A diversidade cultural refere-se aos diferentes costumes de uma sociedade, como: vestimenta, culinária, manifestações religiosas, tradições, entre outros aspectos. O Brasil, por conter um extenso território, apresenta diferenças climáticas, econômicas, sociais e culturais entre as suas regiões.
Os principais disseminadores da cultura brasileira são os colonizadores europeus, a população indígena e os escravos africanos. Posteriormente, vieram os imigrantes italianos, japoneses, alemães, poloneses, árabes, entre outros, que contribuíram para a pluralidade cultural do Brasil.
Um dos exemplos dessa diversidade é a própria língua portuguesa, reconhecida como oficial no Brasil. Ela possui palavras únicas quando comparada à língua portuguesa falada em outros países. O motivo disso é a incorporação de muitas expressões dos grupos étnicos formadores da população brasileira. Palavras como Tietê, caatinga, sucuri e pitanga têm origem indígena; mocambo, cafuné, fubá e berimbau, africana. Outras palavras com origem em línguas europeias foram agregadas ao português, como tchau, espaguete e pizza, que vêm do italiano.
Região Nordeste
Entre as manifestações culturais da região Nordeste estão as danças e festas como bumba meu boi, maracatu, caboclinhos, carnaval, ciranda, coco, terno de zabumba, marujada, reisado, frevo, cavalhada e capoeira. Algumas manifestações religiosas são a festa de Iemanjá, as festas juninas, a lavagem das escadarias da Igreja do Senhor do Bonfim, as festas de padroeiro, entre outras. Outro elemento bastante forte da cultura nordestina é a literatura de cordel. O artesanato é representado pelos trabalhos de renda. Os pratos típicos são: carne de sol, peixes, frutos do mar, buchada de bode, sarapatel, acarajé, vatapá, cururu, feijão-verde, canjica, arroz-doce, bolo de fubá cozido, bolo de massa de mandioca, broa de milho verde, pamonha, cocada, tapioca, pé de moleque, entre tantos outros.
Região Norte
A quantidade de eventos culturais da região Norte é imensa. As duas maiores festas populares são: o Círio de Nazaré, em Belém (PA) e o Festival de Parintins (a mais conhecida festa do boi-bumbá do país), na cidade de Parintins (AM). Outros elementos culturais da região Norte são o carimbó, o congo ou congada, a folia de reis e a Festa do Divino.
A influência indígena é fortíssima na culinária da região Norte, baseada na mandioca, peixes e produtos nativos da região. Os principais pratos da culinária nortista são: carne de sol, tucupi (caldo de mandioca cozido), tacacá (espécie de sopa quente feita com tucupi), jambu (tipo de erva), camarão seco, pimenta-de-cheiro, além dos frutos colhidos na Floresta Amazônica, como açaí, cupuaçu, guaraná, entre outros.
Região Centro-Oeste
A cultura do Centro-Oeste é bem diversificada, recebendo contribuições principalmente dos indígenas, paulistas, mineiros, gaúchos, bolivianos e paraguaios. São manifestações típicas da região: a cavalhada e o fogaréu, em Goiás; e o cururu, em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A culinária regional é composta por arroz com pequi, sopa paraguaia, arroz carreteiro, arroz boliviano, maria-isabel, empadão goiano, pamonha, angu, cural, os peixes do Pantanal - como o pintado, pacu, dourado, entre outros.
Região Sudeste
Os principais elementos da cultura regional do Sudeste são: a Festa do Divino, festejos de Páscoa e dos santos padroeiros, congada, cavalhadas, bumba meu boi, carnaval, peão de boiadeiro, dança de velhos, batuque, samba de lenço, festa de Iemanjá, folia de reis, caiapó, entre outros.
A culinária do Sudeste é bem diversificada e apresenta forte influência indígena, escravista e dos diversos imigrantes europeus e asiáticos. Entre os pratos típicos se destacam: moqueca capixaba, pão de queijo, feijão-tropeiro, arroz-tropeiro, carne de porco, feijoada, aipim frito, bolinho de bacalhau, picadinho, virado à paulista, cuscuz paulista, farofa, pizza, queijo mineiro, entre outros.
Região Sul
A região Sul apresenta aspectos culturais dos imigrantes portugueses, espanhóis e, principalmente, alemães e italianos. As festas típicas são: a Festa da Uva (italiana) e a Oktoberfest (alemã). Também integram a cultura sulista: fandango, de influência portuguesa, a tirana e o anuo, de origem espanhola, a festa de Nossa Senhora dos Navegantes, a congada, o boi-de-mamão, a dança de fitas, boi na vara. Na culinária estão presentes: churrasco, chimarrão, camarão, pirão de peixe, marreco assado, barreado (cozido de carne em panela de barro), vinho, entre outros.
Antes da chegada dos portugueses ao território que viria a ser o Brasil, diversos grupos indígenas habitavam o nosso espaço. Esses grupos foram estimados entre 2 a 4 milhões de indivíduos, distribuídos em mais de mil diferentes tribos. Possuíam características próprias de organização social, línguas, crenças, técnicas de coleta, caça, pesca e cultivo agrícola.
