terça-feira, 7 de julho de 2020

CANADÁ: SEGUNDO MAIOR PAÍS EM EXTENSÃO DO MUNDO

  O Canadá é o segundo país mais extenso do mundo. Possui uma área de 9.984.670 km² e é o país com o território mais extenso do continente americano. O espaço canadense é dividido em dez províncias e três territórios. O território canadense se estende desde o Oceano Atlântico, a leste, até o Oceano Pacífico, a oeste. O norte do país é limitado pelo Oceano Glacial Ártico. A sua fronteira comum com os Estados Unidos, no sul e no noroeste, é a mais longa fronteira terrestre do mundo.
  As terras ocupadas pelo Canadá são habitadas há milênios por diferentes grupos de povos aborígenes. O país tem como regime político a democracia parlamentar e a monarquia constitucional, tendo a Rainha Isabel II como chefe de Estado - um símbolo dos laços históricos do Canadá com o Reino Unido -, sendo o governo dirigido por um primeiro-ministro. É um país bilíngue e multicultural, tendo o inglês e o francês como língua oficial.
Mapa do Canadá
HISTÓRIA
  A história do Canadá se inicia com a chegada dos primeiros povos paleoamericanos. Estudos arqueológicos e genéticos indicam uma presença humana no norte de Yukon há 26.500 anos e no sul de Ontário por volta de 9.500 anos atrás. Os sítios arqueológicos mais antigos do Canadá são as Planícies de Old Crow e as cavernas de Bluefish. As características das civilizações aborígenes canadenses incluíam assentamentos permanentes ou urbanos, agricultura, cidadania, arquitetura monumental  e complexas hierarquias sociais. Algumas dessas civilizações já tinham desaparecido antes da colonização europeia (início do século XVI) e foram descobertas através de pesquisas arqueológicas.
  O extenso território onde hoje se situa o Canadá, tem sido habitado há milhares de anos por grupos distintos de povos ameríndios, cada qual tendo evoluído e criado suas próprias redes de comércio, suas crenças espirituais e seus esquemas de hierarquia social. Alguns deses povos, também chamados de aborígenes, são os algonquinos, os esquimós, os iroqueses, os sioux, entre outros.
  Estima-se que no final do século XV e início do século XVI viviam entre 200 mil e 2 milhões de indígenas no que é o atual território do Canadá. Surtos repetidos de doenças infecciosas europeias como a gripe, o sarampo e a varíola (para as quais os indígenas não tinham imunidade natural), combinados com outros efeitos do contato europeu, resultou em uma diminuição de 40% a 80% da população nativa após a chegada dos europeus.
  Os povos aborígenes do Canadá pertencem basicamente a três grupos principais: um grupo bastante heterogêneo, chamado Primeiras Nações; os inuítes, popularmente chamados de esquimós; e os métis. Métis é uma cultura mestiça originada em meados do século XVII, quando as Primeiras Nações e os Inuítes se misturaram com os colonos europeus. Os esquimós tinham uma interação mais limitada com os colonizadores europeus durante os períodos iniciais.
Povos pertencentes ao grupo das Primeiras Nações participando de celebrações
  Em 1497, o navegador italiano Giovani Caboto, a serviço dos membros da Coroa Britânica, reivindicou o domínio europeu nessa porção do continente americano. Logo em seguida, os franceses também se fixaram na região para imprimir as suas atividades de natureza colonial. Pela definição de algumas teorias, a aventura britânica e francesa pela América do Norte aconteceu como um desdobramento das tentativas de buscar outra rota marítimo-comercial para o Oriente.
  Mesmo não alcançando o tão cobiçado mercado oriental, os mercadores dessas nações exploraram o pescado e as peles, tão facilmente encontradas em terras canadenses.
  A colonização europeia começou efetivamente no século XVI, quando os britânicos, e principalmente, os franceses, estabeleceram-se pelo Canadá. Os britânicos instalaram-se originalmente na Terra de Rupert - uma extensa área que posteriormente daria origem aos Territórios do Noroeste, Manitoba, Saskatchewan e Alberta, que são áreas do centro, oeste e noroeste do país -, sendo que na região dos Grandes Lagos, do Rio São Lourenço e a que atualmente compõe as atuais províncias de Nova Escócia e Nova Brunswick, se instalaram os franceses. A Nova França e a Acádia começaram a se expandir. Essa expansão não foi bem aceita pelos ingleses e os colonos das Treze Colônias (as quais se tornariam os Estados Unidos), desencadeando uma série de batalhas que culminou no Tratado de Paris, em 1763, no qual os franceses cederam seus territórios da Nova França e da Acádia aos britânicos.
Mapa da Nova França, feita por Samuel de Champlain, em 1612
  Os britânicos, que já então dominavam as imensas Terras de Rupert e os territórios de Nunavut, Territórios do Noroeste e Yukon, emitiram o Quebec Act, que permitiu aos franceses estabelecidos no antigo Canadá, manterem seu código civil e a liberdade de religião e idioma.
  Com a Guerra da Independência dos Estados Unidos, que durou de 1775 a 1783, o Canadá recebeu um grande número de colonos leais aos britânicos proveniente das Treze Colônias. Esses colonos se estabeleceram na atual província de Ontário. Esse episódio levou a Inglaterra a separar esse território canadense em dois: Canadá Superior (atual Ontário) e Canadá Inferior (atual Quebec), além do território de Nova Brunswick (antiga Acádia).
