Segundo dados do IBGE, em 2010, 40% dos habitantes do Brasil não eram naturais do município de residência, e cerca de 16% deles não eram procedentes da unidade da federação em que moravam. O censo de 2000 detectou que 75% dos movimentos migratórios realizados durante os cinco anos anteriores tinham como origem e destino as áreas urbanas, 12,4% eram rurais-urbanos, 7,7% urbano-rurais e 4,8% originaram-se e destinaram-se a áreas rurais.
Esses números mostram que predominam movimentos migratórios dentro do estado de origem. E que há um crescimento do fluxo urbano-urbano e intra-metropolitano, ou seja, aumenta o número de pessoas que migram de uma cidade para outra no mesmo estado ou numa determinada região metropolitana em busca de melhores condições de moradia. No entanto, permanecem os movimentos migratórios interestaduais.
Outro ponto revelado pelos dados sobre os movimentos migratórios atuais é o dos fluxos de retorno, principalmente para o Nordeste: entre 1995 e 2000, 48,3% das saídas do Sudeste se dirigiram ao Nordeste. Entre 1986 e 1991, a porcentagem foi de 42,5%. Apesar desse retorno de migrantes, os estados que apresentam maior emigração continuam sendo os nordestinos: Paraíba, Piauí, Bahia e Pernambuco.
Analisando a história brasileira, percebe-se, desde o tempo da colonização, que os movimentos migratórios estão associados a fatores econômicos. Quando terminou o ciclo da cana-de-açúcar no Nordeste e se iniciou o do ouro em Minas Gerais, houve um grande deslocamento de pessoas e um intenso processo de urbanização no novo centro econômico do país. Mais tarde, com o ciclo do café e com o processo de industrialização, o eixo São Paulo-Rio de Janeiro se tornou o grande polo de atração de migrantes, que saíam de sua região de origem em busca de empregos e de melhores salários. Somente a partir da década de 1970, com o processo de desconcentração da atividade industrial e a criação de políticas públicas de incentivo à ocupação das regiões Norte e Centro-Oeste, a migração em direção ao Sudeste começou a apresentar significativa queda.
Atualmente, São Paulo e Rio de Janeiro são as capitais cuja população menos cresce no Brasil. Em primeira posição, figuram algumas capitais da região Norte, com destaque para Palmas (TO), Macapá (AP) e Rio Branco (AC), localizadas em áreas de expansão das atuais fronteiras agrícolas do país. Em seguida, vêm as capitais nordestinas e, finalmente, as do Sul do Brasil.
Do início da década de 1980 até a crise mundial que se iniciou em 2008, muitos brasileiros se transferiram para os Estados Unidos, Japão e Europa (especialmente Portugal, Inglaterra, Espanha e França), entre outros destinos, em busca de melhores condições de vida, já que no Brasil os salários pagos são muito baixos se comparados aos desses países e os índices de desemprego e subemprego costumam ser mais elevados. Há também um grande número de brasileiros estabelecidos no Paraguai, quase todos produtores rurais que ali se dirigiram em busca de terras baratas e de uma carga tributária menor que a brasileira. Como a maioria dos emigrantes entram clandestinamente nos países a que se dirigem, há estimativas precárias sobre o volume total do fluxo migratório.
Esses números mostram que predominam movimentos migratórios dentro do estado de origem. E que há um crescimento do fluxo urbano-urbano e intra-metropolitano, ou seja, aumenta o número de pessoas que migram de uma cidade para outra no mesmo estado ou numa determinada região metropolitana em busca de melhores condições de moradia. No entanto, permanecem os movimentos migratórios interestaduais.
Outro ponto revelado pelos dados sobre os movimentos migratórios atuais é o dos fluxos de retorno, principalmente para o Nordeste: entre 1995 e 2000, 48,3% das saídas do Sudeste se dirigiram ao Nordeste. Entre 1986 e 1991, a porcentagem foi de 42,5%. Apesar desse retorno de migrantes, os estados que apresentam maior emigração continuam sendo os nordestinos: Paraíba, Piauí, Bahia e Pernambuco.
Analisando a história brasileira, percebe-se, desde o tempo da colonização, que os movimentos migratórios estão associados a fatores econômicos. Quando terminou o ciclo da cana-de-açúcar no Nordeste e se iniciou o do ouro em Minas Gerais, houve um grande deslocamento de pessoas e um intenso processo de urbanização no novo centro econômico do país. Mais tarde, com o ciclo do café e com o processo de industrialização, o eixo São Paulo-Rio de Janeiro se tornou o grande polo de atração de migrantes, que saíam de sua região de origem em busca de empregos e de melhores salários. Somente a partir da década de 1970, com o processo de desconcentração da atividade industrial e a criação de políticas públicas de incentivo à ocupação das regiões Norte e Centro-Oeste, a migração em direção ao Sudeste começou a apresentar significativa queda.
