sábado, 3 de dezembro de 2011

O CENTRO-SUL DO BRASIL

  A região Centro-Sul do Brasil é formada pelos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Goiás, além da maior parte do estado de Minas Geraise parte dos estados de Mato Grosso, Tocantins, e pequena parte dos estados da Bahia, Piauí e Maranhão.
  Até meados do século XVII, a porção hoje conhecida como Nordeste era a área mais desenvolvida do país. O declínio da produção açucareira, aliado à descoberta de ouro e pedras preciosas na região de Minas Gerais, provocou intensa migração rumo ao interior do Brasil. Ao longo dos caminhos da mineração, foram surgindo povoados que se transformaram em cidades.
Ouro Preto - antiga Vila Rica. Cidade que surgiu a partir do ciclo do ouro
  A região mineradora de Minas Gerais tornou-se o centro econômico do Brasil, em razão da riqueza gerada pelo ouro e pela grande quantidade de pessoas que se dirigiam à região atraídas pelo desejo de enriquecimento.
  Nessa época, o dinamismo econômico de Minas Gerais era tanto que impulsionava até mesmo a economia do sul do país, que também conheceu um importante desenvolvimento econômico, em razão da atividade pecuária e do tropeirismo.
  No tropeirismo, o gado bovino era transportado para a região das minas para alimentar o grande contingente de pessoas que trabalhavam na garimpagem, além de mulas para serem utilizadas no transporte de cargas.
Tropeirismo - importante atividade no período do ciclo do ouro
  Com o esgotamento das jazidas, em meados do século XVIII, e a falta de estímulos causada pelos altos impostos cobrados pelo governo português, a população mineira aos poucos foi se dedicando às lavouras de café, principalmente no sul de Minas Gerais, à criação de gado nas fazendas da região e à atividade têxtil. Uma parcela da população migrou para o estado de São Paulo, que já vinha se destacando com a cultura cafeeira, recebendo também trabalhadores de outros estados brasileiros. É com o desenvolvimento no estado de São paulo que o café passa a ser o principal produto de exportação do Brasil. A primeira mão de obra nas lavouras de café foi de africanos escravizados e seus descendentes, que mais tarde foi substituída pela dos imigrantes.
Café - principal produto de exportação do Brasil do século XIX até a metade do século XX
  A cafeicultura provocou a ocupação de terras no estado do Rio de Janeiro, Espírito Santo, parte de Minas Gerais, São Paulo e norte do Paraná. Para esses estados, dirigiram-se pessoas de várias partes do país, além de um grande número de europeus, principalmente italianos, que vieram trabalhar nas lavouras de café. A cafeicultura criou uma classe de aristocracia rural e foi responsável pela construção de ferrovias destinadas ao transporte do produto até o porto de Santos, de onde era embarcado para a Europa.
Porto de Santos
  O cultivo do café também propiciou o crescimento de várias cidades e transformou a cidade de São Paulo no centro econômico do Brasil. O café também foi responsável pelo desmatamento da Mata Atlântica, onde grandes áreas de florestas foram derrubadas para ceder espaço à plantação das mudas desse produto.
  A partir da segunda metade do século XIX, o governo brasileiro, interessado em povoar o sul do país, resolveu estimular a vinda de imigrantes europeus, principalmente alemães, italianos e eslavos (poloneses, russos e ucranianos), oferecendo-lhes oportunidades para se tornarem proprietários de terras, principalmente nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná.
  Para os imigrantes que se estabeleceram no estado de São Paulo, não havia a oferta da posse da terra. Eles vieram para trabalhar como assalariados nas lavouras de café. Enquanto nos outros estados desenvolvia-se a agricultura em pequenas propriedades e surgiam colônias de imigrantes, em São Paulo, boa parte do dinheiro obtido com o café propiciou o aparecimento de indústrias e a consequente urbanização da região. No início do século XX, chegaram os primeiros japoneses nas lavouras cafeeiras, principalmente no estado de São Paulo.
