sexta-feira, 28 de setembro de 2012

ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA

  A atual configuração espacial das atividades agropecuárias e da zona rural é resultado da ação da sociedade sobre a natureza ao longo da História, o que ocorreu de modo muito desigual entre os diversos países e regiões do planeta.
  Por exemplo, há países, como a França, e regiões, como o Oeste Paulista, onde a agricultura é moderna e utiliza tecnologia de ponta na produção; em outros, como vários países da África Subsaariana, e em áreas do Sertão Nordestino, onde se pratica uma agricultura de subsistência, a atividade é rudimentar e utiliza técnicas primitivas de produção.
  Assim, as condições socieconômicas, os aspectos físicos e ambientais, os diferentes hábitos alimentares, o nível de desenvolvimento tecnológico, a estrutura legal, o destino da produção, o modelo de política agrária, os índices de produtividade, entre outros fatores, determinam a configuração socioespacial e a sustentabilidade ambiental das atividades agropecuárias.
Mulheres cultivando na África
  Nas atividades agropecuárias, tanto a diversidade quanto a alteração das relações de trabalho com a natureza são resultado da existência de diferentes sistemas de produção.
OS SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA
  Considerar a produção agrícola como um sistema envolve a análise de suas dimensões naturais (fertilidade do solo, topografia, disponibilidade de água) e socioeconômicas (desenvolvimento tecnológico, grau de capitalização, estrutura fundiária, relações de trabalho). Dada a diversidade de modos de vida e de produção, das leis trabalhistas e ambientais, das condições econômicas e da oferta de crédito, além de outros fatores, as condições da produção agrícola mundial são muito heterogêneas. Porém, alguns aspectos são comuns a todos os sistemas. Por exemplo, a sustentabilidade dos sistemas agrícolas é essencial para o desenvolvimento do espaço rural tanto em regiões ricas quanto em regiões pobres. Um sistema agrícola é sustentável quando é ambiental, social e economicamente estável, ou seja, tem condições de continuar existindo porque sua estrutura permite que se reproduza ao longo de sucessivas gerações.
  Nesse contexto, os sistemas agrícolas, assim como a produção pecuária, podem ser classificados como intensivos e extensivos, de acordo com o grau de capitalização e o índice de produtividade, decorrente do uso de insumos, maquinaria e tecnologia de ponta. É importante destacar que essa classificação independe do tamanho da área de cultivo ou de criação.
  As propriedades que, por meio da utilização de modernas técnicas de preparo do solo, cultivo e colheita (uso de adubos, fertilizantes, sistema de irrigação e mecanização), apresentam elevados índices de produtividade e conseguem explorar a terra de forma sustentável praticam a agricultura intensiva. Já as propriedades que praticam a agricultura extensiva são as que utilizam técnicas rudimentares, com baixa exploração da terra e reduzidos índices de produtividade.
Agricultura intensiva
  Na pecuária, o rendimento é avaliado pelo número de cabeças por hectare. Quanto maior a densidade de cabeças, independentemente de o gado estar solto ou confinado, maior é a necessidade de ração, de pastos cultivados e de assitência veterinária. Com tudo isso, há um aumento da produtividade e do rendimento, que são características da pecuária intensiva. Quando o gado se alimenta apenas em pastos naturais e a criação apresenta baixa produtividade e sustentabilidade, trata-se de pecuária extensiva.
Pecuária extensiva
  Outra maneira de classificar os sistemas de produção está relacionado à forma de gestão da mão de obra. Isso permite distinguir o predomínio de agricultura familiar ou de agricultura empresarial (patronal).
AGRICULTURA FAMILIAR
  Na agricultura familiar a administração da propriedade e dos investimentos necessários às decisões sobre o que e como produzir são tomados pelos membros de uma família, sendo eles ou não os donos da terra - algumas famílias produzem em terras arrendadas. Em geral, nesse tipo de agricultura o trabalho é realizado pelos membros da família, mas muitas vezes há contratação de mão de obra no mercado.
Agricultura familiar
  Um tipo de agricultura familiar que prevalece nas regiões pobres é a agricultura de subsistência, voltada às necessidades imediatas de consumo alimentar dos próprios agricultores e seus dependentes. A produção é obtida em pequenas e médias propriedades ou em parcelas de grandes propriedades (nesse caso, parte da produção é entregue ao proprietário  como pagamento do aluguel da terra), com utilização de técnicas tradicionais e rudimentares. Por falta de assistência técnica e de recursos, não há a preocupação com a conservação do solo, as sementes utilizadas são de qualidade inferior, não se investe em fertilizantes e, portanto, a produção e a produtividade são baixas. Após alguns anos de cultivo, há uma diminuição da fertilidade natural do solo, quase sempre expostos a processos erosivos. Em alguns casos, ao perceber que o volume de produção está diminuindo, a família desmata uma área próxima e pratica a queimada para acelerar o plantio, dando início à degradação acelerada de uma nova área, a qual será brevemente abandonada - nesse caso temos a agricultura itinerante.
Agricultura itinerante
  Na agricultura familiar de subsistência, predominam as pequenas propriedades, que podem ser cultivadas em parceria, quando o agricultor aluga a terra e paga por seu uso com parte da produção, arrendamento, quando o aluguel é pago em dinheiro, ou em regime de posse, quando os agricultores simplesmente ocupam terras devolutas - terras desocupadas, vagas, que não possuem dono ou que pertencem ao Estado. Essa realidade existe nos dias de hoje em boa parte dos países da África Subsaariana, no Sul e no Sudeste da Ásia e na América Latina, mas o que prevalece atualmente é uma agricultura de subsistência voltada ao comércio urbano: o agricultor e sua família cultivam algum produto que será vendido na cidade mais próxima, mas o dinheiro que recebem é suficiente apenas para lhes garantir a subsistência. Não há excedente de capital que lhes permita buscar uma melhoria das técnicas de cultivo e o aumento da produtividade. Esse tipo de agricultura é comum em áreas onde falta infraestrutura e a terra é mais barata.
Comercialização de produtos da agricultura familiar
  Outro tipo de agricultura familiar é a chamada agricultura de jardinagem. Essa expressão originou-se no Sul e no Sudeste Asiático, onde há enormes plantações de arroz em planícies inundáveis, com utilização intensiva de mão de obra. Esse sistema é cultivado em pequenas e médias propriedades cultivadas pelo dono da terra e sua família ou em parcelas de grandes propriedades. A diferença é que nessa forma de produção se obtém alta produtividade, pois se recorre à seleção de sementes, à utilização de fertilizantes, à aplicação de avanços biotecnológicos e às técnicas de preservação do solo que permitem a fixação da família na propriedade por tempo indeterminado.
Agricultura de jardinagem no Japão
  Em países como Filipinas, Tailândia, Indonésia e outros do Sudeste Asiático, que apresentam elevada densidade demográfica, as famílias contam com áreas muitas vezes inferiores a um hectare e com condições de vida bastante precárias. Em países que realizaram reforma agrária - Japão, Coreia do Sul e Taiwan - e ao redor dos grandes centros urbanos de áreas tropicais, após a comercialização da produção e a realização de investimentos para a nova safra, há um excedente de capital que permite melhorar, a cada ano, as condições de trabalho e a qualidade de vida da família. Entretanto, como a propriedade e, consequentemente, o volume de produção são pequenos, os agricultores dependem de subsídios governamentais para permanecer produzindo.
