sexta-feira, 13 de março de 2015

ISLÂNDIA: A TERRA DO GELO

  Com apenas 309 mil habitantes e elevado nível de vida, a Islândia localiza-se no extremo norte do oceano Atlântico, alojada na segunda maior ilha da Europa. Sua economia tem por base a pesca.
  Além das geleiras, a Islândia tem vulcões em atividade e gêiseres (fontes de água quente com erupções periódicas) cujo calor é aproveitado para aquecimento de estufas onde são cultivadas plantas e também para aquecimento doméstico.
Akureyri - quarta maior cidade da Islândia
GEOGRAFIA
  A Islândia é uma grande ilha vulcânica localizada no norte do Oceano Atlântico, um pouco ao sul do Círculo Polar Ártico. Culturalmente ligada à Europa, o país não possui nenhum traço geológico em comum com o continente europeu. Com pouco mais 102 mil km², a ilha da Islândia é a 18ª maior ilha do mundo e a segunda da Europa, perdendo apenas para a ilha da Grã-Bretanha. Existe ainda outras ilhas menores no país que, juntas, não chegam a 1.000 km².
  A Islândia possui um relevo bastante acidentado e cheio de montanhas, localizadas em uma espécie de planalto com altitudes médias em torno de 500 metros. O ponto culminante do país é o Monte Hvannadalshnúkur, com uma altitude de 2.119 metros acima do nível do mar.
Monte Hvannadalshnúkur - ponto culminante da Islândia
  Existem diversos glaciares na ilha, que cobrem cerca de 11% da superfície do país. O maior e mais conhecido é o Vatnajökull, com mais de 8 mil km². Outros glaciares importantes são o Langjökull, o Hoifsjökull e o Mýrdalsjökull. Nos últimos anos, a área desses glaciares têm diminuído significativamente, sendo atribuída essa diminuição, ao processo de aquecimento global.
Glaciar de Vatnajökull - Islândia
  Os rios da Islândia são classificados em três grupos. O primeiro deles são os rios formados pelo degelo dos glaciares que carregam uma grande quantidade de lama, possuindo, assim, a água com cor acastanhada. Possuem maior quantidade de água no verão, principalmente entre julho e agosto, e no inverno chegam a congelar completamente. O segundo tipo de rio são os comuns, onde a água brota de nascentes, que geralmente surgem em áreas de rocha basáltica. A água geralmente é clara, e os maiores volumes de vazão ocorrem na primavera e no outono, motivado pelo derretimento da neve e das chuvas intensas. O terceiro grupo de rios são os pequenos afluentes que nascem nas regiões porosas das áreas vulcânicas e se juntam aos rios maiores de água límpida. Na nascente, esses rios apresentam uma temperatura constante, entre 3 e 5 graus Celsius, motivo este que não se congelam durante o inverno.
Rio Jökulsá á Fjöllum - Islândia
  Os três tipos de rios possuem um curso rápido, profundo e cheios de quedas d'água. Uma delas é a Catarata de Dettifoss no rio Jökulsá á Fjöllum que, com 44 metros de altura, é a maior da Europa. Os rios mais longos do país são o Thjórsá, com 237 quilômetros de extensão, o Jökulsá á Fjöllum, com 206 quilômetros d o Ölfusá-Hvitá, com 185 quilômetros.
Catarata de Dettifoss - Islândia
  Na Islândia os lagos são numerosos, mas na sua maioria são relativamente pequenos e possuem origens diversas, como os formados por movimentos tectônicos e nas crateras de vulcão, além do movimento dos glaciares. O maior lago do país é o Thingvallavatn, que possui uma área de 84 km², e está localizado no sudoeste do país.
Lago Thingvallavatn - Islândia
  A Islândia está localizada na dorsal mesoatlântica (cadeia de montanhas que se estendem ao longo dos limites das placas tectônicas), no encontro entre as placas Norte-Americana e Euroasiática. Esta dorsal mesoatlântica é a zona em que uma nova crosta oceânica se forma continuamente por meio de erupções vulcânicas. A Islândia encontra-se sobre um ponto quente. Quando as placas tectônicas se movem, surge uma fissura que permite que o magma flua para a superfície, dando origem a erupção vulcânica. Atualmente, existem cerca de trinta sistemas vulcânicos no país, sendo o mais famoso o vulcão Eyjafjallajökull, que em 2010 causou o fechamento de diversos aeroportos na Europa por causa das cinzas ejetadas na atmosfera.
Erupção do vulcão Eyjafjallajökull, em 2010
A energia que vem do fundo da terra
  Por causa da atividade vulcânica, existem muitos gêiseres e fontes termais por todo o território islandês. O gêiser mais famoso e também o mais antigo conhecido é o Geysir, cujo nome deu origem à palavra que designa tais nascentes eruptivas. Esse gêiser surgiu por volta do século XVI e tornou-se dormente no século XIX, até que um terremoto, em julho de 2000, fez com que essa fonte entrasse novamente em atividade, expelindo água quente e vapor a cada oito horas.
  Outro gêiser famoso é o Strokkur, que lança água quente há mais de vinte metros de altura a cada oito minutos. A água aquecida das fontes termais também é muito apreciada pelas suas propriedades medicinais.
Gêiser Geysir - Islândia
  Os gêiseres  e as fontes de água quente que jorram de norte a sul da Islândia não são apenas uma atração turística. Desde a década de 1930, quando pela primeira vez os islandeses bombearam água quente e vapor para aquecer 12 casas e uma piscina, usinas geotermais passaram a ser uma opção a mais para as necessidades do país.
  Atualmente elas geram 845 mW da energia do país. A maior parte dessa energia geotermal serve para aquecer casas, a água que sai das torneiras e as estufas.
  As regiões hidrotermais são divididas em dois tipos: as de baixa temperatura, em que a água a 1 quilômetro de profundidade tem menos de 150 graus, e as de alta temperatura, nas quais a água a 1.000 metros de profundidade tem mais do que essa temperatura. Para gerar energia, é usado o vapor da água, que, com pressão, é transportado via tubos e utilizado para gerar calor. Entre Reykjavik e Nesjavellir, uma das maiores usinas islandesas, corre uma linha com 27 quilômetros de extensão, com diâmetro de 800 milímetros, carregando água quente e vapor a 83 graus. Quando a água e o vapor chegam à capital, a temperatura caiu apenas 2 graus e ainda pode ser usada. O custo de 1 tonelada de vapor é equivalente a 2,51 dólares, uma ninharia se comparado aos 60 dólares que custa um barril de petróleo no mercado internacional e que gera uma quantidade de energia muito menor. Outra grande vantagem da energia geotermal é que ela polui pouco. Cada mWh gera 96 quilos de gás carbônico,  e 6 de enxofre. Só para comparar, cada mWh de carvão polui dez vezes mais o ar e usinas termoelétricas tocadas a gás natural, cinco vezes mais.
Gêiser Strokkur - Islândia
  O clima da costa da Islândia é o oceânico subpolar, possuindo verões amenos e invernos curtos e suaves com temperaturas que não descem a -3ºC. As temperaturas no país são relativamente amenas, se comparadas com as de outras regiões de mesma latitude graças a corrente marítima do Golfo, que é um fluxo de água quente que sai do Golfo do México em direção ao norte da Europa, contribuindo para que o país possua as temperaturas mais amenas.
  A precipitação está diretamente relacionada com a passagem de ciclones de baixa pressão que se formam no oceano ao sul da ilha, onde são registradas as maiores quantidades de chuva e gelo do país. Os ventos predominantes são na direção leste e nordeste, possuindo maior intensidade nas regiões mais altas das montanhas. Os ventos secos também penetram na ilha, vindos da parte norte, e chegam a causar fortes tempestades de areia, principalmente durante o verão e o começo do outono. As tempestades com chuva e trovoadas são bastante raras na Islândia.
Paisagem de área rural na Islândia
  De acordo com registros datados do século XII, a Islândia já foi um país coberto por florestas que se estendiam das montanhas até a região costeira. Com a chegada dos seres humanos as florestas começaram a ser destruídas para dar lugar aos campos de pastos e de áreas agrícolas. Além da ação antrópica, outros fatores que contribuíram para devastar as florestas foram a atividade vulcânica, os movimentos dos glaciares e o clima desfavorável. Atualmente, apenas um quarto da superfície do país possui áreas florestais. A área restante é coberta de areia, rochas e campos de lava e pequenos arbustos. Entre as espécies de árvores estão as bétulas juntamente com os álamos. Diversas iniciativas estão sendo tomadas objetivando reflorestar o país.
