quarta-feira, 15 de maio de 2013

ÁSIA: BERÇO DAS MAIORES RELIGIÕES DO PLANETA

  As três maiores religiões do mundo originaram-se na Ásia: a cristã, a islâmica e a hinduísta, sem contar nas outras religiões importantes, como o budismo, o xintoísmo, o sikiismo e o judaísmo.
BUDISMO 
  Originário da Índia, o budismo é uma religião e filosofia não-teísta (não inclui a ideia de um Deus ou vários deuses), abrangendo uma variedade de tradições, crenças e práticas, baseadas nos ensinamentos atribuídos a Siddhartha Gautama, mais conhecido como Buda. Buda viveu e desenvolveu seus ensinamentos no nordeste do subcontinente indiano, entre os séculos VI e IV a.C.
Gautama com seus cinco companheiros, que mais tarde compuseram a primeira Sangha (Comunidade Monástica Budista).
  O budismo chegou tardiamente à China, no século I d.C., vindo da Índia. O budismo chinês (e também o japonês) é diferente do primitivo budismo indiano, pois foi reelaborado no contato com a cultura chinesa. O fundamental no budismo é a ideia de "despertar" ou nirvana, um estágio de meditação profunda que conduz ao conhecimento último das coisas. Tudo é mutável, está em movimento, se transforma, dizia Buda. Não devemos nos apegar às coisas transitórias, a fatos e pessoas, nem ao próprio "eu", pois tudo seriam formas de ilusão.
  No budismo é a força de samsara sobre alguém. Boas ações (kusala), e/ou ações ruins (akisala) geram "sementes" na mente, que virão a aflorar nesta vida ou em um renascimento subsequente. Com o objetivo de cultivar as ações positivas, o sila é um conceito importante do budismo, geralmente, traduzido como "virtude", "boa conduta", "moral" e "preceito".
Porcentagem de budistas por país
  No budismo, o carma se refere especificamente a essas ações (do corpo, fala, mente) que brotam da intenção mental (cetana) e que geram consequências (frutos) e/ou resultados (vipaka). Cada vez que uma pessoa age, há alguma qualidade de intenção em sua mente e essa intenção muitas vezes não é demonstrada pelo seu exterior, mas está em seu interior e este determinará os efeitos dela decorrentes.

