segunda-feira, 3 de março de 2014

NOVAS RELAÇÕES DE TRABALHO NOS ESPAÇOS DA GLOBALIZAÇÃO

  A globalização é um dos processos de aprofundamento internacional da integração econômica, social, cultural e política que teria sido impulsionada pelo barateamento dos meios de transporte e comunicação dos países no final do século XX e início do século XXI.
  Embora vários estudiosos situem a origem da globalização em tempos modernos, outros traçam a sua história muito antes da era das descobertas e viagens ao Novo Mundo pelos europeus. No final do século XIX e início do século XX, a conexão das economias e culturas do mundo cresceu muito rapidamente.
  O termo globalização tem estado em uso crescente desde meados da década de 1980 e, especialmente, a partir de 1990.
  Em 2000, o Fundo Monetário Internacional (FMI) identificou quatro aspectos básicos da globalização: comércio e transações financeiras, movimentos de capital e de investimento, migração e movimento de pessoas e a disseminação de conhecimento. Além disso, os desafios ambientais, como a mudança climática, poluição do ar e excesso de pesca do oceano estão ligadas à globalização.
A expansão das transnacionais pelo mundo é um dos exemplos da globalização
  As novas tecnologias presentes nos espaços da globalização alteraram as relações espaço-tempo, intensificando a produção e os fluxos de mercadorias, pessoas e informações entre os lugares.
  O trabalho de vendas ou de atendimento ao consumidor está presente em quase todos os produtos comercializados e serviços prestados, como na área de saúde, de TV a cabo, telefonia fixa e móvel, internet, energia elétrica, serviços bancários, de cartão de crédito, entre outros. É comum a presença de dezenas de funcionários num mesmo ambiente de trabalho onde se utilizam, principalmente, as tecnologias do computador e do telefone. Essa forma de se relacionar entre empresas, prestadores de serviços, clientes, e entre as pessoas, é uma das características atuais da economia capitalista que predomina no mundo globalizado.
Tecnologia da Informação (TI)
  A influência da tecnologia transformou as relações na sociedade e contribuiu para uma nova organização do trabalho nos mais diversos setores da economia - financeiro, saúde, educação, lazer, entre outros -, tanto nos países industrializados como nos que estão em desenvolvimento.
  A produção para atender diferentes mercados, em todos os países e continentes, e a necessidade de ter custos menores acompanhados de inovações tecnológicas intensificaram  o uso da automação no processo produtivo. Essa informação reduziu o número de vagas e, consequentemente, de empregados nas empresas, provocando o chamado desemprego estrutural.
  O desemprego estrutural resulta das mudanças da estrutura da economia. Estas provocam desajustamentos no emprego da mão de obra, assim como alterações na composição da economia associada ao desenvolvimento. Existem duas causas para este tipo de desemprego: insuficiência da procura de bens e de serviços e insuficiência de investimento em torno da combinação de fatores produtivos desfavoráveis.
O uso cada vez maior da tecnologia vem provocando o chamado desemprego estrutural
  Nos países mais desenvolvidos, a utilização cada vez maior de recursos tecnológicos na produção industrial e na prestação de serviços gera desemprego nas fábricas. Em contrapartida, crescem as atividades no setor de serviços e o emprego nessa área. Já nos países menos desenvolvidos, o uso da tecnologia impulsionam também as atividades de serviços, mas provocam desemprego ainda maior na produção industrial e aumenta a pobreza. Os principais setores atingidos pelo desemprego estrutural são a agricultura, a estrutura de terceirização, a prestação de serviços e a indústria.
A mecanização da agricultura contribui para o êxodo rural
  Até a primeira metade do século XX, quando grande parte dos empregos estava voltada para a produção de bens, como automóveis, eletrodomésticos, roupas e outros objetos de uso pessoal, o trabalhador passava muitas horas na linha de produção, realizando movimentos repetitivos e mecânicos. Esse modelo de organização do trabalho tinha o objetivo de fabricar mercadorias de forma mais eficiente e rápida possível.
  Os trabalhadores - inclusive os mais especializados, os que não atuavam diretamente na linha de produção e que trabalhavam no setor administrativo - geralmente criavam vínculos fortes com a empresa, permanecendo no mesmo lugar de trabalho por vários anos, na mesma atividade. Porém, a partir da segunda metade do século XX, as mudanças na economia provocadas pela expansão mundial das grandes empresas e pela competitividade tornaram mais flexíveis a organização da produção e as relações de trabalho.
Uma das grandes mudanças nas relações de trabalho se deu com o fordismo
  Assim, o objetivo de melhorar os índices de produtividade dos funcionários e da competitividade do produto continua o mesmo, mas os instrumentos que tornam isso possível num mercado agora globalizado avançaram enormemente. A capacidade de inovar, interagir e cooperar no ambiente de trabalho são atualmente habilidades e atitudes valorizadas nas novas relações de trabalho a fim de aumentar a eficiência do empregado, e são estimuladas pelas empresas com gratificações e prêmios.
  O local de trabalho, por sua vez, também se tornou mais flexível. Em algumas atividades profissionais, as tarefas podem ser desenvolvidas fora do ambiente da empresa. Com a utilização de computadores pessoais ou portáteis, da internet, de celulares, tablets e sistemas de voz e imagem via internet, alguns profissionais podem inclusive trabalhar em casa, na mesma cidade da empresa ou até em outro país.
O avanço das telecomunicações permitiu as pessoas trabalharem sem sair de casa
  Apesar das mudanças nas relações de trabalho e de produção assinaladas nas últimas décadas, nem todas as empresas têm modelos de organização modernos. Muitas atividades produtivas procuram se tornar atuais, enfrentando várias dificuldades para serem competitivas no mercado.
  Além disso, muitos trabalhadores ainda vivenciam condições consideradas degradantes de trabalho em vários países do mundo: jornadas de trabalho sem períodos de descanso adequados, trabalhadores constantemente vigiados e controlados para atingirem a quantidade prevista de produção, salários baixos, muitas vezes insuficientes para garantir a sua sobrevivência.
A vigilância é uma das formas de pressionar os trabalhadores
  Com o avanço da tecnologia, os trabalhadores não qualificados são os que mais sofrem no mercado de trabalho. Sem oportunidades, acabam por entrar no mundo do subemprego.
  Subemprego é uma situação econômica localizada entre o emprego e o desemprego. Ocorre normalmente quando a pessoa não tem recursos financeiros ou formação técnica profissional para se recolocar no mercado de trabalho. Tal situação, que deveria ser temporária, transforma-se em definitiva quando o trabalhador não consegue mais voltar à economia formal, se transformando em trabalhador informal (sem apoio da Previdência Social, salário fixo, carteira assinada, seguro-desemprego, férias, décimo terceiro salário, entre outros).
  São exemplos de subemprego: camelôs, flanelinhas, catadores de material reciclável, ambulantes, entre outros.
Trabalhador informal
FONTE: Geografia nos dias de hoje, 9º ano / Cláudio Giardino ... [et al.]. - 1. ed. - São Paulo: Leya, 2012. - (Coleção nos dias de hoje)