Cultivando de arroz em terraços na Indonésia
  Na China, a produção também é, predominantemente, obtidas em propriedade muito pequenas (inferiores a um hectare por família) e em condições de trabalho quase sempre precárias. Como a população é muito numerosa, a opção de incentivos governamentais voltados à modernização da produção agrícola foi substituída pela utilização de enormes contingentes de mão de obra. No entanto, am algumas províncias litorâneas está ocorrendo um processo de modernização, impulsionado pela expansão de propriedades particulares e da capitalização proporcionada pela abertura econômica.
Agricultura em terraços na China
  Outro tipo de agricultura com predomínio de mão de obra familiar é encontrado nos cinturões verdes e nas bacias leiteiras. Ambos localizam-se ao redor dos grandes centros urbanos, principalmente nos países desenvolvidos e emergentes, onde a terra é valorizada. Nela se pratica agricultura e pecuária intensivas para atender às necessidades de consumo da população local. Em tais áreas, produzem-se hortifrutigranjeiros e cria-se gado para a produção de leite e derivados em pequenas e médias propriedades. Após a comercialização da produção, o excedente obtido é aplicado na modernização das técnicas.
Localizado na Zona Norte de Natal, Gramorezinho é o principal cinturão verde da Grande Natal
  Se a política agrícola está voltada à fixação das famílias no campo, ao aumento da oferta de alimentos no mercado regional e à geração de maior número de postos de trabalho, a agricultura familiar tem um papel importante em seu desenvolvimento. Ela pode promover uma maior oferta de alimentos e reduzir o fluxo migratório para as cidades, já que um maior contingente de mão de obra permanece ocupado no campo.
  Em geral, se considera, equivocadamente, que a agricultura familiar não tem condições de produzir excedentes exportáveis por causa da dimensão das propriedades. No entanto, por meio do cooperativismo, a associação de vários pequenos e médios produtores tem possibilitado aumentar sua participação no mercado mundial, como é o caso da Coamo Agroindustrial Cooperativa, entre muitas outras. Sediada em Campo Mourão (PR), a Coamo é a maior cooperativa do Brasil e da América Latina: formada em 1970 por 79 agricultores, no final de 2008 possuía 21.172 cooperados e ao longo daquele ano exportou 523 milhões de dólares.
AGRICULTURA PATRONAL
  Na agricultura patronal (ou empresarial), prevalece a mão de obra contratada e desvinculada da família do administrador ou do proprietário da terra. As grandes empresas agrícolas são as responsáveis pelo desenvolvimento dos sistemas agrícolas em que predominam os complexos agroindustriais, nos quais as atividades agrícolas estão integradas às industriais. Aparecem sobretudo nos países desenvolvidos - Estados Unidos, Canadá, Austrália e alguns países da União Europeia -, em economias emergentes como Brasil, Argentina, Indonésia e Malásia, e em algumas regiões tropicais da África que vêm recebendo investimento estrangeiro, principalmente da China e de países do Oriente Médio. Nessas empresas, a produtividade é muito alta em decorrência da seleção de sementes, do uso intensivo de fertilizantes, do elevado grau de mecanização no preparo do solo, no plantio e na colheita, da utilização de silos de armazenagem e do sistemático acompanhamento de todas as etapas de produção e comercialização por técnicos, engenheiros e administradores. Sua produção é voltada ao abastecimento tanto do mercado interno quanto do externo.
Produção de melão em Mossoró - RN. Exemplo de agricultura patronal
  Desta forma, as atividades agrícolas e pecuárias estão plenamente integradas aos setores industriais e de serviços, criando uma grande cadeia produtiva. Os insumos (fertilizantes, agrotóxicos, rações, vacinas, combustíveis) e equipamentos (tratores, colheitadeiras, sistemas de irrigação, estufas etc.) utilizados pela agropecuária são produzidos por indústrias especializadas. Em contrapartida, os produtos agrícolas abastecem as agroindústrias responsáveis pelo processamento de matérias-primas e de alimentos, as indústrias químicas, têxteis, de mobiliário e de muitos outros produtos que são consumidos no mercado interno e/ou exportados.
  A agropecuária exerce influência direta sobre vários setores da economia, criando uma vasta cadeia produtiva. Essa influência é chamada pelos economistas de "efeitos a montante e a jusante". Antes da produção agrícola e pecuária, são acionadas indústrias de máquinas, adubos, agrotóxicos, vacinas, rações, arames para cercas etc. Após a produção, as atividades na agroindústria, na armazenagem e na comercialização são postas em ação. Além disso, ao longo de toda a cadeia estão envolvidos os setores de transportes, energia, comunicações, administração, marketing, vendas, seguros e muitos outros. Essa extensa cadeia produtiva constitui os complexos agroindustriais, que são as unidades onde se obtém a produção, e os agronegócios, que envolvem todas as atividades primárias, secundárias e terciárias que fazem parte da cadeia produtiva.
Produtos da agroindústria familiar
  Os governos costumam analisar o setor agropecuário considerando sua ligação com outras esferas socioeconômicas: a importância dos agronegócios para o mercado de trabalho e no combate ao desemprego, a garantia de abastecimento alimentar em quantidade e qualidade satisfatórias e, finalmente, sua influência na balança comercial ao reduzir as importações e estimular as exportações. Esses fatores levam muitos países, sobretudo os desenvolvidos, a estabelecerem políticas protecionistas e subsídios à produção agropecuária, o que cria fortes distorções no mercado mundial e prejudica muito os países em desenvolvimento e emergentes.
  Nos países desenvolvidos e nas regiões modernas dos países em desenvolvimento, onde os complexos agroindustriais se implantaram, verificou-se uma tendência à concentração de terras e à especialização produtiva.
  Nos Estados Unidos, por exemplo, as grandes propriedades organizaram-se em cinturões em função das características do clima e do solo. O alto nível de capitalização exigiu uma especialização produtiva em grandes propriedades. Na área de um cinturão, embora haja outros produtos, predomina um determinado tipo de cultivo que lhe dá o nome, como é o caso, por exemplo, do cinturão do milho/soja.
Mapa dos cinturões agrícolas dos Estados Unidos
  No Brasil também existem várias regiões especializadas em determinado produto: cana-de-açúcar e laranja no Oeste Paulista, grãos (soja, milho e outros) na Campanha Gaúcha, no Oeste Baiano, no sul do Maranhão e Piauí e em vastas áreas do Centro-Oeste, criação de aves e suínos e processamento de sua carne no Oeste Catarinense, produção irrigada de frutas no Vale do São Francisco, entre muitos outros exemplos.
A modernização na agricultura é responsável pelo aumento da produção de grãos no país
  Outro tipo de agricultura cuja mão de obra está desvinculada do proprietário ou do administrador é a plantation - grande propriedade monocultora, com produção de gêneros tropicais, voltada para a exportação. Forma de exploração típica dos países tropicais, a plantation foi amplamente utilizada durante a colonização europeia na América, com mão de obra escrava. Expandiu-se posteriormente para a África e para o Sul e Sudeste Asiático. Na atualidade, esse sistema permanece em várias regiões de países em desenvolvimento (Colômbia, países da América Central, Gana, Costa do Marfim, Índia, Malásia etc.). Além de mão de obra assalariada, utiliza trabalho semiescravo, quando se trabalha em troca de moradia e alimentação, adota tecnologias defasadas e não obtém grande produtividade.
