quinta-feira, 5 de junho de 2014

HISPANO-AMERICANISMO E PAN-AMERICANISMO

  O hispano-americanismo era o conjunto das ideias e dos sentimentos que ligava a Espanha e a América espanhola.
  A América Hispânica, ou América espanhola, se refere à parte da América colonizada por espanhóis - incluindo os de língua não-castelhana, como bascos, galegos e catalães. Estas populações representam a maior parte dos hispanófonos no mundo, e são chamados de "hispano-americanos".
  A América hispânica inclui países da América do Norte, América Central e América do Sul, que têm a língua espanhola como idioma oficial, ou co-oficial.
  É uma região cultural, incluída na América Latina, integrando 19 nações com cerca de 400 milhões de habitantes. Apesar de estar dentro da América Latina, distingue-se dela por não incluir as nações americanas francesas e portuguesas, além das nações saxônicas.
América Hispânica
  O pan-americanismo foi uma tentativa de unificar todos os territórios da América espanhola, formando uma superpotência. Ela foi idealizada em 1826 pelo criollo venezuelano Simón Bolívar depois de ter lutado junto com o governador da província de Mendonza, San Martín, contra o domínio e a exploração espanhola, e de ter feito independente vários territórios da América espanhola. Porém, essa tentativa de unificação fracassou pela oposição da Inglaterra e dos Estados Unidos, que eram contra a formação de uma nova superpotência, já que isso poderia ameaçar os planos de ambos.
FORMAÇÃO DOS ESTADOS LATINO-AMERICANOS
  Parte dos países da América originou-se no início do século XIX, a partir de lutas pela independência nas colônias sob o domínio de Espanha e Portugal. Nesse processo, a América hispânica se desmembrou em várias repúblicas, ao passo que na América portuguesa a emancipação política constituiu o Império do Brasil.
  Na América Central Continental ou Ístmica, a formação dos Estados independentes ocorreu entre 1821 e 1848, com exceção de Belize, dominado pelo Reino Unido até 1981, e do Panamá, criado como Estado independente em 1903 pelo desmembramento do território da Colômbia, decorrente de pressões exercidas pelos Estados Unidos, que desejavam construir o Canal do Panamá.
Independência da América espanhola
Independência dos países sul-americanos
  Na América hispânica, as lutas pela libertação colonial foram influenciados pelos ideais que mobilizaram a Independência dos Estados Unidos (1776), acontecimento que abriu caminho para o surgimento da primeira república da América, os Estados Unidos da América do Norte, por meio da Declaração de Independência.
  A Declaração da Independência dos Estados Unidos da América foi o documento no qual as Treze Colônias da América do Norte declararam a sua independência do Reino Unido, bem como justificativas para o ato. Foi ratificado no Congresso Continental em 4 de julho de 1776, considerado o dia da independência dos Estados Unidos.
Declaração da Independência dos Estados Unidos
  Além disso, a Revolução Francesa (1789), ao abolir a servidão e pôr fim aos privilégios da nobreza, teve alcance revolucionário que extrapolou os limites da França, influenciando o modo como muitos americanos entendiam sua relação com os colonizadores ibéricos.
  A Revolução Francesa (1789-1799) foi um período de intensa agitação política e social na França, que teve um impacto duradouro na história do país e, mais amplamente, em todo o continente europeu. A monarquia absolutista que tinha governado a nação durante séculos entrou em colapso. A sociedade francesa passou por uma grande transformação, quando privilégios feudais, aristocráticos e religiosos deixaram de existir e grupos radicais de esquerda, as massas menos privilegiadas e os camponeses, lutaram por mudanças que atingiram não só a França, mas toda a Europa e também as colônias europeias em diversas partes do mundo.
Queda da Bastilha, em 14 de julho de 1789. Início da Revolução Francesa
  Os movimentos a favor da independência acirraram-se em 1808, depois que as tropas francesas de Napoleão Bonaparte invadiram a Espanha. Enfraquecida, a metrópole espanhola não podia lutar contra os insurgentes na América.
  Em 1810 iniciou-se o processo de libertação das colônias espanholas nas Américas do Sul e Central.
  Na América do Sul, sob o comando de líderes militares, como o venezuelano Simón Bolívar, o argentino José de San Martín e o chileno Bernardo O'Higgins, os exércitos conquistaram a vitória contra a metrópole espanhola por meio de duas ofensivas: a capitaneada por San Martín partiu do sul do continente para o norte, saindo de Buenos Aires, e, depois de libertar a Argentina, atravessou os Andes para auxiliar Bernardo O'Hoggins a libertar o Chile e ainda invadiu o Peru; a liderada por Simón Bolívar saiu do norte e caminhou para o sul, tendo partido de Caracas para libertar sucessivamente a Venezuela, a Colômbia, o Equador e o Peru, onde os dois generais libertadores completaram as guerras de independência, em 1824.
Quadro de Pedro Subercaseaux "El Abrazo de Maipú
Independência dos países da América Central
  Em 1823, Costa Rica, Nicarágua, Guatemala, Honduras e El Salvador se agruparam formando as Províncias Unidas da América Central. No entanto, o confronto entre grupos de interesses diversos levou ao início de sua desagregação em 1838 e à formação dos atuais países da América Central Continental.
  As Províncias Unidas da América Central, ou Estados Unidos da América Central, foi uma república federal situada na América Central Continental, e sua formação foi baseada no modelo de formação dos Estados Unidos. A federação teve sua Constituição aprovada em 1824. Em meados da década de 1830, foi criada uma nova república, Los Altos, com capital em Quetzaltenango, a qual ocupava parte daquilo que hoje são as terras altas da Guatemala e o Estado mexicano de Chiapas.
Mapa das Províncias Unidas da América Central
  Nas Antilhas, o processo de independência foi mais tardio, com exceção do Haiti, que obteve sua independência em 1804. A República Dominicana tornou-se independente em 1865, após várias tentativas sem sucesso.
  Cuba conseguiu sua independência somente em 1898. Entretanto, seu território foi ocupado militarmente pelos Estados Unidos entre 1899 e 1902. As tropas estadunidenses foram retiradas após conseguirem que o governo cubano aprovasse o projeto de lei (a chamada Emenda Platt), por meio do qual os Estados Unidos, ao se sentirem prejudicados em seus negócios em Cuba, poderiam interferir nos assuntos internos do país. Cuba libertou-se da Espanha, mais foi submetida à área de influência dos Estados Unidos - situação que se estendeu até 1959, quando ocorreu a Revolução Cubana.
  Por meio da Emenda Platt, o território cubano passou a ser um protetorado estadunidense, restringindo o exercício soberano da política externa e comercial de Cuba.
