quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

AS CADEIAS PRODUTIVAS NA AGROPECUÁRIA

  Define-se cadeia produtiva como sendo o conjunto de atividades econômicas que se articulam progressivamente desde o início da elaboração de um produto. Isso inclui desde as matérias-primas, insumos básicos, máquinas e equipamentos, componentes, produtos intermediários até produto acabado, a distribuição, a comercialização e a colocação do produto final junto ao consumidor, constituindo elos de uma corrente. A cadeia produtiva é composta por elos. Podemos classificar, de uma maneira geral, os elos da cadeia em: produtores, distribuidores, prestadores de serviços, varejistas e consumidores.

  As atividades agropecuárias articuladas ao agronegócio também se estruturam em cadeias produtivas, conectando diferentes setores econômicos do campo e da cidade.

  A conexão entre campo e cidade intensificou-se ao longo do tempo. Pode-se afirmar que, na passagem do século XIX para o XX, por exemplo, o campo era relativamente independente das atividades industriais. Hoje em dia, porém, a vinculação entre os setores urbano-industriais e o agronegócio é cada vez mais profunda.

  As atividades do campo são importantes não apenas por fornecerem insumos, alimentos e matérias-primas para a indústria, mas também por dependerem cada vez mais dos produtos industrializados, como maquinários e agrotóxicos (inseticidas, herbicidas, fungicidas etc.). Essa inter-relação está diretamente ligada à expansão da chamada agropecuária moderna ou tecnificada, que pressupõe o desenvolvimento de um sistema de produção no campo semelhante ao industrial.

Exemplo de cadeia produtiva no agronegócio

O agronegócio e os sistemas de produção

  A expansão da agropecuária moderna ou tecnificada se insere no conceito do agronegócio, que compreende toda a cadeia produtiva que envolve as atividades desse setor.

  No agronegócio, privilegiam-se os sistemas intensivos de cultivo e criação, com o objetivo de reduzir ao máximo o tempo de produção e garantir a alta produtividade. Na atividade agrícola, são usadas sementes de alto rendimento, além de técnicas e equipamentos modernos de preparação do solo, de plantio e de colheita (com a aplicação de agrotóxicos e intensa irrigação). Já na pecuária, a alta produtividade é obtida com a utilização de espécies selecionadas geneticamente, criação em sistema de confinamento e alimentação com emprego de ração, além de ampla assistência veterinária. Trata-se, portanto, de um modelo de produção diferente do sistema de produção extensivo, no qual tanto a agricultura quanto a pecuária são realizadas com equipamentos e técnicas rudimentares e com baixa capacidade de investimentos em tecnologia e mecanização.

  É importante ressaltar o fato de que o emprego no sistema intensivo de elevada produtividade, não depende do tamanho da área de cultivo ou de criação, mas da maneira como essas atividades são realizadas.

Exemplo de cadeia produtiva da carne bovina

Commodities agropecuárias e a modernização do campo

  Atualmente, as commodities agropecuárias, importantes há muito tempo no comércio internacional e na DIT (Divisão Internacional do Trabalho), são produzidas em larga escala e de forma padronizada, principalmente em propriedades rurais equipadas com elevado nível de automação dos processos produtivos. Nelas é comum o investimento em inovações tecnológicas, como drones para o monitoramento de cultivos (visando ao controle de doenças e correções de eventuais falhas de plantio), máquinas agrícolas computadorizadas e sistema de irrigação sincronizados com informações sobre as condições climáticas, como temperatura e umidade do ar. Todos esses recursos integram o que se denomina como agricultura de precisão, que busca obter o maior rendimento, no menor tempo, e com baixo risco de perdas.

  Em geral, as commodities, especialmente os grãos, podem ser armazenados durante longos períodos e preservar suas principais propriedades. O silo é um grande reservatório de armazenamento de grãos, com o objetivo de preservar as características dos produtos até o momento da comercialização. Geralmente, esse tipo de estrutura está presente nas grandes propriedades agrícolas e também nos portos e terminais de embarque de grãos.

Etapas da agricultura de precisão

A cadeia produtiva da produção de carne de frango e de ovos no Brasil

  A cadeia produtiva de frangos de corte agrega setores desde o produtor de grãos e as fábricas de rações, os transportadores, os abatedouros e frigoríficos até o segmento de equipamentos, medicamentos, distribuição e o consumidor final. A eficiência dessa cadeia produtiva é que tem permitido ao Brasil ser o terceiro produtor mundial e o primeiro exportador de carne de frangos, atendendo mais de 150 países, devido a qualidade e segurança alimentar da carne brasileira e à eficiência de produção.

