terça-feira, 8 de janeiro de 2013

A ÁFRICA SETENTRIONAL

  A África Setentrional ou do Norte, é formada por Estados em que predominam os povos caucasoides. Em geral, os povos que habitam essa parte da África são de origem árabe. A religião muçulmana ou islâmica predomina em toda essa região africana.
Mapa das religiões presentes na África
  Existem mais de 300 milhões de habitantes na África Setentrional, o que equivale a mais ou menos 30% do total da população do continente africano.
  Essa porção da África representa uma continuação do Oriente Médio, que fica na Ásia, do outro lado do canal de Suez, construído entre os continentes africano e asiático para ligar o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho.
Canal de Suez - separa a África da Ásia
  Muitos autores costumam incluir no Oriente Médio o norte da África. Isso se deve ao fato de que, tanto a África do Norte quanto o Oriente Médio são habitados por povos árabes ou troncos étnicos comuns - israelitas, camitas, turcos, sudaneses - e apresentam a mesma paisagem natural. Nessas imensas regiões predomina o clima desértico, só amenizado nas áreas litorâneas e nas margens dos rios, principalmente do rio Nilo. A religião predominante em ambas as regiões é o islamismo, e até na economia existem semelhanças: assim como no Oriente Médio e a África Setentrional são regiões onde existem, há décadas, intensos conflitos étnicos, religiosos e político-territoriais, que provocam um estado de permanente insegurança e instabilidade.
  A grande riqueza da África Setentrional é o petróleo, encontrado principalmente na Líbia e na Argélia, os dois países de maior renda per capita dessa região. Também o Egito a Tunísia e a Mauritânia exportam petróleo, mas em quantidades bem menores.
  Outras atividades econômicas  importantes dessa parte da África são:
  • o turismo, especialmente no Egito, na Tunísia e no Marrocos: no Egito estão importantes monumentos históricos, como as pirâmides de Gizé;
  • a mineração, com destaque para o fosfato e o manganês;
  • a agricultura, com o cultivo de azeitonas, frutas cítricas, tâmaras, trigo e algodão.
As belezas naturais, como as dunas do Saara, no Marrocos, são uma das atrações turísticas do norte da África
  O padrão de vida da população em geral é baixo, mesmo nos países que exportam bastante petróleo, mas em média é superior ao dos países da África subsaariana. A distribuição social da renda é muito desigual, como é regra geral nos países do Sul, com uma minoria de ricos e uma maioria vivendo em condições precárias.
O MAGREB, O SAARA E O NILO
  Considerando o meio físico e sua ocupação humana, a África Setentrional possui três áreas mais ou menos distintas: o Magreb, o Saara e o vale do Nilo.
  O Magreb corresponde à porção ocidental do norte da África, onde se localizam o Marrocos, a Tunísia, a Argélia, o Saara Ocidental, a Mauritânia e a Líbia. A palavra Magreb, em árabe, significa 'onde o Sol se põe', ou seja, o poente (oeste). Trata-se da parte mais ocidental do norte desse continente. O relevo dessa área é montanhoso e seu clima é subtropical mediterrâneo: o verão é quente e seco, e o inverno é frio e mais chuvoso. As maiores cidades e as principais atividades econômicas estão na faixa litorânea, onde se cultivam as espécies mediterrâneas, como a oliveira e a videira.
Países que compõem o Magreb: vermelho o Marrocos, lilás a Argélia e amarelo a Tunísia
  O Saara, localizado no norte do continente africano, vai desde o oceano Atlântico até o mar Vermelho, estendendo-se por vários países. O clima aí é seco o ano todo, com forte calor durante o dia e grande esfriamento à noite. A densidade demográfica dessa área é baixíssima, e as atividades econômicas são poucas.
Em rosa a área composta pelo deserto do Saara
  O Vale do Nilo abrange terras do Egito e do Sudão, localizadas nas margens do Nilo, o único rio a atravessar o Saara de sul a norte.
  O vale do Nilo forma uma espécie de imenso oásis. Durante as cheias, o rio Nilo inunda uma ampla faixa de terras às suas margens. Ao retornar ao seu leito, as terras inundadas tornam-se férteis e a população egípcia desenvolve aí sua agricultura. Existe até uma antiga expressão que diz: "O Egito é uma dádiva do Nilo".
Vale do rio Nilo
  Hoje existe a hidrelétrica de Assuan, que, entre outras obras, ajudou a regularizar a vazão do rio.
  Esse rio foi importante para a extraordinária civilização que se desenvolveu na Antiguidade nessa região. A importância do Nilo para a vida das pessoas, no passado e nos dias de hoje, explica por que a maioria da população e as principais cidades do Egito - Cairo, Alexandria e El Giza - e do Sudão - Cartum e Ondurman - estão situadas às suas margens.
Civilização antiga cultivando nas margens do Nilo
EGITO
  O país mais industrializado desse conjunto é o Egito, que possui a segunda maior economia do continente africano, após a África do Sul.
  Tanto no que diz respeito à África setentrional quanto ao mundo árabe, incluindo o Oriente Médio, o Egito sempre exerceu uma forte liderança no plano político. Isso porque, se comparando com as demais nações africanas e do Oriente Médio, o Egito libertou-se relativamente cedo do domínio colonial britânico. Ele se tornou independente em 1922, enquanto os demais países árabes só alcançaram a independência após a Segunda Guerra Mundial. Além disso, o Egito controla o canal de Suez, que separa a África da Ásia, e é o único país que possui terras nesses dois continentes. Uma pequena parte do território egípcio fica na Ásia, no Oriente Médio, mas a maior parte dele - cerca de 95% - fica no norte da África. O Egito é o mais populoso Estado árabe, com mais de 82 milhões de habitantes, representando em torno de 25% de toda a população árabe do mundo. Gamal Abdel Nasser, líder político do país no período de 1953 a 1970, ganhou amplo destaque no mundo árabe por causa da luta contra Israel - considerado pelos árabes um "corpo estranho", um "invasor" no Oriente Médio.
ALGUNS DADOS SOBRE O EGITO
NOME: República Árabe do Egito
CAPITAL: Cairo
As Pirâmides de Gizé - localizadas nas proximidades de Cairo
LÍNGUA OFICIAL: árabe
GOVERNO: República Semipresidencialista
FORMAÇÃO: 
Primeira Dinastia: 3.150 a.C
Independência do Reino Unido: 28 de fevereiro de 1922
Declaração da República: 18 de junho de 1953
ÁREA: 1.001.449 km² (29º)
POPULAÇÃO (ONU - 2011): 82.079.636 habitantes (15º)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 81,96 hab./km² (89°)
MAIORES CIDADES:
Cairo (2010): 8.752.459 habitantes