Estátua de Buda em Macau - China
 O budismo possui entre 230 milhões a 500 milhões de adeptos no mundo, sendo a quinta maior religião do planeta. A China é o país que tem a maioria dos adeptos do budismo no mundo, com mais de 113 milhões.
XINTOÍSMO
  Xintoísmo é o nome dado à espiritualidade tradicional do Japão e dos japoneses, considerado também uma religião pelos estudiosos ocidentais. A palavra Shinto ("Caminho dos Deuses") foi adotada do chinês escrito, através da combinação de dois kanjis: "shin", que significa "deuses" ou "espíritos" (originalmente da palavra chinesa shen), e "", ou "do", que significa "estudo" ou "caminho filosófico" (originalmente da palavra chinesa tao). Os termos yamato-kotoba e Kami no michi costumam ser usados de maneira semelhante, e apresentam significados similares.
Ise Jingu - Honden em Naku, principal dos santuários xintoístas japoneses.
  O xintoísmo incorpora práticas espirituais derivadas de diversas tradições pré-históricas japonesas, locais e regionais, porém, não surgiu como instituição religiosa formalmente centralizada até a chegada do budismo, confucionismo e daoísmo no país, a partir do século VI. O budismo gradualmente se adaptou, no Japão, à espiritualidade nativa, como por exemplo, na inclusão do kami, componente da crença xintoísta, entre os bodisatvas (bosatsu).
  O xintoísmo caracteriza-se pelo culto à natureza, aos ancestrais, e pelo seu politeísmo, com uma forte ênfase na pureza espiritual, e que tem como uma de suas práticas honrar e celebrar a existência de Kami, que pode ser definido como "espírito", "essência" ou "divindades", e é associado com múltiplos formatos compreendido pelos fiéis. Em alguns casos apresentam uma forma humana, em outros animística, e em outros é associado com forças mais abstratas, "naturais" do mundo (montanhas, rios, relâmpago, vento, ondas, árvores, rochas).
  Estima-se que no mundo todo sejam mais de 140 milhões de adeptos do xintoísmo, sendo o Japão o país com o maior número de seguidores, com cerca de 119 milhões.
Ficheiro:Itsukushima torii angle.jpg
Torii no santuário de Itsukushima
SIKHISMO
  O sikhismo é uma religião monoteísta fundada em fins do século XV em Punjab (região dividida entre o Paquistão e a Índia) pelo Guru Nanak (1469-1539). Habitualmente retratado como o resultado de um sincretismo entre elementos do hinduísmo e do islamismo (o sufismo), o sikhismo apresenta, contudo, elementos de originalidade que obrigam a um repensar desta fisão redutora.
  O termo sikh significa, na língua punjab, "discípulo forte e tenaz". A doutrina básica do sikhismo consiste na crença em um único Deus e nos ensinamentos dos Dez Gurus do sikhismo, recolhidas no livro sagrado dos sikhs, o Guru Granth Sahib, considerado o décimo-primeiro e último Guru.
Ficheiro:Golden Temple 3.jpg
O Templo de Ouro, em Amritsar, Índia
  Para o sikhismo, Deus é eterno e sem forma, sendo impossível captá-lo em toda a sua essência. Ele foi o criador do mundo e dos seres humanos e deve ser alvo de devoção e de amor por parte dos humanos.
  O sikhismo ensina que os seres humanos estão separados de Deus devido ao egocentrismo que os caracteriza. Esse egocentrismo (haumai) faz com que os seres humanos permaneçam presos no ciclo dos renascimentos (samsara) e não alcancem a libertação, que no sikhismo é entendida como a união com Deus. Os sikhs acreditam no karma, segundo o qual as ações positivas geram frutos positivos e permitem alcançar uma vida melhor e o progresso espiritual; a prática de ações negativas leva à infelicidade e ao renascer em formas consideradas inferiores, como em forma de planta ou de animal. Deus revela-se aos homens através de sua graça (Nadar), permitindo a estes alcançar a salvação. O Divino dá-se a ouvir, revelando-se enquanto nome. Segundo os ensinamentos do Guru Nanak e dos outros gurus, apenas a recordação constante do nome (nam simaram) e a repetição murmurada do nome (nam japam) permite os seres humanos libertar-se do haumai.
  O número de seguidores do sikhismo no mundo é de cerca de 25 milhões de adeptos, sendo que na Índia é onde se encontra o maior número de seguidores dessa religião.
Peregrino sikh no Templo de Ouro
JUDAÍSMO
  O judaísmo é uma das três principais religiões abraânicas, definida como a "religião, filosofia e modo de vida" do povo judeu. Originário da Bíblia Hebraica (também conhecida como Tanakh) e explorado em textos posteriores, como o Talmud, é considerado pelos judeus religiosos como a expressão do relacionamento e da aliança desenvolvida entre Deus com os Filhos de Israel. De acordo com o judaísmo rabínico tradicional, Deus revelou as suas leis e mandamentos a Moisés no Monte Sinai, na forma de uma Torá (instrução, apontamento, lei) escrita e oral. esta foi historicamente desafiada pelo caraítas, um movimento que floresceu no período medieval, que mantém vários milhares de seguidores atualmente e que afirma que apenas a Torá escrita foi revelada. Nos tempos modernos, alguns movimentos liberais, tais como o judaísmo humanista, podem ser considerados não-teístas.
Símbolos do judaísmo em sentido horário: castiçais do Shabat, cálice de lavagem das mãos, Chumash e Tanakh, ponteiro da Torá, shofar e caixa de etrog.
  O judaísmo afirma uma continuidade histórica que abrange mais de 3.000 anos. É uma das mais antigas religiões monoteístas e a mais antiga das três grandes religiões abraâmicas que sobrevive até os dias atuais. Os hebreus/israelitas já foram referidos como judeus nos livros posteriores ao Tanakh, como o Livro de Ester, com o termo judeus substituindo a expressão "Filhos de Israel". Os textos, tradições e valores do judaísmo foram fortemente influenciados mais tarde por outras religiões abraâmicas, incluindo o cristianismo, o islamismo e a Fé Bahá'í (uma religião monoteísta fundada por Bahá'u'llah na Pérsia do século XIX, que enfatiza a unidade espiritual da humanidade. Trata-se de uma religião independente que possui as suas próprias leis, escrituras sagradas, administração e calendário. Mas não possui dogmas, clero nem sacerdócio). Muitos aspectos do judaísmo também foram influenciados, direta e indiretamente, pela ética secular ocidental e pelo direito civil.
Edifício sede da Casa Universal da Justiça em Haifa - Israel, corpo administrativo da comunidade internacional bahá'í
  A história do judaísmo é a história de como se desenvolveu a religião principal da comunidade judaica que, ainda que não seja unificada, contém princípios básicos que a distingue de outras religiões. De acordo com a visão religiosa, o judaísmo é uma religião ordenada pelo Criador através de um pacto eterno com o patriarca Abraão e sua descendência. Já os estudiosos creem que o judaísmo seja fruto da fusão e evolução de mitologias e costumes tribais da região do Levante (localizada no Oriente Médio) unificadas posteriormente mediante a consciência de um nacionalismo judaico.
  Ainda que seja intimamente ligada à história do povo judeu, a história do judaísmo se distingue por enfatizar  somente a evolução da religião e como esta influenciou o povo judeu e o mundo.
O sacrifício de Abraão, por Rembrandt
  O princípio básico do judaísmo é a unicidade absoluta de YHWH (nome de Deus de Israel) como Deus e criador, onipotente, onisciente, onipresente, que influencia todo o universo, mas não pode ser limitado de forma alguma. A afirmação da crença no monoteísmo manifesta-se na profissão de fé judaica, conhecida como Shemá. Assim, qualquer tentativa de politeísmo é fortemente rechaçada pelo judaísmo, bem como é proibido seguir ou oferecer prece a outros que não seja YHWH.
  O judaísmo posterior ao exílio no entanto assumiu a existência de uma corte espiritual na qual Deus seria uma espécie de rei, o qual controlaria seres para execução de sua vontade (anjos). Esta visão era aceita pelos fariseus e passada para o posterior judaísmo rabínico, mas no entanto desprezada pelos saduceus.
Judeus rezando em Yom Kipur, de Maurycy Gottlieb
  O judaísmo defende uma relação especial entre Deus e o povo judeu, manifestada através de uma revelação contínua de geração a geração. O judaísmo crê que a Torá é a revelação eterna dada por Deus aos judeus. Os judeus rabinitas e caraítas também aceitam que homens através da história judaica foram inspirados pela profecia, sendo que muitas das quais estão explícitas nos Neviim e nos Kethuvim. O conjunto destas três partes formam as Escrituras Hebraicas conhecidas como Tanakh.
  A profecia dentro do judaísmo não tem caráter exclusivamente adivinhatório como assume em outras religiões, mas manifesta-se na mensagem da Divindade para com seu povo e o mundo, que poderia assumir o sentido de advertência, julgamento ou revelação quanto à Vontade da Divindade. Esta profecia tem um lugar especial desde o princípio do mosaísmo, seguindo pelas escolas de profetas posteriores (que serviam como conselheiros dos reis) e tendo seu auge com a época dos dois reinos. Oficialmente se reconhece que a época dos profetas encerra-se entre o período do exílio babilônico e do retorno a Judá. No entanto, o judaísmo reconheceu diversos profetas durante a época do Segundo Templo e durante o posterior período rabínico.
Estrela de Davi - principal símbolo do judaismo
  Em 2010, a população judaica foi estimada em cerca de 13,4 milhões de adeptos, sendo que Israel é o país com o maior número de seguidores dessa religião.
TAOÍSMO
  O taoísmo, também chamado daoísmo, é uma tradição filosófica e religiosa originária da China que enfatiza a vida em harmonia com Tao (romanizado atualmente como "Dao"). O termo Tao significa "caminho", "via" ou "princípio", e também pode ser encontrado em outras filosofias ou religiões chinesas. No taoísmo, no entanto, Tao se refere a algo que é tanto a fonte quanto a força motriz por trás de tudo que existe.
  É, basicamente, indefinível: "O Tao do qual se pode discorrer não é o eterno Tao". A principal obra do taoísmo é o Tao Te Ching, um livro conciso e ambíguo que contém os ensinamentos atribuídos a Lao Zi. Juntamente com os escritos de Zhuangzi, estes textos formam os alicerces filosóficos do taoísmo. Este taoísmo filosófico, individualista por natureza, não foi institucionalizado.
Símbolo do taoísmo
  Ao longo do tempo, no entanto, foram sendo criadas formas institucionalizadas do taoísmo por meio de diferentes escolas que, frequentemente, misturaram crenças e práticas que antecediam até mesmo os texto-chave do taoísmo - como, por exemplo, as teorias da Escola dos Naturalistas, que sintetizavam os conceitos como o do yin-yang e o dos cinco elementos. As escolas taoistas tradicionalmente reverenciam Lao Zi (Lao Tsé) e os "imortais" ou "ancestrais" e possuem diversos rituais de adivinhação e exorcismo, além de práticas que visam a atingir êxtase e obter mais longevidade ou mesmo a imortalidade.
Estátua de Lao Tsé, em Fujian - China
  Dentre as filososfias adotadas pelo taoísmo, estão:
  • Do "caminho", surge "um" (aquele que está consciente), de cuja consciência, por sua vez, surge o conceito de "dois" (yin e yang), dos quais o número "três" está implícito (céu, terra, humanidade); produzindo, finalmente, por extensão, a totalidade do mundo como o conhecemos, "as dez mil coisas", através da harmonia do wu xing. O caminho, enquanto passa pelos cinco elementos do wu xing, é também visto como circular, agindo sobre si mesmo através da mudança para simular um ciclo de vida e morte nas 10.000 coisas do universo fenomênico.
  • Aja de acordo com a natureza e com a sutileza, em lugar de força.
  • A perspectiva correta será encontrada pela atividade mental da pessoa, até chegar a uma fonte mais profunda que guie sua interação pessoal com o universo. O desejo obstrui a habilidade pessoal de entender o caminho, moderar o desejo gera descontentamento. Os taoístas acreditam que, quando um desejo é satisfeito, outro, mais ambicioso, brota para substituí-lo. Em essência, a maioria dos taoistas sente que a vida deve ser apreciada como ela é, em lugar de forçá-la a ser o que não é. Idealmente, não se deve desejar nada, "nem mesmo não desejar".
  • Unidade: ao perceber que todas as coisas (inclusive nós mesmos) são interdependentes e constantemente redefinidas pela mudança das circunstâncias, passamos a ver todas as coisas como elas são e a nós mesmos como apenas uma parte do momento presente. Essa compreensão da unidade nos leva a uma apreciação dos fatos da vida e do nosso lugar neles como simples momentos miraculosos que "apenas são".
  • Dualismo: a oposição e combinação dos dois princípios básicos yin e yang - do universo é uma grande parte da filosofia básica. Algumas das associações comuns com yang e yin, respectivamente, são: masculino e feminino, luz e sombra, ativo e passivo, movimento e quietude. Os taoístas acreditam que nenhum dos dois é mais importante ou melhor que o outro. Na verdade, nenhum pode existir sem o outro, porque eles são aspectos equiparados do todo. São, em última análise, uma distinção artificial baseada em nossa percepção das 10.000 coisas, portanto, é só a percepção delas que realmente muda.
Representação do tao, o conceito fundamental do taoísmo, na escrita chinesa
CRISTIANISMO
  O cristianismo é uma religião abraâmica monoteísta que está assentada na prática de cultuar Jesus Cristo, filho de Deus. Essa prática foi estabelecida por seus apóstolos (seguidores), chamados cristãos.
  Os primeiros cristãos, assim como Cristo fizera, seguiam a prática da religião judaica, mas com o diferencial de incluir referências a Jesus Cristo. O cristianismo passou a existir como religião autônoma quando se separou do judaísmo.
  A fé cristã baseia-se na crença de que Cristo viveu, morreu e ressuscitou para a redenção de todo aquele que crer em sua mensagem.
  A religião cristã possui três vertentes principais: o Catolicismo, a Ortodoxia Oriental (separada do catolicismo em 1504 após o Grande Cisma do Oriente) e o Protestantismo (que surgiu durante a Reforma Protestante do século XVI). O protestantismo é dividido em grupos menores chamados de denominações.

