quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

BRIC (BRASIL, RÚSSIA, ÍNDIA E CHINA)

  O termo BRIC foi criado para fazer referência a quatro países Brasil, Rússia, Índia e China. Estes países emergentes possuem características comuns. Ao contrário do que algumas pessoas pensam, estes países não compõem um bloco econômico, apenas compartilham de uma situação econômica com índices de desenvolvimento e situações econômicas parecidas.
  Os quatro países em conjunto representam atualmente mais de 1/4 da área terrestre do planeta e mais de 40% da população mundial.
Características comuns desses países
  • Economia estabilizada recentemente;
  • Situação política estável;
  • Mão de obra em grande quantidade e em processo de qualificação;
  • Níveis de produção e exportação em crescimento;
  • Boas reservas de recursos minerais;
  • Investimentos em setores de infraestrura (estradas, ferrovias, portos, aeroportos, usinas hidrelétricas etc);
  • PIB (Produto Interno Bruto) em crescimento;
  • Índices sociais em processo de melhorias;
  • Diminuição, embora lenta, das desigualdades sociais;
  • Rápido acesso da população aos sistemas de comunicação como, por exemplo, celulares e Internet (inclusão digital);
  • Mercados de capitais (Bolsas de Valores) recebendo grandes investimentos estrangeiros;
  • Investimentos de empresas estrangeiras nos diversos setores da economia. 
Futuro
  Economistas afirmam que, mantidas as situações atuais, os países do BRIC poderão se tornar grandes economias num futuro próximo. Dentre estes países, destaca-se a China, em função do rápido desenvolvimento econômico (crescimento do PIB em torno de 10% ao ano) e a sua elevada população (1,3 bilhão de pessoas).
Características particulares para o desenvolvimento econômico de cada país
Brasil
  É o país mais atraente entre as nações do grupo quanto à possibilidade de receber investimentos estrangeiros, pois foi elevado à posição de grau de investimento, pelas agências de classificação de risco Standard e Poor's.
  Os principais aspectos que contribuem para o crecimento econômicos do Brasil são:
  • Grande produtor agrícola;
  • Parque industrial diversificado;
  • Grandes reservas minerais, e com a descoberta do pré-sal será autossuficiente em petróleo e possível exportador;
  • Apresenta um grande mercado consumidor (190 milhões de habitantes).
São Paulo - maior cidade brasileira. Fonte: Wikipédia
  De acordo com o relatório O'Neill, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil vai apresentar acréscimo de 150% até 2030 e chegará a US$ 2,4 trilhões, o que proporcionará ao país a quinta maior economia do mundo, atrás dos EUA, China, Índia e Japão.
  O estudo afirma que o Brasil precisa crescer uma média de 4% ao ano para atingir essa posição econômica.
Indústria - um dos fortes setores da economia brasileira. Fonte: hprepres.com.br
Rússia
  Segundo as projeções de O'Neill, a Rússia será a sexta maior economia do planeta em 2050. Os cálculos apontam que, em 2018, o PIB russo ultrapassará o italiano. Em 2024, será maior que o da França, e, nos anos de 2027 e 2028, a Rússia deixará para trás o Reino Unido e a Alemanha, respectivamente.
  Entre os fatores que fortalecem a economia russa estão:
  • Apresenta grandes reservas de petróleo e gás natural;
  • Atualmente é o segundo maior produtor e exportador de petróleo do mundo;
  • O país conta com a maior reserva de gás natural do planeta;
  • Apresenta um grande mercado consumidor (142 milhões de habitantes).
Oleoduto na Rússia. Fonte: exame.abril.com.br
 Índia
  Começou a crescer economicamente em números significativos a partir de 1991, quando o governo realizou a abertura econômica, fato que começou a atrair investimentos internacionais.
  As principais características da Índia são:
  • Possui profissionais qualificados em áreas tecnológicas, principalmente de informática;
  • O país conta hoje com um verdadeiro parque de indústrias de tecnologia, nacionais e estrangeiras;
  • Apresenta um grande mercado consumidor (1,1 bilhão de habitantes).
  Conforme projeções, a Índia será o único país entre as potências emergentes a crescer acima dos 5% ao ano a partir de 2030. Já a taxa de crescimento do PIB do Brasil, Rússia e China, a partir de 2030 começará a declinar, ficando na média de 3% ao ano. A Índia, em 2050, será a terceira maior economia do planeta, ficando atrás apenas da China e dos Estados Unidos.
Trabalhadores no setor de informática da Índia. Fonte: blog.br.com
  Porém, o país necessita solucionar algumas questões, como por exemplo, a deficiência em infraestrutura e agricultura, além da falta de mão de obra especializada.
China
  Em 1997, a China abandonou o socialismo de mercado e deu início ao capitalismo. Desde então ocorreram várias privatizações dos meios de produção, atualmente cerca de 70% da economia chinesa é privada.
Imagens do trânsito em Pequim - China. Fonte: noticiasautomotivas.com.br
  A China teve um crescimento econômico, nos últimos anos, de 8% a 10,7% por ano, bem superior à média mundial, que é de 4%. Se persistir esse crescimento, a China será, em 2050, a maior economia mundial.
  Entre os fatores responsáveis por esse acelerado crescimento econômico, estão:
  • Apresenta um vasto exército de operários;
  • Elevada população absoluta (mais de 1,3 bilhão de habitantes);
  • Alto investimento em tecnologia e infraestrutura;
  • Possui vários investidores estrangeiros atuando no país;
  • Sistema de educação de alto nível, onde 99,8% dos jovens são alfabetizados;
  • Apenas 10% da população vive abaixo da linha de pobreza.
Imagem de Xangai - China. Fonte: adoroviagem.uol.com.br 
  Conforme projeções de O'Neill, em 2020 a taxa real de crescimento da economia chinesa deverá está por volta de 5% ao ano, enquanto em 2040 este número será ainda menor, por volta de 3,5%. Mesmo assim, o país estará ultrapassando os EUA ainda em 2041.
  Em breve o BRIC ganhará mais um membro, onde estima que ainda esse ano será oficializada a entrada da África do Sul no grupo.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

