quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A COOPERAÇÃO SUL-SUL

  Vários governos de países em desenvolvimento têm se empenhado no aprofundamento da cooperação entre si - que chamam de cooperação Sul-Sul - com o objetivo de aumentar o poder de negociação nos organismos internacionais com os países desenvolvidos, muitas vezes chamados de Países do Norte. Um exemplo desse empenho foi o acordo de cooperação trilateral firmado entre Brasil, Índia e África do Sul. O nome oficial do grupo é Fórum de Diálogo Ibsa ou Ibas. A primeira sigla vem das iniciais em inglês dos três países, a segunda, em português. O grupo busca atuar de forma coordenada nos fóruns internacionais para aumentar o poder de negociação de seus membros e, como candidatos a membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, defendem a reforma desse órgão.
Os líderes dos três paíse Manmohan Singh, da Índia, Luís Inácio Lula da Silva, do Brasil, e Thabo Mbeki, da África do Sul, em encontro em 2007
   Formalmente estabelecido em 6 de junho de 2003, mediante a "Declaração de Brasília", o Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul (Ibas), representa esforço de coordenação política cujas metas centrais podem ser resumidas em três tópicos: a aproximação de posições dos três países em instâncias multilaterais, o desenvolvimento da cooperação comercial, científica e cultural no âmbito Sul-Sul e a democratização de esferas de tomada de decisão internacional.
  Índia, Brasil e África do Sul procuram, especialmente a partir da década de 1990, elevar seu perfil internacional a partir de atributos cuja semelhança, por si só, justifica a maior aproximação entre os três países: são potências intermediárias, com forte influência em suas respectivas regiões, democracias consolidadas e economias em ascenção e que, dadas as evidentes desigualdades internas, confrontam desafios comuns de desenvolvimento.
  A partir dessa condição comum, Índia, Brasil e África do Sul perseguem interesses convergentes em relação à reforma nos mecanismos de tomada de decisão a nível global, especialmente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e posicionam-se contrariamente à política de subsídios agrícolas praticada pelos países desenvolvidos e, como síntese das duas posturas anteriores, propugnam uma ordem internacional multipolar, estruturada a partir da maior atenção aos países em desenvolvimento e baseada no Direito Internacional e na democracia.
FONTE: Sene. Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil, volume 2: espaço geográfico e globalização: ensino médio / Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. São Paulo: Scipione, 2010.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

DISTRIBUIÇÃO DAS INDÚSTRIAS

OS FATORES LOCACIONAIS
  Os fatores locacionais são as vantagens que um determinado lugar oferece para a instalação de indústrias. No momento de investir, os empresários levam em consideração quais fatores são mais importantes para aumentar sua taxa de lucro. Os principais fatores que atraem as indústrias, de modo geral, são:
  • Matérias-primas: minerais e agrícolas;
  • Energia: petróleo, gás natural, eletricidade etc.;
  • Mão de obra: pouco qualificada (baixa remuneração) ou muito qualificada (alta remuneração);
  • Tecnologia: parques tecnológicos, incubadoras, universidades, centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D);
  • Mercado consumidor: relacionado à quantidade de pessoas e disponibilidade de renda;
  • Logística: disponibilidade e custos de transporte e armazenagem;
  • Rede de telecomunicações: telefonia, internet etc.;
  • Complementaridade: proximidade de indústrias afins;
  • Incentivos fiscais: redução ou isenção de impostos concedida pelo Estado.
As fontes de energia, como o petróleo, são um dos fatores locacionais para a instalação de indústrias
  Durante a Primeira Revolução Industrial, do final do século XVIII até meados do século XIX, as jazidas de carvão mineral era um dos fatores mais importantes para a localização das fábricas, pois o carvão era a fonte de energia usada para movimentar as máquinas e a precariedade dos meios de transporte dificultava seu deslocamento por longas distâncias. Daí ter ocorrido uma intensa industrialização em torno das principais bacias carboníferas britânicas, alemães, francesas e norte-americanas. Com a Segunda Revolução Industrial, na última metade do século XIX, outras fontes de energia, como o petróleo e a eletricidade, passaram a ser utilizadas, houve modernização dos meios de transporte de carga e passageiros e a proximidade das jazidas de carvão foi cada vez mais perdendo importância como fator de localização das fábricas.
Carvão mineral - principal fonte de energia da Primeira Revolução Industrial
  Os derivados de petróleo, além de serem fonte de energia, constituem matéria-prima essencial na fabricação de vários produtos, como plásticos, borrachas e tecidos sintéticos, fertilizantes, tintas, cosméticos etc. Um dos setores que mais cresceu desde a descoberta dessa nova fonte de energia e matéria-prima foi a indústria petroquímica. Implantadas nas primeiras décadas do século XX, nessa época as petroquímicas se concentravam perto das jazidas de petróleo, mas a construção de oleodutos e de grandes navios petroleiros levou à sua dispersão espacial.
