segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

GUERRA CIVIL NA SÍRIA

  A Síria vem enfrentando, desde março de 2011, uma guerra civil que já deixou mais de 130 mil mortos, além de destruir a infraestrutura do país e gerar uma crise humanitária regional. Essa guerra civil foi impulsionada pela Primavera Árabe, uma série de acontecimentos que aconteceu no mundo árabe - que reúne países cuja maioria da população é árabe e segue a religião islâmica. Esse grupo de países foi palco de manifestações que ficaram conhecidas como "Primavera Árabe", pois é na primavera que muitas formas de vida se renovam: por isso, o movimento da população por maior participação política nesses países foi associado a essa estação. Quando as pessoas dos chamados países árabes foram às ruas pedir mais liberdade, renegando a tradição autoritária, elas queriam justamente renovar suas vidas.
Países palcos da Primavera Árabe
  Quase três anos depois do início da guerra civil na Síria, as partes envolvidas e a comunidade internacional buscam soluções para pôr fim à esse conflito.
  Mais de duas milhões de pessoas deixaram o país em busca de refúgio nas nações vizinhas, aumentando as tensões entre a Síria e seus vizinhos do Oriente Médio; cerca de quatro milhões de sírios, tiveram que se deslocarem dentro da próprio país devido aos intensos combates; a situação sanitária têm-se agravado a cada dia; as organizações de ajuda humanitária não conseguem acesso a regiões inteiras da Síria; a economia só tem diminuído em meio aos combates.
Casas destruídas na cidade síria de Homs
  Em meio a tudo isso, o presidente Bashar al-Assad, da minoria étnico-religiosa alauíta, que governa o país desde 2000, resiste em deixar o poder e reprime duramente os manifestantes, que tentam derrubá-lo do poder.
  A rebelião teve início na cidade de Daraa, com caráter pacífico, onde a maioria sunita - que se considera prejudicada pelo governo - e a população em geral, reivindicavam mais democracia e liberdades individuais. Os manifestantes também acusavam o governo de corrupção e nepotismo. Durante essas manifestações nessa cidade, crianças, que pichavam muros, teriam sido presas e torturadas, gerando a revolta popular.
  Aos poucos, com a repressão violenta das forças de segurança, os protestos foram se espalhando pelo país e se transformando em uma revolta armada, apoiada por militares desertores e por grupos islamitas como a Irmandade Muçulmana, do Egito, e radicais do grupo Al-Nursa, uma "franquia" da rede terrorista Al-Qaeda, objetivando derrubar o regime.
Bashar al-Assad - presidente sírio
  Assad se recusou a renunciar, mas fez concessões para tentar acalmar  os manifestantes. Uma delas foi encerrar o estado de emergência que durava 48 anos; outra, foi elaborar uma nova Constituição para o país, além de realizar eleições multipartidárias. Apesar da adoção dessas medidas, a oposição continuou combatendo o seu governo e exigiu a sua renúncia. Uma mediação de paz proposto pela ONU, não vem surtindo efeito, e os combates só aumentaram.
  O governo Assad argumenta que a rebelião é insuflada por terroristas internacionais, principalmente por integrantes da rede Al-Qaeda, objetivando criar um caos no país, e que o governo está se defendendo para manter a integridade nacional.
Manifestantes contra o governo Assad nas ruas de Damasco
  A guerra civil na Síria trouxe à tona as tensões da Guerra Fria entre Oriente e Ocidente, decorrente do apoio da Rússia ao governo sírio.
  Desde o início do conflito, os Estados Unidos se limitam, oficialmente, a oferecer apoio não letal e ajuda humanitária aos rebeldes. Porém, o envolvimento da Al-Qaeda no conflito, diminuiu o interesse norte-americano em intervir na região, embora, o país continue a oferecer, mesmo que de forma tímida, ajuda aos rebeldes.
  A Rússia, que tem interesses econômicos e estratégicos na região, é a principal aliada do governo sírio. Outros aliados de peso ao regime de Bashar al-Assad, são a China e o Irã, além do movimento xiita libanês Hezbollah.
Prédios destruídos e incendiados na cidade de Aleppo, em outubro de 2012
Utilização de armas químicas
  Em 21 de agosto de 2013, a oposição anunciou que mais de mil pessoas foram mortas em um massacre com o uso de armas químicas em subúrbios de Damasco, região controlada pelos rebeldes. O governo negou as acusações, apesar de o Ocidente ter apresentado provas sobre esse episódio. Observadores da ONU foram autorizados a irem até o local para investigar se realmente houve o uso de armas químicas.
