quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

CANADÁ, UM PAÍS BILINGUE

  O Canadá é um dos países com o melhor padrão de vida do mundo, com baixos índices de mortalidade infantil e de analfabetismo e de elevada expectativa de vida.
  A população canadense é formada principalmente por descendentes de ingleses  (40%) e franceses (27%), por isso o francês e o inglês são considerados idiomas oficiais. Outra grande parcela da população veio de outros países da Europa, principalmente da Alemanha, Itália, Ucrânia, Polônia e países escandinavos. Os povos nativos, quase totalmente exterminados ao longo de séculos de colonização, corresponde atualmente a apenas 2%, e são constituídos principalmente pelos Inuits.
Casal de Inuits do norte do Canadá
  De acordo com a organização do espaço geográfico canadense, o país é dividido em seis regiões distintas: a dos Grandes Lagos, a Costa Atlântica, o Escudo Canadense, as Planícies Centrais, a Cordilheira Ocidental e o Extremo Norte. Os limites estabelecidos para as províncias são linhas arbitrárias determinadas por questões administrativas, históricas ou de compromissos políticos.
  A região dos Grandes Lagos e o vale do rio São Lourenço, próximo à fronteira dos Estados Unidos, é a mais desenvolvida e populosa do país, incluindo parte do território das províncias de Quebec e Ontário. Nela estão localizadas as principais cidades canadenses, como Toronto, centro comercial e financeiro do Canadá; Montreal, um importante porto fluvial e sede de grandes empresas; e Ottawa, a capital planejada com cerca de 1 milhão de pessoas.
Ottawa - capital do Canadá
  A Costa Atlântica reúne as quatro províncias por onde se iniciou a colonização: Nova Escócia, Nova Brunswick, Ilha Príncipe Eduardo e Terra Nova. Apesar da decadência econômica vivida por essa região em relação ao resto do país, a exploração de grandes reservas de petróleo e gás natural tem possibilitado a retomada do crescimento econômico.
Cidade de Halifax - capital de Nova Escócia
  As Planícies Centrais englobam boa parte das províncias de Manitoba, Saskatchewan e Alberta. A construção da ferrovia Canadian Pacific, concluída no final do século XIX, e da rodovia Transcanadense, inaugurada em 1970, possibilitou a interiorização dessa parte do país, coberta originalmente por pradarias.
Rodovia Transcanadense
  Com solos férteis e relevo plano, essa região é o grande celeiro agrícola do Canadá, onde se cultiva principalmente trigo e cevada. Em Alberta também se cria gado e existem campos de extração de petróleo. Edmonton e Calgary, as principais cidades dessa província, são sedes de um importante polo petroquímico e de empresas nacionais de petróleo e gás natural. Winnipeg, capital de Manitoba, é o centro financeiro da região.
Winnipeg - principal centro financeiro das Planícies Centrais
  A Cordilheira Ocidental, formada pelas Montanhas Rochosas e a Costa do Pacífico, compreende quase toda a província da Colúmbia Britânica. Essa região é grande produtora de pescados, carvão mineral, cobre, petróleo, gás natural, madeira e papel. Sua principal cidade é Vancouver, a terceira maior do país, com quase 2 milhões de habitantes.
Vancouver - terceira maior cidade do Canadá
  O Escudo Canadense ocupa a grande área centro-norte do país, onde estão milhares de lagos e terrenos cobertos por grandes florestas de coníferas e tundras. O inverno rigoroso dificulta a ocupação dessa região. São comuns a extração de madeira e de minérios e a geração de energia elétrica.
As extensas florestas de coníferas é a paisagem típica do Escudo Canadense
  O Extremo Norte é a região mais inóspita e fria do Canadá, formada basicamente por solos inférteis que ficam cobertos de neve durante quase o ano inteiro. Conhecido também como Ártico Canadense, é povoado por Inuits e trabalhadores temporários nos setores de serviços e mineração.
Paisagem típica do Extremo Norte do Canadá
  Como o subsolo dessa região possui grandes reservas de prata, cobre, chumbo e zinco, há um forte conflito nesse território. Os povos autóctones reivindicam o direito de posse da terra e de suas riquezas, mas o governo canadense costuma distribuí-las, por meio de concessão, a grandes empresas mineradoras.
  Como forma de minimizar o impasse, em 1999 foi transferida aos Inuits e indígenas uma área de 673 quilômetros quadrados do Território do Noroeste, formando desse modo o novo território de Nunavut (equivalente a um quinto do território canadense). Esse fato levou à recuperação da autonomia do povo Inuit e possibilitou a manutenção dos costumes e tradições de uma cultura milenar.
FONTE: Bigotto, José Francisco. Geografia sociedade e cotidiano: espaço mundial 2, 9º ano / José Francisco Bigotto, Márcio Abondanza Vitielo, Maria Adailza Martins de Albuquerque. -- 2 ed. -- São Paulo: Escala Educacional, 2009.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