Plantation da cana-de-açúcar
A REVOLUÇÃO VERDE
A partir da década de 1950, os Estados Unidos e a ONU incentivaram a implantação de mudanças na estrutura fundiária e nas técnicas agrícolas em vários dos então chamados países subdesenvolvidos, muitos dos quais ex-colônias recém-independentes. Em plena Guerra Fria, a intenção dos norte-americanos era evitar o surgimento de focos de insatisfação popular por causa da fome. Eles temiam pela instalação de regimes socialistas em alguns países do então Terceiro Mundo. Além do mais, a indústria química, que se desenvolveu voltada para o setor bélico, apresentava certa  capacidade ociosa nesse período.

Indústria química - um dos fatores que impulsionou a Revolução Verde
  O conjunto de mudanças técnicas na produção agropecuária - proposto aos países pobres para resolver o problema da fome - ficou conhecido por Revolução Verde. Consistia na modernização das práticas agrícolas (utilização de adubos químicos, inseticidas, herbicidas, sementes melhoradas) e na mecanização do preparo do solo - do cultivo e da colheita - visando o aumento da produção de alimentos.
  Com esse objetivo os Estados Unidos ofereceram financiamentos para a importação dos insumos, maquinaria e capacitação de técnicos e professores para as faculdades e cursos técnicos agrícolas. Os governos dos então países subdesenvolvidos passaram a promover pesquisa e divulgação de técnicas de cultivo entre os agricultores, e a fornecer créditos subsidiados.
A implementação de máquinas e equipamentos agrícolas nos países subdesenvolvidos, foi um dos principais destaques da Revolução Verde
  Entretanto, a proposta era a adoção do mesmo padrão de cultivo em todas as regiões onde se implantou a Revolução Verde, desconsiderando a variação das condições naturais, das necessidades e possibilidades dos agricultores. Assim, a médio e longo prazo, essas inovações causaram impactos socioeconômicos e ambientais muito graves. Tal modelo proporcionou aumento de produtividade por área cultivada e crescimento considerável da produção de alimentos, principalmente de cereais e tubérculos. Porém, isso ficou restrito às grandes propriedades que possuíam terras em condições ideais para a modernização e condições climáticas favoráveis, entre outros. Em países que não realizaram reforma agrária e os trabalhadores agrícolas não tinham propriedade familiar, sobretudo na África e no Sudeste Asiático, a mecanização da produção diminuiu a necessidade de mão de obra, contribuindo para o aumento dos índices de pobreza e provocou o êxodo rural.
Apesar de aumentar a produção agrícola a Revolução Verde provocou o aumento da concentração de terras
  O sistema mais utilizado pelos países que seguiram as premissas da Revolução Verde foi a monocultura, o que resultou em sérios impactos ambientais.
OS PROBLEMAS AMBIENTAIS RURAIS
  O cultivo de espécie vegetal única (soja, trigo, algodão, milho, entre outros) em grandes extensões de terras favorece o desenvolvimento de grande quantidade de pequenas espécies animais invasoras, as pragas que se alimentam desses produtos. É o caso da lagarta da soja, do besouro-bicudo do algodão e de bactérias como o ácaro dos mamoeiros, o cancrocítrico dos laranjais e as diversas pragas dos cafezais, dos fungos que atacam o trigo e o milho e das pragas que infestam os canaviais. Já o cultivo de várias espécies, ou seja, a policultura, implica competitividade entre elas e elimina a possibilidade de disseminação de pragas. Nas monoculturas, as pragas proliferam rapidamente, e em dois ou três dias uma plantação de soja ou de algodão pode ser totalmente dizimada. Para evitar isso, utilizam-se cada vez mais inseticidas e fungicidas químicos, que podem ser altamente prejudiciais à saúde do homem.
Lagarta da soja - pode disseminar a plantação em poucos dias
  O cultivo mecanizado é obrigatoriamente acompanhado do uso de fertilizantes químicos, e para o controle das chamadas "ervas daninhas", ou do "mato", que nascem e crescem mais rapidamente que as espécies plantadas, aplicam-se os herbicidas, tão tóxicos quanto os venenos empregados para controlar insetos e fungos.
Herbicidas - usados para matar as ervas daninhas
  A aplicação frequente de quantidades cada vez maiores desses produtos químicos, genericamente chamados de insumos agrícolas, contamina o solo. Além disso, eles são transportados pelas chuvas para riachos e rios, afetando, desse modo, a qualidade das águas que alimentam o gado, abastecem as cidades e abrigam os peixes. O veneno afeta a fauna, e os pássaros e os peixes desaparecem rapidamente das áreas de monocultura, favorecendo a proliferação de pragas, lagartas, mosquitos e insetos em geral. A impregnação do solo com venenos e adubos químicos tende a torná-lo estéril pela eliminação da vida microbiana.
Agrotóxicos - contamina os solos e rios destruindo a cadeia alimentar
  Além dos desequilíbrios ambientais causados pela monocultura, a modernização substituiu as inúmeras variedades vegetais por algumas poucas, levando à chamada erosão genética (extinção das variedades de uma dada espécie). Assim, grandes indústrias iniciaram o processo de controle sobre o comércio e a pesquisa que modificam a semente dos vegetais cultivados e passaram a controlar toda a cadeia de insumos. Entretanto essas sementes modificadas não são férteis, o que obriga os agricultores a comprar novas sementes a cada safra se quiserem obter boa produtividade. Isso se tornou um grande obstáculo para os pequenos agricultores, pois trouxe a necessidade de compra e reposição constante de sementes e fertilizantes que se adaptem melhor a elas, aumentando muito o custo de produção.
 POPULAÇÃO RURAL E O TRABALHADOR AGRÍCOLA

  Até a década de 1970, de forma geral, a organização do espaço rural mundial era amplamente condicionada pela agropecuária. Essas atividades deveriam garantir não só o abastecimento de alimentos à população, mas também o fornecimento de matéria-prima a vários setores industriais e, em muitos casos, gerar excedentes exportáveis que permitissem a entrada de divisas no país. Naquela época, a grande maioria da população rural trabalhava na agropecuária.

A modernização da agropecuária é a responsável pela diminuição da população rural
  Atualmente, nos países e nas regiões em que predominam modernas técnicas de produção, os agricultores são a minoria dos trabalhadores e até mesmo dos moradores do espaço rural. Isso acontece porque os habitantes da zona rural, em sua maioria, trabalham em atividades não agrícolas ou em cidades próximas. Ecoturismo e turismo rural, hotéis-fazenda, campings, pousadas, sítios, casas de campo, restaurantes típicos, parques temáticos, prática de esportes variados, transportes, produção de energia, abastecimento de água etc. são atividades rurais que ocupam um contingente  de trabalhadores maior que as atividades agropecuárias. Nos Estados Unidos, por exemplo, somente 12% dos trabalhadores da zona rural exercem atividade agropecuarista e apenas 1% da PEA desse país está empregada nesse setor. No entanto, quando consideramos as pessoas que trabalham nas diversas atividades ligadas à cadeia produtiva que envolve a agropecuária (fábricas de insumos, sementes, tratores, irrigação, comercialização, transportes e outros, que compõem os agronegócios), a participação da PEA sobe para 20%, o mesmo ocorrendo em outros países desenvolvidos.