sábado, 1 de março de 2014

A REGIÃO DO JALAPÃO

  O Jalapão é uma região árida pontilhada de oásis, situada a leste do estado do Tocantins, com temperatura média de 30ºC e uma área de aproximadamente 34 mil quilômetros quadrados de um ecossistema frágil, caracterizada por muita água subterrânea, alguns rios, serras e solo arenoso com cobertura de cerrado, sendo um dos lugares mais fascinantes do Brasil. O Jalapão abrange os municípios de Ponte Alta do Tocantins, Mateiros, São Félix do Tocantins, Lizarda, Novo Acordo, Santa Tereza do Tocantins, Lagoa do Tocantins e Rio da Conceição.
  Os rios Sono, Soninho, Novo, Balsas, Preto e Caracol banham a paisagem árida e rasteira, que varia do cerrado baixo à campina. Matas de galeria surgem próxima de rios, cachoeiras, lagoas, dunas de areia, serras e chapadões de até 800 metros de altura. A jalapa-do-brasil, que deu nome ao Jalapão, pode ser encontrada em toda a parte. Também no Jalapão encontra-se a comunidade dos Mumbucas, comunidade quilombola descendentes de ex-escravos que fugiram da Bahia.
Rio Balsas
  A fauna do Jalapão é composta por veados-campeiros, tamanduás-bandeiras, antas, capivaras, lobos-guarás, raposas, gambás, macacos, jacarés, onças, cobras (sucuris, cascavéis e jiboias), tucanos, papagaios, araras-azuis, siriemas, emas, urubus, entre outros. A densidade demográfica do Jalapão é muito baixa, em torno de 0,8 hab./km². A região é considerada a principal atração turística do estado do Tocantins.
  Em 2001, foi criado o Parque Estadual do Jalapão, uma unidade de conservação brasileira de proteção integral à natureza. O território do parque abrange uma área de 158.970,95 hectares e está distribuído pelos municípios de Mateiros e São Félix do Tocantins.
  Sua posição estratégica possui continuidade com a área de proteção ambiental do Jalapão, a Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins e o Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba.
Parque Estadual do Jalapão
POVOADO DE MUMBUCA E O SEU ARTESANATO
  O povoado de Mumbuca, está localizado no município de Mateiros, distante 35 quilômetros da cidade. Foi nesse lugar, formado por uma maioria de descendentes de escravos, que surgiu o artesanato em capim dourado.
  A população de Mumbuca é de cerca de 200 habitantes. Nessa comunidade, homens e mulheres dividem bem definidamente as suas tarefas. Os homens plantam para o consumo da família, enquanto as mulheres colhem a produção e preparam a farinha, além de atuarem como artesãs.
As moradias simples fazem parte da paisagem de Mumbuca
  O capim dourado só brota nas veredas do Jalapão. Dele, é utilizado sua haste fina de intenso brilho metálico que as mulheres do lugar, com suas mãos habilidosas, transformam o capim em uma diversidade de peças artesanais: bolsas, brincos, pulseiras, chapéus, mandalas, cestas e diversos objetos de decoração. Peças de beleza única, que ultrapassaram os limites do Tocantins, conquistam mercado em todos os estados brasileiros e no exterior.
Peças de artesanato confeccionadas com o capim dourado, em Mumbuca - TO
  A arte de trabalhar com o capim dourado foi ensinado às mulheres do local por Dona Miúda, uma matriarca do povoado de Mumbuca. Antes, a técnica foi passada por índios que habitavam a região à avó de Dona Miúda e depois a sua mãe.
  Hoje, as técnicas do artesanato em capim dourado continuam sendo ensinadas, de geração em geração, no povoado de Mumbuca e também nas cidades de Mateiros, Ponte Alta, Novo Acordo, Santa Tereza, Lagoa do Tocantins e no Prata, um vilarejo do município de São Félix do Jalapão.
Artesão confeccionando seus produtos no Jalapão
  O que se chama de capim dourado (Syngonanthus nitens) é a haste de uma pequena flor branca da família das sempre-vivas. É na flor que se encontram as sementes que garantem a perpetuação da planta (nativa do Jalapão) e que gera renda para centenas de famílias da região.
CACHOEIRA DA VELHA
  Alimentada pelas águas do Rio Novo, a Cachoeira da Velha é uma das principais atrações e a maior cachoeira do Jalapão. Nela, as águas correm em grande quantidade, despencando por duas quedas em formato de ferradura, cada uma com mais de 20 metros de largura. Próximo à Cachoeira da Velha existe uma prainha, de águas doces e mansas, cercada por matas de galeria.
Cachoeira da Velha
MIRANTE
  Cartão postal da região do Jalapão, a Serra do Espírito Santo é uma elevação imponente que, através do processo de erosão provocado pelas chuvas e pelo vento, dá origem às dunas que se formam no seu sopé. Nessa serra existe um mirante, onde no seu cume têm-se uma visão privilegiada de toda a região. O topo da serra é uma grande área plana, que lembra uma imensa mesa elevada, ideal para se observar as paisagens e os horizontes do Jalapão.
  As dunas móveis do Jalapão estão em constante movimento, guiadas pelos ventos. Essas dunas se originam próximo à Serra do Espírito Santo, de formação arenosa, cuja ação dos ventos causa a erosão, originando as dunas.
Dunas do Jalapão e ao fundo a Serra do Espírito Santo
RAFTING
  O Jalapão é também um lugar ideal para a prática de rafting - descida nas corredeiras com boias -, que é realizado nas corredeiras do Rio Novo. O melhor período para a prática desse esporte é de maio a setembro, época de seca no estado do Tocantins, onde as estradas que dão acesso ao Jalapão estão em melhores condições de tráfego.
Prática de rafting no Rio Novo
DESTRUIÇÃO DAS CACHOEIRAS DO JALAPÃO
  Tornou-se um drama para o meio ambiente uma das soluções encontradas pelo governo para atender à crescente demanda por energia elétrica. Por necessitarem apenas de uma pequena queda de água e pouca vazão, as Pequenas Centrais Hidreléticas, chamadas PCHs, proliferam sem controle, engolem cavernas e destroem corredeiras.
  Como não ocupam grandes espaços e nem precisam de lagos gigantescos, as PCHs podem ser construídas enfileiradas umas atrás das outras. É o que está acontecendo no município de Dianópolis, localizada a 350 quilômetros a sudeste de Palmas.
  A região é um dos portões de entrada do Parque Estadual do Jalapão. A Estação Ecológica da Serra Geral e o Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba são vizinhos do Jalapão.
Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba
  Por causa da construção das PCHs em sequência, não há mais como praticar o rafting no Rio Palmeiras.
  As obras destroem as cachoeiras porque precisam de um desnível no rio que dê à água que cai força suficiente para rodar as turbinas. Elas destroem também grutas e outros acidentes geográficos.
  O Rio Palmeiras, nasce na Serra Geral, que divide os estados da Bahia, Goiás e Tocantins. Seu curso segue para oeste. Ao chegar em Dianópolis, desloca-se para o sul.
  O problema é que, além de destruírem cachoeiras, ao contrário das grandes centrais hidrelétricas, que pagam pesados royalties aos municípios - permitindo assim compensações e investimentos em preservação ambiental -, as pequenas hidrelétricas não deixam dinheiro no local onde funcionam.
As PCHs, que poderiam ser a solução para o problema energético, acabam se tornando problemas para o meio ambiente
FONTE: Giardino, Cláudio. Geografia nos dias de hoje, 7º ano / Cláudio Giardino, Lígia Ortega, Rosaly Braga Chianca. - 1. ed. - São Paulo: Leya, 2012. - (Coleção nos dias de hoje).