VIETNÃ, O TIGRE VERMELHO

  Em 1986, iniciou-se a batalha que o Vietnã está travando de sua reinserção independente na economia mundial e sua rápida transformação em novo tigre asiático, acelerando seu ritmo de crescimento anual de 4% de 1986 a 1990 para taxas acima de 7% ao ano de 1991 até os dias atuais, o que signifca que a nação triplicou o tamanho de sua economia nos últimos vinte anos.
Cultivos nas montanhas do Vietnã
  Em 1986, diante da persistência do subdesenvolvimento, do bloqueio econômico capitalista e dos perigos da perestroika soviética, o PC do Vietnã assumiu a reforma econômica, baseada no modelo chinês de Deng Xiaoping. O Estado vietnamita manteve o monopólio do aparelho bancário, do comércio exterior, dos setores de energia e transportes e das grandes indústrias (cimento, cerveja, etc.), mas diminuiu sua presença econômica direta, aumentando sua presença indireta (planejamento). Manteve a propriedade estatal da terra, mas estimulou os contratos de parceria com os camponeses, estimulando grandes aumentos da produção, as mais significativa das quais na rizicultura, que saltou de 19,2 milhões de toneladas em 1990 para mais de 40 milhões de toneladas em 2010. Com boas jazidas de fosfatos, o Estado instalou fábricas de fertilizantes, que ajudaram o salto da agricultura, também visível nas crescentes safras de café e de borracha. Hoje, o Vietnã é o segundo maior produtor mundial de café (perdendo apenas para o Brasil) e o sexto maior produtor mundial de borracha.
Borracha - o Vietnã é o sexto maior produtor mundial
  Mais do que o crescimento agrícola é o da indústria, que tem garantido o grande dinamismo econômico, pois a indústria cresceu a taxas anuais de 12,5% nos anos de 1990 e 14% nos anos 2000. O grosso das exportações de manufaturados é de produtos tradicionais de mão de obra intensiva, de controle estatal majoritariamente: têxtil, confecções, calçados, entre outros.
Indústria de calçados - uma das que mais cresce no Vietnã
  O povo vietnamita e seus dirigentes têm enfrentado com coragem e sucesso a batalha iniciada em 1986. Realiza crescimento econômico mais igualitarista que o chinês, diminuindo a pobreza de 70% da população em 1985 a 25% em 2004, com 310 mil famílias promovidas a cada ano em média, bem como diminuindo o desemprego urbano. Completou a universalização do ensino primário e elevou o número de estudantes do ensino superior.
Estudantes vietnamitas
  O Vietnã constrói uma sociedade harmoniosa, onde as 54 minorias étnicas (15% da população) e os diferentes credos religiosos, sobretudo os budistas, possam se sentir parte ativa da construção do socialismo, fortemente industrializado, abundante e mais justo.
FONTE: Geografia, 2° ano: ensino médio / organizadores: Fernando dos Santos Sampaio, Ivone Silveira Sucena - 1. ed. - São Paulo: Edições SM, 2010. - (Coleção ser protagonista).