Indústria petroquímica - uma das que mais crescem
  Os custos com transporte são um dos principais fatores locacionais para as indústrias pesadas. Por exemplo, a maioria das refinarias de petróleo se localiza próxima aos grandes centros consumidores de seus produtos, o que nem sempre coincide com as áreas de extração, porque é mais barato transportar o petróleo bruto que seus derivados - gasolina, nafta, querosene e outros derivados ocupam volume maior que o petróleo bruto, demandando maior custo de transporte.
  Em contrapartida, a proximidade das jazidas de minérios, como ferro, manganês etc. constituem um dos principais fatores para a localização das indústrias siderúrgicas, como as do Quadrilátero Ferrífero (Minas Gerais), porque é mais barato transportar as chapas de aço do que o minério bruto.
Exploração de minério de ferro no Quadrilátero Ferrífero - MG
  Nas últimas décadas, um fator determinante para a localização de qualquer tipo de indústria é a existência de uma logística de transportes e armazenagem que possibilite o recebimento de matérias-primas e o escoamento das mercadorias produzidas a custos competitivos. Por isso, muitos centros industriais importantes desenvolveram-se próximos a portos marítimos ou fluviais ou ainda em entroncamentos rodoviários ou ferroviários. Centros industriais mais modernos - que produzem bens de alto valor agregado, como os da área de informática - tendem a se localizar perto de aeroportos. Com a mobilidade do capital e das mercadorias pelo mundo, a logística ganha uma importância determinante na alocação dos investimentos produtivos no espaço geográfico.
Rodovias - importante no fator locacional
  Com o desenvolvimento tecnológico e o consequente barateamento dos transportes, as indústrias, mesmo as que utilizam muita matéria-prima, já não precisa se localizar perto das reservas. O Japão, por exemplo, grande produtor de aço, importa todo o minério de ferro e o carvão utilizados em suas indústrias; o Canadá, grande produtor de alumínio, importa toda a alumina (óxido de alumínio, resultante do primeiro processamento da bauxita) necessária a sua produção. Tanto as indústrias siderúrgicas japonesas como as metalúrgicas canadenses localizam-se em áreas onde os navios carregados de minérios podem atracar. O Japão, contudo, não é grande produtor de alumínio,  porque o que mais pesa no funcionamento dessa indústria é a energia elétrica, da qual o Canadá, por sua vez, é grande produtor. A produção de alumínio a partir da alumina consome muita energia e tende a se localizar em países que têm grande disponibilidade de energia hidrelétrica, como é o caso do Canadá e também do Brasil.
Indústria siderúrgica no Japão
  Outros fatores que antigamente eram fundamentais para a localização de muitas indústrias, sobretudo as de bens de consumo, como eletrodomésticos, alimentos e roupas, foram a disponibilidade de mão de obra e a proximidade do mercado consumidor. É por isso que o fenômeno industrial esteve inicialmente ligado às grandes cidades como Londres, Paris, Nova York, Tóquio, Munique, São Paulo, Cidade do México, Seul etc.
  Muitas vezes a instalação de uma indústria ou de um distrito industrial promove o crescimento das cidades em seu entorno, enquanto em outros casos as cidades atraem indústrias, que por sua vez promovem seu crescimento e as transforma em polos de atração de novos estabelecimentos industriais. Vê-se, portanto, que as cidades e as indústrias se influenciaram de maneira recíproca, principalmente até meados do século XX.
Fábrica no Distrito Industrial de Maracanaú - CE
  Além desses fatores, há outros que, cada vez mais,  vem ganhando importância na hora da decisão sobre onde implantar uma nova fábrica: os incentivos fiscais. Interessados em atrair novas fábricas, diversas esferas de governo concede isenções de impostos às empresas que pretendem instalar em seus territórios. Em geral fazem essas concessões a indústrias que têm efeito multiplicador, isto é, que atraem outras fábricas que, por sua vez, não terão incentivos, o que em geral compensa a isenção concedida. Por exemplo, o governo de um estado concede incentivos fiscais para atrair uma indústria automobilística - como fez o governo da Bahia com a Ford -, que atrai várias fábricas de autopeças para seu entorno. Vale dizer que os incentivos fiscais complementam outros fatores locacionais; isoladamente, não conceguem atrair indústrias.
Fábrica da Ford em Camaçari - BA
  É comum também a cessão de terrenos para a instalação de unidades produtivas, muitas vezes até mesmo com a infraestrutura básica já implantada. Em qualquer país, quando uma grande empresa anuncia o projeto de uma nova fábrica, começa uma "guerra" fiscal entre estados (ou províncias, departamentos etc.) e entre municípios com o objetivo de atraí-las.
