A expressão América Anglo-Saxônica refere-se aos países das Américas que tem como principal idioma o inglês e que também possuem laços históricos, étnicos, linguísticos e culturais com o Reino Unido. Os dois países que compõem essa parte do continente são os Estados Unidos e o Canadá.
No continente americano existe outros países que também possuem forte relação com o Reino Unido, mas não fazem parte da América Anglo-Saxônica devido a sua condição de subdesenvolvimento, como Belize e algumas ilhas do Caribe, na América Central, e a Guiana, na América do Sul.
Os Estados Unidos é um dos países mais extensos do mundo. Ele contém terras contínuas, onde se encontram 48 dos 50 estados da Federação e ainda porções descontínuas, como os estados do Alasca (que se situa ao norte do Canadá) e o Havaí, um arquipélago vulcânico que se localiza no oceano Pacífico.
|
Divisão política dos Estados Unidos |
O Canadá, mesmo tendo vasta extensão (é o segundo maior país em extensão do mundo, perdendo apenas para a Federação Russa), apresenta baixa densidade demográfica. Essa característica pode ser explicada pelo fato de boa parte de sua área localizar-se nas proximidade e até mesmo dentro do Círculo Polar Ártico, o que resulta em condições climáticas extremamente rigorosas, dificultando, assim, a ocupação do território canadense.
Os Estados Unidos e o Canadá apresentam grande diversidade de paisagens em razão da interação entre suas formas de relevo, seus tipos climáticos e suas formações vegetais.
|
Divisão política do Canadá |
O RELEVO DA AMÉRICA ANGLO-SAXÔNICA
Os territórios do Canadá e dos Estados Unidos são divididos em três grandes unidades de relevo: as montanhas e planaltos antigos do leste, as montanhas jovens do oeste e as planícies centrais.
|
Mapa físico da América Anglo-Saxônica |
Montanhas e planaltos antigos do leste
Essa área da América Anglo-Saxônica abrange os planaltos Laurenciano e do Labrador e os montes Apalaches, um conjunto de planaltos e montanhas muito antigos e desgastados pela erosão, que atua há muito tempo sobre as rochas formadas nos primeiros períodos da Terra e, por isso, apresentam altitudes moderadas, oscilando entre mil e dois mil metros. Sendo a primeira região a ser colonizada pelos europeus, encontra-se hoje intensamente transformada. Seus recursos naturais, especialmente os minérios, sustentaram por muito tempo a industrialização dos Estados Unidos. O ponto culminante dessa porção do relevo é o monte Mitchell, nos Estados Unidos, com 2.037 metros. A planície litorânea ou costeira acompanha o contorno do oceano Atlântico.
|
Monte Mitchell, nos Estados Unidos |
Montanhas jovens do oeste
Estão situadas em uma extensa área de contato entre a placa tectônica do Pacífico e a Norte-Americana. Nesta região, no período terciário da Era Cenozoica (entre 70 e 2 milhões de anos atrás), formou-se uma ampla cadeia de montanhas denominada de Montanhas Rochosas ou Rochosas. Essa extensa cordilheira chega a elevar-se cerca de 4 mil metros de altitude, chegando a mais de 6 mil metros.
As Montanhas Rochosas seguem por mais de 4.800 quilômetros a partir da parte norte da Colúmbia Britânica, no oeste do Canadá, até o Novo México, no sudoeste dos Estados Unidos. O pico mais alto de toda a América Anglo-Saxônica é o monte McKinley, no Alasca, com 6.194 metros acima do nível do mar.
|
Monte McKinley |
As Montanhas Rochosas foram formadas há cerca de 65 milhões de anos atrás pela Orogenia Laramide. A erosão pela água e os glaciares são os principais agentes modeladores do relevo na região, dando origem a vales e picos íngremes.
Grande parte da cordilheira foi transformada no Parque Nacional das Montanhas Rochosas. Atualmente, a área conservada preserva os ecossistemas naturais e a beleza cênica do local. O turismo é uma das principais atividades econômicas desenvolvidas na região.
|
Parque Nacional das Montanhas Rochosas, no Canadá |
Na porção oeste dos Estados Unidos encontra-se o Grand Canyon, formado em áreas constituídas de rochas sedimentares, que, no decorrer de milhões de anos, vem sendo desgastadas pelas águas do Rio Colorado, que percorre a região. Os processos erosivos vêm desenhando longos e profundos vales em forma de canyons.