PREÇO DO PETRÓLEO SOBE PUXADO POR ONDA DE VIOLÊNCIA NA LÍBIA

Brent fechou a US$ 108, maior patamar desde setembro de 2008. WTI subiu mais de US$ 5, fechando a US$ 91,42, maior nível em 2 semanas.

  Os preços do petróleo tipo Brent atingiram US$ 108 o barril pela primeira vez desde 2008 nesta segunda-feira (21), devido a preocupações de que a crescente violência na Líbia possa provocar interrupção no fornecimento do país membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
Sede da OPEP em Viena - Áustria. Fonte: www.opep.org
  Os preços do petróleo nos Estados Unidos ditaram um salto no rali de mais de US$ 5, a maior alta em mais de dois anos.
  Operadores se apressaram para cobrir posições vendidas entre o petróleo tipo Brent e o WTI norte-americano. A diferença em abril foi estreitada para US$ 10 durante o dia, mas se ampliou para mais de US$ 12 mais tarde no pregão.
  Os preços do tipo Brent no mercado de futuros, que avançaram mais de US$ 10 este ano, principalmente devido ao crescente risco geopolítico, saltaram em US$ 3,22 o barril, ou 3,2%, para estacionar em US$ 105,74 o barril.
  Os preços subiram mais US$ 2, para fechar em US$ 108 nas últimas negociações, maior patamar desde 4 de setembro de 2008.
  O contrato do petróleo cru norte-americano, que vence na terça-feira, aumentou US$ 5,22 o barril para fechar a US$ 91,42 no fim da tarde -- maior nível em duas semanas

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

AVIÕES MILITARES ABREM FOGO CONTRA MANIFESTANTES NA CAPITAL LÍBIA, DIZ TV

Bombardeios teriam matado 250, mas não há confirmação independente. Protestos contra o governo Kadhafi se intensificam no país.