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

CONFRONTOS NA VENEZUELA

  A Venezuela é um dos maiores produtores de petróleo do mundo. Apesar disso, 80% dos venezuelanos são pobres, e 31,5% deles vivem abaixo da linha de pobreza.
  A causa dessa grande desigualdade social está relacionada ao seu passado. Desde a década de 1910, os governantes da Venezuela permitiram que o petróleo fosse explorado por empresas transnacionais. Mas essas poderosas companhias pagavam muito pouco ao governo venezuelano por esse  importante recurso natural. Em consequência do baixo faturamento e da corrupção desmedida, o país ficou sem recursos para proporcionar aos seus habitantes acesso à educação, à saúde e à moradia.
  Para agravar essa situação, nas últimas décadas a população carente da Venezuela cresceu muito. Gigantescas favelas tomaram conta da periferia das maiores cidades, sobretudo da capital, Caracas.

Favela em Caracas - Venezuela
  Esse quadro social precário foi pano de fundo de grande instabilidade política. Golpes de Estado, ditaduras, eleições fraudadas e muitos outros problemas geraram um forte sentimento de desesperança nos venezuelanos. No fim da década de 1980, alguns militares se rebelaram contra essa situação, e uma revolta popular destruiu grande parte do centro de Caracas.
  O descontentamento era ainda maior no fim da década de 1990. Nessa época, surgiram novas lideranças políticas, que passaram a ser vistas por muitos venezuelanos como alternativas reais de mudança no panorama de desigualdade social do país. Um desses líderes era Hugo Chávez, ex-militar e ex-golpista, que em 1998, foi eleito presidente da República pela primeira vez.
Hugo Cháves durante um comício em 2004
O GOVERNO DE HUGO CHÁVEZ
  Empossado para o quinquênio de fevereiro de 1999 a fevereiro de 2004, Hugo Chávez, presidente mais jovem da história da Venezuela, prometeu modificar o Legislativo, moralizar a administração pública e promover uma efetiva redistribuição da renda nacional. Foi convocado um plebiscito para que o povo opinasse sobre a instalação ou não de uma Assembleia Nacional Constituinte. Com 92% de votos favoráveis, os venezuelanos aprovaram, no dia 25 de abril de 1999, a proposta presidencial de criar uma assembleia para que redigisse uma nova Constituição.
  Convocada eleições para formar a Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela em 25 de julho de 1999, esta reuniu-se pela primeira vez em 3 de agosto do mesmo ano, e Chávez assumiu o poder máximo do Estado. Com isso, Chávez se autodotou de poderes para suspender as demais instituições políticas do país. Dias depois, o presidente pôs seu cargo à disposição da Assembleia, e no dia 11 de agosto, depois de ser confirmado na presidência, se apossou do cargo. O primeiro decreto de Chávez ocorreu no dia 12 de agosto, reorganizando todos os órgãos do poder público.
Hugo Chávez durante a sua posse em 1999
  Em nova convocação às urnas no dia 15 de dezembro de 1999, os venezuelanos referendaram, por ampla maioria, a recém-escrita Constituição que levaria adiante o projeto de Hugo Chávez para a transformação do país. A nova Carta Magna foi aprovada por 71,2% dos votantes, apesar de o índice de abstenção ter sido muito alto, pois 54% dos eleitores não compareceram às urnas. Com esse resultado, Chávez recebeu um respaldo importante para o processo de mudança das estruturas políticas, econômicas e jurídicas do país.
  A nova Constituição, aumentou o mandato do presidente da República de cinco para seis anos, com direito a reeleição consecutiva. O Senado e o Congresso  foram extintos, tendo sido substituído por uma nova instituição unicameral: a Assembleia Nacional. Foram considerados nulos todos os mandatos estabelecidos pela constituição anterior e convocadas eleições gerais para julho de 2000. Nessa eleição, Hugo Chávez foi reeleito para o sextiênio 2001-2007. A Constituição alterou o nome do país para República Bolivariana da Venezuela e aumentou os direitos culturais e linguísticos dos povos indígenas.
Povos indígenas da Venezuela
  Após a reeleição, Chávez pôs em prática um programa de revolução bolivariana, porém, enfrentou uma forte oposição, com muitas manifestações, greves e a tentativa de um golpe de Estado, visando derrubar o seu mandato. Após os confrontos nas ruas das principais cidades venezuelanas, Chávez promoveu a nacionalização de vários setores da economia. Estatizou a siderúrgica Sidor, principal produtor de aço do país, além da nacionalização da PDVSA (Petróleos de Venezuela). Em 2002, a Venezuela enfrentou uma grave crise política, econômica e social, após Chávez ter demitido gestores da PDVSA e substituí-los por pessoas de sua confiança. Essa crise resultou num golpe de Estado civil-militar, que destituiu Chávez do cargo por 48 horas. Líderes das Forças Armadas anunciaram a destituição do presidente, em 12 de abril de 2002, assumindo a presidência o líder empresarial Pedro Carmona. O golpe resultou num contragolpe dois dias depois, após o clamor popular pedir a volta de Chávez, recebendo o apoio das forças leais do presidente deposto. Chávez reassumiu a presidência em 14 de abril de 2002, após um decreto que revogou sua deposição, apesar da instabilidade política ter continuado.
Pedro Carmona durante a sua posse como presidente da Venezuela em 12/04/2002
  Um referendo sobre a permanência de Hugo Chávez no poder, dá a vitória ao mesmo com 58,25% dos votos. Em 2005, instaurou-se uma crise diplomática com a Colômbia devido à presença de guerrilheiros colombianos no território venezuelano. Nesse mesmo ano, a Venezuela fecha acordo para fornecer a países amigos petróleo a preço subsidiado. A oposição boicota a eleição legislativa que estava marcado para novembro. Porém, partidos leais ao presidente controlam o Congresso, aumentando o poder de Chávez no país.
  Em dezembro de 2006, Chávez se reelege para um terceiro mandato com 63% dos votos. O seu adversário, Manuel Rosales é processado por enriquecimento ilícito e busca refúgio no Peru, alegando perseguição política.
Manuel Rosales
  Em 2007, Chávez anuncia a nacionalização de várias empresas de energia e comunicação. Durante um referendo sobre a reforma da Constituição venezuelana, Chávez sofre uma derrota, e a reforma pretendida foi recusada pela população.
  Em 2008, Chávez saiu derrotado nas eleições regionais. Nesse mesmo ano, ajuda a mediar a libertação de seis reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farcs). Apesar disso, as relações com o presidente da Colômbia Álvaro Uribe se deterioraram, após um ataque colombiano a um acampamento das Farcs no Equador, um dos países aliados da Venezuela. A fronteira é fechada temporariamente para o tráfego de caminhões, contratos são suspensos, afetando a economia de Bogotá.
