terça-feira, 4 de setembro de 2012

ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

  O território que hoje pertence aos Estados Unidos foi colonizado por britânicos, franceses e espanhóis; no entanto, foram os britânicos que se tornaram hegemônicos e mais influenciaram a formação da sociedade norte-americana. A primeira colônia inglesa foi fundada em 1607 na Virgínia, na costa do Oceano Atlântico, e ao longo do século XVII várias outras foram fundadas, totalizando 13 colônias, que constituíram o núcleo inicial do atual território.
As Treze Colônias dos Estados Unidos
  Em 4 de julho de 1776, representantes de todas as colônias promulgaram na Filadélfia a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, documento dirigido por Thomas Jefferson. A separação só foi reconhecida pelos ingleses ao final da Guerra de Independência (1775-1783) com a assinatura do Tratado de Versalhes. Após a independência iniciou-se um processo de expansão para o oeste, marcado por guerras contra as nações indígenas e os mexicanos, e o território norte-americano passou a ter sua configuração atual composto por 50 estados, além do Distrito de Colúmbia, onde se localiza Washington, a capital do país.
Expansão territorial dos Estados Unidos
OS FATORES DA INDUSTRIALIZAÇÃO
  Quando os Estados Unidos ainda pertenciam ao Reino Unido, receberam um grande fluxo de imigrantes britânicos, principalmente nas colônias do Norte. Esses imigrantes, fugindo de perseguições políticas e religiosas ou das más condições de vida vigentes na Europa, foram se fixando na faixa litorânea, num trecho conhecido como Nova Inglaterra. Ali desenvolviam uma agricultura diversificada (policultura), em pequenas propriedades, nas quais predominava o trabalho familiar.
  Cidades como Nova York, Boston e Filadélfia começavam a surgir e crescer num ritmo acelerado e teve início uma atividade manufatureira, pois vários imigrantes que eram artesãos no Reino Unido trouxeram consigo suas habilidades e ferramentas. Gradativamente, foi se estruturando um mercado interno, com o predomínio do trabalho familiar no campo e do trabalho assalariado nas cidades. Isso criou condições para a crescente expansão das manufaturas, das casas de comércio e dos bancos.
Relato do capitão John Smith sobre os colonos ingleses na Virgínia no início da colonização dos Estados Unidos
  Assim, nas colônias do Norte, organizou-se uma colonização de povoamento. Enquanto isso, nas do Sul, imperava a colonização de exploração, estruturada em uma sociedade rigidamente estratificada, assentada na exploração do trabalho escravo. A economia sulista era baseada em plantations, ou seja, em grandes propriedades monocultoras nas quais se cultivava principalmente o algodão, utilizando trabalho escravo de povos negros trazidos à força da África Central. Praticamente toda a produção era exportada para o Reino Unido. A riqueza estava fortemente concentrada nas mãos dos fazendeiros escravagistas e, dessa maneira, o mercado interno prosperava muito lentamente.
  Já nas colônias do Norte os negócios se expandiram com rapidez e os capitais se concentravam nas mãos da burguesia nascente. Com o tempo, os capitalistas e outros setores da sociedade nortista desenvolveram interesses próprios que passaram a se chocar com a dos britânicos. O resultado desse conflito de interesses, levou a uma guerra entre a colônia e a metrópole e à independência política, que fez dos Estados Unidos o primeiro país livre da América.
Thomas Jefferson - autor do documento de Declaração da Independência dos Estados Unidos
  A maioria dos primeiros imigrantes era britânica, seguidores de religiões cristãs protestantes, principalmente puritanos (como eram chamados os calvinistas na Grã-Bretanha), que haviam rompido com a Igreja Católica a partir da Reforma protestante empreendida por João Calvino (1509-1564), entre outros teólogos. Essas religiões favoreciam o desenvolvimento capitalista, uma vez que não condenavam moralmente a riqueza. Ao contrário, pregavam que a riqueza  era bem-vinda porque era fruto do trabalho, de uma vida austera, que afastava o fiel do pecado e o aproximava da salvação divina.
