Tranquilidade, paz e harmonia com a natureza são elementos presentes na cultura do povo oriental. No corre-corre diário, muitas pessoas recorrem a lugares calmos e tranquilos como uma espécie de refúgio. Os jardins fazem parte da cultura do Japão e constituem uma significativa manifestação artística. O jardim japonês expressa a essência da natureza em um espaço restrito e repleto de simbologias e misticismos.
Simples e deslumbrantes, os jardins japoneses, mais do que uma simples técnica de paisagismo, são frutos de uma das modalidades artísticas mais sublimes da cultura oriental. Feitos para conduzir naturalmente seus visitantes a um estado de meditação, calma e espiritualidade, esses jardins incorporam elementos simbólicos e naturais, de forma a estabelecer uma harmonia perfeita com o entorno.
Em um jardim oriental, os aspectos visuais, como a textura e as cores, são menos importantes do que os elementos filosóficos, religiosos e simbólicos. Estes elementos incluem a água, as pedras, as plantas e variados acessórios.
Dentre os principais símbolos do jardim japonês, estão:
- Lanterna de Pedra (Toro)
A pedra possui vários significados: um monte, uma montanha, a família, entre muitos outros. O Toro é uma lanterna japonesa feita de pedra, madeira ou metal, tradicional do Extremo Oriente. Na China, os espécimes existentes são muito raros, e na Coreia não são tão comuns quanto no Japão, onde foram originalmente utilizados em templos budistas para iluminar os caminhos.
Durante o Período Heian (794-1185), passaram a ser usados em santuários xintoístas e em residências privadas. Seu significado é a iluminação da mente de quem percorre o jardim, induzindo à concentração. Os pontos de luz são estrategicamente distribuídos para não ofuscarem a visão. Todas as lanternas têm os mesmos elementos básicos: telhado grande, um compartimento aberto e três ou quatro pernas, a simplicidade fica por conta da textura rústica da pedra.
- Lago com carpas (Koi)
A água simboliza a purificação; reflete a imagem induz as pessoas a enxergarem a si mesmas; o som suave que emite ao passar entre as pedras estimula a reflexão.
As carpas, além de conferir cor e movimento ao jardim, são símbolo de fertilidade e prosperidade; admiradas pela capacidade de nadar contra a correnteza, são verdadeiro símbolo de determinação e superação de obstáculos. Seu colorido adiciona movimento ao jardim.
Fonte (Tsukubai)
No Japão, um tsukubai é uma pia fornecida na entrada de locais sagrados para que os visitantes purifiquem-se pelo ritual de lavar as mãos e pelo enxágue da boca. Esse tipo de ritual de limpeza é o costume para convidados participando de uma cerimônia do chá ou visitando uma área de templo budista. O nome origina-se do verbo tsukubau, que significa "curvar-se", um ato de humildade.
Os tsukubai são geralmente de pedra e normalmente fornecidos com uma pequena colher, deitada acima, pronta para uso. O fornecimento de água é fornecido através de um tubo de bambu, chamado kakei.
O bambu enverga-se ao vento, mas não quebra; sugere assim o comportamento que deveria ser copiado pelos seres humanos: adaptação a situações difíceis sem se deixar vencer.
- Cascata com pedra
A cascata fica localizada no centro do jardim. A cascata, além de oxigenar a água, significa, também, a continuidade da vida. E como a vida, ela segue um ciclo representado pela intensidade da água. O fluxo da água simboliza o nascimento, o crescimento e a morte: desde as ondas até um simples murmúrio de água correndo.
A posição das pedras, geralmente em números ímpares, são uma analogia da formação do homem e da sociedade: a princípio estamos sós, depois em grupo (como pai, mãe e descendentes). A pedra colocada em posição vertical representa o pai, e na horizontal a mãe. As outras pedras simbolizam os descendentes, sendo estas distribuídas em torno do lago.
- Pontes
Todo jardim japonês precisa de ao menos uma ponte de madeira para relaxar, apreciar as belezas e ver as carpas. As pontes também podem simbolizar a transição do mortal para o sagrado.
- Plantas
Todo jardim precisa de plantas. No Japão não pode faltar um bonsai ou uma flor de lótus, que é bastante icônica no Japão. Árvores que desabrocham na primavera e ficam vermelhas no outono, são um dos grandes destaques nos jardins japoneses.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
ATLAS National Geographic. Ásia I; Ásia II. São Paulo: Abril, 2008. v. 7; v. 8.
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