Cairo - capital e maior cidade do Egito
Alexandria (2010): 4.388.219 habitantes

Alexandria - segunda maior cidade do Egito
Gizé (2010): 3.348.401 habitantes
Gizé - terceira maior cidade do Egito
PIB (FMI - 2011): US$ 235.719 bilhões (44º)
IDH (ONU - 2011): 0,644 (113º)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2005/2010): 71,3 anos (106º)
MORTALIDADE INFANTIL (ONU - 2005/2010):  35,33/mil (119°)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA WORLD FACTBOOK - 2008):  45,5% (127°)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (PNUD - 2007/2008): 71,4% (132°)
PIB PER CAPITA (FMI - 2011): U$ 2.970 (121°)
MOEDA: Libra egípcia
RELIGIÃO (2010): a religião majoritária do Egito é o islã sunita, que engloba aproximadamente 90% da população. A maior minoria religiosa são os coptas (9% da população). Outras minorias religiosas são os ortodoxos gregos e armênios (católicos e protestantes).
DIVISÃO: o Egito divide-se administrativamente em 27 províncias (mohafazat, em árabe), que são administradas por governadores nomeados pelo presidente. As províncias são: 1. Dakahlia; 2. Mar Vermelho; 3. Al-Buhaira; 4. Faium; 5. Garbia; 6. Alexandria; 7. Ismaília; 8. Guizé; 9. Monufia; 10. Minya; 11. Cairo; 12. Qaliubia; 13. Luxor; 14. Vale Novo; 15. Xarqia; 16. Suez; 17. Assuam; 18. Assiut; 19. Beni Suef; 20. Porto Said; 21. Damieta; 22. Sinai do Sul; 23. Kafr el-Sheikh; 24. Matruh; 25. Qina; 26. Sinai do Norte; 27. Sohag.
Regiões administrativas do Egito
A ARGÉLIA E A LÍBIA
  A Argélia e a Líbia são dois países árabes exportadores de petróleo. Assim como o Iraque (localizado no Oriente Médio), possuíam governos fortemente autoritários e antiocidentais, que criticavam os Estados Unidos e a Europa Ocidental, considerados os grandes responsáveis por quase todos os problemas do mundo. Esses governos contavam com forte apoio popular, conseguindo disfarçar a falta de democracia explorando a forte tradição árabe de:
  • obedecer cegamente às autoridades, principalmente quando elas dizem propagar a fé muçulmana;
  • manter hábitos milenares que ajudam a evitar a renovação das ideias, como o estrangeiro ser sempre visto com suspeitas, as mulheres terem de usar o véu para cobrir o rosto em público, além de não poderem exercer posições de liderança, etc.;
  • unir-se em nome da luta contra um inimigo externo real ou imaginário. Esse inimigo é o Ocidente e, em particular, os Estados Unidos.
Em muitos países islâmicos, o uso da burka é obrigatório para mulheres.
  A militarização da Líbia é um fato indiscutível: os recursos para as forças armadas e para a importação de armamentos são enormes. Além disso, nas décadas de 1970 e 1980, o governo da Líbia incentivava o terrorismo contra nações ocidentais (atentados ou explosões em edifícios, aviões, metrôs, etc., tanto na Europa quanto nos Estados Unidos) e oferecia abrigo ou proteção para os terroristas procurados internacionalmente. Tendo isso em vista, em várias ocasiões (1981 e 1986, por exemplo) as forças armadas norte-americanas bombardearam alvos líbios, inclusive a sua capital, Trípoli.
Muamar Khadafi - ex-ditador da Líbia
  Essa linha política do governo da Líbia, encabeçada pelo ditador Muammar Khaddafi, mudou a partir de 2004, quando Khaddafi abandonou a postura de hostilidade sistemática contra os Estados Unidos e seus aliados na Europa.
REBELIÕES CONTRA O GOVERNO KHADDAFI
  Em fevereiro de 2011, manifestações contra o governo de Muammar Khaddafi, provocaram a morte de dezenas de civis. A comunicação por telefone tornou-se difícil e o país cortou por completo o acesso dos computadores à Internet. As embaixadas de diversos países, incluindo Brasil e Portugal, tomaram medidas para retirar cidadãos de seus respectivos países de solo líbio. A imprensa internacional não foi autorizada a entrar no país e o aeroporto de Trípoli teve suas pistas bombardeadas, dificultanto aterrissagens e decolagens, tornando muito crítica a situação.
Rebeldes armados pelas ruas de Benghazi, Líbia, em março de 2011
  Os insurgentes receberam apoio declarado da OTAN, em especial dos Estados Unidos, Reino Unido e França. A OTAN perpetrou inúmeros ataques e bombardeios em território líbio, além de fornecer apoio financeiro e logístico aos insurgentes.
  No dia 20 de outubro de 2011, o ditador Muammar Khaddafi foi morto em combate em Sirte. Com a morte do ditador e o fim de 40 anos do seu regime, a Líbia passou a ser oficialmente uma República.
Muammar Khaddafi morto
  Na década de 1990, a Argélia viveu uma verdadeira guerra civil, com conflitos frequentes entre tropas do governo e militantes da Frente Islâmica de Salvação (FIS), movimento que congrega os religiosos  muçulmanos mais radicais. Ao ganhar as eleições gerais de 1990, a FIS começou a pôr em prática medidas que visavam a uma completa "islamização" do país, no sentido mais radical possível.
ALGUNS DADOS SOBRE A LÍBIA
NOME: República da Líbia
CAPITAL: Trípoli


Arco do imperador romano Marco Aurélio em Trípoli
LÍNGUA OFICIAL: árabe
GOVERNO: República Presidencialista
Independência: da Itália em 10 de fevereiro de 1947
ÁREA: 1.759.540 km² (16º)
POPULAÇÃO (ONU - 2011): 6.173.579 habitantes (104º)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 3,50 hab./km² (196°)
MAIORES CIDADES:
Trípoli (2010): 1.152.459 habitantes
Trípoli - capital e maior cidade da Líbia
Benghazi (2010): 730.219 habitantes
Benghazi - segunda maior cidade da Líbia
Misratah (2010): 408.401 habitantes
Misratah - terceira maior cidade da Líbia
PIB (FMI - 2011): US$ 36.874 bilhões (85º)
IDH (ONU - 2011): 0,760 (64º)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2005/2010): 74,0 anos (72º)
MORTALIDADE INFANTIL (ONU - 2005/2010): 15,04/mil (78°)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA WORLD FACTBOOK - 2008):  78% (36°)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (PNUD - 2007/2008): 84,2% (110°)
PIB PER CAPITA (FMI - 2011): U$ 5.691 (87°)
MOEDA: Libra egípcia
RELIGIÃO (2010): islâmicos (97%), outras religiões (3%).
DIVISÃO:  A Líbia se subdivide em 32 municipalidades, que são: 1. Ajdabiya; 2. Al Butnan; 3. Al Hizam al Akhdar; 4. Al Jabal al Akhdar (Al Bayda); 5. Al Jifarah; 6. Al Jufrah; 7. Al Kufrah; 8. Al Marj; 9. Al Murgub; 10. An Nuqat al Khams; 11. Al Qubbah; 12. Al Wahat; 13. Az Zawiyah; 14. Bhanghazi; 15. Bani Walid; 16. Darnah; 17. Ghat; 18. Gadamés; 19. Gharyan; 20. Murzuq; 21. Mizdah; 22. Misratah; 23. Nalut; 24. Tajura Wa al Nawahi al Arba; 25. Tarhuna Wa Msalata; 26. Tarabulus (Trípoli); 27. Sabha; 28. Surt; 29. Sabratha Wa Surman; 30. Wadi al Hayaa; 31. Wadi al Shatii; 32. Yafran.
ARGÉLIA
  A Guerra da Argélia ocorreu entre 1954 e 1962. Foi um conflito civil pela independência do país, tendo dois principais partidos revolucionários: o FLN (Frente de Libertação Nacional) e o MNA (Movimento Nacional Argelino). Embora ambos quisessem a proclamação de independência da Argélia, havia uma divergência entre os intransigentes da Argélia francesa e os seguidores da política desenvolvida pelo General De Gaulle. Assim, surgiram duas guerras, uma contra o domínio francês e outra entre os dois partidos revolucionários argelinos. Quanto à guerra entre o principal partido, FLN, e a França, colonizadora do país desde 1830, foi marcada pelos ataques em massa, ataques terroristas de ambos os lados, além de torturas por parte do lado francês. Essas políticas da França foram escondidas da população francesa, que era claramente contra as crueldades. Para isso, o governo francês censurou vários jornais e meios de comunicação para esconder a verdade.
Ataque terrorista durante a guerra da independência da Argélia
  Na luta contra as correntes do partido MNA, o FLN venceu e após vários conflitos, a França teve que reconhecer a independência da Argélia em 5 de julho de 1962. Os enfrentamentos entre islâmicos e o governo argelino condicionam o presente e o futuro da Argélia, quatro décadas depois da proclamação da República Democrática.
  A difícil luta pela independência fortaleceu o movimento nacionalista integrado na FLN que se instalou no poder, estabelecendo um regime de partido único. As crises econômicas e políticas que assolaram o país, entretanto, fizeram com que dirigentes religiosos inserissem o radicalismo islâmico na vida argelina.

