O Jalapão é uma região árida pontilhada de oásis, situada a leste do estado do Tocantins, com temperatura média de 30ºC e uma área de aproximadamente 34 mil quilômetros quadrados de um ecossistema frágil, caracterizada por muita água subterrânea, alguns rios, serras e solo arenoso com cobertura de cerrado, sendo um dos lugares mais fascinantes do Brasil. O Jalapão abrange os municípios de Ponte Alta do Tocantins, Mateiros, São Félix do Tocantins, Lizarda, Novo Acordo, Santa Tereza do Tocantins, Lagoa do Tocantins e Rio da Conceição.
Os rios Sono, Soninho, Novo, Balsas, Preto e Caracol banham a paisagem árida e rasteira, que varia do cerrado baixo à campina. Matas de galeria surgem próxima de rios, cachoeiras, lagoas, dunas de areia, serras e chapadões de até 800 metros de altura. A jalapa-do-brasil, que deu nome ao Jalapão, pode ser encontrada em toda a parte. Também no Jalapão encontra-se a comunidade dos Mumbucas, comunidade quilombola descendentes de ex-escravos que fugiram da Bahia.
|
Rio Balsas |
A fauna do Jalapão é composta por veados-campeiros, tamanduás-bandeiras, antas, capivaras, lobos-guarás, raposas, gambás, macacos, jacarés, onças, cobras (sucuris, cascavéis e jiboias), tucanos, papagaios, araras-azuis, siriemas, emas, urubus, entre outros. A densidade demográfica do Jalapão é muito baixa, em torno de 0,8 hab./km². A região é considerada a principal atração turística do estado do Tocantins.
Em 2001, foi criado o Parque Estadual do Jalapão, uma unidade de conservação brasileira de proteção integral à natureza. O território do parque abrange uma área de 158.970,95 hectares e está distribuído pelos municípios de Mateiros e São Félix do Tocantins.
Sua posição estratégica possui continuidade com a área de proteção ambiental do Jalapão, a Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins e o Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba.
|
Parque Estadual do Jalapão |
POVOADO DE MUMBUCA E O SEU ARTESANATO
O povoado de Mumbuca, está localizado no município de Mateiros, distante 35 quilômetros da cidade. Foi nesse lugar, formado por uma maioria de descendentes de escravos, que surgiu o artesanato em capim dourado.
A população de Mumbuca é de cerca de 200 habitantes. Nessa comunidade, homens e mulheres dividem bem definidamente as suas tarefas. Os homens plantam para o consumo da família, enquanto as mulheres colhem a produção e preparam a farinha, além de atuarem como artesãs.
|
As moradias simples fazem parte da paisagem de Mumbuca |
O capim dourado só brota nas veredas do Jalapão. Dele, é utilizado sua haste fina de intenso brilho metálico que as mulheres do lugar, com suas mãos habilidosas, transformam o capim em uma diversidade de peças artesanais: bolsas, brincos, pulseiras, chapéus, mandalas, cestas e diversos objetos de decoração. Peças de beleza única, que ultrapassaram os limites do Tocantins, conquistam mercado em todos os estados brasileiros e no exterior.
|
Peças de artesanato confeccionadas com o capim dourado, em Mumbuca - TO |
A arte de trabalhar com o capim dourado foi ensinado às mulheres do local por Dona Miúda, uma matriarca do povoado de Mumbuca. Antes, a técnica foi passada por índios que habitavam a região à avó de Dona Miúda e depois a sua mãe.
Hoje, as técnicas do artesanato em capim dourado continuam sendo ensinadas, de geração em geração, no povoado de Mumbuca e também nas cidades de Mateiros, Ponte Alta, Novo Acordo, Santa Tereza, Lagoa do Tocantins e no Prata, um vilarejo do município de São Félix do Jalapão.
|
Artesão confeccionando seus produtos no Jalapão |
O que se chama de capim dourado (Syngonanthus nitens) é a haste de uma pequena flor branca da família das sempre-vivas. É na flor que se encontram as sementes que garantem a perpetuação da planta (nativa do Jalapão) e que gera renda para centenas de famílias da região.