Hoje, alguns grupos indígenas vivem isolados, outros em reservas ou nas cidades, muitos em precárias condições de vida. Os grupos indígenas continuam lutando pelos seus direitos e contra o preconceito e o descaso com sua cultura, que ocorrem a despeito da contribuição desses grupos para a formação do povo brasileiro e de seus conhecimentos sobre o meio ambiente, a flora e a fauna do território, acumulados por séculos.
Há anos, as pesquisas médicas e farmacêuticas se baseiam nesses conhecimentos para aproveitar as propriedades preventivas e curativas de várias espécies vegetais e animais utilizadas por grupos indígenas, a fim de obter substâncias para elaboração de medicamentos.
No entanto, os indígenas ainda são vítimas da invasão de suas terras por fazendeiros, garimpeiros, madeireiros, grileiros, entre outros.
Os índios são formados por povos com hábitos, costumes e línguas diferentes. Os principais grupos indígenas do país são:
Ianomâmis
Os ianomâmis habitam o Brasil e a Venezuela. No Brasil somam cerca de 15 mil pessoas distribuídas em 255 aldeias relacionadas entre si em maior ou menor grau. No Brasil habitam o noroeste de Roraima e o norte do Amazonas.
As aldeias ianomâmis ocupam a grande região montanhosa da fronteira com a Venezuela, numa área contínua de 9.419.108 hectares. A Terra Indígena Ianomâmi foi homologada pelo presidente Fernando Collor em 25 de maio de 1992. Em sua maior parte o território está coberto por uma densa floresta tropical úmida e é bastante acidentado, principalmente nas áreas próximas às serras Parima e Pacaraíma. O Pico da Neblina, ponto culminante do Brasil, está localizado dentro da Terra Indígena Ianomâmi e do Parque Nacional do Pico da Neblina. Essa área tem sido invadida desde o fim dos anos 1980 por garimpeiros atraídos pelas reservas de ouro, cassiterita e tantalita.
Os ianomâmis falam quatro línguas: yanomam, sanumá, yanomame e yanam. Suas habitações são construídas de caibros encaixados, amarrados com cipó e revestidos de palha. Possuem características seminômades, já que mudam de habitat quando acreditam ter explorado uma região ao máximo. São caçadores e acreditam em rixis - espíritos de animais que ao serem mortos tornam-se protetores e amigos.
Carajás
Os carajás habitam a região dos rios Araguaia e Javaés, nos estados de Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Pará. Dividem-se em trezentos subgrupos que correspondem a três dialetos por eles falados: os carajás propriamente ditos, os javaés e os xambioás, cujos dialetos pertencem ao tronco linguístico macro-jê. Eles se autodenominam inã, que é um termo comum aos três subgrupos. Acreditam na transformação do homem em animais e vice-versa. Residem a maior parte nas proximidades do rio Araguaia, pois acreditam que sua criação, rituais de passagem, alimento e alegria são dados por ele. Vivem do cultivo do milho, mandioca, batata, banana, cará, melancia, feijão e amendoim, e prezam pela pintura corporal. Dividem o trabalho, onde os homens ficam com a defesa do território, abertura de roças, construção de casas, pesca e outros. As mulheres ficam responsáveis pelo trabalho de educar os filhos, cuidar dos afazeres domésticos, do casamento dos filhos, da pintura e ornamentação das crianças, entre outros.
Guaranis
Os termo guaranis referem-se a uma das mais representativas etnias indígenas das Américas, tendo como territórios tradicionais uma ampla região da América do Sul que abrange os territórios nacionais da Bolívia, Paraguai, Argentina, Uruguai e a porção centro-meridional do território brasileiro.
São chamados "povos", pois sua ampla população encontra-se dividida em diversos subgrupos étnicos, dos quais os mais significativos, em termos populacionais, são os caiouás, embiás, nhandevas, ava-xiriguanos, guaraios, izozeños e tapietés. Cada um desses subgrupos possui especificidades dialéticas, culturais e cosmológicas, diferenciando sua "forma de ser" guarani das demais.
Manifestam sua cultura em trabalhos em cerâmica e em rituais religiosos. Possuem sua própria língua, somente ensinam o português às crianças maiores de seis anos. São migrantes e agricultores. Acreditam que a morte é somente uma passagem para a "terra sem males", onde os que se foram partem para este local para proteger os que na Terra ficaram.
Tupis
O termo "tupis" possui dois sentidos: um genérico e outro específico. O sentido genérico do termo remete aos índios que habitavam a costa brasileira no século XVI e que falavam a língua tupi. O sentido específico do termo remete aos índios que habitavam a região da atual cidade de São Vicente - SP, na mesma época.
Os Tupis dividem-se em vários grupos: Tupinambá, Tupiniquim, Tamoio, Temiminó, Tabajara, Potiguara, Caeté, Viatã, Amoipira, Aricobé, Tupinaé ou Tupiná, dentre outros.
Os Tupis são dominados por um ser supremo designado Monan. A autoridade religiosa dentro das aldeias é o Pajé, que é um sábio que atua como adivinho, curandeiro e sacerdote. Utilizam a música e seus instrumentos de procriação, casamento, puberdade, nascimento e morte, para afastar flagelos, doenças e epidemias e festejar boas caçadas, vitórias em guerras, entre outros.