  Em 1812, os Estados Unidos invadiram o Canadá Inferior e o Canadá Superior na tentativa de anexar o resto das colônias britânicas na América do Norte, o que levou à Guerra de 1812. Os Estados Unidos não tiveram sucesso, recuando ao tomarem conhecimento da chegada de tropas britânicas, porém, ocuparam temporariamente as cidades de York (atual Toronto) e Quebec, queimando-as ao se retirarem. Em retaliação, tropas canadenses e britânicas perseguiram os americanos em fuga, invadindo o Nordeste dos Estados Unidos, atacando e queimando várias cidades, inclusive a capital Washington D.C..
Ottawa - com uma população de 1.371.439 habitantes (estimativa 2020) é a capital e quinta cidade mais populosa do Canadá
  Em 1837, houve uma grande rebelião de colonos, tanto no Baixo Canadá quanto no Alto Canadá, levando os britânicos a uma tentativa de assimilar a cultura francesa à britânica. O receio de uma segunda invasão norte-americana aumentou os gastos em defesa.
  Em 1848, a Inglaterra autorizou os canadenses a conduzirem as suas próprias instituições políticas, desde que os assuntos de natureza externa permanecessem sob o controle do Império Britânico.
  Com o fim da Guerra Civil dos Estados Unidos, lideranças políticas canadenses defendiam que a união política das províncias era fundamental para que os Estados Unidos não tentassem a anexação dos seus territórios. Em 1 de julho de 1867 foi criada a Confederação do Canadá, idealizada por colonos canadenses das províncias do Canadá, Nova Brunswick e Nova Escócia, cujo objetivo era promover a união das colônias britânicas, formando o domínio do Canadá. Lentamente, outras colônias britânicas aceitaram unir-se à Confederação Canadense.
Pintura representando a Confederação do Canadá, de Robert Harris
  Inspirados pelo sistema britânico, os políticos do Novo Estado optaram por um regime em que o Parlamento - composto pela Câmara dos Comuns e do Senado - trataria de assuntos de natureza nacional. Enquanto isso, as províncias teriam autonomia para discutir e elaborar as leis que se restringissem aos assuntos locais. Pouco tempo depois, os canadenses organizaram o seu processo de expansão territorial rumo ao oeste.
  Em 1869, um levante liderado por Louis Riel garantiu a conquista da província de Manitoba. Um ano mais tarde, os membros da Colúmbia Britânica decidiram se incorporar ao Canadá. Em 1873, a Ilha do Príncipe Eduardo também tomou a mesma ação. A última província canadense foi conquistada em 1949, quando a Terra Nova optou pelo fim da subordinação britânica.
Proclamação da Confederação Canadense pela Rainha Vitória
   Como o Reino Unido ainda mantinha o controle das relações exteriores do Canadá ao abrigo da Lei da Confederação, com a declaração britânica de guerra em 1914, o Canadá foi automaticamente envolvido na Primeira Guerra Mundial. Os voluntários enviados para a Frente Ocidental passaram mais tarde a fazer parte do Corpo Canadense. O Corpo desempenhou um papel importante em várias batalhas na Guerra.
  A Crise de Recrutamento de 19717 eclodiu quando o primeiro-ministro conservador Robert Borden decretou o serviço militar obrigatório, contrário à posição dos quebequenses de origem francesa, que se rebelaram contra a medida. Em 1919, o Canadá entrou na Liga das Nações, independentemente do Reino Unido. Os protestos pela independência aumentaram e, em 11 de dezembro de 1931, por meio do Estatuto de Westminster, o Canadá se tornou independente do Reino Unido.
  A Grande Depressão trouxe dificuldades econômicas para todo o Canadá, pois o país sofreu com uma seca que devastou vastas áreas de terras agrícolas no oeste: Saskatchewan, Alberta e Manitoba. Por causa disso, milhares de agricultores abandonaram suas terras e se mudaram para a região do rio Peace de Alberta, para a Colúmbia Britânica ou para as cidades. Em resposta, o partido político Co-operative Commonwealth Federation (CCF), em Alberta e Saskatchewan, promulgou várias medidas para estabelecer um estado de bem-estar social, entre 1940 e 1950.
Mapa animado da evolução territorial do Canadá
  Durante a Segunda Guerra Mundial, o Canadá, de forma independente, declarou guerra à Alemanha três dias após o Reino Unido. As primeiras unidades do Exército canadense chegaram à Grã-Bretanha em dezembro de 1939. As tropas canadenses desempenharam um papel importante em várias batalhas na Guerra. O Canadá deu asilo e proteção à monarquia dos Países Baixos, enquanto este país esteve ocupado tentando defender o seu território das tropas alemães.
  A economia canadense cresceu fortemente com a fabricação de materiais militares pela indústria para abastecer as tropas aliadas, principalmente, além do Canadá, as tropas britânicas, chinesas e soviéticas. Apesar de outra crise de recrutamento em Quebec, o Canadá terminou a guerra como uma das maiores forças armadas do mundo e com a segunda maior economia do planeta.
