Vários governos de países em desenvolvimento têm se empenhado no aprofundamento da cooperação entre si - que chamam de cooperação Sul-Sul - com o objetivo de aumentar o poder de negociação nos organismos internacionais com os países desenvolvidos, muitas vezes chamados de Países do Norte. Um exemplo desse empenho foi o acordo de cooperação trilateral firmado entre Brasil, Índia e África do Sul. O nome oficial do grupo é Fórum de Diálogo Ibsa ou Ibas. A primeira sigla vem das iniciais em inglês dos três países, a segunda, em português. O grupo busca atuar de forma coordenada nos fóruns internacionais para aumentar o poder de negociação de seus membros e, como candidatos a membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, defendem a reforma desse órgão.
Os líderes dos três paíse Manmohan Singh, da Índia, Luís Inácio Lula da Silva, do Brasil, e Thabo Mbeki, da África do Sul, em encontro em 2007
Formalmente estabelecido em 6 de junho
de 2003, mediante a "Declaração de Brasília", o Fórum de Diálogo
Índia-Brasil-África do Sul (Ibas), representa esforço de coordenação política cujas metas centrais podem ser resumidas em três tópicos: a aproximação de posições dos três países em instâncias multilaterais, o desenvolvimento da cooperação comercial, científica e cultural no âmbito Sul-Sul e a democratização de esferas de tomada de decisão internacional.
Índia, Brasil e África do Sul procuram, especialmente a partir da década de 1990, elevar seu perfil internacional a partir de atributos cuja semelhança, por si só, justifica a maior aproximação entre os três países: são potências intermediárias, com forte influência em suas respectivas regiões, democracias consolidadas e economias em ascenção e que, dadas as evidentes desigualdades internas, confrontam desafios comuns de desenvolvimento.
A partir dessa condição comum, Índia, Brasil e África do Sul perseguem interesses convergentes em relação à reforma nos mecanismos de tomada de decisão a nível global, especialmente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e posicionam-se contrariamente à política de subsídios agrícolas praticada pelos países desenvolvidos e, como síntese das duas posturas anteriores, propugnam uma ordem internacional multipolar, estruturada a partir da maior atenção aos países em desenvolvimento e baseada no Direito Internacional e na democracia.
FONTE: Sene. Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil, volume 2: espaço
geográfico e globalização: ensino médio / Eustáquio de Sene, João Carlos
Moreira. São Paulo: Scipione, 2010.