Álvaro Uribe - ex-presidente da Colômbia
  Em 2009, a tensão volta a aumentar, após a permissão colombiana para que os Estados Unidos usassem suas bases militares no combate ao tráfico de drogas. São anunciados planos para privatizar o Banco da Venezuela (cujos proprietários eram espanhóis) e outras empresas. A oposição muda de estratégia e obtém algumas vitórias nas eleições de novembro, como a prefeitura de Caracas. Os aliados do presidente mantêm o controle de 17 dos 22 governos estaduais. Nesse mesmo ano, a Venezuela faz acordos com a Rússia para estabelecer exercícios militares navais conjuntos e cooperação nuclear.
Encontro de Chávez com o presidente russo Vladimir Putin
  Entre 1999 e 2010, o país arrecadou US$ 417 bilhões com a venda de petróleo, investindo boa parte do lucro em projetos sociais. Porém, a situação econômica interna continuava com problemas. A moeda do país - o bolívar - foi desvalorizada em 17% em relação ao dólar para importações prioritárias e em 50% para produtos considerados essenciais no período. Na diplomacia, o país cortou relações com a Colômbia. Em junho de 2010, Chávez passa por uma cirurgia de emergência em Cuba.
  Em setembro de 2010, Chávez sofre a primeira derrota nas urnas durante as eleições legislativas. Seu partido não conquista os dois terços da Assembleia Nacional, necessária para facilitar os projetos do governo. Em dezembro, a Assembleia Nacional aprova a Lei habilitante, que dá ao presidente, pela quarta vez em 11 anos, poderes para governar por decreto por um ano e meio.
  No dia 30 de junho de 2011, em pronunciamento transmitido pela TV, o presidente anunciou que sofria de um câncer.
Hugo Chávez quando estava fazendo tratamento contra o câncer
  Em janeiro de 2012, o presidente anunciou estar curado do câncer. Nesse mesmo ano anunciou a nacionalização de onze plataformas de petróleo norte-americanas, sendo que antes já tinha nacionalizado fábricas do México, da França e da Suíça. Em outubro foi mais uma vez reeleito, porém, com uma pequena diferença de votos: 54% contra 44% do seu adversário, Henrique Capriles.
  Em 28 de novembro de 2012, Chávez retorna a Cuba para um novo tratamento. Sua presença era aguardada na Reunião de Cúpula do Mercosul, em Brasília, no dia 7 de dezembro. O cancelamento de sua participação aumentou os rumores de sua saúde. O presidente retorna de Cuba, anuncia a volta de células cancerígenas e indica Nicolás Maduro como seu herdeiro político, retornando depois à Cuba para uma nova fase de tratamento.
Hugo Chávez ao lado de suas filhas em 15 de fevereiro de 2013
  Numa operação relâmpago e sob intenso sigilo, Hugo Chávez retorna à Venezuela na madrugada de 18 de fevereiro de 2013. O Hospital Militar de Caracas é posto sob intenso esquema de segurança e não são divulgadas imagens do presidente, que teria viajado sedado.
  No dia 5 de março de 2013, o vice-presidente venezuelano Nicolás Maduro, anunciou a morte de Hugo Chávez, aos 58 anos, em Caracas, decorrente de um câncer na região pélvica e de uma infecção respiratória aguda.
  Desde o início do seu governo, Chávez acusou os Estados Unidos e as empresas transnacionais de explorarem as riquezas naturais da Venezuela. Ele criticou o capitalismo, afirmando que a única alternativa justa era aprofundar a igualdade, levando a sociedade venezuelana ao socialismo. Seguindo essa linha, rompeu as tradicionais ligações das transnacionais com a Venezuela e retomou o controle estatal de todo o setor petroquímico.
Sede da PDVSA em Maracaibo, Venezuela
ASPECTOS FÍSICOS DA VENEZUELA
  Os grandes contrastes no espaço geográfico da Venezuela não são apenas sociais, mas também ambientais. Contrastando com as montanhas andinas, eternamente nevadas, estende-se as grande planícies dos llanos e o Maciço das Guianas.
  O núcleo de granito e da Cordilheira é, em grande parte, flanqueado por camadas sedimentares do Cretáceo, dobradas numa estrutura anticlinal. Entre esses sistemas orográficos existem planícies cobertas de camadas terciárias e quaternárias de cascalho, areia e argila. A depressão em que se encontram lagunas e lagos, como o de Maracaibo, apresenta, na superfície, depósitos de aluvião do Quaternário, sobre camadas do Cretáceo e do Terciário, onde ocorrem importantes jazidas petrolíferas.
Produção de petróleo no lago Maracaibo - Venezuela
  O relevo venezuelano divide-se três porções:
  • Montanhas Setentrionais - constituem uma ramificação da cordilheira Ocidental dos Andes Setentrionais. Penetram no país pelo oeste, prosseguem na direção nordeste e leste até chegar ao golfo de Paria e a ilha de Trinidad, onde diminui gradualmente a sua altitude. A parte ocidental denomina-se serra Nevada de Mérida, onde seus picos atingem mais de 4.800 metros, como o Pico Bolívar, o ponto culminante da Venezuela, com 5.007 metros. Essa região é coberta pelos páramos, um ecossistema neotropical de montanha encontrado em três países andinos: Venezuela, Equador e Colômbia. Na direção leste, as montanhas Setentrionais, conhecidas como Andes Marítimos, declinam até quase desaparecer, ressurgindo no golfo de Paria.
Pico Bolívar - ponto culminante da Venezuela
  • Bacia do Orinoco - a bacia do Orinoco é uma extensa planície aluvial que sobe suavemente até encontrar os Andes, no centro do país. Ao sul dessa planície eleva-se o Planalto das Guianas. Na bacia do rio Orinoco, encontra-se os llanos, um ecossistema que se enquadra no sistema das savanas, onde a principal atividade econômica desenvolvida é a criação de gado. No interior da Venezuela existe uma paisagem muito diferente dos Andes, formada por uma vasta planície muito parecida com as savanas, conhecida como llanos. Os llanos são atravessados pelo rio Orinoco, o maior do país, com mais de 3 mil quilômetros de extensão. No seu alto curso, que começa no Maciço das Guianas, área fronteiriça com o Brasil, a uma altura de 1.074 metros, o Orinoco alimenta grande usinas hidrelétricas. Já o seu delta abre-se sobre gigantescas jazidas de petróleo. O centro-sul do país é recoberto pela Floresta Amazônica, com sua rica biodiversidade.