  Após o ataque, aumentaram as conversas sobre uma possível intervenção internacional no país, liderada pelos Estados Unidos. Porém, acordos entre o governo norte-americano e o governo russo, junto com o governo sírio, lacrou os arsenais sírios, evitando uma intervenção internacional.
Corpos de pessoas mortas por armas químicas nos arredores de Damasco
  No dia 16 de setembro de 2013, a ONU divulgou um relatório sobre a investigação, confirmando que um grande número de pessoas morreu vítima de gás sarin na região de Goutha, subúrbio da capital síria.
  Em dezembro de 2013, Estados Unidos e Rússia, principais negociadores externos, acertaram para o dia 22 de janeiro de 2014, a realização de uma conferência de paz chamada Genebra II. Sentarão a mesa o governo e a oposição.
  Durante a conferência, oposição e governo trocaram acusações. O governo sírio afirma que Assad não irá renunciar. O líder a Al-Qaeda pediu para que os jihadistas colocassem um fim aos combates na Síria, e o presidente do Irã defendeu eleições livres para encerrar a guerra civil.
Rebeldes sírios
  Por trás dessa guerra civil, existe um jogo de interesses entre os Estados Unidos, a Rússia, as monarquias do Golfo e o Irã, que buscam aumentar sua influência no Oriente Médio.
  Os Estados Unidos tentam manter a influência que exerce na região, principalmente após as guerras que travou contra o Iraque, a qual saiu vitorioso; a Rússia, busca recuperar sua influência, não só no Oriente Médio como também no mundo, visto que após o fim da URSS, o país diminuiu seu papel nas questões relacionadas à geopolítica mundial; as monarquias do Golfo, principalmente Arábia Saudita, Catar e Kuwait, são fortes oposições ao regime de Assad, e travam entre si, uma guerra de influência dentro da Liga Árabe, além de lutarem pelo enfraquecimento do Irã; já o Irã, tenta manter a hegemonia que tem perante os países árabes, principalmente na questão relacionada a geopolítica da região.
ALGUNS DADOS SOBRE A SÍRIA
NOME: República Árabe Síria
CAPITAL: Damasco
Parte antiga de Damasco
LÍNGUA OFICIAL: árabe
GOVERNO: República Unitária Semipresidencialista de Partido Dominante
INDEPENDÊNCIA: da França
Primeira declaração: setembro de 1936
Segunda declaração: 1º de janeiro de 1944
Reconhecida: 17 de abril de 1946
GENTÍLICO: siríaco, sírio
LOCALIZAÇÃO: Oriente Médio
ÁREA: 185.180 km² (86º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2013): 22.517.750 habitantes (51º)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 121,6
0 hab./km² (65º)
MAIORES CIDADES (Estimativa 2013):
Aleppo: 2.873.765 habitantes
Aleppo - maior cidade da Síria
Damasco: 2.376.182 habitantes
Damasco - capital e segunda maior cidade da Síria
Homs: 1.389.325 habitantes
Homs - terceira maior cidade da Síria
PIB (FMI - 2013): U$ 59,147 bilhões (68º)
IDH (ONU - 2012): 0,648 (116º)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2005/2010): 75,35 anos (58º)
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - 2005-2010): 2,52% ao ano (28º)
MORTALIDADE INFANTIL (ONU - 2011): 15,02/mil (79º)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2011): 54,7% (103º)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (Pnud - 2009/2010): 80,8% (119º)
PIB PER CAPITA (FMI - 2011): U$ 2.601 (123º)
MOEDA: Libra Síria
RELIGIÃO: cerca de 90% dos sírios seguem a religião islâmica, onde desse total, 74% são sunitas e 15% são de outros ramos do islamismo (alauítas, xiitas e drusos), 6,4% são cristãos (desse total, 3,4% são ortodoxos, e 3,0% seguem outras religiões cristãs), sem religião ou outras religiões (3,6%).

DIVISÃO: a Síria está dividida em 14 distritos, cujos governadores são nomeados por decreto, mas trabalham com um conselho eleito (o número corresponde ao distrito no mapa): 1. Damasco 2. Rif Dimashq 3. Quneitra 4. Dara 5. As Suwayda 6. Homs 7. Tartous 8. Lataquia 9. Hama 10. Idlib 11. Aleppo 12. Ar Raqqah 13. Dayr az Zawr 14. Al Hasakah
FONTE: Ribeiro, Wagner Costa. Por dentro da geografia, 9º ano: globalização e tensões / Wagner Costa Ribeiro. - 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2012

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