Radicais islâmicos da Argélia
  Em 30 de dezembro de 1991, os integrantes da Frente Islâmica de Salvação (FIS) ganharam o primeiro turno das eleições. Seu triunfo, porém, foi barrado pelos militares que obrigaram o presidente Chadli Benvedid a suspender o processo eleitoral, declarar o FIS ilegal e decretar estado de exceção. Diante dessa repressão, o Exército Islâmico de Salvação (EIS) constituiu-se como braço armado da FIS, concentrando seus ataques a alvos militares. Além disso, o Grupo Islâmico Armado (GIA) declarou guerra aos estrangeiros que viviam no país.
Chadli Benvedid - ex-presidente argelino
  Após o golpe militar, Benvedid saiu do poder, que foi passado para o herói da independência Mohamed Budiaf, presidente do Alto Comitê de Estado (ACE), criado especialmente para contornar a crise política. Em 29 de julho de 1992, entretanto, Budiaf foi assassinado e o militar Belaid Abdesalam assumiu a presidência declarando guerra total à Frente Islâmica de Salvação. Desde então, o enfrentamento entre os extremistas islâmicos e as forças do governo tem sido constante.
  Em janeiro de 1994, o Alto Comitê encerrou suas atividades. Foi criado, então, o Conselho Nacional de Transição (CNT), que, substituindo a Assembleia Nacional, impôs uma nova lei eleitoral. Em outubro desse mesmo ano foi eleito como presidente Liamin Zerual, que assumiu o cargo conclamando a população a dar um basta nos confrontos político-religiosos no país. Para isso, convocou um referendo para modificar a Constituição de 1976 e excluir os partidos religiosos ou regionais.
Liamin Zerual
  Em 1997, o Exército Islâmico de Salvação decretou uma trégua unilateral. Porém, as matanças por parte dos grupos radicais continuaram. Dois anos depois, o presidente Abdelaziz Bouteflika concedeu a anistia para vários presos políticos. Numa consulta popular, o povo argelino pronunciou-se a favor da paz no país. Porém, após a vitória nas eleições de 2002, em pleno 40º aniversário da independência da Argélia, o terrorismo islâmico voltou a assolar o país, deixando 35 mortos e mais de 80 feridos. Os enfrentamentos entre o governo e os radicais islâmicos têm se mantido sem trégua até os dias atuais.
  Atualmente a situação na Argélia continua a ser crítica, já que os massacres e atentados não cessaram. Apesar disso o poder político diz que a situação se encontra estabilizada, não negando, porém, a ajuda econômica da União Europeia e fazendo os possíveis para manter a cooperação euromediterrânica.
  A população civil na Argélia é quem mais sofre, no entanto, não se consegue apurar qual a sua verdadeira opinião, uma vez que na Argélia a população aterrorizada tenta tomar partido de uns ou de outros, conforme a situação, uma vez que nesta guerra não se pode ser neutro, há que tentar jogar com as facções em conflito de forma a assegurar a sobrevivência. A resistência continua a ser a única forma encontrada pela população para atenuar os ataques terroristas.

ALGUNS DADOS SOBRE A ARGÉLIA
NOME: República Democrática e Popular da Argélia
CAPITAL: Argel
Basílica Notre-Dame d'Afrique em Argel
LÍNGUA OFICIAL: árabe
GOVERNO: República Semipresidencialista
Independência: da França: declarada em 05 de julho de 1962
ÁREA: 2.381.741 km² (10º)
POPULAÇÃO (ONU - 2011): 34.994.937 habitantes (34º)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 14,69 hab./km² (174°)
MAIORES CIDADES:
Argel (2010): 3.518.083 habitantes
Argel - capital e maior cidade da Argélia
Orã (2010): 889.219 habitantes
Orã - segunda maior cidade da Argélia
Constantina (2010): 548.401 habitantes
Constantina - terceira maior cidade da Argélia
PIB (FMI - 2011): US$ 190.709 bilhões (49º)
IDH (ONU - 2011): 0,698 (96º)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2005/2010): 72,3 anos (93º)
MORTALIDADE INFANTIL (ONU - 2005/2010):  24,97/mil (110°)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA WORLD FACTBOOK - 2008):  65% (76°)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (PNUD - 2007/2008): 69,9% (135°)
PIB PER CAPITA (FMI - 2011): U$ 5.304 (92°)
MOEDA: Dinar Argelino
RELIGIÃO (2010): 99% dos argelinos são muçulmanos e 1% católicos e outras religiões.
DIVISÃO:  A Argélia é dividida em 48 wilayas (províncias). A divisão administrativa do território tem sido modificada ao longo do tempo desde a independência do país. As wilayas estão subdivididas em 160 dayrat (sub-prefeituras) e estas em 1.541 comunas.
TUNÍSIA
  Pela primeira vez na história, um líder árabe foi deposto por força de movimentos populares. Isso aconteceu na Tunísia, país muçulmano localizado no norte da África. O presidente Zine Al-Abdine Bem Ali renunciou em janeiro de 2011 após um mês de violentos protestos contra o governo. Ele estava há 23 anos no poder. Essa revolta que derrubou Zine Al-Abdine Ben Ali, foi chamada de Revolução de Jasmim ou Revolução Tunisiana.
Zine Al-Abdine Bem Ali
  Há décadas que governos árabes resistem a reformas democráticas. A Revolução de Jasmim, é uma sucessão de manifestações insurrecionais ocorrida na Tunísia entre dezembro de 2010 e janeiro de 2011 que levou à saída do presidente da República Zine Al Abdine Bem Ali, que ocupava o cargo desde 1987.
  O novo ativismo no mundo árabe é explicado pela instabilidade econômica e pelo surgimento de uma juventude bem educada e insatisfeita com as restrições à liberdade.
  Na Tunísia, os protestos começaram depois da morte de um desempregado, em 17 de dezembro de 2010. Mohamed Bouazizi, de 26 anos, ateou fogo ao próprio corpo na cidade de Sidi Bouzid. Ele se autoimolou depois que a polícia o impediu de vender frutas e vegetais em uma barraca de rua.

Protestos na Tunísia
  O incidente motivou passeatas na região, uma das mais pobres da Tunísia, contra a inflação e o desemprego. A partir daí, o movimento se espalhou pelo país e passou a reivindicar também mudanças políticas.
  O governo foi pego de surpresa e reagiu com violência. Mais de 120 pessoas morreram em confrontos com a polícia. Na capital Tunis, foi decretado estado de emergência e toque de recolher. Mas, mesmo assim, milhares de manifestantes tomaram as ruas.
  Ben Ali foi o segundo presidente da Tunísia desde que o país se tornou independente da França, em 1956. Ele chegou à presidência por meio de um golpe de Estado. Em 2009, foi reeleito com quase 90% dos votos válidos para um mandato de mais de cinco anos.

  Depois de dissolver o Parlamento e o governo, Bem Ali deixou o país junto com a família, rumo à Arábia Saudita. No seu lugar, assumiu o primeiro-ministro Mohammed Ghannouchi, um aliado político. Por isso, na prática, o regime foi mantido, e os manifestantes continuaram protestando, exigindo a saída de todos os ministros ligados ao ex-presidente.
Mohamed Ghannouchi
  A Tunísia é o país mais europeu do continente africano, com uma classe média e liberal, alta renda per capita e belas praias mediterrâneas. Mas também possui um dos governos mais corruptos e repressivos de toda a região.
  A história do país é parecida com as demais nações árabes: foi domínio otomano, colônia europeia e, depois, ditadura. A falta de liberdades civis em países como a Tunísia, sempre foi compensada por progresso econômico. Porém, nos últimos anos houve um descontentamento da classe média e pobre por causa do desemprego, corrupção, pobreza e falta de liberdade.


