domingo, 2 de novembro de 2014

EDUCAÇÃO E MERCADO DE TRABALHO

  Na era da informação e da revolução tecnocientífica, a qualificação da mão de obra incorpora novas habilidades. Antes treinado para exercer funções relativamente simples, o trabalhador agora é chamado a desenvolver habilidades mais elaboradas, dificultadas pela ausência de um sistema educacional mais eficiente.
  De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), existe no mundo 1 bilhão de analfabetos adultos nos países em desenvolvimento, o que torna o analfabetismo um entrave para o ingresso desses países na economia moderna.
  Segundo definição da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), "uma pessoa funcionalmente analfabeta é aquela que não pode participar de todas as atividades nas quais a alfabetização é requerida para uma atuação eficaz em seu grupo e comunidade, e que lhe permitem, também, continuar usando a leitura, a escrita e o cálculo a serviço do seu próprio desenvolvimento e do desenvolvimento da sua comunidade". Esses analfabetos são chamados de analfabetos absolutos. O analfabetismo absoluto designa a condição daqueles que não sabem ler e escrever.
  Atualmente, um dos maiores problemas dos países subdesenvolvidos é o analfabetismo. A luta para reduzir o analfabetismo é antiga e sua supressão tem sido possível. Por isso, a educação é considerada um dos maiores privilégios dos quais o ser humano pode gozar.
Uma boa educação infantil é o primeiro passo para termos uma educação mais eficiente
  Em diversos países, incluindo os ricos, uma parcela importante da população é analfabeta funcional, ou seja, foi alfabetizada mas não é capaz de escrever um texto simples ou mesmo compreender o que está lendo. O analfabeto funcional sente-se, muitas vezes, mais excluído que o analfabeto absoluto, uma vez que mantém expectativas de melhores colocações profissionais, pelo fato de se considerar alfabetizado, e essas expectativas quase nunca se concretizam devido a suas carências. No mercado de trabalho urbano, o domínio da linguagem escrita é exigido até para o exercício de funções relativamente simples.
  Existe um conjunto de fenômenos relacionados que podem ser associados ao termo analfabetismo funcional, como por exemplo, o analfabetismo por regressão, que caracteriza grupos que, tendo alguma vez aprendido a ler e escrever, devido ao não uso dessas habilidades retornam à condição de analfabetos.
 
  Os dados mais recentes sobre analfabetismo funcional no mundo indicam que cerca de 900 milhões de pessoas em idade economicamente ativa não conseguem executar tarefas simples de leitura de manuais ou de bulas de remédios. De acordo com dados da Organização Econômica de Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), dos 65 países avaliados em 2012 pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), com um total de 22 milhões de alunos, 39 países não alcançaram os 494 pontos que, segundo o relatório, garantiria a eles a média desejável de compreensão de leitura. O Brasil, ocupava a 58ª, com uma média de 410 pontos, considerado muito inferior à média satisfatória. O relatório aponta também que há uma defasagem de aprendizagem correspondente a dois anos letivos entre os alunos matriculados nas mesmas séries, ao se levar em conta os resultados dos melhores e dos piores colocados no ranking do Pisa.
  O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (em inglês Programme for International Student Assessmente - PISA), também chamado popularmente no Brasil de Enem Internacional, é uma rede mundial de avaliação de desempenho escolar, realizado pela primeira vez em 2000 e repetido a cada três anos.
Tabela sobre alguns dados do Pisa - 2012
  A sociedade tecnológica contemporânea produziu ainda um tipo novo de analfabetismo: o digital. As ofertas de emprego na sociedade atual exigem dos candidatos conhecimento e, por muitas vezes, domínios em programas básicos de computação, tais como editores de textos e planilhas de cálculos. O analfabetismo digital é uma expressão relativamente nova e não se associa às letras, mas sim à exclusão digital, ou seja, pessoas que não sabem utilizar ou manusear um computador ou as tecnologias avançadas.
  O analfabetismo digital é o nível de ignorância das novas tecnologias que impedem as pessoas de acessar as oportunidades de interagir com estes, ou seja, navegar na Web, desfrutar da multimídia, promover a socialização através das redes sociais, criação de documentos, entre outros. Além dessas pessoas não terem o acesso direto ao mundo dos computadores, há também aqueles que têm acesso mas não demonstram interesse por este instrumento fundamental e, assim, tornam-se também analfabetos digitais.
Todos àqueles que não têm acesso as novas tecnologias ou que, mesmo tendo, não se interessam em usá-las são considerados analfabetos digitais
  A Literacia Digital (destreza com uma determinada língua, sobretudo no que diz respeito à leitura, escrita e oralidades as quais desempenham um papel preponderante na comunicação e na compreensão de ideias), pretende designar o uso eficaz da tecnologia digital, tal como os computadores, as redes informáticas, os PDA's (Personal Digital Assistant), os telemóveis, entre outros. O conhecimento, tanto do funcionamento destes equipamentos, como dos programas de informática que lhe estão associados, pode ser preponderante para essa eficácia. Conhecer como funciona um determinado equipamento aumenta significativamente a probabilidade de o utilizar mais eficazmente.
Independente da idade, cresce a cada dia o número de pessoas que se interessam pelo acesso ao mundo dos computadores
FONTE: Araújo Regina. Observatório de geografia / Regina Araújo, Ângela Corrêa da Silva, Raul Borges Guimarães. - 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2009.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

