtos argentinos.
Argentinos protestam contra a crise na capital do país, Buenos Aires em 2001
Tentando contornar a crise, o governo argentino desvalorizou o peso, contraiu empréstimos junto ao FMI e adotou um modelo econômico similar ao brasileiro.
A POTÊNCIA REGIONAL
Desde sua independência, a Argentina busca consolidar-se como país líder na América do Sul. Por esse motivo, já a partir do século XIX seus interesses políticos, econômicos e militares chocam-se com as ambições de outra potência regional, o Brasil.
A competição entre os dois países é tradicional. O Uruguai e o Paraguai, os maiores prejudicados por essa disputa, precisam empregar muita diplomacia no convívio com os dois vizinhos, cuja influência em seus territórios é enorme.
Na década de 1990, a criação do Mercosul melhorou as relações entre o Brasil e a Argentina, tornando-os mais parceiros que competidores. No entanto, a Argentina ainda disputa com o Brasil a liderança do bloco econômico, os investimentos estrangeiros e uma vaga no Conselho de Segurança da ONU.
Países integrantes do Mercosul
DISPUTAS TERRITORIAIS
Outra questão geopolítica envolvendo a Argentina refere-se à disputa com o Chile pelas ilhas Picton, Nueva e Lennox, no Canal de Beagle, extremo sul do continente. Essa disputa quase chegou a um conflito armado, no início da década de 1980.
Em 1985, com a mediação do Vaticano, um Tratado de Paz foi assinado por representantes dos dois países. Esse documento estabelecia que as ilhas pertenciam ao Chile, mas assegurava aos argentinos os direitos sobre recursos minerais que pudessem ser encontrados na região.
Canal de Beagle - região do conflito entre Argentina e Chile
Situadas a 500 km do litoral sul do território argentino, as Ilhas Malvinas ou Falkland são objeto de outra disputa territorial que envolve a Argentina, neste caso com o Reino Unido.
No final de março de 1982, a Forças Armadas do país sul-americano, invadiram de surpresa as ilhas com o objetivo de reaver as terras perdidas para os ingleses em 1883. Em resposta, o governo do Reino Unido enviou tropas às Malvinas e, em junho, retomou as ilhas, impondo uma rendição incondicional aos argentinos.
Ilhas Malvinas - região de conflito com o Reino Unido
Mesmo perdendo a Guerra das Malvinas, os governantes da Argentina não desistiram das ilhas e, em 1999, reiniciaram as negociações com os ingleses para recuperar o território perdido.
A ORGANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO E AS ATIVIDADES ECONÔMICAS
Com uma área territorial de 2.780.400 km², a Argentina é o segundo maior do país da América Latina, depois do Brasil.
O país é dividido em seis regiões geoeconômicas, caracterizando-as do ponto de vista dos aspectos físicos e econômicos: Cordilheira dos Andes, Puna, Chaco, Mesopotâmia, Patagônia e Pampa, que é a região economicamente mais importante da Argentina e da América Platina.
1. A CORDILHEIRA DOS ANDES
A grande cadeia montanhosa cruza o oeste do país, estendendo-se de norte a sul por toda a fronteira com o Chile. Nessa região, as densidades demográficas são baixas, em decorrência, principalmente, do clima semiárido, na base da cordilheira, e do clima frio e relevo acidentado, nas altitudes mais elevadas.
Cordilheira dos Andes na Argentina
As principais atividades econômicas desenvolvidas ao pé dos Andes são o cultivo irrigado de frutas e a extração de petróleo, que favoreceu a instalação de indústrias petroquímicas, produtoras de combustíveis, matérias-primas e material plástico.
San Juan, com cerca de 500 mil habitantes e Mendoza, com cerca de 900 mil habitantes, reconhecidas por sua produção de vinhos, são as mais populosas e importantes cidades da região.
Mendoza - principal cidade da Cordilheira dos Andes argentina
2. A PUNA
No noroeste do território argentino, encontra-se a Puna, um vasto planalto de clima semiárido, onde as obras de irrigação favoreceram o cultivo de cana-de-açúcar. Na fronteira com a Bolívia há jazidas de petróleo e de minérios. A principal cidade da região é Salta, capital da província de Salta. A cidade conta com uma população de cerca de 550.000 pessoas.
Salta - principal cidade da região da Puna
3. O CHACO
O Chaco, no norte do país, na fronteira com o Paraguai, divide-se em duas áreas: o Chaco úmido, voltado para o oceano Atlântico e com maior pluviosidade; e o Chaco seco, mais próximo à Cordilheira dos Andes e, portanto, com menor pluviosidade.
No Chaco úmido cultivam-se milho, soja e cana-de-açúcar. Já no Chaco seco, de clima semiárido, são desenvolvidos cultivos irrigados de fumo e cana-de-açúcar.
Nessa região também se explora a pecuária bovina extensiva, com grandes rebanhos.
Em sua maioria, os habitantes do Chaco são de origem indígena e correspondem a menos de 5% da população total do país, que chega a cerca de 42 milhões de habitantes.
As principais cidades da região do Chaco são San Miguel de Tucumán, com cerca de 800 mil habitantes, e Resistencia, com 400 mil habitantes.