  Após a Revolução de Jasmin, houve a Primavera Árabe, onda de levantes populares que começou na Tunísia e se espalhou por vários países do Oriente Médio, e que levou a queda de alguns ditadores, como Hosni Mubarak, no Egito,e Muammar al-Gaddafi, da Líbia. Este último foi morto recentemente pelas tropas rebeldes do país.
ALGUNS DADOS SOBRE A TUNÍSIA
NOME: República Tunisina

CAPITAL: Túnis
Ruínas de Cartago em Túnis

LÍNGUA OFICIAL: árabe

GOVERNO: República Unitária

Independência:da França em 20 de março de 1956
ÁREA: 163.610 km² (91°)
POPULAÇÃO (ONU - 2011): 10.383.577 habitantes (76º)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 63,46 hab./km² (107°)
MAIORES CIDADES:
Túnis (estimativa 2010): 1.320.000 habitantes
Túnis - capital e maior cidade da Tunísia
Sfax (estimativa 2010): 410.000 habitantes
Sfax - segunda maior cidade da Tunísia
Ariana (estimativa 2010): 304.749 habitantes
Ariana - terceira maior cidade da Tunísia
PIB (FMI - 2011): US$ 46.360 bilhões (78º)
IDH (ONU - 2011): 0,698 (94º)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2005/2010): 73,9 anos (73°)
MORTALIDADE INFANTIL (ONU - 2005/2010): 20,82/mil (92°)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA WORLD FACTBOOK - 2008): 67% (67°)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (PNUD - 2007/2008): 74,3% (128°)
PIB PER CAPITA (FMI - 2011): U$ 4.351 (99°)
MOEDA: Dinar Tunisiano
RELIGIÃO (2010): muçulmanos sunitas (98%), cristãos (1%), judeus e outras religiões (1%).
DIVISÃO: a Tunísia está dividida em 24 províncias, que estão subdivididas em 264 delegações ou distritos que, por sua vez, subdividem-se em 2073 setores. As delegações são subdivididas também em municípios. As províncias da Tunísia são:

1. Ariana; 2. Béja; 3. Ben Arous; 4. Bizerte; 5. Gabés; 6. Gafsa; 7. Jendouba; 8. Kairouan; 9. Kasserine; 10. Kebili; 11. Kef; 12. Mahdia; 13. Manouba; 14. Médenine; 15. Monastir; 16. Nabeul; 17. Sfax; 18. Sidi Bou Said; 19. Siliana; 20. Sousse; 21. Tataouine; 22. Tozeur; 23. Túnis; 24. Zaghouan.
Divisão da Tunísia

MARROCOS
  O Marrocos, assim como grande parte do norte da África, esteve sucessivamente sob o domínio dos fenícios, do Império Romano e do Império Bizantino até a chegada dos árabes, que trouxeram o Islão e fundaram o reino de Nekor, nas montanhas do Rif, no século VII.
  Os berberes, no entanto, assumiram o controle no século XI e governaram, não só o Marrocos (agregando-lhe reinos vizinhos), mas também a parte sul da península Ibérica até o fim do século XII.
  Em 1415, Portugal começa a se interessar pela África e empreende a conquista de Ceuta e, no século seguinte, a maior parte do litoral marroquino estava nas mãos de portugueses e espanhóis.
Mapa de Ceuta
  Em 1904, na Conferência de Algeciras, a Inglaterra concedeu à França o domínio do Marrocos, cujo sultão tinha contraído uma grande dívida com àquele país da Europa (em troca, a França concordou que o Reino Unido governasse o Egito). Em 1859, a Espanha anexara o Marrocos, anexação esta que terminou quando o sultão marroquino Moulay Abd al-Hafid aceitou, em 1912, o estatuto de protetorado francês.
  Após a Segunda Guerra Mundial e de acordo com a Carta do Atlântico (assinada em 1941 pelo primeiro-ministro inglês Winston Churchill e o presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt), as forças vivas do Marrocos exigiram o regresso do sultão Mohammed V, e em 1955, a França, que já se encontrava preocupada com a insurreição da Argélia, concordou com a independência da sua colônia, que foi concretizada em 2 de março de 1956.
Mohammed V
  Em agosto de 1957, Mohammed V transformou o Marrocos em um reino, passando a usar o título de rei. Em 1959, o Partido Istiqlal (Partido da Independência) se dividiu em dois grupos: um abrangendo a maioria dos elementos do Istiqlal, conservador e obediente a Mohammed Allal al-Fasi, apoiante do rei; outro, de caráter republicano e socialista, que adotou o nome de União Nacional das Forças Populares. Mohammed, aproveitou esse racha para distanciar a figura do rei dos partidos, elevando-se a um papel arbitral.
  Tal manobra política contribuiu decisivamente para o fortalecimento da monarquia, que saiu vitoriosa no referendo realizado em 1962, já com Mulay Hassan, filho de Mohammed V (falecido em 1961), como rei Hassan II, em que foi aprovado uma constituição de caráter monárquico-constitucional.
Hassan II
  O ano de 1974 marca o início de uma nova orientação política de Hassan II, quando o Marrocos começa a desejar anexar o Saara Ocidental ao seu território, por ser rico em minérios, sobretudo o fosfato, cuja pretensão foi concretizada em novembro de 1975, com o avanço da Marcha Verde (protesto generalizado organizado pelo governo do Marrocos para forçar a Espanha a entregar o território disputado do Saara Espanhol), cujo protesto era constituído por 350.000 voluntários desarmados. Esse protesto resultou na assinatura de um acordo entre a Espanha e o Marrocos, onde o Marrocos anexava o Saara Ocidental.
ALGUNS DADOS SOBRE O MARROCOS
NOME: Reino de Marrocos

CAPITAL: Rabat
Ruínas da Necrópole de Chellah, em Rabat

LÍNGUA OFICIAL: árabe

GOVERNO: Monarquia Constitucional

FORMAÇÃO: 
Unificação da Dinastia Saadiana: 1554
Dinastia Alauita (presente): 1666

INDEPENDÊNCIA:
Da França: 2 de março de 1956
Da Espanha: 7 de abril de 1956
ÁREA: 446.550 km² (57°)
POPULAÇÃO (ONU - 2011): 31.968.361 habitantes (37º)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 71,58 hab./km² (100°)
MAIORES CIDADES:
Casablanca (2010): 5.550.000 habitantes
Casablanca - maior cidade do Marrocos
Rabat (2010): 2.600.000 habitantes
Rabat - capital e segunda maior cidade do Marrocos
Fez (2010): 1.040.563 habitantes
Fez - terceira maior cidade do Marrocos
PIB (FMI - 2011): 99.241 US$ bilhões (62º)
IDH (ONU - 2011): 0,582 (130º)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2005/2010): 71,2 anos (107°)
MORTALIDADE INFANTIL (ONU - 2005/2010): 34,12/mil (127°)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA WORLD FACTBOOK - 2008): 56% (102°)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (PNUD - 2007/2008): 52,3% (157°)
PIB PER CAPITA (FMI - 2011): U$ 3.083 (117°)
MOEDA: Dirham
RELIGIÃO (2010): a população marroquina é predominantemente muçulmana sunita.
DIVISÃO: o Marrocos está subdividido em 16 sub-regiões, que são:
1. Chaouia; 2. Doukkalla-Abda; 3. Fez-Boulemane; 4. Gharb-Chrarda-Béni Hssen; 5. Grand Casablanca; 6. Guelmin-Es-Semara; 7. Laâyoune-Boujdour-Sakia El Hamra; 8. Marrakech; 9. Meknes; 10. Oriental; 11. Oued Ed-Dahab-Lagouira; 12. Rabat-Salé-Zemmour-Zaer; 13. Souss-Massa-Draâ; 14. Tadla-Azilal; 15. Tanger-Tétouan; 16. Taza-Al Hoceima-Taounate.