Paisagem da Islândia
  Nos dias atuais, a conservação do meio ambiente no país é uma prioridade, dada a alta dependência da economia dos produtos pesqueiros. O país tem-se mostrado forte na luta contra a poluição marinha, com grandes ações de prevenção que fazem com que as águas da Islândia estejam entre as menos poluídas do mundo. Apesar da beleza natural do país permanecer praticamente intacta, certas áreas que foram desmatadas sofrem com a erosão e a desertificação causados principalmente pelos ventos constantes.
  Foram criadas várias unidades de conservação de espécies por todo o país, como parques nacionais e reservas naturais. Dentre esses parques estão o Parque Nacional Vatnajökull e o Parque Nacional de Pingvellir.
Parque Nacional Vatnajökull - Islândia
HISTÓRIA
  A ilha da Islândia foi descoberta pelo marinheiro escandinavo Naddoddr, que se perdeu numa viagem da Noruega para as Ilhas Faroé, indo ter à costa leste da Islândia, terra que batizou de Snaeland (terra da neve). Outro marinheiro, o sueco Garoar Svavarsson, abordou acidentalmente na ilha, chamando-a de Garoarshólmi (ilha de Garoar).
  O primeiro escandinavo a viajar deliberadamente para a Islândia foi Flóki Vilgeroarson, que se estabeleceu durante um inverno em Baroaströnd, quando avistou nos fiordes gelo à deriva, batizando-a com seu nome atual, Islândia (terra de gelo).
  O título de primeiro habitante permanente da Islândia é dado a um chefe tribal norueguês Ingólfur Arnarson, que ao aproximar-se de terra atirou duas varas borda fora, decidido a instalar-se onde as varas acabassem por ficar. Navegando junto à costa acabou por encontrá-las na parte sudoeste, onde fixou residência junto com sua família, por volta de 874, no local onde hoje se encontra a capital do país, Reykjavik.
Fjaroabyggo - Islândia
  Ingólfur foi seguido por vários outros chefes noruegueses que, com suas famílias e escravos, vieram se instalar por toda a ilha nas décadas seguintes. Estes colonos eram maioritariamente noruegueses e irlandeses, sendo os irlandeses escravos ou servos dos chefes.
  Em 930, os chefes estabeleceram uma assembleia denominada Alpingi, reconhecida como o mais velho parlamento do mundo. O parlamento reunia-se todos os verões em Pingvellir, onde os chefes reviam as leis, resolviam disputas e nomeavam os jurados que iriam julgar os processos judiciais. As leis não eram escritas, mas memorizadas por um relator da lei. Também não havia poder central e as leis eram aplicadas pelas pessoas, o que provocava vinganças sangrentas.
Parque Nacional de Pingvellir - Islândia
  Os colonizadores da Islândia eram sobretudo pagãos, adoravam, entre outras divindades, Odin (deus principal da mitologia nórdica atual), Thor (na mitologia nórdica é o deus que empunha o martelo Mjolnir, e está associado aos trovões, relâmpagos, tempestades, árvores de carvalho, força, proteção da humanidade e também a santificação, cura e fertilidade), Njord (deus dos mares, dos ventos e da fertilidade), Frey (filho de Njord, é um deus belo e forte, que comanda o tempo e a prosperidade, a fertilidade, a alegria e a paz), e Freya (deusa mais antiga da mitologia nórdica e germânica, irmã de Frey, é a deusa da sexualidade, da sensualidade, da fertilidade e do amor), mas no século X a pressão política da Europa para que os islandeses se convertessem ao cristianismo aumentou. À medida que o fim do milênio se aproximava muitos dos islandeses mais proeminentes tinham aceitado o novo destino, enquanto que os menos abastados se recusavam a aceitar essa imposição, gerando um grande conflito, e uma guerra civil entre grupos religiosos se preparava para acontecer.
  Para evitar essa guerra, no ano 1000 o Alpingi indicou um dos chefes tribais, Porgeir Ljósvetniongagooi, para decidir esta questão, decidindo que todo o país deveria se converter ao cristianismo, porém, permitiu que os pagãos continuassem adorando seus deuses secretamente.
Akranes - Islândia
  A Islândia manteve a sua independência até 1262, quando entrou em vigor um tratado que estabelecia uma união com a monarquia norueguesa, culminando com o período mais sangrento da história do país. A posse da Islândia passou a ser partilhada pela Noruega e pela Dinamarca em virtude da união destes países.  Em 1550, a situação local agravou-se quando o rei Cristiano III impôs uma violenta reforma luterana, reservando o monopólio comercial nas mãos dos dinamarqueses. Com a assinatura do Tratado de Kiel, em 1814, os reinos da Noruega e da Dinamarca se separaram, e a Islândia passou a ser parte integrante da Dinamarca.
  No início do século XIX, renasceu um sentimento patriótico na Islândia, desenvolvendo-se um movimento independentista liderado por Jón Sigurdsson. O Alpingi permaneceu em funções durante séculos, sendo abolido o seu funcionamento em 1800. Em 1843, foi fundada uma assembleia com o mesmo nome, graças ao desejo dos islandeses pela volta do Alpingi.
Árborg - Islândia
  Em 1874, a Dinamarca concedeu à Islândia autoridade interna, que foi renovada em 1904. A Constituição, escrita em 1874, foi revista em 1903 e um ministro dos assuntos islandeses, residente em Reykjavik, foi nomeado. Em 1 de dezembro de 1918, celebrou-se um acordo com a Dinamarca, o Ato de União, onde se reconhecia a Islândia como um Estado plenamente soberano unido com a Dinamarca sobre um rei comum. A Islândia estabeleceu a sua própria bandeira e coube à Dinamarca representá-la nos negócios estrangeiros e na defesa do país. Este acordo foi revisto em 1940 e, caso não se chegasse a um acordo num espaço de três anos, podia ser revogado.
  A ocupação alemã da Dinamarca, em 9 de abril de 1940, levou ao corte de comunicações entre a Islândia e a Dinamarca, levando o Alpingi a votar para que os negócios estrangeiros pudessem ser feitos pelos islandeses, que elegeram um governo provisório, Sveinn Björnsson, que veio a ser o primeiro presidente da república.
Mosfellsbaer - Islândia
  Durante o primeiro ano da guerra, a Islândia manteve-se neutra, tomando medidas contra as forças britânicas e alemãs. Em 10 de maio de 1940, forças britânicas entraram no porto de Reykjavik, iniciando a invasão e a ocupação da Islândia pelos aliados, violando o direito internacional, que iria durar até o final da guerra.
  No dia da invasão, o primeiro-ministro Hermann Jónasson indicou, através de um anúncio de rádio, que os islandeses deveriam tratar os estrangeiros como seus convidados e o governo adotou uma posição de colaboração com as forças ocupantes. Em julho de 1941, a defesa da Islândia passou a ser feita pelos norte-americanos, em virtude de um acordo celebrado entre os estados. Após um referendo, em plena Segunda Guerra Mundial, a Islândia tornou-se formalmente uma república independente em 17 de junho de 1944.
Aurora boreal, na Islândia
  A Islândia prosperou bastante durante a guerra, reunindo reservas financeiras consideráveis em bancos estrangeiros. O governo decidiu aplicar os fundos do país numa renovação global da frota pesqueira, na construção de unidades de processamento do pescado e na modernização da agricultura. Estas medidas tiveram como objetivo tentar manter o nível de vida dos islandeses no mesmo patamar que o atingido nos prósperos anos da guerra.
  As políticas fiscais do governo seguiam à risca os modelos keynesianos, e tinham como objetivo criar as infraestruturas necessárias para a Islândia ser um país industrializado próspero. Considerava-se essencial ter uma taxa de desemprego como a mais baixa possível e proteger a indústria pesqueira, responsável pela grande maioria das exportações do país, por meio da variação da taxa de câmbio da moeda, além de outras medidas.
A pesca é a principal atividade econômica da Islândia
  Em outubro de 1946, os governos islandês e norte-americano fizeram um acordo para pôr fim à defesa da Islândia por parte dos Estados Unidos, porém, manteve-se alguns direitos, como, em caso de ameaça de guerra, os militares norte-americanos voltariam ao país para defendê-lo.
  Em 30 de março de 1949, a Islândia passou a fazer parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), mesmo com os protesto dos islandeses e com a decisão tomada pelo governo islandês de que o país nunca iria tomar parte de uma ofensiva contra outra nação. Em 5 de março de 1951, os Estados Unidos e o Alpingi decidiram que os norte-americanos deveriam ser responsáveis novamente pela defesa da Islândia, acordo este que se mantém até os dias atuais.