O Sermão da Montanha por Carl Heinrich Bloch - pintor denamarquês.
JESUS CRISTO
  Poucos são os registros da vida de Cristo. Praticamente tudo o que se sabe a seu respeito está nos Evangelhos, livros que fazem parte do Novo Testamento. Segundo a narrativa bíblica, Jesus nasceu em Belém, na Judeia, e passou a infância na cidade de Nazaré. Aos 30 anos de idade começou a propagar suas mensagens e, três anos depois, foi condenado a morrer na cruz.
  Os seguidores do cristianismo, conhecidos como cristãos, acreditam que Jesus seja o Messias profetizado na Bíblia Hebraica (a parte das escrituras comum tanto ao cristianismo quanto ao judaísmo). A teoria cristã ortodoxa alega que Jesus teria sofrido, morrido e ressuscitado para abrir o caminho para o céu aos humanos. Os cristãos acreditam que Jesus teria ascendido aos céus, e a maior parte das denominações ensina que Jesus irá retornar para julgar todos os seres humanos, vivos e mortos, e conceder a imortalidade aos seus seguidores. Jesus também é considerado para os cristãos como modelo de uma vida virtuosa, tanto como o revelador quanto a encarnação de Deus. Os cristãos chamam a mensagem de Jesus Cristo de Evangelho ("Boas Novas"), e por isto referem-se aos primeiros relatos de seu ministério como evangelhos.
Cristo crucificado
  O cristianismo iniciou-se como uma seita judaica e, como tal, da mesma maneira que o próprio judaísmo e o islamismo, é classificada como uma religião abraâmica (descendentes de Abraão). Após se originar no Mediterrâneo Oriental, rapidamente se expandiu em abrangência e influência, ao longo de poucas décadas; no século IV já havia se tornado a religião dominante no Império Romano. Durante a Idade Média, a maior parte da Europa foi cristianizada, e os cristãos também seguiram sendo uma significante minoria religiosa no Oriente Médio, Norte da África e em partes da Índia.
  Depois da Era das Descobertas, através do trabalho missionário e da colonização, o cristianismo se espalhou para as Américas e pelo resto do mundo. O cristianismo desempenhou um papel de destaque na formação da civilização ocidental, pelo menos desde o século IV.
  Atualmente, o cristianismo conta com cerca de 2,4 bilhões de fiéis, representando cerca de um quarto a um terço da população mundial, e é uma das maiores religiões do mundo, sendo também, a religião de Estado de diversos países.