Imigrantes japoneses na colheita do café na primeira metade do século XX
  A efetiva ocupação e o povoamento das terras dos atuais estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, ocorreram principalmente após 1949, com as áreas de colonização criadas pelo governo, que visava expandir as fronteiras agrícolas e impulsionar o povoamento rumo ao interior do Brasil.
  Por determinação do presidente Juscelino Kubitschek, que governou o Brasil de 1956 a 1961, foi construída a cidade de Brasília, para sediar a nova capital do país, transferida do Rio de Janeiro. A construção da nova capital atraiu um grande número de trabalhadores, principalmente nordestinos, para a região central do Brasil. Com a inauguração da cidade, milhares de funcionários públicos foram transferidos do Rio de Janeiro para lá. Outras pessoas, atraídas pelo surgimento de uma nova cidade, também mudaram-se para a região. A transferência da capital para o interior do país, foi um fator de destaque no estímulo ao povoamento e à integração dessa região com outras áreas do território brasileiro.
Brasília - sua construção permitiu uma maior interiorização do Brasil
  Atualmente, alguns fatores se destacam em relação à região Centro-Sul: a grande concentração populacional, um alto grau de urbanização, um grande número de indústrias, uma atividade agropecuária moderna. Essa é a área que mais se desenvolveu e se industrializou no país, responsável pelo escoamento de boa parte da produção interna. Também é a região que abriga mais da metade da população brasileira. Contudo, as desigualdades também estão presentes nessa região, que concentra o maior número de favelas, elevados índices de desemprego e violência urbana, além de problemas de poluição ambiental.
Poluição no céu de São Paulo
FONTE: Geografia / Cláudia Magalhães ... [et al.]. - São Paulo: Editora do Brasil, 2009. (Coleção perspectiva)

UTILIZANDO AS COORDENADAS GEOGRÁFICAS

  O globo terrestre apresenta uma rede de paralelos e de meridianos. Para sua representação em mapas, os paralelos e os meridianos estão separados entre si por distâncias iguais.
  Fazer uso desse sistema de coordenadas geográficas tem sido importante para competidores de rali, balonistas, controladores de tráfego aéreo, navegantes e empresas de segurança, que podem monitorar uma frota de caminhões, por exemplo, e localizá-la caso haja necessidade.
Mapa da Região Metropolitana de São Paulo
  Quando utilizado para fins militares, o conhecimento das coordenadas geográficas tem demonstrado ser um instrumento de poder muito grande. Infelizmente, as guerras mais recentes provam isso: não basta somente um grande arsenal. É necessário o uso de instrumentos que permitam localizar os alvos e atingi-los com grande precisão. Os Estados Unidos criaram e controlam um sistema de 28 satélites, planejados originariamente para fins militares, que transmitem  informações à Terra sobre a localização de qualquer ponto desejado. Sendo os Estados Unidos os gerenciadores desse sistema, denominado GPS (sigla em inglês para Global Positioning System), cabe-lhes fornecer aos demais países somente as informações que lhes interessam, geralmente aquelas que servirão para monitoramento.
GPS
  As informações que podem ser utilizadas militarmente ficam em poder desse país. Um exemplo do uso desse sistema em operações militares ocorreu na guerra contra o Iraque, na década de 1990, na qual os aviões de combate circulavam sobre o campo de batalha e respondiam a "pedidos de fogo" das tropas em terra. As coordenadas geográficas eram repassadas dos controladores de tiro aos pilotos e às bombas guiadas por satélite, atingindo o alvo determinado. Com a utilização das imagens geradas por satélites foi possível assistir aos ataques em tempo real.