CACHOEIRA DA VELHA
Alimentada pelas águas do Rio Novo, a Cachoeira da Velha é uma das principais atrações e a maior cachoeira do Jalapão. Nela, as águas correm em grande quantidade, despencando por duas quedas em formato de ferradura, cada uma com mais de 20 metros de largura. Próximo à Cachoeira da Velha existe uma prainha, de águas doces e mansas, cercada por matas de galeria.
|
Cachoeira da Velha |
MIRANTE
Cartão postal da região do Jalapão, a Serra do Espírito Santo é uma elevação imponente que, através do processo de erosão provocado pelas chuvas e pelo vento, dá origem às dunas que se formam no seu sopé. Nessa serra existe um mirante, onde no seu cume têm-se uma visão privilegiada de toda a região. O topo da serra é uma grande área plana, que lembra uma imensa mesa elevada, ideal para se observar as paisagens e os horizontes do Jalapão.
As dunas móveis do Jalapão estão em
constante movimento, guiadas pelos ventos. Essas dunas se originam
próximo à Serra do Espírito Santo, de formação arenosa, cuja ação dos ventos causa a erosão, originando as dunas.
|
Dunas do Jalapão e ao fundo a Serra do Espírito Santo |
RAFTING
O Jalapão é também um lugar ideal para a prática de rafting - descida nas corredeiras com boias -, que é realizado nas corredeiras do Rio Novo. O melhor período para a prática desse esporte é de maio a setembro, época de seca no estado do Tocantins, onde as estradas que dão acesso ao Jalapão estão em melhores condições de tráfego.
|
Prática de rafting no Rio Novo |
DESTRUIÇÃO DAS CACHOEIRAS DO JALAPÃO
Tornou-se um drama para o meio ambiente uma das soluções encontradas pelo governo para atender à crescente demanda por energia elétrica. Por necessitarem apenas de uma pequena queda de água e pouca vazão, as Pequenas Centrais Hidreléticas, chamadas PCHs, proliferam sem controle, engolem cavernas e destroem corredeiras.
Como não ocupam grandes espaços e nem precisam de lagos gigantescos, as PCHs podem ser construídas enfileiradas umas atrás das outras. É o que está acontecendo no município de Dianópolis, localizada a 350 quilômetros a sudeste de Palmas.
A região é um dos portões de entrada do Parque Estadual do Jalapão. A Estação Ecológica da Serra Geral e o Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba são vizinhos do Jalapão.
|
Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba |
Por causa da construção das PCHs em sequência, não há mais como praticar o rafting no Rio Palmeiras.
As obras destroem as cachoeiras porque precisam de um desnível no rio que dê à água que cai força suficiente para rodar as turbinas. Elas destroem também grutas e outros acidentes geográficos.
O Rio Palmeiras, nasce na Serra Geral, que divide os estados da Bahia, Goiás e Tocantins. Seu curso segue para oeste. Ao chegar em Dianópolis, desloca-se para o sul.
O problema é que, além de destruírem cachoeiras, ao contrário das grandes centrais hidrelétricas, que pagam pesados royalties aos municípios - permitindo assim compensações e investimentos em preservação ambiental -, as pequenas hidrelétricas não deixam dinheiro no local onde funcionam.
|
As PCHs, que poderiam ser a solução para o problema energético, acabam se tornando problemas para o meio ambiente |
FONTE: Giardino, Cláudio. Geografia nos dias de hoje, 7º ano / Cláudio Giardino, Lígia Ortega, Rosaly Braga Chianca. - 1. ed. - São Paulo: Leya, 2012. - (Coleção nos dias de hoje).
Nenhum comentário:
Postar um comentário