  A Islândia é o único país da Otan desprovido de forças militares próprias, mas possui uma força policial com uma unidade de armas especiais, e a guarda costeira está provida de uma pequena frota de navios com armas ligeiras.
Caça Gripen tcheco em ação na Islândia
  A década de 1970 foi marcada pela Guerra do Bacalhau, uma série de disputas com o Reino Unido sobre a extensão e direitos da zona econômica exclusiva. Em 1972, a Islândia unilateralmente declarou uma Zona Econômica Exclusiva (ZEE), estendendo-se além de suas águas territoriais, antes de anunciar a redução da sobrepesca. Essa expansão causou a ocorrência de diversos acidentes com as redes de pesca entre os barcos islandeses e britânicos. Como resposta, a Marinha Real britânica deslocou navios de guerra para evitar conflitos entre os barcos pesqueiros dos dois países.
  O impasse acabou em 1976, depois que a Islândia ameaçou fechar uma base da Otan em retaliação ao movimento de navios militares nas águas em disputa. O governo britânico cedeu e concordou que após o primeiro de dezembro de 1976 os navios britânicos não pescariam mais na área em disputa.
Navios britânicos e islandeses durante a Guerra do Bacalhau
  Entre 2003 e 2007, a economia da Islândia transformou-se, e a nação passou a oferecer serviços financeiros sofisticados. Porém, a crise de 2008 afetou seriamente a economia do país. Em meados de 2009, numerosos protestos perante a crise provocaram a demissão governamental, seguida da convocação de eleições gerais para abril de 2010. Em novembro de 2010, foi estabelecida uma assembleia popular de vinte e cinco pessoas que não possuíam filiação política, que ficaram de preparar uma proposta para substituir a Constituição do país.
Alpingi - sede do Parlamento Nacional da Islândia, em Reykjavik
SAÚDE
  A Islândia é um dos países com os melhores indicadores de saúde do mundo. A poluição no país é praticamente nula, sua população possui uma elevada expectativa de vida e uma baixa taxa de mortalidade infantil. O país possui a maior quantidade de médico por habitante do mundo. Não existe setor privado de saúde e todos os habitantes têm acesso ao sistema público de saúde. O serviço é controlado pelo governo, que investe parte dos impostos arrecadados nesse setor, sendo fornecidos gratuitamente remédios, tratamentos de fisioterapia e odontológicos, transporte em ambulâncias, cirurgias e cuidados na maternidade, entre outros. Trabalhadores que estão impossibilitados de exercer suas funções recebem um auxílio financeiro de acordo com o tempo em que ficam inválidos.
  O sistema de saúde da Islândia é universal, sendo administrado pelo Ministério da Previdência e é mantido principalmente através de impostos (85%) e por taxas de serviços (15%). Os islandeses estão entre as pessoas mais saudáveis do mundo, sendo que 81% da população do país relata estar em boa saúde.
Hospital de Isafjörour - Islândia
EDUCAÇÃO
  A educação é uma prioridade na Islândia. Um dos princípios básicos do sistema educacional islandês é de que todos devem ter oportunidades iguais de acesso ao conhecimento independentemente do sexo, cor, religião, cultura e condição social. Existem quatro níveis de educação no país. O primeiro deles é a educação pré-escolar para crianças de até seis anos, cujos custos são arcados pelos conselhos locais. O segundo nível é a educação compulsória, que é a única fase obrigatória definida por lei para as crianças entre 6 e 16 anos, que totalizam 192 escolas em todo o país. Depois vem a educação secundária, que vai dos 16 até os 20 anos, que não é obrigatória, mas qualquer pessoa que completou a fase anterior pode continuar seus estudos sem custos em uma das 42 escolas desse tipo no país. Por fim, qualquer pessoa que completou o ensino secundário pode entrar em uma universidade, que somam sete, sendo algumas delas públicas.
Menntaskólinn - um dos mais antigos colégios de Reykjavik
  Na Islândia existem diversos institutos de pesquisas mantidos principalmente pelo governo, e estão relacionados à ciência marinha, tecnologia, agricultura, indústria de pescados e indústrias de construção.
  A Universidade da Islândia é a maior instituição de ensino superior e também a mais antiga da Islândia. Localizada no Centro de Reykjavik, possui mais de 400 programas de formação, alguns deles com ensino em inglês. Outras instituições de ensino superior importantes do país são a Universidade de Akureyri (pública), a Universidade de Reykjavik e a Universidade Bifröst (ambas particulares).
Universidade da Islândia
ECONOMIA
  Por muitos anos, a Islândia teve um dos mais elevados padrões de vida do mundo. Essa prosperidade tinha origem principalmente na indústria de pescados. A partir da década de 1990, com o crescimento da população, a economia islandesa passou por uma fase de diversificação, dependendo cada vez menos dos pescados. Com a expansão de crédito e a opção do governo de não interferir na economia, os bancos islandeses se expandiram rapidamente, atraindo muitos investimentos estrangeiros.
  A crise de 2008 expôs a fragilidade do sistema bancário que ficou vulnerável ao colapso. A grande influência dos bancos na economia e a falta de um sistema regulador financeiro, aliados com a falta de moeda estrangeira que se sucedeu no país por causa dos problemas enfrentados pelo Banco Central da Islândia, levaram ao colapso do sistema bancário em 2008, causando uma crise financeira e monetária que levou o país a uma profunda recessão.
  Em resposta à crise, o governo assumiu o controle de todos os bancos falidos, aumentando o déficit público do país. Em cooperação com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o governo islandês está trabalhando para consolidar a economia e sair da crise, com intervenções rigorosas na economia.
Tradicionais casas de turfa islandesas
  Após a crise, a Islândia voltou a apresentar um crescimento econômico, diferente da maioria dos outros países europeus que entraram em crise. Essa recuperação aconteceu devido a algumas atitudes do governo, como não salvar os bancos falidos e a demora para aplicar medidas de austeridade, o que manteve o dinheiro circulando, além de fatores independentes, como o fato da desvalorização da moeda ter impulsionado as exportações e a energia elétrica do país ser bem mais barata que a média mundial.
  O setor de serviços islandês compõe a maior parte da renda do país. Dentre esses serviços, os que mais geram riqueza são os dos setores financeiros e de seguros, o transporte e o comércio.
  A indústria islandesa é peculiar devido a maior parte da produção se concentrar em dois subsetores: a produção pelo processamento de alumínio e o de processamento de alimentos. O processamento de alumínio é beneficiado pelo baixo custo da energia elétrica, que dá mais competitividade ao produto.
Centro comercial de Reykjavik
  Apenas um terço da área do país é arável e somente 5% desta área é utilizada para a agricultura, com a parte restante sendo destinada ao pastoreio. As carnes e laticínios produzidos no país são destinados ao consumo interno, e os principais cultivos são de feno, cereais para consumo animal, raízes e tubérculos comestíveis e verduras, que são cultivadas em estufas aquecidas com energia geotérmica. O país é autossuficiente em carne, leite e lã.
  A principal riqueza da Islândia é a pesca, apesar desse setor ter diminuído bastante nos últimos anos. Dentre os principais pescados, destacam-se o bacalhau, o eglefino e o escamudo.
Barco de pesca islandês
  O turismo está entre os setores que mais crescem na economia islandesa. Dentre os fatores que têm contribuído para a atração de turistas para a Islândia estão as belezas naturais existentes no país.
  A Islândia possui as mais diversas atrações turísticas. As características naturais, principalmente as mais peculiares como os gêiseres, as piscinas quentes de lama e os glaciares, atraem muitos visitantes. Uma das principais atrações é a Lagoa Azul, famosa principalmente pelas suas propriedades terapêuticas. Outras atrações naturais no país são os fiordes.
Lagoa Azul
  Recentemente, a Islândia anunciou a retirada de sua candidatura de ingresso na União Europeia. Dentre um dos motivos da desistência está o ingresso do partido de eurocético de centro-direita ao poder, que prometeu durante a campanha, pôr fim ao processo iniciado em 2009.
  O pedido de adesão à União Europeia foi feito em 2009, logo após a chegada ao poder do primeiro governo de centro-esquerda da Islândia. Os sociais-democratas olharam para o euro como um meio de enfrentar a crise financeira que o país enfrentava naquela época. Outro motivo é que os islandeses nunca viam com bons olhos a política de pesca imposta pela União Europeia, que iria prejudicar um dos principais setores da economia do país.
