Geógrafo propõe nova divisão regional do Brasil
Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Essa é a divisão regional do Brasil, segundo o IBGE. Essa divisão em macrorregiões, retrata as diferenças sociais e políticas do território brasileiro e traz o levantamento de dados e estatísticas do país.
Essas unidades acabaram se constituindo em importantes agregadores de identidades culturais e organizando a concessão de verbas de diversas políticas públicas. Por demarcar as desigualdades sociais no território, essa divisão é bastante afinada com a realidade do espaço nacional. A atual configuração das cinco macrorregiões considera diversos aspectos geográficos, sociais e políticos, e procura retratar os fluxos econômicos entre as unidades federativas.
O Brasil é um país com enorme extensão territorial, apresentando uma área de 8.514.876 km². O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é o órgão responsável pela divisão regional do território brasileiro. Para reunir estados em uma mesma região são utilizados critérios como semelhanças nos aspectos físicos, humanos, culturais, econômicos e sociais. O Brasil, passou por várias divisões ao longo de sua História. Veja abaixo como se deu as divisões do Brasil ao longo de sua história.
Divisão em Capitanias Hereditárias
Realizada em 1534, pela Coroa portuguesa, consistiu na fragmentação do território brasileiro em quinze faixas de terra. Numa alternativa de administração territorial, o império português disponibilizou a algum membro da corte que fosse de confiança do Rei, uma das capitanias. Os donatários deveriam governar e promover o desenvolvimento da capitania a qual se tornasse responsável.
Divisão de 1913
Em 1913, o território nacional foi dividido em cinco "brasis" e não em regiões. O Brasil Setentrional ou Amazônico, reunia o Acre, Amazonas e Pará. O Brasil Norte-Oriental era composto pelo Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas. O Brasil Oriental, agregava Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro (onde ficava o Distrito Federal) e Minas Gerais. São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, faziam parte do Brasil Meridional. Goiás e Mato Grosso faziam parte do Brasil Central. Essa divisão revelava que na época, havia uma preocupação muito grande em fortalecer a imagem do Brasil como uma nação, uma vez que a República havia sido proclamada há poucos anos. Essa divisão influenciou estudos e pesquisas até a década de 1930, quando surgiram muitas divisões do território do Brasil, cada uma usando um critério diferente.
Em 1938, o Governo brasileiro teve que escolher uma divisão concreta para fazer o Anuário Estatístico do Brasil, um documento que continha informações sobre a população, o território e o desenvolvimento da economia do país.
Divisão de 1940
Além dos aspectos físicos, essa divisão levou em consideração, além dos elementos físicos, os aspectos socioeconômicos. A Região Norte, era composta pelos estados do Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí e o Território do Acre. Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais formavam a Região Centro. Bahia, Sergipe e Espírito Santo formavam a Região Leste. O Nordeste era composto por Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba e Alagoas. Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro pertenciam à Região Sul.
Divisão de 1942
Em 1942, o arquipélago de Fernando de Noronha foi transformado em território e incluído na região Nordeste. Em 1943, foram fundados os territórios de Guaporé, Rio Branco e Amapá (na região Norte), o território de Iguaçu foi anexado à região Sul e o de Ponta Porã, colocado na região Centro-Oeste.
Divisão de 1945
Em 1945, o Brasil possuía sete regiões: Norte, Nordeste Ocidental, Nordeste Oriental, Leste Setentrional, Leste Meridional, Centro-Oeste e Sul. Na porção norte do Amazonas, foi criado o território do Rio Branco, atual estado de Roraima; no norte do Pará, foi criado o Estado do Amapá; Mato Grosso, perdeu uma porção no noroeste, que passou a se chamar de território de Guaporé e outra no sul, que passou a ser chamado de território de Ponta Porã; no Sul, Paraná e Santa Catarina foram cortados a oeste e o território de Iguaçu foi criado.
Em 1950, os territórios de Ponta Porã e Iguaçu foram extintos e os estados do Maranhão e do Piauí, passaram a integrar a região Nordeste. Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro formavam a região Leste. Em 1960, Brasília foi criada, e o Distrito Federal, capital do país, foi transferido do Sudeste para a região Centro-Oeste. Em 1962, o Acre se tornou Estado autônomo e o território de Rio Branco ganhou o nome de Roraima.
Divisão do Brasil de 1969
Nesse ano o Brasil ganhou o desenho regional atual. Nasceu o Sudeste, com São Paulo e Rio de Janeiro sendo agrupados com o Espírito Santo e Minas Gerais. O Nordeste recebeu a Bahia e Sergipe. Todo o território de Goiás, ainda não dividido, pertencia ao Centro-Oeste. Mato Grosso foi dividido em 1977, dando origem ao Estado do Mato Grosso do Sul.
Divisão a partir de 1990
Com as mudanças da Constituição de 1988, ficou definida a divisão brasileira que permanece até os dias atuais. O Estado de Tocantins foi criado a partir da divisão de Goiás e incorporado à região Norte; Roraima, Amapá e Rondônia tornaram-se estados autônomos; Fernando de Noronha deixou de ser território Federal e foi incorporado à Pernambuco.
Nova divisão territorial do Brasil
A situação de Tocantins está diferente dos demais estados brasileiros, pois menos de 20% de suas fronteiras se encontra dentro do padrão de sua própria região. Além disso, por uma análise de fluxos e redes capaz de determinar o grau de coesão das unidades admnistrativas dentro da região, observa-se que o estado mantém fortes laços com o Pará e com o Maranhão, além de Goiás.
Trecho do rio Tocantins
Por outro lado, a região Norte, na prática, se divide em duas porções polarizadas por Manaus e Belém. E no Nordeste, o Maranhão desponta com características naturais e culturais diferenciadas dos demais estados da região.
Manaus - capital do Amazonas, polariza a porção oeste da região Norte
Belém - capital do Pará, polariza a porção leste da região Norte
Para reequilibrar as unidades, o geógrafo José Donizete Cazzolato propõe a revisão da atual divisão macrorregional. Para o geógrafo, a melhor solução seria a formação da região Noroeste e a reconfiguração das regiões Norte e Nordeste. Os critérios para o novo nódulo regional baseiam-se, prioritariamente, em aspectos econômicos, uma vez que os estados da nova região, compõem um vetor regional comum.
Ajustada à realidade dos fluxos geográficos, econômicos, políticos e demográficos, a divisão regional é um instrumento privilegiado de planejamento e ação governamental.
4 comentários:
Professor Marciano, obrigado pelo interesse e destaque da proposta de revisão da macrorregionalização do Brasil. Espaços como este contribuem muito positivamente na necessária discussão dos grandes temas e projetos nacionais.
Aproveito a oportunidade para informar que o referido artigo "As regiões brasileiras pós-Tocantins; ensaio para um novo arranjo" encontra-se disponível, na íntegra, no site www.donizetegeografo.com.br, juntamente com outros textos e um portfolio de produção cartográfica.
Abraço!
José Donizete Cazzolato
Obrigado professor José Donizete, é uma honra divulgar a sua proposta, abraços
Gostaria muito de ver SP de volta à região Sul.
Ok, Unknown, está registrado o seu desejo.
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