DESCONCENTRAÇÃO DA ATIVIDADE INDUSTRIAL
  Com a globalização e a Revolução Técnico-Científica, entretanto, além dos consequentes avanços nos transportes e nas telecomunicações, as indústrias não precisam necessariamente se instalar próximas ao mercado consumidor. Na realidade, para as grandes corporações, o mercado consumidor é o mundo todo. A Nike, por exemplo, produtora de material esportivo, está sediada nos Estados Unidos, mas contrata outras empresas para produzir seus tênis, bolas, agasalhos etc. em países de mão de obra barata, sobretudo da Ásia, de onde seus produtos são exportados para o mundo inteiro. O grande ativo da Nike é sua marca, que vai estampada em todos os seus produtos esportivos. No capitalismo informacional a marca é mais importante que o produto, que, em muitos casos, pode ser fabricado por qualquer empresa terceirizada, localizada em qualquer lugar do mundo.
Operárias vietnamitas em fábrica de produtos para a Nike
  No México, há pouco tempo, muitas "maquilladoras" (nome dado às filiais de multinacionais instaladas em cidades mexicanas situadas na fronteira com os Estados Unidos, onde montam produtos para vender no mercado norte-americano) têm sido fechadas e sua produção transferida para a China, a milhares de quilômetros de seu mercado-alvo. O custo de transporte é compensado porque a mão de obra chinesa é mais barata do que a mexicana. Com esses exemplos, fica evidente que, para as indústrias trabalho-intensivas, a mão de obra barata é um fator fundamental, mais importante do que a proximidade do mercado consumidor.
Fábrica de aviões norte-americanos Boeing na China
  O crescimento econômico e populacional das grandes cidades tem provocado aumento dos custos de produção devido à forte alta no preço dos imóveis e dos impostos, aos enormes congestionamentos de trânsito e à elevação do custo de mão de obra. Por conta disso, nas últimas décadas tem ocorrido uma reorganização da distribuição das indústrias no espaço geográfico nas escalas regional, nacional e mundial. A desconcentração industrial resulta da necessidade de buscar custos menores e foi viabilizada pela modernização dos sistemas de transportes e de telecomunicações, e nos métodos de gestão. Hoje, requer-se cada vez menos tempo para que as mercadorias, pessoas e informações se desloquem pelo espaço terrestre.
Os engarrafamentos nas grandes cidades, como em São Paulo, é um dos fatores que contribui para a desconcentração industrial
  O atual estágio de desenvolvimento da logística de transportes e das telecomunicações levou a uma maior integração e aumento na interdependência entre os diversos lugares no espaço geográfico mundial, permitindo o surgimento da indústria globalizada. Desse modo, uma indústria automobilística japonesa pode conceber um projeto num centro de P & D localizado no Japão ou nos Estados Unidos, desenvolvê-lo num desses países, na Europa ou na China, realizar a produção das diversas peças em uma dúzia de países de acordo com as vantagens que ofereçam, escolher alguns deles para realizar a montagem final e garantir suas vendas em escala mundial.
  Globaliza-se, assim, não só mercado como também a produção. Essa dinâmica atual permite uma maior especialização da atividade industrial nos mais diversos países e regiões do mundo e a consequente intensificação das trocas comerciais em escala planetária. O que não é produzido em dado país ou dada região acaba sendo procurado fora. Da mesma forma, o aumento da produção exige a ampliação do mercado, que de nacional passa a continental ou mundial.
  Apesar da desconcentração em curso, o fenômeno industrial ainda está distribuído de maneira bastante desigual, predominando em algumas poucas regiões do espaço geográfico mundial. As maiores aglomerações industriais ocorrem principalmente nos países desenvolvidos e nas economias emergentes, em regiões que começaram a se industrializar no tempo em que havia tendência à concentração de indústrias no espaço geográfico.
PRODUÇÃO INDUSTRIAL E MEIO AMBIENTE
  Durante muito tempo a maioria das legislações ambientais eram frágeis, o que permitia a produção a custos menores e contribuía para atrair indústrias poluidoras em países em desenvolvimento. Embora isso ainda aconteça, a crescente preocupação mundial com o desenvolvimento sustentável e a preservação do meio ambiente tem aumentado a pressão para que as fábricas tenham métodos de produção que provoquem os menores impactos ambientais possíveis. Hoje, vem se firmando a ideia de que o desenvolvimento sustentável e o respeito às leis ambientais podem contribuir para aumentar a produtividade das empresas e, consequentemente, sua competitividade e seus lucros, além de reforçar a imagem positiva de "empresa verde".
Empresa verde - um símbolo para as empresas que contribuem com a preservação do meio ambiente
OS PARQUES TECNOLÓGICOS
  No caso das indústrias típicas da Revolução Técnico-científica, um fator fundamental para a escolha de sua localização é a existência de mão de obra altamente qualificada. É por isso que as indústrias de alta tecnologia - semicondutores (microchips), informática (equipamentos, programas e sistemas), telecomunicações, biotecnologia, entre outras - se encontram nos parques tecnológicos ou tecnopolos, também chamados parques científicos.