  O processo de autonomia das Pequenas Antilhas teve início por volta da segunda metade do século XX. Em outubro de 2010, as ilhas de Curaçao e São Martinho, até então colônias da Holanda, tornaram-se territórios autônomos. Contudo, ainda restam nas Pequenas Antilhas territórios dependentes do Reino Unido, da Holanda, da França e dos Estados Unidos.
O HISPANO-AMERICANISMO DE SIMÓN BOLÍVAR
  Simón Bolívar defendeu um projeto de união política, econômica e militar entre as repúblicas hispano-americanas recém-independentes. Desejava formar uma confederação de Estados que se estenderia da Argentina ao México.
  Bolívar convocou os Estados da América Latina recém-libertos para o Congresso do Panamá, em 1826, a fim de discutir a união. O Congresso do Panamá ocorreu de junho a julho de 1826, e estiveram presentes os representantes do México, da Federação Centro-Americana, da Grã-Colômbia (Colômbia, Venezuela e Equador) e do Peru (que incluía também a Bolívia). Estiveram ausentes os países já independentes do continente americano: Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai, Brasil, Estados Unidos e Haiti.
  Nesse congresso foi estabelecido os seguintes princípios:
  • Firmaram, numa eterna aliança, uma confederação das repúblicas hispânicas, com o objetivo de defesa comum, solução pacífica de conflitos e preservação da integridade dos territórios dos estados-membros;
  • abolição do tráfico de escravos africanos;
  • estabelecia o contingente dos efetivos militares, no Exército e na Marinha, buscando um equilíbrio entre as forças dos estados-membros;
  • fixava as futuras reuniões do congresso, a serem realizadas em tempos de paz ou de guerra.
Simón Bolívar
  No entanto, forças contrárias à formação da confederação de Estados impediram que ela se concretizasse: a Inglaterra e os Estados Unidos não desejavam que a confederação se tornasse realidade, pois ela poderia contrariar os interesses econômicos e políticos desses dois países na vasta região.
  As principais forças contrárias estavam no próprio território da pretendida confederação: a sua extensão, a dificuldade de integração diante de uma geografia de montanhas (os Andes) e as rivalidades entre as oligarquias regionais, desejosas de ter o domínio político e econômico sobre os seus territórios. Assim, a formação da "Pátria Grande" sonhada por Bolívar acabou se dissipando.   Após o fracasso do Congresso do Panamá, a própria Grande Colômbia, que fora presidida por Bolívar, fracionou-se em 1830, dando origem à Venezuela, à Colômbia e ao Equador, e, em 1839, as Províncias da América Central também se separaram.
  A Grande Colômbia ou Grã-Colômbia é o nome do Estado-Império, estabelecido pelo chamado Congresso de Angostura. Na prática foi uma junta de governantes ou vice-presidentes liderados por Simón Bolívar existente entre 1819 e 1831, formado pelos antigos territórios do Vice-reino de Nova Granada, Capitania Geral da Venezuela e Real Audiência de Quito e terras conquistadas por anexação ou guerra.
Mapa da Grande Colômbia
O PAN-AMERICANISMO DOS ESTADOS UNIDOS E DA AMÉRICA LATINA
  No decorrer dos séculos XIX e XX, sucessivos governos estadunidenses buscaram promover e consolidar seu domínio nas Américas. Existiram quatro fases de relacionamento entre os Estados Unidos e a América Latina.
  • Primeira fase: consolidação de poder na esfera regional (1823-1889)
  Ao mesmo tempo que ocorria o processo de independência da América hispânica, em 1823 o presidente dos Estados Unidos, James Monroe (1817-1825), pronunciou um discurso dirigido ao Congresso daquele país em que lançou a doutrina que leva o seu sobrenome - a chama Doutrina Monroe -, baseada no princípio "A América para os americanos".
  Primeira visão pan-americanista estadunidense, a Doutrina Monroe defendia que, em nome de sua segurança, esse país não poderia permitir que nenhuma potência europeia voltasse a estabelecer domínio sobre os territórios do continente americano.
  O pensamento de James Monroe consistia em três pontos:
  • a não criação de novas colônias nas Américas;
  • a não intervenção nos assuntos internos dos países americanos;
  • a não intervenção dos Estados Unidos em conflitos relacionados aos países europeus como guerras entre estes países e suas colônias.
James Monroe e sua doutrina "A América para os americanos"
  A Doutrina Monroe reafirmava a posição dos Estados Unidos contra o colonialismo europeu, inspirando-se na política isolacionista de George Washington, no seu discurso de despedida da presidência dos Estados Unidos, em 17 de setembro de 1796, segundo a qual "a Europa tinha um conjunto de interesses elementares sem relação com os nossos ou senão muito remotamente" e desenvolvia o pensamento de Thomas Jefferson, segundo o qual "a América tem um Hemisfério para si mesma", o qual tanto poderia significar o continente americano como o seu próprio país.
George Washington - primeiro presidente dos Estados Unidos
  Se por um lado, a doutrina reafirmava a independência das antigas colônias da América, por outro, dava sinais do desejo de transformar a América  Latina em área de influência política e econômica dos Estados Unidos.
  As ideias da Doutrina Monroe foram recuperadas na primeira Conferência Pan-Americana de Washington, realizada entre os anos de 1889 e 1890, ocasião que marcou a inauguração da política pan-americana dos Estados Unidos. Essa foi a primeira de uma série de conferências convocadas pelo governo dos Estados Unidos para promover o comércio entre os países americanos, adotar medidas para a resolução pacífica de disputas territoriais e afastar definitivamente os europeus. Com isso, consolidariam sua hegemonia política e dominariam o comércio no continente.
Delegados que participaram da Primeira Conferência de Washington
  • Segunda fase: intervenção, cooperação e imperialismo (1889-1945)
  Em 1904, o presidente estadunidenses Theodore Roosevelt divulgou o Corolário Roosevelt, um conjunto de ideias que defendiam o direito de intervenção militar dos Estados Unidos na América Latina, alegando que isso ocorreria sempre que seus países violassem direitos internacionais ou se mostrassem com dificuldades em "manter a ordem" no interior de suas fronteiras.
  Conhecida como política do Big Stick (Grande Porrete), o Corolário Roosevelt foi expresso na Mensagem Anual do Presidente ao Congresso dos EUA de 1904. Os Estados Unidos se declararam dispostos a ocupar militarmente países que estivessem passando por uma crise devido a sua dívida externa. Na Mensagem, Roosevelt expressou sua convicção de que uma nação que consegue manter a ordem e cumprir com suas obrigações não precisa temer a intervenção dos Estados Unidos. No entanto, uma "nação civilizada" como os Estados Unidos teria que assumir o papel de "polícia do mundo", e ser obrigada a intervir, no caso de um enfraquecimento dos laços da sociedade civilizada em outros países.