G1
  Aeronaves militares atacaram uma multidão de manifestantes antigoverno em Trípoli, capital da Líbia, disse a televisão Al Jazeera.
  O líbio Soula al-Balaazi, que disse ser ativista da oposição, afirmou à rede por telefone que caças da Força Aérea da Líbia bombardearam "alguns locais em Trípoli". Ele disse que falava de um subúrbio de Trípoli.
  Pelo menos 250 pessoas teriam morrido, segundo a emissora. Já a Al Arabiya fala, sem citar fontes, em 160 mortos.
  Mais cedo, a Federação Internacional de Direitos Humanos havia calculado entre 300 e 400 o número de mortos desde o início da rebelião contra o governo de Muammar Kadhafi. Segundo a Human Rights Watch, ao menos 233 morreram.
  Nenhuma verificação independente das notícias estava disponível no momento.
  Moradores dos bairros de Tayura e Fashlum relataram um "massacre", com muitos mortos, inclusive mulheres. Outro morador da capital também afirmou à TV que diversas áreas da capital estão sendo bombardeadas. "O que estamos testemunhando hoje é inimaginável. Aviões de guerra e helicópteros estão bombardeando indiscriminadamente uma área depois da outra. Há muitos, muitos mortos", disse Adel Mohamed Saleh.
  Há relatos de que pilotos teriam desertado para a ilha de Malta porque não queriam disparar contra a multidão.
  O jornal "Quryna" relatou que mercenários atiraram contra manifestantes, provocando muitas mortes. Uma mulher teria sido morta dentro de sua própria casa.
  O secretário de Relações Exteriores britânico, William Hague, afirmou mais cedo que Kadhafi poderia estar se dirigindo para a Venezuela, mas uma fonte do governo em Caracas negou a informação.
  Várias cidades do país, entre elas Benghazi e Syrte, estão dominadas por manifestantes, depois de relatos de deserções nas fileiras do Exército e da polícia, segundo testemunhas e a Federação Internacional de Direitos Humanos. "Muitas cidades foram tomadas, principalmente no leste. Os militares estão debandando", disse a presidente da FIDH, Souhayr Belhassen, citando principalmente Benghazi, reduto da oposição, e Syrte, cidade natal do coronel Kadhafi, que preside o país desde 1969. Outras testemunhas, no entanto, desmentiram que Syrte tivesse sido tomada.
  A polícia debandonou no domingo de Zauia, a 60 km a oeste de Trípoli, e a cidade está mergulhada no mais completo caos, informaram vários tunisianos que fugiram para Ben Guerdan (Tunísia), perto da fronteira entre os dois países.
  Protestos também estouraram na cidade de Ras Lanuf, que abriga uma refinaria e um complexo petroquímico, segundo o jornal "Quryna".
  Em Tobruk, perto da fronteira com o Egito, dez egípcios morreram baleados por "grupos armados de mercenários líbios", disse à France Presse um médico egípcio, citando compatriotas que fugiram do país em conflito.
  O grupo petroleiro italiano ENI, principal produtor estrangeiro na Líbia, anunciou em Milão que vai retirar seu pessoal "não essencial" do país. Ao mesmo tempo, pelo menos três diplomatas líbios renunciaram a seus cargos, e vários líderes tribais e religiosos aderiram à revolta popular.
  Uma coalizão de líderes muçulmanos líbios emitiu uma declaração dizendo que é obrigação de todo o muçulmano se rebelar contra o governo líbio. "Eles demonstraram total impunidade arrogante e contínua, e até mesmo intensificaram seus crimes sangrentos contra a humanidade. Portanto, eles demonstraram total infidelidade à orientação de Deus e Seu amado Profeta (que a paz esteja com ele)", disse o grupo, chamado de Rede dos Ulemas (sábios religiosos) Livres da Líbia.
  O ministro da Justiça, Mustafa Abdeljalil, pediu demissão em protesto contra a "situação sangrenta" no país, também segundo "Quryna".  O jornal afirmou ter conversado com o ministro por telefone.  Não havia confirmação oficial.
Moradores sobre tanque com a bandeira nacional pré-Kadhafi, nesta segunda-feira (21), na cidade líbia de Benghazi. (Foto: AP)
  Milhares de pessoas vêm protestando nos últimos dias na região leste do país contra  Khadafi. O acesso à informação é difícil, e os dados são frequentemente contraditórios.
  Saif al Islam, filho de Kadhafi, anunciou a criação de uma comissão para investigar a violência, presidida por um juiz líbio, segundo a TV estatal. Mais cedo, ele tinha dito que Khadafi vai combater a revolta popular "até o último homem em pé", depois que oposicionistas realizaram pela primeira vez manifestações na capital, Trípoli.
  A TV estatal afirmou que está havendo uma operação contra "sabotadores e terroristas", com vários mortos, mas não entrou em detalhes. "Nosso moral está elevado, e o líder Muammar Khadafi está comandando a batalha em Trípoli. Nós estamos por trás dele, assim como o Exército líbio", afirmou. "Vamos continuar lutando até o último homem que estiver de pé, até mesmo à última mulher que estiver de pé (...). Não vamos deixar a Líbia para os italianos ou para os turcos."
  Na noite de domingo, a multidão saqueou o prédio do canal televisão Al-Jamahiriya 2 e da rádio Al-Shababia, ambas públicas.
  A programação dos veículos, interrompida durante a noite, foi retomada nesta segunda-feira. Testemunhas também informaram incêndios em delegacias, escritórios de comitês revolucionários (ligados ao regime) e uma área de reuniões oficiais no centro da cidade, onde foram ouvidos intensos tiroteios.
Manifestante mostra cartaz contrário ao presidente da Líbia, Muammar Kadhafi, durante protesto no Cairo, capital do Egito, nesta segunda-feira (21) (Foto: Reuters)
Saída
  Os EUA pediram nesta segunda que todo seu pessoal diplomático não essencial deixe a Líbia e alertou cidadãos americanos a evitar viajar para o país do norte da África por conta dos protestos antirregime.
  Mais de 2.300 tunisianos residentes na Líbia abandonaram o país desde domingo por razões de segurança, informou a agência oficial tusinisiana TAP. A maioria decidiu voltar de maneira espontânea, já que consideram que a situação vai piorar na Líbia.
  A Itália decidiu decretar alerta máximo em todas as suas bases aéreas depois que dois aviões militares líbios e dois helicópteros civis aterrissaram em Malta depois dos atos de violência na Líbia, indicaram fontes da imprensa local.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

