quinta-feira, 29 de agosto de 2024

A SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL

  Segregar é o ato planejado de isolar, de evitar o contato. A segregação socioespacial é a marginalização de certas pessoas ou grupos sociais, tendo como causa fatores econômicos, culturais, históricos ou raciais no espaço das cidades. A segregação socioespacial ou urbana é um processo que fraciona os grupos sociais em espaços diferenciados da cidade.

  No Brasil, a partir da década de 1930 é iniciado o desenvolvimento da indústria, mas somente na década de 1950 a economia urbano-industrial desenvolveu-se de maneira a diversificar a produção brasileira, gerando novos empregos e atraindo a população rural para as cidades, num processo denominado êxodo rural. Esse intenso aumento do contingente populacional em espaço limitado, chamado de macrocefalia urbana, reforçou progressivamente o processo de segregação socioespacial, o que já havia se iniciado com parcela das pessoas ex-escravizadas que, após a abolição da escravatura, em 13 de maio de 1888, passaram a ocupar as regiões periféricas dos centros urbanos, como os morros e favelas.

Favela Dona Marta, no Rio de Janeiro, ao lado de prédios residenciais de alto padrão

  Na contemporaneidade, os grandes centros urbanos têm um arranjo espacial fracionado, ou seja, há várias partes que compõem um todo. Sendo assim, cada fração tem suas próprias particularidades.

  Essa divisão da estrutura urbanística junto com o aumento da população e da própria cidade, resulta em uma precarização em relação ao todo da malha urbana. Isso porque as pessoas não estão presentes na cidade como um todo, apenas em certas partes que se relacionam com o seu cotidiano. Geralmente envolve o local da residência, escola, trabalho e afins. Além disso, a cidade se divide em questões financeiras. Sendo que as desigualdades estão presentes no arranjo urbano na maioria dos países capitalistas.

  A criação de condomínios fechados é o exemplo mais frequente de segregação no espaço urbano. Impulsionada pelo medo da violência e pela busca de segurança e tranquilidade, esse fenômeno resulta em redução dos espaços públicos, aos restringir o acesso a determinadas áreas da cidade. Um outro exemplo, mais recente, é a construção de muros em torno de áreas consideradas inseguras ou perigosas, na cidade do Rio de Janeiro, que segrega comunidades inteiras.

Comunidade de Paraisópolis, tendo ao fundo o luxuoso bairro do Morumbi, em São Paulo - SP

   Nos anos 1970 e 1980, os estudos sobre violência urbana se diversificaram e se renovaram, buscando demonstrar que ela não se restringe somente aos comportamentos desviantes, mas é também uma violência do Estado e das classes dominantes contra a população mais pobre. A teoria da dominação, inspirada nas teorias de Karl Marx e Max Weber, foi recuperada para pensar essas formas de violência institucional.

  Hoje, o debate sobre a "criminalização da pobreza" procura deixar evidente que o processo de encarceramento e de estigmatização dos mais pobres não se baseia na busca por segurança, mas em "saneamento social" - que, por atingir principalmente os grupos não brancos, já foi comparado, no Brasil, a uma "limpeza étnica", baseada na segregação social dos pobres, cuja população é, em sua maioria, preta e parda.

Infográfico contendo informações de causas, impactos, critérios, escalas e soluções relacionadas à segregação socioespacial

REFERÊNCIA:

MARQUES, E. TORRES, H. da G. (org.). São Paulo: segregação urbana e desigualdade social. São Paulo: Editora Senac, 2005.

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