  • Planalto das Guianas - a parte venezuelana do Planalto das Guianas é denominada de La Gran Sabana.  No complexo embasamento do Planalto das Guianas e na linha de cristal dos maciços Marítimo e da Cordilheira da Venezuela, encontram-se as mais antigas formações rochosas da América do Sul. A parte venezuelana do Planalto das Guianas consiste num grande bloco de granito de gnaisses e de outras rochas cristalinas do Arqueano, com camadas subjacentes de arenito e de argila xistosa.
Mapa físico da Venezuela
  O clima da Venezuela é predominantemente tropical, com as estações caracterizadas mais pelo índice pluviométrico do que pela diferença de temperatura. Existem duas estações bem definidas: o inverno chuvoso e o verão seco. A temperatura média anual de Caracas é de 19,4ºC. Nas montanhas, essa média é de 18,4ºC, como em Méridas. Nas regiões mais elevadas ocorrem as chamadas neves eternas.
  A hidrografia da Venezuela é feita na maior parte pelo rio Orinoco, que ocupa cerca de 4/5 do país. Entre os seus principais afluentes estão o Caroni, Aro, Caura, Cuchivero e Ventuari, que nascem no Planalto das Guianas; Apure, Arauca e o Capanaparo, que nascem nos Andes; e  Manapire, Suata, Pao e Caris, que nascem nas planícies. Os demais rios são curtos e pouco navegáveis. O principal lago do país é o Maracaibo.
Rio Orinoco em Ciudad Bolívar - Venezuela
  A fauna da Venezuela é semelhante a dos seus vizinhos sul-americanos. Dentre os principais animais do país destacam-se a onça-pintada, o jaguar, o bicho-preguiça, várias espécies de macaco, tamanduá, entre outros.
ECONOMIA DA VENEZUELA
  A economia venezuelana baseia-se no petróleo e na exploração do minério de ferro. A expansão dessas atividades atraiu para o país outras indústrias: químicas, de papel e celulose e de borracha.
  Na Amazônia venezuelana, são explorados recursos importantes: ouro, diamantes, cobre, zinco, titânio e manganês, além do petróleo.
  Após a Primeira Guerra Mundial, a economia venezuelana passou por mudanças significativas: de uma economia essencialmente agrícola para uma economia centrada na extração e exportação de petróleo, onde essa atividade é responsável por cerca de 80% das exportações do país. O país é membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
  Apesar das riquezas geradas pelo petróleo, 37,9% da população venezuelana ainda vive abaixo da linha de pobreza. Em 31 de julho de 2012, a Venezuela foi incluída como membro oficial do Mercado Comum do Sul (Mercosul).
Média do crescimento do PIB da Venezuela
QUESTÕES POLÍTICAS
  Apesar da quantidade e da variedade de riquezas do território da Venezuela, muitos venezuelanos têm deixado o país por causa dos problemas políticos e econômicos vividos por eles. Nas décadas de 1970 e 1980 a maioria dos venezuelanos que deixavam o país eram trabalhadores em busca de oportunidades nos Estados Unidos. Hoje, ao contrário, tem sido a população mais rica que tem deixado o país rumo aos EUA, desgostosa com a atual política, que começou com o governo de Hugo Chávez e, após a sua morte, com a instabilidade pela qual o país vem atravessando.
  Durante a maior parte do século XX, a Venezuela manteve relações amistosas com os países latino-americanos e ocidentais. As relações entre a Venezuela e o governo dos Estados Unidos pioraram após o golpe de Estado na Venezuela em 2002, durante o qual o governo estadunidense reconheceu a presidência interina de Pedro Carmona. Ao mesmo tempo, laços com vários países da América Latina e do Oriente Médio, que não eram aliados dos Estados Unidos foram fortalecidos.
  A Venezuela busca alternativas de integração hemisférica, através de propostas como a Aliança Bolivariana para as Américas - ALBA - e a rede de televisão pan-latino-americana, TeleSUR.
  A Aliança Bolivariana para os Povos das Américas, ou Tratado de Comércio dos Povos, é uma plataforma de cooperação internacional baseada na ideia da integração social, política e econômica entre os países da América Latina e do Caribe. Essa aliança é fortemente influenciada por doutrinas de esquerda, e representa uma tentativa de integração econômica e regional que não se baseia essencialmente na liberalização comercial, mas na visão do bem-estar social, na troca e de mútuo auxílio econômico. Os países-membros discutem a introdução de uma moeda regional, o SUCRE. Em 24 de junho de 2009, o bloco foi rebatizado de Aliança Bolivariana para as Américas.
Em verde, os países que integram a ALBA
  A Venezuela é uma das quatro nações do mundo, junto com a Rússia, a Nicarágua e Nauru, que reconheceu a independência da Abecássia e da Ossétia do Sul, regiões localizadas na Geórgia, além de ser um dos grandes defensores na Organização dos Estados Americanos (OEA) para adotar a sua Convenção Anti-Corrupção.
CONFRONTOS NA VENEZUELA
  A Venezuela tem enfrentado momentos de tensão desde o início de fevereiro de 2014, com protestos de estudantes e opositores contra o governo. A situação se agravou no dia 12 de fevereiro, quando uma manifestação contra o presidente Nicolás Maduro terminou com um saldo de três mortos e mais de vinte pessoas feridas. Ao mesmo tempo em que milhares de manifestantes saíram às ruas para criticar o governo - por causa do elevado índice de inflação, da insegurança, da escassez de produtos e da alta criminalidade -, outras milhares de pessoas aliadas do presidente se manifestaram em favor de Maduro e contra os oposicionistas.
Nicolás Maduro - presidente da Venezuela
  Após as primeiras mortes, governo e oposição trocaram acusações. Maduro acusou "gruspúculos fascistas" que teriam se infiltrado nos protestos. Já o líder oposicionista Leopoldo López, que convocou seus partidários para irem às ruas, disse que o governo planejou a violência para desacreditar seu movimento pacífico. Após as acusações, o governo venezuelano decretou a prisão de López, provocando novos protestos no país.
  As manifestações são uma reedição da disputa política nas ruas que marcou os anos de Hugo Chávez e a campanha que levou Maduro a ser eleito em 2013, após a morte do ditador.
Leopoldo López - líder oposicionista na Venezuela
  O contexto atual também complica a situação do governo - os protestos ocorrem em meio a ausência de produtos industrializados nas prateleiras, e do controle das regras da economia para o setor empresarial.
  Tentando controlar a crescente inflação, Maduro criou um decreto-lei de "preços justos", que limita o lucro de empresários locais a 30% sobre o valor da mercadoria. A escassez de produtos aumentou ainda mais após a adoção dessa medida, aumentando também, os protestos no país.
A atual crise política e econômica é o principal motivo dos conflitos na Venezuela
ALGUNS DADOS SOBRE A VENEZUELA
NOME: República Bolivariana da Venezuela
CAPITAL: Caracas