  A produção de frangos de corte é cercada de tecnologia. Os aviários utilizam vários equipamentos para manter o ambiente controlado. As empresas de genética e laboratórios em todo o mundo, bem como as fábricas de rações, buscam desenvolver e aperfeiçoar continuamente as linhagens de frangos para alto desempenho, com saúde, conforto animal, a custo competitivo com outras carnes, sempre visando a sustentabilidade na produção.

  Os frangos são aves com crescimento rápido porque são muito eficientes em transformar ração em carne, fruto de décadas de pesquisa e desenvolvimento da ciência avícola no Brasil. Isso porque  a genética, a nutrição, os cuidados com as doenças e a modernização das granjas garantem ganhos contínuos de produtividade e de eficiência.

Esquema da cadeia produtiva da carne de aves

  Já a produção de ovos tem duas finalidades distintas: a incubação, compreendendo a produção destinada à reprodução das aves de corte e de postura; e o consumo, também chamado de ovos de mesa, visando ao consumo humano direto ou indireto. As galinhas são as principais fontes de produção de ovos para consumo, seguidas pelas patas e pelas codornas. Os ovos das demais espécies de aves domesticadas, como gansas, peruas e avestruzes, são predominantemente destinadas à incubação.

  O ovo é um alimento natural e uma fonte barata de proteína de excelente qualidade, além de conter gorduras, vitaminas, minerais e reduzida concentração calórica. É uma importante reserva de nutrientes favoráveis à saúde e preventivo de doenças, agindo nas atividades antibacteriana, antiviral e na modulação do sistema imunológico.

  A produção de ovos depende de um conjunto de insumos, dentre os quais se destacam rações, vacinas, equipamentos, instalações, medicamentos e genética.

Esquema da cadeia produtiva de ovos

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BATALHA, M. O.; Da SILVA, A. L. Gestão de cadeias produtivas: novos aportes teóricos e empíricos. Texto mimeografado, documento preliminar para discussão. São Carlos, 1999.

EMBRAPA. htpps://www.embrapa.br. Acesso em: 27/12/2022.

SILVA, I. J. O.; MIRANDA, K. O. S. Impactos do bem-estar na produção de ovos. Revista Thesis. São Paulo, ano VI, n. 11. 1º sem. 2009.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

HAITI: O PAÍS MAIS POBRE DO CONTINENTE AMERICANO

   O Haiti é um país do Caribe. Ocupa uma pequena porção ocidental da ilha de São Domingos, também chamada de Hispaniola, no arquipélago das Grandes Antilhas, partilhando a ilha com a República Dominicana.

  O Haiti foi o primeiro país latino-americano a declarar sua independência e, ao longo de sua história, ficou marcado por golpes e ditaduras. Isso resultou no quadro social do país, que é o mais pobre do continente americano. Foi também, o primeiro a abolir a escravidão no continente.

  Em 2010, o Haiti sofreu um forte terremoto, que abalou fortemente a estrutura do país, em especial sua capital, Porto Príncipe.

Mapa com a localização geográfica do Haiti

HISTÓRIA

  O território que atualmente corresponde ao Haiti, era ocupado por índios arauaques, quando, em 1492, Cristóvão Colombo chegou à ilha. Os espanhóis batizaram a ilha de Hispaniola, ocupando, primeiramente, a porção oriental do território, que corresponde atualmente à República Dominicana. Eles escravizaram os índios que ali viviam e, até o final do século XVI, a população nativa foi reduzida em quase toda sua totalidade.

  Em 1697, a partir da assinatura do Tratado de Ryswick envolvendo, Espanha e França, a parte ocidental da ilha, onde atualmente fica o Haiti, foi cedida à França, e recebeu o nome de Saint Domingue, se tornando a mais importante possessão francesa na América, onde ocorreu o cultivo da cana-de-açúcar com a utilização de mão de obra escrava africana. Porém, esses africanos escravizados, influenciados pela Revolução Francesa, rebelaram-se em 1791, liderados pelo ex-escravo Toussaint L'Ouverture.

Batalha de San Domingo, pintado por January Suchodolski, representando uma luta entre tropas polonesas a serviço da França e os rebeldes do Haiti

  A abolição da escravidão ocorreu no ano de 1794, após uma revolta de escravos, tornando-se o primeiro país do mundo a abolir a escravidão. Nesse mesmo ano, a França passou a dominar toda a ilha. Em 1801, o ex-escravo Toussaint Louverture tornou-se governador-geral, sendo deposto e morto logo em seguida pelos franceses. O líder Jean Jacques Dessalines organizou o exército e derrotou os franceses em 1803. Em 1804, foi declarada a independência, tornando o segundo país independente da América (os Estados Unidos foram o primeiro), e Dessalines proclamou-se imperador. Em represália, os escravistas europeus e estadunidenses mantiveram o Haiti sob um bloqueio econômico por 60 anos.