Fiorde e a cidade de Seyoisfjörour - Islândia
ENERGIA
  Praticamente toda a energia elétrica do país é gerada por meio de fontes renováveis. Cerca de 3/4 da energia elétrica gerada na Islândia provém de usinas hidroelétricas e o restante de usinas geotérmicas, e mais de 87% da demanda de água aquecida vem de fontes geotermais, que são distribuídas para as cidades por meio de extensos dutos. O país é líder na exploração da energia do calor da terra, sendo também o que mais exporta profissionais e o que possui a maior penetração no solo para exploração desse tipo de energia.
Usina geotérmica de Nesjavellir
ALGUNS DADOS DA ISLÂNDIA
NOME OFICIAL: República da Islândia
CAPITAL: Reykjavik
Visão noturna de Reykjavik
GENTÍLICO: islandês, islandesa
LÍNGUA OFICIAL: islandês
GOVERNO: República Parlamentarista
INDEPENDÊNCIA: da Dinamarca
Direito de governo: 1 de fevereiro de 1904
Reconhecida: 1 de dezembro de 1918
República: 17 de junho de 1944
LOCALIZAÇÃO: Europa Setentrional
ÁREA: 103.000 km² (106°)

POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2014): 309.480 habitantes (170°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 3,0 hab./km² (198°)
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa 2014):
Reykjavik: 125.211 habitantes
Reykjavik - capital e maior cidade da Islândia
Kopavogur: 33.664 habitantes
Kopavogur - segunda maior cidade da Islândia
Hafnarfjöròur: 27.124 habitantes
Hafnarfjöròr - terceira cidade mais populosa da Islândia
PIB (Banco Mundial - 2013: US$ 13,544 bilhões (120°)
IDH (ONU - 2014): 0,895 (13°)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2012): 83,3 anos (6°)
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - 2005-2010): 0,84% (139°)
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2013): 2,07/mil (2°). Obs: essa mortalidade refere-se ao número de crianças que morrem antes de completar 1 ano de idade, e é contada de menor para maior.
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2014): 1,88 filhos/mulher (142°). Obs: essa taxa refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início até o fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos) e é contada de maior para menor.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2013): 99,1% (26°). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que podem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (Pnud - 2010/2011): 92% (13°)
PIB PER CAPITA (CIA World Factbook - 2014): US$ 45.535 (16°)
MOEDA: Coroa Islandesa
RELIGIÃO: luteranos (90,5%), outras religiões protestantes (3,5%), católicos (1%), sem religião (1,9%), outras religiões (3,1%).
Igreja Luterana da Islândia, em Reykjavik
DIVISÃO: para fins estatísticos, a Islândia é dividida em oito regiões. Existem ainda outras divisões em círculos eleitorais, condados e municípios, cada uma com finalidade eleitoral, jurídica e administrativa, respectivamente. Os números abaixo corresponde ao número no mapa das regiões da Islândia. 1. Höfuoborgarsvaeoi 2. Suournes 3. Vesturland 4. Vestfiroir 5. Norourland Vestra 6. Norourland Eystra 7. Austurland 8. Suourland.
Regiões da Islândia
  Até 2003, os círculos eleitorais parlamentares eram os mesmos das regiões, mas em uma emenda da Constituição, eles foram transformados em seis círculos atuais: Norte de Reykjavik e Sul de Reykjavik (regiões da cidade); Sudoeste (quatro subúrbios em torno de Reykjavik); Noroeste e Nordeste (metade norte da Islândia); e Sul (metade sul da Islândia, excluindo Reykjavik e seus subúrbios).
  O país é dividido, ainda, em 98 municípios. Cada um deles elege um conselho local a cada quatro anos. O papel das autoridades locais são relacionados com a administração e o uso dos recursos destinados à saúde, educação e infraestrutura. Enquanto autoridades regionais no país não existem, comitês regionais são formados para supervisionar e coordenar a ação dos projetos que são feitos em conjunto pelas autoridades municipais. Atualmente, são vinte e três desses comitês regionais, também chamados de condados.
Condados da Islândia
FONTE: Adas, Melhem. Expedições geográficas / Melhem Adas, Sérgio Adas. - 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2011.

sábado, 7 de março de 2015

O MONTE RUSHMORE, NO ESTADO DE DAKOTA DO SUL - EUA

  O Estado de Dakota do Sul, localizado na porção centro-oeste dos Estados Unidos, compunha em 1852 o Território de Dakota, que incluía também o atual Estado de Dakota do Norte, separados em 1889 e declarados estados.
  Essas terras foram ocupadas originalmente por povos nativos das tribos akirara, cheyenne e, posteriormente, pelos índios sioux, também conhecidos como dakota, termo que significa "amigo" na língua sioux.
  Dakota foi um dos últimos territórios a ser ocupado pelos Estados Unidos após a implantação do Homestead Act em 1863. O ato governamental concedia lotes de terra sem nenhum custo aos agricultores que para lá se dispusessem a se fixar e produzir. Esses assentamentos, associados à expansão ferroviária, provocaram inúmeros confrontos entre o Estado e os nativos sioux, contrários à construção de ferrovias e à presença de agricultores em suas terras.
Os Estados de Dakota do Norte, Dakota do Sul e o Monte Rushmore
  Em 1883, após inúmeros confrontos entre brancos e índios, o governo dos Estados Unidos e as lideranças sioux assinaram o Tratado de Lamarie, criando uma grande reserva indígena em suas terras. Porém, mais tarde, com a descoberta de ouro na reserva, o governo rompeu o tratado e enviou tropas lideradas pelo General George A. Custer para invadi-la. Os sioux, sob a liderança de Touro Sentado (Sitting Bull) e Cavalo Louco (Crazy Horse), combateram as forças de ocupação, porém, foram derrotados em 1877 e o povo nativo foi confinado a pequenas reservas espalhadas pela região.   Na atualidade, Dakota do Sul destaca-se pela produção agrícola, pela oferta de serviços e pela atividade turística. Uma de suas maiores atrações turísticas é o Monte Rushmore, montanha esculpida com as esculturas de quatro presidentes dos Estados Unidos e localizada no município de Keystone. Voltados para sudeste, os bustos dos presidentes são iluminados durante a maior parte do dia pelos raios do sol. A obra demorou 15 anos para ser concluída, sendo iniciada pelo escultor Gutzon Borglum em 1923 e foi concluída somente em 1941, por seu filho Lincoln. A escolha teve como propósito transformar os afloramentos graníticos no Santuário da democracia americana.
Cidade de Keystone, Dakota do Sul - EUA
  É no Monte Rushmore onde estão esculpidos os rostos de quatro Presidentes dos Estados Unidos: George Washington (o primeiro presidente dos EUA), Thomas Jefferson (autor da Declaração de Independência dos EUA), Theodore Roosevelt (que conquistou maior conhecimento e liberdade de expressão), e Abraham Lincoln (que lutou pela paz do país durante toda a guerra civil norte-americana).
  O monumento é uma das atrações turísticas mais conhecidas dos Estados Unidos, rendendo ao Estado de Dakota do Sul o cognome de The Mount Rushmore State. Os gigantescos rostos de 15 a 21 metros de altura foram construídos com antigos instrumentos de engenharia, marretas e martelos. Está localizada a uma altura de 150 metros, na região de Black Hills (região montanhosa, localizada no interior das Grandes Planícies americanas. Geologicamente, é considerado como parte das Montanhas Rochosas, e é uma região considerada sagrada pelos nativos americanos, sendo descritos por eles como uma "ilha de árvores em um mar de grama"). O monte foi designado, em 19 de outubro de 1966, um distrito do Registro Nacional de Lugares Históricos, bem como um Memorial Nacional.
Construção dos rostos dos ex-presidentes no Monte Rushmore
  Toda a área do Memorial Nacional do Monte Rushmore é de 1.278 hectares (5,17 km²). A montanha mais alta na região é a Harney Peak, com 2.207 metros.
  A ideia de esculpir no monte a figura de várias personalidades do velho oeste americano foi do historiador Doane Robinson, da Sociedade Histórica de Dakota do Sul, sendo uma dessas personalidades Búfalo Bill. Gutzon Borglum - pintor e escultor - gostou do projeto, mas propôs que a homenagem fosse feita a ex-presidentes do país, com o intuito de atrair a atenção e o apoio dos sempre patrióticos americanos. O conselho foi aceito e a construção das imensas faces dos ex-presidentes começou em 1927.
  O granito do Monte Rushmore está entre as pedras mais duras do mundo. Por isso, 90% das rochas, cerca de 450 mil toneladas, foram retiradas com dinamite.