Satélites instalados no espaço - permitem informações em tempo real do que acontece no Planeta
FONTE: Geografia / Cláudia Magalhães ... [et al]. - São Paulo: Editora do Brasil, 2009. - (Coleção perspectiva)

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

AS MULTINACIONAIS E AS ESTRATÉGIAS DE CONTROLE DE MERCADO

  A expansão em escala planetária das atividades das multinacionais fez crescer a disputa entre essas empresas por partes cada vez maiores de um mercado consumidor atualmente integrado pelo processo de globalização. A acirrada concorrência tem levado essas empresas a lançar mão de algumas ações estratégicas, tais como:
  • Diminuição do tamanho das unidades de produção, aplicando alta tecnologia (informatização, automação ou robotização) e diminuindo o número de funcionários;
  • Otimização dos processos de produção, diminuindo os desperdícios com matérias-primas, reduzindo estoques e melhorando a qualidade dos produtos e dos serviços com a introdução do toyotismo como método predominante de trabalho;
  • Aumento dos investimentos em marketing e propaganda, disseminando informação a respeito de seus produtos ou serviços na mídia, no desenvolvimento de novas mercadorias e na valorização da marca da empresa no mercado de ações.
Fonte: envieimagens.com
  Outra medida que tem sido levada adiante pelas corporações multinacionais é a diversificação de suas áreas de atuação. Trata-se da chamada holding, tipo de empresa que se dedica exclusivamente ao controle de outras empresas multinacionais por meio da posse da maior parte de suas ações no mercado internacional de valores. Hoje em dia é comum a atuação de cada subsidiária de uma mesma corporação operando em um segmento diferente da economia, como o das atividades agrícolas, financeiras, fabris e minerais.
AS FUSÕES ENTRE AS MULTINACIONAIS
  Além das estratégias de controle de mercado, a intensa competitividade entre as empresas multinacionais tem contribuído para a ocorrência de fusões, ou seja, a soma de capitais entre corporações para a criação de uma única grande empresa que atue em determinado setor econômico. O objetivo é dominar a produção de mercadorias ou prestação de serviços e sua comercialização, além de controlar o preço por meio de oligopólios ou monopólios, infringindo, dessa maneira, um dos pilares do capitalismo liberal, que é a livre concorrência. Durante a década de 2000, ocorreram, por exemplo, fusões: entre as empresas estadunidenses AOL (America On Line, Inc.) e Time Warner, do setor de comunicações; entre a Chrysler, estadunidense, e a Fiat, italiana, no setor automobilístico; entre a Gillette e a Procter & Gamble, estadunidenses, na área de produtos de higiene e limpeza.
  O fenômeno de fusão de multinacionais tem colaborado para a criação de empresas gigantes, o que representa a extrema concentração  de capitais e, portanto, de poder econômico nas mãos de um diminuto grupo formado pelos acionistas majoritários dessas empresas.
FONTE: Boligian, Levon. Geografia espaço e vivência, volume único / Levon Boligian, Andressa Turcatel Alves Boligian. -- 3. ed. -- São Paulo: Atual, 2011.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

CANADÁ, UM PAÍS BILINGUE

  O Canadá é um dos países com o melhor padrão de vida do mundo, com baixos índices de mortalidade infantil e de analfabetismo e de elevada expectativa de vida.
  A população canadense é formada principalmente por descendentes de ingleses  (40%) e franceses (27%), por isso o francês e o inglês são considerados idiomas oficiais. Outra grande parcela da população veio de outros países da Europa, principalmente da Alemanha, Itália, Ucrânia, Polônia e países escandinavos. Os povos nativos, quase totalmente exterminados ao longo de séculos de colonização, corresponde atualmente a apenas 2%, e são constituídos principalmente pelos Inuits.
Casal de Inuits do norte do Canadá
  De acordo com a organização do espaço geográfico canadense, o país é dividido em seis regiões distintas: a dos Grandes Lagos, a Costa Atlântica, o Escudo Canadense, as Planícies Centrais, a Cordilheira Ocidental e o Extremo Norte. Os limites estabelecidos para as províncias são linhas arbitrárias determinadas por questões administrativas, históricas ou de compromissos políticos.