O batismo de Cristo, por Francesco Albani
  A Bíblia, "livro" sagrado dos cristãos, é, na verdade, uma compilação de diversos livros. Compreende os livros do Antigo Testamento (anteriores a Cristo) e os do Novo Testamento (posteriores a Cristo). Reunindo um conjunto de códigos de conduta e moral, para os cristãos, ela é a palavra de Deus, enviada para guiá-los.
ISLAMISMO
  O elemento comum e unificador dos diversos povos e culturas que compõem a civilizaçãoislâmica é a religião criada por Maomé no século VII, conhecida como maometana ou muçulmana.
  A cultura muçulmana ou islâmica, é uma religião abraâmica que abrange atualmente uma imensa região que vai da Turquia, na parte leste da Europa, até o Paquistão e Bangladesh, no sul da Ásia, incluindo, também, o norte da África. A área onde a cultura islâmica é mais forte e estabelecida, é o Oriente Médio e parte do Sudeste Asiático.
Mapa do domínio da religião islâmica
  Os princípios fundamentais dessa religião são: a reza obrigatória cinco vezes ao dia, de cócoras e com o rosto voltado em direção à Meca, a cidade sagrada para os muçulmanos; a peregrinação ou ida pelo menos uma vez na vida à Meca; o jejum obrigatório durante o Ramadã, o mês sagrado, no qual vários alimentos são proibidos e a alimentação só pode ser feita depois que o sol se põe; e o dízimo ou doação obrigatória de uma parte de sua renda aos pobres.
  Existe também o Jihad ou "Guerra Santa" contra os infiéis, a submissão da mulher ao homem, os castigos exemplares aos ladrões e criminosos (tais como chicotear ou decepar a mão em público).
Mulheres islâmicas do Irã
  Logo após a fundação da religião por Maomé, a adoção da nova fé deu início à união dos povos árabes, primeiro na área próxima às cidades de Meca e Medina, na atual Arábia Saudita. Ao longo dos séculos VII e VIII, o maometismo se expandiu para regiões distantes da Ásia, África e Europa, num processo de conquista e domínio político e cultural sobre outros povos.
  Durante vários séculos, o mundo islâmico rivalizou com o Ocidente, não apenas conquistando terras e povos, mas também desenvolvendo uma rica cultura. Os povos islâmicos alcançaram progressos notáveis na matemática, astronomia, literatura, filosofia, construção naval etc. No século XV, os turcos otomanos construíram um império às margens do Mediterrâneo, e os persas dominaram a porção leste do atual Oriente Médio. Esses impérios sempre foram dominados pela cultura árabe-islâmica.
Nações que têm o islamismo como religião estatal:
  Islamismo (Sunita ou Xiita)
  Islamismo Sunita
  Islamismo Xiita
   A partir do século XIX, a dominação britânica atingiu o mundo muçulmano, com o enfraquecimento - e desmembramento - do Império Turco. No início do século XX, foram criados os atuais países árabes: o povo árabe foi dividido em dezesseis países diferentes, cada um dominado por uma elite privilegiada. Até hoje, existe uma aspiração popular de união e criação de uma imensa nação árabe.