O processo de industrialização foi um dos principais motivos que incentivou a migração para o Sudeste a partir da década de 1950
Qualquer região do país que receba investimentos produtivos, públicos ou privados, que aumentem a oferta de emprego, receberá também pessoas dispostas a preencher os novos postos de trabalho. É o que acontece atualmente no estado de São Paulo. As cidades médias e grandes do interior - como Campinas, Ribeirão Preto, São José dos Campos, Sorocaba e São José do Rio Preto, assim como algumas menores em suas respectivas regiões - apresentam índices de crescimento econômico maiores que os da Grande São Paulo, o que gera aumento populacional. Essa situação ocorreu graças ao desenvolvimento dos sistemas de transportes, energia e comunicações, que integraram o interior do estado não só ao país, mas ao mundo. Boa parte da produção econômica estadual é destinada ao mercado externo.Atualmente, São Paulo e Rio de Janeiro são as capitais cuja população menos cresce no Brasil. Em primeira posição, figuram algumas capitais da região Norte, com destaque para Palmas (TO), Macapá (AP) e Rio Branco (AC), localizadas em áreas de expansão das atuais fronteiras agrícolas do país. Em seguida, vêm as capitais nordestinas e, finalmente, as do Sul do Brasil.
Macapá - uma das capitais que mais crescem no Brasil
ÊXODO RURAL E MIGRAÇÃO PENDULAR
Em 1920, apenas 10% da população brasileira vivia em cidades. Cinquenta anos depois, em 1970, esse percentual era de 56%. De acordo com o censo do IBGE 2010, 84,35% da população brasileira é urbana. Estima-se que entre 1950 e 2000, 50 milhões de pessoas migraram do campo para as cidades, fenômeno conhecido como êxodo rural. É importante lembrar que na maioria dos casos esses migrantes se deslocaram para as cidades, com pouquíssimo dinheiro e em condições muito precárias, consequência de uma política agrária que modernizou o trabalho do campo e concentrou a posse da terra. Esse processo ocorreu associado a uma indutrialização que permanecia concentrada nas principais regiões metropolitanas, que, por isso, tornavam-se áreas muito atrativas.
Êxodo rural - saída em massa de pessoas do campo para as cidades, gera abandono de residências na zona rural
No entanto, como as cidades receptoras desse enorme contingente populacional não receberam investimentos públicos suficientes em obras de infraestrutura urbana, passaram a crescer desmesuradamente, com acelerada construção de submoradias e surgimento de loteamentos (em grande parte clandestinos) em suas periferias. Esse processo reduziu os vazios demográficos que existiam entre uma cidade e outra e, somado a outros fatores, colaborou para a formação de regiões metropolitanas. Entre as cidades que compõem cada região metropolitana ocorre um deslocamento diário da população, movimento conhecido como migração pendular. Muitas dessas cidades passam a ser conhecidas como "cidades dormitório".
Migração pendular - deslocamento diário de pessoas de uma cidade para outra para trabalhar ou estudar
A EMIGRAÇÃO
A partir da década de 1980 o Brasil começou a se tornar um país com fluxo migratório negativo - número de emigrantes maior que o de imigrantes.Do início da década de 1980 até a crise mundial que se iniciou em 2008, muitos brasileiros se transferiram para os Estados Unidos, Japão e Europa (especialmente Portugal, Inglaterra, Espanha e França), entre outros destinos, em busca de melhores condições de vida, já que no Brasil os salários pagos são muito baixos se comparados aos desses países e os índices de desemprego e subemprego costumam ser mais elevados. Há também um grande número de brasileiros estabelecidos no Paraguai, quase todos produtores rurais que ali se dirigiram em busca de terras baratas e de uma carga tributária menor que a brasileira. Como a maioria dos emigrantes entram clandestinamente nos países a que se dirigem, há estimativas precárias sobre o volume total do fluxo migratório.
Brazilian Day 2011 - festa dos brasileiros que moram em Nova York, Estados Unidos
Entretanto, desde a eclosão da crise econômica que se iniciou em 2008, o Brasil passou a receber muitos imigrantes vindos de países latino-americanos, com destaque para a Bolívia, Peru e Paraguai e, muitos brasileiros que moravam no exterior retornaram. A partir de 2008, o Brasil deixou de ser um país onde predominava a emigração e passou a receber muitos estrangeiros. Tradicionalmente, os principais destinos dos emigrantes de países da América do Sul e Central são os Estados Unidos e a Espanha. Porém, como a economia brasileira conseguiu enfrentar a crise com muito mais rigor que a de muitos países desenvolvidos e existe grande facilidade de deslocamento terrestre para cá, muitos emigrantes latinos trocaram de destino.
Haitianos em praça na cidade de Brasileia - AC
Uma das consequências dessa inversão, ou seja, com a redução no volume da emigração, aumento na entrada de imigrantes e o retorno de brasileiros que viviam em países onde a crise aumentou o desemprego, vêm ocorrendo redução do ingresso e aumento do envio de remessas de dinheiro. Em 1995, os brasileiros residentes no exterior enviavam 37 dólares para cada dólar que era remetido daqui para o exterior; em 2009, essa proporção tinha caído ao nível de US$ 2,7 para US$ 1,0, o que demonstra claramente o aumento do retorno de brasileiros e, ao mesmo tempo, do número de imigrantes que aqui residem.
FONTE: SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil, volume 3: espaço geográfico e globalização: ensino médio / Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. - São Paulo: Scipione, 2010.