  A região dos Grandes Lagos e o vale do rio São Lourenço, próximo à fronteira dos Estados Unidos, é a mais desenvolvida e populosa do país, incluindo parte do território das províncias de Quebec e Ontário. Nela estão localizadas as principais cidades canadenses, como Toronto, centro comercial e financeiro do Canadá; Montreal, um importante porto fluvial e sede de grandes empresas; e Ottawa, a capital planejada com cerca de 1 milhão de pessoas.
Ottawa - capital do Canadá
  A Costa Atlântica reúne as quatro províncias por onde se iniciou a colonização: Nova Escócia, Nova Brunswick, Ilha Príncipe Eduardo e Terra Nova. Apesar da decadência econômica vivida por essa região em relação ao resto do país, a exploração de grandes reservas de petróleo e gás natural tem possibilitado a retomada do crescimento econômico.
Cidade de Halifax - capital de Nova Escócia
  As Planícies Centrais englobam boa parte das províncias de Manitoba, Saskatchewan e Alberta. A construção da ferrovia Canadian Pacific, concluída no final do século XIX, e da rodovia Transcanadense, inaugurada em 1970, possibilitou a interiorização dessa parte do país, coberta originalmente por pradarias.
Rodovia Transcanadense
  Com solos férteis e relevo plano, essa região é o grande celeiro agrícola do Canadá, onde se cultiva principalmente trigo e cevada. Em Alberta também se cria gado e existem campos de extração de petróleo. Edmonton e Calgary, as principais cidades dessa província, são sedes de um importante polo petroquímico e de empresas nacionais de petróleo e gás natural. Winnipeg, capital de Manitoba, é o centro financeiro da região.
Winnipeg - principal centro financeiro das Planícies Centrais
  A Cordilheira Ocidental, formada pelas Montanhas Rochosas e a Costa do Pacífico, compreende quase toda a província da Colúmbia Britânica. Essa região é grande produtora de pescados, carvão mineral, cobre, petróleo, gás natural, madeira e papel. Sua principal cidade é Vancouver, a terceira maior do país, com quase 2 milhões de habitantes.
Vancouver - terceira maior cidade do Canadá
  O Escudo Canadense ocupa a grande área centro-norte do país, onde estão milhares de lagos e terrenos cobertos por grandes florestas de coníferas e tundras. O inverno rigoroso dificulta a ocupação dessa região. São comuns a extração de madeira e de minérios e a geração de energia elétrica.
As extensas florestas de coníferas é a paisagem típica do Escudo Canadense
  O Extremo Norte é a região mais inóspita e fria do Canadá, formada basicamente por solos inférteis que ficam cobertos de neve durante quase o ano inteiro. Conhecido também como Ártico Canadense, é povoado por Inuits e trabalhadores temporários nos setores de serviços e mineração.
Paisagem típica do Extremo Norte do Canadá
  Como o subsolo dessa região possui grandes reservas de prata, cobre, chumbo e zinco, há um forte conflito nesse território. Os povos autóctones reivindicam o direito de posse da terra e de suas riquezas, mas o governo canadense costuma distribuí-las, por meio de concessão, a grandes empresas mineradoras.
  Como forma de minimizar o impasse, em 1999 foi transferida aos Inuits e indígenas uma área de 673 quilômetros quadrados do Território do Noroeste, formando desse modo o novo território de Nunavut (equivalente a um quinto do território canadense). Esse fato levou à recuperação da autonomia do povo Inuit e possibilitou a manutenção dos costumes e tradições de uma cultura milenar.
FONTE: Bigotto, José Francisco. Geografia sociedade e cotidiano: espaço mundial 2, 9º ano / José Francisco Bigotto, Márcio Abondanza Vitielo, Maria Adailza Martins de Albuquerque. -- 2 ed. -- São Paulo: Escala Educacional, 2009.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

VIETNÃ, O TIGRE VERMELHO

  Em 1986, iniciou-se a batalha que o Vietnã está travando de sua reinserção independente na economia mundial e sua rápida transformação em novo tigre asiático, acelerando seu ritmo de crescimento anual de 4% de 1986 a 1990 para taxas acima de 7% ao ano de 1991 até os dias atuais, o que signifca que a nação triplicou o tamanho de sua economia nos últimos vinte anos.
