Após a Segunda Guerra Mundial, a Europa Ocidental, o centro original de irradiação do capitalismo, estava destruída. Vitoriosos saíram os Estados Unidos e a União Soviética, com os soviéticos amplamente favorecidos no quadro europeu ocidental. Isso porque os partidos comunistas haviam tido um papel decisivo na resistência antinazista em diversos países, como a Itália, França e Grécia. Para o capitalismo internacional, cujo centro indiscutível agora eram os Estados Unidos, erguia-se o perigo do surgimento de regimes socialistas.
A decisão da Casa Branca foi, então, de bancar a reconstrução do capitalismo na Europa Ocidental e no Japão, para impedir uma vitória global do socialismo. Com isso, os Estados Unidos criaram o Plano Marshall. O plano, um aprofundamento da Doutrina Truman, recebeu esse nome em referência ao seu criador, o Secretário de Estado dos Estados Unidos, George Marshall.
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George Marshall (1880-1959) |
Por meio do Plano Marshall, iniciado a partir de julho de 1947, os Estados Unidos injetaram na Europa Ocidental cerca de 12 bilhões de dólares em um prazo de três anos e meio. Esse dinheiro serviu para dinamizar as antigas estruturas capitalistas por meio de créditos às grandes corporações privadas e para garantir condições mínimas de vida para os trabalhadores, que os desencorajassem a embarcar em aventuras revolucionárias.
O plano de reconstrução foi desenvolvido em um encontro dos Estados europeus participantes. A União Soviética e os países da Europa Oriental foram convidados, mas Josef Stalin, então presidente soviético, viu o plano como uma ameaça e não permitiu a participação dos países que estavam sob o controle soviético.
Com a
devastação provocada pela
guerra, a Europa enfrentava cada vez mais manifestações de contestação
aos governos constituídos. Os Estados Unidos analisaram a crise europeia
e, concluíram que ela punha em risco o futuro do capitalismo, o que
poderia prejudicar sua própria economia, dando espaço para a expansão do
socialismo. Com isso, os norte-americanos optaram por ajudar na
recuperação dos países europeus.
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George Marshall após o discurso de apresentação do plano, em 1947 |
O plano durou cerca de quatro anos. Quando foi completado, a economia de cada país participante, exceto a Alemanha, tinha crescido consideravelmente acima dos níveis pré-guerra. Pelas próximas duas décadas, a Europa Ocidental iria gozar de prosperidade e crescimento. O welfare state, o estado de bem-estar social que vemos hoje na Europa Ocidental, é fruto do Plano Marshall, aplicado com a colaboração dos partidos socialistas e social-democratas. Era um modelo liberal do ponto de vista econômico, mas que assegurava a cada habitante dos países em que o plano foi adotado, um salário digno. Os benefícios do plano foram o resultado de políticas de laissez faire - expressão símbolo do liberalismo econômico - que permitiram a estabilização de mercados através do crescimento econômico.
No início os recursos foram utilizados para comprar alimentos, fertilizantes e rações. Logo depois, foram adquirindo matérias-primas, produtos semi-industrializados, combustíveis, veículos e máquinas. Aproximadamente, 70% desses bens eram de procedência norte-americana.
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Mapa da Europa mostrando a quantidade de ajuda recebida pelos países europeus durante a realização do Plano Marshall |
Além de se beneficiar com o Plano Marshall, a França elaborou seu próprio plano de recuperação econômica, o Plano Monnet, proposto pelo funcionário público Jean Monnet. Por meio desse plano, a França deveria obter o controle sobre o carvão e o aço das zonas alemãs do Vale do Ruhr e Sarre para poder usar esses recursos e fazer com que suas indústrias crescessem ao índice de 150%, comparando com a produção industrial do pré-guerra. O plano foi adotado por Charles de Gaulle no início de 1946.
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Jean Monnet (1888-1979) - propositor do Plano Monnet |
A Inglaterra também se recuperou com a ajuda do Plano Marshall, porém, perdeu a importância política e econômica. A Alemanha e a Itália também entraram em ritmo de recuperação. Com a criação da Otan, os Estados Unidos visavam garantir a exportação de excedentes e concretizar a hegemonia econômica sobre o Velho Continente.
Alguns historiadores criticam o plano por estabelecer uma tendência dos Estados Unidos a ajudar economias estrangeiras em dificuldades, valendo-se do dinheiro dos impostos dos cidadãos norte-americanos. Além do mais, a civilização do cotidiano europeu ocidental ou norte-americano não seria possível sem a exploração extrema da mão de obra em Bangladesh, na Bolívia ou em outros países subdesenvolvidos.
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Muitas vezes a riqueza se beneficia com a pobreza de grande parte da população mundial |
FONTE: Antunes, Celso Avelino. Geografia e participação: 9° ano / Celso Avelino Antunes, Maria do Carmo Pereira e Maria Inês Vieira. - 2. ed. São Paulo: IBEP, 2012.
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