Cartoon que ilustra o Big Stick (Grande Porrete)
  O maior resultado dessa política foi submeter pela força militar países da América Central para consolidar o domínio dos Estados Unidos, como também diminuir a influência das potências europeias na América. Para isso, o governo dos Estados Unidos usou o sistema de protetorado.
  O Corolário Roosevelt foi motivado pela reação violenta do Reino Unido, Itália e Alemanha à crise da dívida venezuelana em 1902 e 1903. Essa política foi lembrado por presidentes dos EUA nas intervenções norte-americanas em Cuba (1906-1910), Nicarágua (1909-1911, 1912-1925 e 1926-1933), Haiti (1915-1934) e República Dominicana (1916-1924).
  O Corolário Roosevelt foi suplantado pela Política da Boa Vizinhança, apresentada no discurso inaugural de Franklin Roosevelt, em 1933.
Theodore Roosevelt (1858-1910)
 Roosevelt e a Política da Boa Vizinhança
  Em 1933, iniciou-se nos Estados Unidos o primeiro mandato presidencial de Franklin Delano Roosevelt, que permaneceu no cargo até 1945. Esse presidente anunciou a substituição da política do Big Stick pela Política da Boa Vizinhança, que procurou estimular a negociação diplomática e a colaboração militar e econômica dos Estados Unidos com os países latino-americanos.
  Oficialmente essa política consistia em investimentos e venda de tecnologia norte-americana para os países latino-americanos, mas em troca, esses deveriam dar apoio à política norte-americana. Ela consistia de um esforço para aproximação cultural entre os EUA e a América Latina, cujas relações vinham se deteriorando devido ao forte intervencionismo norte-americano durante a política do Big Stick.
  Essa nova política permitiu aos Estados Unidos conservar sua hegemonia no continente americano e fortalecer a sua política externa, o que era importante para que o país se recuperasse da crise de 1929 - pois poderia contar com mercado consumidor externo e fornecedores de matérias-primas - e pudesse instalar bases militares em países da América Latina durante a Segunda Guerra Mundial.
O presidente norte-americano Franklin D. Roosevelt (sentado à direita) e o presidente brasileiro Getúlio Vargas (sentado à esquerda), no Rio de Janeiro, em 1936, quando o presidente norte-americano veio ao Brasil para formalizar o acordo de segurança coletiva continental.
  • Terceira fase: a Guerra Fria e a Doutrina de Contenção (1947-1989)
  Durante a Guerra Fria, período marcado pela disputa mundial por poder entre os Estados Unidos e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), a política estadunidense para a América Latina foi remodelada, passando a ser orientada segundo a Doutrina de Contenção, que pretendia impedir a expansão do socialismo no mundo. Esta política foi uma resposta a uma série de jogadas da União Soviética para expandir a influência comunista na Europa Oriental, China, Coreia e Vietnã.
  Para alcançar esse objetivo, várias estratégias foram desenvolvidas pelos Estados Unidos, como a criação do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (Tiar) e da Organização dos Estados Americanos (OEA), e a realização de vários tipos de intervenções nos países latino-americanos.
Charge ironizando a Guerra Fria
Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (Tiar)
  O Tratado Interamericano de Assistência Recíproca, também conhecido pela sigla Tiar ou como Tratado do Rio, é um tratado de defesa mútua celebrado entre os diversos países americanos.
  O Tiar foi assinado em 1947, na Conferência Interamericana para a Manutenção da Paz e da Segurança, realizada em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Ainda em vigor nos dias atuais, estabeleceu o direito à legítima defesa de um país ("defesa individual") ou de vários países americanos ("defesa coletiva"), em caso de ataque armado por parte de qualquer Estado.
  O princípio básico do Tiar consiste na ideia de que um ataque armado contra um Estado americano é considerado uma agressão contra todos os demais do continente, que ficam, assim, obrigados a se mobilizar contra um eventual Estado agressor.
Países membros do Tiar (azul escuro) e os que deixaram o tratado (azul claro)
A Organização dos Estados Americanos (OEA)
  Por iniciativa dos Estados Unidos, em 30 de abril de 1948 foi criada a OEA, na IX Conferência Interamericana, realizada em Bogotá. Todos os países do continente passaram a fazer parte desse organismo internacional (exceto Cuba, que foi expulsa em 1962 por alinhar-se à URSS).
  A OEA tem por objetivo promover a solidariedade entre os países-membros e o auxílio mútuo em questões econômicas, políticas, técnicas e científicas. Também como o Tiar, considera que a agressão externa a um dos países-membros significa agressão a todos.
  A Carta da Organização dos Estados Americanos foi assinada por 21 países, reunidos em Bogotá, Colômbia, onde a organização definia-se como um organismo regional dentro da Organização das Nações Unidas (ONU). Os países-membros se comprometiam a defender os interesses do continente americano, buscando soluções pacíficas para o desenvolvimento econômico, social e cultural.
  Membro fundador
  Membro subsequente
  Não-membros
  Em 11 de setembro de 2001 foi assinada a Carta Democrática Interamericana entre todos os países-membros da OEA. Este documento visa fortalecer o estabelecimento de democracias representativas no continente.
Estados Unidos: intervenções e apoio às ditaduras na América Latina
  Durante a Guerra Fria, os Estados Unidos realizaram vários tipos de intervenções em países da América Central para impedir que se alastrassem regimes políticos antiamericanos na região. Além disso, apoiaram golpes de Estado contra governos eleitos democraticamente na América do Sul, por entenderem, entre outros motivos, que os governantes golpistas poderiam agir de modo mais eficiente contra a ameaça que consideravam ser o socialismo. Dentre essas intervenções estão: Guatemala (1954), Cuba (1959), República Dominicana (1965), Ilha de Granada (1983-1984), Nicarágua (1988) e Panamá (1989).
  No Brasil, com o apoio político e do serviço secreto dos Estados Unidos, deu-se um golpe de Estado em 1964, contra o presidente João Goulart, e implantou-se a ditadura militar, regime que vigorou no país por mais de vinte anos (até 1985).
  Outros golpes de Estado também instalaram regimes militares autoritários no Uruguai (1973), no Peru (1962 e 1968), no Equador (1963), em Honduras (1963), no Chile (1973), na Argentina (1976), entre outros.
  Durante as ditaduras, milhares de pessoas, por serem contrárias ao regime, foram mortas, torturadas, presas e dadas como desaparecidas pelos militares.
Intervenções militares dos Estados Unidos em alguns países da América Latina
  • Quarta fase: o pós-Guerra Fria (1989 até os dias atuais)
  Após vários acontecimentos mundiais que contribuíram para o fim da Guerra Fria entre os anos 1989 e 1991, os Estados Unidos continuaram a exercer influência no continente americano.