Calgary - com uma população de 1.442.742 habitantes (estimativa 2020) é a quarta cidade mais populosa do Canadá
  O Domínio da Terra Nova (atualmente Terra Nova e Labrador), na época, um equivalente do Canadá e da Austrália, uniu-se ao Canadá em 1949. O crescimento do Canadá, combinado com as políticas dos sucessivos governos liberais, levou ao aparecimento de uma nova identidade canadense, marcada pela adoção da atual bandeira, em 1965, a aplicação do bilinguismo oficial (francês e inglês), em 1969, e o multiculturalismo oficial em 1971. Houve também a fundação de programas social-democratas, tais como saúde universal, o  Canadian Pension Plan (fundo soberano de previdência do Canadá) e empréstimos estudantis, apesar de os governos governos provinciais, sobretudo Quebec e Alberta, se oporem a muitos destes planos como incursões em suas jurisdições. Finalmente, uma outra série de conferências constitucionais resultou na chamada Patriation (patriamento ou patriação) de 1982, ou seja, a Constituição do Canadá. Simultaneamente a esse processo, foi criada a Carta Canadense dos Direitos e das Liberdades. Em 1999, Nunavut tornou-se território terceiro do Canadá, após uma série de negociações com o governo federal.
Hamilton - com uma população de 774.456 habitantes (estimativa 2020) é a nona cidade mais populosa do Canadá
  Ao mesmo tempo, Quebec passou por profundas mudanças sociais e econômicas através da "Revolução Tranquila", dando origem a um movimento nacionalista e mais radical na província chamado Front de Liberátion du Quebec (Frente de Libertação de Quebec - FLQ), cujas ações culminaram na Crise de Outubro de 1970. Uma década depois, um referendo mal sucedido sobre a soberania-associação da província de Quebec realizou-se em 1980, depois que as tentativas de emenda constitucional fracassaram em 1990. Em uma segundo referendo realizado em 1995, a soberania da província foi rejeitada por uma margem muito pequena de votos (50,6% votaram não e 49,4% votaram pelo sim). Em 1997, a Suprema Corte decidiu que a secessão unilateral de uma província seria inconstitucional, e o Clarity Act (ou Bill-20 antes de se tornar lei) foi aprovada pelo Parlamento que define os termos de uma saída negociada da federação.
  Além das questões sobre a soberania do Quebec, uma série de crises sacudiu a sociedade canadense no final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Um deles foi a explosão do Voo Air India 182, em 1985, o maior assassinato em massa da história do Canadá; o Massacre da Escola Politécnica de Montreal, em 1989, quando um atirador alvejou várias estudantes universitárias; e a Crise de Oka, em 1990, o primeiro de uma série de violentos confrontos entre o governo e grupos aborígenes do país.
  O Canadá também participou da Guerra do Golfo, em 1990, como parte de uma força de coalizão liderada pelos Estados Unidos, e foi ativo em várias missões de paz no final dos anos 1990. O país enviou tropas para o Afeganistão em 2001, mas se recusou a enviar tropas para o Iraque, quando os norte-americanos invadiram o país em 2003.
Exterior da Escola Politécnica de Montreal, onde aconteceu o massacre em 6 de dezembro de 1989
GEOGRAFIA
  O Canadá ocupa a maior parte do norte da América do Norte, partilhando as fronteiras terrestres com os Estados Unidos continentais ao sul e com o estado norte-americano do Alasca a noroeste. Seu território estende-se desde o Oceano Atlântico, a leste, até o Oceano Pacífico, a oeste, e ao norte é banhado pelas águas do oceano Glacial Ártico. O litoral canadense é muito extenso, tanto no norte, como no oeste e no leste. É também o país com o litoral mais extenso do mundo.
  Em grande parte do território canadense há ocorrência dos climas polar e frio, com invernos longos e rigorosos, marcado por baixas temperaturas e queda de neve. No sul, na fronteira com os Estados Unidos, o clima dominante é o temperado, que apresenta invernos mais curtos e temperaturas mais amenas. As temperaturas médias do inverno e do verão em todo o Canadá variam de acordo com a região. O inverno pode ser rigoroso em muitas regiões do país.
Mapa com as médias térmicas do Canadá
  O relevo canadense é dividido em cinco grandes regiões naturais: o Escudo Canadiano, os Apalaches, as planícies dos Grandes Lagos e do Rio São Lourenço, as Planícies Internas (ou Praieries) e a Cordilheira. O Escudo Canadiano, é a mais vasta forma de relevo do país. Estende-se da Península do Labrador ao Grande Lago do Urso, e do Oceano Glacial Ártico até o oeste do Lago Superior, na fronteira com os Estados Unidos. Geologicamente, é uma das terras mais antigas do Canadá. Nesse escudo há uma grande diversidade de paisagens, com a presença de florestas boreais, lagos e pântanos. A geologia canadense é composta por muitos vulcões e no seu território há uma grande ocorrência de terremotos, principalmente na porção oeste.
  Os Apalaches é, ao mesmo tempo, uma região que engloba os Montes Apalaches e as planícies dos Grandes Lagos e do Vale do rio São Lourenço. As Planícies Centrais é onde se encontra as Pradarias. O oeste do país encontra as Montanhas Rochosas, também chamada de Cordilheira. Nessa região encontra-se o ponto mais elevado do país, o Maciço Logan ou Monte Logan, com 5.959 metros, que é também a segunda montanha mais elevada da América do Norte.