CIVILIAÇÃO "ORIENTAL" OU SÍNICA

  A área dominada pela civilização sínica, ou chinesa, abrange além da China, alguns países vizinhos no continente asiático: Mongólia, Coreia do Norte, Coreia do Sul, Taiwan (Formosa), Hong Kong e, com menor intensidade, o sudeste Asiático.
  A civilização chinesa, uma das mais antigas do mundo, desenvolveu um rico sistema de linguagem, especialmente a escrita, e filosofias com grande significado religioso, político e até ecológico. a escrita chinesa, baseada ideogramas, expandiu-se para amplas áreas da Ásia e chegou até o Japão. O idioma chinês abrange seis dialetos principais; o falante de um deles não consegue entender os outros. Mas a escrita os unifica, pois todos compreendem os ideogramas, mesmo que as palavras que eles significam variem bastante.
Mandarin - letras do alfabeto chinês. Fonte: institutomandarin.net
  Ao longo dos milênios, a população chinesa, formada predominantemente por camponeses, teve de lutar contra um ambiente muitas vezes difícil e árido. A civilização chinesa foi a que mais desenvolveu sistemas de irrigação, transportando água dos rios para áreas longínquas com secas periódicas. É por isso que ela é chamada de "civilização hidráulica milenar".
Grande Canal da China ou Grande Canal de Jing-Han. Sua construção teve início no ano 604 pelo Imperador Yang Guang. Possui 1.794 quilômetros de comprimente. Fonte: portuguese.cri.cn
  A cultura chinesa engloba três principais correntes de pensamento, que para o povo chinês não se excluem, mas se completam: o confucionismo, o taoísmo e o budismo - as três religiões (ou filosofias) que formam uma "única família", o Sankiao. O chinês típico em geral, é ao mesmo tempo budista, taoísta e confucionista (e algumas vezes até cristão). Isso sempre preocupou os missionários e agentes ocidentais na região, pois o Ocidente não existe o meio-termo e a possibilidade de ser e não ser ao mesmo tempo. Essa é uma diferença essencial entre a cultura chinesa, ou "oriental", e a ocidental. A própria ideia cultural do Oriente é uma invenção do Ocidente, pois há várias civilizações diferentes na Ásia, e os escritores que criaram a ideia de um Oriente único, misturavam tudo: a civilização chinesa com a hinduísta e a islâmica.
  Vejam as principais características das correntes orientais:
Confucionismo
  Deriva dos ensinamentos de Confúcio, do século V a.C. Prega uma série de regras éticas ou virtudes para as pessoas. Ele advoga um grande respeito às tradições e aos idosos, à família e à pátria, especialmente ao Estado. Valoriza bastante o ensino e apregoa que os sábios ou letrados, detentores do saber e também do poder, ocupem o primeiro lugar na sociedade.
Templo do confucionismo na China. Fonte: portuguese.cri.cn
  O confucionismo foi e continua sendo fundamental para a organização da burocracia chines - a classe dirigente do país há milênios, mesmo depois da introdução da República (1911) e da Revolução Socialista de 1949. Essas mudanças na vida política oficial do país não alteram o fato básico de que a camada dominante sempre foi, e continua sendo, a elite burocrática que controla o Estado e o governo. No passado esses mandatários eram os mandarins; hoje são os membros privilegiados do Partido Comunista.
Mao Tsé-tung - líder chinês. Fonte: institutomandarin.net
Taoísmo
  Fundado por Lao-tsé, no século V a.C., advém da palavra tao, que significa o caminho ou processo do universo, a ordem da natureza. O mundo é visto como um processo dinâmico e cíclico, com frequentes oposições de lados contrários que se complementam: o yin e o yang, ou seja, o feminino e o masculino, o intuitivo e o racional, o complexo e o simples, o receptivo e o expansivo, o repouso e o movimento.
Lao-tsé - fundador do Taoísmo. Fonte: wordpress.com
  A vida, dizia Lao-tsé, é a harmonia combinada do yin e do yang, a busca do equilíbrio, mesmo que às vezes um dos dois lados prevaleça momentaneamente. A tradicional medicina chinesa, que usa a acupuntura, alimentação especial e outras técnicas muito diferentes da medicina ocidental, baseia-se numa imagem do corpo (em união com o espírito) que seria essa combinação dos elementos yin e yang.
Montanha Qingcheng, lugar sagrado do taoísmo na província de Sichuan. Fonte: mitologiasereligiões.com
Budismo
  Chegou tardiamente à China, no século I d.C., vindo da Índia. O budismo chinês (e também o japonês) é diferente do primitivo budismo indiano, pois foi reelaborado no contato com a cultura chinesa. O fundamental no budismo é a ideia de "despertar" ou nirvana, um estágio de meditação profunda que conduz ao conhecimento último das coisas. Tudo é mutável, está em movimento, se transforma, dizia Buda. Não devemos nos apegar às coisas transitórias, a fatos e pessoas, nem ao próprio "eu", pois tudo seriam formas de ilusão.
Estátua de Buda em Macau - China. Fonte: cambetabangkokmacau.com
  Nessa área tradicionalmente bastante povoada, a desvalorização do individualismo apregoado pelo budismo teve grande aceitação. O budismo enfatiza também as ideias de sofrimento - pobreza, dor, doença e morte -, com propostas consoladoras de renúncia e de possibilidade de alcançar a salvação, o nirvana.
Templo budista em Zen - China. Fonte: canstockphoto.com.br
  Assim, a civilização "oriental", valoriza muito a nação e o Estado, a família, a cultura (os letrados), a relatividade das coisas (tudo é transitório e tudo é aceitável, desde que na medida certa) e a história vista como ciclos, fases que vão ora numa direção, ora em outra.
  Também a solidariedade dos tradicionais clãs (grupos de famílias) com sua pátria de origem vem ajudando muito a atual expansão econômica da China. Isso porque os chineses que vivem no exterior - especialmente Taiwan, Cingapura, Malásia, Tailândia etc - criaram uma vasta rede de investimento nesse país, que vem sendo o de maior crescimento em todo o mundo desde os anos de 1990, e hoje já possui a segunda maior economia mundial, superando em 2010 a economia japonesa, e se persistir esse crescimento, nos próximos 15 anos já será a maior economia mundial.
Parque industrial em Pequim - China. Fonte: info.abril.com.br
  E a extrema valorização da escola e do professor, típica dessa cultura, muito ajudou na modernização não apenas da China, mas também de outras economias mais industrializadas, como o Japão, a Coreia do Sul, Cingapura, Taiwan, dentre outras. Esses países também incorporaram, em maior ou menor grau, elementos da civilização chinesa, especialmente o confucionismo. Em todos eles existe um forte nacionalismo e uma efetiva valorização da educação de boa qualidade para todas as pessoas.
Alunos em uma escola em Xangai - China. Fonte: noticias.bol.uol.com
Fonte: VESENTINI, José William Geografia: geografia geral e do Brasil, volume único. São Paulo: Ática, 2005.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