O Grand Canyon é considerado uma das sete maravilhas naturais do mundo e é um ponto turístico visitado por milhares de turistas anualmente. Possui cerca de 126.025 metros e fica localizado entre Las Vegas e Albuquerque.
|
Grand Canyon |
Planícies Centrais
Localizado no centro da América Anglo-Saxônica, as planícies centrais são extensas áreas de planície que vão do Golfo do México até as águas do Oceano Glacial Ártico, cujas altitudes vão além dos 500 metros. O Rio Mississipi atravessa as planícies centrais nos Estados Unidos e forma, com seus afluentes vindos dos montes Apalaches a leste e das montanhas Rochosas a oeste, uma densa rede hidrográfica. No norte, os lagos são muito numerosos, caracterizando as planícies lacustres do Canadá. No centro, aparecem as planícies dos Grandes Lagos. Essas planícies correspondem às regiões mais férteis dos dois países.
|
Cataratas do Niágara, nas planícies centrais canadenses |
A HIDROGRAFIA DA AMÉRICA ANGLO-SAXÔNICA
A América Anglo-Saxônica possui uma enorme região lacustre no nordeste, na fronteira dos Estados Unidos com o Canadá - a chamada região dos Grandes Lagos. Existe também vários lagos interiores, como o Superior, Michigan, Erie e Ontário, em meio a muitos outros menores. Esses lagos estão ligados ao oceano Atlântico pelo rio São Lourenço.
A América Anglo-Saxônica possui vários rios de grande importância para os dois países. Esses rios estão divididos em quatro vertentes: Pacífico, Golfo do México, Atlântico e Ártico.
|
Mapa da hidrografia da América Anglo-Saxônica |
Vertente do Ártico
Essa vertente compreende os rios que nascem nas Montanhas Rochosas ou no Planalto Canadense e correm para o norte. A maior parte deles deságua na Baía de Hudson.
A principal característica dos rios da vertente Ártica é que suas águas ficam congeladas durante boa parte do ano, pois estão localizados em altas latitudes da América Anglo-Saxônica. Além disso, são rios sem muita importância socioeconômica, pois correm sobre terras escassamente povoadas ou despovoadas.
O Rio Mackenzie é o maior e mais importante rio da vertente Ártica. Ele nasce no Grande Lago de Escravo e deságua no Oceano Glacial Ártico, depois de percorrer mais de 4.200 quilômetros sobre terras geladas do Canadá.
|
Rio Mackenzie |
Vertente do Pacífico
Devido ao relevo das regiões que percorre, os rios da vertente do Pacífico são geralmente pequenos e têm curso encachoeirado, pois quase sempre descem das altas montanhas do Oeste.
Na América Anglo-Saxônica, diferente dos rios da América Latina, onde as montanhas jovens são mais largas e de menores altitudes que na América do Sul, há alguns rios de relativa expressão. Entre eles, destaca-se o Rio Colorado.
O Rio Colorado nasce no planalto de mesmo nome e seu curso tem 2.334 quilômetros. Ao percorrer rochas sedimentares pouco resistentes à erosão, o Rio Colorado escavou profundos vales chamados canyons, como o Grand Canyon.
|
Rio Colorado na Horseshoe Bend (Dobra da Fechadura) |
Vertente do Golfo do México
Diversos rios deságuam no Golfo do México, vindos tanto das montanhas jovens do oeste quanto das montanhas velhas do leste. O principal deles é o rio Mississipi.
O Mississipi nasce perto dos Grandes Lagos e corre para o sul, atravessando a grande planície que leva seu nome. É um típico rio de planície, sendo navegável em quase toda a sua extensão, que é de 3.779 quilômetros. Graças a sua condição de navegabilidade, esse rio desempenhou um papel histórico importante, a ponto de ser apelidado de "rio da unidade nacional".
|
Nascente do Rio Mississipi |
Além do Mississipi, outro rio destaca-se na vertente do Golfo do México: o Rio Grande. Esse rio nasce no Planalto do Colorado e serve de fronteira natural entre os Estados Unidos e o México. Por dividir os dois países, vários mexicanos e latino-americanos já morreram tentando atravessá-lo para buscar trabalho e melhores condições de vida nos Estados Unidos.
|
Rio Grande, na fronteira entre os Estados Unidos e o México |
Vertente do Atlântico
A vertente do Atlântico é a mais extensa de todo o continente americano. É também a mais importante por causa do grande número de bacias que dela fazem parte e do papel desempenhado por muitos rios no povoamento e na economia das regiões que percorrem.