Monte Logan - o ponto mais elevado do Canadá
  A hidrografia do Canadá é composta por muitos rios e lagos. O país é o que possui o maior número de lagos do Mundo. Os principais lagos presentes no território canadense são os Grandes Lagos, conjunto de cinco lagos que, junto com a bacia do Rio São Lourenço, forma o maior reservatório de água doce do mundo. Os Grandes Lagos estão localizados entre os territórios dos Estados Unidos e do Canadá e é composto pelos lagos Superior, Michigan, Huron, Erie e Ontário.
  O maior lago localizado inteiramente dentro do território canadense é o Grande Lago do Urso. Esse lago está localizado no Círculo Polar Ártico, nos Territórios do Noroeste e possui uma superfície de 31.153 km². Entre novembro a julho, esse lago permanece com suas águas congeladas. Outros lagos importantes são: Grande Lago do Escravo, Winnipeg, Athabasca, Rena, o Reservatório Smallwood (que é um lago artificial), Moraine, Arrow, entre outros.
Lago Moraine
  Dentre os principais rios que cortam o território canadense destacam-se os rios São Lourenço e Mackenzie. O Rio São Lourenço nasce no Lago Ontário e conecta os Grandes Lagos com o Oceano Atlântico, percorrendo uma área de 1.197 quilômetros e passando pelas províncias de Ontário e Quebec, no Canadá, e pelo estado norte-americano de Nova Iorque, servindo como fronteira entre os dois países. Sua foz é no Golfo de São Lourenço, o maior estuário do mundo.
Rio São Lourenço, na região das Mil Ilhas, entre a província de Ontário (Canadá) e o estado de Nova Iorque (EUA)
  O rio Mackenzie nasce no centro-leste da Colúmbia Britânica com o nome de Finlay e, com uma área de 4.241 quilômetros é o rio mais extenso do Canadá, desaguando no Oceano Glacial Ártico. Os recursos econômicos do Mackenzie são pouco acessíveis e somente na década de 1960 seu potencial hidrelétrico passou a ser aproveitado, com a construção da hidrelétrica do rio Peace. Grande parte desse rio passa vários meses com suas águas congeladas, principalmente próximo à sua foz.
Delta do Rio Mackenzie
  As principais formações vegetais do Canadá são a tundra, a floresta boreal ou taiga e as pradarias. A tundra encontra-se no norte do país, onde o clima é bastante severo e o solo é de permafrost, ou seja, que passa a maior parte do ano coberto de gelo. Essa vegetação é rasteira e só aparece durante o curto verão polar. A taiga predomina em quase todo o território canadense, e é uma vegetação homogênea do tipo aciculifoliada (folhas em formas de agulha). A taiga é bastante utilizada pela indústria de papel e celulose, que usa o sistema de reflorestamento. Mais ao sul, principalmente na fronteira central com os Estados Unidos, predomina as pradarias, formação herbácea composta basicamente por gramíneas. Nas áreas mais elevadas predominam a vegetação de altitude e os campos alpinos.
Solo de permafrost em Iqaluit, capital de Nunavut, no Canadá
DEMOGRAFIA
  Uma característica marcante do Canadá é sua diversidade étnica, formada pela miscigenação de indígenas e descendentes de ingleses e franceses e, em menor proporção, por outros grupos de europeus e asiáticos que chegaram ao território canadense a partir do século XVII.
  Atualmente, a  população canadense encontra-se irregularmente distribuída pelo território. As maiores concentrações populacionais estão ao sul do território e ao longo da fronteira com os Estados Unidos. Estimativas da ONU, indicam que a população do Canadá em 2020 é de 38.017.693 habitantes. O imenso território e a pequena população fazem com que a densidade demográfica seja bastante baixa, em torno de 3,8 hab./km². Dessa forma, além de pouco populoso, o país é também pouco povoado.
  Como o Canadá foi colonizado por franceses e ingleses, o país tem dois idiomas oficiais: o inglês, falado pela maioria da população, e o francês, falado principalmente na província de Quebec. Uma pequena parcela da população fala os dois idiomas. Além dessas etnias, vivem no país descendentes de vários outros povos, como escoceses, irlandeses, alemães, italianos, chineses, nativos da América do Norte, entre outros. Essa diversidade é resultado da política de imigração do país, que faz com que quase 22% da população canadense seja de imigrantes internacionais.
Edmonton - com uma população de 1.368.997 habitantes (estimativa 2020) é a sexta cidade mais populosa do Canadá
  O Canadá é um país com elevado desenvolvimento socioeconômico. Considerando dados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) divulgado em 2019, o país ocupa a 13ª posição no ranking e quase não há analfabetos na população adulta.
  A população canadense é formada por elevado número de idosos. Esse aspecto decorre da elevada expectativa de vida (superior aos 82 anos), associado às baixas taxas de natalidade. Para cada mil canadenses, ocorrem 11 nascimentos, o que corresponde a aproximadamente 403 mil bebês por ano.
  Como acontece em outros países de elevado desenvolvimento humano, o envelhecimento da população tem trazido alguns desafios ao governo canadense, como tentar resolver o problema de escassez de mão de obra e lidar com o aumento significativo do número de aposentados. Para garantir os investimentos nas áreas de previdência social e saúde, necessários à população idosa, entre outras medidas, o governo aumentou impostos ao longo do tempo.
