domingo, 17 de agosto de 2014

OS FENÔMENOS CLIMÁTICOS EL NIÑO E LA NIÑA

  Os fenômenos El Niño e La Niña são alterações significativas na distribuição da temperatura da superfície da água do Oceano Pacífico, com profundos efeitos no clima. Estes eventos modificam um sistema de flutuação das temperaturas desse oceano chamado de Oscilação Sul.
EL NIÑO
  O fenômeno El Niño (O Menino, em espanhol) e suas consequências são um exemplo do inter-relacionamento entre hidrosfera e atmosfera. O fenômeno El Niño refere-se ao Menino Jesus, pois pescadores sul-americanos percebiam que esse aquecimento ocorria perto do Natal.
  O El Niño é caracterizado pelo aquecimento das águas do oceano Pacífico na região do Equador, nas proximidades da costa oeste da América do Sul. Isso altera o comportamento dos ventos em grandes extensões da atmosfera.
  O El Niño foi originalmente reconhecido por pescadores da costa oeste da América do Sul, observando baixas capturas e a ocorrência de temperaturas mais altas que o normal no mar, normalmente no fim do ano. Durante um ano "normal", ou seja, sem a existência do fenômeno El Niño, os ventos alísios sopram no sentido oeste através do oceano Pacífico tropical, originando um excesso de água no Pacífico ocidental, de tal modo que a superfície do mar é cerca de meio metro mais alta nas costas da Indonésia e no Equador. Isto provoca a ressurgência de águas profundas, mais frias e carregadas de nutrientes na costa ocidental da América do Sul, que alimentam o ecossistema marinho, promovendo imensas populações de peixes. Esses peixes, por sua vez, servem de sustento aos pássaros marinhos abundantes, cujas fezes depositadas em terra, o guano, servem de matéria-prima para a indústria de fertilizantes.
Comparação entre o período sem El Niño (em cima) com a ocorrência de El Niño (embaixo)
  Quando acontece um El Niño, os ventos sopram com menos força em todo o centro do oceano Pacífico, resultando numa diminuição da ressurgência de águas profundas e na acumulação de água mais quente que o normal na costa oeste da América do Sul e, consequentemente, na diminuição da produtividade primária e das populações de peixes. São consequências do El Niño:
  • secas no Nordeste brasileiro, no centro da África, na Indonésia e no norte da Austrália;
  • aumento das chuvas no sudeste da América do Sul, na Califórnia e no sudeste dos Estados Unidos;
  • uma série de tempestades tropicais no oceano Pacífico;
  • alteração da vida marinha em praticamente toda a costa oeste do continente americano.
  Outra consequência do El Niño é a alteração do clima em todo o Pacífico equatorial: as massas de ar quentes e úmidas acompanham a água mais quente, provocando chuvas excepcionais na costa oeste da América do Sul e secas na Indonésia e na Austrália. Durante um ano com El Niño, o inverno é mais quente que a média nos estados centrais do Estados Unidos, enquanto que nos do sul há mais chuva; por outro lado, os estados do noroeste do Pacífico (Oregon, Washington, Colúmbia Britânica) têm um inverno mais seco, Os verões são excepcionalmente quentes na Europa e as secas no Nordeste brasileiro, no centro da África são mais intensas.
Consequência meteorológicas do El Niño
  Acreditava-se que o fenômeno ocorresse em intervalos de sete anos, entretanto, dados mais recentes mostram que ele não possui uma periodicidade regular: entre 1990 e 1994, ocorreu todos os anos. Em 1997 e 1998, voltou a se manifestar de forma bastante intensa, como já havia ocorrido em 1982 e 1983.
  O El Niño traz problemas para os pescadores peruanos, tendo em vista que o aquecimento das águas do Pacífico reflete na diminuição da piscosidade oriunda da corrente fria de Humboldt, que influencia diretamente a costa do Peru e do Chile.
Efeitos do El Niño
  No Brasil, a variação no volume de chuvas depende de cada região e na intensidade do fenômeno. A temperatura aumenta na maioria das regiões.
  • Regiões Norte e Nordeste: diminuição de chuvas causando secas no Sertão Nordestino e incêndios florestais na Amazônia;
  • Região Sudeste: aumento da temperatura média;
  • Região Sul: aumento da temperatura média e da precipitação, principalmente na primavera e no período entre maio e julho.
  No entanto, se a sociedade for informada com antecedência sobre a ocorrência do fenômeno - o que é possível com o uso de modernos equipamentos de meteorologia -, poderá tomar certas precauções para amenizar seus efeitos. No campo, por exemplo, os agricultores podem antecipar ou adiar períodos de plantio e de colheita ou mesmo substituir os tipos de vegetais que costumam cultivar.
  Neste ano (2014), a Agência Meteorológica do Japão alertou que o padrão do El Niño emergiu, e prevê que os efeitos do fenômeno serão sentidos em setembro.
Às vezes as secas que acontecem no Nordeste do Brasil é consequência do El Niño
LA NIÑA
  O La Niña é o fenômeno oposto ao El Niño: enquanto que este é devido ao aumento da temperatura do Oceano Pacífico, o La Niña ocorre devido à diminuição da temperatura ocasionada pelo aumento da força dos ventos alísios. Ao aumentar a intensidade dos ventos alísios, o fenômeno de ressurgência (afloramento das águas profundas do oceano - mais frias e com mais nutrientes) das águas do Pacífico tende a se intensificar e ocorre a diminuição da temperatura da superfície oceânica. A corrente atmosférica tende a empurrar as águas mais quentes com maior força, fazendo com que ela se acumule mais a oeste do que ocorreria normalmente. O fenômeno La Niña (A Menina, em espanhol), ocorre na mesma região em que o El Niño se manifesta.
Consequências meteorológicas do La Niña
  Os impactos do La Niña ainda não foram determinados com exatidão, mas sabe-se que esse fenômeno também altera o comportamento dos ventos e as condições climáticas em algumas regiões da Terra. Contudo, segundo o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Inpe, o La Niña não causa grandes perturbações como o El Niño.
  Em geral, o La Niña começa a se desenvolver em um certo ano, atinge sua intensidade máxima no final daquele ano, vindo a desaparecer em meados do ano seguinte. No entanto, esse fenômeno pode durar até dois anos.
  Entre os meses de dezembro e fevereiro, o La Niña provoca as seguintes consequências:
  • aumento das chuvas e enchentes na região Nordeste do Brasil, principalmente no setor norte, correspondente aos estados do Piauí, Maranhão, Ceará e Rio Grande do Norte;
  • temperaturas abaixo do normal para o verão na região Sudeste do Brasil;
  • aumento do frio na costa oeste dos Estados Unidos;
  • aumento das chuvas na costa leste da Ásia;
  • aumento do frio no Japão.
  Entre os meses de junho e agosto, o La Niña provoca as seguintes consequências:
  • inverno árido nas regiões Sul e Sudeste do Brasil;
  • aumento do frio na costa oeste da América do Sul;
  • frio e chuvas na região do Caribe;
  • aumento da temperatura no leste da Austrália;
  • aumento da temperatura e de chuvas no leste da Ásia.
Efeitos do La Niña
FONTE:  Lucci, Elian Alabi. Geografia: homem & espaço, 6º ano / Elian Alabi Lucci, Anselmo Lázaro Branco. - 22 ed. - São Paulo: Saraiva, 2010.

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