João Calvino - fundador do calvinismo
  Embora o aspecto cultural não seja determinante, pois na Itália católica e no Japão xintoísta/budista o capitalismo também floresceu, é indiscutível que o protestantismo criou condições culturais extremamente favoráveis ao desenvolvimento de um espírito empreendedor e de uma ética do trabalho, importantíssima para a acumulação de capitais. O papel do puritanismo nesse processo foi analisado, entre outros, pelo sociólogo alemão Max Weber (1864-1920), que já o desvenda no próprio título de seu livro: A ética protestante e o espírito do capitalismo.
  Outro fator fundamental, que favoreceu o processo de industrialização, é de ordem natural. O Nordeste dos Estados Unidos, além de estar próximo do oceano - o que facilita os transportes marítimos e o intercâmbio comercial - possui grandes reservas de carvão nas bacias sedimentares próximas aos Apalaches, nos estados da Pensilvânia e de Ohio, e de importantes jazidas da minério de ferro nos escudos próximos ao Lago Superior, nos estados de Minnesota e de Wiscosin. O país dispõe de grandes e diversificadas reservas minerais e energéticas.
  Os Grandes Lagos favoreceram imensamente os transportes e, pouco a pouco, todos foram interligados por canais artificiais e eclusas que o ligaram ao Oceano Atlântico pelo Rio São Lourenço, no Canadá, e pelo Rio Hudson, que alcança o Lago Erie por meio de um canal artificial, e desemboca no Atlântico, onde se localiza o porto de Nova York.
A ARRANCADA INDUSTRIAL
  Após a independência, as diferenças econômicas, sociais e culturais entre a sociedade nortista, nascida das colônias de povoamento, e a sociedade sulista, oriunda das colônias de exploração, afloraram nitidamente e se estenderam até a segunda metade do século XIX, quando acabaram desembocando num conflito armado. Os estados escravagistas do Sul, ou, mais precisamente, suas elites aristocráticas em franca decadência política e econômica, tentando manter o poder e, ao mesmo tempo, a escravidão, criaram os Estados Confederados da América.
  Esses estados, desse modo, declararam sua secessão, ou seja, sua separação da federação americana, dominada pelos capitalistas industriais e financeiros do Norte. Essa atitude provocou a Guerra de Secessão ou Guerra Civil Americana.
Pintura da Batalha de Gettysburg
  A vitória da burguesia nortista trouxe como resultado geopolítico mais importante a manutenção da unidade territorial do país, que já se estendia do Atlântico ao Pacífico. Interessados em garantir a ocupação dos territórios tomados dos povos nativos (à custa de um grande genocídio) e aumentar o mercado consumidor para os bens produzidos por suas indústrias, a elite do Norte passou a estimular a imigração.  Em 1862 foi elaborada a chamada Lei Lincoln (Homestead Act), segunda a qual as famílias que migrassem  para o Oeste receberiam 65 hectares de terra para se fixarem e, caso permanecessem cultivando-os por pelo menos cinco anos, ganhariam sua posse definitiva. Essa lei provocou o aumento da imigração, garantindo a ocupação das terras do Oeste, principalmente nos férteis solos das planícies centrais. Porém, o que mais contribuiu para atrair imigrantes e para ampliar o mercado interno do país foi a aceleração de seu processo de industrialização, sobretudo no final do século XIX e início do século XX: no período de 1890 a 1929 se fixaram no país mais de 22 milhões de imigrantes.
Dodge City (em 1878) foi uma das mais importantes cidades do Velho Oeste. Apresentava todas as características mais marcantes das poeirentas e violentas cidades do florescente oeste norte-americano
  A crise de 1929, a depressão dos anos 1930 decorrente dela e a Segunda Guerra reduziram drasticamente a entrada de pessoas no país nos anos 1930-1940, porém o fluxo imigratório voltou a aumentar no pós-guerra e atingiu seu pico nos anos 1990, década em que entrou quase o mesmo número de imigrantes que nos vinte anos anteriores. Entre 1850 e 2008 os Estados Unidos foram o país que mais receberam imigrantes no mundo, com a fixação de mais de 72 milhões de pessoas em seu território. Observe a tabela abaixo.