Visão aérea do Monte Rushmore
  Em um canyon por trás dos rostos esculpidos, foi instalada uma câmara em 1998, contendo um cofre com 16 painéis de porcelana de esmalte. Os painéis incluem o texto da Declaração de Independência e da Constituição dos Estados Unidos, biografia dos quatro presidentes e a de Borglum, além da história dos EUA. A câmara foi criada com o intuito de ser a entrada de um projeto chamado "Salão dos Registros", mas que nunca foi iniciado.
  Todo o memorial passou por uma reforma em 1998, que durou dez anos com o objetivo de melhorar o ambiente para os turistas. Foram feitas amplas instalações para os visitantes e calçadas, um centro de visitantes, o Museu Lincoln Borglum, e a Trilha Presidencial. A manutenção do memorial requer que, anualmente, alpinistas escalem o monte para monitorar e selar as fissuras causadas pela erosão.
Visão noturna das esculturas do Monte Rushmore
  Apesar de ser uma obra tão importante, o Monte Rushmore, até hoje, está no meio de uma grande polêmica com os nativos norte-americanos, já que os Estados Unidos tomaram a área da tribo Lakota Sioux, depois da Guerra de Black Hills, em 1878. O Tratado do Fort Laramie, de 1868, já havia entregue Black Hills para a tribo sioux perpetuamente. Membros do Movimento Indígena Americano fizeram uma ocupação do monumento em 1971. Entre os participantes estavam jovens ativistas, idosos, crianças e o xamã (sacerdote espiritual) Lakota John Deer Lame Fire, que colocou um cajado de oração no topo da montanha. Um memorial chamado Crazy Horse Memorial está sendo construído em um outro lugar também em Black Hills, para homenagear um líder nativo americano, além de ser uma resposta ao Monte Rushmore. Pretende-se fazer uma escultura maior do que as do monte.
Monumento em construção do Crazy Horse Memorial
  O monumento também provoca polêmica por alegações de que ele exprime o tema da superioridade racial legitimada pela ideia do Destino Manifesto. Os quatro presidentes escolhidos por Borglum estavam ativos durante o período em que os Estados Unidos anexaram terras dos nativos americanos. Além disso, o próprio Gutzon Borglum era um membro do Ku Klux Klan (nome de várias organizações racistas dos Estados Unidos).
  Em maio de 2012, James Anaya, relator especial das Nações Unidas sobre os direitos dos povos indígenas, realizou a primeira investigação oficial sobre a situação dos nativos americanos que vivem nos Estados Unidos. As recomendações de Anaya incluem a devolução de algumas terras para tribos indígenas americanas, incluindo toda a Black Hills.
Panorama de Black Hills
FONTE: Araújo, Regina. Observatório de geografia / Regina Araújo, Ângela Corrêa da Silva, Raul Borges Guimarães. - 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2009.

sábado, 28 de fevereiro de 2015

PORTUGAL: PIONEIRO NAS GRANDES NAVEGAÇÕES

  Portugal é um pequeno país situado na península Ibérica, às margens do oceano Atlântico, no extremo oeste da Europa.
  A localização de Portugal contribuiu para que o país alcançasse alto grau de desenvolvimento das técnicas de navegação e fosse pioneiro das grandes viagens marítimas europeias dos séculos XV e XVI. Do porto de Lisboa partiram navegadores que alcançaram a África, a Índia e o atual Brasil.
  Portugal deixou de ser uma grande potência marítima, e seu império colonial se desfez com a independência do Brasil (1822) e das colônias portuguesas da África (década de 1970).
Localização de Portugal
GEOGRAFIA
  Situado no extremo sudoeste da Europa, Portugal faz fronteira apenas com um país, a Espanha, a leste e a norte, sendo que a sul e a oeste é limitado pelo oceano Atlântico. O território português é dividido no continente pelo rio principal, o Tejo. A norte, a paisagem é montanhosa, intercalada por áreas que permitem o desenvolvimento da agricultura. Ao sul, até Algarve, o relevo é caracterizado por planícies. Além do rio Tejo, outros rios importantes são o Douro, o Minho e o Guadiana, todos com suas nascentes na Espanha. O ponto culminante da parte continental de Portugal é a Serra Estrela, com 1.993 metros.
Serra Estrela - segunda maior elevação de todo o território português e a mais elevada da parte continental
  Englobando as ilhas de Açores e da Madeira, o ponto mais elevado de todo o território português é a Montanha do Pico, nos Açores, com 2.351 metros. Essa montanha é um estratovulcão, sendo também o ponto mais alto da dorsal mesoatlântica. As ilhas dos Açores estão localizados no rift médio do oceano Atlântico. Algumas dessas ilhas tiveram atividade vulcânica recente.
Montanha do Pico - ponto culminante de todo o território português
  As ilhas da Madeira, ao contrário dos Açores que se situam na área do rift médio do oceano Atlântico, estão situadas no interior da placa africana e sua formação deve-se à atividade de um ponto quente não relacionado com a circulação tectônica. Esta situação de estabilidade e localização no interior da placa tectônica, faz com que essas ilhas sejam a parte do território português menos sujeito a sismos. O ponto mais elevado das ilhas da Madeira é o Pico Ruivo, com 1.862 metros de altitude, sendo também, o terceiro mais alto do território português.
Pico Ruivo - ponto mais elevado da ilha da Madeira e terceiro do território português
  A costa portuguesa é extensa, possuindo 1.230 km de litoral na parte continental, 667 km nos Açores, e 250 km na Madeira. No cenário marítimo português estão belas praias, com a presença de falésias e areais. A ilha do Porto Santo, uma formação de dunas de origem orgânica com cerca de nove quilômetros, sendo um ponto  turístico muito visitado por turistas internacionais. A ria de Aveiro, estuário do rio Vouga, com 45 km de comprimento e 11 km de largura, é bastante rica em peixes e aves marinhas.
Porto Santo - Portugal
  Portugal é dominado pelo clima mediterrâneo, caracterizado por invernos amenos e chuvosos, e verões quentes e secos, onde é comum, no verão, a ocorrência de canículas (ondas fortes de calor). Essas ondas de calor é provocada por um forte vento procedente do Saara, chamado de simum. Durante o inverno mediterrâneo, diminui o ar seco e quente vindo do Saara, ocorrendo chuvas frontais em todo o sul da Europa, quando as frentes frias vindas das montanhas e do extremo norte da Europa se encontram com as frentes quentes do litoral.   A vegetação de Portugal é do tipo mediterrânea, constituída por árvores pequenas e arbustos com espinhos, como maquis e garrigues. Os maquis são matagais que podem atingir um pouco mais que três metros de altura. São formados por uma enorme diversidade de árvores retorcidas, arbustos e plantas rasteiras. Esses matagais crescem em volta de uma árvore típica do sul da Europa, o sobreiro. Trata-se de uma árvore da família do carvalho, muito resistente. É o principal fornecedor de cortiça natural.
Árvore muito comum em Portugal, o sobreiro
  Outra árvore típica e muito importante, não só em Portugal como também em todo o sul da Europa, é a oliveira. Há mais de 4 mil anos descreve-se sua utilização na região mediterrânea. O azeite e a azeitona são componentes indispensáveis em praticamente todos os pratos da culinária dos países mediterrâneos. A vinha, uma espécie arbustiva, também é muito cultivada no país, o que faz de Portugal um dos grandes produtores de vinhos.
  Ao longo dos séculos, as florestas do Mediterrâneo foram destruídas para o aproveitamento da madeira e para dar lugar à agricultura e ao pastoreio. Como o calor é intenso, essas atividades muitas vezes não prosperavam, e o território era abandonado. Os matagais conhecidos como maquis e garrigues restaram como substitutos da vegetação original.
Cultivo de oliveira, em Portugal
HISTÓRIA
  Ao lado da Espanha, Portugal foi uma das principais nações do período das Grandes Navegações. No entanto, ao longo do tempo, o país perdeu a maioria de seus territórios coloniais, entre os quais o Brasil. Conservou apenas Moçambique, Angola, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, na África; Macau, no litoral sul da China, e Timor Leste, na Ásia. Hoje, o país não possui mais nenhuma colônia.
  A pré-história de Portugal é partilhada com a da península Ibérica. Os vestígios humanos mais antigos conhecidos são de homens Cro-Magnon (restos mais antigos na Europa do Homo sapiens) com traços de Neanderthal, com 24.500 anos e que são interpretados como indicadores de extensas populações mestiças entre as duas espécies. São também os vestígios mais recentes de seres com características de Neanderthal que se conhece, provavelmente os últimos da sua espécie.