Existem cerca de 225 sociedades indígenas distribuídas em todo o território brasileiro, correspondendo a 0,25% da população do país.
2. OS PORTUGUESES E OS OUTROS IMIGRANTES
A partir do século XVI,iniciou-se a formação da população brasileira com a chegada dos portugueses e sua miscigenação com os grupos indígenas e negros africanos, trazidos como escravos.
Nos séculos XIX e XX, esse processo prosseguiu com a chegada de outros povos europeus. Entre os que vieram em maior quantidade estão os italianos - segundo grupo mais numeroso, depois dos portugueses -, espanhóis, alemães, japoneses, sírio-libaneses, russos, poloneses, chineses, coreanos, indonésios, uruguaios, bolivianos, entre outros.
Portugueses
Colonizadores do território brasileiro por 322 anos, de todos os povos que chegaram no país, os portugueses foram os que mais exerceram influência na formação da cultura brasileira. Durante todo o período de colonização cidadãos portugueses foram transportados para as terras sul-americanas, influenciando não só a sociedade que viria a se formar, como também as culturas dos povos que já existiam.
A mais evidente herança da cultura brasileira é a língua portuguesa, atualmente falada por todos os habitantes do país. Outros legados culturais são a religião católica, os folguedos populares, as figuras do folclore, a culinária e a introdução de movimentos artísticos como o renascentismo e o neoclassismo.
Italianos
A imigração italiana para o Brasil foi um dos maiores fenômenos imigratórios já ocorridos. À medida que o número de imigrantes e seus descendentes ia crescendo, o Brasil modificava os seus costumes, assim como os imigrantes modificavam os seus. Das inúmeras contribuições culturais dos italianos para o país, destacam-se: a introdução de elementos tipicamente italianos no catolicismo de algumas regiões (festas, santos de devoção, práticas religiosas); os diversos pratos incorporados à alimentação brasileira, como o hábito de comer panetone no Natal, a pizza, o espaguete e a polenta frita; o sotaque (principalmente na Região Sul), a introdução de novas técnicas agrícolas; a criação de times de futebol, como o Palestra Itália (atual Sociedade Esportiva Palmeiras), entre outros. Na televisão, a imigração italiana também influenciou obras artísticas, televisivas e cinematográficas, como as novelas Terra Nostra e Esperança, e o filme O quatrilho.
Alemães
A imigração e a colonização alemã no Brasil tiveram um importante papel no processo de diversificação da agricultura e da urbanização e industrialização, tendo influenciado, em grande parte, a arquitetura das cidades e a paisagem físico-social brasileira.
O imigrante alemão difundiu no Brasil a religião protestante e a arquitetura germânica, contribuiu para o desenvolvimento urbano e da agricultura familiar, introduziu o cultivo do trigo e a criação de suínos, além da formação de um campesinato típico, marcado com traços da cultura camponesa da Europa Central. No domínio religioso, contribuiu para a influência de pastores, padres e religiosos descendentes alemães. Várias igrejas luteranas foram implantadas e o ritual católico adquiriu certas especificidades das comunidades alemãs. O Oktoberfest é a principal atividade festiva da cultura alemã no Brasil.
Japoneses
Os imigrantes japoneses aperfeiçoaram as técnicas agrícolas e a pesca dos brasileiros. É notável o seu trabalho na aclimatação e desenvolvimento de vários tipos de frutas e vegetais antes desconhecidos no Brasil, como o caqui, a maçã-Fuji, a mexerica, a poncã e o morango. Os japoneses foram também responsáveis pela expansão da avicultura no país. No esporte, deve-se a influência japonesa o judô, aikidô, jiu-jítsu, caratê, kendo, sumô e o gateball. Na culinária destacam-se a yakisoba, sushi e sashimi.
Eslavos
Os imigrantes eslavos se dedicaram principalmente à agricultura com plantações de milho, feijão, repolho, batata, entre outras culturas. Difundiram o uso do arado e de outras técnicas agrícolas no Paraná. Trouxeram consigo um modelo de carroça tipicamente eslava, utilizada até hoje no Estado paranaense para o transporte de materiais e da produção agrícola.
Árabes
Os árabes foram um dos grupos de imigrantes que menos sofreram para se adaptar ao Brasil. Em sua maioria árabes-cristãos vindos da Síria e do Líbano, os imigrantes não encontraram uma realidade religiosa divergente. Além disso, encontraram no Brasil uma sociedade extremamente miscigenada e acostumada com a diversidade étnica.
Os árabes, abraçados ao costume da preservação familiar, formaram grandes famílias por todo o Brasil, incluindo-se casamentos dentro da colônia árabe e diversos com não-árabes.
A leva mais recente de imigrantes sírio-libaneses é, consideravelmente, islâmica, com uma minoria judaica.
Chineses
Outro grupo de imigrantes que têm entrado com maior frequência nos últimos anos no Brasil, são os imigrantes chineses.
A cultura chinesa no Brasil se destaca em várias formas. Na arquitetura, a influência chinesa se revela de várias maneiras, como no desenho ornamental e no estilo exterior de algumas construções. Uma delas são as plataformas de pedra, técnica comum na China desde a Antiguidade. Na medicina, a acupuntura, técnica praticada há mais de quatro mil anos na China, é cada vez mais aceita e utilizada no Brasil para tratar doenças diversas e vem se expandindo como prática alternativa ou medicina complementar. A arte marcial chinesa Tai Chi Chuan já virou moda no Brasil.