PORTO RICO: ESTADO ASSOCIADO AOS ESTADOS UNIDOS

  Porto Rico ou Estado Livre Associado de Porto Rico é um território sem personalidade jurídica dos Estados Unidos. Está localizado na parte oriental do mar do Caribe, a leste da República Dominicana e a oeste das Ilhas Virgens Britânicas. É composto por um arquipélago, que inclui a ilha de Porto Rico e uma série de ilhas menores, a maior das quais são Vieques, Culebra e Mona.
  Desde 1947, os porto-riquenhos podiam escolher seu próprio governador. O status político da ilha, de independência ou por se tornar parte dos Estados Unidos, é um assunto de grande debate local. Em 6 de novembro de 2012, durante a realização de um referendo popular, cerca de 65% da população do território aprovou elevar seu status a parte integral do território americano como um Estado, dependendo apenas da aprovação do Congresso dos Estados Unidos.
Localização de Porto Rico
HISTÓRIA
  Em seus primórdios, Porto Rico foi habitado por populações que vieram da região da bacia do Orinoco, situado na América do Sul. Com o passar do tempo e a chegada de outros povos, ali se desenvolveu a chamada cultura taino.
  Conquistado pela Espanha em 1493, a ilha de Porto Rico foi colônia espanhola até 1898. Naquele ano a Espanha foi derrotada pelos Estados Unidos numa guerra de disputa por territórios e teve de abandonar a ilha, anexada em seguida pelos Estados Unidos. Desde então, Porto Rico passou a ser um Estado associado aos Estados Unidos.
  Seguindo uma tendência comum ao processo de colonização, Porto Rico também teve a sua história marcada pela exploração da mão de obra indígena e o desenvolvimento das atividades missionárias da Igreja. A conflituosa relação com os europeus acabou provocando a morte de milhares de nativos. Com o passar do tempo, os espanhóis se viram forçados a importar escravos africanos que também marcaram a formação do povo porto-riquenho.
Quadro que mostra a escravidão em Porto Rico
  Por conta de suas riquezas e a evidente localização estratégica, Porto Rico foi alvo de várias tentativas de invasão por parte de outras nações mercantilistas. Em 1528, um grupo de corsários franceses penetraram no território impondo o saque e a destruição do vilarejo de San Germán, na porção sudoeste do território. Nos fins do século XVI, um grande ataque fora organizado pelos ingleses. No século XVII, os holandeses também organizaram ações militares.
  No século XIX, durante as invasões napoleônicas, a população porto-riquenha se mobilizou em torno de organizações políticas autônomas que deveriam conter o avanço dos franceses. Essas organizações deram passos importantes para a independência política e econômica após empreender a abertura de seus portos.
  Após a queda de Napoleão, o movimento autonomista de Porto Rico se desarticulou com a reconstrução do antigo acordo colonial. Em 1868, uma tentativa de revolução se desenhou com a revolta denominada "Grito de Lares", que provocou uma série de reformas liberais na Espanha e provocou o fim da escravidão.
San Germán - Porto Rico
  Em 1897, o governo espanhol abriu caminho para uma independência relativa ao oficializar a chamada Carta Autonômica. Através desse documento, o comércio com outras nações foi definitivamente liberado. Porém, o governo espanhol assegurava alguns direitos que limitavam essa independência concedida, o que levou alguns grupos favoráveis à independência definitiva acionarem o apoio dos norte-americanos para que o domínio espanhol fosse extinto.
  A partir desse momento, a independência de Porto Rico seria sustentada à custa da intervenção política e econômica dos Estados Unidos. Até as primeiras décadas do século XX, a nação porto-riquenha partilhou a mesma bandeira e moeda dos Estados Unidos.