Turismo rural - uma das atividades não agrícolas do campo
  Em contrapartida, onde a agropecuária é descapitalizada e utiliza técnicas rudimentares de produção, como é predominante nos países em desenvolvimento, especialmente nos mais pobres, a maioria dos trabalhadores rurais se dedica a atividades diretamente ligadas à agropecuária. Nessas regiões, o papel do Estado na regulamentação das relações de trabalho, do acesso à propriedade da terra e da política de produção, financiamento e subsídios agrícolas assume importância fundamental no combate à pobreza, à subnutrição e à fome. Já nos chamados “Estados falidos”, como Haiti, Sudão, Afeganistão, Timor Leste e outros dominados por conflitos e desagregação social, a ação internacional é muito importante para a busca do desenvolvimento socioeconômico.
  Em regiões e países de economia moderna, embora tenha havido redução no número de trabalhadores agrícolas, vêm aumentando a densidade de atividades encontradas no espaço rural e a de trabalhadores urbanos que aí querem residir, provocando alteração na distribuição da população entre cidade e campo. Além disso, muitos cidadãos urbanos trabalham no campo e se deslocam diariamente da cidade onde moram para trabalhar em agroindústrias ou em comércio e prestação de serviços localizados fora do perímetro urbano.
Muitos bóias frias residem nas cidades
BIOTECNOLOGIA E ALIMENTOS TRANSGÊNICOS
Os transgênicos ou organismos geneticamente modificados (OGM) são seres vivos que tiveram seus caracteres hereditários (genes) alterados por meio de material genético de outras espécies, obtendo-se, assim, características diferentes das que se manifestaram naturalmente. Os OGM podem tornar uma planta resistente a pragas ou a certos tipos de defensivos e aumentar sua capacidade de adaptação climática.
  Os principais argumentos contrário aos usos dos OGM dizem respeito a dúvidas sobre a segurança de seu consumo e a possíveis riscos ao meio ambiente. Além disso, o fato de a tecnologia dos transgênicos ser dominadas por poucas empresas no mundo pode levar vários países a ficarem dependentes delas.

  As empresas de biotecnologia cobram royalties pelo uso de suas sementes modificadas. Desse modo, todos aqueles que as adquirem são obrigados a pagar por seu uso e ficam impedidos de produzir suas próprias sementes para o plantio seguinte. O controle exercido por essas empresas multinacionais pode fragilizar a soberania alimentar de um país.
  O governo brasileiro, durante algum tempo, proibiu o cultivo da soja transgênica, o que foi revisto após grande pressão das empresas que vendiam as sementes e dos agricultores que buscavam um aumento na produtividade.
  Outro ponto importante e motivo de reivindicação é o direito do consumidor de saber quais os alimentos são transgênicos ou os que contêm em sua composição, o que poderia ser especificado no rótulo das mercadorias.

Exemplo de como as empresas que produzem alimentos transgênicos devem informar ao consumidor a origem dos seus produtos
  Em defesa dos alimentos transgênicos, as empresas de biotecnologia alegam que seria uma alternativa aos problemas de sustentabilidade na agricultura, pois poderia ser empregados no combate à fome no mundo, em função da melhoria expressiva da produtividade agrícola. Pregam ainda que a engenharia genética pode proporcionar melhor uso do solo e dos potenciais biológicos na agricultura. No entanto, hoje o desenvolvimento na área de biotecnologia está concentrado em apenas 15 empresas de atuação mundial, das quais 13 são sediadas nos Estados Unidos.
Mapa da produção de transgênicos no mundo
  Outro fator a ser considerado é que a fome não é, em essência, um problema decorrente da deficiência na produção alimentar, mas sim da escassez de renda para obter alimentos. A produção mundial de alimentos é suficiente para alimentar a população mundial. No entanto, a concentração de riquezas impede a superação da carência alimentar que acomete principalmente países da África Subsaariana, da América Latina e de algumas regiões da Ásia.
FONTE: Sene, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil, volume 3: espaço geográfico e globalização: ensino médio / Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. - São Paulo: Scipione, 2010.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A CONSTRUÇÃO DO TERRITÓRIO E A FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO

A GRANDEZA DO TERRITÓRIO
  O Brasil é o quinto mais extenso país do mundo. Com uma área de 8.514.876,599 km², o território brasileiro só é menor que o da Rússia, do Canadá, da China e dos Estados Unidos. Essa característica garante ao Brasil a posição de "país continental", visto que sua dimensão territorial é maior, por exemplo, que a dos países do continente europeu, excetuando-se a parte europeia da Rússia.
  No Brasil há uma extensa faixa litorânea, com 7.367 km de extensão, e uma fronteira terrestre ainda maior, que, com 15.719 km, faz limites com dez países sul-americanos.
  É nesse imenso território (que corresponde a cerca de 1,6% das terras emersas do globo e a 48% da área total da América do Sul) que o Estado brasileiro exerce sua soberania, ou seja, a autoridade e o controle irrestrito sobre os elementos naturais e culturais situados em seus limites, não somente sobre as terras emersas, mas também sobre tudo aquilo que existe em sua faixa de mar territorial, em seu espaço aéreo e no subsolo.
A POSIÇÃO GEOGRÁFICA DO BRASIL
  O Brasil está totalmente localizado no hemisfério Ocidental do planeta, ou seja, todas as suas terras encontram-se a oeste do meridiano de Greenwich. Já em relação aos hemisférios Norte e Sul, cerca de 93% do nosso território encontra-se ao sul da Linha do Equador; o restante, apenas 7% localiza-se ao norte desse paralelo.
  A grande extensão do território brasileiro no sentido leste-oeste (4.319 km entre os pontos extremos) faz com que haja três fusos horários diferentes no país, todos atrasados em relação ao horário de Greenwich.
  Essa vasta dimensão territorial do nosso país possibilita a existência de uma imensa diversidade de paisagens naturais e culturais. Em muitas delas encontram-se marcas ou vestígios que remetem à história da ocupação e da formação do território nacional.
A FORMAÇÃO HISTÓRICA DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
  A extensão territorial da maioria dos países está relacionada a processos socioeconômicos históricos, à evolução de suas fronteiras e ao estabelecimento oficial de seus limites, apresentando dimensões variadas no decorrer do tempo.
  Pode-se dizer que a formação histórica do território brasileiro iniciou-se no século XVI, com o desembarque de navegadores portugueses no litoral oriental da América do Sul. A princípio, esses exploradores vieram tomar posse das terras partilhadas com os espanhóis por meio do Tratado de Tordesilhas, documento assinado pelas duas potências marítimo-mercantes da época, Portugal e Espanha, no ano de 1494.
  O Tratado de Tordesilhas estabelecia uma linha imaginária a cerca de 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde, na África, dividindo as terras a serem exploradas por Portugal (a leste da linha do tratado) e pela Espanha (a oeste). Essa linha imaginária, foi o primeiro limite territorial das terras brasileiras, e ia do sul do atual estado de Santa Catarina até a ilha de Marajó, nas terras que atualmente compõem o estado do Pará.