  Entretanto, com a desagregação da União Soviética em 1991 e a crise do socialismo, a Doutrina de Contenção perdeu o sentido e teve de ser substituída por outras ações para que os Estados Unidos mantivessem sua hegemonia econômica e pudessem contornar problemas internacionais, como terrorismo, tráfico de drogas, migrações, entre outros.
Após os atentados de 2001, as atenções dos EUA se voltaram para o terrorismo
FONTE: Adas, Melhem. Expedições geográficas / Melhem Adas, Sérgio Adas. - 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2011.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

ANGOLA: PAÍS AFRICANO DE LÍNGUA PORTUGUESA E COM FORTE LIGAÇÃO COM O BRASIL

  Localizada na porção sudoeste do continente africano, na costa do Atlântico, Angola tem uma antiga relação com o Brasil. Durante mais de trezentos anos, cerca de 3 milhões de homens e mulheres angolanos foram escravizados e trazidos para trabalhar no Brasil. Assim, grande parte da população brasileira tem raízes angolanas.
  A língua oficial do país é o português, pois Angola foi colônia de Portugal desde o século XVI até 1975, quando proclamou sua independência, depois de quase quinze anos de luta. O povo angolano teve de enfrentar ainda mais de 25 anos de guerra civil até conquistar a paz em 2002 e iniciar um período de reconstrução e considerável crescimento econômico.
  Angola chama a atenção pelo tamanho do seu território, pelo extenso litoral atlântico, pela riqueza do solo e diversidade de vegetação - o país tem floresta tropical, matas de transição, vastas savanas e estepes. Mesmo com essas vantagens naturais, Angola vive um drama de enormes dimensões.
Imagem de satélite de Angola
HISTÓRIA DE ANGOLA
  O atual território de Angola, que pesquisas recentes de investigadores franceses comprovam ter sido habitado desde o Paleolítico Inferior, foi alvo ao longo de sua história de muita movimentação populacional, com sucessivas levas de povos bantos que migraram para o sul e para leste do território. Essas migrações mantiveram-se mais ou menos regulares até o fim do século XIX.
  Com o tempo, estas populações constituíram o povo bakongo, de língua kikongo. Outras populações fixaram-se inicialmente na região dos Grandes Lagos Africanos e, no século XVII, deslocaram-se para oeste, atravessando o Alto Zambeze até o Cunene (província no sul de Angola): esses grupos são designados atualmente de ngangela, ovambo e xindonga.
  No ano de 1568, entrava um novo grupo pelo norte, os jagas, que combateram os bakongo, empurrando-os para o sul, para a região de Kassanje. Por volta do século XVI, os nhanecas entraram pelo sul de Angola, atravessaram o Cunene e instalaram-se no planalto da Huíla. Nesse mesmo século, os hereros abandonaram suas terras, nos Grandes Lagos, e fixaram-se entre o deserto da Namíbia e a serra da Chela, no sudoeste angolano.
Migração do povo bantu
  A chegada dos primeiros europeus data de fins do século XV, mais precisamente em 1482, quando o navegador português Diogo Cão aportou na foz do rio Congo, onde no início do século XVI fundam a cidade de São Paulo da Assunção de Luanda, atual Luanda, capital do país.
  No século XVIII, entraram os ovambos, grandes técnicos na arte de trabalhar o ferro, que deixaram a sua região de origem no baixo Cubango e vieram estabelecer-se entre o alto Cubango e o Cunene. No mesmo século, os quiocos abandonaram o Catanga e atravessaram o rio Cassai. Instalaram-se inicialmente na Luanda, no nordeste de Angola, migrando depois para o sul.
  No século XIX, apareceu o último povo que veio instalar-se em Angola: os cuangares, que vieram do Orange, na África do Sul, em 1840, instalando-se no Alto Zambeze, sendo chamados de macocolos.
Rio Zambeze, em Angola
  As guerras entre estes povos eram frequentes. Os migrantes mais tardios eram obrigados a combater os que já estavam estabelecidos para lhes conquistar terras. Para se defenderem, os povos construíram muralhas em volta das sanzalas (povoações). Atualmente, há muitas ruínas de antigas muralhas de pedra. Essas muralhas são mais abundantes no planalto do Bié e no planalto do Huíla, onde se encontram, também, túmulos de pedra e galerias de exploração de minério, testemunho de civilizações mais avançadas do que geralmente se supõe. Em Angola existe a cidade de Mbanza Congo, localizada no norte do país, onde o rei angolano da época recebeu os portugueses como amigos e deixou-se converter ao cristianismo, recebendo o nome de Afonso I.
Encontro dos portugueses com a família real do Reino do Kongo
  Por volta de 1700, os portugueses dominavam uma área de cerca de 65 mil quilômetros quadrados, a partir do litoral de Luanda e Benguela até cerca de 200 quilômetro para o interior, objetivando manter aberta as rotas dos escravos a partir do planalto.
  Durante os séculos XVIII e XIX, a situação não se altera de maneira significativa, aumentando apenas a área de captura de escravos, que estendeu-se para o planalto central.
  No final do século XVIII, sob o comando do Marquês de Pombal, o todo-poderoso ministro do Rei de Portugal, ocorreu uma tímida tentativa de exploração de algumas riquezas do país. Essa tentativa fracassou por falta de apoio local e da própria metrópole, que estava mais interessada no desenvolvimento do Brasil com base nos escravos angolanos, obrigando Angola a continuar a manter o seu título de "mina da escravaria" e o seu papel de fornecedora de escravos para as plantações brasileiras.
Principais rotas de escravos para o Brasil
  No início do século XIX, começa a colonização efetiva do interior de Angola, motivada principalmente pela independência do Brasil e o fim do tráfico de escravos. A ocupação do interior tinha como objetivo inibir às pretensões de outras potências europeias que tinham interesse no continente africano, como Inglaterra, França e Alemanha.
  Devido à ausência de vias de comunicação terrestres, as campanhas de ocupação do interior são feitas através dos cursos fluviais, por meio das bacias dos rios Cuango, Cuanza, Cubango, Cunene, Alto Zambeze, entre outros.
  Em 1823, em Benguela, surgiu a Conferência Brasílica, um movimento com a finalidade de juntar Angola ao recém-independente Brasil. Esse movimento foi formado por colonos e soldados de Benguela, que em boa parte provinham do território brasileiro. O governo colonial, trouxe soldados de Portugal e esmagou essa revolta. No final do século XIX ocorre a definição das fronteiras do território de Angola.
Figura de Luanda por volta de meados do século XIX
  Em 1910, após a implantação de um regime republicano em Portugal, começa uma nova fase da colonização de Angola. Os republicanos haviam reclamado do abandono das colônias por parte de Portugal e, após chegarem ao poder, incentivaram o desenvolvimento das suas colônias, principalmente criando escolas.