IMIGRAÇÃO NOS ESTADOS UNIDOS (1850-2008)
Período*
Pessoas que obtiveram a condição legal de residente permanente
1856-1869
4.895.815
1870-1889
7.990.705
1890-1909
11.896.682
1910-1929
10.642.890
1930-1949
1.555.983
1950-1969
5.713.017
1970-1989
10.492.582
1990-1999
9.775.398
2000-2008
9.168.612
Total
72.131.684
* No período 1850-1989 o intervalo é de 20 anos, a partir de 1990, de dez anos.
Fonte: U.S. Department of Homeland Security. Yearbook off Immigration Statistics: 2008. Disponível em: : 01/09/2012.
  Outra medida que ampliou o mercado interno de consumo foi a decretação, em 1863, do fim da escravidão. A partir de então, foi-se disseminando nos Estados Unidos o trabalho assalariado e, pouco a pouco, foi-se estruturando, pela primeira vez na história, uma ampla sociedade de consumo, que se consolidou após a Primeira Guerra Mundial.
NORDESTE: LOCALIZAÇÃO INDUSTRIAL E DECADÊNCIA RECENTE
  Apesar da descentralização recente, na região Nordeste dos Estados Unidos ainda se encontra a maior concentração industrial do país, e uma das maiores do mundo.
Mapa das áreas industriais dos Estados Unidos
  Pelas razões já mencionadas, a primeira região do país a se industrializar foi o Nordeste, onde, durante muito tempo, determinados ramos industriais se se concentram mais em algumas cidades que em outras que em outras, definindo assim as "capitais".
  As grandes siderúrgicas concentraram-se no estado da Pensilvânia, como a United States Steel, em Pittsburgh, por causa da disponibilidade de carvão, da facilidade de recepção do minério que provém de Minnesota por meio dos Grandes Lagos e da proximidade dos centros consumidores. Apesar do fechamento de fábricas e da transferência de usinas para outros lugares, essa cidade continua sendo conhecida como a "capital do aço".
Pittsburgh - conhecida como a "capital do aço" dos Estados Unidos
  A região metropolitana de Detroit, no estado de Michigan, foi o grande centro da indústria automobilística. Está localizada numa posição central, o que facilitou a recepção de matérias-primas e peças, além do posterior envio dos produtos acabados. Abrigando fábricas das "três grandes" - General Motors (GM), Ford e Chrysler - e diversas de autopeças, ela tornou-se a "capital do automóvel", mas atualmente sofre com a falência de algumas indústrias e saída de outras, que migram para outras regiões em busca de menores custos de produção. Devido à elevação do alto custo da mão de obra, à má gestão praticada pelos seus administradores e à acirrada concorrência de automóveis de outras marcas, especialmente japonesas e coreanas, as outrora todo-poderosas montadoras americanas estão tendo sérios problemas, que foram agravados pela crise financeira de 2008.
Detroit - conhecida como a "capital do automóvel"
  A GM, que por décadas foi a maior automobilística do mundo, pediu concordata em junho de 2009 e, para não falir, foi encampada pelo governo americano, que injetou 50 bilhões de dólares na empresa e passou a controlar 61% de suas ações (o governo do Canadá ficou com 12%, o sindicato United Auto Workers, com 17%, e os credores, com 10%). Entretanto, o plano do governo é se desfazer de suas ações depois de sanear a empresa. No mesmo ano, a Chrysler, para evitar a falência, teve parte de suas ações vendidas ao Grupo Fiat. A Ford, sediada em Dearborn (Michigan), não enfrentou os mesmos problemas das concorrentes.