A celebração do Ano Novo Chinês, se tornou um evento cultural importante e entrou no calendário oficial da cidade de São Paulo. Tem-se prolongado pelo país os restaurantes chineses, que oferecem os mais variados pratos da cozinha chinesa.
3. OS NEGROS AFRICANOS
A partir do século XVI, com a chegada de negros africanos para servir de mão de obra escrava, amplia-se o processo de miscigenação. Os escravizados foram a principal mão de obra em atividades econômicas do Brasil colonial, colaborando para o desenvolvimento econômico do país.
Três grandes culturas africanas entraram no Brasil por meio de imigrações forçadas: culturas sudanesas, bantas e guineano-sudanesas islamizadas. Apresentavam diferentes tradições e crenças, o que contribuiu para a formação cultural brasileira.
Calcula-se que cerca de 10 milhões de negros africanos foram trazidos para a América entre 1502 e 1870, sem considerar os que morreram durante a viagem ou eram mortos durante a resistência ao seu aprisionamento. Desse total, estima-se que mais de 3,5 milhões foram desembarcados no Brasil.
Esse tipo de informação continua sendo levantada em estudos estatísticos não por uma posição racista ou preconceituosa por parte dos institutos de pesquisa, mas para avaliar a condição social das famílias e pessoas segundo a cor, considerando que na nossa história as elites dirigentes, de modo geral, não tiveram preocupações em melhorar as condições de vida de grupos menos favorecidos socialmente, como por exemplo, indígenas e negros. Por isso, essas informações podem dar apoio às políticas públicas que buscam reduzir, de maneira eficaz, as desigualdades sociais no país.
Essas comunidades persistiram e são encontradas em praticamente todos os estados brasileiros; durante muito tempo ficaram desconhecidas ou isoladas. Com a Constituição Brasileira de 1988, que concedeu aos quilombolas o direito à propriedade de suas terras e à manutenção de suas culturas, essas comunidades se tornaram mais visíveis à sociedade brasileira.
Até 2002, haviam sido identificadas 743 comunidades quilombolas no Brasil. Atualmente, devido às iniciativas do governo federal e das comunidades quilombolas em busca de autorreconhecimento, o número de comunidades identificadas supera os 3.500.
No entanto, devido à demora no processo de reconhecimento oficial e titulação da maior parte delas, existem muitos conflitos entre quilombolas, fazendeiros e posseiros.
A expressão mais dramática dessa desigualdade é a incidência da pobreza na população negra: no Brasil, de cada dez pobres, seis são negros. Além disso, os negros recebem cerca de metade dos rendimentos obtidos pelos não negros e apresentam as maiores taxas de desemprego.
A desigualdade persiste na educação: a taxa de analfabetismo é maior na população negra, grupo que apresenta, em média, dois anos a menos de estudo. Isso significa que, quanto maior o nível de ensino (da educação básica ao ensino superior), menor é a presença de negros.
No mercado de trabalho, ainda é alta a desigualdade entre negros e não negros, sobretudo em relação às mulheres negras. Elas são as que mais sofrem com a discriminação: apresentam a menor taxa de participação no mercado de trabalho, a menor taxa de ocupação, a maior taxa de desemprego e o menor rendimento.
Logo após a abolição da escravidão em 1888, surgiram as primeiras organizações formadas por afrodescendentes. Nas décadas de 1960 e 1970, os movimentos em busca de direitos civis para os negros ganharam maior força no Brasil, sob influência dos movimentos negros dos Estados Unidos e pela independência das colônias europeias na África. Na música e na dança, utilizaram de expressões contestatórias, tornaram mais visíveis as injustiças a que são submetidos. O rap (rhythm and poetry: ritmo e poesia), aborda o racismo, a violência policial, as precárias condições de renda e outras temáticas sociais.
Os principais disseminadores da cultura brasileira são os colonizadores europeus, a população indígena e os escravos africanos. Posteriormente, vieram os imigrantes italianos, japoneses, alemães, poloneses, árabes, entre outros, que contribuíram para a pluralidade cultural do Brasil.
BRASIL: PAÍS DE MUITOS POVOS E CULTURAS
A população brasileira originou-se da miscigenação de vários povos. Por esse motivo apresenta uma grande diversidade cultural, manifestada na religião, na música, na dança, na alimentação, na arquitetura, no vestuário, entre outros.Um dos exemplos dessa diversidade é a própria língua portuguesa, reconhecida como oficial no Brasil. Ela possui palavras únicas quando comparada à língua portuguesa falada em outros países. O motivo disso é a incorporação de muitas expressões dos grupos étnicos formadores da população brasileira. Palavras como Tietê, caatinga, sucuri e pitanga têm origem indígena; mocambo, cafuné, fubá e berimbau, africana. Outras palavras com origem em línguas europeias foram agregadas ao português, como tchau, espaguete e pizza, que vêm do italiano.