  No final da década de 1930, Portugal inicia o cultivo de novos produtos em Angola, como café, sisal, cana-de-açúcar, milho, entre outros. O cultivo desses produtos tem como objetivo atender ao mercado externo. As fazendas produtoras e as indústrias transformadoras desses produtos se concentravam entre as cidades de Luena e Benguela.
  A partir da década de 1940, inicia-se com maior intensidade a exploração de minério de ferro. Em 1957, funda-se a Companhia Mineira do Lobito, que explorava as minas de Jamba, Cassinga e Txamutete.
Exploração de minério de ferro na mina de Cassinga - Angola
  A partir da década de1950, começa o movimento de descolonização afro-asiática. Nesse contexto, em 1956, é publicado o primeiro manifesto do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).
  A partir de 1972, começa um novo ciclo econômico em Angola, após a descoberta e o início da exploração petrolífera na colônia.
Guerra de Independência de Angola
  A Guerra de Independência de Angola, também conhecida como Luta Armada de Libertação Nacional, foi um conflito armado entre as forças independentistas de Angola (UPA/FNLA - União das Populações de Angola e Frente Nacional de Libertação de Angola, respectivamente -, UPNA - União das Populações do Norte de Angola-, MPLA - Movimento Popular de Libertação de Angola - e, posteriormente, a UNITA - União Nacional para a Independência Total de Angola) e as Forças Armadas de Portugal. Essa guerra teve início em fevereiro de 1961, quando um grupo de cerca de 200 angolanos, ligados ao MPLA atacou a Casa de Reclusão Militar, em Luanda, a Cadeia da 7ª Esquadra da Polícia, a sede dos CTT (Correios de Portugal) e a Emissora Nacional de Angola.
Membros da Unita
  Em 1954, o governo português cria o Estatuto do Indigenato, que dividia a população entre dois grupos: os "civilizados", vulgo cidadãos, e os "indígenas". Desta forma, os africanos das províncias ultramarinas não possuíam direitos políticos, não podiam formar partidos nem sindicatos, podiam estabelecer associações de caráter cultural, porém, sempre sob supervisão da PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado). Por outro lado, o estatuto permitia que os jovens africanos viajassem para Portugal para estudar nas universidades. Essa dupla situação forçou muitos cidadãos angolanos e moçambicanos a se organizarem na clandestinidade, definindo a luta armada como meio de atingir a independência.
Soldados portugueses nas matas de Angola
  Em Portugal, o Governo criou a Associação Casa dos Estudantes do Império, com o objetivo de formar elites a partir de naturais das províncias ultramarinas. Nesta associação, passaram vários estudantes, que mais tarde seriam líderes das guerrilhas de libertação, escritores e políticos, como Agostinho Neto, Amílcar Cabral, Eduardo Mondlane, Luandino Vieira, Marcelino dos Santos, Mário Pinto de Andrade, dentre tantos outros. Em 1961, cerca de cem estudantes africanos fogem de Lisboa para a França, onde uns foram estudar e outros se juntar aos movimentos independentistas.
  Dos três movimentos nacionalistas - UPA/FNLA, UPNA e MPLA - o MPLA era o de natureza mais elitista, pois nas suas fileiras a maioria eram membros dos estudantes que tinham ido para Portugal e que faziam parte de famílias afro-portuguesas de elite, não tendo origem étnica.
Soldados da MPLA
  Em 1961, o Estatuto do Indigenato chega ao fim, e os angolanos "indígenas" passam a ter cidadania portuguesa, sem qualquer tipo de discriminação. Um ano depois, Adriano Moreira, ministro do Ultramar (responsável pela administração civil dos territórios ultramarinos sob domínio colonial português), revogou o Código do Trabalho dos Indígenas, criado em 1956. Este código estabelecia que o sistema de exploração econômica iria ser sustentado pela mão de obra indígena, em geral com baixos salários. Com a revogação, os indígenas passaram a trabalhar espontaneamente e a escolher para quem trabalhar, bem como ter acesso à função pública. Teve também o fim da obrigatoriedade das culturas específicas e foi criado os mercados rurais dos produtores angolanos.
  Nessa época, várias colônias europeias do Reino Unido, França, Alemanha e Bélgica se tornaram independente, porém, Portugal não permitiu que esse episódio acontecesse com suas colônias, contribuindo para o surgimento de vários movimentos independentistas em Angola, como o UPA/FNLA, MPLA, Unita, entre outros menores. Essas três organizações que combatiam a presença portuguesa em Angola, nunca chegaram a trabalhar juntas, o que poderia fortalecer o movimento, pelo contrário, combateram entre si, enfraquecendo a hipótese de saírem vitoriosos do conflito.
Embarque das tropas portuguesas rumo à Angola
  Em abril de 1974, aconteceu em Portugal a Revolução dos Cravos, um golpe militar que pôs fim à ditadura em Portugal. Os novos detentores do poder proclamaram de imediato a sua intenção de permitir a independência das colônias portuguesas.
  A perspectiva de independência provocada pela Revolução dos Cravos e a cessação imediata dos combates por parte das forças militares portuguesas em Angola, levou a uma acirrada luta armada pelo poder entre os três movimentos e seus aliados: a FNLA entrou em Angola com um exército regular, treinado e equipado pelas forças armadas do Zaire, com o apoio dos Estados Unidos; o MPLA conseguiu mobilizar rapidamente a intervenção de milhares de soldados cubanos, com o apoio logístico da União Soviética; a Unita obteve o apoio das forças armadas do regime do apartheid, que dominava a África do Sul. Os esforços do novo regime português para que se constituísse um governo de unidade nacional não tiveram êxito por causa das disputas entre os grupos guerrilheiros angolanos.
Mulher angolana guerrilheira do MPLA
  O conflito armado provocou a saída de milhares de portugueses radicados em Angola, além de provocar o colapso na economia angolana.  Os Ovimbundu (um dos maiores grupos étnicos de Angola) tinham sido recrutados pela administração colonial para trabalhar nas plantações de café e tabaco e nas minas de diamantes do Norte, decidiu voltar às suas terras de origem no planalto central.
  No dia 11 de novembro de 1975 foi proclamada a independência de Angola, pelo MPLA em Luanda, e pela FNLA e Unita, em conjunto no Huambo. Com isso, as forças armadas de Portugal que ainda permaneciam no território angolano, regressaram para seu país.
O presidente do MPLA, Antônio Agostinho Neto, proclama a independência de Angola
Guerra Civil Angolana
  Com a independência de Angola começaram dois processos que se condicionaram mutuamente. Por um lado, o MPLA - que em 1977 adotou o marxismo-leninismo como doutrina - estabeleceu um regime político e econômico inspirado pelo modelo então em vigor nos países do "bloco socialista", ou seja, monopartidário e baseado numa economia estatal, de planificação central.