CIVILIZAÇÃO HINDU OU INDIANA

  A área sob o domínio da civilização hindu abrange, em primeiro lugar, a Índia, e em segundo lugar, alguns países vizinhos - Sri Lanka, Mianmá, Nepal, Butão e Tailândia. Em algumas outras nações, como o Paquistão, Bangladesh, Malásia e Indonésia, a cultura indiana também exerce alguma influência, embora o islamismo seja mais forte. em grande parte do Sudeste Asiático (Vietnã, Camboja, Laos), a civilização indiana disputa a supremacia cultural com a chinesa, que predomina.
Ganesha - primeiro filho de Shiva. Fonte: wordpress.com
  No decorrer de sua história milenar, a região compreendida pela civilização indiana foi palco de sucessivas invasões por  povos diversos. Essas invasões originaram uma mistura racial e cultural, constituindo um sistema social complexo e aberto, que busca constantemente incorporar e absorver outras ideias e valores.
  O hinduismo, uma mistura de religião e filosofia, é o elemento unificador dessa cultura bastante diversificada. Para alguns especialistas, o hinduísmo não é propriamente uma filosofia nem uma religião bem definida. Seria, antes de mais nada, um conjunto de ideias e de costumes que organiza ou cimenta uma sociedade extremamente complexa e hierarquizada. O hinduísmo tem uma enorme importância para manter a coesão social da Índia, onde convivem numerosos grupos étnicos.
  A fonte espiritual do hinduísmo encontra-se nos Vedas, uma coleção de antigas preces, hinos e poemas. Os Vedas foram elaborados provavelmente por sábios anônimos e transmitidos durante muito tempo apenas oralmente, antes de serem escritos. Eles foram escritos pela primeira vez por sânscrito, uma língua morta que deu origem a inúmeros idiomas modernos.
Parte dos Vedas. Fonte: giridhari.com.br
  Em síntese, os Vedas ensinam que todas as coisas e acontecimentos são manifestações diversas de uma mesma realidade, que existe dentro de cada um e no universo como um todo. O conhecer a si mesmo, dessa maneira, passa a ser uma maneira de conhecer o mundo. A introspecção, a reflexão sobre si próprio em busca do equilíbrio, é essencial nessa cultura.
  Também a crença na transmigração da alma ou do carma de cada pessoa - ou seja, a existência numa época como ser humano de uma casta, ou de outra casta na geração seguinte, como peixe ou vaca em outra encarnação etc. - é fundamental nessa cultura, razão pela qual a própria vida humana não é tão valorizada quanto no Ocidente.
  Existem inúmeros deuses no hinduísmo, que variam conforme a área e o grupo étnico. Mas todos eles são apenas um ou este assume formas diversas conforme as circunstâncias. Na tentativa de absorver todas as religiões e filosofias importantes nessa imensa região, o hinduísmo chegou mesmo a considerar Buda, assim como Alá e Cristo, mais uma das facetas de seu Deus ou essência última de todas as coisas.
Shiva - principal Deus do hinduísmo. Fonte: wordpress.com
  Em muitos casos essa mescla teve bons resultados, mas em outros não, ocorrendo muitos conflitos entre diferentes culturas. Esse fracasso é particularmente notável no caso dos siques, que habitam uma região ao norte da Índia, na região de Punjab, e lutam pela sua independência.
Guru Nanak (1469-1539) - fundador do sikismo. Fonte: facebook.com
  É notável também no caso do islamismo, que vem se expandindo no sul da Ásia e exercendo uma crescente influência nas populações mais pobres, especialmente nos párias, a camada da população sem muitos direitos, considerada inferior pelo hinduísmo.
Sistema de Castas
  A hierarquia é fundamental na cultura indiana. Ela assume a forma de castas, uma palavra que, para uns, deriva do latim castus, que signifca "casto" ou "puro", e, para outros, deriva de sânscrito e significa "cor". As castas são grupos de pessoas - ou de famílias - que possuem determinadas tradições que os classificam hierarquicamentet como mais "puros" ou "impuros" dentro da sociedade hinduísta.
  O conceito de "pureza", é fundamental no sistema de castas; ele se refere não à higiene, e sim a hábitos e valores espirituais. Essas tradições são complexas e abrangem a alimentação, as vestimentas, as profissões etc. Comer carne de vaca, por exemplo, é considerado um hábito impuro, que só alguma casta - ou povos sem casta - muito inferior faria. Algumas profissões são tradicionalmente identificadas com certas castas, tais como as de sacerdotes, guerreiros, comerciantes, agentes funerários etc. Não existe nenhuma possibilidade de passar de uma casta para outra, nem por casamento nem por qualidades pessoais ou profissionais.
Mulher dalit ou sem casta. Fonte: oarquivo.com.br
  Isso não significa que as desigualdades econômicas entre as pessoas nas sociedades hinduístas, na Índia ou no Nepal, sejam exageradas. ao contrário, elas são bem menores que no Brasil ou que no restante da América Latina.
  As castas, diferenciam-se por atividades que exercem ou deveriam exercer como também por hábitos de alimentação, higiene, vestimentas etc. As castas que comem carne de vaca são hostilizadas pelas demais castas. E a casta - ou subcasta - que tradicionalmente se dedica à lavagem e ao enterro (ou preparação para a cremação) dos mortos é considerada útil. Mas ela é tida como "impura", pela maioria das demais castas, que evitam a todo custo qualquer contato com ela, mesmo que esses agentes funerários tenham, em alguns casos, se tornado muito ricos.
Deus Shiva representando o sistema de castas. Fonte: wikipedia
  O sistema de castasteve origem nos árias, que invadiram a Índia por cerca de 1300 a.C. Esse povo falava o sânscrito e introduziu na Índia o cavalo e a fundição do ferro e do bronze. Para se diferenciar dos povos que já habitavam essa região, os árias criaram essa forma de segregação étnico-racial. Além de terem costumes diferentes dos da população comum, eles provavelmente se distinguiam pela cor da pele. No início, o sistema de castas era simples, com poucas variações, depois foi se tornando mais complexo, à medida que a região sofria novas invasões.
  Em ordem de posição social, são estas as principais castas tradicionais indianas, que possuem inúmeras subdivisões:
  • Brâmanes - sacerdotes;
  • Xátrias - guerreiros;
  • Vaixás - comerciantes, artesãos, camponeses;
  • Sudras - trabalhadores manuais;
  • Intocáveis - sem castas.