Crânio de um homem Cro-Magnon
  Durante o Neolítico a região foi ocupada por pré-celtas, dando origem a povos como os galaicos, lusitanos e cinetes, e visitada por fenícios e cartagineses. Os romanos incorporaram o centro e o sul de Portugal ao seu império, dando o nome de Lusitânia.
  No século III, foi criada a Galécia, a norte de Douro, a partir de Tarraconense, abrangendo o norte de Portugal. A romanização marcou a cultura, em especial a língua latina, que foi a base do desenvolvimento da língua portuguesa.
  Com o enfraquecimento do Império Romano, a partir de 409 d.C., o território português é ocupado por vários povos germânicos, como os vândalos, alanos e suevos. Em 415 os visigodos entram na Península a pedido dos romanos para expulsar os invasores. Vândalos e alanos se deslocaram para o norte da África. Os suevos, que permaneceram no território, e os visigodos fundam os primeiros reinos cristãos.
  Em 711 a península Ibérica é conquistada pelos mouros. Os cristãos recolheram-se  para o norte. Em 868, durante a Reconquista, foi formado o Condado Portucalense.
Condado Portucalense, em 1070
  Muito antes de Portugal conseguir a sua independência, houve algumas tentativas de alcançar uma autonomia mais alargada e até a independência foi tentada por parte dos condes que governavam as terras do Condado da Galiza e de Portucale. Para anular as tentativas de independência da nobreza local em relação ao domínio leonês, o Rei Afonso VI entregou o governo ao Condado de Galiza (que nessa altura incluía as terras de Portucale) ao Conde Raimundo de Borgonha, seu genro. Após muitos fracassos militares de D. Raimundo contra os mouros, Afonso VI decidiu entregar, em 1096, ao primo de D. Raimundo, o Conde D. Henrique, o comando das terras mais ao sul do Condado da Galiza, (re)fundando o Condado Portucalense.
  Com o governo do Conde D. Henrique, o Condado Portucalense promoveu uma política militar mais eficaz e ativa contra os mouros. Com a morte de D. Henrique, seu filho, D. Afonso Henriques sobe ao poder, e Portugal conseguiu a sua independência com a assinatura, em 1143, do Tratado de Zamora, ao mesmo tempo que conquistou localidades importantes, como Santarém, Lisboa, Palmela (que foi abandonada pelos mouros após a conquista de Lisboa) e Évora, esta conquistada por Geraldo Sem Pavor aos mouros.
Mapa político do noroeste da Península Ibérica, no final do século XII
  Terminada a Reconquista do território português em 1249, a independência do novo reino viria a ser posta em causa várias vezes pelo Reino de Castela (um dos antigos reinos da península Ibérica), com destaque para a sequência da crise de sucessão de D. Fernando I, que culminou com a Batalha de Aljubarrota, em 1835.
  Com o fim da guerra, Portugal deu início ao processo de exploração e expansão conhecido como as "Grandes Navegações". Nesse processo destacaram-se o infante D. Henrique, o Navegador, e o Rei D. João II, começando com a conquista de Ceuta, em 1415. Em 1434, Gil Eanes conquistou o Cabo Bojador, explorando a costa africana até 1488, quando Bartolomeu Dias cruzou o Cabo da Boa Esperança (até então era conhecido como Cabo das Tormentas, devido à grande quantidade de navios que afundavam por causa do movimento das correntes marinhas), fazendo a comunicação entre o Atlântico e o Índico.
  Em uma rápida sucessão, descobriram-se rotas e terras na América do Norte, América do Sul e no Oriente, na maioria durante o reinado de D. Manuel I, o Venturoso. Em 1500, os navegadores portugueses, tendo à frente Pedro Álvares Cabral, chegam às terras brasileiras.
As conquistas durante as Grandes Navegações
  Este período em Portugal foi conhecido como século de ouro. Porém, na batalha de Alcácer-Quibir, em 1578, o jovem rei português D. Sebastião e parte da nobreza portuguesa vieram a falecer, subindo ao trono o Rei-Cardeal D. Henrique, que morre dois anos depois, abrindo a crise de sucessão de 1580: esta resolve-se com a chamada monarquia dualista, em que Portugal e Espanha mantendo coroas separadas eram regidas pelo mesmo rei, processo este que ficou sendo chamado de União das Coroas Ibéricas, com a subida ao trono português Filipe II da Espanha, dando início a Dinastia Filipina.
  Privado de uma política externa independente e envolvido na guerra travada pela Espanha com os Países Baixos (Holanda), Portugal sofreu grandes reveses no seu império, resultando na perda do monopólio do comércio com o Índico. Este domínio chegou ao fim em 1 de dezembro de 1640 pela nobreza nacional que, após ter vencido a guarda real num repentino golpe de Estado, depôs a duquesa governadora de Portugal, coroando D. João IV como Rei de Portugal.
União das Coroas Ibéricas
  A aclamação de D. João IV, o Restaurador, provocou uma guerra entre Portugal e Espanha, que terminou apenas em 1668, com a assinatura de um tratado de paz em que a Espanha reconhecia em definitivo a restauração de Portugal. Entre o final do século XVII e a primeira metade do século XVIII ocorreu, no Brasil, o florescimento da exploração mineira, onde foram descobertas grandes minas de ouro e pedras preciosas que fizeram da corte de D. João V uma das mais ricas de toda a Europa. Estas riquezas serviam frequentemente para pagar produtos importados, majoritariamente da Inglaterra.
  O comércio externo português baseava-se na indústria do vinho e o desenvolvimento econômico do reino teve um grande impulso, já no reinado de D. José, graças aos esforços do Marquês de Pombal, que foi ministro entre 1750 e 1777, objetivando inverter a situação provocada pelas grandes reformas mercantilistas. Foi nesse reinado que um violento terremoto devastou Lisboa e o Algarve, em 1 de novembro de 1755.
Ruínas de Lisboa - gravura alemã de 1755
  Por manter a aliança com a Inglaterra e recusar-se a aderir ao Bloqueio Continental, Portugal foi invadido pelos exércitos napoleônicos, em 1807. A Corte e a família real portuguesa refugiaram-se no Brasil e a capital portuguesa deslocou-se para o Rio de Janeiro, onde permaneceram até 1821, quando D. João VI, rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves desde 1816, regressou a Lisboa para jurar a primeira Constituição do país. No ano seguinte, o seu filho D. Pedro IV - conhecido como D. Pedro I - era proclamado Imperador do Brasil.
  Portugal viveu, no restante do século XIX, períodos de enorme perturbação política e social (a guerra civil e repetidas revoltas e pronunciamentos militares, como a Revolução de Setembro - golpe de Estado ocorrido em 9 de setembro de 1836, que pôs termo ao Devorismo e levou à promulgação da Constituição Portuguesa de 1838 -, a Maria da Fonte ou Revolta do Minho - revolta popular ocorrida na primavera de 1846 contra o governo cartista presidido por Antônio Bernardo da Costa Cabral -, a Patuleia - guerra civil entre Cartistas e Setembristas na sequência da Revolução da Maria da Fonte -, e a Benzelada - contra-golpe de inspiração cartista, que ocorreu na noite de 4 para 5 de novembro de 1836, em reação à Revolução de Setembro) e só com o Ato Adicional à Carta, de 1852, foi possível acalmar o país e iniciar a política de fomento protagonizada no período da Regeneração, do qual foi figura de proa Fontes Pereira de Melo.
Império Português, em 1800
  No final do século XIX, as ambições coloniais portuguesas entram em atrito com as inglesas, originando o Ultimato de 1890, que aumentou as exigências britânicas e gerou vários problemas e escândalos econômicos, fazendo com que a monarquia entrasse em grande descrédito, levando o rei D. Carlos e o príncipe herdeiro D. Luís Filipe a serem assassinados em 1 de fevereiro de 1908. A monarquia ainda esteve no poder durante mais dois anos, tendo a frente D. Manuel II, mas foi abolida em 5 de outubro de 1910, quando implantou-se a República. Com a instalação da República, D. Manuel II parte para o exílio na Inglaterra.
  Após a Primeira Guerra Mundial, Portugal entrou em um período de instabilidade política que resultou num golpe de Estado, em 1926, com a instalação de um regime ditatorial que durou até 1974. O regime militar nomeou ministro das Finanças Antônio de Oliveira Salazar, em 1928, que foi nomeado, em 1932, Presidente do Conselho de Ministros. A ditadura de Antônio de Oliveira Salazar (o principal líder em todo o período) proibiu qualquer oposição ao governo e perseguiu adversários com violência, sem conseguir fazer o país crescer economicamente.