MAURITÂNIA
  Do século V ao século VII,a migração de tribos berberes do Norte da África, expulsou da região os bafours, habitantes originais da Mauritânia. Os bafours eram agricultores e estavam entre os primeiros povos do Saara a abandonar o seu estilo de vida, que era tradicionalmente nômade. Com o gradual processo de desertificação da região, esse povo migrou para o sul. Essa migração proporcionou conflitos entre as diversas tribos do país, cujo território é composto, em sua maior parte, por áreas desérticas. Esses conflitos gerou a escravidão dos povos que eram derrotados nas guerras civis.
A Mauritânia vista de satélite
  A colonização francesa absorveu os territórios da atual Mauritânia e de Senegal a partir do início do século XIX. Em 1901, o militar francês Xavier Coppolani, assumiu o controle da missão colonial.
  A dominação francesa trouxe proibições legais contra a escravidão e pôs fim às guerras entre os diferentes clãs. Durante o período colonial a população continuou nômade, porém, diversos povos sedentários, cujos ancestrais haviam sido expulsos séculos atrás, começaram a retornar aos poucos à Mauritânia.
  Quando o país obteve a sua independência, em 1960, e a capital Nouakchott foi fundada, no local de uma pequena aldeia colonial, Ksar, 90% da população mauritânia ainda era nômade. Com a independência, muitas populações indígenas da África Subsaariana, como os haalpulaar, soninquês e wolof, entraram na Mauritânia, movendo-se para a área ao norte do rio Senegal. Educados no idioma e nos costumes franceses, muitos destes recém-chegados tornaram-se funcionários, soldados e administradores do novo Estado. Este fato, associado ao conjunto da opressão militar dos franceses, especialmente contra as tribos hassane, que eram os mais intransigentes, do norte do país, afetou os antigos equilíbrios de poder e criou novos motivos para conflitos entre as populações subsaarianas do sul do país. Entre estes grupos estavam os haratin, uma enorme população de escravos arabizados, devidamente inseridos na sociedade moura, e integrados numa casta inferior. A escravidão é até os dias de hoje, uma prática comum no país, embora ilegal.
Mulher nômade da Mauritânia
  Os mouros, reagiram a estas mudanças e aos apelos dos nacionalistas árabes do exterior, através de uma maior pressão para arabizar diversos aspectos da vida mauritana, como as leis e o idioma.
  A grande maioria da população mauritana depende da agricultura e da pecuária, ainda que a maioria dos nômades e praticantes do cultivo de subsistência tenham sido forçados a migrarem para as cidades, devido às secas constantes e ao processo de desertificação pelo qual passa a região do Sahel.
  A Mauritânia possui amplos depósitos de minério de ferro, cujo produto é responsável por quase 50% das exportações do país. O aumento do preço dos metais no mercado internacional, atraiu companhias mineradoras de ouro e cobre para o país, contribuindo para a abertura de minas no interior da Mauritânia.
Mina de minério de ferro na Mauritânia
  As águas territoriais mauritanas estão entre as mais ricas em peixes do mundo, porém, a exploração abusiva por parte de pescadores estrangeiros tem ameaçado esta fonte importante de renda.
  O primeiro porto de águas profundas foi aberto próximo de Nouakchott, em 1986. O petróleo foi descoberto no país em 2001, no Depósito de Chinguetti. Embora sejam potencialmente significativas para a economia do país, as jazidas foram descritas como de "pequeno porte". A Mauritânia possui, atualmente, 51 blocos confirmados de petróleo - 19 offshore (estrutura fixa ou flutuante, instalada em solo marinho) e 32 onshore (exploração realizada em terra) - mas existem pesquisas em andamento visando futuras descobertas de novos poços petrolíferos.
A pesca é uma importante fonte de renda na Mauritânia
ALGUNS DADOS SOBRE A MAURITÂNIA
NOME: República Islâmica da Mauritânia

CAPITAL: Nouakchott
Rua em Nouakchott

LÍNGUA OFICIAL: árabe e francês

GOVERNO: República Islâmica

Independência: da França em 28 de novembro de 1960
ÁREA: 1.025.520 km² (28°)
POPULAÇÃO (ONU - 2011): 3.054.933 habitantes (133º)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 2,97 hab./km² (198°)
MAIORES CIDADES:
Nouakchott (estimativa 2010): 1.120.354 habitantes
Nouakchott - capital e maior cidade da Mauritânia
Nouadhibou (estimativa 2010): 131.100 habitantes
Nouadhibou - segunda maior cidade da Mauritânia
Rosso (2010): 73.392 habitantes
Rosso - terceira maior cidade da Mauritânia
PIB (FMI - 2011): US$ 4.200 bilhões (150º)
IDH (ONU - 2011): 0,453 (159º)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2005/2010): 64,2 anos (141°)
MORTALIDADE INFANTIL (ONU - 2005/2010): 77,33/mil (160°)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA WORLD FACTBOOK - 2008): 41% (133°)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (PNUD - 2007/2008): 51,2% (158°)
PIB PER CAPITA (FMI - 2011): U$ 1.290 (141°)
MOEDA: Uguia
RELIGIÃO (2010): 99,84% de muçulmanos sunitas.
DIVISÃO: a Mauritânia está dividida para fins político-administrativos em 12 regiões mais o distrito da capital. As regiões são:
1. Adrar; 2. Assaba; 3. Brakna; 4. Dakhlet Nouadhibou; 5. Gorgol; 6. Guidimaka; 7. Hodh ech Chargui; 8. Hodh el Gharbi; 9. Inchiri; 10. Nouakhchott; 11. Tagant; 12. Tiris Zemmour; 13. Trarza.
Regiões da Mauritânia

SAARA OCIDENTAL
  
  A região conhecida como Saara Ocidental foi colonizada pelos espanhóis de 1884 a 1975. Nesse ano, a Espanha desocupou a região, deixando para trás um país sem infraestrutura e com muitas carências, cuja taxa de analfabetismo é de cerca de 90%.
  Com a saída da Espanha, os países vizinhos Marrocos e Mauritânia se aproveitaram da situação e ocuparam o território, com a maior parte dele ficando sob domínio marroquino. Ambos os países utilizaram argumentos históricos para invadirem o território. No entanto, há fortíssimos interesses econômicos, em uma região rica em recursos minerais, entre os quais o fosfato.

Extração de fosfato no Saara Ocidental
  Desde a ocupação marroquina a Argélia tem apoiado o movimento rebelde de libertação do Saara Espanhol - a Frente Polisário - e abriga acampamentos de refugiados saaráuis em seu território.
  Em fevereiro de 1976 foi formalmente proclamada a República Árabe Saarauí Democrática (RASD), que é administrada por um governo no exílio em Tindouf, na Argélia. Em 2001, a África do Sul foi o 60º país a reconhecer o Saara Ocidental como país independente. No entanto, o Marrocos continua ocupando o país.

AS ORIGENS DA FRENTE POLISÁRIO
  A Frente Polisário (Frente pela Libertação da Saguia el Hamra e Rio de Oro), foi inicialmente criada para libertar o Saara Ocidental da ocupação espanhola. Este movimento armado tornou-se independentista e anti-marroquino após os acordos de Madri de 14 de Novembro de 1975 entre a Espanha, Marrocos e Mauritânia. Nessa altura os sarauís não foram chamados para fazer parte das negociações tendo ficado o sentimento de serem simples "objetos" no xadrez político. Com isso, a Argélia aproveitou para tirar partido desse descontentamento para fomentar sua hostilidade contra o Marrocos.

Muro Militar ou Muro da Vergonha, construído pelo Marrocos no Saara Ocidental
  Após vários conflitos armados, a Frente Polisário instala-se na Argélia com vários refugiados. Um cessar-fogo foi conseguido em 1991 entre a Frente Polisário e o Marrocos. Entretanto, entre 1980 e 1987, o Marrocos já tinha erguido um muro de 2720 km, que inclui praticamente todo o território do Saara Ocidental. Ao longo dessa cintura de segurança, encontram-se 160.000 militares marroquinos para defender o território. A Argélia forneceu armamento à Frente Polisário até pelo menos 1991. Atualmente, fornece o seu apoio financeiro e, sobretudo, diplomático.

Mapa do Muro Militar
O CAMPO DE REFUGIADO DE TINDOUF
  A vida nos campos de refugiados de Tindouf é miserável. A ajuda humanitária é sistematicamente desviada do povo sarauí que a devia receber para alimentar uma enorme rede de mercado negro. Recentemente, a ajuda foi reduzida por se ter chegado à conclusão que o número de refugiados era de 90.000 pessoas e não de 165.000 como o fazia crer a Frente Polisário. Esse número inflacionado da população tinha dois objetivos: uma maior ajuda humanitária e um maior número de votantes, em caso de elições com vista à autodeterminação do povo sarauí.