  Nos dias de hoje, o significado de cada castaou das centenas de subcastas que existem, depende muito da região do país: São os párias, sem profissão definida, sem nenhum tipo de privilégio. São os "intocáveis", os que inspiram apenas desprezo de todos os outros membros da sociedade indiana. Nem sequer podem banhar-se no rio Ganges, considerado sagrado, nem ler os Vedas. Os párias, originados da população comum dos nativos dominados pelos invasores, constituem a população mais pobre e até hoje exercem a maioria das atividades desvalorizadas na sociedade indiana.
Pessoas se banhando no Rio Ganges. Fonte: indiacultura.pbworks.com
  Apesar de ter sido oficialmente abolido em 1946 e de sua prática ter sofrido alguns abalos com o domínio ocidental e capitalista na Índia, esse sistema milenar permanece atuante na sociedade indiana. Na década de 1990, os jornais de todo mundo noticiaram rebeliões estudantis na Índia em virtude da política governamental de garantir certa porcentagem de empregos e de lugares nas escolas para os párias. Esses protestos tiveram um significado profundamente conservador: manter as tradições segregacionistas, tentar impedir uma ascensão mínima por parte das camadas populares. Essa política governamental, que não elimina o sistema de castas mas o ameniza, visa obter mais votos e ampliar a base de apoio das autoridades no poder.
Fonte: VESENTINI, José William Geografia: geografia geral e do Brasil, volume único. São Paulo: Ática, 2005.