  Em 1815, Simon Bolívar refugiou-se no Haiti, após o fracasso de sua primeira tentativa de luta contra os espanhóis. Recebeu dinheiro, armas e pessoal militar, com a condição de que abolisse a escravidão nas terras que libertasse. Posteriormente, para pôr fim ao bloqueio, o Haiti, sob o governo de Jean-Pierre Boyer, cercado pela frota da ex-metrópole, concordou em assinar um tratado pelo qual seu país pagaria à França a quantia de 150 milhões de francos a título de indenização. A dívida depois foi reduzida para 90 milhões, mas trouxe reflexos negativos para a economia do país.

  Após um período de estabilidade, o Haiti foi dividido em dois e a parte oriental - atual República Dominicana - reocupada pela Espanha. Em 1822, o presidente Jean-Pierre Boyer reunificou o país e conquistou toda a ilha. Em 1844, uma nova revolta derrubou Boyer e a República Dominicana conquistou a independência.

Representação do massacre de 1804

  Da segunda metade do século XIX ao começo do século XX, vinte governantes sucederam-se no poder. Desses, 16 foram depostos ou assassinados. Entre 1915 e 1934 o Haiti foi ocupado por tropas norte-americanas sob o pretexto de proteger os interesses dos Estados Unidos no país. O almirante William B. Caperton impôs ao governo uma convenção cujas cláusulas depositavam a administração civil e militar, as finanças, as alfândegas e o banco do Estado em mãos norte-americanas. Proclamou também uma lei marcial sobre todo o território. Em 1946, foi eleito um presidente negro, Dumarsais Estimé. Após a derrubada de mais duas administrações governamentais, o médico François Duvalier, foi eleito presidente em 1957.

  François Duvalier, conhecido como Papa Doc, apoiado pelos Estados Unidos no contexto da Guerra Fria, instaurou uma forte ditadura baseada no terror policial dos tontons macoutes (bichos-papões) - sua guarda pessoal - e na exploração do vodu. A partir de 1964, Papa Doc tornou-se presidente vitalício, exterminou a oposição e perseguiu a Igreja Católica. Papa Doc morreu em 1971 e foi substituído por seu filho, Jean-Claude Duvalier, o Baby Doc.

François Duvalier, o Papa Doc (1907-1971)

  Em 1986, Baby Doc decretou estado de sítio. Os protestos populares se intensificaram e ele fugiu com a família para a França, deixando em seu lugar o General Henry Namphy. Foram convocadas eleições e Lesile Manigat foi eleito presidente, em um pleito caracterizado por grande abstenção. Manigat governou de fevereiro a junho de 1988, quando foi deposto por Namphy. Três meses depois, outro golpe de Estado pôs no poder o chefe da guarda presidencial, o General Prosper Avril.

  Depois de mais um período de conturbação política, foram realizadas eleições presidenciais livres em dezembro de 1990, vencida pelo padre salesiano Jean-Bertrand Aristide, ligado à teologia da libertação. Em setembro de 1991, Aristide foi deposto num golpe de Estado liderado pelo General Raoul Cédras e se exilou nos Estados Unidos. A Organização dos Estados Americanos (OEA), a Organização das Nações Unidas (ONU) e os Estados Unidos impuseram sanções econômicas ao país para forçar os militares a permitirem a volta de Aristide ao poder.

Pétionville - com uma população de 291.996 habitantes (estimativa 2022) é a quarta cidade mais populosa do Haiti

  Em julho de 1993, Cédras e Aristide assinaram um pacto em Nova York, acordando o retorno do governo constitucional e a reforma das Forças Armadas. Em outubro de 1993, porém, grupos paramilitares impediram o desembarque de soldados norte-americanos, integrantes de uma Força de Paz da ONU. O elevado número de refugiados haitianos que tentavam ingressar nos Estados Unidos fez aumentar a pressão pela volta de Aristide. Em maio de 1994, o Conselho de Segurança da ONU decretou bloqueio total ao país. A junta militar empossou um civil, Émile Jonassaint, para exercer a presidência até as eleições marcadas para fevereiro de 1995. Os Estados Unidos denunciaram o ato como ilegal. Em julho, a ONU autorizou uma intervenção militar, liderada pelos Estados Unidos. Em 1º de agosto, Jonaissant decretou estado de sítio.