Antônio de Oliveira Salazar (1889-1970)
  Ao mesmo tempo que restaurou as finanças, Salazar instituiu o Estado Novo, regime autoritário de corporativismo de Estado, com partido único e sindicatos estatais, com afinidades bem marcadas com o fascismo. Em 1968, afastado do poder por motivo de doença, Salazar foi sucedido por Marcelo Caetano.
  A recusa do regime em descolonizar as províncias ultramarinas resultou no início da guerra colonial, primeiro em Angola (1961), em seguida em Guiné-Bissau (1963) e em Moçambique (1964). O regime iniciou a repressão militar aos movimentos de independência de suas colônias na África. As guerras coloniais agravaram os problemas econômicos e causaram grande insatisfação popular.
  Em 25 de abril de 1974, um movimento militar liderado por jovens oficiais, a Revolução dos Cravos, pôs fim à ditadura e deu início a um período de democracia e modernização econômica no país.
Revolução dos Cravos - movimento social que depôs o Estado Novo em Portugal
  Em 25 de novembro de 1975, diversos setores da esquerda radical (essencialmente paraquedistas e polícia militar da Região Militar de Lisboa), tentam promover um golpe de Estado, porém, devido a falta de uma liderança, esse movimento fracassou. O Grupo dos Nove (grupo de oficiais das Forças Armadas de Portugal) reage, pondo em prática um plano militar de resposta, liderado por Antônio Ramalho Eanes. Este triunfa e no ano seguinte consolida-se a democracia. Em 1976, Ramalho Eanes assume a presidência de Portugal, tornando-se o primeiro Presidente da República portuguesa eleito por sufrágio universal. Aprova-se uma Constituição democrática e estabelecem-se os poderes políticos locais (autarquias) e governos autônomos regionais nos Açores e Madeira.
Trabalhadores comemoram nove anos da Revolução dos Cravos, em 1983
  Entre as décadas de 1940-60, Portugal foi membro cofundador da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte - 1949), da EFTA (Associação Europeia de Comércio Livre - 1960), e da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico - 1961), saindo da EFTA em 1986, quando aderiu à então Comunidade Econômica Europeia (CEE), atual União Europeia. Em 1999, Portugal aderiu à Zona do Euro e nesse mesmo ano, entregou a soberania de Macau à China. Desde a sua adesão à União Europeia, o país presidiu o Conselho Europeu por três vezes, a última em 2007, quando foi palco da cerimônia de assinatura do Tratado de Lisboa (tratado que reformulou o funcionamento do bloco).
Assinatura do Tratado de Lisboa, em 13/12/2007
ECONOMIA
  Durante muito tempo, Portugal foi um dos países mais pobres da Europa, e grande contingente de portugueses emigrava em busca de uma vida melhor em outros países, entre eles o Brasil.
  Com a entrada de Portugal na União Europeia, o país se modernizou, reduzindo as atividades industriais e agrícolas de baixo valor e ampliando as atividades de maior valor e as relacionadas ao setor de serviços. Começa, também, a desenvolver-se outros setores no país, como o petroquímico, concentrado na cidade de Sines, e do setor automobilístico, polarizado na cidade de Palmela, ambos no distrito de Setúbal.
Cidade de Porto - Portugal
  Portugal teve uma industrialização relativamente tardia, o que explica o fato de apresentar um setor secundário de menor peso, quando comparado às demais nações desenvolvidas da Europa. Verifica-se uma grande vinculação do setor industrial português com o setor agrícola, ligadas principalmente ao setor têxtil, de bebidas e alimentício, direcionadas ao processo de transformação das matérias-primas produzidas. Dentre os principais produtos estão o azeite, resultado da transformação da oliva, e os vinhos, resultado da transformação da uva.
  Desde 1985, o país entrou num processo de modernização num ambiente bastante estável, o que contribuiu para a sua entrada na União Europeia em 1986. Os sucessivos governos fizeram várias reformas, privatizaram muitas empresas controladas pelo Estado e liberalizaram áreas-chave da economia, incluindo os setores de telecomunicações e financeiros.
  Nas décadas de 1990 e 2000, como integrante da União Europeia, Portugal recebeu muitos investimentos desse bloco, que possibilitaram melhorias em sua infraestrutura e no desenvolvimento do turismo. O país passou também a receber imigrantes, entre os quais muitos brasileiros.
Torre de Belém, em Lisboa - um dos pontos mais visitados pelos turistas
  No entanto, a crise econômica que abalou a Europa a partir de 2008, foi particularmente grave em Portugal, e o povo português foi atingido por sérias dificuldades, dentre elas o desemprego, o aumento de impostos, o grande descontentamento da população afetada pelas condições impostas pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e o financiamento de suas dívidas públicas.
  A PEA no setor primário português é de 12%, mostrando que muita gente ainda trabalha no setor agropecuário do país, comparando com outros países da Europa desenvolvida, como Reino Unido (1%), Bélgica e Alemanha (2%) e França e Países Baixos - Holanda (3%). A agricultura portuguesa está bem adaptada devido ao clima, relevo e solos favoráveis. Nas últimas décadas intensificou-se a modernização agrícola.
  Dentre os produtos agrícolas de Portugal, destacam-se o cultivo de oliveiras, destinada à produção de azeitonas e de azeite, e da videira, destinada à produção de vinho. Outros produtos bastante cultivados no país são trigo, milho e frutas.
Região Vinhateira do Alto Douro, em Vila Nova de Foz Côa - Portugal
  A pesca, que foi uma das grandes atividades no passado, diminuiu bastante devido à concorrência de pescados com outros países, porém, Portugal ainda é um grande produtor de peixes, destacando-se sardinha, carapau, polvo, peixe-espada-preto, cavala e atum.
  Outro produto de destaque em Portugal é a cortiça, da qual o país responde por mais de 50% da produção mundial. Os recursos minerais mais significativos em Portugal são cobre, lítio, volfrâmio, estanho, urânio, feldspato, sal-gema, talco e mármore.
  O turismo continua a ser um setor extremamente importante para a economia do país. Portugal está entre os 20 países mais visitados do mundo, recebendo em média 13 milhões de turistas estrangeiros por ano. Os principais pontos turísticos de Portugal são Lisboa, Algarve e Madeira. Lisboa está entre as cidades europeias mais visitadas pelos turistas.
Aldeia de Azenhas do Mar, em Sintra - Portugal
  Portugal vem expandindo sua capacidade de geração renovável de energia de maneira notável, de 17% para 45% nos últimos cinco anos.
  Portugal possui várias empresas transnacionais, sendo que as principais são: Banco Espírito Santo, Banco Nacional Ultramarino, Banco Internacional do Funchal (Banif), Delta Cafés, Portugal Telecom (controla e gerencia no Brasil a Vivo Participações), Cimpor (produção de cimentos), entre outras.
Edifício sede da Portugal Telecom, em Lisboa - Portugal
DEMOGRAFIA
  Portugal possui uma população de pouco mais de 10 milhões de habitantes. A composição étnica do país é uma combinação rica de vários povos: celtas, árabes, romanos, lusitanos, visigodos e celtiberos.
  A distribuição da população portuguesa apresenta importantes diferenças entre o sul e o norte, e entre o interior e o litoral. O norte e o litoral têm densidades populacionais notavelmente maiores do que o resto do país. Regiões como Lisboa e Porto superam os 600 hab./km², enquanto que em regiões como Bragança, Portalegre, Évora e Beja a densidade demográfica é de pouco mais de 3 hab./km². Estas diferenças se acentuaram durante a década de 1960, quando um grande êxodo rural reduziu as populações próximas à fronteira com a Espanha. Somente na década de 1990 é que a população urbana superou a população rural.
Mapa da densidade populacional de Portugal
  A língua portuguesa é uma língua românica (do grupo íbero-românico), tal como o castelhano, catalão, italiano, francês, romeno, reto-romanche (Suíça), e outras línguas. A língua portuguesa é a língua oficial do país e a língua mirandesa é a segunda língua oficial do país.
  A língua mirandesa é falada no nordeste de Portugal, no município de Miranda do Douro e em outros lugares próximos, na fronteira com a Espanha. Atualmente, cerca de 10 mil pessoas falam a língua mirandesa. Todos os falantes de mirandês falam também português.
  Como o português, o mirandês é uma língua derivada do latim popular. No entanto, como a língua portuguesa foi o idioma que dominou todo o território português, o mirandês acabou sobrevivendo apenas em alguns lugares.