Cultivos nas montanhas do Vietnã
  Em 1986, diante da persistência do subdesenvolvimento, do bloqueio econômico capitalista e dos perigos da perestroika soviética, o PC do Vietnã assumiu a reforma econômica, baseada no modelo chinês de Deng Xiaoping. O Estado vietnamita manteve o monopólio do aparelho bancário, do comércio exterior, dos setores de energia e transportes e das grandes indústrias (cimento, cerveja, etc.), mas diminuiu sua presença econômica direta, aumentando sua presença indireta (planejamento). Manteve a propriedade estatal da terra, mas estimulou os contratos de parceria com os camponeses, estimulando grandes aumentos da produção, as mais significativa das quais na rizicultura, que saltou de 19,2 milhões de toneladas em 1990 para mais de 40 milhões de toneladas em 2010. Com boas jazidas de fosfatos, o Estado instalou fábricas de fertilizantes, que ajudaram o salto da agricultura, também visível nas crescentes safras de café e de borracha. Hoje, o Vietnã é o segundo maior produtor mundial de café (perdendo apenas para o Brasil) e o sexto maior produtor mundial de borracha.
Borracha - o Vietnã é o sexto maior produtor mundial
  Mais do que o crescimento agrícola é o da indústria, que tem garantido o grande dinamismo econômico, pois a indústria cresceu a taxas anuais de 12,5% nos anos de 1990 e 14% nos anos 2000. O grosso das exportações de manufaturados é de produtos tradicionais de mão de obra intensiva, de controle estatal majoritariamente: têxtil, confecções, calçados, entre outros.
Indústria de calçados - uma das que mais cresce no Vietnã
  O povo vietnamita e seus dirigentes têm enfrentado com coragem e sucesso a batalha iniciada em 1986. Realiza crescimento econômico mais igualitarista que o chinês, diminuindo a pobreza de 70% da população em 1985 a 25% em 2004, com 310 mil famílias promovidas a cada ano em média, bem como diminuindo o desemprego urbano. Completou a universalização do ensino primário e elevou o número de estudantes do ensino superior.
Estudantes vietnamitas
  O Vietnã constrói uma sociedade harmoniosa, onde as 54 minorias étnicas (15% da população) e os diferentes credos religiosos, sobretudo os budistas, possam se sentir parte ativa da construção do socialismo, fortemente industrializado, abundante e mais justo.
FONTE: Geografia, 2° ano: ensino médio / organizadores: Fernando dos Santos Sampaio, Ivone Silveira Sucena - 1. ed. - São Paulo: Edições SM, 2010. - (Coleção ser protagonista).

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A IMIGRAÇÃO NO BRASIL

  No final do século XVIII já havia ocorrido uma primeira experiência de imigração organizada.
  Os governantes de Portugal, preocupados em povoar o sul do Brasil - para afastar a ameaça de ocupação espanhola -, incentivaram a imigração de portugueses que viviam no arquipélago de Açores.
Cidade da Horta, na ilha do Faial - arquipélago dos Açores
  A coroa portuguesa ofereceu a esses imigrantes viagem gratuita, armas para a defesa, ferramentas para a agricultura, gado para o leite, cavalos para o transporte e alimentos durante um ano. Os açorianos recebiam também uma área de terras incultas para a produção agrícola.
  Mais de 4 mil famílias açorianas aceitaram a oferta e ocuparam o litoral sul do Brasil, especialmente no atual estado de Santa Catarina, deixando marcas em toda a cultura local: arquitetura, gastronomia, tradições, entre outras.