  A partir de 1917 os nativos de Porto Rico se tornaram cidadãos americanos. Por não fazerem parte da União, os residentes de Porto Rico não podem votar para presidente, mas podem votar nas eleições primárias presidenciais dos Estados Unidos.
  A condição de Estado associado significa que a população de Porto Rico tem cidadania estadunidense. Além disso, as questões mais importantes relativas à defesa, às relações exteriores e à economia são administradas pelos Estados Unidos.
  Desde 1952, os porto-riquenhos podem eleger um governo próprio, que administra o país - de forma restrita - em algumas áreas, como a educação, a saúde e a infraestrutura. Na década de 1950, a ação intervencionista norte-americana foi respondida com uma revolta popular conhecida como o "Grito de Jayuya". Por meio de pesada e violenta ação militar, os Estados Unidos evitaram que o levante se propagasse.
Soldados norte-americanos combatendo os rebeldes durante o Grito de Jayuya
  Tido como "Estado Livre Associado" aos Estados Unidos, muitos porto-riquenhos acreditam que a autonomia do país esteja incompleta. Vários plebiscitos realizados aprovam a manutenção dessa condição política singular. No ano de 2003, autoridades políticas dos Estados Unidos assumiram a existência de uma condição colonial em Porto Rico. Nesse mesmo ano, os Estados Unidos se viram obrigados a desativar uma base militar na cidade de Vieques, após uma bomba lançada de um posto de observação matar um civil. Em 2005, membros do FBI descobriram o esconderijo do líder revolucionário Filiberto Ojeda. Durante troca de tiros ele acabou sendo morto pelos agentes norte-americanos.
  Atualmente, Porto Rico vive uma situação política extremamente contraditória. Uma parte da população acredita que a proximidade com os Estados Unidos oferece um tipo de salvaguarda à condição política e econômica do país. Por outro lado, ações norte-americanas e a demanda por autonomia plena incitam outros a defender uma ruptura definitiva.
Porto-riquenhos protestam nas ruas de San Juan pela independência
ECONOMIA
  A economia do país continua sob controle de empresas estadunidenses. Um exemplo é a grande maioria dos bancos e de outras grandes corporações empresariais dos Estados Unidos que mantém filiais e praticamente monopolizam todos os ramos da economia de Porto Rico.
  Porto Rico possui uma das economias mais dinâmicas e diversificadas da América Latina. Em meados do século XX, a economia porto-riquenha estava dominada pela agricultura, especialmente o cultivo da cana-de-açúcar. A partir da segunda metade desse século, grandes investimentos em infraestrutura e extensos programas de incentivo conseguiram transformar consideravelmente a sua economia. Desde 1960, numerosas empresas transnacionais das indústrias farmacêutica, eletrônica, têxtil, petroquímica e da biotecnologia estabeleceram-se no território porto-riquenho.
  Atualmente, as manufaturas e o setor de serviços - principalmente o turismo - têm substituído a agricultura como principal fonte de divisas. A pecuária bovina e a indústria de laticínios tomaram o lugar da indústria açucareira.
As belezas naturais de Porto Rico são bastante importantes para o turismo
ALGUNS DADOS SOBRE PORTO RICO
NOME: Estado Livre Associado de Porto Rico
CAPITAL: San Juan
Parte de San Juan - capital de Porto Rico
GENTÍLICO: porto-riquenho
LÍNGUA OFICIAL: espanhol e inglês
GOVERNO: Commonwealth (Comunidade Britânica de Nações) e território não incorporado dos Estados Unidos
DEPENDÊNCIA: dos Estados Unidos
Autonomia: 25 de julho de 1952
LOCALIZAÇÃO: parte oriental do Mar do Caribe
ÁREA: 9.104 km (164°)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2013): 3.957.098 habitantes (126°)

DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 434,65 hab./km² (15°)
MAIORES CIDADES (Estimativa 2013):