  Os parques tecnológicos são o exemplo mais acabado da geografia industrial do capitalismo informacional. Esses novos centros industriais têm relação com a Terceira Revolução Industrial, assim como as regiões carboníferas tinham com a Primeira ou as jazidas petrolíferas com a Segunda. Os tecnopolos constituem os pontos de interconexão da rede mundial de produção de conhecimentos e os principais centros irradiadores das inovações que caracterizam a revolução tecnológica que se iniciou nas últimas décadas do século passado.
Vale do Silício - mais importante tecnopolo do mundo
  A maioria dos tecnopolos situa-se nos países desenvolvidos, onde se reúnem os fatores favoráveis para seu desenvolvimento: renomadas universidades e institutos de pesquisa de ponta, mão de obra qualificada, empresas inovadoras, capital de risco para investimentos, boa infraestrutura de transporte e de telecomunicações e apoio direto ou indireto do Estado. Os tecnopolos concentram-se especialmente nos Estados Unidos, na União Europeia e no Japão, embora existam em outros países desenvolvidos e também em alguns países emergentes, como nos BRIC, na Coreia do Sul, em Taiwan, no México, entre outros.
Mapa da localização das indústrias no Japão
FONTE: Sene, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil, volume 2: espaço geográfico e globalização: ensino médio / Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. - São Paulo: Scipione, 2010.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O FMI E O BANCO MUNDIAL

  Quando, no final da Segunda Guerra Mundial, imaginaram uma ordem internacional para o pós-guerra, os Estados Unidos não se limitaram à política. A superpotência também se preocupava com a ordem econômica. Evitar graves crises econômicas ajudaria a manter a estabilidade política e, além disso, contribuiria para a prosperidade de sua economia.
  Antes ainda do encerramento da grande guerra, o governo norte-americano convidou os países capitalistas a uma reunião destinada a organizar a ordem econômica dos novos tempos de paz. A Conferência de Bretton Woods reuniu-se em julho de 1944, nas proximidades de Washington. Nela, ficou decidido que a moeda norte-americana cumpriria as funções de uma "moeda mundial". Desde aquele momento, com exceção dos países socialistas, o dólar tornou-se o principal meio de pagamento internacional.
Líderes mundiais durante a Conferência de Bretton Woods, em 1944
  A Conferência de Bretton Woods criou duas instituições que deveriam garantir a estabilidade da economia mundial: o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Os dois fazem parte, formalmente, do sistema das Nações Unidas, mas são autônomos e não se subordinam ao Conselho de Segurança nem à Assembleia Geral da ONU.
  O FMI surgiu para conceder empréstimos de emergência a países que enfrentassem crises econômicas. Seu capital provém de contribuições de países-membros. Suas decisões são adotadas por voto, mas os direitos de voto dependem da parcela do capital de cada país-membro.
Edifício sede do FMI em Washington - EUA
  Oito potências econômicas controlam quase metade dos direitos de voto. O voto dos Estados Unidos vale bem mais que o de qualquer outro país-membro.
  Ao longo do tempo, surgiram outras fontes de empréstimo internacional. Os países passaram a tomar dinheiro emprestado em fontes privadas, como os grandes bancos e os fundos de investimento financeiro. Atualmente, o FMI é credor de uma pequena parte das dívidas externas acumuladas por grandes devedores, como Brasil, Rússia, Argentina, México e Indonésia.
  O novo cenário provocou uma mudança nas funções do FMI. O fundo continua a realizar empréstimos, mas tornou-se também uma espécie de supervisor das relações entre os credores e os países devedores. As negociações entre eles, que ocorrem quando os devedores enfrentam dificuldades para cumprir os pagamentos, geralmente envolvem o FMI. Nessas ocasiões, técnicos do FMI visitam os países devedores, promovem reuniões com seus governos e apresentam programas de reformas econômicas destinados a assegurar a retomada dos pagamentos.
Reunião do Conselho Fiscal do FMI
  O Banco Mundial surgiu com a função principal de coordenar a reconstrução dos países europeus devastados pela Segunda Guerra Mundial. Esse processo durou cerca de duas décadas e foi iniciado por um amplo programa de empréstimos dos Estados Unidos aos países da Europa Ocidental, denominado Plano Marshall. Depois, o Banco Mundial passou a atuar, prioritariamente, no financiamento de programas de desenvolvimento na América Latina, na Ásia e na África.
Sede do Banco Mundial em Washington - EUA
  FMI e Banco Mundial são instituições gêmeas. Para ingressar no segundo, os países devem ser membros do primeiro. As estruturas de poder do Banco Mundial são semelhantes às do FMI. As grandes potências econômicas controlam as maiores fatias do capital do banco, o que garante a elas peso maior na distribuição dos direitos de voto.
  As duas instituições financeiras que nasceram em Bretton Woods funcionam como reguladoras da economia mundial. Durante a Guerra Fria, sua influência não alcançava os países socialistas. Atualmente, porém, com a admissão da Rússia e da China como membros de ambas, suas decisões têm impacto global.