  Em setembro de 1994, uma força multinacional, liderada pelos Estados Unidos, entrou no Haiti para reempossar Aristide. Os chefes militares haitianos renunciaram a seus postos e foram anistiados. Jonaissant deixou a presidência em outubro e Aristide reassumiu o poder com a economia destroçada pelo bloqueio comercial e por convulsões internas.

Croix-des-Bouquets - com uma população de 236.367 habitantes (estimativa 2022) é a quinta cidade mais populosa do Haiti

  Entre 1994 e 2000, o Haiti viveu mergulhado em crises. Devido à instabilidade, não puderam ser implementadas reformas políticas profundas. A eleição parlamentar e presidencial em 2000, foi marcada pela suspeita de manipulação por Aristide e seu partido político. O diálogo entre oposição e governo ficou prejudicado. Em 2003, a oposição passou a clamar pela renúncia de Aristide. A Comunidade do Caribe, Canadá, União Europeia, França, Organização dos Estados Americanos e Estados Unidos, apresentaram-se como mediadores, sendo que a oposição refutou as propostas de mediação, o que aprofundou a crise.

  Em fevereiro de 2004, ex-integrantes do exército haitiano (tontons macoutes) deram início a um levante militar em Gonaives, espalhando-se por outras cidades nos dias subsequentes. Gradualmente, os revoltosos assumiram o controle do norte do Haiti. Apesar dos esforços diplomáticos, a oposição armada ameaçou marchar sobre Porto Príncipe, onde se preparava uma resistência pró-Aristide.

  Aristide foi retirado do país por militares norte-americanos em 29 de fevereiro, contra sua vontade, e conseguiu asilo na África do Sul. De acordo com as regras de sucessão constitucional, o presidente do Supremo Tribunal, Bonifácio Alexandre, assumiu a presidência interinamente e requisitou, de imediato, assistência das Nações Unidas para apoiar uma transição política pacífica e constitucional e manter a segurança interna. Nesse sentido, o Conselho de Segurança (CS) aprovou o envio da Força Multinacional Interna (MIF), liderada pelo Brasil, que prontamente iniciou seu desdobramento.

Soldado do Exército Brasileiro da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH), na favela de Cité Solei, em Porto Príncipe

  Em 12 de janeiro de 2010, um terremoto de proporções catastróficas, com magnitude sísmica de 7,0 (7,3 na escala de Richter), atingiu o país a aproximadamente 22 quilômetros da capital, Porto Príncipe. Em seguida, foram sentidos na área múltiplos tremores com magnitude em torno de 5,9 graus. O Palácio Presidencial, várias escolas, hospitais e outras construções ficaram destruídos após o terremoto e estima-se que 80% das construções de Porto Príncipe foram destruídas ou seriamente danificadas. O terremoto deixou cerca de 300 mil mortos, mais de 300 mil feridos e em torno de 1,5 milhão de desabrigados.

  Em 2010, Michel Martelly foi eleito presidente, assumindo em 2011, deixando a presidência em 2016 numa profunda crise eleitoral, onde não houve um resultado formal do vencedor e cujo Senado teve que refazer uma eleição indireta, empossando Jocelerme Privert, presidente do Senado, após um breve vácuo na presidência, onde o país ficou sob o comando do então Primeiro-Ministro Evans Paul.

  Em 7 de julho de 2021, o presidente Moïse foi assassinado em um ataque à sua residência privada, com a primeira-dama, Martine Moïse, tendo sido hospitalizada.

Carro da ONU patrulhando as ruas de Porto Príncipe após o terremoto de 2010

GEOGRAFIA

  O Haiti está localizado na parte ocidental da ilha de Hispaniola, a segunda maior ilha das Grandes Antilhas, no Caribe. Partilha uma fronteira de 360 quilômetros com a República Dominicana, a leste. Possui o segundo maior litoral das Grandes Antilhas, com 1.771 quilômetros.

  A noroeste, está situada Cuba, que se separa do território haitiano pelo canal de Barlavento, enquanto a oeste, estende-se o canal da Jamaica, que separa a ilha de São Domingos do território jamaicano.

  O país encontra-se em um território com grande instabilidade tectônica, devido encontrar-se na falha geológica do sistema Enriquillo-Plantain Garden. O limite norte da falha é onde a placa tectônica do Caribe se desloca para leste por cerca de 20 mm por ano em relação à placa Norte-Americana. O sistema de falhas transcorrentes na região tem duas áreas no Haiti: a Falha Setentrional-Oriental no norte, e a Falha de Enriquillo-Plantain Garden no sul.