Campo de refugiado de Tindouf
  Sistematicamente ignorado na comunicação social ocidental, existe um movimento unionista sarauí. São eles que controlam as câmaras no Saara Ocidental ocupado pelos marroquinos, tendo igualmente representantes em ambos os órgãos parlamentares de Rabat. Estes preconizam um projeto de autonomia alargada numa união com o Marrocos.
O INTERESSE DA ARGÉLIA NO SAARA OCIDENTAL
  Além da rivalidade secular com o Marrocos, esse território é uma das mais ricas zonas de pesca do mundo. Representa também um acesso à costa Atlântica, o que facilita as suas exportações, nomeadamente de gás natural.
INTERESSE DOS PAÍSES OCIDENTAIS
  A Espanha apóia a Frente Polisário por razões históricas contra o Marrocos, o rival que lhe fez frente. A França e os Estados Unidos apoiam o Marrocos, para evitar uma desestabilização da região, mantendo, contudo, boas relações com a Argélia. Porém, todos querem preservar a rica e vata zona de pesca do Saara Ocidental, e alimentam os seus apetites nos recursos minerais e no petróleo.
ALGUNS DADOS SOBRE O SAARA OCIDENTAL
NOME: Saara Ocidental

CAPITAL: El Aaiún
El Aaiún

LÍNGUA OFICIAL: não tem, mas existem as línguas regionais: árabe e espanhol.

GOVERNO: República Nominal

Independência: da Espanha em 27 de fevereiro de 1976
ÁREA: 266.000 km² (77°)
POPULAÇÃO (ONU - 2011): 393.831 habitnates (167º)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 1,48 hab./km² (207°)
MAIORES CIDADES:
El Aaiún (Estimativa 2012): 199.471 habitantes
Avenida Mekka em El Aaiún - capital e maior cidade do Saara Ocidental
Guelmim (2012): 113.931 habitantes
Guelmim - segunda maior cidade do Saara Ocidental
Dakhla (2012): 97.635 habitantes
Dakhla - terceira maior cidade do Saara Ocidental
PIB (FMI - 2011): o Marrocos controla o país e não permite as informações sobre o PIB do Saara Ocidental.
IDH (ONU - 2011): sem dados
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2005/2010): 65,9 anos (131°)
MORTALIDADE INFANTIL (ONU - 2005/2010): 44,11/mil (135°)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA WORLD FACTBOOK - 2008): 81% (32°)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (PNUD - 2007/2008): o Marrocos controla o país e não permite as informações sobre a taxa de alfabetização do Saara Ocidental.
PIB PER CAPITA (FMI - 2011): o Marrocos controla o país e não permite as informações sobre o PIB per capita do Saara Ocidental.
MOEDA: Dirham
RELIGIÃO (2010): .
DIVISÃO: o Saara Ocidental está dividido em três regiões:
  • Guelmim-Es-Semara: tem como capital Guelmim e inclui territórios marroquinos fora do Saara Ocidental. A região está dividida em cinco províncias: Assa-Zag, Es-Semara, Guelmim, Tan-Tan e Tata;
  • Laâyoune Boujdour Sakia El-Hamra: sua capital é Laâyoune e a região está dividida em duas províncias: Boujdour e Laâyoune.
  • Oued Ed-Dahab-Lagouira: possui Dakhla como capital. 
Em vermelho, a parte administrada por Marrocos e em verde a parte administrada pela RASD (República Árabe do Saaraui Democrática)
FONTE: Vesentini, José William. Geografia crítica / José William Vesentini, Vânia Vlach. -- 4. ed. -- São Paulo: Ática, 2009.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

O SERTÃO E O POTENCIAL ECONÔMICO DO NORDESTE

  O Sertão, uma das sub-regiões do Nordeste, compreende as áreas dominadas pelo clima semiárido, que apresenta temperaturas elevadas (entre 24°C e 28°C) e duas estações bem definidas: uma seca e outra chuvosa. As chuvas concentram-se em três ou quatro meses do ano, e a pluviosidade atinge a média de 750 mm anuais. Em algumas áreas chove menos de 500 mm ao ano.
Cabaceiras - PB, município que registra os menores índices pluviométricos do Brasil, em torno de 250 mm.
  A economia do Sertão nordestino baseia-se na agropecuária, atividade que sofre diretamente os impactos das condições climáticas, sobretudo na época das estiagens.
  A pecuária bovina é a principal atividade econômica do Sertão. Em geral essa atividade é praticada na forma extensiva, em grandes latifúndios, mas também em pequenas propriedades, nas quais o rebanho é pouco numeroso. Além da bovinocultura, destaca-se a criação de caprinos, que são mais resistentes ao clima semiárido. Em todo o Nordeste, os caprinos somam cerca de 6,5 milhões de cabeças, constituindo o maior rebanho do país.
Caprinocultura - uma das criações que mais crescem no Nordeste
  Em todo o Sertão desenvolve-se a chamada agricultura de subsistência, praticada, basicamente, em pequenas propriedades rurais por meio da utilização de técnicas tradicionais. Algumas áreas, como as encostas das serras e os vales fluviais, apresentam maior umidade, sendo, portanto, mais favoráveis à prática agrícola. Nessas áreas, também conhecidas como brejos, destacam-se lavouras como as de milho, feijão, arroz e mandioca. Entre as lavouras comerciais encontram-se as culturas do algodão arbóreo, destinado principalmente às indústrias, e de soja irrigada (no oeste da Bahia), cuja produção atende, principalmente, ao mercado externo.
Cultivo de soja em Barreiras - BA
A FALTA DE ÁGUA E A VIDA DO SERTANEJO
  A baixa pluviosidade e a ocorrência de estiagens no Sertão comprometem o desenvolvimento das atividades agropecuárias nessa sub-região nordestina, prejudicando principalmente os pequenos proprietários, que constituem a maioria dos produtores rurais.
  Com poucos recursos para investir em suas propriedades, esses agricultores geralmente cultivam apenas lavouras de subsistência (de feijão, mandioca, milho e alguns legumes), além de desenvolverem uma pequena criação de gado bovino e caprino, na forma extensiva. Em geral, essas atividades proporcionam renda muito baixa, insuficiente para suprir as necessidades básicas das famílias camponesas, que, em grande parte, vivem em condições precárias. Tal situação poderia ser amenizada por meio do aproveitamento dos recursos hídricos existentes na região.
Agricultura de subsistência - predomina no Sertão nordestino
  Estima-se que existam cerca de 2,1 bilhões de metros cúbicos de água em reservatórios subterrâneos, apenas no Polígono das Secas. No Brasil há tecnologia suficiente para explorar esses recursos na forma de sistemas de irrigação (para lavouras e pastagens) e de redes de abastecimento de água potável para a população. Já existem, em várias cidades do Polígono das Secas, centenas de poços perfurados que jorram mais de 1 milhão de metros cúbicos de água por ano; porém, não são utilizados em benefício da maioria dos agricultores.
Sistema de irrigação - uma das formas para tornar o solo do Sertão produtivo, porém grande parte dos pequenos agricultores não têm condições de utilizarem essa técnica
  Já para os grandes proprietários do Sertão, nem sempre o clima semiárido é um obstáculo. Para muitos deles, como os fruticultores, é até mesmo um aliado. Boa parte dos latifundiários que desenvolvem atividades agrícolas em suas terras utiliza sistema de irrigação abastecidos com água de poços e açudes construídos dentro das suas propriedades, muitas vezes com dinheiro do governo federal.
Cultivo de melão em Mossoró - RN. O clima semiárido é um grande aliado no cultivo desse produto.
SECAS: ONDE ESTÁ O PROBLEMA?
  Quando ocorrem grandes períodos de secas no Nordeste, o restante do país toma conhecimento pelos meios de comunicação (rádio, televisão, jornais, internet), das dificuldades por que passa a maioria das pessoas que vivem no Sertão. Sem recursos para enfrentar um longo período de estiagem, os camponeses perdem as pequenas lavouras e as poucas cabeças de gado que possuem, esgotando também suas limitadas reservas de água e alimento.
Com as secas que castigam constantemente o Sertão nordestino, grande parte do rebanho acaba morrendo por falta de água e alimento.
  Nessas ocasiões, o Nordeste geralmente recebe auxílio financeiro do governo federal para amenizar tais problemas. Entretanto, grande parte das verbas destinadas ao combate às secas acaba beneficiando apenas latifundiários e políticos influentes da região.
  Enquanto isso, os sertanejos que não têm acesso às verbas recorrem aos órgãos do governo responsáveis pelo combate às secas. Entre esses órgãos destaca-se o Departamento Nacional de Obras contra as Secas (DNOCS), que coordena projetos de irrigação, construção de poços artesianos e açudes, bem como a formação de frentes de trabalho e outras atividades que visam a amenizar os problemas da população. Grande parte dessas ações, no entanto, pouco contribui para fixar o sertanejo em suas terras, e ainda hoje muitos deles migram para outros lugares, longe da seca e à procura de melhores condições de vida.
Com a seca, grande parte dos agricultores abandonam suas casas e fogem para as cidades, num processo denominado de êxodo rural
  O governo federal vem intervindo na região por meio da implementação do chamado Projeto de Transposição das Águas do Rio São Francisco como forma de solucionar o problema da falta de água.
  O objetivo do governo com esse projeto é viabilizar o desenvolvimento socioeconômico do Sertão, captando 1% da água que o rio São Francisco lança no mar para abastecer açudes estratégicos nos estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte. Por meio desses açudes e também de uma rede de adutoras, a água deverá abastecer pequenas, médias e grandes cidades desses estados.
Projeto de transposição das águas do rio São Francisco
FONTE: Boligian, Levon. Geografia espaço e vivência, volume único / Levon Boligian, Andressa Turcatel Alves Boligian. -- 3. ed. -- São Paulo: Atual, 2011.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