FONTE: Magnoli, Demétrio. Estudos geográficos, 9° ano / Demétrio Magnoli. - 1. ed. - São Paulo: Atual, 2008.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A NOVA ORDEM MUNDIAL

  A derrubada do Muro de Berlim e a queda das Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York, sinalizaram mudanças significativas no sistema internacional. O Muro de Berlim, construído em 1961, foi um dos símbolos do período conhecido por Velha Ordem Mundial, caracterizado pelo predomínio de um sistema de poder bipolar: o mundo era comandado a partir de dois polos antagônicos, os Estados Unidos e a União Soviética.
  Sun Tzu, general chinês que viveu por volta do ano 500 a.C, tornou-se mundialmente famoso quando seu tratado A arte da guerra foi associado às formas de funcionamento do mercado capitalista moderno. Em um dos pontos de sua obra, ele alerta:
"Na guerra, primeiro elabore os planos que assegurarão a vitória e só então conduza seu exército à batalha, pois quem não inicia pela construção da estratégia,  dependendo apenas da sorte e da força bruta, jamais terá a vitória assegurada".
Sun Tzu - general chinês
  Essas palavras ressaltam a necessidade de estabelecer planos e metas para atingir objetivos. Ao escrever o tratado, o intuito de Sun Tzu era ensinar estratégias militares e táticas de combate para o exército chinês. Na atualidade, porém, esses conceitos foram transferidos para outras atividades, tais como a política, a economia, a propaganda e o marketing. Nesses casos, a guerra se transforma em metáfora para a disputa acirrada entre concorrentes, também marcada por batalhas e ataques inesperados.
  O estudo da estratégia tem por objetivo analisar como os Estados e as organizações empregam táticas militares, policiais e até mesmo econômicos e culturais para alcançar determinados propósitos políticos. É possível, assim, compreender e explicar as formas como os governos e as organizações atuam e de que modo utilizam seus diferentes recursos para atingir seus objetivos na competição com outros países ou organizações.
Soldado norte-americano em combate no Afeganistão
  Ao longo da Idade Moderna, a estratégia militar foi intensamente empregada pelos Estados europeus. Porém, no século XIX, o sistema de alianças desencadeado a partir do Congresso de Viena gerou um longo período de paz entre esses Estados. O novo arranjo contribuiu de modo decisivo para fortalecer alianças e ampliar o poder da Europa sobre outros continentes. O colonialismo afro-asiático iniciado no século XIX e a necessidade de consolidar alianças podem ser considerados os pilares geopolíticos desse pacto multipolar de poder.
  O arranjo multipolar europeu do século XIX entrou em crise com a unificação alemã, ocorrida em 1871. Apoiando-se na teoria de expansão territorial, a Alemanha ampliou seu território, fortaleceu-se internamente e entrou no jogo de disputa colonial, tornando-se um dos mais poderosos países europeus. Os princípios do expansionismo tomavam, assim, o lugar das ideias anteriormente defendidas, responsáveis pelo equilíbrio de poderes na Europa. A Primeira Guerra Mundial foi um trágico resultado desses novos princípios.
Império alemão
  A Primeira Guerra Mundial ocorreu entre os anos de 1914 e 1918. Foi um evento brutal, em que, pela primeira vez, exércitos se enfrentaram recorrendo a estratégias militares modernas, como a guerra de trincheiras, e adotaram equipamentos bélicos sofisticados, como tanques blindados e aviões. Apesar de toda a estratégia, o conflito mundial não conseguiu reestabelecer o equilíbrio de forças entre os países europeus.
  A Alemanha saiu da Primeira Guerra Mundial derrotada e humilhada. Porém, com a ascensão do nazismo a partir de 1933, o país retomou o impulso expansionista. Em consequência disso, eclodiu a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). As duas grandes guerras mundiais puseram fim ao sistema multipolar europeu do século XIX.
Guerra de trincheiras - tática bastante utilizada durante a Primeira Guerra Mundial
  As guerras mundiais resultaram em uma mudança profunda no papel da Europa no sistema internacional. O continente europeu, até então centro hegemônico mundial, entrou numa irreversível decadência geopolítica. Em seu lugar, emergiram as duas potências que haviam garantido a vitória dos aliados na Segunda Grande Guerra: os Estados Unidos, líder entre os países capitalistas, e a União das Repúblicas Socialistas  Soviéticas (URSS), potência líder socialista. Essas novas forças deram origem ao que se convencionou chamar de ordem bipolar: elas formaram dois polos opostos, responsáveis por aglutinar uma parcela de países do mundo sob suas esferas de influência durante quase toda a segunda metade do século XX.
Mundo bipolar: o reordenamento de forças
O REORDENAMENTO DE FORÇAS
  No início de 1945, Estados Unidos, URSS e Reino Unido, principais vencedores da Segunda Guerra Mundial, realizaram duas importantes conferências.