Mapa da porcentagem da população muçulmana no mundo
HINDUÍSMO
  O hinduísmo é uma tradição religiosa que se originou no subcontinente indiano. Mistura religião e filosofia, tem como divindades principais a trindade Brahma - representação da força criadora ativa do universo -, Vishnu e Shiva. Também chamada de bramanismo, constitui o grande elemento unificador da civilização hindu, que apresenta culturas diversificadas.
  A área sob o domínio da civilização hindu abrange, em primeiro lugar, a Índia, e em segundo lugar, alguns países vizinhos - Sri Lanka, Mianmar, Nepal, Butão e Tailândia. Em algumas outras nações, como o Paquistão, Bangladesh, Malásia e Indonésia, a cultura indiana também exerce alguma influência, embora o islamismo seja mais forte. Em grande parte do Sudeste Asiático (Vietnã, Laos, Camboja), a civilização indiana disputa a supremacia cultural com a chinesa, que predomina.
Brahma - uma das divindades do hinduísmo
  Num sentido mais abrangente, o hinduísmo engloba o bramanismo, a crença na "Alma Universal", Brahma; num sentido mais específico, o termo se refere ao mundo cultural e religioso, ordenado por castas, da Índia pós-budista. De acordo com o livro História das Grandes religiões, "o hinduísmo é um estado de espírito, uma atitude mental dentro de seu quadro peculiar, socialmente dividido, teologicamente sem crença, desprovido de veneração em conjunto e de formalidades eclesiáticas ou de congregação".
  O hinduísmo é citado como "a religião mais antiga", a "mais antiga tradição viva" ou a "mais antiga das principais tradições existentes". É formado por diferentes tradições e composto por diversos tipos, e não possui um fundador. Estes tipos, sub-tradições e denominações, quando somadas, fazem do hinduísmo a terceira maior religião, depois do cristianismo e do islamismo, com aproximadamente um bilhão de fiéis, dos quais cerca de 905 milhões vivem na Índia e no Nepal. Outros países com populações significativas de hinduístas são: Bangladesh, Sri Lanka, Paquistão, Malásia, Cingapura, Ilhas Maurício, Ilhas Fiji, Suriname, Guiana, Trinidad e Tobago, Reino Unido, Canadá e Estados Unidos.
Distribuição da população hindu no mundo
  O hinduísmo, uma mistura de religião e filosofia, é o elemento unificador dessa cultura bastante diversificada. Para alguns especialistas, o hinduísmo não é propriamente uma filosofia nem uma religião bem definida. Seria, antes de mais nada, um conjunto de ideias e de costumes que organiza ou cimenta uma sociedade extremamente complexa e hierarquizada. O hinduísmo tem uma enorme importância para manter a coesão social na Índia, onde convivem numerosos grupos étnicos.
  A fonte espiritual do hinduísmo encontra-se no Vedas, uma coleção de antigas preces, hinos e poemas. Os Vedas foram elaborados provavelmente por sábios anônimos e transmitidos durante muito tempo apenas oralmente, antes de serem escritos. Eles foram escritos pela primeira vez por sânscrito, uma língua morta que deu origem a inúmeros idiomas modernos.
Parte do Vedas
  Em síntese, os Vedas ensinam que todas as coisas e acontecimentos são manifestações diversas de uma mesma realidade, que existe dentro de cada um e no universo como um todo. O conhecer a si mesmo, passa a ser uma maneira de conhecer o mundo. A introspecção e a reflexão sobre si próprio em busca do equilíbrio, é essencial nessa cultura.
  Também a crença na transmigração da alma ou do carma de cada pessoa - ou seja, a existência numa época como ser humano de uma casta, ou de outra casta na geração seguinte, como peixe ou vaca em outra encarnação etc. - é fundamental nessa cultura, razão pela qual a própria vida humana não é tão valorizada quanto no Ocidente.
  Existem inúmeros deuses no hinduísmo, que variam conforme a área e o grupo étnico. Mas todos eles são apenas um ou este assume formas diversas conforme as circunstâncias. Na tentativa de absorver todas as religiões e filosofias importantes nessa imensa região - o hinduísmo chegou mesmo a considerar Buda, assim como Alá e Cristo, mais uma das facetas de seu Deus ou essência última de todas as coisas.
Shiva - principal Deus do hinduísmo
  A hierarquia é fundamental na cultura indiana. Ela assume a forma de castas, uma palavra que, para uns, deriva do latim castus, que significa "casto" ou "puro", e, para outros, deriva de sânscrito e significa "cor". As castas são grupos de pessoas - ou de famílias - que possuem determinadas tradições que os classificam hierarquicamente como mais "puros" ou "impuros" dentro da sociedade hinduísta.
  O conceito de "pureza", é fundamental no sistema de castas; ele se refere, não à higiene, e sim a hábitos e valores espirituais. Essas tradições são complexas e abrangem a alimentação, as vestimentas, as profissões etc. Comer carne de vaca, por exemplo, é considerado um hábito impuro, que só algumas castas - ou povos sem casta - muito inferior faria. Algumas profissões são tradicionalmente identificadas com certas castas, tais como as de sacerdotes, guerreiros, comerciantes, agentes funerários etc. Não existe nenhuma possibilidade de passar de uma casta para outra, nem por casamento nem por qualidades pessoais ou profissionais.
  Em ordem de posição social, são estas as principais castas tradicionais indianas, que possuem inúmeras subdivisões:
  • Brâmanes - sacerdotes;
  • Xátrias - guerreiros;
  • Vaixás - comerciantes, artesãos, camponeses;
  • Sudras - trabalhadores manuais;
  • Intocáveis - sem castas.  
FONTE: Projeto Araribá: geografia: ensino fundamental / obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna: editor executivo Fernando Carlo Vedovate. - 3. ed. - São Paulo: Moderna, 2010.