Centro de Caracas
LÍNGUA OFICIAL: espanhol
GOVERNO: República Presidencialista
INDEPENDÊNCIA: do Reino Unido, em 1 de outubro de 1960
GENTÍLICO: venezuelano
LOCALIZAÇÃO: norte da América do Sul
ÁREA: 912.050 km² (32º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2013): 27.635.743 habitantes (45º)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 30,3 hab./km² (152º)
MAIORES CIDADES (Estimativa 2013): 
Caracas: 3.423.432 habitantes

Caracas - capital e maior cidade da Venezuela
Maracaibo: 2.338.323 habitantes
Maracaibo - segunda maior cidade da Venezuela
Maracay: 1.967.235 habitantes
Maracay - terceira maior cidade da Venezuela
PIB (FMI - 2013): U$ 337,979 bilhões (33º) 
IDH (ONU - 2012): 0,748 (71º) 
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2005/2010): 73,73 anos (80º) 
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - 2005-2010): 1,67% ao ano (77º) 
MORTALIDADE INFANTIL (
CIA World Factbook - 2012): 17,00/mil (81º) 
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2011): 93 (10º) 
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (Pnud - 2009/2010): 95,2% (67º) 
PIB PER CAPITA (FMI - 2011): U$ 10.610 (61º)
MOEDA: Bolívar Venezuelano

RELIGIÃO: católicos (85,7%), protestantes (12%), outras religiões (2,3%).

DIVISÃO: a Venezuela está dividida em 23 estados, um Distrito Capital (que corresponde a cidade de Caracas e sua região metropolitana), as Dependências Federais (formada por 72 ilhas e ilhotas) e um território em reivindicação com a Guiana (a Guiana Essequibo ou Território de Essequibo).
Divisão regional da Venezuela
  A região de Essequibo é uma zona de disputa entre a Venezuela e a Guiana. Faz parte do território República Cooperativa da Guiana, mas cuja soberania é reclamada pela Venezuela internacionalmente por meio do Acordo de Genebra, de 17 de fevereiro de 1966, pois, segundo a Venezuela, essa região pertencia à Capitania Geral da Venezuela e, por isso, deveria fazer parte do seu território. 
Área de conflito entre a Guiana e a Venezuela
FONTE: Tamdjian, James Onnig. Estudos de geografia: o espaço do mundo I, 8º ano / James Onnig Tamdjian, Ivan Lazzari Mendes. - São Paulo: FTD, 2012.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