  A primeira delas, a Conferência de Yalta, ocorreu em fevereiro de 1945, antes mesmo do término das hostilidades. Em Yalta, cidade localizada na Península da Crimeia, território soviético, foram definidas a posse soviética de diversos  territórios do Leste Europeu e a situação dos países da Europa Oriental que, apoiados pela URSS, haviam conseguido vencer as forças de ocupação nazista. Os participantes da Conferência de Yalta cederam à pressão de Josef Stalin, líder da URSS, e concordaram com a permanência do exército soviético nesses países. Dessa forma, os países da Europa Oriental passaram a sofrer influência direta de Moscou, capital da URSS, mesmo depois da guerra.
Os chefes de Estado: Winston Churchill (Reino Unido), Franklin Delano Roosevelt (EUA) e Josef Stalin (URSS) durante a Conferência de Yalta
  Após a Conferência de Yalta, representantes dos EUA e do Reino Unido manifestaram suas preocupações quanto às possíveis consequências do enorme poder conquistado pelo estado soviético. Winston Churchill, primeiro-ministro britânico, criou uma expressão para representar o significado da expansão soviética em direção ao Leste Europeu: segundo ele, a União Soviética se estendia como uma "cortina de ferro" sobre a Europa.
  A segunda conferência ocorreu na cidade alemã de Potsdam, em julho-agosto de 1945. Os soviéticos tinham ocupado todo o leste alemão, enquanto estadunidenses e britânicos haviam mantido seus exércitos na porção oeste do país. Os participantes da Conferência de Potsdam confirmaram as decisões de Yalta e estabeleceram a divisão do território da Alemanha e de sua capital, Berlim, em quatro zonas de ocupação militar, considerando o posicionamento dos exércitos vitoriosos ao final do conflito. A ideia era permanecer com as tropas responsáveis pela ocupação da Alemanha até que se realizassem eleições livres e um governo democrático fosse eleito. Porém, não foi isso o que aconteceu.
Líderes mundiais na Conferência de Potsdam: Churchill (Reino Unido), Harry Truman (que havia assumido o governo norte-americano após a morte de Roosevelt) e Stalin (URSS)
  Entre as duas conferências, o cenário geopolítico europeu tornou-se cada vez mais tenso. De um lado, consolidando sua presença nos países da Europa Oriental, a URSS ampliara sua esfera de influência. De outro, os EUA intensificaram seus esforços para aumentar sua capacidade militar, investindo na bomba atômica.
  O primeiro teste da bomba atômica foi realizado com sucesso no Deserto do novo México (EUA), em julho de 1945, uma semana antes do início da Conferência de Postdam. No começo de agosto, duas bombas atômicas foram lançadas no Japão, que apresentava focos de resistência, mesmo depois da rendição alemã. O objetivo dos EUA era claro: encerrar definitivamente a Segunda Guerra Mundial com um ato espetacular que demonstrasse ao mundo e à URSS que seu poderio bélico incluía uma arma ainda mais letal que as que haviam causado a morte de milhões de pessoas nos campos de batalha.
Cidade de Hiroshima após o lançamento da bomba atômica pelos Estados Unidos em 06/08/1945
  A Europa do pós-guerra representou fisicamente a divisão geopolítica do mundo. A partir da segunda metade do século XX, o continente passou a ser dividido em Europa Ocidental e Europa Oriental.
  Durante as duas conferências citadas anteriormente foram gestadas estratégias que iriam provocar um conflito velado entre os EUA e a URSS. Foi ali que as duas superpotências iniciaram a disputa pelo controle da Europa, estopim da Guerra Fria.
A GUERRA FRIA
  Em 1947, o presidente dos Estados Unidos, Harry Truman, fez um discurso histórico no Congresso. Truman alertou para os perigos do expansionismo soviético e expôs os fundamentos de uma doutrina que receberia seu nome - a Doutrina Truman. Por essa Doutrina, os Estados Unidos, na condição de líderes do mundo ocidental, teriam a obrigação de conter esse expansionismo, usando, para isso, todos os recursos disponíveis e necessários. A estratégia defendida apresentava três vertentes distintas: política, econômica e geopolítica.

Discurso de Harry Truman quando criou a Doutrina Truman
  A vertente política teve início com a deflagração da teoria da contenção, que propunha políticas para conter o avanço soviético em qualquer parte do mundo.
  Já a vertente econômica propunha um plano de recuperação denominado de Plano Marshall, por meio do qual os EUA investiram cerca de 20 bilhões de dólares na recuperação dos países europeus destruídos pela guerra.
  A vertente geopolítica, por sua vez, instaurou as bases para a criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), criada em 1949 com o objetivo de proteger o continente europeu de qualquer ameaça externa. A Otan existe até hoje, embora atualmente cumpra funções diferentes.
