segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

OS CÂNIONS

  Desfiladeiro, ribanceira, riba ou cânion é uma profunda ravina (acidente geográfico ocasionado pela ação de córregos e enxurradas), formada entre escarpas ou falésias, é a paisagem mais frequente esculpida pela atividade erosiva de um rio em escalas de tempo geológicas, em particular em regiões onde as camadas de rochas sedimentares são intercaladas por camadas de rochas duras e resistentes ao intemperismo.

  O termo abrange também fendas entre dois picos de montanhas, como as cordilheiras. Normalmente, um rio ou córrego e a erosão esculpem essas diversas divisões entre as montanhas.

  A maior parte dos cânions originaram-se por um longo e lento processo de erosão fluvial e eólica denominado de voçoroca. Diferentes camadas rochosas pouco consolidadas a partir de um planalto são erodidas por um curso de água, criando uma vala. As paredes formam-se quando camadas de rochas resistentes à ação são encontradas, de modo que a água continua escavando um vale para baixo, não afetando a rocha dura. Nas rochas calcárias, estes podem adquirir o nome de cânion flúvio-cársico (garganta profunda e estreita).

Grand Canyon, Arizona, Estados Unidos

  Os cânions existem em todos os continentes, sendo paisagens belíssimas e perigosas, formando vales profundos que podem atingir até cinco quilômetros de profundidade. Geralmente, eles se encontram em áreas em que existem rios.

  Esses rios esculpem as rochas ao longo de milhões de anos, e eles podem estar em evidência ou não. Cânions que não possuem água em seus vales profundos, podem ter feito a água ir para outro lugar ou simplesmente ter feito a nascente desaparecer com as mudanças provocadas pelos agentes externos modificadores do relevo.

  Os cânions são vales muito profundos com os lados íngremes, bem verticalizados. Essa profundidade, em alguns deles, pode atingir até cinco quilômetros, o que torna um cânion impressionante e altamente perigoso.

  Em seus vales, podem haver rios, grandes responsáveis pela existência dos vales, mas que não esculpem a paisagem sozinhos. Esses vales são depressões relativas que, ao longo de sua extensão, formam enormes paredões rochosos formados há milhões de anos.

Cânions de Furnas, em Capitólio - MG

  A formação de um cânion ainda é um grande mistério para a geologia. A profundidade de um cânion pode ser obtida por meio de processos erosivos que levam centenas de milhões de anos, sendo uma das maravilhas produzidas pelo tempo geológico.

  As hipóteses sobre a formação dos cânions giram em torno das movimentações das placas tectônicas e do soerguimento de determinadas áreas. Quando há esse soerguimento, as águas que passam entre as áreas levantadas ganham mais espaço e declividade para seguir seu curso, o que acentua o processo erosivo. Durante milhões de anos, o curso d'água, associado com as erosões eólica e pluvial, transformam o relevo em uma grande depressão, com paredões verticais do lado.

  Por meio dos soerguimentos dos terrenos, os rios vão ganhando velocidade e aprofundando seus leitos, pois há declínio em seu curso. Com isso, os paredões vão ganhando altura, e os vales atingem grandes profundidades.

  Há casos de rios que secam depois de milhares de anos, tornando o cânion uma formação rochosa, com paredões íngremes e vales sem curso d'água, apenas com o rastro do rio.

Cânion da Cachoeira dos Fundões, em Carnaúba dos Dantas - RN

  Em sua maioria, os cânions possuem características impressionantes, mostrando sua gigantesca formação, se compararmos com outras paisagens. São formas de relevo moldadas com a ajuda de fatores externos (processos erosivos) e internos (tectonismo) de modificação.

  Ao observarmos um cânion, vemos as camadas rochosas sobrepostas umas às outras, o que pode indicar a "idade" do local. Cada extrato rochoso indica uma época geológica em que tais rochas foram depositadas e/ou transportadas pelos fatores externos, como rios e ventos.

  Os vales de um cânion são áreas de baixa pressão atmosférica, o que pode indicar a presença de ventos, nuvens e neblinas. Em muitos cânions, é comum a presença de neblinas nos seus picos mais extremos, tornando-o belo e assustador ao mesmo tempo.

Cânion do Xingó, no rio São Francisco, entre os estados de Alagoas e Sergipe

  Há cânions submarinos, como uma espécie de prolongamento do curso de um rio no fundo do mar. Esses cânions possuem o processo de formação parecido com os cânions continentais, porém, com a diferença de estarem submersos.

  Muitos cânions possuem rios sinuosos, cheios de meandros (curvas). Seus paredões rochosos são ideais para a prática de caminhadas, escaladas e fotografias belíssimas, mostrando uma paisagem fascinante. Porém, deve se ter muito cuidado e sempre estar acompanhado de um guia que conheça bem a área onde o cânion se localiza.

Cânion Itaimbezinho, em Cambará do Sul - RS

O acidente no Cânion Furnas, em Capitólio - MG

  A cidade de Capitólio, Minas Gerais, foi palco de um triste episódio envolvendo a queda de uma rocha no cânion da cachoeira de Furnas, no dia 8 de janeiro de 2022, deixando vários mortos e dezenas de feridos, após uma estrutura rochosa desabar sobre embarcações com turistas.

  O estado de Minas Gerais está sendo atingido por fortes temporais desde o fim de 2021, e a Defesa Civil do Estado alertou que poderia ocorrer uma grande enxurrada e que as pessoas deveriam evitar cachoeiras no período de chuvas.

  O lago de Furnas, conhecido como "Mar de Minas" é bastante frequentado por turistas das mais diversas regiões do país.

  A rocha que desabou possui acamamentos e fraturamentos naturais que facilitam os desmoronamentos. Com a formação do lago de Furnas, a parte baixa do paredão rochoso que fica frequentemente em contato com a água passou a sofrer uma saturação decorrente da água e dos constantes embates de ondas, facilitando o desmoronamento. Com a grande quantidade de chuvas, ocorreu também o aumento do processo de erosão fluvial e pluvial, o que pode ter facilitado a queda da estrutura rochosa.


Vídeo mostrando a queda do paredão rochoso em Capitólio - MG. Fonte: YouTube UOL: www.uol.com.br. Acesso em 10/01/2022

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AB'SABER, A. N. 1997. O Homem dos Terraços de Xingó. Relatório de visita e pesquisa na área de Xingó (nov. de 1997). Projeto financiado pela cHESF. Doc. n. 6. Projeto Arqueológico do Xingó. Universidade Federal de Sergipe.

MAIA, R. P. & NASCIMENTO, M. A. N. 2018. Relevos Graníticos do Nordeste Brasileiro. Revista Brasileira de Geomorfologia. V. 18, nº 2.

Jornal O Tempo. https://www.otempo.com.br. Acesso em 10/01/2022

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