  Por outro lado, iniciou-se logo após a declaração de independência a Guerra Civil Angolana entre os três movimentos, uma vez que a FNLA e, sobretudo, a Unita não se conformaram nem com a sua derrota militar nem com a sua exclusão do sistema político. Esta guerra durou até 2002 e terminou com a morte, em combate, do líder histórico da Unita, Jonas Savimbi.
Jonas Savimbi após ter sido morto em 2002
  Essa guerra provocou a morte de milhares de mortes e feridos e destruições em aldeias, cidades, infraestruturas (estradas de ferro, rodovias, pontes). Uma parte da população rural, especialmente a do Planalto Central e algumas regiões do Leste, fugiu para as cidades ou para países vizinhos. Com a decadência do socialismo, o MPLA decidiu abandonar a doutrina marxista-leninista e mudar o regime para um sistema de democracia multipartidária e uma economia de mercado. A Unita e a FNLA aceitaram participar do novo regime, concorrendo às primeiras eleições no país, em 1992, do qual o MPLA saiu vencedor. Essa vitória foi contestada pela Unita, alegando fraudes, retomando de imediato a guerra, apesar de ao mesmo tempo, participar do sistema político.
  Com a morte de seu líder, Jonas Savimbi, a Unita abandonou as armas, e seus militares foram desmobilizados ou integrados nas Forças Armadas Angolanas, passando a concentrar-se na participação política, como partido, no parlamento e outras instâncias políticas.
Parlamento de Angola
  Com o acordo de paz, Angola, depois de quatro décadas de conflito armado, começou a reconstrução e, graças a um notável crescimento da economia, o país teve um crescimento econômico bastante acentuado, porém, ainda existe fortes disparidades regionais e desigualdades sociais.
  Como resultado da guerra civil que assolou o país desde que se tornou independente de Portugal, em 1975, as condições de vida são bastante precárias. Com uma população de mais de 20 milhões de habitantes, a sua grande maioria vive em péssimas condições. A fome e a miséria são os problemas mais sérios, seguidos de elevado número de crianças e jovens que diariamente são mutilados pela explosão de minas espalhadas pelo território. Angola detém um dos altos índices de mortalidade infantil do planeta: a cada mil nascimentos morrem 130 crianças antes de completar um ano de idade.
Edifício na cidade de Huambo - marcas da guerra civil angolana
GEOGRAFIA DE ANGOLA
  Angola situa-se na costa atlântica sul da África, entre a Namíbia e a República do Congo, fazendo fronteira também com a República Democrática do Congo e com Zâmbia. O país encontra-se dividido entre uma faixa costeira árida, que se estende desde a Namíbia chegando até aproximadamente à Luanda, um planalto interior úmido, uma savana seca no interior sul e sudeste, e a floresta tropical no norte e em Cabinda. O rio Zambeze e vários afluentes do rio Congo têm as suas nascentes em Angola.
  A faixa costeira é temperada, influenciada pela corrente de Benguela, originando um clima semelhante ao da costa do Peru ou da Baixa Califórnia. Existe uma estação de chuvas curta, que vai de fevereiro a abril. Os verões são quentes e secos e os invernos são temperados. As terras altas do interior têm um clima suave, com uma estação chuvosa que vai de novembro a abril, seguida por uma estação seca, mais fria, que vai de maio a outono.
Mapa climático de Angola
  Ao sul de Luanda, no município de Samba, existe um conjunto de falésias denominado de Miradouro da Lua. Ao longo do tempo, a erosão provocada pelo vento e pela chuva foi criando a paisagem de tipo lunar, sendo bastante visitada por turistas do mundo inteiro.
Miradouro da Lua
  Na hidrografia, Angola é atravessada por importantes rios que descem do interior em vales profundos, alargando-se depois nas proximidades do oceano, formando baías e portos naturais, como os de Luanda, Lobito e Namibe.
  As principais bacias hidrográficas são as dos rios Zaire, Mbridge, Cuanza (a maior do país), Queve, Cunene e Cuanza. O principal lago existente no território angolano é o lago Dilolo.
  As altitudes variam bastante, variando entre 1.000 e 2.000 metros. O ponto culminante do país é o Morro de Moco, com 2.620 metros de altitude.
Morro de Moco - ponto culminante de Angola
DEMOGRAFIA DE ANGOLA
  A população angolana possui uma composição bastante complexa. Cerca de 95% dos angolanos são africanos bantu, pertencentes a uma diversidade de etnias. Entre essas etnias, a mais importante é a dos ovimbundu, que representa 37% da população, seguidos dos ambundu com 25%, os bakongo 13%, e os 25% restantes pertencem a outros grupos, como côkwes, ovambos, mbundas. Os 5% da população pertencem a europeus, chineses, mestiços, e várias outras minorias.
Mapa étnico de Angola
  A densidade demográfica de Angola é baixa (18,07 hab./km²) e extremamente desigual: as áreas urbanas, em constante expansão, contrapõem-se a grandes extensões pouco habitadas. A expectativa de vida também é baixa (49,62 anos) e há um elevado índice de mortalidade infantil (104,30/mil nascidos vivos). O crescimento vegetativo também é elevado (2,78% ao ano). Esses números refletem diretamente na pirâmide etária do país, que possui uma base larga e um topo estreito, significando que há um elevado número de crianças e adolescentes e poucos idosos.
Pirâmide etária de Angola
  Apesar da taxa de alfabetização ser baixa (67,4%), é um dos melhores do continente africano neste quesito, fruto do regime marxista-leninista.
ECONOMIA DE ANGOLA
  A economia angolana baseia-se na exploração de petróleo e na extração de diamantes. O país tem atraído muitos investimentos de diversos países, incluindo o Brasil.
  Até a década de 1970, a economia de Angola era dependente basicamente da atividade agrícola, que foi bastante afetada pela guerra civil, colocando o país, juntamente com Guiné-Bissau entre os mais pobres do planeta. Com o fim da guerra, o país vem apresentando boas taxas de crescimento, apoiadas principalmente pelas exportações de petróleo.
Agropecuária
  O café foi o principal produto de exportação de Angola. Apesar de perder importância por causa do petróleo, no setor agrícola ainda é o principal produto do país. Outros cultivos comerciais são cana-de-açúcar, algodão, fumo, cacau e borracha. No sistema de subsistência são cultivados sisal, milho, óleo de coco, arroz, batata, banana e amendoim. Na pecuária, os maiores rebanhos são de bovinos, caprinos e suínos.
Cultivo de batatas em Angola
Mineração
  Angola é rica em minerais, especialmente diamantes, petróleo e minério de ferro. Possui também jazidas de cobre, manganês, fosfato, sal, mica, chumbo, estanho, ouro, prata e platina. As minas de diamantes estão localizadas perto de Dundo, na província de Luanda Norte. O petróleo começou a ser explorado em 1966 e hoje é o principal produto de exportação do país. A produção petrolífera encontra-se quase toda na costa litorânea. Atualmente, Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África Subsaariana, perdendo apenas para a Nigéria.
