terça-feira, 22 de novembro de 2022

A PRIMAVERA DOS POVOS

   Dá-se o nome de Revoluções de 1848 ou Primavera dos Povos uma série de revoluções na Europa Centro e Oriental que eclodiram em função de regimes governamentais autocráticos, de crises econômicas, do aumento da condição financeira e da falta de representação política das classes médias e do nacionalismo, despertado nas minorias da Europa central e oriental, que abalaram as monarquias europeias, onde tinham fracassado as tentativas de reformas políticas e econômicas.

  Este conjunto de revoluções, de caráter nacionalista, liberal, socialista e democrático, foi iniciado por uma crise na França, e foi a onda revolucionária mais abrangente da Europa, embora em menos de um ano, forças revolucionárias tenham retomado o controle e as revoluções em cada nação tenham sido dissipadas.

O início das revoltas

  Ao fim dos anos 1840, a sociedade europeia  encontrava-se em plena ebulição, com as chaminés e a pobreza do mundo industrial alastrando-se rapidamente pelas paisagens urbanas do continente, ao mesmo tempo que desmoronava o mundo dos reis absolutos.

  O suspiro final do Antigo Regime havia começado em 1815, com a derrota de Napoleão Bonaparte e a propagação pela Europa de um movimento de restauração do poder dos reis. A onda reacionária vinha impulsionada pelo Congresso de Viena e pela Santa Aliança, responsáveis por reconduzir ao poder antigas dinastias, sustentada exclusivamente pelos princípios absolutistas.

  Esse ímpeto conservador não se sustentou por muito tempo, perdendo força para uma sociedade ansiosa por maior participação política e controle do Estado. Ao longo dos anos 1820, já se multiplicavam instabilidades e conflitos pelo continente, como as revoluções liberais na Espanha e em Portugal.

A liberdade guiando o povo, de Eugène Delacroix, 1830 (óleo sobre tela, 260 cm x 325 cm), concebida para enaltecer o movimento revolucionário de 1830, na França

  Em 1830, a contestação ao absolutismo ganhou maior vigor, com a eclosão de um movimento revolucionário na França. Naquele país, o cenário político havia regressado ao controle de antigas elites capitaneadas pela nobreza, com forte restrição à participação popular.  Essa conjuntura se mostrou bastante frágil diante de uma forte crise econômica, que o governo resolveu enfrentar com o aumento de impostos, acirrando ainda mais o descontentamento popular.

  Para sufocar os opositores, o governo tomou atitudes dentro dos padrões absolutistas, com a dissolução da câmara dos deputados, a imposição de limites à imprensa e a restrição ainda maior ao direito do voto. A população reagiu, tomando as ruas de Paris, o que fez o rei fugir assustado. O governo seria ocupado então pelo rei Luís Filipe, com o apoio da burguesia, alarmada com a intensa participação popular.

  O clima revolucionário acabou por se estender por outros locais da Europa, como Bélgica, Polônia, norte da península Itálica e Confederação Germânica.

Onda revolucionária na Europa (1830)

As revoltas de 1848

  Ao longo dos anos seguintes, o ímpeto revolucionário diminuiu na Europa, para retornar com todo vigor em 1848, quando as populações de diversos países estavam desgastadas por outra crise econômica. A nova onda começou novamente na França, onde a sociedade enfrentava problemas na agricultura, com péssimas colheitas e aumento do preço dos alimentos.

  Nas cidades, a situação mostrava-se crítica com altos índices de desemprego e baixos salários, com os problemas atingindo inclusive setores privilegiados da sociedade. A situação incentivou a formação de forte oposição, que incluía desde industriais, que sofriam com a concorrência inglesa, até operários, afetados pelo desemprego e pela carestia.

  Temendo a ação popular, o governo adotou medidas repressivas, limitando a atuação da imprensa e as reuniões públicas. Para driblar as proibições, os opositores lançaram a campanha dos banquetes, evento convocado para homenagear o rei, mas que servia mesmo para inflamadas manifestações contestatórias. A repressão do governo a um desses eventos foi o estopim para uma ampla revolta popular, com as ruas de Paris sendo novamente tomadas por barricadas, levando o rei a renunciar ao poder.

Barricada na rua Soufflot. O Panteão é mostrado em segundo plano

  Um governo provisório assumiu o comando do país, e a monarquia foi substituída pela república. Para a população, prometiam-se maior participação política e adoção de medidas para diminuir a pobreza e o desemprego. As ações do novo governo, porém, mostraram-se insuficientes para conter a revolta popular. Pior, as autoridades adotaram violenta repressão: estima-se que mais de 10 mil opositores perderam a vida e cerca de 4 mil homens foram enviados ao exílio.

  Em dezembro de 1848, Luís Bonaparte, sobrinho de Napoleão, foi eleito presidente com o apoio de vários setores da burguesia e de grande parte dos segmentos populares da sociedade. Em 1851, ele deu um golpe de Estado e instituiu um governo hereditário.

  O movimento revolucionário francês, como nas vezes anteriores, iria se irradiar por diversas partes da Europa, atingindo locais como Espanha, Áustria, Península Itálica e Confederação Germânica. O absolutismo, com isso, deixaria de ser hegemônico no continente, de uma vez por todas.

Onda revolucionária na Europa (1840)

REFERÊNCIAS:

BARBOSA, Mariana de Oliveira Lopes. "Primavera dos Povos". Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/primavera-dos-povos.htm. Acesso em 22 de novembro de 2022.

https://vestibular.uol.com.br/ultnot/resumos/primavera-dos-povos.jhtm. Acesso em 22 de novembro de 2022.

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