O PAU-BRASIL E AS FEITORIAS DO LITORAL
  As terras encontradas pelos navegadores portugueses já eram habitadas há milhares de anos por centenas de povos indígenas, com culturas bastante distintas entre si. Muitos desses povos foram subjugados pelos portugueses para o trabalho escravo; os que resistiam à escravização eram mortos ou fugiam para as áreas interioranas. Calcula-se que, na época da ocupação, entre três e cinco milhões de indígenas habitavam as terras hoje correspondentes ao território brasileiro. Desde então, a população indígena sofreu uma redução drástica: atualmente seus descendentes somam 350 mil pessoas em todo o país, número que reflete o amplo processo de dizimação a que foram submetidos esses povos ao longo do tempo.
  Durante o século XVI, a ocupação ocorreu apenas nos pontos em que foram instaladas as feitorias (locais litorâneos onde eram armazenadas as mercadorias extraídas da floresta), em geral estabelecidas em enseadas ou baías de fácil acesso aos navios, de onde os produtos eram embarcados para a metrópole. Em torno das feitorias, os portugueses passaram a explorar especiarias e o pau-brasil. Essa madeira, abundante e de grande valor comercial na época, era extraída da floresta tropical ali existente, a Mata Atlântica. Para a extração desses gêneros naturais, os exploradores utilizaram a mão de obra dos indígenas que viviam próximo à costa.
Pau-brasil - árvore símbolo do nosso país
A CANA-DE-AÇÚCAR E A MÃO DE OBRA AFRICANA
  Um povoamento mais significativo das terras portuguesas na América do Sul ocorreria somente a partir da segunda metade do século XVI, com a introdução das lavouras de cana-de-açúcar, desenvolvida de acordo com o sistema de plantation, e dos engenhos para a fabricação de rapadura. Essa atividade econômica foi inicialmente desenvolvida no litoral paulista e depois, com mais sucesso, na costa nordestina, onde predomina o solo de massapê.
  Nesse período, a necessidade de novas áreas para a expansão canavieira e a demanda dos engenhos por lenha (para ser usada como combustível) deram início ao processo de desflorestamento da Mata Atlântica.
Cultivo da cana-de-açúcar - primeira atividade econômica desenvolvida no Brasil
  Na mesma época, a Coroa Portuguesa, visando à obtenção de maiores vantagens econômicas, substituiu a mão de obra  indígena pela mão de obra escrava africana. Assim, entre o final do século XVI e a primeira metade do século XVII, milhares de africanos foram trazidos para o Brasil à força para trabalhar sobretudo na atividade canavieira.
  Também surgiram nesse período os primeiros núcleos urbanos e fazendas com população fixa. A vila de São Salvador, atualmente capital do estado da Bahia, foi escolhida para ser a sede do governo português na colônia.
A CONQUISTA DOS SERTÕES
  Os séculos XVII e XVIII foram marcados pelo início da exploração das áreas interioranas, os chamados sertões, sobretudo por meio das atividades pecuária e mineradora.
  Expulsas da costa nordestina para dar lugar aos canaviais, as criações de gado deslocaram-se na direção montante dos principais rios da região, como o São Francisco, o Jaguaribe e o Parnaíba. A criação de gado bovino tornou-se uma atividade de grande importância também para a ocupação do extremo sul da colônia.
Pecuária - promoveu o povoamento do interior do Nordeste
  Já a mineração desenvolveu-se a partir das expedições realizadas pelos bandeirantes paulistas, principalmente para as regiões de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Ao longo dessas expedições foram descobertas jazidas de ouro, diamantes e esmeraldas, entre outros minerais de significativo valor comercial.
  Durante o século XVIII, especificamente, a atividade extrativa mineral ganhou tamanha importância que a sede do governo colonial foi transferida de Salvador para a cidade do Rio de Janeiro, cujo porto estava mais próximo dos núcleos mineradores.
Ouro Preto - MG. Cidade que surgiu graças à exploração do ouro
  Nessa época passaram também a ser exploradas as chamadas drogas do sertão, produtos nativos da floresta Amazônica, como o cacau, a baunilha e o urucum, usados como condimentos. Muitos desses produtos apresentavam propriedades terapêuticas e por isso eram chamados de drogas. Geralmente, a colheita era feita nas margens dos principais rios e igarapés da Amazônia.
  Com o desenvolvimento dessas atividades na colônia, diversos caminhos e estradas foram abertos, permitindo, por exemplo, o escoamento da produção mineral até os portos, de onde era embarcada para a metrópole, e o deslocamento do gado das áreas de criação até os principais núcleos urbanos.

O princípio de uti possidetis
  A penetração em direção aos sertões fez com que as áreas ocupadas pelos portugueses no continente sul-americano transgredissem pelo Tratado de Tordesilhas. Os portugueses passaram então a pleitear a posse definitiva dessas terras à Coroa Espanhola, valendo-se do princípio de uti possidetis, ou seja, as terras deveriam pertencer a quem as estivesse ocupando efetivamente, fosse com atividades econômicas (cultivos, atividades extrativas, mineração etc.), ou com vilas, povoados ou fortificações.
  No ano de 1750 firmou-se o chamado Tratado de Madri, por meio do qual a Espanha reconheceu o direito português sobre uma vasta extensão de terras sul-americanas. A partir desse tratado, os limites do território colonial tornaram-se mais semelhantes aos do atual.
Mapa do Brasil com o Tratado de Madri
  Esse processo de ocupação territorial estava diretamente relacionado ao interesse português de fazer de suas terras da América do Sul uma colônia de exploração, ou seja, uma área em que a metrópole pudesse se apoderar de produtos com alto valor comercial, como madeira, ouro, cana-de-açúcar, algodão e especiarias, enriquecendo ainda mais a classe dominante europeia.
ATIVIDADE AGRÍCOLA E CONSOLIDAÇÃO DAS FRONTEIRAS ATUAIS
  O café ainda é um dos principais produtos exportados pelo Brasil. Introduzido no país no final do século XVIII, foi cultivado inicialmente nas imediações da cidade do Rio de Janeiro, expandindo-se na direção do vale do rio Paraíba do Sul.
  Muito valorizado no mercado europeu, em apenas algumas décadas o café transformou-se em um dos principais produtos agrícolas de exportação do Brasil e, já no final da primeira metade do século XIX, alcançou áreas do interior de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo.
Plantação de café em São João de Manhuaçu - MG
  Durante esse período, o afluxo de africanos escravizados ainda era grande, embora tivesse começado a diminuir após o processo de independência do país. O Brasil, agora constituído como Estado-nação soberano, proibiu o tráfico de cativos em 1850, decretando, em 1888, a abolição total da escravatura. Estima-se que desde o início do tráfico, no século XVI, até o final, no século XIX, cerca de 4,5 milhões de africanos tenham sido trazidos para as terras brasileiras.
  Como forma de substituir a mão de obra escrava, o Estado estimulou a vinda de trabalhadores imigrantes livres, sobretudo europeus, que a princípio foram encaminhados para as regiões produtoras de café e para as áreas de povoamento criadas no Sul do país. Assim, até a metade do século XX entraram em território brasileiro cerca de quatro milhões de imigrantes.
  Além da produção do café, outras atividades agrícolas destacaram-se durante o século XIX, como o cultivo do algodão nas áreas de Caatinga do interior do Nordeste e a exploração da borracha no interior da Amazônia no final do século.
  O desenvolvimento dessas atividades obrigou o governo brasileiro a ampliar as vias de acesso ao interior, abrindo novos caminhos, estradas de terra e ferrovias, que esboçaram os primeiros eixos de comunicação e de integração do território brasileiro.