Falha de Enriquillo-Plantain Garden, na ilha de Hispaniola. O círculo vermelho foi o epicentro do terremoto de 2010 no Haiti; as setas brancas indica a direção de movimentação das placas tectônicas

  O país é banhado pelo mar do Caribe, que envolve também um pequeno conjunto de ilhas que integram o seu território, que são: Tortuga, Gonâve, Cayemitas e Île-à-Vache.

  O relevo haitiano é bastante jovem, com terrenos montanhosos e acidentados e com ao menos quatro cordilheiras atravessando o território do país. O ponto mais elevado é o Pico La Selle, localizado no departamento administrativo Oeste, com uma altitude de 2.680 metros, e que faz parte da cordilheira de La Selle.

Pic la Selle - ponto mais elevado do Haiti

  O clima predominante no Haiti é o tropical úmido, com variações locais determinadas pelo relevo. Uma das suas principais características é a elevada amplitude térmica diária e baixa variação anual.

  As temperaturas médias anuais ficam entre 25ºC e 30ºC. Nas áreas mais elevadas, as temperaturas são mais amenas, com mínimas de até 16ºC. O volume de chuvas varia bastante, ficando com uma média de 700 milímetros ao ano nas encostas das montanhas. As áreas a leste são mais secas devido à presença de cadeias montanhosas, que impedem a chegada dos ventos úmidos à região.

Mapa climático do Haiti segundo a classificação de Köppen

  A vegetação natural do Haiti é formada por florestas tropicais. No entanto, a vegetação remanescente dessa formação são encontradas nas áreas mais elevadas, em especial nos maciços do sul e do centro-sul. Campos e bosques são encontrados em planícies ou áreas de relevo menos acidentado, enquanto no litoral há a presença de mangues.

Mapa da vegetação do Haiti

  O principal e maior rio do Haiti e também de toda a ilha de São Domingos é o rio Artibonite, com uma extensão de 253 quilômetros. Sua nascente está localizada nos montes Cibao, na Cordilheira Central, na República Dominicana. Sua foz é no Golfo de Gonâve. O rio é usado para irrigação e também para a produção de energia. O rio Artibonite dá nome a um dos departamentos do Haiti e forma parte da fronteira com a República Dominicana.

  A maior parte dos cursos d'água que banham o território haitiano deságua no golfo de Gonâve, um golfo triangular que forma toda a costa oeste do Haiti, que também é o maior golfo do mar do Caribe.

Rio Artibonite

ECONOMIA

  O Haiti é considerado o país mais pobre do continente americano, o que se deve a uma série de fatores socioeconômicos e históricos, perpetuados ao longo do tempo, e também políticos, dos quais se destacam os períodos de instabilidade política e institucional e dos golpes de Estado, seguidos de longas ditaduras que imperaram no país.

  Destaca-se, ainda, a má distribuição de renda e a intensa concentração nas mãos de um pequena parcela da população. Outro fator que contribui para a pobreza que impera no país, refere-se aos intensos desastres naturais que o país sofre frequentemente, como furacões e terremotos, que fragilizam ainda mais a situação da população haitiana. A pesca e o turismo também são uma importante fonte de renda para o país.

Jacmel - com uma população de 142.325 habitantes (estimativa 2022) é a sexta cidade mais populosa do Haiti

DEMOGRAFIA

  Embora a densidade demográfica do país seja de 423,8 hab./km², sua população se concentra fortemente mais nas áreas urbanas, nas planícies costeiras e nos vales. De acordo com estimativas para 2022, a população haitiana é de 11.762.847 habitantes. Cerca de 95% dos haitianos são negros, descendentes de escravos africanos, o que faz do país o que tem a maior porcentagem de população negra fora da África no mundo. Os 5% restantes são brancos ou mulatos. Milhões de haitianos vivem no exterior, principalmente nos Estados Unidos, na República Dominicana, em Cuba e no Canadá.

  Devido ao sistema de casta racial instituído no Haiti colonial, os mulatos haitianos se tornaram uma elite social dentro da nação e foram racialmente privilegiados. Vários líderes ao longo da história do país eram mulatos. Os mulatos têm mantido a sua preeminência evidente na hierarquia política, econômica, social e cultural do país. Alexandre Pétion, cuja mãe era haitiana e o pai era um francês bastante rico, foi o primeiro presidente do país.

Cabo Haitiano - com uma população de 139.075 habitantes (estimativa 2022) é a sétima cidade mais populosa do Haiti

CULTURA

  O arcabouço cultural do Haiti é bastante rico e diverso, sendo formado com base na influência predominante dos africanos e também dos franceses e espanhóis. Isso reflete em vários aspectos e nas formas de manifestação cultural, em especial na música, nas artes em geral, no idioma e na religiosidade.