San Juan: 462.879 habitantes
San Juan - capital e maior cidade de Porto Rico
Bayamón: 263.451 habitantes
Bayamón - segunda maior cidade de Porto Rico
Ponce: 195.412 habitantes
Ponce - terceira maior cidade de Porto Rico
PIB (Banco Mundial - 2013): U$ 98,001 bilhões (58°)
IDH (ONU - 2013): 0,867 (28°)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2012): 78,70 anos (33°)
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - 2005/2010): 0,55% ao ano (160°)
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2013): 1,64 (177°)
MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2012): 7,59/mil (44°). Obs: essa mortalidade é contada de menor para o maior.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2011): 94,1% (38°) Obs: essa taxa se refere a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (Pnud - 2009/2010): 98% (4°)
PIB PER CAPITA (CIA World Factbook - 2013): U$ 23.500 (33°)
MOEDA: Dólar americano
RELIGIÃO: protestantes (53,9%), católicos (40,6%), espírita (3%), sem religião (2%), outras religiões (0,5%).
DIVISÃO: Porto Rico é dividido em 78 municípios que estão agrupados em oito distritos eleitorais.
Mapa político de Porto Rico
  Os distritos eleitorais com seus respectivos municípios são:
1. Distrito Eleitoral de San Juan - San Juan
2. Distrito Eleitoral de Bayamón - Bayamón, Cataño, Guaynabo e Toa Baixa
3. Distrito Eleitoral de Arecibo - Arecibo, Barcelona, Camuy, Ciales, Dorado, Florida, Hatillo, Manati, Quebradillas, Toa Alta, Vega Alta e Vega Baixa
4. Distrito Eleitoral de Mayaguez - Aguada, Aguadilla, Añasco, Cabo Rojo, Hormigueros, Isabela, Las Marias, Mayaguez, Moca, Rincón, San Germán e San Sebastián
5. Distrito Eleitoral de Ponce - Adjunta, Guanica, Guayanilla, Juyuya, Lajas, Lares, Maricao, Peñuelas, Ponce, Sabana Grande, Utuado e Yauco
6. Distrito Eleitoral de Guayana - Aibonito, Barranquitas, Cayey, Cidra, Coamo, Comerio, Corozal, Guayama, Juana Díaz, Morovis, Naranjito, Orocovis, Salinas, Santa Isabel e Villalba
7. Distrito Eleitoral de Humacao - Aguas Buenas, Arroyo, Caguas, Gurabo, Humacao, Juncos, Las Piedras, Maunabo, Naguabo, Patillas, San Lorenzo e Yabucoa
8. Distrito Eleitoral de Carolina - Canóyanas, Carolina, Ceiba, Culebra, Fajardo, Loíza, Luquillo, Rio Grande, Trujillo Alto e Vieques.
Carolina - quarta maior cidade de Porto Rico
FONTE: Tamdjian, James Onnig. Estudos de geografia: o espaço do mundo I, 8º ano / James Onnig Tamdjian, Ivan Lazzari Mendes. - São Paulo: FTD, 2012.