  Por intermédio de várias ações diplomáticas conduzidas por José Maria da Silva Paranhos Júnior, o barão do Rio Branco (1845-1912), o governo brasileiro teve assegurada, na primeira década do século XX, a posse de mais de 500 mil km² de terras. Foram resolvidas várias questões fronteiriças com Argentina, Bolívia, Colômbia, Peru e Suriname. Desde então, os limites territoriais brasileiros são os mesmos.
Processo de formação do Brasil
A FORMAÇÃO ÉTNICA DA POPULAÇÃO BRASILEIRA
  Nos primeiros séculos de nossa história, o processo de formação do território brasileiro congregou diferentes grupos humanos, envolvendo principalmente os povos indígenas (Tupi, Jê, Aruaque, Cariri, etc.), que originalmente habitavam as terras brasileiras; os portugueses, que vieram se apropriar das riquezas existentes nas terras indígenas; e os povos africanos (Nagô, Jejê, Haussá, Benguela, Moçambique, etc.), trazidos para trabalhar como mão de obra escrava nas atividades econômicas coloniais.
  Na realidade, o encontro entre os povos indígenas, os europeus (a princípio, portugueses) e os africanos não ocorreu de forma harmoniosa. A interferência da sociedade europeia na cultura indígena dizimou grupos inteiros que haviam se constituído milhares de anos antes. O contato com os povos trazidos à força da África também foi marcado pela violência.
Brasil - várias raças, um só povo
  A partir da segunda metade do século XIX, povos de outras origens passaram a fazer parte da composição da população brasileira. Eram imigrantes, sobretudo europeus (espanhóis, italianos, alemães, eslavos, etc.) e asiáticos (árabes e japoneses), povos que, fugindo de guerras e da pobreza que assolava seus países de origem, aportaram no Brasil em busca de melhores condições de vida.
  Atualmente, é possível afirmar que o povo brasileiro, com seu passado histórico comum e suas manifestações culturais, resulta do encontro e da convivência desses grupos humanos, fato que proporciona a nosso país uma grande diversidade étnica, existente em poucos países do mundo.
A IDENTIDADE SOCIOCULTURAL E O CONCEITO DE NAÇÃO
  Ainda que abstrata, a expressão "Brasil brasileiro" pode revelar a essência da identidade do povo brasileiro, que está baseada sobretudo na cultura.
  A cultura de um povo se refere a seus valores e costumes, à língua escrita e falada, às tradições religiosas, às diferentes manifestações artísticas e ao passado histórico comum, que no Brasil se caracteriza pelo encontro de povos de diferentes etnias.
  Foi em torno das relações entre os vários grupos humanos que se estruturou o Estado-nação brasileiro, uma sociedade politicamente organizada por meio de instituições, com leis e governos próprios, e marcada por elementos culturais que lhe são peculiares.
Capoeira - arte que mistura dança e luta, foi criada pelos descendentes dos povos africanos no Brasil.
  A identidade cultural de um povo também resulta da maneira como as pessoas se relacionam com o espaço que habitam, ou seja, do modo como organizam esse espaço territorial. Uma nação se apropria dos lugares por meio de práticas culturais que envolvem sentimentos e simbolismos atribuídos a determinado local. A comida, o carinho entre as pessoas, as danças, a religião, entre outras, são alguns elementos que simbolizam a identidade cultural de um povo, que está expressa nas paisagens, nas relações interpessoais e nas manifestações culturais.
Festival Folclórico de Parintins - AM. Uma forma de expressar a cultura amazônica
FONTE: Boligian, Levon. Geografia espaço e vivência, volume único / Levon Boligian, Andressa Turcatel Alves Boligian. -- 3. ed. -- São Paulo: Atual, 2011.

sábado, 8 de setembro de 2012

O SUDESTE ASIÁTICO

  O Sudeste da Ásia é composto de 11 países, estendendo-se por uma área com cerca de 4,5 milhões de km². Banhada pelos oceanos Índico e Pacífico, essa região pode ser dividida em duas áreas distintas: a dos países continentais e a dos países insulares. Alguns países insulares, como a Indonésia e as Filipinas, formam imensos arquipélagos.
  O Sudeste Asiático é bastante populoso: reúne, atualmente, mais de 600 milhões de habitantes. Na maioria dos países da região, grande parte da população vive no campo, trabalhando em atividades primárias, sobretudo agrícolas. Destas, a de maior importância é a rizicultura, ou seja,  o cultivo do arroz, produto básico da alimentação da maior parte da população do continente asiático.
Cultivo de arroz no Vietnã
A RIZICULTURA E AS DEMAIS ATIVIDADES AGRÍCOLAS DO SUDESTE DA ÁSIA
  Cerca de 28% da produção mundial de arroz provém do Sudeste da Ásia. A Indonésia é o maior produtor regional desse vegetal. A produção rizicultora desse país perde em quantidade somente para a China e a Índia, os dois maiores produtores mundiais. Na maioria dos países do Sudeste da Ásia, a rizicultura desenvolve-se em pequenas e médias propriedades rurais, por meio de técnicas tradicionais. Nessa atividade, a mão de obra utilizada é familiar e todas as etapas da produção são realizadas manualmente ou com auxílio de animais. Esse tipo de cultivo é denominado de agricultura de jardinagem. Em razão da abundância de mão de obra e da grande densidade populacional, cada hectare de terra é intensamente aproveitado, tanto no cultivo do arroz quanto no de outros produtos, como milho, trigo, soja e hortaliças. Por isso, dizemos que nesses minifúndios desenvolve-se uma agricultura tradicional intensiva, com o uso de mão de obra familiar ou comunal.
Agricultura de jardinagem no Vietnã
RELEVO, CLIMA E AGRICULTURA NO SUDESTE DA ÁSIA
  O relevo e o clima têm grande influência sobre o desenvolvimento das atividades agrícolas no Sudeste da Ásia. As áreas montanhosas, tanto na área continental como na área insular, são recortadas por extensas planícies aluviais, onde fluem rios caudalosos, como o Mekong, o Irrawaddy, e o Chao Phraya, e seus respectivos afluentes. É nessas planícies que se concentra grande parte da população.
Rio Mekong em Laos
  A rizicultura e as outras atividades agrícolas que são desenvolvidas nas áreas de planícies beneficiam-se do regime de cheias e vazantes dos rios. As partes mais baixas das encostas das montanhas também são utilizadas para as lavouras. Nessas áreas íngremes são construídos terraços, isto é, plataformas planas, em degraus, que retêm a água das chuvas e evitam a erosão das encostas, aumentando, assim, a área destinada ao cultivo.
Cultivo de arroz em terraços na Indonésia
  As épocas de pousio e aragem dos solos e de plantio e colheita das lavouras, nessa parte da Ásia, são reguladas por um fenômeno climático regional denominado de monções.
AS MONÇÕES E A AGRICULTURA NA ÁSIA
  Todos os anos, entre os meses de maio e outubro, a pluviosidade no Sudeste da Ásia aumenta sensivelmente, tendo seu ápice nos meses de verão (no hemisfério norte). É a monção úmida. Durante essa estação, chuvas torrenciais fazem os rios transbordarem, enchendo as várzeas das planícies de matéria orgânica e umedecendo os terraços nas áreas montanhosas, o que fertiliza os solos.