A gastronomia é um dos exemplos da miscigenação cultural |
Entre as manifestações culturais da região Nordeste estão as danças e festas como bumba meu boi, maracatu, caboclinhos, carnaval, ciranda, coco, terno de zabumba, marujada, reisado, frevo, cavalhada e capoeira. Algumas manifestações religiosas são a festa de Iemanjá, as festas juninas, a lavagem das escadarias da Igreja do Senhor do Bonfim, as festas de padroeiro, entre outras. Outro elemento bastante forte da cultura nordestina é a literatura de cordel. O artesanato é representado pelos trabalhos de renda. Os pratos típicos são: carne de sol, peixes, frutos do mar, buchada de bode, sarapatel, acarajé, vatapá, cururu, feijão-verde, canjica, arroz-doce, bolo de fubá cozido, bolo de massa de mandioca, broa de milho verde, pamonha, cocada, tapioca, pé de moleque, entre tantos outros.
Chouriço: tipo de doce produzido com sangue de porco e outros ingredientes, é muito apreciado no interior do Nordeste |
A quantidade de eventos culturais da região Norte é imensa. As duas maiores festas populares são: o Círio de Nazaré, em Belém (PA) e o Festival de Parintins (a mais conhecida festa do boi-bumbá do país), na cidade de Parintins (AM). Outros elementos culturais da região Norte são o carimbó, o congo ou congada, a folia de reis e a Festa do Divino.
A influência indígena é fortíssima na culinária da região Norte, baseada na mandioca, peixes e produtos nativos da região. Os principais pratos da culinária nortista são: carne de sol, tucupi (caldo de mandioca cozido), tacacá (espécie de sopa quente feita com tucupi), jambu (tipo de erva), camarão seco, pimenta-de-cheiro, além dos frutos colhidos na Floresta Amazônica, como açaí, cupuaçu, guaraná, entre outros.
Festa do Círio de Nazaré, em Belém do Pará |
A cultura do Centro-Oeste é bem diversificada, recebendo contribuições principalmente dos indígenas, paulistas, mineiros, gaúchos, bolivianos e paraguaios. São manifestações típicas da região: a cavalhada e o fogaréu, em Goiás; e o cururu, em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A culinária regional é composta por arroz com pequi, sopa paraguaia, arroz carreteiro, arroz boliviano, maria-isabel, empadão goiano, pamonha, angu, cural, os peixes do Pantanal - como o pintado, pacu, dourado, entre outros.
Procissão do Fogaréu em Goiás Velho - GO |
Os principais elementos da cultura regional do Sudeste são: a Festa do Divino, festejos de Páscoa e dos santos padroeiros, congada, cavalhadas, bumba meu boi, carnaval, peão de boiadeiro, dança de velhos, batuque, samba de lenço, festa de Iemanjá, folia de reis, caiapó, entre outros.
A culinária do Sudeste é bem diversificada e apresenta forte influência indígena, escravista e dos diversos imigrantes europeus e asiáticos. Entre os pratos típicos se destacam: moqueca capixaba, pão de queijo, feijão-tropeiro, arroz-tropeiro, carne de porco, feijoada, aipim frito, bolinho de bacalhau, picadinho, virado à paulista, cuscuz paulista, farofa, pizza, queijo mineiro, entre outros.
Festa do Peão de Boiadeiro em Barretos - SP |
A região Sul apresenta aspectos culturais dos imigrantes portugueses, espanhóis e, principalmente, alemães e italianos. As festas típicas são: a Festa da Uva (italiana) e a Oktoberfest (alemã). Também integram a cultura sulista: fandango, de influência portuguesa, a tirana e o anuo, de origem espanhola, a festa de Nossa Senhora dos Navegantes, a congada, o boi-de-mamão, a dança de fitas, boi na vara. Na culinária estão presentes: churrasco, chimarrão, camarão, pirão de peixe, marreco assado, barreado (cozido de carne em panela de barro), vinho, entre outros.
Oktoberfest em Blumenau - SC |
GRUPOS FORMADORES DA POPULAÇÃO BRASILEIRA
1. OS INDÍGENAS Antes da chegada dos portugueses ao território que viria a ser o Brasil, diversos grupos indígenas habitavam o nosso espaço. Esses grupos foram estimados entre 2 a 4 milhões de indivíduos, distribuídos em mais de mil diferentes tribos. Possuíam características próprias de organização social, línguas, crenças, técnicas de coleta, caça, pesca e cultivo agrícola.
Hoje, alguns grupos indígenas vivem isolados, outros em reservas ou nas cidades, muitos em precárias condições de vida. Os grupos indígenas continuam lutando pelos seus direitos e contra o preconceito e o descaso com sua cultura, que ocorrem a despeito da contribuição desses grupos para a formação do povo brasileiro e de seus conhecimentos sobre o meio ambiente, a flora e a fauna do território, acumulados por séculos.
Principais povos indígenas do Brasil na época do Descobrimento |
No entanto, os indígenas ainda são vítimas da invasão de suas terras por fazendeiros, garimpeiros, madeireiros, grileiros, entre outros.
Reserva indígenas no Brasil |
Ianomâmis
Os ianomâmis habitam o Brasil e a Venezuela. No Brasil somam cerca de 15 mil pessoas distribuídas em 255 aldeias relacionadas entre si em maior ou menor grau. No Brasil habitam o noroeste de Roraima e o norte do Amazonas.