sábado, 4 de maio de 2013

A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO FABRIL

  No início da industrialização, mulheres e crianças também trabalhavam nas fábricas. Os trabalhadores eram submetidos a muitas horas de trabalho e recebiam salários baixos. Eles tiveram de adaptar-se de uma vida no campo para uma vida urbana. Se no campo o trabalho era realizado a céu aberto, nas fábricas ocorria em um local fechado, o que permitia controlar as atividades dos trabalhadores. No campo eles produziam seu próprio alimento, enquanto nas cidades dependiam de seu trabalho para ter dinheiro e poder comprar sua comida.
Crianças trabalhando numa fábrica durante o período da Revolução Industrial
  Aos poucos foram criadas formas de organização do trabalho fabril, como o taylorismo, o fordismo, o just-in-time e as ilhas de produção.
O TAYLORISMO E O FORDISMO
  A organização do trabalho fabril também passou por importantes transformações. No início do século XX, o engenheiro industrial estadunidense Frederick Winslow Taylor desenvolveu um sistema que ficou conhecido como taylorismo, que visava a divisão de tarefas no interior da fábrica para aumentar a eficiência. O taylorismo procurou fazer uma análise científica do trabalho na fábrica, retirando o improviso da produção de modo a controlar todas as etapas do processo produtivo.
Ficheiro:F. Taylor 1856-1915.jpg
Frederick Taylor (1856-1915) - o criador do taylorismo
  Há uma série de princípios enunciados por Taylor, no que concerne à administração. Eles são entendidos como máximas pelas quais a organização deve se orientar para melhorar sua eficiência, a partir de critérios supostamente científicos.
  Logo em seguida à implementação do taylorismo, Henry Ford, outro engenheiro industrial dos Estados Unidos, aplicou uma nova maneira de organizar o trabalho na sua fábrica de automóveis. Essa forma de organização do trabalho, denominada fordismo, visava acelerar o tempo de montagem dos automóveis. Para isso, em vez de os trabalhadores se deslocarem pela fábrica para realizar suas tarefas, eles ocupavam uma posição fixa na linha de montagem e trabalhavam sem sair do lugar. As peças passavam em uma esteira rolante e cada trabalhador realizava sua tarefa repetidas vezes: um só encaixava o motor, outro apenas parafusava o motor na carroceria, outro encaixava os bancos, e assim por diante.
Henry Ford (1863-1947) - idealizador do fordismo
  Com o fordismo, o trabalho se tornou repetitivo e monótono e os operários perderam o controle sobre o processo de produção, o ritmo e os resultados de seu trabalho. Por outro lado, a produtividade da indústria aumentou, pois uma quantidade maior de mercadorias era produzida em um tempo menor.
  O fordismo teve seu ápice no segundo pós-guerra (1945-1968), que ficou conhecido na história do capitalismo como "os anos dourados". Entretanto, a rigidez deste modelo de gestão industrial foi a causa do seu declínio. Ficou a famosa frase de Ford, que dizia que poderiam ser produzidos automóveis de qualquer cor, desde que fossem pretos. Isto porque a tinta preta secava mais rapidamente, e os carros poderiam ser montados em menos tempo.
Modelo de produção fordista
  A partir da década de 1970, o fordismo entra em declínio. A General Motors flexibiliza a sua produção e seu modelo de gestão. Lança diversos modelos de veículos, várias cores e adota um sistema de gestão profissionalizado, baseado em colegiados. Com isso, a GM ultrapassa a Ford, e se torna a maior montadora do mundo.
O JUST-IN-TIME
  As transformações na produção industrial continuaram acontecendo. Na década de 1990 uma forma de administração da produção, denominada just-in-time ("bem a tempo"), tornou-se muito popular. Seu criador foi Taiichi Ohno, um engenheiro chinês (filho de japoneses) que implantou o sistema na fábrica Toyota, em meados da década de 1960.
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Taiichi Ohno (1912-1990) - idealizador do Toyotismo
  O just-in-time consiste na prática de produzir apenas o necessário, quando necessário, para evitar possíveis desperdícios. É um método que evita manter grandes estoques, trabalhando praticamente sob encomenda, isto é, a partir do pedido do cliente. Essa prática é diferente do fordismo, em que primeiro se produzia - e muito - para depois tentar vender o produto.
  Além disso, o sistema just-in-time possibilita que os produtos sejam fabricados atendendo às exigências do consumidor. No caso de um automóvel, por exemplo, o cliente pode escolher a cor do veículo, os equipamentos opcionais, como: ar-condicionado, rádio e vidro elétrico, e até a potência do motor. É como se cada um dos carros que saem da fábrica tivesse sido produzido sob medida, ao gosto do comprador.
O toyotismo está ligado diretamente à robotização
AS ILHAS DE PRODUÇÃO
  Com o just-in-time, surgiram as chamadas ilhas de produção, onde o trabalho é desenvolvido em equipe. Cada ilha realiza praticamente todas as etapas da fabricação de um produto. Em um sistema de ilhas de produção, o trabalhador deve conhecer suas funções e as dos demais colegas de equipe, isto é, todos devem realizar todas as tarefas. O trabalho realizado em uma organização de ilhas facilita a comunicação, a integração e a troca de experiências entre as equipes. As ilhas também evitam que as tarefas se tornem monótonas, pois os trabalhadores desempenham diferentes funções. Além disso, permitem aumentar a produtividade industrial e diminuir o número de mercadorias com defeito de fabricação.
As ilhas de produção exigem qualificação profissional do trabalhador
  As inovações tecnológicas não param de expandir no setor industrial, pois a maioria das grandes empresas vêm investindo nesse sentido, criando programas para ampliar a capacidade de produção.
AS INOVAÇÕES E OS TRABALHADORES
  Uma das inovações mais importantes na produção industrial foi a introdução de robôs nas linhas de montagem. Inicialmente eles foram utilizados somente para operar em locais que colocavam a vida dos trabalhadores em risco, como ambientes radioativos ou de temperaturas muito elevadas. Porém, aos poucos, acabaram sendo utilizados para desenvolver funções rotineiras nas linhas de montagem. Essa inovação levou à perda do emprego muitos trabalhadores, cujas tarefas passaram a ser feitas por robôs.
  A modernização das indústrias gera desemprego, pois consegue aumentar a produção sem ampliar o número de empregados. Atividades que antes exigiam quatro trabalhadores, passaram a exigir apenas uma máquina e um operário.
Agência O Globo
Carro sendo produzido por robôs
  O desemprego causado pelas novas tecnologias - como a robótica e a informática - recebe o nome de desemprego estrutural. Ele não é resultado de uma crise econômica, e sim das novas formas de organização do trabalho e da produção. Tanto os países ricos quanto os pobres são afetados pelo desemprego estrutural, um dos mais graves problemas de nossos dias.
  Todas essas mudanças ocorridas na indústria e nos processos de produção alteraram a atuação dos sindicatos de trabalhadores em todo o mundo. Antes, a luta era, principalmente pelo aumento dos salários.
  Atualmente, a grande reivindicação dos trabalhadores passou a ser emprego. Os sindicatos propõem, entre outras medidas, a redução da jornada de trabalho sem a diminuição do salário e a criação de mais empregos, entre outros benefícios.
Manifestantes se reúnem no centro de Atenas para manifestação durante greve geral neste 1º de Maio
Trabalhadores na Grécia protestam contra o desemprego, em 1º de maio de 2013.
FONTE: Ribeiro, Wagner Costa. Por dentro da geografia, 6º ano: geografia em sua vida / Wagner Costa Ribeiro. 1. ed. - São Paulo: Saraiva, 2012.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