Placa de identificação de arruamento, em Genísio, com o nome da rua em mirandês e português
  Durante séculos o mirandês foi sendo transmitido de geração em geração pela fala. Em sua região, sempre tem sido a língua que se fala em casa e na comunidade. Não era aprendida na escola e havia muito poucos textos escritos em mirandês. Além disso, o mirandês foi por muito tempo considerado apenas um dialeto do português e visto como linguagem de pessoas que não seriam capazes de aprender corretamente o português.
  Em 1999, a língua mirandesa foi reconhecida legalmente como o segundo idioma de Portugal. É ensinada nas escolas da região e usada em cerimônias, festas, documentos, livros e materiais diversos.
  O reconhecimento do mirandês trouxe muito orgulho às pessoas que sempre o usaram para se comunicar e para transmitir suas tradições. Um número cada vez maior de jovens se interessa em aprender o idioma, e a literatura em mirandês tem ganhado expressão e respeito.
Placa de informação, na Sé de Miranda, com o texto em mirandês
EDUCAÇÃO
  O sistema educativo em Portugal é regulado pelo Estado através do Ministério da Educação e Ciência. O sistema de educação pública é o mais usado e mais bem implementado, existindo também escolas privadas em todos os níveis de educação.
  Em Portugal a educação é iniciada obrigatoriamente para todos os alunos aos seis anos de idade. A escolaridade obrigatória é de 12 anos. O primeiro nível de ensino, o Ensino Básico, está dividido em ciclos: 1° ciclo (1° ao 4° ano); 2° ciclo (5° ao 6° ano); e 3° ciclo (7° ao 9° ano).
  No final de cada ciclo, os alunos realizam exames nacionais sobre as disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática. As provas avaliam os alunos sobre a matéria lecionada durante o ciclo correspondente.
  O nível seguinte é o Ensino Secundário, abrangendo o 10°, 11° e 12° anos. Tem um sistema de organização próprio, diferente dos restantes ciclos. A mudança de ciclo pode, em vários casos, ser marcada pela mudança de escola. As escolas que abrangem o 1° ciclo são mais pequenas que as restantes, possuindo em média 200 alunos, enquanto que as do 2° e 3° ciclos e as secundárias atingem cerca de 2 mil alunos.
Palácio das Escolas - sede da Universidade de Coimbra
  Qualquer aluno pode frequentar Cursos de Formação e de Educação que dão equivalência ao 9° ano, e Cursos Profissionais, que dão equivalência ao 12° ano. O aluno que desejar possuir habilitação literária, recebe uma certificação profissional, e todos os alunos podem concluir o Ensino Secundário em regime diurno e noturno.
  A primeira universidade portuguesa foi criada em 1290, a Universidade de Coimbra. As universidades portuguesas são organizadas em faculdades. Institutos e escolas também são comuns às denominações das subdivisões das instituições autônomas do ensino superior e são sempre utilizadas no sistema politécnico. O ingresso à faculdade é feito através da média final do aluno que obteve no Ensino Secundário e após a realização dos exames necessários, chamadas de provas de ingresso, muitas vezes com nota mínima; a média de entrada é calculada com uma porcentagem sobre a média do secundário e outra sobre o exame ou exames; a fórmula de cálculo varia conforme a instituição.
Reitoria da Universidade do Porto
SAÚDE
  O sistema de saúde português é caracterizado por três sistemas coexistente: o Sistema Nacional de Saúde (SNS), os regimes de seguro social de saúde especiais para determinadas profissões (subsistemas de saúde) e seguros de saúde de voluntariado privados. O SNS oferece uma cobertura universal. Cerca de 25% da população portuguesa é coberta por sistemas de saúde, 10% por seguros privados e 7% por fundos mútuos.
  O Ministério da Saúde é responsável pelo desenvolvimento da política de saúde, bem como de gerir a SNS. Cinco administrações regionais de saúde são responsáveis pela execução dos objetivos da política nacional de saúde, desenvolvimento de orientações e protocolos e de supervisionar a prestação de cuidados da saúde.
Hospital Santa Maria, em Lisboa - Portugal
LITERATURA
  A literatura portuguesa, uma das primeiras literaturas ocidentais, desenvolveu-se através de texto e música. Até 1350, os trovadores galego-portugueses espalharam a sua influência para a maior parte da península Ibérica. Gil Vicente (1465-1536), foi um dos fundadores das tradições dramáticas portuguesa e espanhola.
  Aventureiro e poeta, Luís de Camões (1524-1580) escreveu o poema épico Os Lusíadas, com a Eneida de Virgílio como a sua principal influência. A poesia moderna portuguesa está enraizada nos estilos neoclássico e contemporâneo, como exemplificado por Fernando Pessoa (1888-1935). Outros poetas da literatura moderna portuguesa são Almeida Garrett, Camilo Castelo Branco, Eça de Queirós, entre outros.
Luís de Camões - considerado o maior nome da Literatura portuguesa
ALGUNS DADOS SOBRE PORTUGAL
NOME OFICIAL: República Portuguesa
CAPITAL: Lisboa
Castelo de São Jorge, em Lisboa
GENTÍLICO: português, portuguesa
LÍNGUA OFICIAL: português
GOVERNO: República Constitucional Unitária Semipresidencialista
FORMAÇÃO: 1093 d.C.
Independência: 1139
Reconhecida: entre 1143 e 1149
LOCALIZAÇÃO: Europa Meridional (Península Ibérica)
ÁREA: 92.152 km² (109°)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2014): 10.716.414 habitantes (74°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 116,29 hab./km² (65°)
MAIORES CIDADES (Estimativa 2014):
Lisboa: 553.812 habitantes
Lisboa - capital e maior cidade de Portugal
Sintra: 382.028 habitantes
Sintra - segunda maior cidade de Portugal
Vila Nova de Gaia: 305.650 habitantes
Vila Nova de Gaia - terceira maior cidade de Portugal
PIB (Banco Mundial - 2013): US$ 210,620 bilhões (45°)
IDH (ONU - 2014): 0,822 (41°)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2012): 80,0 anos (33°)
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - 2005-2010): 0,37% (174°)
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2013): 4,45/mil (23°). Obs: essa mortalidade é contada de menor para maior.
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2014): 1,52 filhos/mulher (189°). Obs: essa taxa refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria até o fim do seu período reprodutivo (de 15 a 49 anos) e é contada de maior para menor.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2014): 95,4% (91°). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que podem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (Pnud - 2010/2011): 59% (93°)
PIB PER CAPITA (CIA World Factbook - 2014): US$ 21.000 (42°)
MOEDA: Euro
RELIGIÃO: católicos (92,2%), protestantes (1,5%), outras religiões cristãs (1,1%), islâmicos (0,1%), outras religiões (5,1%).
DIVISÃO: as principais divisões administrativas de Portugal são os 18 distritos no continente e as duas Regiões Autônomas dos Açores e Madeira, que se subdividem em 308 concelhos e 3.092 freguesias. Os números dos distritos correspondem aos números do mapa. São eles: 1. Lisboa 2. Leiria 3. Santarém 4. Setúbal 5. Beja 6. Faro 7. Évora 8. Portalegre 9. Castelo Branco 10. Guarda 11. Coimbra 12. Aveiro 13. Viseu 14. Bragança 15. Vila Real 16. Porto 17. Braga 18. Viana do Castelo. Os distritos permanecem como a mais relevante subdivisão do país, servindo de base para uma série de utilizações administrativas.
Mapa com a divisão dos distritos de Portugal
  Antes de 1976, os dois arquipélagos atlânticos estavam também integrados na estrutura geral dos distritos portugueses, embora com uma estrutura administrativa diferenciada, contida no Estatuto dos Distritos Autônomos das Ilhas Adjacentes, que se traduzia na existência de Juntas Gerais com competências próprias. Havia três distritos autônomos nos Açores (Distrito de Angra do Heroísmo, Distrito da Horta e Distrito de Ponta Delgada) e um em Madeira (Distrito de Funchal).
Angra do Heroísmo - uma das principais cidades dos Açores
  Após 1976, os Açores e a Madeira passaram a ter o estatuto de Região Autônoma, deixando de se dividirem em distritos, passando a ter um estatuto político-administrativo e órgãos de governo próprios.
Funchal - capital da Ilha da Madeira
FONTE: Sampaio, Fernando dos Santos. Para viver juntos: geografia, 7° ano: ensino fundamental / Fernando dos Santos Sampaio, Marlon Clóvis de Medeiros. - 3. ed. - São Paulo:: Edições SM, 2012. - (Para viver juntos)

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