  Em 1975, foram localizados depósitos de urânio perto da fronteira com a Namíbia.
Plataforma de petróleo em Angola
Indústria
  As principais indústrias do território angolano são as de beneficiamento de oleaginosas, cereais, carnes, algodão e fumo. Destaca-se também a produção de açúcar, cerveja, cimento e madeira, além do refino de petróleo. Outras indústrias importantes são as de pneus, fertilizantes, celulose, vidro e aço. O parque fabril angolano é alimentado por cinco usinas hidrelétricas, que dispõem de um potencial energético superior ao consumo.
Sede da Sonangol - estatal angolana do ramo petrolífero
Setor terciário
  O sistema ferroviário de Angola compõe-se de cinco linhas que ligam o litoral ao interior. A mais importante delas é o Caminho de Ferro de Benguela, que faz a conexão com as linhas de Catanga, na fronteira com a República Democrática do Congo. A rede rodoviária, em sua maioria constituída de estradas de segunda classe, liga as principais cidades do país. Os portos mais movimentados são os de Luanda, Benguela, Lobito, Namibe e Cabinda. O aeroporto de Luanda é o centro de linhas aéreas que põem o país em contato com outras cidades africanas, europeias e o resto do mundo.
Estrada de ferro em Huambo - Angola
Construção civil
  Após décadas de guerra, Angola teve sua infraestrutura bastante danificada. Após a chegada da paz e as divisas provenientes da exploração petrolífera, o setor da construção civil obteve um grande crescimento nas últimas décadas, sendo responsável por cerca de 29% dos investimentos externos do país. O crescimento do setor se deu graças à reconstrução da infraestrutura nacional e ao setor imobiliário. Dentre as empresas desse setor, destacam-se as portuguesas Mota-Engil, Teixeira Duarte, Soares da Costa, Somague ou Edifer, e as brasileiras Odebrecht, Camargo Corrêa, Genea Angola, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez.
Novos condomínios residenciais no sul de Luanda
  A reconstrução de Angola, contudo, ainda tem muito que avançar. Apesar do alto crescimento econômico, existem problemas muitos graves, como a pobreza da maioria de sua população e os serviços públicos, como saúde e educação, que ainda são muito precários.
ALGUNS DADOS DE ANGOLA
NOME OFICIAL: República de Angola
CAPITAL: Luanda
Visão noturna da orla marítima de Luanda
GENTÍLICO: angolano (a), angolense
LÍNGUA OFICIAL: português
GOVERNO: República Presidencialista
INDEPENDÊNCIA: de Portugal, em 11 de novembro de 1975
LOCALIZAÇÃO: África Meridional
ÁREA: 1.246.700 km² (22°)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2015): 13.228.357 habitantes (68°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 10,61 habitantes/km² (185°). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativas 2015):
Luanda: 3.007.653 habitantes
Luanda - capital e maior cidade de Angola
Huambo: 1.304.423 habitantes
Huambo - segunda maior cidade de Angola
Lobito: 872.137 habitantes
Lobito - terceira maior cidade de Angola
PIB (Banco Mundial 2013): US$ 114,833 bilhões (60°). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
IDH (ONU 2014): 0,526 (149°). Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
Mapa do IDH dos países
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU 2012): 52,4 anos (184°). Obs: a expectativa de vida ou esperança de vida, expressa a probabilidade de tempo de vida média da população. Reflete as condições sanitárias e de saúde de uma população.
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU 2005-2010): 2,78% (20°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma determinada população.
TAXA DE NATALIDADE (ONU 2005-2010): 44,51/mil (8°). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook 2007): 24,2/mil (4°). Obs: a taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um índice demográfico que reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região por um período de tempo e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook 2013): 104,3/mil (188°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é contada de menor para maior.
TAXA DE FECUNDIDADE (Nações Unidas 2015): 5,79 filhos/mulher (5°). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é contada de maior para menor.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook 2014): 70,4% (167°). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook 2013): 57,6% (100°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
PIB PER CAPITA (FMI 2013): US$ 5.845 (90°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população.
MOEDA: Kwanza
RELIGIÃO: em Angola existem cerca de mil religiões, que estão organizadas em igrejas ou formas análogas. Cerca de metade da população seguem a religião católica, uma quarta parte seguem o protestantismo. Os praticantes de religiões tradicionais africanas são minorias. Há em torno de 1 a 2% de islâmicos. Em 2013, Angola se tornou o primeiro país do mundo a proibir o islamismo. Cerca de 94,3% dos angolanos são cristãos, 4,7% seguem seitas tradicionais, e 1% são ateus ou sem religião.
Igreja católica em Benguela
DIVISÃO: Angola tem a sua divisão administrativa composta por 18 províncias. A divisão administrativa do território mais pequena é o bairro na cidade, enquanto que nos meios rurais é a povoação. Os números correspondem as províncias no mapa: 1. Bengo 2. Benguela 3. Bié 4. Cabinda 5. Kuando Kubango 6. Kwanza Norte 7. Kwanza Sul 8. Cunene 9. Huambo 10. Huíla 11. Luanda 12. Lunda Norte 13. Lunda Sul 14. Malanje 15. Moxico 16. Namibe 17. Uíge 18. Zaire.
FONTE: Sampaio, Fernando dos Santos. Para viver juntos: geografia, 7° ano: ensino fundamental / Fernando dos Santos Sampaio, Marlon Clóvis de Medeiros. - 3. ed. - São Paulo: Edições SM, 2012. - (Para viver juntos)

sábado, 24 de maio de 2014

CIGANOS: A MAIOR MINORIA EXCLUÍDA DA EUROPA

  Ciganos é um exônimo para roma e designa um conjunto de populações nômades que têm, em comum, a origem indiana e uma língua (o romani) originária do noroeste do subcontinente indiano. Também são conhecidos pelos termos boêmios, gitanos, calons (no Brasil), judeus (em Minas Gerais), quicos (também em Minas Gerais e em São Paulo), calés e calôs. Essas populações constituem minorias étnicas em inúmeros países do mundo.
  Grande parte da população cigana reside na Europa. Pouco se sabe sobre a origem e os costumes desse povo, além dos estereótipos amplamente difundidos. É fato, no entanto, que há muito tempo a população cigana sofre perseguição e discriminação em todo o mundo.
  Além de migrarem voluntariamente, esses grupos também foram historicamente submetidos a processos de deportação, subdividindo-se em vários clãs, denominados segundo antigas profissões, procedência geográfica, que falam línguas ou dialetos diferentes.