CIVILIZAÇÃO ISLÂMICA

  A cultura muçulmana ou islâmica, abrange atualmente uma imensa região que vai da Turquia, na parte leste da Europa, até o Paquistão e Bangladesh, no sul da Ásia, incluindo, também, o norte da África. A área onde a cultura islâmica é mais forte e estabelecida, é o Oriente Médio ou Sudeste Asiático.
  O elemento unificador dessa civilização é a religião maometana ou muçulmana. Além dos países árabes (Egito, Líbia, Argélia, Iraque, Arábia Saudita, Jordânia etc.), outros países e povos são islâmicos: Irã (povo persa), Turquia, Sudão, Paquistão, Casaquistão, Afeganistão etc.
Mulheres islâmicas no Irã. fonte: clickeducacao.com
   Os princípios fundamentais dessa religião são: a reza obrigatória cinco vezes ao dia, de cócoras e com o rosto voltado em direção à Meca, a cidade sagrada; a peregrinação ou ida pelo menos uma vez na vida a Meca; o jejum obrigatório durante o Ramadã, o mês sagrado, no qual vários alimentos são proibidos e a alimentação só pode ser feita depois que o sol se põe; e o dízimo ou doação obrigatória de uma parte de sua renda aos pobres.
Muçulmanos rezando no Taj Mahal na Índia. Fonte: novo-mundo.org
   Existem também o Jihad ou "guerra santa" contra os infiéis, a submissão da mulher ao homem, os castigos exemplares aos ladrões e criminosos (tais como chicotear ou decepar a mão em público), etc.
  A religião muçulmana foi fundada por Momé, no início do século VII. A adoção da nova fé deu início à união dos povos árabes, primeiro na área próxima às cidades de Meca e Medina, na atual Arábia Saudita. Ao longo dos séculos VII e VIII, o maometismo se expandiu para regiões distantes, na Ásia, na África e na Europa, num processo de conquista e domínio político e cultural sobre outros povos.
  Durante vários séculos, o mundo islâmico rivalizou com o Ocidente, não apenas conquistando terras e povos, mas também desenvolvendo uma rica cultura. Os povos islâmicos alcançaram progressos notáveis em matemática, astronomia, literatura, filosofia, construção naval etc. No século XV, os turcos otomanos construíram um imenso império às margens do Mediterrâneo, e os persas dominaram a porção leste do atual Oriente Médio. Esses impérios sempre foram dominados pela cultura árabe-islâmica.
 Império Turco-Otomano. Fonte: tudoehistoria.com
  A partir do século XIX, a dominação britânica atingiu o mundo muçulmano, com o enfraquecimento - e desmembramento - do Império Turco. No início do século XX, foram criados os atuais países árabes: o povo árabe foi dividido em dezesseis países diferentes, cada um dominado por uma elite privilegiada. Até hoje, existe uma aspiração popular de união e criação de uma imensa nação árabe.
  A civilização islâmica é mais forte nos países árabes, no Irã e em algumas nações vizinhas ao Oriente Médio (Tajiquistão, Quirguízia, Sudão etc.). Ela pode até predominar nas suas áreas de expansão ou atuais periferias -  o sudeste da Europa (Península Balcânica), o centro da África e o sul e sudeste da Ásia. Mas é contrabalançada ou por uma ocidentalização que produziu resultados significativos ou por outras culturas que amenizam o islamismo.
  Na Turquia, desde a década de 1930, vem ocorrendo uma efetiva ocidentalização, empreendida pelas autoridades do país: escolas islâmicas foram fechadas e a própria linguagem escrita, que antes usava carcteres árabes, passou a ser grafada com o alfabeto latino. O grande objetivo da Turquia nessa ocidentalização, é ingressar na União Europeia.
Vista de Istambul - Turquia. No primeiro plano encontra-se a parte asiática e mais ao fundo a parte europeia separada pelo Estreitor de Bósforo. Fonte: oglobo.globo.com
  A religião exerce papel fundamental na cultura islâmica. Todos os governantes procuram dar a impressão de estarem seguindo políticas baseadas nos ensinamentos do Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos.
  Um exemplo típico da mistura política X religião, se dá no Irã. Nas décadas de 1960 e 1970, o governo do Xá Reza Pahlevi empreendeu um processo de ocidentalização forçada, rápida demais para ser assimilada pelo povo, apegado a suas crenças. Em 1979, o xá foi deposto, após violenta revolta popular, por uma revolução de cunho religioso e tradicionalista.
Xá Reza Pahlevi - responsável por tentar introduzir a ocidentalização no Irã. Fonte: enciclopedia.com.pt
  Os costumes tradicionais do islamismo, que tinham sido abolidos ou abrandados, ressurgiram como normas obrigatórias. As mulheres viram-se obrigadas a usar novamente em público o véu que lhes cobre o rosto e foram proibidas de dirigir automóveis, de tomar banho nas praias ou piscinas com os homens, de fazer perguntas e olhar diretamente para o professor na sala de aula etc. Ressurgiu a obrigatoriedade de todos rezarem cinco vezes ao dia, ajoelhando-se com o rosto voltado para Meca.
Mulheres iranianas. Foto: oglobo.globo.com
  Restabeleceram-se também castigos estranhos aos olhos ocidentais, como decepar publicamente um braço dos ladrões, cortar a língua dos mentirosos e açoitar os bêbados com quarenta chibatadas. A venda de bebidas alcóolicas foi oficialmente proibida, embora exista clandestinamente, como em quase todos os países islâmicos. Os homens viram retornar seu direito de terem até quatro esposas.
Homens sendo enforcados por terem cometidos crimes no Irã. Foto: oglobo.globo.com
  A religião islâmica tem várias seitas ou correntes. As mais conhecidas são o sunismo, que predomina na maioria das nações islâmicas, e o xiismo, que é majoritária no Irã, no Azerbaijão e no Iraque e tem grande influência nas populações do Iêmen, do Líbano e do Paquistão. A corrente sunita é mais moderada, separando um pouco o Estado da religião. Os xiitas são mais radicais no seu fundamentalismo religioso: a política deve estar a serviço da expansão da fé, dos ensinamentos da religião.
Mapa da distribuição dos sunitas e xiitas. Fonte: missoeseadoracoes.net
  O islamismo atual, especialmente a sua corrente xiita, surge como uma das religiões mais intolerantes que existem: em certos países, como a Arábia Saudita, são proibidos quaisquer outros cultos ou igrejas. Nesse país, nem sequer pode andar na rua portando um símbolo de outra religião.
  Existe ainda a ideia de "guerra santa", que é o combate aos infieis, prescrito pelo Alcorão, presente sobretudo na corrente xiita. Os fieis são estimulados a combater numa luta de morte em que valem todas as armas, todos aqueles que simbolizam um obstáculo ao desenvolvimento da religião muçulmana. Multidões se lançaram com ferocidade nessas "guerras santas", como ocorreu na Guerra Irã x Iraque (1980 à 1988), por acreditarem no ensinamento religioso de que os mortos em combates irão naturalmente para o paraíso, onde terão à sua disposição 40 moças virgens.
O ex-presidente iraquiano Saddam Hussein junto com soldados durante a guerra Irã x Iraque. Fonte: bfbrasil.com
Fonte: VESENTINI, José William Geografia: geografia geral e do Brasil, volume único. São Paulo: Ática, 2005.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