O TURISMO E SUA IMPORTÂNCIA

  De acordo com a Organização Mundial do Turismo, o termo turismo refere-se as atividades que as pessoas realizam durante suas viagens e permanência em lugares distintos dos que vivem, por um período de tempo inferior a um ano consecutivo, com fins de lazer, negócios e outros.
  Turista é um visitante que se desloca voluntariamente pelo período de tempo igual ou superior a vinte e quatro horas para o local diferente de sua residência e do seu trabalho, sem, este por motivação, a obtenção de lucro.
  O turismo é uma atividade econômica relacionada às características geográficas do lugar: paisagem natural (condições ambientais, como clima, vegetação, formas de relevo, rios, proximidade do oceano) e cultural (arquitetura, museus, eventos culturais, feiras comerciais, conferências internacionais etc.).
Símbolo popular para designar o turismo
  As atividades econômicas relacionadas ao turismo incorporam o espaço geográfico pelo seu valor paisagístico, ou seja, pelo valor em virtude da importância histórico-cultural ou natural, para transformá-lo em um espaço de consumo.
  Existe duas linhas de pensamentos sobre o turismo. A primeira é que o turismo representa o ócio, o descanso, a cultura, a saúde, os negócios ou relações familiares. Esses deslocamentos se distinguem por sua finalidade dos outros tipos de viagens motivados por guerras, movimentos migratórios, conquista, comércio etc. Assim, o turismo possui antecedentes históricos claros, que veio se concretizar com a Revolução Industrial.
  A segunda linha de pensamento se baseia em que o turismo se iniciou com a Revolução Industrial, pois os deslocamentos nessa época tinham o intuito do lazer, onde o trabalhador buscava descanso para fugir das longas jornadas de trabalho ao qual eram submetidos.
A Revolução Industrial foi o pontapé inicial para o desenvolvimento da indústria do turismo
  Ao ser dotado de belezas naturais, de expressões artísticas e culturais e de aspectos singulares, a paisagem exerce forte poder de atração e sedução sobre turistas e visitantes. Porém, há casos destinados ao turismo produzidos de modo artificial, independentemente de sua história, de seu contexto cultural ou de sua paisagem natural.
  Um desses exemplos é a estátua de Santa Rita de Cássia, localizada no município de Santa Cruz, no Rio Grande do Norte. A estátua de Santa Rita de Cássia é a maior estátua do continente americano e a maior imagem católica do planeta. Possui 56 metros e a obra foi feita graças à um convênio da cidade com o governo federal, que liberou recursos do Ministério do Turismo. O objetivo da construção da estátua foi unir a religiosidade do povo ao fomento do turismo local.
Estátua de Santa Rita de Cássia, em Santa Cruz - RN
  O turismo na sua enorme complexidade reveste-se de tríplice aspecto com incidências territoriais específicas em cada um deles. Trata-se de fenômeno que apresenta áreas de dispersão (emissoras), áreas de deslocamento e áreas de atração (receptoras). É nestas que se manifesta materialmente o espaço turístico ou se reformula o espaço anteriormente ocupado. É aqui também que se dá de forma mais acentuada o consumo do espaço.
  A dificuldade para definir-se o espaço turístico está basicamente em captar o peso ou a força que essa atividade exerce na produção do espaço. Distinguem-se facilmente os espaços de vocação turística, como os parques nacionais, apesar de neles o turismo ser uma atividade intensamente explorada, não foi esta que os produziu. Por outro lado encontram-se espaços produzidos pelo turismo e para o turismo, apesar da ausência de quase todos os fatores apontados como favoráveis para a produção do espaço turístico.
  Um desses exemplos é o município de Carnaúba dos Dantas, localizado na região do Seridó, no Rio Grande do Norte. Apesar de ser uma cidade pequena (pouco mais de 7.500 habitantes), o município atrai todos os anos um grande números de turistas graças as suas atrações, como o Monte do Galo, um santuário religioso encravado no meio das serras que fazem parte do Planalto da Borborema, e os inúmeros sítios arqueológicos, onde contém figuras rupestres relatando a vida dos habitantes que viveram na região em um período que varia entre 5.000 a 9.000 anos, além do Castelo Di Bivar, um castelo estilo medieval, onde foram gravadas cenas do filme O homem que desafiou o diabo.
Castelo Di Bivar, em Carnaúba dos Dantas - RN
  Da mesma forma que pode ser visto como uma atividade de consumo do próprio espaço geográfico, por pessoas que estabelecem uma relação passageira com ele, o turismo depende que esse espaço seja produzido para que possa desenvolver-se como atividade econômica. Assim, a atividade turística depende de diversos fatores, como infraestrutura, equipamentos e serviços especializados e ação do marketing. Hotéis, resorts, parques temáticos, guias e agências de viagens formam uma complexa rede de interesses.
  O papel do Estado é fundamental no planejamento e na criação de infraestrutura adequada, como estradas, aeroportos, portos e rede de água e esgoto, para atender ao volume de população que se estabelece temporariamente nos locais turísticos. As festas de padroeiros, que se realizam em praticamente todas as cidades brasileiras, é um exemplo prático do turismo de eventos que contam sempre com o apoio do poder público para sua realização.
Procissão do Círio de Nazaré, em Belém - PA
  Atualmente, o conjunto das atividades relacionadas ao turismo é um dos principais negócios do mundo e tem sido uma das atividades que mais cresceu nas duas últimas décadas. O faturamento do turismo nesse período coloca o setor ao lado da indústria petrolífera, automobilística, de armamentos e dos serviços financeiros.
  A Europa é o mais importante destino turístico do mundo, por causa de seus atrativos históricos e culturais: monumentos (como o Stonehenge, na Inglaterra); museus (como o Louvre, na França, o Guggenheim na Espanha, e o Museu de História da Arte, na Áustria); arquitetura (como o edifício Gaudí, na Espanha, e a Capela Sistina, na Itália); os espaços públicos (como as diversas praças de Roma e o Vaticano); e sítios arqueológicos (como as ruínas gregas). A costa mediterrânea é bastante procurada nos meses de verão, principalmente pelos próprios europeus, e os Alpes, cobiçados durante o inverno.
Acrópole de Atenas, na Grécia
  O continente europeu também possui infraestrutura de altíssima qualidade para receber o grande fluxo anual de turistas, que, em alguns países, supera em volume a própria população residente. Os países mais visitados são França, Espanha, Itália, Reino Unido e Alemanha.
  Na França, o principal ponto turístico é a Torre Eiffel. Essa torre é uma estrutura metálica situada na capital do país, Paris. Foi construída entre 1887 e 1889 para representar o desenvolvimento tecnológico durante uma exposição, e também para comemorar os cem anos da Revolução Francesa. Este monumento possui 317 metros de altura com aproximadamente 10 mil toneladas de metal. Na parte inferior, abriga museu, restaurantes e lojas. É um dos pontos turísticos mais visitados da Europa.
Torre Eiffel, em Paris - França
  A Inglaterra, em especial Londres, é um dos principais destinos turísticos da Europa. A capital britânica é um popular ponto turístico. O turismo é um dos principais setores econômicos da cidade. Londres atrai mais de 14 milhões de turistas anualmente, o que torna a cidade mais visitada da Europa. As principais atrações de Londres são os diversos museus existentes na cidade, a Torre de Londres, o rio Tâmisa, o London Eye (a famosa roda-gigante) e os Palácios de Westminster (onde se localiza o Big Ben) e Buckingham.
  Outro ponto interessante na Inglaterra são suas paisagens rurais, o famoso campo da Inglaterra e suas cidades atraentes, repleta de pequenas pousadas de interior, típicas tavernas, fazendas e mansões, além de suas paisagens maravilhosas e as universidades de Oxford e Cambridge.
Londres - Inglaterra
  A Alemanha possui uma grande diversidade natural e cultural, apresentando-se como um dos mais populares destinos turísticos do mundo. De castelos, vilas com ambientes campestres, vales alpinos, praias e lagos intocados para o eterno festival urbano de cidades, a Alemanha é uma combinação singular de encanto, muito cosmopolita e com um estilo de vida única. Esse país pode ser visitado em qualquer época do ano, graças as atrações e festivais que se realizam em todas as estações do ano.