O MUNDO COMO FÁBULA, COMO PERVERSIDADE E COMO POSSIBILIDADE

A GLOBALIZAÇÃO COMO FÁBULA
 "[...] A máquina ideológica que sustenta as ações preponderantes da atualidade é feita de peças que se alimentam mutuamente e põe em movimento os elementos essenciais à continuidade do sistema. Damos aqui alguns exemplos. Fala-se, por exemplo, em aldeia global para fazer crer que a difusão instantânea de notícias realmente informa as pessoas. A partir desse mito e do encurtamento das distâncias - para aqueles que realmente podem viajar - também se difunde a noção de tempo e espaço contraídos. É como se o mundo houvesse tornado, para todos, ao alcance da mão. Um mercado avassalador dito global é apresentado como capaz de homogeneizar o planeta quando, na verdade, as diferenças locais são aprofundadas.  Há uma busca de uniformidade, ao serviço dos atores hegemônicos, mas o mundo se torna menos unido, tornando mais distante o sonho de uma cidadania verdadeiramente universal. Enquanto isso, o culto ao consumo é estimulado. [...]
A GLOBALIZAÇÃO COMO PERVERSIDADE
  De fato, para a grande maior parte da humanidade a globalização está se impondo como uma fábrica de perversidades. O desemprego crescente torna-se crônico. A pobreza aumenta e as classes médias perdem em qualidade de vida. O salário médio tende a baixar. A fome e o desabrigo se generalizam em todos os continentes. Novas enfermidades, como a Aids, se instalam e velhas doenças, supostamente extirpadas, fazem seu retorno triunfal. A mortalidade infantil permanece, a despeito dos progressos médicos e da informação. A educação de qualidade é cada vez mais inacessível. Alastram-se e aprofundam-se males espirituais e morais, como os egoísmos, os cinismos, a corrupção.
  A perversidade que está na raiz dessa evolução negativa da humanidade tem relação com a adesão desenfreada aos comportamentos competitivos que atualmente caracterizam as ações hegemônicas. Todas essas mazelas são direta ou indiretamente imputáveis ao presente processo de globalização.
UMA OUTRA GLOBALIZAÇÃO
  Todavia, podemos podemos pensar na construção de um outro mundo, mediante uma globalização mais humana. As bases materiais do período atual são, entre outras, a unicidade da técnica [...]. É nessas bases técnicas que o grande capital se apoia para construir a globalização perversa. Mas, essas mesmas bases técnicas poderão servir a outros objetivos, se forem postas ao serviço de outros fundamentos sociais e políticos. Parece que as condições históricas do fim do século XX apontavam para esta última possibilidade. [...]"
A proliferação de empresas transnacionais é a principal característica da globalização
FONTE: SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2004, p. 17-20.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

NACIONALISMO

  A expansão para o Oeste e a Guerra de Secessão nos Estados Unidos, as unificações alemã e italiana e a Era Meiji no Japão, têm um traço em comum: o sentimento nacionalista e patriótico de seus participantes. Tratava-se, então, de um sentimento recente na História mundial.
  A ideia de nação nasceu no começo da Idade Moderna com a formação dos Estados Nacionais. Os reis centralizavam todo o poder em suas mãos e impuseram seu governo ao povo. Organizou-se o Estado absolutista. O poder do rei, baseado no direito divino, era absoluto e a ele estava submetida a nação. Dessa forma, o Estado era mais forte do que a nação.
Luís XIV, rei da França, chegou a dizer "O Estado sou Eu".
  O Iluminismo e a Revolução Francesa difundiram as ideias de liberdade e de resistência contra a opressão. Os revolucionários franceses de 1789 derrubaram o rei e proclamaram que o povo era a nação. Surgiram movimentos nacionalistas com diferentes sentidos: contra o absolutismo (revoluções de 1830 e 1848), pela independência política (foi o caso do Brasil), pela modernização para garantir a soberania nacional (como fez o Japão), pela unificação (a Alemanha e a Itália) e pela união e expansão territorial (caso dos Estados Unidos).
Ficheiro:Eugène Delacroix - La liberté guidant le peuple.jpg
A Liberdade Guiando o Povo, por Eugéne Delacroix.
  No entanto, o que existia em comum nesses movimentos nacionalistas era a associação dos princípios liberais à concepção de nação. Defendia-se o direito de autodeterminação dos povos. Assim, o que caracteriza um grupo humano como nação é o fato de que, independentemente da diversidade religiosa, linguística ou cultural, todos os seus membros se identificam como portadores de uma mesma identidade nacional. Essa ideia de nação formou-se ao longo dos séculos XIX e XX.
  No final do século XIX, o nacionalismo se tornou cada vez mais agressivo. Os governantes das grandes potências defendiam o crescimento econômico a qualquer preço, a formação de um exército bem armado e treinado, a exaltação dos heróis nacionais, principalmente a repressão aos opositores (considerados "inimigos da pátria"). Esse patriotismo exagerado e autoritário foi chamado de chauvinismo.
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/40/Napoleon_in_His_Study.jpg
Napoleão I - defensor do Chauvinismo
  Outro elemento importante do chauvinismo consistiu na suposta superioridade moral, intelectual ou material de um povo. Os outros povos eram vistos como "inferiores" e "atrasados" e deveriam ser submetidos. Manifestações de xenofobia passaram a ocorrer contra grupos étnicos minoritários, como os judeus, migrantes, ex-escravos etc. (são exemplos de xenofobia da época: a perseguição e espancamento de judeus na Rússia e a intimidação e violência contra os negros no Sul dos Estados Unidos). O nacionalismo extremado acentuou as tensões políticas e a rivalidade econômica entre nações e grupos étnicos, conduzindo o mundo a um clima de guerra.
Ficheiro:Buchenwald Slave Laborers Liberation.jpg
Campo de Concentração de Buchenwald - o holocausto contra os judeus durante a Segunda Guerra Mundial, foi um exemplo de chauvismo.
FONTE: Rodrigues, Joelza Ester Domingues. História em documento: imagem e texto, 8° ano / Joelza Ester Domingues Rodrigues. -- Ed. renovada. -- São Paulo: FTD, 2009. -- (Coleção história em documento: imagem e texto)