Países integrantes da Otan
A RECONSTRUÇÃO DA ALEMANHA
  Após a deflagração do Plano Marshall, os Estados Unidos anunciaram a intenção de aplicá-lo também na reconstrução da Alemanha. Porém, de acordo com as deliberações da Conferência de Potsdam, qualquer iniciativa que tivesse como foco a revitalização econômica desse país só poderia ser implantado com o aval das quatro potências ocupantes. Evidentemente, a proposta contrariava os interesses da URSS, a quem não interessava uma Alemanha capitalista, forte e reconstruída.
  Apesar da recusa soviética, os Estados Unidos resolveram aplicar o plano de reconstrução em três zonas ocidentais da Alemanha e também em Berlim Oriental, área sob a proteção de seu exército e de seus aliados. Em represália, a União Soviética criou um bloqueio para impedir o acesso dos estadunidenses e de seus aliados à porção oriental do país, que também abrangia a cidade de Berlim. As tropas soviéticas desfilavam na fronteira, impedindo o acesso terrestre e isolando Berlim.
  A resposta veio em seguida. O exército dos Estados Unidos montou a maior operação de guerra em tempos de paz da história, fazendo uma ponte aérea que ligava a zona de ocupação ocidental a Berlim. Eram realizados mil voos por dia, que levavam suprimentos, materiais de reconstrução e carvão para a parte ocidental de Berlim, sem passar pelo território controlado pelo inimigo. Foram dez meses de profundas tensões, até que, finalmente, os soviéticos desistiram da estratégia de bloqueio.
Avião norte-americano levando mantimentos para Berlim Ocidental
  Em 1949, ainda sob o efeito do "Bloqueio de Berlim", EUA e URSS anunciaram a divisão da Alemanha em dois países, de acordo com suas esferas de influência. Na porção ocidental surgia a República Federal da Alemanha (RFA), aliada aos Estados Unidos e tendo como capital a cidade de Bonn. Na porção leste criou-se a República Democrática da Alemanha (RDA), sob a influência da União Soviética.
Mapa da Alemanha dividida
  Berlim, a capital, também foi dividida em Berlim Oeste e Berlim Leste. Os habitantes de Berlim Leste, assim como a Alemanha Oriental, eram proibidos de atravessar a fronteira em direção ao lado ocidental. Muitas pessoas conseguiam burlar a vigilância da guarda de fronteira e escapar para o outro lado, mas outras tantas foram presas ou executadas na tentativa de fuga.
Mapa de Berlim e suas áreas de influência
O MURO DE BERLIM
  Em 1961, o governo socialista da Alemanha Oriental construiu um muro separando Berlim Leste de Berlim Oeste, numa tentativa de conter os escapes. O Muro de Berlim, como ficou conhecido, passou então a representar a divisão do mundo em áreas de influência distintas, tornando-se a materialização da bipolaridade.
Operários trabalhando na construção do Muro de Berlim
  Na década de 1980, a população dos países da chamada "cortina de ferro", entre eles a Alemanha, influenciados pelas reformas políticas liberalizantes iniciadas no governo soviético de Mikhail Gorbatchev, clamavam por liberdade política e democracia. Foi nesse contexto que, em novembro de 1989, uma multidão enfurecida destruiu o Muro de Berlim, sem que a polícia disparasse um só tiro.
Manifestante arrebenta o Muro de Berlim sob o olhar dos guardas impassíveis
  Para o conjunto dos países do Leste Europeu, o socialismo havia desmoronado. Em alguns casos, como na Alemanha e na Tchecoslováquia, o processo foi pacífico. Em outros, como na Bulgária, a violência tomou conta das ruas. A Alemanha unificou-se novamente, e a partir desse momento a derrubada do Muro de Berlim transformou-se no maior símbolo do fim da ordem mundial em vigor até então e do advento de uma Nova Ordem Mundial.
AS ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO
  Ao observarmos o mundo contemporâneo, é possível reconhecer que o conjunto de países que formam o sistema internacional aglutina-se em alianças econômicas, pois não há um governo mundial que estabeleça regras comuns. Cada país necessita criar uma esfera de proteção contra invasões externas que lhes permita lutar em favor de seus próprios interesses.
   A relação entre um país e outro é fundamentada pela política externa de cada Estado. É por meio dela que os países constroem mecanismos de comércio e de segurança internacionais. Seu objetivo, portanto, é permitir alianças econômicas e estratégicas e firmar tratados para criar um sistema internacional mais seguro e eficiente, amenizando possíveis vulnerabilidades.
  No final do século XIX, o sistema internacional configurou-se multipolar, cabendo aos Estados europeus a definição de alianças e interesses. O rompimento multipolar expressou-se nas duas guerras mundiais.