  A Alemanha é uma gloriosa nação mergulhada na história, arte e cultura, com muitos lugares interessantes para explorar. Dentre os locais mais visitados no país estão a Catedral de Colônia, os Castelos de Neuschwanstein e Hohenschwangau, na Baviera, o Portão de Brandemburgo, em Berlim, os palácios e jardins de Postdam, a Igreja de Nossa Senhora de Dresden, entre outros.
Catedral de Colônia, Alemanha - Patrimônio Mundial da Unesco
  O turismo na Espanha é uma das principais bases da economia do país. A variedade de costumes, cultura, gastronomia e o clima são os principais fatores que contribuem para o sucesso nesta área.
  Em décadas anteriores promovia-se quase exclusivamente o turismo de sol e praia, graças ao clima, que é bastante quente, mais temperado e ensolarado do que o de outros países europeus. As temperaturas no verão variam entre 20ºC e 40ºC, e em algumas regiões do país têm mais de 300 dias de sol, com verões geralmente secos.
  A cidade mais visitada da Espanha é Barcelona, sendo também a décima mais visitada do mundo. Outras cidades bastante visitadas no país são Madri, a capital, Valência, Sevilla, San Sebastián e Málaga.
Barcelona - cidade mais visitada da Espanha
  A Itália é o terceiro país mais visitado por turistas estrangeiros na Europa, perdendo apenas para a França e a Espanha. O turismo é a principal fonte de renda de várias cidades italianas como Roma, Nápoles e Veneza. O país é um destino que encanta turistas com suas belas paisagens, sua riqueza histórica e cultural, além de sua deliciosa gastronomia. São diversos museus, parques, monumentos históricos, castelos, prédios antigos, entre outros.
  Dentre os principais pontos turísticos, se destacam: o Coliseu de Roma, o Templo de Saturno, o Templo de Apolo Sosiano, o Castelo de Santo Ângelo e os Palácios Imperiais do Palatino em Roma, a Basílica São Pedro no Vaticano, a Basílica de São Lourenço e o Teatro di Milano em Milão, a Basílica de São Marcos e os Canais de Veneza em Veneza, o Centro Histórico, a Catedral e a Basílica de Santa Maria Novella em Florença, a Igreja de São Lourenço Maggiore e as Ruínas da Vila Imperial de Pausilypon em Nápoles, entre outros.
Roma - capital e cidade mais visitada da Itália
  Individualmente, os Estados Unidos também são um grande receptor mundial de turistas, obtendo a maior entrada de divisas com o setor: o país fica com notável parte de toda a receita obtida mundialmente com o turismo internacional.
  Os Estados Unidos são o terceiro país mais visitado por turistas estrangeiros no mundo, perdendo apenas para a Espanha e para a França. Anualmente, são cerca de 65 milhões de turistas estrangeiros que visitam o país. A maior parte deles vêm do Canadá e do México. O país possui cerca de 350 parques nacionais ou sítios históricos. Estes parques e sítios recebem em média 287 milhões de turistas - domésticos ou estrangeiros - todos os anos. As cidades mais visitadas pelos turistas são: Nova York, Los Angeles, Miami, Orlando, San Francisco, Filadélfia, Chicago e Honolulu, no Havaí.
Nova York - um dos lugares mais visitados dos Estados Unidos
  O ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas.
  O ecoturismo é uma modalidade turística que tem se desenvolvido muito, principalmente a partir de 1970, quando a discussão sobre questões ambientais se transformaram em temática internacional, sensibilizando pessoas de todo o mundo. Apesar desse crescimento, esse tipo de turismo ainda representa uma fatia pequena do destino turístico internacional. Embora lento, o seu crescimento tem sido progressivo, e muito investimento vem sendo feito internacionalmente para explorar esse potencial.
O ecoturismo é um dos segmentos do turismo que mais tem crescido nos últimos anos
  Na América Latina, o ecoturismo é promovido muitas vezes por empresas não especializadas ou por guias improvisados, que levam os turistas a programas sem nenhuma preocupação com a preservação ambiental, fundamental nesse tipo de atividade. Assim, permitem que os visitantes joguem lixo pelo caminho, capturem animais, façam fogueiras na mata ou retirem pedaços de formações rochosas de uma caverna.
  O Brasil tem mostrado avanços na prática do ecoturismo voltado à preservação ambiental, com capacitação de monitores, criação de programas de educação ambiental e ações cautelosas em parques e reservas, a fim de coibir o turismo predatório.
Cachoeira do Roncador, em Borborema - PB
O TURISMO NO BRASIL
  A indústria do turismo não pode ser analisada apenas sob a ótica de geração de empregos ou de uma nova possibilidade econômica, em que alguns países não conseguem explorar todo o seu potencial. Outras questões devem ser consideradas, entre elas os efeitos ambientais e sociais.
  Do ponto de vista social, no Brasil existem questões relativas à exploração do trabalho infantil, ao uso do trabalho temporário - muito comum nas regiões onde a atividade turística varia conforme a estação do ano - e ao turismo sexual, com exploração da prostituição, inclusive de crianças e adolescentes.
O turismo sexual é um dos pontos negativos da atividade turística
  Do ponto de vista ambiental devem-se considerar questões referentes à transformação de espaços com natureza relativamente bem conservada e que passam a ser explorados comercialmente, com a construção de casas de veraneio e hotéis, sem que haja cuidado com os impactos ambientais; ao desenvolvimento do ecoturismo em unidades de conservação sem o respeito a determinados critérios que promovam a preservação da fauna e da flora e a manutenção do equilíbrio dos ecossistemas naturais, inclusive marinhos; à intensificação da atividade turística em diversos municípios, sem que haja uma ampliação da infraestrutura de saneamento básico; ao aumento do tráfico de veículos nas regiões turísticas, entre outros.
Pedra da Boca, em Araruna - PB
  O país ainda esbarra em questões básicas de infraestrutura, como a falta de sinalização nas estradas, violência urbana e problemas de limpeza. As grandes metrópoles, como Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador, deixam de atrair muitos turistas estrangeiros, que temem pela sua segurança. Além disso, do ponto de vista do turismo internacional, o país tem poucos profissionais que falam outros idiomas.
A falta de manutenção das rodovias prejudica o desenvolvimento do turismo
  Já o turismo interno é inacessível à maior parte dos brasileiros, tanto no que diz respeito ao turismo tradicional quanto ao ecoturismo. A fim de reverter esse quadro, num país com dimensões continentais, diversidade natural e cultural e elevado potencial turístico, os governantes vêm realizando investimentos para estimular o turismo doméstico em regiões como a Amazônia, o Pantanal, as Chapadas - do Guimarães (MT), Diamantina (BA), dos Veadeiros (GO) -, as Cataratas do Iguaçu e as cidades históricas mineiras e nordestinas.
  Como resultado desse processo, o crescimento do turismo doméstico nos últimos anos tem sido bastante significativo. Entre outros motivos que levam a isso estão o parcelamento de pacotes de viagem por parte das agências, os investimentos governamentais e o aumento da renda do cidadão da classe média.
Rio de Janeiro - uma das cidades mais visitadas do Brasil
  O mercado interno também tem se estruturado para receber o turista, tanto nacional quanto estrangeiro, em localidades de grande interesse, como a costa do Nordeste, São Paulo e Rio de Janeiro, apesar do problema da violência e da falta de segurança, são cidades globais e que estimulam o turismo de negócios. Ambas as cidades possuem grandes hotéis, sedes empresariais, universidades e centros de pesquisa e de conferência.
Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás
  A realização de grandes eventos esportivos, na década de 2010, como os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo, além de exigir a melhoria na infraestrutura interna, irá promover a projeção do país no cenário internacional, contribuindo para o maior ingresso de turistas de outros países.
Foz do Iguaçu - PR
FONTE: Lucci, Elian Alabi. Território e sociedade no mundo globalizado: geografia: ensino médio, volume 3 / Elian Alabi Lucci, Anselmo Lázaro Branco, Cláudio Mendonça. 1. ed. -- São Paulo: Saraiva, 2010.

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