  Já entre os meses de novembro a abril, a vazão dos rios diminui, ocorrendo um período de estiagens, originando a monção seca. Durante esse período, o cultivo é garantido em determinadas áreas de planície pelo uso de diques e reservatórios, que guardam a água das chuvas passadas, ou por sistema de irrigação em canais. Esses recursos têm permitido a produção de arroz fora da monção úmida, proporcionando até três colheitas anuais em algumas regiões.
AS MONOCULTURAS DE EXPORTAÇÃO NO SUDESTE DA ÁSIA
  Com exceção do Vietnã (país de regime socialista), do Laos e do Camboja (países em transição para a economia capitalista), na maior parte do espaço agrário do Sudeste da Ásia convivem, lado a lado, áreas com agricultura intensiva familiar e latifúndios monocultores. Introduzidas na região no período de colonização europeia, que durou até a década de 1960, a área ocupada pelas monoculturas e sua produção vêm aumentando, elevando a concentração fundiária nas zonas rurais dos países do Sudeste Asiático.
  Boa parte desses latifúndios são pouco mecanizados, empregando geralmente grande número de trabalhadores em razão da elevada oferta de mão de obra a baixos custos. Nessas propriedades monocultoras são cultivados sobretudo produtos tropicais, como chá, cana-de-açúcar, algodão, fumo, borracha e frutas (abacaxi, coco, banana etc.), destinados quase exclusivamente à exportação.
Cultivo de chá na Malásia
  Nesses países, a produção agrícola voltada para o mercado externo também vem avançando sobre áreas tradicionalmente destinadas às lavouras de arroz, cultivadas por meio da agricultura intensiva familiar. A concentração fundiária é o principal fator da diminuição das áreas destinadas à rizicultura, que passa a ser substituída, na maioria das vezes, por culturas tropicais. Segundo especialistas, esse fato pode estar gerando um quadro de carência alimentar, e até mesmo de fome, em determinados países do Sudeste da Ásia, visto que o arroz é a principal fonte de nutrientes da população regional.
Agricultura tradicional na Indonésia
A ATIVIDADE MADEIREIRA E AS FLORESTAS ASIÁTICAS
  Além das monoculturas de exportação, outra importante fonte de divisas para alguns países do Sudeste da Ásia tem sido a exploração madeireira.
  Essa atividade é realizada por empresas locais que derrubam extensas áreas de florestas, sobretudo na Malásia, na Tailândia, na Indonésia, em Papua-Nova Guiné e no Camboja, e exportam a madeira principalmente para os Estados Unidos e países europeus.
  Atualmente restam menos de 20% da exuberante floresta equatorial que recobria esses países, mas o ritmo de desmatamento ainda continua elevado - tem sido desmatados nos últimos 20 anos, cerca de 30 mil km² ao ano.
Floresta em área montanhosa na Tailândia
  O desmatamento descontrolado das florestas equatoriais em países do Sudeste da Ásia trouxe trágicas consequências ao meio ambiente regional, como a erosão dos solos, e desastres naturais, como inundações e deslizamentos de terra, sobretudo na estação da monção úmida.
  A redução das reservas florestais naquela região tem levado várias madeireiras a atuar em outras partes do mundo, acelerando o desmatamento em países como o Brasil, a Guiana, o Suriname e o Belize.
Área desmatada na Amazônia
  Historicamente, o Sudeste Asiático sofreu uma série de ocupações estrangeiras. Franceses, na península da Indochina, portugueses e holandeses, na Indonésia, espanhóis nas Filipinas e ingleses na Malásia. Durante a Segunda Guerra Mundial, os japoneses ocuparam a região e, após 1945, ocorreu a descolonização.
  Alguns países da região tornaram-se socialistas e aliados da antiga URSS: foi o caso de Laos, Camboja e Vietnã. Na década de 1990, a desintegração do socialismo promoveu uma abertura econômica nesses países, que se integraram à Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) e à Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (Apec). Entre os países do Sudeste Asiático apenas Cingapura é considerado desenvolvido; além dela, só Brunei e Malásia têm IDH elevado. Os demais encontram-se em diferentes ritmos de crescimento econômico e desenvolvimento social. A Tailândia, a Indonésia e a Malásia são, atualmente, consideradas "Novos Tigres Asiáticos" devido ao rápido desenvolvimento industrial.
Países integrantes da Asean
VIETNÃ
  O Vietnã, assim como toda a península da Indochina, esteve praticamente um século sob o domínio da França, que se retirou da região em 1954. Nesse ano, o Vietnã foi dividido em dois: Vietnã do Norte (comunista) e Vietnã do Sul (capitalista).
  No norte do Vietnã, desde a década de 1930, já havia sido criado um Partido Comunista que vislumbrava ampliar sua área de atuação. A partir da divisão do país, o maior objetivo do partido passou a ser a sua reunificação. Para isso, os comunistas iniciaram frentes de batalhas no sul do Vietnã. Em 1959, teve início uma guerra civil em que os comunistas, chamados de vietcongues, utilizavam táticas de guerrilha.
Mapa do Vietnã dividido
  Em 1961, os Estados Unidos deram seu apoio ao Vietnã do Sul e entraram na guerra. Interessados em impedir o avanço comunista na região, os EUA enviaram para a guerra por volta de 3,5 milhões de jovens entre 1965 e 1972. Em apoio ao Vietnã do Norte, entre 1965 e 1973 a China enviou cerca de 300 mil soldados.
  Em 1973, os EUA aceitaram um cessar-fogo e, em 1975, se retiraram do Vietnã, assumindo a derrota. Com o fim da guerra ocorreu a reunificação entre o norte e o sul, e o Vietnã tornou-se um país comunista.
  A partir dos anos 1990, o governo vietnamita promoveu várias reformas econômicas, permitindo o ingresso de investimentos multinacionais, principalmente nos setores têxtil e de calçados. Em 2007, sua adesão à OMC fez aumentar as exportações.
OS TIGRES ASIÁTICOS
  Nas últimas três décadas, alguns países do Sudeste da Ásia, antes baseados economicamente em atividades primárias, apresentaram rápido crescimento industrial, tornando-se conhecidos como Tigres Asiáticos.
  O desenvolvimento econômico verificado nesses países é provocado não somente pelo crescimento do setor industrial, mas também do setor comercial, sobretudo de serviços financeiros (implantação de sedes de bancos internacionais, bolsas de valores etc.) e de empresas de importação e exportação.
  No caso da atividade industrial, os Tigres Asiáticos destacam-se, de maneira geral, pela fabricação e pela exportação de bens de consumo duráveis e não duráveis, produzidas por pequenas e médias empresas locais e por multinacionais japonesas, norte-americanas e europeias. Predominam as indústrias eletroeletrônica, automobilística, de brinquedos e de vestuário, além da alimentícia. São importantes, também, as indústrias que empregam tecnologia de ponta, como as de telecomunicações, informática e aeroespacial.
Visão noturna de parte da cidade de Cingapura
  O rápido desenvolvimento industrial e econômico dos Tigres Asiáticos deveu-se a maciços investimentos financeiros realizados nesses países pelos Estados Unidos e pelo Japão, a partir da década de 1970. Esses investimentos tinham como objetivo político e estratégico criar economias capitalistas bem estruturadas nessa parte da Ásia, a fim de inibir revoluções socialistas na região, como as que ocorreram no Vietnã, no Camboja e no Laos, apoiadas pela China e pela Coreia do Norte.