As aldeias ianomâmis ocupam a grande região montanhosa da fronteira com a Venezuela, numa área contínua de 9.419.108 hectares. A Terra Indígena Ianomâmi foi homologada pelo presidente Fernando Collor em 25 de maio de 1992. Em sua maior parte o território está coberto por uma densa floresta tropical úmida e é bastante acidentado, principalmente nas áreas próximas às serras Parima e Pacaraíma. O Pico da Neblina, ponto culminante do Brasil, está localizado dentro da Terra Indígena Ianomâmi e do Parque Nacional do Pico da Neblina. Essa área tem sido invadida desde o fim dos anos 1980 por garimpeiros atraídos pelas reservas de ouro, cassiterita e tantalita.
Reserva Indígena Ianomâmi |
Índios ianomâmis |
Os carajás habitam a região dos rios Araguaia e Javaés, nos estados de Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Pará. Dividem-se em trezentos subgrupos que correspondem a três dialetos por eles falados: os carajás propriamente ditos, os javaés e os xambioás, cujos dialetos pertencem ao tronco linguístico macro-jê. Eles se autodenominam inã, que é um termo comum aos três subgrupos. Acreditam na transformação do homem em animais e vice-versa. Residem a maior parte nas proximidades do rio Araguaia, pois acreditam que sua criação, rituais de passagem, alimento e alegria são dados por ele. Vivem do cultivo do milho, mandioca, batata, banana, cará, melancia, feijão e amendoim, e prezam pela pintura corporal. Dividem o trabalho, onde os homens ficam com a defesa do território, abertura de roças, construção de casas, pesca e outros. As mulheres ficam responsáveis pelo trabalho de educar os filhos, cuidar dos afazeres domésticos, do casamento dos filhos, da pintura e ornamentação das crianças, entre outros.
Casal de índios carajás |
Os termo guaranis referem-se a uma das mais representativas etnias indígenas das Américas, tendo como territórios tradicionais uma ampla região da América do Sul que abrange os territórios nacionais da Bolívia, Paraguai, Argentina, Uruguai e a porção centro-meridional do território brasileiro.
São chamados "povos", pois sua ampla população encontra-se dividida em diversos subgrupos étnicos, dos quais os mais significativos, em termos populacionais, são os caiouás, embiás, nhandevas, ava-xiriguanos, guaraios, izozeños e tapietés. Cada um desses subgrupos possui especificidades dialéticas, culturais e cosmológicas, diferenciando sua "forma de ser" guarani das demais.
Manifestam sua cultura em trabalhos em cerâmica e em rituais religiosos. Possuem sua própria língua, somente ensinam o português às crianças maiores de seis anos. São migrantes e agricultores. Acreditam que a morte é somente uma passagem para a "terra sem males", onde os que se foram partem para este local para proteger os que na Terra ficaram.
Karai Guarani, em Caarapó - MS |
O termo "tupis" possui dois sentidos: um genérico e outro específico. O sentido genérico do termo remete aos índios que habitavam a costa brasileira no século XVI e que falavam a língua tupi. O sentido específico do termo remete aos índios que habitavam a região da atual cidade de São Vicente - SP, na mesma época.
Os Tupis dividem-se em vários grupos: Tupinambá, Tupiniquim, Tamoio, Temiminó, Tabajara, Potiguara, Caeté, Viatã, Amoipira, Aricobé, Tupinaé ou Tupiná, dentre outros.
Os Tupis são dominados por um ser supremo designado Monan. A autoridade religiosa dentro das aldeias é o Pajé, que é um sábio que atua como adivinho, curandeiro e sacerdote. Utilizam a música e seus instrumentos de procriação, casamento, puberdade, nascimento e morte, para afastar flagelos, doenças e epidemias e festejar boas caçadas, vitórias em guerras, entre outros.
Existem cerca de 225 sociedades indígenas distribuídas em todo o território brasileiro, correspondendo a 0,25% da população do país.
Etnias indígenas do Leste-Nordeste brasileiro |
A partir do século XVI,iniciou-se a formação da população brasileira com a chegada dos portugueses e sua miscigenação com os grupos indígenas e negros africanos, trazidos como escravos.
Nos séculos XIX e XX, esse processo prosseguiu com a chegada de outros povos europeus. Entre os que vieram em maior quantidade estão os italianos - segundo grupo mais numeroso, depois dos portugueses -, espanhóis, alemães, japoneses, sírio-libaneses, russos, poloneses, chineses, coreanos, indonésios, uruguaios, bolivianos, entre outros.
Monumento Nacional ao Imigrante, em Caxias do Sul - RS |
Colonizadores do território brasileiro por 322 anos, de todos os povos que chegaram no país, os portugueses foram os que mais exerceram influência na formação da cultura brasileira. Durante todo o período de colonização cidadãos portugueses foram transportados para as terras sul-americanas, influenciando não só a sociedade que viria a se formar, como também as culturas dos povos que já existiam.
A mais evidente herança da cultura brasileira é a língua portuguesa, atualmente falada por todos os habitantes do país. Outros legados culturais são a religião católica, os folguedos populares, as figuras do folclore, a culinária e a introdução de movimentos artísticos como o renascentismo e o neoclassismo.