  O crioulo haitiano e o francês são considerados os idiomas falados oficiais do país. O francês é utilizado principalmente para propósitos políticos e administrativos, além de ser também a principal língua utilizada para a escrita. A língua crioula é falada pela grande maioria dos haitianos e possui variações regionais.

Léogáne - com uma população de 138.430 habitantes (estimativa 2022) é a oitava cidade mais populosa do Haiti

  A religiosidade é outro aspecto interessante da cultura haitiana. O sincretismo religioso é amplamente presente no Haiti, com a predominância das religiões cristãs de origem europeia e das religiões africanas, com destaque para o Vodu, que tem origem nas tradições da África Ocidental. O vodu foi oficializado como religião no Haiti no ano de 2003, e muitos dos seus elementos são empregados em várias práticas religiosas no país.

Les Cayes - com uma população de 129.774 habitantes (estimativa 2022) é a nona cidade mais populosa do Haiti

  A música haitiana combina uma ampla gama de influências extraídas dos muitos povos que se instalaram na ilha caribenha. Ela reflete ritmos franceses, africanos, espanhóis e de outras culturas que habitaram a ilha de Hispaniola. Entre os estilos musicais exclusivos da nação estão músicas derivadas de tradições cerimoniais do vodu haitiano, entre outros.

  O futebol é o esporte mais tradicional do Haiti, com centenas de pequenos clubes de futebol competindo em nível local. Em 1974, a Seleção Haitiana de Futebol se tornou a segunda seleção do Caribe a se classificar para a Copa do Mundo de Futebol FIFA (a primeira foi Cuba, em 1938). A seleção venceu a Copa das Nações do Caribe em 2007. O Haiti participa dos Jogos Olímpicos desde o ano de 1900, tendo ganhado duas medalhas em 1924 e 1928.

Petit-Goáve - com uma população de 121.217 habitantes (estimativa 2022) é a décima cidade mais populosa do Haiti
ALGUNS DADOS SOBRE O HAITI


NOME: República do Haiti
INDEPENDÊNCIA: da França
Declarada: 1 de janeiro de 1804
Reconhecida: 1825
CAPITAL: Porto Príncipe
Visão aérea de Porto Príncipe
GENTÍLICO: haitiano (a)
LÍNGUA OFICIAL: francês e crioulo haitiano
GOVERNO: Republica Unitária Semipresidencialista
LOCALIZAÇÃO: América Central (Grandes Antilhas)
ÁREA: 27.750 km² (144º).
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa para 2022): 11.762.847 habitantes (81°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 423,88 hab./km² (28°). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CRESCIMENTO POPULACIONAL (ONU - Estimativa 2022): 1,58% (81°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma  determinada população.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa para 2022):
Porto Príncipe:1.273.762 habitantes
Porto Príncipe - capital e maior cidade do Haiti
Carrefour: 456.128 habitantes
Carrefour - segunda cidade mais populosa do Haiti
Delmas: 395.020 habitantes
Delmas - terceira cidade mais populosa do Haiti
PIB (FMI - Estimativa 2022): US$ 20,182 bilhões (118º). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
PIB PER CAPITA (FMI 2021): US$ 784 (169°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população.
Mapa-múndi mostrando a renda per capita dos países em 2019
IDH (ONU - 2021): 0,535 (163°). Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
Mapa-múndi representando as quatro categorias do Índice de Desenvolvimento Humano, baseado no relatório publicado em 15 de dezembro de 2020, com dados referentes a 2019
EXPECTATIVA DE VIDA (OMS - 2021): 60,99 anos (156º). Obs: a expectativa de vida refere-se ao número médio de anos para ser vivido por um grupo de pessoas nascidas no mesmo ano, se a mortalidade em cada idade se mantém constante no futuro, e é contada da maior para a menor.
Planisfério com a expectativa de vida dos países
TAXA DE NATALIDADE (ONU - 2021): 35,87/mil (35º). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é classificada do maior para o menor.
Mapa com a taxa de natalidade dos países
TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook 2021): 12,17/mil (47º). Obs: a taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um índice demográfico que reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região por um período de tempo e é classificada do maior para o menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2021): 59,69/mil (188°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é classificada do menor para o maior.
Mapa da taxa de mortalidade infantil no mundo
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook 2021): 2,48 filhos/mulher (74º). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é classificada do maior para o menor.
Mapa da taxa de fecundidade de acordo com o CIA World Factbook de 2020
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2021): 52,9% (188º). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
Mapa da taxa de alfabetização no mundo em 2020
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2021): 57,1% (109°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
Mapa da taxa de urbanização no mundo em 2020
MOEDA: Gourde
RELIGIÃO: cerca de 56,8% dos haitianos professam o catolicismo romano, 29,6% o protestantismo, 10,6% não têm religião, 2,2% praticam a religiosidade popular e 0,8% não tem uma religião definida.
DIVISÃO: o Haiti está dividido em dez departamentos (os números correspondem ao departamento no mapa): 1. Artibonite, 2. Centro, 3. Grande Enseada, 4. Nippes, 5. Norte, 6. Nordeste, 7. Noroeste,  8. Oeste, 9. Sudeste, 10. Sul.
Mapa com a divisão administrativa do Haiti

FONTES:

FRANCISCO, Wagner de Cerqueira e. "História do Haiti"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historia-da-america/historia-haiti.htm. Acesso em: 20/12/2022.