PORTO RICO: ESTADO ASSOCIADO AOS ESTADOS UNIDOS

  Porto Rico ou Estado Livre Associado de Porto Rico é um território sem personalidade jurídica dos Estados Unidos. Está localizado na parte oriental do mar do Caribe, a leste da República Dominicana e a oeste das Ilhas Virgens Britânicas. É composto por um arquipélago, que inclui a ilha de Porto Rico e uma série de ilhas menores, a maior das quais são Vieques, Culebra e Mona.
  Desde 1947, os porto-riquenhos podiam escolher seu próprio governador. O status político da ilha, de independência ou por se tornar parte dos Estados Unidos, é um assunto de grande debate local. Em 6 de novembro de 2012, durante a realização de um referendo popular, cerca de 65% da população do território aprovou elevar seu status a parte integral do território americano como um Estado, dependendo apenas da aprovação do Congresso dos Estados Unidos.
Localização de Porto Rico
HISTÓRIA
  Em seus primórdios, Porto Rico foi habitado por populações que vieram da região da bacia do Orinoco, situado na América do Sul. Com o passar do tempo e a chegada de outros povos, ali se desenvolveu a chamada cultura taino.
  Conquistado pela Espanha em 1493, a ilha de Porto Rico foi colônia espanhola até 1898. Naquele ano a Espanha foi derrotada pelos Estados Unidos numa guerra de disputa por territórios e teve de abandonar a ilha, anexada em seguida pelos Estados Unidos. Desde então, Porto Rico passou a ser um Estado associado aos Estados Unidos.
  Seguindo uma tendência comum ao processo de colonização, Porto Rico também teve a sua história marcada pela exploração da mão de obra indígena e o desenvolvimento das atividades missionárias da Igreja. A conflituosa relação com os europeus acabou provocando a morte de milhares de nativos. Com o passar do tempo, os espanhóis se viram forçados a importar escravos africanos que também marcaram a formação do povo porto-riquenho.
Quadro que mostra a escravidão em Porto Rico
  Por conta de suas riquezas e a evidente localização estratégica, Porto Rico foi alvo de várias tentativas de invasão por parte de outras nações mercantilistas. Em 1528, um grupo de corsários franceses penetraram no território impondo o saque e a destruição do vilarejo de San Germán, na porção sudoeste do território. Nos fins do século XVI, um grande ataque fora organizado pelos ingleses. No século XVII, os holandeses também organizaram ações militares.
  No século XIX, durante as invasões napoleônicas, a população porto-riquenha se mobilizou em torno de organizações políticas autônomas que deveriam conter o avanço dos franceses. Essas organizações deram passos importantes para a independência política e econômica após empreender a abertura de seus portos.
  Após a queda de Napoleão, o movimento autonomista de Porto Rico se desarticulou com a reconstrução do antigo acordo colonial. Em 1868, uma tentativa de revolução se desenhou com a revolta denominada "Grito de Lares", que provocou uma série de reformas liberais na Espanha e provocou o fim da escravidão.
San Germán - Porto Rico
  Em 1897, o governo espanhol abriu caminho para uma independência relativa ao oficializar a chamada Carta Autonômica. Através desse documento, o comércio com outras nações foi definitivamente liberado. Porém, o governo espanhol assegurava alguns direitos que limitavam essa independência concedida, o que levou alguns grupos favoráveis à independência definitiva acionarem o apoio dos norte-americanos para que o domínio espanhol fosse extinto.
  A partir desse momento, a independência de Porto Rico seria sustentada à custa da intervenção política e econômica dos Estados Unidos. Até as primeiras décadas do século XX, a nação porto-riquenha partilhou a mesma bandeira e moeda dos Estados Unidos.
  A partir de 1917 os nativos de Porto Rico se tornaram cidadãos americanos. Por não fazerem parte da União, os residentes de Porto Rico não podem votar para presidente, mas podem votar nas eleições primárias presidenciais dos Estados Unidos.
  A condição de Estado associado significa que a população de Porto Rico tem cidadania estadunidense. Além disso, as questões mais importantes relativas à defesa, às relações exteriores e à economia são administradas pelos Estados Unidos.
  Desde 1952, os porto-riquenhos podem eleger um governo próprio, que administra o país - de forma restrita - em algumas áreas, como a educação, a saúde e a infraestrutura. Na década de 1950, a ação intervencionista norte-americana foi respondida com uma revolta popular conhecida como o "Grito de Jayuya". Por meio de pesada e violenta ação militar, os Estados Unidos evitaram que o levante se propagasse.
Soldados norte-americanos combatendo os rebeldes durante o Grito de Jayuya
  Tido como "Estado Livre Associado" aos Estados Unidos, muitos porto-riquenhos acreditam que a autonomia do país esteja incompleta. Vários plebiscitos realizados aprovam a manutenção dessa condição política singular. No ano de 2003, autoridades políticas dos Estados Unidos assumiram a existência de uma condição colonial em Porto Rico. Nesse mesmo ano, os Estados Unidos se viram obrigados a desativar uma base militar na cidade de Vieques, após uma bomba lançada de um posto de observação matar um civil. Em 2005, membros do FBI descobriram o esconderijo do líder revolucionário Filiberto Ojeda. Durante troca de tiros ele acabou sendo morto pelos agentes norte-americanos.
  Atualmente, Porto Rico vive uma situação política extremamente contraditória. Uma parte da população acredita que a proximidade com os Estados Unidos oferece um tipo de salvaguarda à condição política e econômica do país. Por outro lado, ações norte-americanas e a demanda por autonomia plena incitam outros a defender uma ruptura definitiva.
Porto-riquenhos protestam nas ruas de San Juan pela independência
ECONOMIA
  A economia do país continua sob controle de empresas estadunidenses. Um exemplo é a grande maioria dos bancos e de outras grandes corporações empresariais dos Estados Unidos que mantém filiais e praticamente monopolizam todos os ramos da economia de Porto Rico.
  Porto Rico possui uma das economias mais dinâmicas e diversificadas da América Latina. Em meados do século XX, a economia porto-riquenha estava dominada pela agricultura, especialmente o cultivo da cana-de-açúcar. A partir da segunda metade desse século, grandes investimentos em infraestrutura e extensos programas de incentivo conseguiram transformar consideravelmente a sua economia. Desde 1960, numerosas empresas transnacionais das indústrias farmacêutica, eletrônica, têxtil, petroquímica e da biotecnologia estabeleceram-se no território porto-riquenho.
  Atualmente, as manufaturas e o setor de serviços - principalmente o turismo - têm substituído a agricultura como principal fonte de divisas. A pecuária bovina e a indústria de laticínios tomaram o lugar da indústria açucareira.
As belezas naturais de Porto Rico são bastante importantes para o turismo
ALGUNS DADOS SOBRE PORTO RICO
NOME: Estado Livre Associado de Porto Rico
CAPITAL: San Juan
Parte de San Juan - capital de Porto Rico
GENTÍLICO: porto-riquenho
LÍNGUA OFICIAL: espanhol e inglês
GOVERNO: Commonwealth (Comunidade Britânica de Nações) e território não incorporado dos Estados Unidos
DEPENDÊNCIA: dos Estados Unidos
Autonomia: 25 de julho de 1952
LOCALIZAÇÃO: parte oriental do Mar do Caribe
ÁREA: 9.104 km (164°)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2013): 3.957.098 habitantes (126°)

DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 434,65 hab./km² (15°)
MAIORES CIDADES (Estimativa 2013):

San Juan: 462.879 habitantes
San Juan - capital e maior cidade de Porto Rico
Bayamón: 263.451 habitantes
Bayamón - segunda maior cidade de Porto Rico
Ponce: 195.412 habitantes
Ponce - terceira maior cidade de Porto Rico
PIB (Banco Mundial - 2013): U$ 98,001 bilhões (58°)
IDH (ONU - 2013): 0,867 (28°)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2012): 78,70 anos (33°)
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - 2005/2010): 0,55% ao ano (160°)
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2013): 1,64 (177°)
MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2012): 7,59/mil (44°). Obs: essa mortalidade é contada de menor para o maior.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2011): 94,1% (38°) Obs: essa taxa se refere a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (Pnud - 2009/2010): 98% (4°)
PIB PER CAPITA (CIA World Factbook - 2013): U$ 23.500 (33°)
MOEDA: Dólar americano
RELIGIÃO: protestantes (53,9%), católicos (40,6%), espírita (3%), sem religião (2%), outras religiões (0,5%).
DIVISÃO: Porto Rico é dividido em 78 municípios que estão agrupados em oito distritos eleitorais.
Mapa político de Porto Rico
  Os distritos eleitorais com seus respectivos municípios são:
1. Distrito Eleitoral de San Juan - San Juan
2. Distrito Eleitoral de Bayamón - Bayamón, Cataño, Guaynabo e Toa Baixa
3. Distrito Eleitoral de Arecibo - Arecibo, Barcelona, Camuy, Ciales, Dorado, Florida, Hatillo, Manati, Quebradillas, Toa Alta, Vega Alta e Vega Baixa
4. Distrito Eleitoral de Mayaguez - Aguada, Aguadilla, Añasco, Cabo Rojo, Hormigueros, Isabela, Las Marias, Mayaguez, Moca, Rincón, San Germán e San Sebastián
5. Distrito Eleitoral de Ponce - Adjunta, Guanica, Guayanilla, Juyuya, Lajas, Lares, Maricao, Peñuelas, Ponce, Sabana Grande, Utuado e Yauco
6. Distrito Eleitoral de Guayana - Aibonito, Barranquitas, Cayey, Cidra, Coamo, Comerio, Corozal, Guayama, Juana Díaz, Morovis, Naranjito, Orocovis, Salinas, Santa Isabel e Villalba
7. Distrito Eleitoral de Humacao - Aguas Buenas, Arroyo, Caguas, Gurabo, Humacao, Juncos, Las Piedras, Maunabo, Naguabo, Patillas, San Lorenzo e Yabucoa
8. Distrito Eleitoral de Carolina - Canóyanas, Carolina, Ceiba, Culebra, Fajardo, Loíza, Luquillo, Rio Grande, Trujillo Alto e Vieques.
Carolina - quarta maior cidade de Porto Rico
FONTE: Tamdjian, James Onnig. Estudos de geografia: o espaço do mundo I, 8º ano / James Onnig Tamdjian, Ivan Lazzari Mendes. - São Paulo: FTD, 2012.