Ouro Preto - MG. Patrimônio Histórico e Cultural de origem portuguesa no Brasil |
A imigração italiana para o Brasil foi um dos maiores fenômenos imigratórios já ocorridos. À medida que o número de imigrantes e seus descendentes ia crescendo, o Brasil modificava os seus costumes, assim como os imigrantes modificavam os seus. Das inúmeras contribuições culturais dos italianos para o país, destacam-se: a introdução de elementos tipicamente italianos no catolicismo de algumas regiões (festas, santos de devoção, práticas religiosas); os diversos pratos incorporados à alimentação brasileira, como o hábito de comer panetone no Natal, a pizza, o espaguete e a polenta frita; o sotaque (principalmente na Região Sul), a introdução de novas técnicas agrícolas; a criação de times de futebol, como o Palestra Itália (atual Sociedade Esportiva Palmeiras), entre outros. Na televisão, a imigração italiana também influenciou obras artísticas, televisivas e cinematográficas, como as novelas Terra Nostra e Esperança, e o filme O quatrilho.
Pizza - um dos legados da cultura italiana no Brasil |
A imigração e a colonização alemã no Brasil tiveram um importante papel no processo de diversificação da agricultura e da urbanização e industrialização, tendo influenciado, em grande parte, a arquitetura das cidades e a paisagem físico-social brasileira.
O imigrante alemão difundiu no Brasil a religião protestante e a arquitetura germânica, contribuiu para o desenvolvimento urbano e da agricultura familiar, introduziu o cultivo do trigo e a criação de suínos, além da formação de um campesinato típico, marcado com traços da cultura camponesa da Europa Central. No domínio religioso, contribuiu para a influência de pastores, padres e religiosos descendentes alemães. Várias igrejas luteranas foram implantadas e o ritual católico adquiriu certas especificidades das comunidades alemãs. O Oktoberfest é a principal atividade festiva da cultura alemã no Brasil.
Arquitetura alemã em Guarapuava - PR |
Os imigrantes japoneses aperfeiçoaram as técnicas agrícolas e a pesca dos brasileiros. É notável o seu trabalho na aclimatação e desenvolvimento de vários tipos de frutas e vegetais antes desconhecidos no Brasil, como o caqui, a maçã-Fuji, a mexerica, a poncã e o morango. Os japoneses foram também responsáveis pela expansão da avicultura no país. No esporte, deve-se a influência japonesa o judô, aikidô, jiu-jítsu, caratê, kendo, sumô e o gateball. Na culinária destacam-se a yakisoba, sushi e sashimi.
Bairro da Liberdade em São Paulo - SP. Típico bairro japonês |
Os imigrantes eslavos se dedicaram principalmente à agricultura com plantações de milho, feijão, repolho, batata, entre outras culturas. Difundiram o uso do arado e de outras técnicas agrícolas no Paraná. Trouxeram consigo um modelo de carroça tipicamente eslava, utilizada até hoje no Estado paranaense para o transporte de materiais e da produção agrícola.
Casa do Colono Polonês em Curitiba - PR |
Os árabes foram um dos grupos de imigrantes que menos sofreram para se adaptar ao Brasil. Em sua maioria árabes-cristãos vindos da Síria e do Líbano, os imigrantes não encontraram uma realidade religiosa divergente. Além disso, encontraram no Brasil uma sociedade extremamente miscigenada e acostumada com a diversidade étnica.
Os árabes, abraçados ao costume da preservação familiar, formaram grandes famílias por todo o Brasil, incluindo-se casamentos dentro da colônia árabe e diversos com não-árabes.
A leva mais recente de imigrantes sírio-libaneses é, consideravelmente, islâmica, com uma minoria judaica.
Mesquita Omar Ibn Al-Khattab, em Foz do Iguaçu (PR) - cidade que a maior comunidade muçulmana no Brasil |
Outro grupo de imigrantes que têm entrado com maior frequência nos últimos anos no Brasil, são os imigrantes chineses.
A cultura chinesa no Brasil se destaca em várias formas. Na arquitetura, a influência chinesa se revela de várias maneiras, como no desenho ornamental e no estilo exterior de algumas construções. Uma delas são as plataformas de pedra, técnica comum na China desde a Antiguidade. Na medicina, a acupuntura, técnica praticada há mais de quatro mil anos na China, é cada vez mais aceita e utilizada no Brasil para tratar doenças diversas e vem se expandindo como prática alternativa ou medicina complementar. A arte marcial chinesa Tai Chi Chuan já virou moda no Brasil.
A celebração do Ano Novo Chinês, se tornou um evento cultural importante e entrou no calendário oficial da cidade de São Paulo. Tem-se prolongado pelo país os restaurantes chineses, que oferecem os mais variados pratos da cozinha chinesa.
Os restaurantes chineses são exemplos da valorização da cultura chinesa |
A partir do século XVI, com a chegada de negros africanos para servir de mão de obra escrava, amplia-se o processo de miscigenação. Os escravizados foram a principal mão de obra em atividades econômicas do Brasil colonial, colaborando para o desenvolvimento econômico do país.