Sede da Ford em Dearborn - Estados Unidos
  Imagine a quantidade de indústrias complementares imprescindíveis ao funcionamento das montadoras de automóveis: autopeças, plásticos, borrachas, vidros, equipamentos eletrônicos etc. Essas indústrias, por sua vez, necessitam de outros setores: siderúrgicas, petroquímicas etc. Isso evidencia como é grave a crise na indústria automobilística, devido ao seu enorme efeito multiplicador.
  Detroit já não é mais a "capital do automóvel" porque muitas de suas antigas fábricas de carros e autopeças estão fechando as portas. A cidade e sua região metropolitana estão enfrentando o desemprego crescente, o empobrecimento da população e a deterioração urbana. Muitos de seus moradores gostariam de se mudar, mas a profunda desvalorização imobiliária os impede de vender suas casas e comprar uma nova em outro lugar.
Casa abandonada em Detroit - Estados Unidos
  Diversos ramos industriais estão espalhados por inúmeras cidades do Nordeste dos Estados Unidos, a região de maior concentração urbano-industrial do planeta. Ali, a história mostrou ser verdadeira a frase: "Indústria atrai indústria". Surgiu, assim, um grande cinturão industrial, o manufacturing belt, que se estende por várias cidades, como Chicago, Detroit, Cleveland e Buffalo, às margens dos Grandes Lagos; Pittisburgh e Columbus, na região dos Apalaches; Boston, Nova York, Filadélfia e Baltimore, na costa leste. Devido à crise de indústrias com forte presença na região, como a automobilística, e de outras que dependem muito dela, como a siderúrgica, e ao consequente fechamento de inúmeras fábricas, muitos têm afirmado que essa região deveria ser chamada de rust belt (cinturão da ferrugem) devido à decadência industrial.
Cinturão da Ferrugem ou Rust Belt
A DESCONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL
  Há algumas décadas, está ocorrendo nos Estados Unidos um processo de desconcentração industrial. O cinturão industrial (manufacturing belt) do Nordeste já chegou a concentrar, no início do século XX, mais de 75% da produção industrial dos Estados Unidos. De lá para cá sua participação vem se reduzindo, e hoje ela é inferior a 50%. Como consequência do grande crescimento de cidades do Nordeste, que se agruparam em gigantescas megalópoles, como a que se estende de Boston a Washington (Boswash), passando por Nova York, tem havido uma tendência de elevação dos custos de produção na região. Novos centros surgiram no Sul e no Oeste do país, e centros mais antigos nessas mesmas regiões se expandiram, acarretando uma dispersão industrial. Algumas das cidades norte-americanas que mais têm crescido estão nessas regiões, como Atlanta, Dallas, Houston, Seattle, São Francisco etc.
Atlanta - uma das cidades que mais crescem nos Estados Unidos
SUL
  As primeiras fábricas do Sul dos Estados Unidos datam de 1880: produziam fios e tecidos e foram instaladas por indústrias da Nova Inglaterra, atraídos pela disponibilidade de matéria-prima, o algodão, cultivado na região. Contudo, a industrialização efetiva da região Sul ganhou grande impulso no início do século XX após a descoberta de enormes lençóis petrolíferos, principalmente no Texas. Após a Segunda Guerra o processo se intensificou, pois a necessidade de defesa e de desenvolvimento do programa espacial estimularam a expansão industrial no Sul. Foi construída uma fábrica de aviões em Marietta (Geórgia), onde hoje se encontra uma das maiores unidades da Lockheed Martin, empresa do setor aeroespacial. Em Huntsville (Alabama), foi construído um dos centros da NASA, a agência espacial dos Estados Unidos, e uma fábrica de aviões militares e mísseis da Boeing, a maior indústria aeronáutica do mundo.