Arquitetura açoriana em Florianópolis - SC
OS PORTUGUESES
  No final do século XIX, as condições de vida em Portugal eram péssimas. A agricultura tinha baixa produtividade, as indústrias eram raras e a dívida com a Inglaterra era muito alta.
  Essa situação fez com que milhares de portugueses viessem para o Brasil, espalhando-se por diversas regiões. O Rio de Janeiro possui a maior concentração de portugueses e seus descendentes, seguido por São Paulo.
  A influência portuguesa é marcante na vida brasileira, principalmente na culinária e no próprio idioma.
Rio de Janeiro - maior cidade portuguesa fora de Portugal
OS ALEMÃES
  A imigração alemã no Brasil começou em 1824, quando um pequeno grupo se instalou no Rio Grande do Sul, na região do Vale do rio dos Sinos. A região abriga hoje diversas cidades fortemente influenciadas pela cultura germânica, como São Leopoldo e Novo Hamburgo.
  Ao longo do século XIX, os alemães participaram ativamente, com outros imigrantes europeus, da colonização do sul do Brasil. A necessidade de povoar essa região levou o governo brasileiro a doar pequenos lotes de terras no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
São Leopoldo -RS. Primeira cidade fundada por alemães no Brasil
  A maioria dos lotes entregues aos imigrantes alemães situava-se em regiões serranas, pois as terras mais planas já haviam sido ocupadas, sobretudo por portugueses e seus descendentes, que se dedicaram principalmente à pecuária.
  Nessas áreas de relevo mais acidentado, os imigrantes alemães deveriam produzir basicamente alimentos, que ainda eram muito escassos no sul do Brasil.
Moinho que simboliza a imigração alemã no Brasil, Joinville - SC
  Surgiram, assim, várias cidades de origem alemã. Em Santa Catarina, são destaques Blumenau, Joinville e Brusque, cidades que tiveram participação muito grande na industrialização do sul do Brasil.
  Conhecida como cidade das flores, Joinville é a maior cidade de Santa Catarina e, devido a forte influência germânica, é palco de muitas festas durante o ano, como a Fenachopp, a segunda maior festa de origem alemã no país.
Joinville - SC
  Outra importante festa realizada em Santa Catarina por descendentes de alemães é a Oktoberfest, em Blumenau, considerada a maior celebração da cultura alemã fora da Alemanha. A festa acontece no mês de outubro, na Vila Germânica, e atrai milhares de pessoas para a cidade.
Vila Germânica em Blumenau - SC
OS ITALIANOS
  A imigração italiana foi muito importante para o Brasil, tanto do ponto de vista quantitativo quanto culturalmente. Começou de maneira consistente a partir de 1870, quando a Itália atravessava um período de graves conflitos internos e grandes transformações políticas.
  A maioria desses imigrantes se fixou em São Paulo, sobretudo a partir de 1888, após o fim do regime escravista. Em substituição aos escravos, foram contratados pelos fazendeiros paulistas para trabalhar nas fazendas de café.
Imigrantes italianos em plantação de café - SP
  Após a crise de 1929, que encerrou o ciclo do café, muitos imigrantes italianos que viviam no interior dirigiram-se para a capital paulista em busca de trabalho como operários nas fábricas. Outros procuraram o comércio ou dedicaram-se às mais variadas profissões urbanas, imiscuindo-se em todas as áreas de atividade. Hoje, é notória a influência italiana na cultura paulista, fazendo-se notar na culinária, nos costumes e até no modo de falar.
Bairro do Bixiga, em São Paulo - fundado por imigrantes italianos
  Uma outra leva de imigrantes italianos seguiu para Santa Catarina e Rio Grande do Sul, ainda no final do século XIX, estimulados pela doação de lotes para a agricultura familiar.
  Visando facilitar e incentivar a vinda desses imigrantes, foram criadas colônias, especialmente no Rio Grande do Sul. Cada colônia era uma extensão de terras cuja área central era ocupada por uma sede administrativa e por uma igreja. A sede abrigava também pequenos artesãos e comerciantes, que contribuíram para a autossuficiência da colônia.