  Para atender às necessidades de mão de obra do país, o governo canadense criou vários programas de imigração. A análise do candidato é feita com base no nível de escolaridade, no domínio das línguas oficiais e nas experiências de trabalho, entre outros aspectos.
Winnipeg - com uma população de 806.514 habitantes (estimativa 2020) é a oitava cidade mais populosa do Canadá
Movimentos separatistas no Canadá
  A colonização francesa no Canadá teve por núcleo o Vale do Rio São Lourenço, onde foram fundadas as cidades de Quebec, em 1608, e Montreal, em 1642. Em 1763, depois de vários conflitos com os ingleses, os territórios ocupados pela França foram cedidos à Inglaterra. Mas os franco-canadenses, concentrados no território de Quebec, conservaram diversos direitos, entre os quais os de manter as leis já existentes e a liberdade de idioma e religião.
  Algumas vezes ocorreram reivindicações por independência na província de Quebec, que abriga a maioria dos descendentes de franceses e tem a língua francesa como único idioma oficial. Em 1980 e 1995 foram realizados plebiscitos para decidir pela independência de Quebec ou sua permanência como parte do território canadense. A separação foi rejeitada pela maioria da população da província nos dois momentos.
  Em 1987, um acordo firmado entre o governo canadense e os separatistas, concedeu maior autonomia política e econômica ao Quebec.
  Nos últimos anos, o movimento separatista de Quebec perdeu força, pois a província passou a ter maior autonomia política e econômica em relação ao Governo Federal e foram eleitos governantes contrários à separação.
Quebec - com uma população de 829.106 habitantes (estimativa 2020) é a sétima cidade mais populosa do Canadá
  Outra questão territorial importante envolve os inuítes (povo nativo do Canadá), que reivindicam a posse de terras localizadas no extremo norte do país, ricas em recursos minerais, como prata, cobre, chumbo e zinco, e que são concedidas a grandes mineradoras para exploração.
  Em 1999, na tentativa de minimizar o conflito, o governo canadense transferiu aos inuítes parte dos territórios do Noroeste, constituindo o Território de Nunavut, que passou a ser administrado pelos nativos.
Povos da etnia inuíte (esquimó)
ECONOMIA
  A economia canadense, que está entre as maiores do mundo, é caracterizada por agricultura e pecuária modernas, exploração de recursos naturais e industrialização baseada em grandes empresas. Além disso, o país apresenta disponibilidade de recursos minerais e energéticos e uma densa rede de transportes. Cerca de 40% da produção industrial canadense é proveniente das províncias de Quebec e Ontário. Os destaques são os setores madeireiros (papel e celulose), siderúrgico e eletrônico, equipamentos de transporte e aviação, telecomunicações e informática.
  Nas primeiras décadas do século XX, a economia canadense cresceu de forma expressiva, tornando-se uma significativa força agrícola e industrial. Na década de 1930, os efeitos da Grande Depressão foram superados, na medida em que, a inserção da Segunda Guerra mundial aqueceu a sua economia e transformou-o após o conflito, no quarto maior parque industrial do mundo.
  As exportações do Canadá, em 2019, somaram quase 500 bilhões de dólares, e os principais parceiros comerciais foram os Estados Unidos e a China. Nesse mesmo ano, o país importou mais de 400 bilhões de dólares, sobretudo dos Estados Unidos, da China e do México. Canadenses e norte-americanos são importantes parceiros comerciais, porém, essa relação vem passando por um período de crise, iniciada com o comércio de aço.
Mapa da economia do Canadá
  • Agricultura e pecuária
  Com condições climáticas rigorosas em grande parte do território, apenas 7% das terras do Canadá são ocupadas por áreas agrícolas ou pastagens. Apesar disso, o país é um dos maiores produtores agrícolas do mundo em decorrência do elevado grau de mecanização e das tecnologias utilizadas no processo produtivo. Os principais produtos cultivados são trigo, aveia, soja, cevada e centeio.
  A agricultura mecanizada, realizada sobretudo nas áreas úmidas e férteis da  Planície Central, também conhecida como Praieries, é o celeiro agrícola do país.
  A Região dos Grandes Lagos e o Vale do Rio São Lourenço também têm agricultura desenvolvida, principalmente na produção de hortifrutigranjeiros, para abastecer seu grande mercado consumidor.
  O Canadá é considerado um dos principais produtores de alimentos do mundo, com destaque para cereais como trigo, aveia, centeio, cevada, canola e linhaça, que são exportados especialmente para os Estados Unidos.
Produção de trigo em uma fazenda no Canadá
  • Exploração de madeira
  Uma grande quantidade de madeira é extraída das extensas áreas de Taiga que cobrem cerca de 42% do território canadense. Além de ser exportada, é utilizada para a fabricação de celulose (matéria-prima usada na fabricação do papel) e papel-jornal, atividade em que o Canadá se destaca como um dos maiores produtores mundiais.
  A exploração de madeira é realizada com reflorestamento - para toda árvore derrubada, outra deve ser plantada -, embora o território não esteja livre de explorações ilegais.
Floresta de taiga no Canadá
  • Recursos minerais e energéticos
  O Canadá é um grande exportador de riquezas minerais, configurando-se como o terceiro maior exportador de minérios do mundo, com destaque para o alumínio, o zinco, o ferro e o chumbo.