Divisão da África de acordo com a Conferência de Berlim - exemplo da dominação europeia no século XIX
  Após a Segunda Guerra Mundial, com o declínio de poder das potências europeias, despontaram duas novas forças: os Estados Unidos e a União Soviética. durante a segunda metade do século XX, a Guerra Fria estabeleceu um sistema bipolar, fundamentado no equilíbrio entre as superpotências nucleares.
  A partir de então, EUA e URSS utilizaram tanto recursos militares como econômicos e políticos para ampliar seu leque de atuação no mundo. Primeiramente, partiram para uma corrida armamentista, investindo pesadamente na expansão de seus arsenais nucleares. Além disso, promoveram estratégias de atuação direta e indireta em inúmeros conflitos regionais e estabeleceram bases militares em territórios alheios, criando cordões de proteção bélicos em diversas partes do mundo.
Corrida espacial - uma das estratégias da Guerra Fria
SISTEMAS ECONÔMICOS: ARMAS DA BIPOLARIDADE
  As duas superpotências líderes da "velha ordem", EUA e URSS, utilizaram seus sistemas econômicos como elementos aglutinadores para estabelecer suas esferas de influência na ordem bipolar. A oposição entre capitalismo e socialismo marcou o período da Guerra Fria.
  Os sistemas econômicos também foram usados como forma de pressão e controle sobre as áreas em que as superpotências mantinham influência. A União Soviética financiou direta e indiretamente governos e grupos de oposição realizando campanhas para difundir os princípios socialistas. Os fundamentos marxistas de uma sociedade igualitária eram o meio pelo qual a URSS propagava seu ideário, com o intuito de contrapor-se à sociedade de mercado, símbolo do capitalismo.
Karl Marx - um dos idealizadores do socialismo
  Entretanto, a aplicação do socialismo, na URSS e no Leste Europeu, não obedeceu os princípios teóricos originais. O socialismo soviético pode ser considerado o melhor exemplo de descompasso entre a teoria e as práticas socialistas. Muitos autores, por isso, estabelecem uma diferença entre os fundamentos do socialismo histórico, também denominado científico, e o socialismo real, aplicado na União Soviética e em sua área de influência. De acordo com eles, o regime soviético descaracterizou o que foi proposto na teoria, gerando uma sociedade dividida, na qual os interesses de uma minoria eram sobrepostos aos da maioria. Na URSS e nos países do Leste Europeu, governos ditatoriais impuseram severas restrições à liberdade e ao bem-estar das populações, beneficiando apenas os que se alinhavam ao partido comunista. Não havia eleições livres, o poder era conduzido pela força, e os investimentos eram direcionados para alimentar a disputa de poder. Além disso, uma sucessão de governos corruptos desestabilizou as economias desses países, dificultando a vida da população.
Mapa da ex-URSS
  Como o regime socialista soviético sustentou-se por meio de uma ferrenha ditadura, a necessidade de ampliar os esquemas de segurança interna, tanto em seu próprio território quanto no dos países sob sua influência, aliada às pressões exercidas pela corrida armamentista, fez com que os gastos militares sobrepujassem os investimentos sociais. Esse fato levou a um descompasso entre a oferta de produtos necessários ao bem-estar da população e os investimentos direcionados ao setor armamentista.
  Nas décadas de 1970 e 1980, seguidas crises de abastecimento de bens de consumo na URSS levaram a população a enfrentar filas intermináveis para adquirir produtos básicos como biscoitos, vassouras e papel higiênico.
Fila de consumidores em uma padaria em Berlim
  A ausência de democracia, o desabastecimento, a corrupção interna, os baixos investimentos em tecnologias da informação e a excessiva burocracia estatal estão entre os fatores que acabaram por desestabilizar o regime soviético.
  Por outro lado, os EUA ampliavam o poder de atuação do sistema capitalista ao difundir os fundamentos de uma sociedade de consumo cada vez mais insaciável. Sob sua liderança, os países ocidentais lançavam no mercado uma infinidade de novos produtos, muitos deles oriundos de tecnologias provenientes da indústria armamentista, ampliando o leque de oferta de bens de consumo altamente atraentes.
Loja da McDonald's em Moscou
  Nas décadas subsequentes à Segunda Guerra Mundial, os países ocidentais reorganizaram suas economias e passaram a apresentar índices econômicos cada vez mais positivos. Os países europeus e o Japão, principalmente, investiram em novos setores, como eletroeletrônica e informática, disponibilizando grande quantidade de aparatos de alta tecnologia para o mercado. A economia capitalista beneficiava-se cada vez mais dos avanços provenientes dos investimentos militares, e essas tecnologias fundamentaram uma verdadeira revolução técnico-científica, responsável pelas grandes mudanças ocorridas na produção, na distribuição, no consumo e na comunicação mundiais a partir das últimas décadas do século XX.
Moscou
FONTE: Araújo, Regina. Observatório de geografia: 9º ano: territórios da globalização / Regina Araújo, Ângela Corrêa da Silva, Raul Borges Guimarães. - São Paulo: Moderna, 2009.

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