Antônio Prado - RS. Última das colônias de imigrantes italianos
  A partir do centro de cada colônia, distribuíram-se caminhos e estradas que levavam aos pequenos lotes de terras doados aos imigrantes. Nessas pequenas propriedades, as famílias italianas desenvolveram uma agricultura de subsistência. Com o tempo, porém, começaram a produzir excedentes de milho, feijão, batata, trigo e arroz, que eram comercializados em todo o Rio Grande do Sul. Mas o cultivo que melhor se adaptou às condições naturais da Serra Gaúcha foi a videira.
Cultivo de uva - foi o principal produto cultivado pelos imigrantes italianos
  Várias colônias transformaram-se em cidades importantes, como Bento Gonçalves, Garibaldi e Caxias do Sul. Já o vinho, o principal derivado das videiras, tornou-se um produto tradicional da Serra Gaúcha.
 Em Santa Catarina, os imigrantes italianos concentraram-se principalmente em Tubarão, Nova Trento, Urussanga e Criciúma, embora seus descendentes estejam presentes em todo o estado.
Caxias do Sul - RS. Cidade fundada por imigrantes italianos
OS ESLAVOS
  A imigração eslava, em sua maioria poloneses, formaram a maior corrente imigratória no estado do Paraná. Entre 1869 e 1920, estima-se que 60 mil poloneses entraram no Brasil, dos quais 95% estabeleceram-se no Paraná, nas colônias de Mallet, Cruz Machado, São Mateus do Sul, Irati e União da Vitória e na região de Curitiba. Em menor quantidade, rumaram para o inteior dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Os ucranianos também rumaram, em sua maioria, para o Paraná e colonizaram a região de Prudentópolis. Imigrantes russos também vieram, mas em pouca quantidade.
Mallet - PR. Cidade que surgiu sob a forte influência eslava
  Os imigrantes eslavos se dedicaram principalmente à agricultura com plantações de milho, feijão, repolho, batata, entre outros. Difundiram-se o uso do arado e de outras técnicas agrícolas no Paraná. Trouxeram consigo um modelo de carroça tipicamente eslava, utilizada até hoje no Paraná para o transporte de materiais e de produtos agrícolas.
Casa do colono polonês, em Curitiba - PR
OS SUÍÇOS
  Os suíços foram os primeiros imigrantes europeus a se estabelecerem no Brasil depois ods portugueses. Os primeiros imigrantes suíços chegaram ao Brasil entre 1819-1820, oriundos do cantão de Friburgo. Dom João VI batizou o lugar de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro. Eram ao todo 261 famílias, totalizando 1.682 imigrantes. Os colonos suíços foram atraídos para as serras do Rio de Janeiro pelo rei Dom João VI, com o intuito de povoar a região fluminense e europizar a região das serras. Hoje seus descendentes são encontrados aos milhares por toda a serra fluminense, miscigenados com portugueses, negros, italianos, entre outros.
Nova Friburgo - RJ. Cidade fundada por imigrantes suíços
  Um outro fluxo de suíços foi encaminhado para o Sul do Brasil durante todo o século XIX, com destaque para o grupo de imigrantes chegados da Colônia Dona Francisca (hoje Joinville), em Santa Catarina.
Residência típica de imigrantes suíços em Nova Friburgo
OS SÍRIOS E OS LIBANESES
  Os imigrantes sírios e libaneses começaram a chegar ao Brasil no final do século XIX, fugindo das dificuldades econômicas de sua região de origem.
  Concentraram-se principalmente em São Paulo, mas muitos se fixaram no norte do país, especialmente no Pará, no Amazonas, no Acre e no Ceará.
  Sua principal atividade era o comércio. Inicialmente, esses imigrantes trabalharam como mascates, percorrendo os bairros das cidades grandes e as pequenas cidades do interior. Logo, porém, tornaram-se proprietários de estabelecimentos comerciais fixos e indústrias.