FATORES QUE CONTRIBUEM PARA AS CHUVAS NO NORDESTE

  A Região Nordeste apresenta diferenças significativas de ordem natural e humana em relação aos demais complexos regionais do Brasil. Quanto aos aspectos naturais, os contrastes referem-se, sobretudo, às características climáticas e de vegetação. Os principais tipos de clima que atuam no Nordeste são o tropical úmido, o semiárido e o equatorial.
  Vários fatores contribuem para a formação de chuvas no Nordeste. Dentre eles, estão:
  • Zona de Convergência Intertropical (ZCIT): é o sistema meteorológico mais importante na determinação de como serão as chuvas no setor norte do Nordeste: abundantes ou deficientes. Normalmente, a ZCIT migra sazonalmente de sua posição mais ao norte, aproximadamente 12°N, em agosto-setembro, para posições mais ao sul, aproximadamente 4°S, em março-abril. A ZCIT é uma banda de nuvens que circunda a faixa equatorial do globo terrestre, formada principalmente pela confluência dos ventos alísios do Hemisfério Norte com os ventos alísios do Hemisfério Sul. A convergência desses ventos faz com que o ar quente e úmido ascenda, carregando umidade do oceano para os altos níveis da atmosfera, provocando a formação das nuvens. A ZCIT é mais significativa sobre os oceanos e, por isso, a Temperatura da Superfície do Mar (TSM), é um dos fatores determinantes na sua posição e intensidade.
LEGENDA: Cold Fronts - Frentes Frias; ITCZ - Zona de Convergência Intertropical; Trade Winds - Ventos Alísios; Spring Tide - Variação da Altura da Maré; Precipitation - Precipitação; Continental Shelf - Plataforma Continental.

  • Frente Fria: um outro fator importante no mecanismo causador de chuvas no Nordeste do Brasil, está ligado à penetração de Frentes Frias até as latitudes tropicais entre os meses de novembro e janeiro. As frentes frias são bandas de nuvens organizadas que se formam na região de confluência entre uma massa de ar frio (mais densa) com uma massa de ar quente (menos densa). A massa de ar frio penetra por baixo da quente, fazendo com que o ar quente e úmido suba, formando nuvens e, consequentemente, chuvas.
Frente Fria avançando sobre o Nordeste em junho de 2010
  • Vórtices Ciclônicos de Ar Superior (VCAS) - os Vórtices Ciclônicos de Ar Superior que atingem a Região Nordeste do Brasil, formam-se no Oceano Atlântico entre os meses de outubro e março e sua trajetória, normalmente, é de leste para oeste, com maior frequência entre os meses de janeiro e fevereiro. Os VCAS são um conjunto de nuvens que, observado pelas imagens de satélite, tem a forma aproximada de um círculo girando no sentido horário. Na sua periferia há formação de nuvens causadoras de chuva e no centro há movimentos de ar de cima para baixo (subsidiência), aumentando a pressão e inibindo a formação de nuvens.
Vótice Ciclônico atingindo o Nordeste em janeiro de 2012
  • Linhas de Instabilidade (LI) - as Linhas de Instabilidade que se formam principalmente nos meses de verão no hemisfério Sul (dezembro a março), encontram-se ao sul da Linha do Equador influenciando as chuvas no litoral norte do Nordeste e regiões adjacentes, ocorrendo geralmente no período da tarde e início da noite. As Linhas de Instabilidade são bandas de nuvens causadoras de chuva, normalmente do tipo cumulus, organizadas em forma de linha. Sua formação se dá basicamente pelo fato  de que, com a grande quantidade de radiação solar incidente sobre a região tropical, ocorre o desenvolvimento das nuvens cumulus, que atingem um número maior à tarde, quando a convecção é máxima, com consequentes chuvas. Outro fator que contribui para o incremento das Linhas de Instabilidade, principalmente nos meses de fevereiro e março, é a proximidade da ZCIT.
Linha de instabilidade sobre o Nordeste março de 1996
  • Complexos Convectivos de Mesoescala - os CCMs são aglomerados de nuvens que se formam devido à condições locais favoráveis (temperatura, relevo, pressão, entre outros) e provocam chuvas fortes de curta duração. Normalmente as chuvas associadas a este fenômeno meteorológico ocorrem de forma isolada.
Complexos Convectivos de Mesoescala no Nordeste em abril de 1998
  • Ondas de Leste - as Ondas de Leste são ondas que se formam no campo de pressão atmosférica, na faixa tropical do globo terrestre, na área de influência dos ventos alísios e se deslocam de oeste para leste, numa área que vai da costa da África até o litoral leste do Brasil. Esse sistema provoca chuvas principalmente na Zona da Mata, que vai do Recôncavo Baiano até o litoral do Rio Grande do Norte entre os meses de maio e agosto. Quando as condições oceânicas e atmosféricas estão favoráveis, as Ondas de Leste também provocam chuvas no Ceará, principalmente na parte centro-norte do Estado.
Nebulosidade associada às Ondas de Leste atingindo o Nordeste em 08/06/2011
Oscilação 30 - 60 dias - Sistema Atmosférico (onda de pressão) que se desloca de oeste para leste contornando o globo terrestre num período entre 30 a 60 dias, que pode favorecer ou inibir a chuva, dependendo de sua fase, sobre a Região Nordeste, quando de sua passagem.
FONTE: Funceme (Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos)