domingo, 19 de outubro de 2014

A SOBREVIVÊNCIA EM REGIME DE BODE SOLTO NO SERTÃO NORDESTINO

Rebanhos resistem ao clima adverso da Caatinga e garantem sustento da população
  No semiárido nordestino, cresce a popularização das cisternas, uma solução simples e barata para captar a água da chuva que cai no telhado das casas. A construção de cisternas utiliza uma tecnologia simples e de baixo custo, na qual a água da chuva é captada do telhado por meio de calhas e armazenadas em um reservatório de aproximadamente 16 mil litros, capaz de garantir água para atender uma família de cinco pessoas em um período de estiagem de aproximadamente oito meses.
  A construção de cisternas é um projeto desenvolvido pelo Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) em parceria com a Associação Programa 1 Milhão de Cisternas (AP1MC).
  O Programa tem como público alvo as famílias rurais de baixa renda localizadas no semiárido brasileiro, região historicamente caracterizada por longos períodos de estiagem e pelas enormes dificuldades para acessar água em quantidade e qualidade suficiente para a sobrevivência.
O programa de cisternas está melhorando o acúmulo de água no Sertão
  O sanfoneiro, por sua vez, divide hoje espaço com as guitarras do estilo conhecido como "forró eletrônico" - ou "forró de plástico", na definição dos mais puristas.
  O jumento, mais conhecido no Sertão por jegue, foi durante séculos o meio de transporte oficial do sertanejo, sendo cada vez mais substituído por motos. Frequentemente, animais abandonados perambulam pelas estradas do sertão nordestino.
  Por todo o Nordeste, as patas estão sendo trocadas pelas rodas. Atualmente, as motos passaram a fazer o papel dos jumentos: transporte de carga e de gente. Muitas vezes, as leis de trânsito são desobedecidas, pois nas pequenas cidades do interior do Nordeste, a falta de equipamentos para os motoqueiros e até mesmo menores e pessoas sem habilitação, são flagradas guiando as motos.
Jumento ou jegue: é o animal símbolo do sertão nordestino
  Muita coisa mudou no sertão. Mas há, também, o que luta para permanecer o mesmo. Em meio ao clima seco, que impõe dificuldades à agricultura, o pastoreio nômade tornou-se a base da subsistência de muitos grupos. Assim, comunidades unidas por laços de compadrio e parentesco usam para esse fim áreas  não cercadas, consideradas de todos. São terras localizadas atrás das roças das famílias, ao fundo de suas casas: os chamados "fundos de pasto".
  O fundo de pasto é um modo tradicional de criar, viver e fazer em que a gestão da terra e de outros recursos naturais articula terrenos familiares e áreas de uso comum, onde se criam caprinos e ovinos à solta e em pastagem nativa.
  Desenvolvido ao longo de gerações entre os povos e comunidades tradicionais nas caatingas e cerrados nordestinos, os fundos de pasto constitui um patrimônio cultural do povo brasileiro. As comunidades de fundo de pasto integram um conjunto de forças sociais e políticas que visam instituir um novo paradigma e olhar sobre o contexto regional, substituindo a noção de "combate às secas" pela "convivência com o semiárido".
Criação de cabras em Cabaceiras - PB
  Nos fundos de pasto os animais se alimentam da própria vegetação nativa. São alguns bovinos, mas também ovelhas e, principalmente, cabras e bodes - preferidos por sua alta resistência às estiagens e boa adaptação ao consumo daquilo que a Caatinga provê. Costuma-se afirmar que nestes espaços "o bode é rei".
  Cotidianamente, os animais são soltos pela manhã e recolhidos ao curral no fim do dia, quando um sino amarrado no pescoço de alguns deles - cuja tonalidade específica cada dono sabe reconhecer - ajuda na tarefa de localizar o rebanho. Cortes e marcações de ferro quente nas orelhas também diferenciam os bichos de cada um.
Criação de bodes soltos na Caatinga
  Comunidades que se organizam em torno dos fundos de pasto estão presentes num amplo espectro de áreas do Nordeste.
  É na Bahia onde tais grupos possuem maior visibilidade. Atualmente, existem cerca de 490 fundos de pasto identificados pelo governo estadual, espalhados por dezenas de municípios.  Usufruem deles cerca de 16 mil famílias, para quais a garantia de um futuro digno envolve uma questão fundamental: que esses territórios permaneçam como estão, pois tal modelo de criação facilita o acesso dos animais a água e a comida, principalmente nos períodos de estiagem severa, além de ser um bom exemplo de adaptação e convivência com o clima semiárido do sertão nordestino.

Fundo de pasto em Senhor do Bonfim - BA
FONTE: CAMPOS, André. Sobrevivência em regime de bode solto. Problemas Brasileiros, São Paulo, ano 47, n. 395, set./out. 2009.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