Uma das principais influências dos sírios-libaneses no Brasil foi a culinária
  Calcula-se que vivem hoje no Brasil entre 10 e 15 milhões  de descendentes de sírios e libaneses.
  Hoje, quase todas as grandes cidades brasileiras apresentam várias ruas e até bairros comerciais criados por esses imigrantes e seus descendentes. É o caso da rua 25 de Março, em São Paulo, e de uma área do centro do Rio de Janeiro conhecida como Saara: em ambos os locais, inúmeras lojas de origem árabe vendem uma enorme variedade de mercadorias.
Rua 25 de Março, em São Paulo - SP. Uma das maiores ruas comerciais do país, foi criada pelos imigrantes sírio-libaneses
OS JAPONESES
  O primeiro grande grupo de japoneses chegou ao Brasil em 1908. Naquela época, o Japão passava por grandes dificuldades, como a baixa produtividade agrícola e a tradicional carência de recursos naturais. A fome rondava o país porque a agricultura - com métodos e técnicas rudimentares e escassas terras férteis - não conseguia produzir o suficiente para abastecer e alimentar toda a população.
Kasato Maru - navio que trouxe a primeira leva de imigrantes japoneses para o Brasil
  A maior parte veio para trabalhar na agricultura, concentrando-se em algumas regiões do estado de São Paulo (como Marília e Bauru) e Paraná (como Londrina e Maringá).
  Os imigrantes japoneses deram grande contribuição às atividades agropecuárias no Brasil, desenvolvendo, por exemplo, novas técnicas de plantio e de produção. Mas, assim como ocorreu com a colônia italiana após a crise da agricultura a partir de 1929, muitos migraram para a cidade de São Paulo, onde foram trabalhar no comércio e na indústria. Concentraram-se principalmente no bairro da Liberdade, que se tornou um símbolo da imigração japonesa no Brasil.
Bairro da Liberdade em São Paulo. Importante ponto da imigração japonesa
  Alguns núcleos de imigrantes japoneses surgiram também em outros estados. No Pará, fixaram-se na região bragantina (município de Tomé-Açu). No Rio de Janeiro, concentraram-se em Niterói.
  Tomé-Açu, localizado no nordeste do Pará, foi o local onde os japoneses chegados ao Brasil resolveram se instalar de forma mais bem-sucedida.
  A população local vive em casas típicas de sua cultura e aos domingos se reúnem em um templo budista como forma de manter a sua religião. Nas escolas, fala-se e estuda o japonês; mantêm o hábito de tirar os sapatos ao entrar em casa e costumam praticar o sumô.
Secagem de pimenta-do-reino por descendentes de japoneses em Tomé-Açu - PA
  Na contramão dos processos de ocupação da Amazônia, Tomé-Açu desenvolveu-se economicamente muito além das perspectivas interioranas. Para os japoneses e seus dependentes o cultivo da terra está em primeiro plano, diferentemente de outros estrangeiros, que não tinham a mesma responsabilidade ambiental. A pimenta-do-reino é o principal produto cultivado por esses imigrantes.
OS HOLANDESES
  A imigração neerlandesa no Brasil, foi o movimento migratório ocorrido nos séculos XIX e XX de neerlandeses para várias regiões do Brasil. Apesar da imigração neerlandesa ter sido menos expressiva do que a de outros grupos de imigrantes, os neerlandeses formaram cooperativas e empresas agrícolas em todas as regiões onde se estabeleceram, colaborando, assim, com o desenvolvimento da economia brasileira.
Holambra - SP. Conhecida como a "Cidade das Flores", é uma cidade que foi fundada por imigrantes holandeses
FONTE: Tamdjian, James Onnig. Estudos de geografia: o espaço geográfico do Brasil, 7° ano / James Tamdjian, Ivan Lazzari Mendes. - São Paulo: FTD, 2008.

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