Ciganos romenos
HISTÓRIA
  Muitos, quando ouvem a palavra "cigano", pensam em povos nômades que preveem o futuro. Há diversas teorias sobre a origem destes povos, pois não existem muitos registros sobre sua história inicial.
  Somente a partir de meados do século XVIII, os primeiros livros sobre os ciganos europeus foram publicados e, quase todos os autores reforçaram ainda mais os estereótipos negativos. Muitos acreditam que sua origem vem do Egito, outros  da Índia ou do Paquistão. No final do século XVIII, antropólogos culturais levantaram a hipótese da origem indiana dos roma, baseada na evidência linguística - o que foi posteriormente confirmado pelos dados genéticos, tendo originados de populações do noroeste do Subcontinente Indiano, das regiões do Punjab e do Rajastão, tendo sido obrigados a emigrar em direção ao ocidente entre os anos 500 e 1.000 d.C. A saída da Índia provavelmente, foi motivado pelas invasões do sultão Mahmud de Ghazni. Mahmud fez várias incursões no norte da Índia, capturando os povos que ali viviam.
  Por volta de 1019-1020, o sultão saqueou a cidade sagrada de Kannauj, que era então, uma das mais antigas e letradas da Índia, capturando milhares de pessoas e vendendo-as em seguida aos persas. Estes, por sua vez, venderam os prisioneiros como escravos na Europa.
Rotas migratórias do povo cigano na Europa
  No Leste Europeu, cerca de 2.300 deles foram para as zonas dos principados cristãos ortodoxos da Transilvânia e da Moldávia, onde foram convertidos em escravos do príncipe, dos conventos e dos latifúndios.
  Em 1422, chegam a Bolonha, na Itália, em 1428 a França e a Suíça e, em 1500, ao Reino Unido.
  No século XV, vários povos, como judeus, muçulmanos e ciganos são perseguidos na Europa. Na Alemanha e nos Países Baixos, os ciganos eram exterminados a tiros por caçadores pagos por cabeça.
  Atualmente, eles vivem espalhados pelo mundo, e grande parte deles se concentra na Europa, continente no qual sofreram o maior massacre de sua história. A Romênia, com cerca de 2,5 milhões de ciganos, é o país que abriga o maior contingente dessa minoria no mundo.
Porcentagem da população cigana em cima da população total na Europa
  No período da Alemanha nazista, os ciganos foram um dos principais alvos do massacre contra minorias. Além dos judeus, os ciganos foram exterminados durante o holocausto (1939-1945) e alguns historiadores apontam que 25% da população cigana desapareceu. Entre 200.000 e 500.000 ciganos europeus teriam sido exterminados nos campos de concentração nazistas. Os ciganos também foram reprimidos e perseguidos em outros locais da Europa como Itália e Espanha.
  Os ciganos fazem parte de uma das minorias étnicas mais marginalizadas da Europa. A Suíça foi um dos primeiros países a instituir leis contra os ciganos em seu território, por volta de 1470.
Ciganas húngaras
  Com o fim da Segunda Guerra Mundial, grande parte da população cigana migrou para os Estados Unidos, país que aglomera cerca de 1 milhão de ciganos.
  O Relatório do Banco Mundial (BM) de 2008 afirmou que em alguns casos os ciganos são até dez vezes mais pobres que o resto da população europeia. Sua expectativa de vida é entre 10 a 15 anos menor que a média e sofrem altos níveis de discriminação nos setores de educação, trabalho, casa e saúde.
  Em 2006, o Conselho Europeu iniciou uma campanha para tentar combater a questão.
  No dia 2 de abril de 2009, o presidente do Parlamento Europeu, Hans-Gert Pöttering, recebeu um prêmio pelo trabalho desenvolvido na defesa dos direitos da comunidade cigana na Europa.
  No final de julho de 2010, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, decidiu, após dois incidentes envolvendo membros franceses da comunidade cigana, promover o retorno em massa dos ciganos à Romênia e Bulgária, o que suscitou uma grande polêmica.
Ciganas francesas
  Sempre que a situação fica mais difícil, os ciganos voltam a ser perseguidos. Embora a situação geral tenha melhorado com o fim do comunismo há mais de 20 anos e o ingresso da Romênia na União Europeia, para a minoria, as mudanças trouxeram retrocesso. Na era comunista, os ciganos eram integrados ao sistema de produção, embora em profissões simples. Muitos trabalhavam como ajudantes na construção civil. Com a privatização e o fechamento de empresas, foram os primeiros a serem demitidos em consequência da baixa qualificação.
Policial observa ciganos que embarcam para a Romênia, no aeroporto de Marselha - França
A RELIGIÃO DOS CIGANOS
  Os ciganos não têm uma religião própria, um Deus próprio, sacerdotes ou cultos originais. O mundo do sobrenatural para eles é constituído pela presença de uma força benéfica, Del ou Devél, e de uma força maléfica, Beng, contrapostas, numa espécie de zoroastrismo, provável resíduo de influências que esta crença teve sobre grupos que, em época remota, atravessaram o Irã.
  As crenças ciganas incluem uma série de entidades, cuja presença se manifesta sobretudo à noite. Em geral, os ciganos parecem ter-se adaptados, ao longo da história, às confissões vigentes nos países que os hospedaram, embora sua adesão pareça ser exterior ou superficial, com maior atenção aos aspectos coreográficos das cerimônias, como as procissões e as peregrinações, próprias de uma religiosidade popular, sobretudo católica.
Ciganas em ritual de Umbanda
CULTURA
  Os ciganos não representam um povo compacto e homogêneo. Mesmo pertencendo a uma única etnia, existe a hipótese de que a migração desde a Índia tenha sido fracionada no tempo e que, desde sua origem, eles fossem divididos em grupos e subgrupos, falando dialetos diferentes, ainda que afins entre si. O acréscimo de componentes léxicos e sintáticos das línguas faladas nos países que atravessaram no decorrer dos séculos, acentuou fortemente tal diversificação, a tal ponto que podem ser tranquilamente definidos como dois grupos separados, que reúnem subgrupos muitas vezes em evidente contraste social entre si.
Ciganas brasileiras
  As diferenças de vida, a forte vocação ao nomadismo de alguns, contra a tendência à sedentarização  de outros pode gerar uma série de contrastes que não se limitam a uma simples incapacidade de conviver pacificamente.
  Muitas pessoas de origem cigana tornaram-se famosos. Dentre eles se destacam ou destacaram: Juscelino Kubitschek, ex-presidente do Brasil, Zlatan Ibrahimovic, jogador sueco, Ricardo Quaresma, jogador da seleção portuguesa, dentre outros.
Juscelino Kubitschek - primeiro presidente de origem cigana do Brasil
FONTE: Projeto Araribá: geografia / organizadora Editora Moderna: obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna; editor responsável Fernando Carlo Vedovate. - 3. ed. - São Paulo: Moderna, 2010.

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