domingo, 23 de dezembro de 2012

JAPÃO: UMA GRANDE POTÊNCIA EM CRISE

  O Japão é a terceira maior economia mundial, com um PIB de cerca de 5 trilhões de dólares, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da China. O país acumula saldos gigantescos no comércio exterior, graças à diversidade de seu parque industrial e ao fato de abrigar universidades e centros avançados de pesquisa e tecnologia. Além disso, a população japonesa usufrui de uma excelente qualidade de vida, com renda per capita média de 38 mil dólares anuais e uma alta expectativa de vida, de cerca de 82 anos, o que confere aos japoneses um elevado Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): 0,953.
O Japão é o país com o maior número de centenários do mundo
  A conquista dessa prosperidade econômica e social foi devida aos recursos financeiros concedidos pelos Estados Unidos, na década de 1950, como forma de compensar o governo japonês pelos danos causados durante a Segunda Guerra Mundial, além de impedir a expansão do socialismo soviético no Extremo Oriente.
Imagem de Hiroshima, no Japão, após o bombardeio norte-americano em 06/08/1945
  Com os recursos obtidos, o governo japonês investiu na reconstrução do país, direcionando bilhões de dólares para a criação de infraestrutura (estradas, ferrovias, portos, usinas elétricas, etc.), além de novas indústrias do setor de base (siderúrgicas, metalúrgicas, químicas, entre outras), intermediárias (sobretudo as navais) e, mais tarde, de bens de consumo (automóveis, eletrodomésticos, aparelhos eletrônicos, etc.). O principal objetivo era colocar no mercado internacional produtos com tecnologia moderna, alta qualidade e preços baixos. Os esforços do governo japonês deram resultado: nas décadas seguintes, o mundo todo foi invadido pelos seus produtos manufaturados, o que levou o país à categoria de grande exportador mundial.
Mapa econômico do Japão
  O ritmo de crescimento econômico do Japão disparou, atingindo, nas décadas de 1950 e 1960, uma taxa média de 10,5% ao ano, o dobro das taxas das outras nações desenvolvidas. Além da ajuda financeira dos Estados Unidos, outros fatores contribuíram de maneira significativa para a retomada do desenvolvimento no país. Entre esses fatores, destacam-se:
  • Mão de obra barata e abundante para as indústrias: ao final da Segunda Guerra Mundial, houve no Japão um intenso êxodo rural. A maior parte do contingente de trabalhadores migrantes foi absorvida pelas indústrias que surgiam, sobretudo, nos grandes centros urbanos.
  • Longas jornadas de trabalho: desde o início do período de recuperação econômica, os empregados japoneses têm trabalhado, em média, durante 43 horas semanais, ao passo que, na maioria das outras nações desenvolvidas, como a França e os Estados Unidos, a jornada de trabalho é de 38 horas semanais.
  • Fidelidade dos trabalhadores à empresa: os trabalhadores japoneses são extremamente subordinados à hierarquia, às regras e à rotina de trabalho das empresas; muitas vezes eles veem a fábrica como uma extensão de sua casa. A obediência desses trabalhadores à classe patronal faz com que os sindicatos existentes no país atuem, na realidade, em consenso com os interesses econômicos das empresas.
  • Aplicação maciça de verbas na área educacional: a partir do pós-guerra, parcelas significativas das verbas públicas foram destinadas à educação, principalmente ao ensino técnico voltado para a qualificação de mão de obra. Os resultados desses investimentos são visíveis na atualidade: 98% dos estudantes japoneses cursam o 2° grau, e 51% destes seguem para o nível superior.
  • Criação e aprimoramento de novas tecnologias: governo e empresas realizaram grandes investimentos em pesquisas científicas, fazendo o país se destacar nos setores de tecnologia de ponta. A partir da década de 1970, o Japão tornou-se o maior fabricante e exportador mundial de microchips, de robôs de alta precisão e também de supercomputadores.
Fábrica da Toyota no Japão - uso intenso de tecnologia
  Assim, foi fundamental a participação ativa e integrada da população, das empresas e do governo na reconstrução econômica do Japão, o que provocou um acelerado crescimento das cidades do país logo após a Segunda Guerra Mundial.
O TERRITÓRIO JAPONÊS E AS ATIVIDADES ECONÔMICAS
  Com aproximadamente 373 mil km² de extensão (pouco maior que o estado de Goiás), o território do arquipélago japonês é constituído por 75% de montanhas, a maioria de origem vulcânica, e apenas 25% de planícies. Por isso, as regiões industriais japonesas encontram-se, de maneira geral, confinadas em estreitas faixas de terra, entre as montanhas e o oceano. São pequenas áreas de planícies, onde a declividade do terreno é pouco acentuada, permitindo a instalação de grandes indústrias.
Mapa topográfico do Japão
  Além do interior montanhoso, outro fator que contribui histórica e economicamente para a concentração das indústrias no litoral é a proximidade dos portos, locais de desembarque de matérias-primas e embarque de produtos manufaturados para exportação. Os portos japoneses de Yokohama, Kobe e Chiba são alguns dos mais movimentados do mundo.
  As áreas industriais e portuárias localizadas nas grande aglomerações urbanas de Tóquio, Nagoya e Osaka respondem por cerca de 70% da produção industrial japonesa. Nessas áreas destacam-se as indústrias automobilística, petroquímica, mecânica, de materiais elétricos e de aparelhos eletrônicos. Outro setor industrial de destaque no país é o naval: cerca de um terço dos navios construídos no mundo é de origem japonesa. Essa produção ocorre em imensos estaleiros localizados nas regiões de Kobe e Nagasaki.
Porto de Kobe no Japão
DESAFIOS PARA O SÉCULO XXI
  Embora haja tanta prosperidade, o Japão enfrenta problemas financeiros. Como vem ocorrendo em vários países desenvolvidos, grandes desafios econômicos e sociais colocam-se à frente da nação japonesa no início do século XXI. O maior desses desafios é a crise econômica que o país atravessa, relacionada à estagnação do ritmo de crescimento econômico, que até o início da década de 1990 se mantinha bastante elevado. Essa desaceleração da economia tem gerado a falência de empresas e o aumento do desemprego no país.
  Entre as principais causas da estagnação econômica está o enorme déficit público, gerado, em grande parte, pelos altos gastos do governo com aposentadorias e outros benefícios sociais destinados ao crescente contingente de idosos. No Japão, cerca de 20% da população tem idade igual ou superior a 65 anos, o que representa cerca de 25 milhões de pessoas. A previsão é de que, em 2015, um em cada quatro japoneses seja idoso.
A cada ano aumenta o número de idosos no Japão, modificando a sua pirâmide etária
  Esse acelerado crescimento da população idosa, somado a outros fatores, contribui para a estagnação do consumo, outro dado relevante para entendermos a atual crise japonesa. Diferentemente dos países ocidentais desenvolvidos, onde os idosos consomem cada vez mais, no Japão há um hábito de poupar o máximo possível, como forma de garantir proventos para o futuro. Esse fato tem se acentuado nos últimos anos em razão da crise econômica que atinge o país.
O hábito de consumo do japonês é bem menor que o de muitos países desenvolvidos
  É importante saber que, apesar de ser um grande exportador de manufaturados, cerca de 85% dos produtos industrializados fabricados no Japão são consumidos no próprio país. Isso significa que a economia japonesa é extremamente dependente do consumo interno. Portanto, se os habitantes poupam mais do que consomem, a economia entra em recessão, ou seja, as fábricas, o comércio e os serviços passam a produzir menos e a demitir funcionários em massa. Essa é a principal causa da atual taxa de desemprego de aproximadamente 4%, a maior da história do país desde a Segunda Guerra Mundial.
  O desemprego dos últimos anos vem gerando uma nova realidade para os japoneses: a pobreza. Segundo fontes do governo, o número de pessoas vivendo como indigentes nas ruas das grandes metrópoles do país saltou de algumas centenas, na década de 1990, para uma legião de quase 20 mil. Talvez esse seja o maior desafio para a sociedade tecnologicamente mais avançada do planeta: saber lidar com problemas socioeconômicos típicos do mundo subdesenvolvido.
Com a crise econômica, aumenta o número de mendigos nas ruas japonesas
FONTE: Boligian, Levon. Geografia espaço e vivência, volume único / Levon Boligian, Andressa Turcatel Alves Boligian. -- 3. ed. -- São Paulo: Atual, 2011.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

RESPOSTA DO BLOG

  Recebi alguns comentários de um anônimo a respeito do meu blog. A pessoa comentou dizendo que eu só faço copiar e não sei escrever notícias feitas por mim mesmo. Anônimo, eu não sou blogueiro, o meu blog foi criado exclusivamente com o objetivo formar uma banca de estudo, e sempre que coloco uma matéria eu ponho a fonte. Artigos que crio eu publico nos blogs dos meus colegas. Se o anônimo, que tem medo de mostrar sua identidade, não gosta de fazer uma boa leitura ou está sentindo-se incomodado, é só não acessar o meu blog.
Professor Marciano Dantas

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