  Os recursos minerais são explorados especialmente no Planalto Canadense e nas Montanhas Rochosas. Essas formas de relevo são constituídas por rochas magmáticas cristalinas, geologicamente favoráveis à ocorrência de minerais, como ferro, cobre, níquel, chumbo, prata, entre outros.
  Os recursos energéticos são explorados principalmente nas Planícies Centrais, onde há importantes jazidas de combustíveis fósseis: petróleo, gás natural, carvão mineral e xisto betuminoso. Uma questão ambiental que merece ser destacada é a exploração do xisto, que ocorre principalmente na província de Alberta. O processo de extração envolve o uso de componentes químicos e está sujeito a vazamentos que podem contaminar os solos e as águas com metais pesados e compostos químicos. Além disso, esse processo de extração também emite metano, um dos gases do efeito estufa.
  Apesar da abundância de combustíveis fósseis, grande parte da energia produzida no Canadá é hidrelétrica, proveniente do intenso aproveitamento dos rios. O país é um dos maiores produtores de energia hidrelétrica do mundo.
Monumento que simboliza a importância do petróleo para a economia local, em Edmonton, a capital canadense do petróleo
  • Indústria
  Após 1945, a indústria canadense recebeu grandes investimentos dos Estados Unidos e se desenvolveu de maneira complementar à indústria estadunidense.
  As indústrias canadenses concentram-se principalmente nas regiões dos Grandes Lagos e no Vale do Rio São Lourenço, com destaque para as indústrias madeireiras, de papel e celulose, siderúrgicas, automobilísticas, petroquímicas, de maquinários e equipamentos, aeroespacial, de telecomunicações e química.
  A atividade industrial é favorecida pelos valiosos recursos minerais do subsolo canadense, como cobre, zinco e ferro, além de uma grande disponibilidade de recursos energéticos, como petróleo, gás natural e hidroeletricidade. O país é o nono maior produtor mundial de petróleo cru e o terceiro país do mundo em reservas de petróleo.
  A intensa exploração de madeira da Floresta Boreal oferece matéria-prima à indústria de papel e celulose, muito desenvolvida no país, além de abastecer cerca de metade de papel-jornal de todo o mundo.
  A adesão ao Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) foi um dos fatores que permitiu maior integração da economia canadense à estadunidense. Atualmente, os investidores dos Estados Unidos controlam parte significativa das grandes empresas canadenses.
Kitchener - com uma população de 542.754 habitantes (estimativa 2020) é a décima cidade mais populosa do Canadá
ALGUNS DADOS SOBRE O CANADÁ
NOME: Canadá
INDEPENDÊNCIA: do Reino Unido
Ato da América do Norte Britânica: 1 de julho de 1867
Estatuto de Westminster: 11 de dezembro de 1931
Canadá Act: 17 de abril de 1982
CAPITAL: Ottawa
Visão noturna do Centro Financeiro de Ottawa
GENTÍLICO: canadense, canadiano (a)
LÍNGUA OFICIAL: inglês e francês
GOVERNO: Democracia Parlamentar e Monarquia Constitucional Federal
LOCALIZAÇÃO: América do Norte
ÁREA: 9.984.670 km² (2º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa para 2020): 38.017.693 habitantes (38°)
DENSIDADE  3,8 hab./km² (197º). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa, é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CRESCIMENTO POPULACIONAL (ONU - Estimativa 2019): 0,90% (134°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma determinada população e é contada da maior para a menor.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa para 2020):
Toronto: 6.301.506 habitantes
Toronto - cidade mais populosa do Canadá
Montreal: 4.357.159 habitantes
Montreal - segunda cidade mais populosa do Canadá
Vancouver: 2.618.627 habitantes
Vancouver - terceira cidade mais populosa do Canadá
PIB (FMI - 2019): US$ 1,712 trilhão (11º). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
PIB PER CAPITA (FMI 2019): 43.332 (17°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população. 
IDH (ONU - 2019): 0,922 (13º) Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
  ≥ 0,900
  0,850–0,899
  0,800–0,849
  0,750–0,799
  0,700–0,749
  0,650–0,699
  0,600–0,649
  0,550–0,599
  0,500–0,549
  0,450–0,499
  0,400–0,449
  ≤ 0,399
  Sem dados
EXPECTATIVA DE VIDA (OMS - 2019): 82,5 anos (11°). Obs: a expectativa de vida refere-se ao número médio de anos para ser vivido por um grupo de pessoas nascidas no mesmo ano, se a mortalidade em cada idade se mantém constante no futuro, e é contada da maior para a menor.
TAXA DE NATALIDADE (ONU - 2019): 10,75/mil (156º). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é classificada do maior para o menor.
TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook - 2019): 7,8/mil (110º). Obs: o índice de mortalidade reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região em um período de tempo, e é contada da maior para a menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2019):  4,85/mil (41°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é classificada do menor para o maior.
Mapa com um gráfico que apresenta a taxa de mortalidade infantil dos países
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2020): 1,57 filhos/mulher (191°). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é classificada do maior para o menor.