Três grandes culturas africanas entraram no Brasil por meio de imigrações forçadas: culturas sudanesas, bantas e guineano-sudanesas islamizadas. Apresentavam diferentes tradições e crenças, o que contribuiu para a formação cultural brasileira.
Rota da escravidão África-Brasil |
A ESCRAVIDÃO
Assim como os primeiros indígenas, negros africanos introduzidos no Brasil e na América em geral foram submetidos a brutais condições de existência. Arrancados de suas comunidades, de suas famílias e de suas terras, atravessaram o Oceano Atlântico nos sujos porões dos navios negreiros como cargas ou mercadorias de venda e compra.Calcula-se que cerca de 10 milhões de negros africanos foram trazidos para a América entre 1502 e 1870, sem considerar os que morreram durante a viagem ou eram mortos durante a resistência ao seu aprisionamento. Desse total, estima-se que mais de 3,5 milhões foram desembarcados no Brasil.
Figura em que um escravo é açoitado |
OS BRASILEIROS NOS CENSOS DO IBGE
Por meio dos censos realizados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), entre outros aspectos, é possível conhecer a distribuição da população brasileira segundo a cor da pele. As pessoas, quando perguntadas pelos pesquisadores do IBGE que realizam o censo, são livres para autodeclarar sua cor de pele entre cinco opções: branca, preta, parda, amarela e indígena.Esse tipo de informação continua sendo levantada em estudos estatísticos não por uma posição racista ou preconceituosa por parte dos institutos de pesquisa, mas para avaliar a condição social das famílias e pessoas segundo a cor, considerando que na nossa história as elites dirigentes, de modo geral, não tiveram preocupações em melhorar as condições de vida de grupos menos favorecidos socialmente, como por exemplo, indígenas e negros. Por isso, essas informações podem dar apoio às políticas públicas que buscam reduzir, de maneira eficaz, as desigualdades sociais no país.
Reflexo das desigualdades: apartamentos luxuosos ao lado de precárias habitações |
AS COMUNIDADES DE QUILOMBOLAS
As comunidades remanescentes de quilombolas são formadas por descendentes de negros africanos escravizados que fugiram das fazendas de açúcar, café, da atividade mineradora e de outras a partir do século XVII. Eles se autodenominam quilombolas.Essas comunidades persistiram e são encontradas em praticamente todos os estados brasileiros; durante muito tempo ficaram desconhecidas ou isoladas. Com a Constituição Brasileira de 1988, que concedeu aos quilombolas o direito à propriedade de suas terras e à manutenção de suas culturas, essas comunidades se tornaram mais visíveis à sociedade brasileira.
Até 2002, haviam sido identificadas 743 comunidades quilombolas no Brasil. Atualmente, devido às iniciativas do governo federal e das comunidades quilombolas em busca de autorreconhecimento, o número de comunidades identificadas supera os 3.500.
No entanto, devido à demora no processo de reconhecimento oficial e titulação da maior parte delas, existem muitos conflitos entre quilombolas, fazendeiros e posseiros.
Comunidades quilombolas do Brasil |
DESIGUALDADE ENTRE NEGROS E NÃO NEGROS
Vários estudos comprovam que a população negra, no seu conjunto, possui piores condições de vida em relação a outros grupos de pessoas.A expressão mais dramática dessa desigualdade é a incidência da pobreza na população negra: no Brasil, de cada dez pobres, seis são negros. Além disso, os negros recebem cerca de metade dos rendimentos obtidos pelos não negros e apresentam as maiores taxas de desemprego.
A desigualdade persiste na educação: a taxa de analfabetismo é maior na população negra, grupo que apresenta, em média, dois anos a menos de estudo. Isso significa que, quanto maior o nível de ensino (da educação básica ao ensino superior), menor é a presença de negros.
No mercado de trabalho, ainda é alta a desigualdade entre negros e não negros, sobretudo em relação às mulheres negras. Elas são as que mais sofrem com a discriminação: apresentam a menor taxa de participação no mercado de trabalho, a menor taxa de ocupação, a maior taxa de desemprego e o menor rendimento.
A população negra é a que mais sofre com o desemprego |
OS MOVIMENTOS DOS AFRO-BRASILEIROS
Nos últimos anos, os movimentos de luta dos afrodescendentes por igualdade social e melhores condições de vida estão os levando a vencer barreiras sociais e culturais, e a destacar-se em várias atividades. Mostram com isso que não é a cor da pele que determina a capacidade das pessoas.Logo após a abolição da escravidão em 1888, surgiram as primeiras organizações formadas por afrodescendentes. Nas décadas de 1960 e 1970, os movimentos em busca de direitos civis para os negros ganharam maior força no Brasil, sob influência dos movimentos negros dos Estados Unidos e pela independência das colônias europeias na África. Na música e na dança, utilizaram de expressões contestatórias, tornaram mais visíveis as injustiças a que são submetidos. O rap (rhythm and poetry: ritmo e poesia), aborda o racismo, a violência policial, as precárias condições de renda e outras temáticas sociais.
Negra Li - cantora Rap do Brasil |
FONTE: Adas, Melhem. Expedições geográficas / Mellhem Adas, Sérgio Adas. -- 1. ed. -- São Paulo: Moderna, 2011.
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