Na América Anglo-Saxônica, ao contrário da América do Sul, os rios dessa vertente são de pequena dimensão, com exceção do Rio São Lourenço, que nessa porção do continente, é o principal rio da vertente do Atlântico. Outro rio de grande importância, por banhar uma das maiores cidades do mundo, Nova York, é o Rio Hudson.
|
Rio Hudson |
O Rio São Lourenço, que conecta os Grandes Lagos com o
oceano Atlântico. Sua foz é o Golfo de São Lourenço, o maior estuário do
mundo. Às margens desse rio encontram-se importantes cidades como
Kingston, Montreal, Quebec e Trois-Riviéres, no Canadá.
|
Rio São Lourenço, em Quebec - Canadá |
A região dos Grandes Lagos
Os Grandes Lagos são um conjunto de cinco lagos situados na América Anglo-Saxônica. Formado pelos lagos Superior, Michigan, Huron, Erie e Ontário, os Grandes Lagos são o maior grupo de lagos de água doce do mundo. Esses lagos nasceram com o recuo da imensa calota glaciária que, há mais de 10 mil anos, cobria o Canadá e o norte dos Estados Unidos.
|
Imagem de satélite dos Grandes Lagos |
A região dos Grandes Lagos é dotada de uma singular importância histórica, cultural e econômica para os Estados Unidos e o Canadá, que apresentam perto das suas margens as mais tradicionais zonas de povoamento e industrialização. Além de desempenharem, há mais de um século, o papel de zona de trânsito e transporte entre polos industriais, passou a servir, a partir de 1959, também à navegação e ao comércio transoceânico em razão da abertura da via marítima do Rio São Lourenço. Essa via permite aos navios de regiões distantes chegarem a importantes cidades, como Detroit, Cleveland e Chicago, nos Estados Unidos, ou Toronto e Hamilton, nas margens canadenses, todas situadas longe das costas marítimas mais acessíveis.
|
Lago Superior, no Canadá |
A intensa e antiga presença humana vem gerando sérios impactos ambientais e alterações nas paisagens dessa porção da América Anglo-Saxônica, e a poluição das águas representa hoje uma das mais sérias ameaças à exuberância de sua natureza.
O CLIMA DA AMÉRICA ANGLO-SAXÔNICA
|
Mapa climático da América Anglo-Saxônica |
A inter-relação entre fatores naturais existentes na América Anglo-Saxônica propiciam a formação de uma grande variedade de climas e vegetação.
A totalidade da América Anglo-Saxônica situa-se ao norte do Trópico de Câncer, onde o clima temperado, predominante na região, é responsável por temperaturas médias anuais inferiores a 20ºC. O clima temperado caracteriza regiões cuja temperatura varia regularmente ao longo do ano, com a média acima de 10ºC, nos meses mais quentes, e entre -3ºC e -18ºC, nos meses mais frios. Esse clima possui quatro estações bem definidas: um verão relativamente quente, um outono com temperaturas gradativamente mais baixas com o passar dos dias, um inverno frio, e uma primavera com temperaturas gradativamente mais altas com o passar dos dias. A umidade depende da localização e condições geográficas de uma dada região.
|
Clima temperado continental úmido de Nova York - EUA |
A cadeia montanhosa, localizada a oeste do território, representa uma barreira natural para as massas de ar que vêm do oceano Pacífico em direção ao interior do continente. Essa barreira bloqueia a umidade das chuvas e contribui para a formação de áreas de desertos.
As áreas desérticas da América Anglo-Saxônica correspondem ao deserto de Sonora, do qual faz parte os desertos do Arizona e o de Mojave, na Califórnia, localizados no oeste dos Estados Unidos.
|
Deserto de Sonora, no Arizona - EUA |
Nos territórios anglo-saxões localizados nas porções norte do continente, registra-se a presença de climas mais frios, visto que há menor incidência direta de radiação solar nas áreas de elevada latitude. Nessas áreas predomina o clima polar.
O clima polar possui temperaturas médias muito baixas ficando entre -30ºC. No verão as temperaturas não ultrapassam os 10ºC, porém, durante o inverno a temperatura pode chegar a -50ºC. Os ventos são intensos e o solo fica coberto de gelo a maior parte do ano. No inverno há dias em que o Sol não nasce - a chamada noite polar - e no verão, há dias em que o Sol não se põe no horizonte - o chamado sol da meia-noite.
|
Área de clima polar em Nunavut - Canadá |
A corrente marítima quente do Golfo, propicia a entrada de ventos úmidos e a formação de climas mais chuvosos na porção leste dos Estados Unidos. Já as correntes frias, como a da Califórnia que atinge a porção oeste do território estadunidense, diminuem a evaporação, favorecendo a existência de climas mais frios e secos.