Mapa com a taxa de fertilidade dos países
  7-8 crianças
  6-7 crianças
  5-6 crianças
  4-5 crianças
  3-4 crianças
  2-3 crianças
  1-2 criança(s)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2019):  99,3% (25º). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
Mapa com o índice de alfabetização
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2019): 80,8% (34°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
Mapa com o índice de urbanização entre os países
MOEDA: Dólar Canadense
RELIGIÃO: católicos (39%), protestantes (28,3%), sem religião (23,9%), islâmicos (3,2%), hindus (1,5%), sikhs (1,4%), budistas (1,1%), judeus (1,0%), outras religiões (0,6%).
DIVISÃO: o Canadá é constituído por dez províncias e três territórios. Cada uma das províncias possui um certo grau de autonomia em relação ao governo federal, podendo criar leis e impostos provinciais. As províncias são (entre parênteses encontra-se o nome das capitais): Ontário (Toronto), Quebec (Cidade de Quebec), Nova Escócia (Halifax), Nova Brunswick (Fredericton), Manitoba (Winnipeg), Colúmbia Britânica (Vitória), Ilha do Príncipe Eduardo (Charlottetown), Saskatchewan (Regina), Alberta (Edmonton) e Terra Nova e Labrador (St. John's). Os territórios são: Territórios do Noroeste (Yellowknife), Yukon (Whitehorse) e Nunavut (Iqaluit).
Mapa com a divisão política do Canadá

sábado, 20 de junho de 2020

O PLANISFÉRIO DE CANTINO

Mapa de Cantino
  Nos primeiros séculos de ocupação europeia na América foram produzidos muitos mapas, que eram importantes fontes de informação para a exploração do território. Eles indicavam a posição e o nome de serras, rios e localidades. Além disso, muitos desses mapas representavam a visão dos europeus sobre os povos originários que viviam no Novo Mundo.
  Em 1502 foi elaborado um mapa do mundo que representava pela primeira vez as terras que viriam a ser o território brasileiro: o mapa de Cantino. Recebeu esse nome de Alberto Cantino, um representante e espião do Ducado de Ferrara que, a serviço em Lisboa, Portugal, conseguiu obter e remeter clandestinamente a seu empregador na Itália, um detalhado mapa dos descobrimentos portugueses até a época. Nele estão representadas a costa brasileira e a linha do Tratado de Tordesilhas, além da costa das Guianas, da Venezuela e de parte oriental da América do Norte.
  O mapa de Cantino é um dos mais antigos mapas da era dos descobrimentos. Foi desenhado por um cartógrafo português e demonstra o elevado grau científico com que os portugueses trabalhavam durante os descobrimentos.
Planisfério de Cantino de 1502, mostrando pela primeira vez o continente americano
  Foi a primeira vez que as linhas do Equador e do Tratado de Tordesilhas apareceram num mapa, bem como a costa do Brasil e da América do Norte com a Flórida, Groenlândia e Terra Nova, além de apresentar a Índia, Madagascar, Malásia e o Golfo da Tailândia. A África aparece bem desenhada nesse mapa, que encontra-se na Biblioteca Estense, em Modena, Itália.
  As informações geográficas disponibilizadas pelo Planisfério de Cantino serviu como referência para a elaboração do Planisfério de Waldseemüller, de 1507, em que nele, pela primeira vez apareceu o termo "América".
Planisfério de Waldseemüller, de 1507
  Em sua forma original, o Planisfério de Cantino apresenta os continentes e as grandes ilhas representados de verde, enquanto que as pequenas ilhas apresentam-se na cor vermelho ou azul. O mapa apresenta ainda as bandeiras das nações as quais os territórios pertenciam. A Linha do Equador está representado por uma espessa linha dourada, e a linha que representa o Tratado de Tordesilhas por uma espessa linha azul. Os trópicos e o Círculo Polar Ártico (nessa época a Antártida ainda não tinha sido descoberta) são assinalados por finas linhas vermelhas. O mapa apresenta, também, várias rosas dos ventos.
  A América do Norte aparece representada em várias partes: o sul da Groenlândia, o leste da Terra Nova e a Flórida, além de uma possível passagem para a China. As Antilhas figuram com a menção "has antilhas del Rey de castella", e é a mais antiga referência do nome Antilhas em uma carta geográfica. Ao sudeste da África, encontra-se Madagascar e o arquipélago de Mascarenhas.
Costa do Brasil apresentado no Planisfério de Cantino

quinta-feira, 18 de junho de 2020

A INDÚSTRIA DA MODA: A SEGUNDA MAIS POLUENTE DO PLANETA


  É fácil citar a indústria do petróleo como principal vilã da poluição. Mas poucos talvez saibam que o segundo lugar nesse ranking pertence à indústria da moda. Calças e malhas de poliéster são feitas de fibra sintética, que requer, todos os anos, cerca de 70 milhões de barris de petróleo. As fibras sintéticas, como a poliamida, demoram aproximadamente 30 anos para se decompor. Já o poliéster demorar mais de 100 anos. A viscose, outra fibra artificial, mas feita de celulose, exige a derrubada de 70 milhões de árvores todos os anos. E, apesar de natural, o algodão é uma fibra cujo cultivo é o que mais demanda o uso de substâncias tóxicas em seu cultivo no mundo - 24% de todos os inseticidas e 11% de todos os pesticidas, com óbvios impactos na terra e na água. Nem mesmo o algodão orgânico escapa: uma simples camiseta necessitou de mais de 2.700 litros de água para ser confeccionada.