  Além dos investimentos financeiros, outros fatores contribuíram para atrair grande quantidade de multinacionais para os Tigres Asiáticos:
  • A oferta de mão de obra é abundante, barata e com nível razoável de escolaridade. Nesses países, sobretudo nos Novos Tigres, ocorre uma superexploração dos trabalhadores, que cumprem jornadas de mais de 50 horas semanais sem ter seus direitos trabalhistas respeitados. As indústrias beneficiam da disciplina e da obediência dos trabalhadores aos ideais da empresa e da coletividade. Tais comportamentos são mantidos por rígidos princípios morais e religiosos e, também, pelo autoritarismo político existente na maior parte dos Tigres Asiáticos.
  • A intervenção dos Estados, concedendo incentivos fiscais (como isenção de impostos) e facilidades para que as multinacionais remetam seus lucros aos países de origem, além de baixas taxas alfandegárias para a exportação de produtos industrializados.
Trabalhadores na fábrica de motos SYM em Hsinchu - Taiwan
  Esses foram alguns dos principais fatores que garantiram aos Tigres Asiáticos forte competitividade no mercado internacional, ou seja, grande facilidade para atrair investimentos e oferecer produtos com preços bem menores do que os oferecidos por outros países industrializados, como o Brasil. Atualmente, nosso país vem sendo invadido por produtos fabricados nos países asiáticos, como brinquedos, aparelhos eletrônicos e computadores, o que prejudica diretamente a produção industrial nacional.
Com o processo de globalização, cresceu a presença de produtos asiáticos no comércio mundial
  De maneira geral, o vertiginoso crescimento econômico dos Tigres Asiáticos tem provocado melhoria nas condições de vida de seus habitantes. Os níveis de analfabetismo têm caído entre os Novos Tigres, embora ainda apresentem índices elevados. Houve diminuição no desemprego em razão do crescimento da  oferta de postos de trabalho. A média salarial dos operários da indústria está bem acima daquela paga em outros países subdesenvolvidos. No entanto, ainda está bem abaixo da média dos salários de operários europeus, japoneses ou norte-americanos.
  Os padrões de consumo da população dos Tigres Asiáticos são os mais altos entre as populações dos países subdesenvolvidos. Segundo o Banco Mundial, nos últimos anos cerca de 228 milhões de pessoas saíram da situação de pobreza nessa região da Ásia.
  A partir da década de 1980, as taxas de mortalidade e natalidade caíram rapidamente. Isso foi possível porque houve melhoria no padrão alimentar, assim como acesso facilitado à moradia e à assistência médica. Tais condições elevaram a expectativa de vida média da população dos Tigres Asiáticos.
Kuala Lumpur (Malásia) - a modernidade é reflexo do crescimento econômico que o país teve nos últimos anos
COREIA DO SUL: O TIGRE MAIS PRÓSPERO
  Separada da sua porção norte, no início da década de 1950, a Coreia do Sul apresenta-se atualmente como o mais próspero dos Tigres Asiáticos.
  A atividade industrial está na base da sua economia, produzindo automóveis, navios, produtos eletroeletrônicos, vestuário, produtos de informática e de telecomunicações, entre outros. É o país de origem de importantes empresas transnacionais, como a Samsung, a LG (eletrônicos), e a Hyundai (montadora de automóveis e navios). Contudo, grande parte da matéria-prima de que o país necessita para manter sua atividade manufatureira é importada de outros países, assim, como os alimentos necessários para manter sua densa população de quase 49 milhões de habitantes.
Principais empresas da Coreia do Sul, denominadas de Chaebols (conglomerado de empresas em torno de uma empresa-mãe, que são controladas por famílias)
  A pujança da economia sul-coreana decorre da presença de uma mão de obra especializada e relativamente barata e de leis trabalhistas flexíveis, que não proporcionam qualquer estabilidade ou garantia de direito aos trabalhadores.
OS NOVOS TIGRES ASIÁTICOS
  Malásia, Tailândia, Indonésia e, mais recentemente, o Vietnã são apontados como os novos Tigres Asiáticos, pois têm se destacado pelo rápido crescimento industrial desde a década de 1990. Esses países adotaram um modelo de industrialização voltado para as exportações, semelhante ao que já vinha sendo adotado pelos Tigres Asiáticos tradicionais, atraindo elevados investimentos de empresas multinacionais, sobretudo japonesas e estadunidenses.
  As grandes empresas que se instalaram nesses países beneficiaram-se de um conjunto de fatores, tais como os baixos salários e a fragilidade ou ausência de leis trabalhistas que controlem o número de horas de trabalho ou ofereçam garantias previdenciárias aos trabalhadores. Entre os novos Tigres, a Malásia é o país que tem apresentado o maior equilíbrio entre o crescimento econômico e a melhoria das condições de vida da população.
  A Indonésia é o país que apresenta a maior população muçulmana do mundo. Seu expressivo crescimento econômico permitiu que a renda per capita fosse multiplicada por quatro entre 1998 e 2007. No entanto, 45% da população vive com menos de 2 dólares por dia e 60% da população economicamente ativa atua na informalidade.
  Além de ter sido o país mais atingido pelo tsunami (onda marinha gigantesca) de 2004, que provocou um elevado número de mortes e destruição de infraestrutura, a Indonésia apresenta enorme endividamento externo, fatores que prejudicam o desempenho econômico do país.
Consequência do tsunami que atingiu a costa da Indonésia em dezembro de 2004
  No campo político, após um período de trinta anos de severa ditadura, o país mergulhou em crescente instabilidade política e o governo foi alvo de sucessivas denúncias de corrupção. A partir dos anos 2000, a Indonésia tem sofrido atentados terroristas atribuídos à organização muçulmana extremista Jemaah Islamiyah, que é apoiada financeiramente pela Al Qaeda, de Osama Bin Laden, morto em 2011 pelas tropas norte-americanas. Em 2002, ocorreu em Bali um atentado que matou mais de 200 pessoas, a maioria turistas.
Atentado que deixou 202 pessoas mortas em Bali - Indonésia, em 2002
TIMOR LESTE
  O Timor Leste está situado na porção leste da ilha Timor e foi colonizado por portugueses desde o século XVI, que deixaram a ilha somente em 1974.
  A parte ocidental da ilha pertence à Indonésia e, logo após a retirada dos portugueses, o país reivindicou a parte oriental, o que culminaria com a anexação do Timor Leste. Para manter o controle sobre esse território, a Indonésia reprimiu duramente os que se opunham à anexação.
Mapa do Timor Leste
  Em 1999, após grande pressão internacional devido à violência empregada no Timor Leste, a Indonésia foi impelida de realizar um plebiscito, em que quase 80% dos timorenses votantes optaram pela independência do seu território, efetivada em 2002.
  As condições socioeconômicas vividas pela população do Timor Leste são precárias, pois a estabilidade política e econômica do país ainda não foi alcançada.
No Timor Leste a maior parte da população sofre com as péssimas condições de vida
FONTE: Geografia, 3° ano: ensino médio / organizadores Fernando dos Santos Sampaio, Ivone Silveira Sucena. - 1. ed. - São Paulo: Edições SM, 2010. - (Coleção ser protagonista).
Geografia espaço e vivência: o espaço geográfico mundial, 8° ano / Levon Boligian ... [et. al.]. - 3, ed. reform. São Paulo: Atual, 2009. 

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