Centro da NASA em Huntsville
  No Texas, localiza-se o importante Centro Espacial de Houston, sede da NASA. Na Flórida, em Cabo Canaveral, encontra-se o Centro Espacial John F. Kennedy, base de lançamento de foguetes. No Texas há também importantes indústrias aeronáuticas, em Fort Worth e San Antonio, e grandes indústrias petrolíferas em Houston, onde se destaca a Exxon Mobil, que em 2008 era a segunda colocada na lista das 500 maiores da revista Fortune, com um faturamento de 443 bilhões de dólares, valor equivalente ao PIB da Bélgica (a maior do mundo era a anglo-holandesa Royal Dutch Shell, com um faturamento de 458 bilhões de dólares).
Centro Espacial Jonh F. Kennedy em Cabo Canaveral - Flórida
OESTE
  A última região dos Estados Unidos a se industrializar foi o Oeste. Entre os fatores que contribuíram para a instalação de indústrias nessa região, destacam-se:
  • disponibilidade de mão de obra, que foi se concentrando desde a época da Corrida do Ouro, em meados do século XIX, quando a exploração desse metal na Serra Nevada (Califórnia) atraiu muita gente;
  • existência de outros minérios, como ferro e cobre, nas Montanhas Rochosas e na Serra Nevada, e de petróleo e gás natural na Bacia da Califórnia;
  • disponibilidade de elevado potencial hidrelétrico, principalmente nos rios Columbia e Colorado.
Represa Grand Coule - localizada no Rio Columbia, no estado de Washington
  Em Seattle (estado de Washington) há uma importante concentração da indústria aeronáutica (divisão de aviões comerciais da Boeing), e em Portland (Oregon) de indústrias ligadas ao alumínio. Mas o estado mais importante do Oeste é a Califórnia, com um parque industrial bastante diversificado, localizado principalmente no eixo São Francisco-Los Angeles-San Diego (a segunda megalópole do país), com indústrias petroquímicas, automobilísticas, aeronáuticas, navais, alimentícias e outras.
  Há, assim, muitos setores tradicionais. No entanto, pelo fato de ser uma industrialização relativamente recente, bastante vinculada à indústria bélica (por isso recebeu fortes incentivos governamentais) e ligadas a importantes universidades e centros de pesquisas, no Oeste se encontram as mais importantes concentrações de indústria de alta tecnologia dos Estados Unidos, principalmente no tecnopolo do Vale do Silício.
VALE DO SILÍCIO
  O Vale do Silício (Silicon Valley), no norte da Califórnia, foi o primeiro tecnopolo implantado no mundo. Ainda é o mais importante e serve de modelo para muitos dos que surgiram depois em diversos países. Abrange as cidades de Palo Alto, Santa Clara, San José e Cupertino, entre outras localizadas em torno da Baía de São Francisco. Essa região é chamada Vale do Silício porque sua formação foi baseada nas indústrias de semicondutores, que produzem microchips (ou microprocessadores), cuja matéria-prima é o silício, e na indústria de informática, tanto de computadores e periféricos (hardware) como de sistemas e programas  (software).
Parque industrial de San José - mais importante cidade do Vale do Silício
  Embora o início de sua industrialização remonte aos anos 1930, a expressão "Vale do Silício" surgiu em 1971 e o impulso para o desenvolvimento da região se deu sobretudo durante a Guerra Fria, devido à corrida armamentista e aeroespacial. Foram as indústrias eletrônicas do Vale do Silício que, por exemplo, forneceram transistores para  mísseis e circuitos integrados para os computadores que guiaram as naves Apollo, cuja série 11 atingiu a Lua. Assim, o governo dos Estados Unidos, além de subsidiar as pesquisas nos laboratórios de universidades e empresas, garantia mercado para a produção regional, comprando parte do que era produzido.
  A criação, em 1951, do Stanford Industrial Park, no campus da universidade do mesmo nome, também teve um importante papel no desenvolvimento desse parque tecnológico, pois atraiu indústrias de alta tecnologia (P & D), principalmente do setor de microeletrônica e informática. Outras universidades da região tiveram  papel crucial na formação de mão de obra qualificada e na produção de pesquisa de ponta, entre as quais a Universidade da Califórnia (campus de Berkeley e de São Francisco) e a Universidade Estadual de San José.