GUITARRARA, Paloma. Haiti, Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/haiti.htm. Acesso em: 26/12/2022. 

Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Haiti. Acesso em: 20/12/2022


quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

A PRIMEIRA DEMOCRACIA BRASILEIRA

  Em 1889, um golpe militar derrubou dom Pedro II, que era o Imperador do Brasil na época, e proclamou a República. A partir de então, uma nova forma de organização de governo foi adotada.

  Após o golpe, foi criada, em 1891, uma nova Constituição, que determinou a implantação de uma democracia presidencialista. Os cidadãos com direito ao voto podiam escolher os representantes dos poderes Executivo e Legislativo. Entretanto, apenas uma pequena parcela da população participava das eleições. Mulheres e analfabetos eram os principais grupos excluídos do direito de cidadania.

  Outro problema do sistema de governo adotado nesse momento é que o voto era aberto. Assim, era possível pressionar e intimidar eleitores para assegurar a vitória de candidatos alinhados com os interesses das elites locais. Além disso, ocorriam muitas fraudes e arranjos políticos que dificultavam a eleição de políticos de oposição.

  O período de 1891 a 1930 foi marcado pela existência de um governo controlado pelas elites de diferentes regiões do Brasil, que se afastava do ideal de democracia como exercício da vontade e dos interesses dos cidadãos.

Deodoro da Fonseca (1827-1892) - primeiro presidente do Brasil

A Primeira República

  A Primeira República Brasileira, também conhecida como República Velha ou República das Oligarquias, é o período da história do Brasil que se estendeu da Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, até a Revolução de 1930, que depôs seu 13º e último presidente efetivo, Washington Luís. Nesse período o Brasil foi nomeado de Estados Unidos do Brasil.

  A Primeira República é dividida pelos historiadores em dois períodos. O primeiro período, chamado de "República da Espada", foi dominada pelos setores mobilizados do Exército apoiados pelos republicanos, e vai da Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, até a posse do primeiro presidente civil, Prudente de Morais, em 15 de novembro de 1894. Nesse período, exerceram a presidência do país o Marechal Deodoro da Fonseca (de 15 de novembro de 1889 a 23 de novembro de 1891) e o Marechal Floriano Peixoto (23 de novembro de 1891 a 15 de novembro de 1894).

  A República da Espada teve viés mais centralizador do poder, em especial por temores da volta da Monarquia, bem como para evitar uma possível divisão do Brasil.

Floriano Peixoto (1839-1895) - segundo presidente do Brasil

  O segundo período ficou conhecido como "República Oligárquica", e se estendeu de 1894 até a Revolução de 1930. Caracterizou-se por dar maior poder para as elites regionais, em especial da região Sudeste. As oligarquias dominantes eram as forças políticas republicanas de São Paulo e Minas Gerais, que se revezavam na presidência. Essa hegemonia denomina-se política do café com leite, devido à influência do setor agrário paulista - com grande produção de café -, e do setor agrário mineiro - produtor de leite -, que impediam a ocupação do principal cargo do Poder Executivo por representantes dos interesses de outros estados economicamente importantes à época, como Rio Grande do Sul e Pernambuco.

Primeira Bandeira Republicana, criada por Ruy Barbosa, usada entre 15 e 19 de novembro de 1889

Sistema eleitoral na Primeira República

  No início da Primeira República foi instituído o voto aberto para maiores de 21 anos aos cidadãos que sabiam ler e escrever. No entanto, soldados e religiosos estavam excluídos do processo eleitoral.

  Já as mulheres viviam uma situação ambígua, pois a Constituição brasileira especificava que somente os homens podiam votar, mas não proibia explicitamente o voto feminino. Esta brecha foi aproveitada para que algumas mulheres solicitassem seu direito ao voto. Uma delas foi a potiguar Celina Guimarães Viana (1890-1972), que foi a primeira eleitora de que se tem registro oficial no Brasil, ao votar em 5 de abril de 1928, na cidade de Mossoró (RN).