sexta-feira, 26 de abril de 2013

OS DIREITOS HUMANOS

DIREITOS HUMANOS
  Os direitos humanos são direitos fundamentais de todo ser humano, sem nenhuma discriminação, seja étnica, social, econômica, jurídica, política ou ideológica. Eles constituem condição indispensável para se alcançar uma convivência em que todos sejam respeitados indistintamente.
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS
  Os direitos humanos são:
  • universais: todas as pessoas devem ter a mesma dignidade;
  • naturais: sua origem não é o Estado ou as leis, mas a própria natureza humana;
  • inalienáveis: nenhuma pessoa pode renunciar a eles ou negociá-los, e o Estado não pode dispor dos direitos dos cidadãos;
  • invioláveis: não podem ser destruídos, o que constituiria um atentado contra a pessoa;
  • obrigatórios: impõe às pessoas e ao Estado a obrigação de respeitá-los, mesmo que não exista uma lei que assim o estabeleça;
  • indivisíveis: suprimir qualquer um deles põe em risco o respeito aos demais.
  Para garantir que os direitos humanos sejam respeitados, é preciso mais que uma declaração formal; são necessárias disposição das sociedades em observá-los e punição para os que violam os princípios de igualdade dos seres humanos.
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS
  O conjunto dos direitos humanos não foi criado de uma única vez, mas em diferentes momentos.
  • Direitos civis e políticos: primeiros direitos a ser reconhecidos, eles consideram a pessoa como ser livre e autônomo, não ligado a um grupo ou coletivo. Os direitos dessa primeira geração estão diretamente relacionados com a preservação da dignidade humana. O direito à vida é o mais importante deles. Outros direitos civis importantes são: o direito à igualdade perante a lei, sem discriminação; à integridade física e moral; a praticar livremente a própria religião ou a não ter nenhuma; à liberdade de expressão; à liberdade de informação; à liberdade de circulação, direito do cidadão de participar da vida política, elegendo seus representantes ou candidatando-se aos cargos públicos, e outros.
  • Direitos econômicos e sociais: direitos da segunda geração, agregados aos anteriores. Situam o indivíduo em um conjunto social, seja pela atividade que desempenha - empregado, empregador etc. -, seja porque requer proteção especial - menores, idosos, desempregados, enfermos etc.
  • Direitos de solidariedade: na década de 1980, generalizou-se o reconhecimento de direitos que só podem ser garantidos mediante a participação solidária de todos os membros da sociedade. São os direitos de terceira geração, que recaem sobre os sujeitos coletivos e incluem a paz, o progresso integral como pessoa e como coletivo, o meio ambiente saudável e equilibrado, e o patrimônio comum da humanidade.
  Os direitos humanos representam a oficialização da igualdade de oportunidades para todos os seres humanos, essencial para a construção de uma sociedade justa. No entanto, requerem a participação igualitária de todos os que integram essa sociedade. A democracia, por estar associada a determinados valores, entre os quais a tolerância, a solidariedade e o respeito pelos outros, é condição fundamental para essa construção.
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
  O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é uma lei brasileira que estabelece políticas de proteção e de atendimento às necessidades da infância e da juventude, sem discriminações. Insere-se no contexto da defesa dos direitos humanos, especificamente de crianças e jovens em condição de risco.
  Os avanços conseguidos por meio da lei são inegáveis, principalmente com relação à mortalidade infantil e à universalização do ensino fundamental, embora os resultados, de modo geral, ainda estejam abaixo do esperado.
FONTE: Projeto Araribá: geografia: ensino fundamental / obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna: editor executivo Fernando Carlo Vedovate. - 3. ed. - São Paulo: Moderna, 2010.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

ABSOLUTISMO: "O ESTADO SOU EU"

  Desde o século XIII (Idade Média), os reis europeus vinham conquistando cada vez mais poder. Aos poucos, no lugar dos feudos isolados surgiram na Europa reinos centralizados que se organizaram em Estados Nacionais (Portugal foi o primeiro país europeu a ter uma monarquia centralizada). Apoiada pelos burgueses (banqueiros e comerciantes), os reis tomavam medidas que favoreciam suas atividades econômicas. Em troca, os burgueses pagavam os impostos que permitiram aos reis montar exércitos permanentes e fiéis. Os nobres e o clero, por sua vez, perderam poder e foram, aos poucos, ficando sob a autoridade real.
Divisão do poder na época do Feudalismo
  No século XVII, o rei detinha o poder absoluto. Somente ele podia legislar, governar, administrar a justiça e comandar o exército - o rei francês Luís XIV (1661 a 1715) chegou a afirmar: "O Estado sou eu" -. Esse sistema político forte, pessoal e sem leis restritivas ao poder real chamou-se Absolutismo.
  O rei absolutista impunha respeito à sua autoridade por meio da força militar e da cobrança de impostos. Valia-se também da "teoria do direito divino".
  Segundo essa teoria, o rei recebia o poder de Deus e era, portanto, seu representante na Terra. Coloca-se acima da sociedade, da Igreja e do papa. Opor-se ao rei significava opor-se a Deus. Com isso toda população estava obrigada a seguir uma única fé: a religião do rei - "Um rei, uma lei, uma fé", lema de Luís XIV -. O regime absolutista caracterizou-se pela intolerância religiosa e pelas violentas perseguições a quem se opunha à religião do rei.
Luís XIV - rei da França
  Ao redor do monarca absolutista viviam numerosos nobres, sempre dispostos a adular o rei em troca de privilégios e de uma vida cheia de prazeres e luxo. Eles formavam a corte real. O rei distraía a nobreza cortesã com jogos, caçadas, banquetes, bailes e espetáculos teatrais - "Caçamos toda a manhã, voltamos por volta de 3 horas da tarde, trocamo-nos, subimos para jogar até as sete. Depois fomos à peça, que nunca acaba antes das dez e meia, então à janta e depois para o baile até as três da manhã." (Carta de uma dama nobre da corte de Versalhes, França, século XVII). Era uma forma de controlá-los, tirando-lhes a força política e militar e evitando contestações e rivalidades que ameaçassem o poder real.
Esquema do absolutismo francês
  O rei absolutista favorecia também a alta burguesia com garantias, exclusividades e proteção aos negócios. Arrendava-lhe a cobrança de impostos e vendia-lhe títulos de nobreza.
  O Absolutismo foi mais intenso na França, na Espanha e em Portugal. Mas não ocorreu em toda a Europa. A Itália e a Alemanha permaneceram divididas em numerosos Estados. A Holanda constituiu-se em uma república governada por burgueses enriquecidos pelo comércio. A Inglaterra, depois de um reinado absolutista, passou por outra experiência política.
Henrique VIII - rei da Inglaterra e Irlanda
FONTE: Rodrigues, Joelza Ester Domingues. História em documento: imagem e texto, 7° ano / Joelza Ester Domingues Rodrigues. -- Ed. renovada. -- São Paulo: FTD, 2009. -- (Coleção história em documento: imagem e texto)

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