A VEGETAÇÃO DA AMÉRICA ANGLO-SAXÔNICA
|
Mapa das formações vegetais da América Anglo-Saxônica |
A vegetação obedece às condições impostas pelo clima. Na América Anglo-Saxônica, as principais formações vegetais presentes são a floresta temperada, a floresta boreal ou taiga, a savana, a vegetação de estepes e pradarias, a vegetação mediterrânea, a vegetação de altitude, a tundra e a vegetação desértica.
Tundra
Localizada no extremo norte do continente, nos territórios do Canadá e do Alasca, a vegetação de tundra é um tipo de vegetação que só ocorre durante o curto verão polar, quando o gelo derrete e a vegetação floresce e se reproduz. É composta por arbustos, ciperáceas - plantas herbáceas -, gramíneas, líquens e musgos. Logo após o verão, quando se reinicia o longo inverno, a tundra volta a desaparecer sob o gelo.
|
Vegetação de tundra no norte do Canadá |
Floresta de coníferas
Também denominada de floresta boreal ou taiga, desenvolve-se em regiões de clima frio que apresenta apenas duas estações: um inverno longo e um verão curto. No Canadá, usa-se o termo floresta boreal para designar a parte mais meridional desse bioma, e o termo taiga é usado para designar as áreas menos arborizadas ao sul da linha de vegetação arbórea do Ártico.
Na floresta de coníferas, diferente da tundra, o solo descongela por completo no verão permitindo a formação de florestas aciculifoliadas - plantas com folhas em forma de agulha - e há migração de animais de grande e médio portes. As principais espécies desse tipo de vegetação são larícios, abetos, pinheiros e espruces, além de algumas plantas de folhas largas, como vidoeiros, faias, salgueiros e sorveiras.
|
Floresta boreal no Canadá |
Floresta temperada
A floresta temperada é um tipo de vegetação que cresce nas áreas onde as quatro estações do ano são bem definidas. A vegetação predominante é a caducifólia - que perde suas folhas durante uma certa estação do ano. As principais espécies são o carvalho, os bardos, as faias, as nogueiras, entre outras. Atualmente, essa vegetação se encontra fortemente alterada pela ação humana.
|
Floresta temperada em Oregon - EUA |
Vegetação de estepes e pradarias
As estepes e as pradarias ocorrem na região central dos Estados Unidos, cuja vegetação predominante são gramíneas e herbáceas. É uma formação vegetal de planície com poucas árvores, composta de herbáceas e pequenos bosques. As estepes ocorrem mais em áreas de clima semiárido e as pradarias ocorrem em áreas de clima mais úmido. Às vezes aparece numa zona de transição vegetativa e climática entre a área de savana e o deserto.
|
Vegetação de pradarias em Kansas - EUA |
Vegetação desértica
Ocorre nas regiões onde atua o clima desértico, muito seco ao longo do ano. Nessas áreas encontram-se plantas adaptadas a escassez de água, as denominadas plantas xerófilas.
As paisagens desérticas têm alguns elementos em comum. O solo do deserto é principalmente composto de areia, com frequente formação de dunas. Paisagens de solo rochoso são típicas, e refletem o reduzido desenvolvimento do solo e a escassez de vegetação. Os processos de erosão eólica (provocada pelo vento) são importantes fatores na formação de paisagens desérticas.
|
Deserto do Arizona - EUA |
Vegetação de alta montanha
Localizada nas áreas de altas montanhas, trata-se de uma vegetação bastante variável conforme a altitude e a posição do relevo. Predominantemente campestre, é composta de gramíneas e arbustos nas partes mais baixas do relevo, e musgos e línquens nas partes mais elevadas.
|
Vegetação de montanhas no Canadá |
Vegetação mediterrânea
O litoral sudoeste dos Estados Unidos apresenta uma vegetação densamente arborizada, caracterizada por árvores de pequeno e médio porte adaptadas a períodos secos. Essa região, normalmente, recebe ventos úmidos e chuva durante o inverno, apresentando verões quentes e secos e invernos úmidos e frios.
|
Vegetação mediterrânea, na Califórnia - EUA |
FONTE: Torrezani, Neiva Camargo. Vontade de saber geografia, 8º ano / Neiva Camargo Torrezani. - 1. ed. - São Paulo: FTD, 2012.