  Mas talvez o maior dano causado pela indústria da moda seja a tendência da "moda rápida", marcada especialmente pelos preços baixos. O consumo multiplica os problemas ambientais. 
  O chamado "segredo sujo" da moda deu origem à iniciativas que buscam uma maior responsabilidade ambiental.
Entre 17% e 20% da poluição das águas em todo o mundo vêm da indústria da moda
 
    A indústria da moda inclui uma grande diversidade de atividades econômicas, indo desde a criação de modelos de roupa (design de moda) mais ou menos personalizados até a produção de vestuário em série. Nas modernas sociedades consumistas, esta indústria constitui um fenômeno complexo e de grande importância, tanto a nível da psicologia social como a nível econômico.
  A moda, em certo sentido, dura para sempre. Afinal, mais de 60% da fibra usada globalmente na produção de roupas é sintética. Essas peças vão demorar décadas ou séculos para se decompor, mesmo se forem jogadas fora (não importa quantas pessoas a usem e reusem, por meio de doações e vendas de segunda mão). Parte das fibras são incineradas, contribuindo para a poluição do ar, e outra parte vai para os depósitos de lixo, dos oceanos e dos lagos. O problema se agrava com a ascensão das marcas de fast fashion, que incentivam ciclos de consumo mais rápidos.
A demora na decomposição das roupas é outro problema ambiental
  Outro problema da indústria da moda, refere-se aos trabalhadores. Geralmente, as grandes marcas da moda não empregam oficialmente os trabalhadores nem são proprietárias das fábricas onde seus bens são produzidos. A grande maioria dessas fábricas estão localizadas nos países subdesenvolvidos, onde a mão de obra é barata e as leis trabalhistas e ambientais são menos rigorosas. Livres de responsabilidade pelas condições de trabalho precárias a que estas pessoas estão sujeitas todos os dias, os custos de produção são baixos e é acumulado o maior lucro possível. Se as fábricas se recusam  a manter as suas margens baixas, sujeitam-se a perder o cliente; mas a economia destes países tornou-se tão dependente desta exploração da mão de obra, que os governos mantêm propositadamente os salários baixos, evitando constantemente a regulação de leis locais por medo da transferência da produção para outros países que ofereçam mais vantagens. O fim de contrato em caso de gravidez, o emprego de crianças refugiadas e os salários bem baixos, levam os trabalhadores a aumentar sua carga horária de trabalho para conseguirem sobreviver.
As precárias condições de trabalho é outro problema que marca a indústria da moda

  A grande maioria das fábricas têxteis se concentram na Ásia, continente dependente de carvão mineral e gás natural para gerar eletricidade e calor, o que impulsiona a emissão de gases do efeito estufa nas três etapas mais poluentes: produção de fibra (15%), preparação de fibra (28%) e tingimento e acabamento (36%). Com relação ao calçado, as áreas de maior impacto variam conforme o material usado - com matérias sintéticas e têxteis a fase de fabricação é a mais poluente (43%), mas para a parte superior do calçado (cabedal), 50% do impacto ambiental  vem da extração do material e do seu processamento. Isso contribui, não só para a poluição da atmosfera, mas também da água, devido principalmente a grande utilização de produtos químicos tóxicos usados no tingimento têxtil, que são prejudiciais tanto à saúde dos seres vivos, quanto ao meio ambiente.
A maioria das fábricas jogam os dejetos do tingimento têxtil sem nenhum tratamento, contribuindo para poluir rios, lagos e oceanos
  Além de poluir o meio ambiente, a indústria têxtil também consome muita água. A quantidade de água utilizada na produção do algodão varia de acordo com a região onde ele é cultivado, mas no geral, é em torno de 10.000 litros por quilograma. O impacto é maior principalmente nas localidades à volta dos campos de cultivo: a extração excessiva de água dos rios Amur Darya e Syr Daria para a irrigação das plantações de algodão é, em parte, responsável pelo desaparecimento do Mar de Aral.
  O plantio de grande parte do algodão utilizado atualmente para abastecer as indústrias têxteis se dá através de sementes geneticamente modificadas, com grande utilização de agrotóxicos, contribuindo para a contaminação do solo, dos lençóis freáticos e dos rios e lagos. Sem contar também que grande parte da produção de algodão é feita de forma mecanizada em latifúndios, o que contribui para o desemprego no campo.
Grande parte do algodão consumido pelas indústrias têxteis vêm de latifúndios monocultores
  Tentando diminuir o impacto no meio ambiente, muitas empresas do ramo da moda estão utilizando uma produção mais sustentável. Essas empresas, para diminuir a dependência de combustíveis fósseis, buscam fontes renováveis de energia, além de seleção de fibras com impactos ambientais mais reduzidos e o uso de materiais emergentes que requerem menos energia na fase de processamento. A reciclagem também está contribuindo para reduzir o impacto ambiental provocado por essa indústria.
  A gigante da moda H&M, uma rede de lojas sueca, apostou na logística de fabricação de peças a partir da reciclagem. O resultado foi um aumento considerável nos seus lucros. No Brasil, um grupo de empreendedores criou o Retalhar, que oferece soluções de reciclagem de tecidos para seus clientes e também transforma retalhos de confecções de roupas em novos produtos.
A reciclagem é uma das formas de diminuir o impacto ambiental na indústria da moda

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