Celina Guimarães votando onde atualmente funciona a Biblioteca Municipal de Mossoró (RN), em 1928

  No entanto, a maioria da população era analfabeta e dos 12 milhões de habitantes, somente 10% conseguia participar do processo eleitoral.

  As eleições eram marcadas por fraudes e os coronéis indicavam em quem o eleitor pobre deveria votar, o chamado voto de cabresto.

  O resultado das eleições estava a cargo da Comissão Verificadora. Essa comissão era favorável ao presidente e, não raro, distorcia resultados aprovando nomes de deputados e senadores aliados.

Charge da Revista Careta, de 1927, ironizando o voto de cabresto

A economia na Primeira República

  A economia deste período era predominantemente rural, com ênfase na produção de café, que correspondia a mais de 50% das exportações brasileiras durante toda a Primeira República. Também fazia parte a produção de açúcar, algodão, borracha e cacau.

  O estado que concentrava a maior produção de café na época era São Paulo. A região tornou-se um polo de atração tanto para brasileiros como para imigrantes.

  Nesta época, começa o desenvolvimento da indústria no país, com destaque para a cidade de São Paulo, que concentrava 31% das fábricas do Brasil.

  Paralelo ao crescimento do operariado, há o início dos movimentos operários reivindicando melhores condições de trabalho e garantia de direitos trabalhistas. Muitas dessas organizações eram comandadas por imigrantes que trouxeram novas ideias e que na Europa era conhecida como anarquismo.

Estação da Luz, um dos símbolos do poder paulista no auge da política do café com leite

O Convênio de Taubaté

  Durante a República Velha, a situação política brasileira era pautada pela economia cafeeira e os arranjos que os governadores conseguiam para obter favores do governo federal.

  A produção brasileira correspondia a dois terços do mercado internacional. Antes cuidado por negros escravizados, os cafezais possuíam agora mão de obra assalariada estrangeira.

  Para obter mais lucros, os fazendeiros aumentaram a produção e isso acarretou em excesso de café, fazendo com que o preço caísse drasticamente, diminuindo os ganhos.

  Assim, os produtores de café se reuniram na cidade paulista de Taubaté, em 1906, com a finalidade de solucionar a crise. Este encontro ficou denominado de Convênio de Taubaté.

  Nesta reunião ficou decidido que o governo seria o responsável por estocar o excedente para vender quando os preços do café melhorassem. Dessa maneira, os fazendeiros não teriam prejuízos. Para comprar o café em excesso, o governo fez empréstimos no exterior.

  A superprodução continuou e o governo estocou café sem conseguir encontrar oportunidade para vendê-lo. A situação se agravou com a Crise de 1929, e o governo teve que queimar o café devido à falta de lugar para armazenar o produto.

Charge ironizando os signatários do Convênio de Taubaté que retiraram o dinheiro público para beneficiar os cafeicultores

Fim da Primeira República e o Golpe de 1930

  O ciclo da Primeira República chega ao fim com o Golpe de 1930, contra o presidente Washington Luís.

  A crise econômica provocada pela queda dos preços do café e a insatisfação dos governadores que ficavam fora da política oligárquica, terminaram por causar uma ruptura nesse sistema.

  Outro fator que contribuiu para o fim da Primeira República foi o fato de, em vez de Washington Luís indicar um mineiro para sucedê-lo, indicou o governador de São Paulo, Júlio Prestes, quebrando o acordo da política do café com leite.

  Os governadores do Rio Grande do Sul (Getúlio Vargas) e da Paraíba (João Pessoa), apoiados por estados que não se beneficiavam da política do café com leite, se aliaram para apresentar a candidatura de Getúlio Vargas.

  Nessas eleições, Júlio Prestes é o vencedor, porém, Getúlio Vargas, apoiado por parte do Exército, impede a posse de Prestes, se declarando vencedor das eleições, alegando fraude na contagem dos votos. Outro fator que contribuiu para que Vargas desse o golpe, foi o assassinato do seu vice, João Pessoa, em Recife.

  Como não houve reação para defender o governo, Vargas assume a presidência da República, pondo fim à Primeira República, e instalando um novo governo, que ficou denominado de Nova República.

Comemoração da Revolução de 1930, em outubro deste mesmo ano

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ARRUDA, Pedro Fassoni. "Liberalismo, direito e dominação da burguesia agrária na Primeira República brasileira (1889-1930)", in Ponto-e-vírgula, vol. 1, 2007.

FAUSTO, Boris. História Geral da Civilização Brasileira - o Brasil Republicano: estrutura de poder e economia. São Paulo: DIFEL/Difusão Editorial S. A., 1977.

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