Universidade da Califórnia - Campus de Berkeley
  Graças aos pesquisadores dessas universidades o Vale do Silício tornou-se o principal centro de alta tecnologia do mundo. Também contribuiu para isso a existência de um espírito empreendedor, de capitais de risco e de um ambiente favorável aos investimentos e à gestação de novas empresas.
  Muitas dessas empresas dos setores de microeletrônica e informática, que hoje estão entre as maiores do mundo, foram gestadas na região. Por exemplo, em 1939 dois estudantes da Universidade de Stanford - William Hewlett e David Packard - fundaram uma empresa de computadores e impressoras que leva seus sobrenomes - a HP -, a maior do mundo no setor (32ª posição entre as 500 maiores em 2008).
Sede da HP na Califórnia
  Mas há diversas outras no Vale, entre as quais se destacam: Intel e AMD (semicondutores), Apple (computadores), Oracle e Adobe (programas e sistemas), Cisco System (TI), entre outras menos conhecidas. Grandes empresas do setor de informática que têm sede em outros lugares dos Estados Unidos, como a Microsoft, em Redmond (estado de Washington), e a IBM, em Nova York (estado de Nova York), também têm filiais aí. Mesmo corporações japonesas e europeias mantêm centros de pesquisa na região.
  Apesar da diversificação posterior, sobretudo com a biotecnologia, ainda é predominante a participação desses setores pioneiros. Importantes empresas que se desenvolveram recentemente devido à expansão da Internet, como a Google (fundada em 1998), também têm sede no Vale do Silício.
Empresas de semicondutores e de informática presentes no Vale do Silício
BOSTON
  No leste do país destaca-se outro importante tecnopolo, localizado na região metropolitana de Boston (Massachusetts) e que se desenvolveu a partir dos anos 1960 ao longo da Rota 128, uma autoestrada que contorna as cidades da metrópole. Esse tecnopolo também está vinculado à indústria bélica e passou a abrigar inúmeras empresas do setor eletrônico, como a Digital Equipment (computadores), a Raytheon (setor bélico) e outras. Mais recentemente têm se desenvolvido novos setores de alta tecnologia na região, especialmente em Cambridge, destacando-se os de biotecnologia e de equipamentos médicos.
Boston
  A região de Boston passou por um processo de reconversão industrial. Em torno dessa cidade os prédios inteligentes dos setores ligados à nova economia informacional surgiram, muitas vezes, no lugar de antigas fábricas, como as têxteis ou navais, típicas da Primeira Revolução Industrial. Diferentemente de outras cidades do Nordeste que passaram a fazer parte do Rust Belt, a região de Boston transformou-se num tecnopolo  porque dispõe do ativo mais importante da revolução informacional: conhecimento científico-tecnológico avançado. Isso ocorre graças aos pesquisadores de Harvard e do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), duas das mais conceituadas universidades do mundo, da Universidade de Boston e de mais de 50 outras instituições de ensino e pesquisa na região.

Instituto Tecnológico de Massachusetts
  Além desses principais, há vários outros tecnopolos no território dos Estados Unidos.
  Em 2008 os Estados Unidos tinham 140 corporações na lista da Revista Fortune, o que correspondia a 28% das 500 maiores do mundo. Entretanto, em 2001 chegou a ter 197 empresas na lista, 39% do total, um recorde. De lá para cá, empresas de países emergentes, especialmente da China, têm ocupado esse espaço. Isso é mais uma evidência do enfraquecimento relativo dos Estados Unidos e, paralelamente, do crescente fortalecimento das economias emergentes no mundo atual.
FONTE: Sene, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil, volume 2: espaço geográfico e globalização: ensino médio / Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. São Paulo: Scipione, 2010.

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom!

Anônimo disse...

Adorei este site!! Muito interessante. Parabéns!!
Anne e Denny =';'=

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