A MARÉ VERMELHA E A MARÉ NEGRA

  A proliferação descontrolada de algas, que pode ser desencadeada pela poluição das águas, representa um sério desequilíbrio natural. Essa reprodução acelerada, chamada de maré vermelha (as algas passam a concentrar nitrogênio, adquirindo coloração avermelhada), liberam toxina que causam grande mortandade de peixes. Levadas às praias pelo vento e pelas marés, podem causar intoxicação também nos seres humanos.
  Além de liberar substâncias tóxicas, a maré vermelha bloqueia a luz solar, pondo em risco a sobrevivência de inúmeras espécies marinhas.
  A maré vermelha é uma aglomeração de microplânctons dinoflagelados que raramente acontece em alguns determinados locais na superfície das águas. São seres unicelulares aglomerados em número suficiente para produzir uma mudança de cor na água que se torna amarela, alaranjada, vermelha ou marrom.
Maré vermelha na praia de Barra do Ceará, Fortaleza, em novembro de 2013
  Em todos os gêneros de vida livre e nos seus zoósporos, sempre existem dois flagelos. A maioria são seres autótrofos mas existem também algumas espécies sem pigmentos porque não realizam fotossíntese. O aumento das algas pode ser provocado pelas diatomáceas e cianobactérias. A reprodução é assexuada e possui dois pequenos flagelos.
  A ação das correntes marinhas e os ventos são outros motivos causadores da grande quantidade de algas e consequentemente da maré vermelha.
  Outro fator relevante para a proliferação das algas é a matéria orgânica que vem do esgoto e do lixo doméstico jogados no mar. A maré vermelha pode gerar um enorme problema para a humanidade e também para os seres que habitam os oceanos.
  Quando o fenômeno da maré vermelha atingir um determinado local, deve-se evitar o consumo de moluscos, mexilhões e as ostras que ficam na maré vermelha, pois o consumo desses seres vivos pode provocar a intoxicação e o envenenamento.
  O fenômeno da maré vermelha pode acontecer tanto em água doce quanto em água salgada.
Maré vermelha no rio Yang-Tsé, na China, em 2012
  Outra grande ameaça ao equilíbrio do ambiente marinho são os derramamentos de petróleo nas operações de carga e descarga dos navios petroleiros. O petróleo derramado contamina plantas e animais aquáticos. Esse problema é agravado pela subida das marés, que leva o petróleo para o litoral, atingindo a vida costeira. Nas plantas, o petróleo se acumula nas raízes, afetando sua sobrevivência. Nos animais, o óleo fecha os poros, impedindo a respiração da pele.
  A maré negra é um derrame que ocorre devido a um acidente ou prática inadequada que contamina o meio ambiente, especialmente o mar, devido a derramamentos de produtos petroleiros.
  Em pouco tempo, um pequeno vazamento de petróleo pode matar mais de um milhão de peixes e contaminar de 50 a 100 quilômetros de litoral. A coloração escura adquirida pelo mar e pelas praias em decorrência desse desastre ambiental recebeu a denominação de maré negra.
Maré negra provocada pelo derramamento de petróleo no Golfo do México - EUA, em 2012
  Os petroleiros derramam enormes quantidades de petróleo que, flutuando e alastrando progressivamente,  formam extensas manchas negras. Essas manchas são as chamadas marés negras. Com efeitos altamente destrutivos, elas provocam enormes agressões na fauna e flora marinhas, as quais são normalmente irreversíveis. Os produtos petrolíferos têm efeito negativo sobre toda a vida marinha e litoral onde atuam. As correntes marinhas facilitam a formação de marés negras, que se abatem sobre as praias e outras zonas costeiras.
  Os raios solares não ultrapassam a camada de petróleo formada. Assim, seres autotróficos fotossintéticos, como as algas, não podem realizar fotossíntese, processo metabólico do qual depende toda a biota marinha. O resultado é a proliferação generalizada de organismos anaeróbios, com consequente mortandade de peixes e de outros representantes da fauna e flora marinhas, num processo conhecido por eutrofização.
  A poluição dos mares e das zonas costeiras originada por acidentes com o transporte marítimo de mercadorias, em particular o petróleo bruto, contribui, anualmente, em 10% para a poluição global dos oceanos.
Quem mais sofre com o derramamento de petróleo são os animais
  Todos os anos, 600 mil toneladas de petróleo bruto são derramadas em acidentes ou descargas ilegais, com graves consequências econômicas e ambientais. Dos acidentes com petroleiros, que infelizmente não são raros, os mesmos derramam enormes quantidades de petróleo que, flutuando e alastrando-se progressivamente, formam extensas manchas negras.
  Quando as marés negras atingem as zonas costeiras, os seus efeitos tornam-se ainda maiores. Além de destruírem a fauna e a flora com elas em contato, provocam enormes prejuízos à atividade pesqueira e têm um forte impacto negativo na atividade turística, já que os resíduos petrolíferos, de difícil remoção, impedem durante muito tempo a utilização das praias.
Praia contaminada por óleo nos Estados Unidos, em 2010
FONTE: Tamdjian, James Onnig. Estudos de geografia: como funciona o mundo, 6° ano / James Onnig Tamdjian, Ivan Lazzari Mendes. -- São Paulo: FTD, 2012.

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