CULTURA OCIDENTAL

As civilizações ou culturas no sentido amplo, são uma importante forma de identidade que existe na população mundial. Elas constituem uma identidade cultural bem mais ampla do que as diversas nações ou as etnias. As civilizações constituem agrupamentos de sociedades nacionais com determinados traços culturais em comum: origem dos idiomas, crenças religiosas, tipo de organização das famílias, relações entre os indivíduos e o Estado etc. Uma civilizaçãoé a identidade mais ampla de um povo.
Civilização Ocidental
  A civilização ocidental é herdeira dos antigos gregos e romanos. Nasceu na Europa e atualmente é dominante em vários continentes e regiões da superfície terrestre: Europa - principalmente a Ocidental -, América Anglo-Saxônica, Austrália e Nova Zelândia, onde essa civilização existe em sua forma pura ou inquestionável. Predomina, também, na Europa Oriental, na Rússia e outras nações europeias da  CEI (Ucrânia, Belarus, Armênia etc.), em Israel, na América e até no Japão.
  A civilização ocidental convive com outras culturas que ainda hoje têm grande peso: no Japão, com culturas orientais; nos diversos países latino-americanos, com culturas indígenas ou pré-colombianas (México, Bolívia, Paraguai), e até negro-africanas, por causa do grande número de escravos trazidos na época da colonização (Haiti, República Dominicana, Jamaica); em Israel, com a forte presença do judaismo; na Europa Oriental, com culturas eslavas cristã-ortodoxas.
 Igreja Ortodoxa na Estônia. Fonte: portalsaofrancisco.com
  Dos gregos, a civilização ocidental recebeu especialmente a filosofia; dos romanos, o direito e o próprio alfabeto latino. As principais religiões ocidentais são monoteístas (que crêem em um só Deus): o judaismo e o cristianismo, este representado pela Igreja Católica, pelas igrejas ortodoxas orientais e pelas diversas igrejas protestantes ou evangélicas - luteranas, presbiterianas, batistas, adventistas, pentecostais etc.
 Praça São Pedro - Vaticano. Símbolo do catolicismo. Fonte: Rede Vida
   O papel da religião na cultura ocidental é relativamente pequeno: existe ai um grande número de ateus e agnósticos - doutrina que só aceita o que pode ser demonstrado logicamente - provavelmente muito maior do que em qualquer outra civilização. O Ocidente só passou a conhecer a democracia e os direitos do ser humano quando se libertou do domínio da religião, no século XVIII. a partir daí, adotou-se a ideia de que o futuro das nações ou dos indivíduos pertence a eles próprios, às suas ações e opções, e não mais a Deus ou qualquer outra forma de destino predeterminado (astros, linhas da mão, santos etc).
 Obra na Capela Sistina feita por Michelangelo.Fonte: arte.wordpress.com
  A concepção de natureza dominante nessa cultura é problemática: o ser humano seria um ser privilegiado e a natureza estaria a seu dispor, existiria para servi-lo. Na cultura ocidental, há uma separação e oposição entre o ser humano (visto como sujeito) e natureza (objeto).
  Com o desenvolvimento do capitalismo, nascido na Europa a partir do comércio, a civilização ocidental sofreu profundas modificações e se expandiu para todo o globo.
  Uma ideia materialista de progresso - entendido como o acúmulo incessante de bens e obras - é básica para essa civilização. O grande objetivo que ela procura alcançar e levar ao restante do mundo é o progresso material, que consiste em modificar constantemente a natureza realizando obras que a humanizam (derrubada das matas para "civilizar" a área, construção de pontes, estradas, portos, edifícios etc.).
Desmatamento na Amazônia - típico da ideia materialista. Fonte: IBAMA
   A civilização ocidental produziu obras grandiosas: unificou o planeta, encurtou as distâncias com o desenvolvimento dos meios de transportes e de comunicações, aprimorou o padrão de consumo os povos, especialmente do Primeiro Mundo, expandiu a atividade industrial por quase todo o globo etc. Mas gerou também a grande maioria dos problemas que atualmente afetam a humanidade: a poluição gigantesca, as armas atômicas, as enormes desigualdades de nível de vida entre as pessoas e de desenvolvimento entre as nações etc.
Desigualdade social - uma das características da sociedade de consumo. Fonte: Geografia para Todos.
  Tanto o capitalismo quanto o ideal socialista são produtos da civilização ocidental. Foi nela que pôde surgir o ser humano como indivíduo, como agente de direitos democráticos, que ele próprio conquista por meio de conflitos e lutas. Isso é original e específico da civilização ocidental: a maioria das demais culturas valoriza o indivíduo em favor da comunidade, do coletivo. Esse fato impede a valorização do cidadão e o desenvolvimento dos direitos democráticos.
  O peso da tradição é muito forte nas culturas em geral. Na ocidental, ao contrário, é mais intenso o contínuo de mudanças, de inovações, de aventuras.
  Isso ajuda a explicar porque essa civilização se expandiu para todo o globo, ao contrário de outras civilizações, como a chinesa que, no século XV, tinha maiores conhecimentos da arte de navegar e fora a primeira a usar explosivos. Mas os chineses preferiram voltar-se para si mesmos, preocupados em manter ou conservar o que já existia, sem aspirar as inovações e conquistas.
Fonte: VESENTINI, José William Geografia: geografia geral e do Brasil, volume único. São Paulo: Ática, 2005.


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