San Miguel de Tucumán
Localizada no nordeste da Argentina, é uma planície úmida entre os rios Paraná e Uruguai. Nela predomina a pecuária extensiva de bovinos e os cultivos de algodão, milho e erva-mate, usada para fazer o chimarrão, tradicional bebida tomada no sul da América do Sul.
A principal cidade dessa região é Corrientes, com cerca de 380 mil habitantes.
Corrientes - principal cidade do Chaco argentino
5. A PATAGÔNIA
No sul do país encontra-se uma região de clima frio, marcada por uma grande planície de vegetação rasteira.
O relevo contribui para a criação de gado, e as baixas temperaturas favorecem a pecuária ovina - criação de ovelhas.
Paisagem da Patagônia
Entretanto, as principais riquezas dessa região são o petróleo e o gás natural, extraídos do Golfo de São Jorge. Ali se encontra a cidade de Comodoro Rivadávia, responsável por 85% do petróleo que abastece a Argentina. A cidade é também a mais populosa da região, com uma população de cerca de cerca de 140 mil habitantes.
Comodoro Rivadávia
Na Patagônia, vive apenas 2% da população argentina, por isso a região é considerada um vazio demográfico.
Ao sul da região localiza-se a Terra do Fogo, arquipélago que desperta grande interesse turístico e cujo território se divide entre a Argentina e o Chile.
6. O PAMPA
Corresponde a cerca de 22% do território argentino e tem a maior concentração urbana, populacional e industrial do país. Concentra por volta de 75% da população total, principalmente na região metropolitana de Buenos Aires, onde vivem cerca de 12 milhões de habitantes.
Mapa da Região Metropolitana de Buenos Aires
No Pampa há também uma grande diversidade de indústrias, com destaque para as siderúrgicas, automobilísticas, têxteis e refinarias de petróleo.
O clima temperado úmido, o solo fértil e a abundância em água, favorecem o cultivo de trigo, milho, soja e algodão. Destaca-se ainda a produção de hortifrutigranjeiros, responsável por cerca de dois terços da produção agrícola da Argentina.
No Pampa estão os principais rebanhos bovinos e ovinos do país. A carne produzida na região, considerada de alta qualidade, é exportada em grande volume para a Europa e os Estados Unidos.
Mapa das atividades economicas da Argentina
DADOS SOBRE A ARGENTINA
NOME OFICIAL: República da Argentina
INDEPENDÊNCIA: da Espanha
Luta: 25 de maio de 1810
Proclamada: 9 de julho de 1816
Reconhecida: 21 de setembro de 1863
LOCALIZAÇÃO: América do Sul
CAPITAL: Buenos Aires
Obelisco no centro de Buenos Aires
ÁREA: 2.780.400 km² (8º)
POPULAÇÃO (ONU - 2011): 41.769.726 habitantes (31º)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA (ONU): 15,02 hab./km² (173°)
CIDADES MAIS POPULOSAS (2010):
Buenos Aires: 3.050.728 habitantes
Buenos Aires - capital e maior cidade da Argentina
Córdoba: 1.428.214 habitantes
Córdoba - segunda maior cidade da Argentina
Rosário: 1.242.533 habitantes
Rosário - terceira maior cidade da Argentina
LÍNGUA: espanhol
IDH (ONU - 2011): 0,797 (45°)
PIB (FMI - 2010): US$ 369,992 bilhões (28°)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2005/2010): 75,3 anos (59°)
MORTALIDADE INFANTIL (ONU - 2005/2010): 13,4/ mil (71°)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA WORLD FACTBOOK - 2008): 92% (14°)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (PNUD - 2007/2008): 97,6% (53°)
MOEDA: peso argentino
RELIGIÃO (2010): católicos romanos (92%), protestantes (2%), judeus (2%), outras religiões (4%).
DIVISÃO: a Argentina é uma República Representativa Federal desde a Constituição argentina de 1853. O país é subdividido em 23 províncias e um Distrito Federal, onde se localiza a capital, Buenos Aires (oficialmente Ciudad Autónoma de Buenos Aires).
1. Ciudad Autónoma de Buenos Aires 2. Província de Buenos Aires (La Plata) 3. Catamarca (San Fernando del Valle de Catamarca) 4. Chaco (Resistencia) 5. Chubut (Rawson) 6. Córdoba (Córdoba) 7. Corrientes (Corrientes) 8. Entre Rios (Paraná) 9. Formosa (Formosa) 10. Jujuy (San Salvador de Jujuy) 11. La Pampa (Santa Rosa) 12. La Rioja (La Rioja) 13. Mendoza (Mendoza) 14. Misiones (Posadas) 15. Neuquén (Neuquén) 16. Rio Negro (Viedma)
17. Salta (Salta) 18. San Juan (San Juan) 19. San Luis (San Luis)
20. Santa Cruz (Rio Gallegos) 21. Santa Fé (Santa Fé) 22. Santiago del Estero (Santiago del Estero) 23. Terra do Fogo (Ushuaia) 24. Tucumán (San Miguel de Tucumán)