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A IMIGRAÇÃO NO BRASIL

  No final do século XVIII já havia ocorrido uma primeira experiência de imigração organizada.
  Os governantes de Portugal, preocupados em povoar o sul do Brasil - para afastar a ameaça de ocupação espanhola -, incentivaram a imigração de portugueses que viviam no arquipélago de Açores.
Cidade da Horta, na ilha do Faial - arquipélago dos Açores
  A coroa portuguesa ofereceu a esses imigrantes viagem gratuita, armas para a defesa, ferramentas para a agricultura, gado para o leite, cavalos para o transporte e alimentos durante um ano. Os açorianos recebiam também uma área de terras incultas para a produção agrícola.
  Mais de 4 mil famílias açorianas aceitaram a oferta e ocuparam o litoral sul do Brasil, especialmente no atual estado de Santa Catarina, deixando marcas em toda a cultura local: arquitetura, gastronomia, tradições, entre outras.
Arquitetura açoriana em Florianópolis - SC
OS PORTUGUESES
  No final do século XIX, as condições de vida em Portugal eram péssimas. A agricultura tinha baixa produtividade, as indústrias eram raras e a dívida com a Inglaterra era muito alta.
  Essa situação fez com que milhares de portugueses viessem para o Brasil, espalhando-se por diversas regiões. O Rio de Janeiro possui a maior concentração de portugueses e seus descendentes, seguido por São Paulo.
  A influência portuguesa é marcante na vida brasileira, principalmente na culinária e no próprio idioma.
Rio de Janeiro - maior cidade portuguesa fora de Portugal
OS ALEMÃES
  A imigração alemã no Brasil começou em 1824, quando um pequeno grupo se instalou no Rio Grande do Sul, na região do Vale do rio dos Sinos. A região abriga hoje diversas cidades fortemente influenciadas pela cultura germânica, como São Leopoldo e Novo Hamburgo.
  Ao longo do século XIX, os alemães participaram ativamente, com outros imigrantes europeus, da colonização do sul do Brasil. A necessidade de povoar essa região levou o governo brasileiro a doar pequenos lotes de terras no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
São Leopoldo -RS. Primeira cidade fundada por alemães no Brasil
  A maioria dos lotes entregues aos imigrantes alemães situava-se em regiões serranas, pois as terras mais planas já haviam sido ocupadas, sobretudo por portugueses e seus descendentes, que se dedicaram principalmente à pecuária.
  Nessas áreas de relevo mais acidentado, os imigrantes alemães deveriam produzir basicamente alimentos, que ainda eram muito escassos no sul do Brasil.
Moinho que simboliza a imigração alemã no Brasil, Joinville - SC
  Surgiram, assim, várias cidades de origem alemã. Em Santa Catarina, são destaques Blumenau, Joinville e Brusque, cidades que tiveram participação muito grande na industrialização do sul do Brasil.
  Conhecida como cidade das flores, Joinville é a maior cidade de Santa Catarina e, devido a forte influência germânica, é palco de muitas festas durante o ano, como a Fenachopp, a segunda maior festa de origem alemã no país.
Joinville - SC
  Outra importante festa realizada em Santa Catarina por descendentes de alemães é a Oktoberfest, em Blumenau, considerada a maior celebração da cultura alemã fora da Alemanha. A festa acontece no mês de outubro, na Vila Germânica, e atrai milhares de pessoas para a cidade.
Vila Germânica em Blumenau - SC
OS ITALIANOS
  A imigração italiana foi muito importante para o Brasil, tanto do ponto de vista quantitativo quanto culturalmente. Começou de maneira consistente a partir de 1870, quando a Itália atravessava um período de graves conflitos internos e grandes transformações políticas.
  A maioria desses imigrantes se fixou em São Paulo, sobretudo a partir de 1888, após o fim do regime escravista. Em substituição aos escravos, foram contratados pelos fazendeiros paulistas para trabalhar nas fazendas de café.
Imigrantes italianos em plantação de café - SP
  Após a crise de 1929, que encerrou o ciclo do café, muitos imigrantes italianos que viviam no interior dirigiram-se para a capital paulista em busca de trabalho como operários nas fábricas. Outros procuraram o comércio ou dedicaram-se às mais variadas profissões urbanas, imiscuindo-se em todas as áreas de atividade. Hoje, é notória a influência italiana na cultura paulista, fazendo-se notar na culinária, nos costumes e até no modo de falar.
Bairro do Bixiga, em São Paulo - fundado por imigrantes italianos
  Uma outra leva de imigrantes italianos seguiu para Santa Catarina e Rio Grande do Sul, ainda no final do século XIX, estimulados pela doação de lotes para a agricultura familiar.
  Visando facilitar e incentivar a vinda desses imigrantes, foram criadas colônias, especialmente no Rio Grande do Sul. Cada colônia era uma extensão de terras cuja área central era ocupada por uma sede administrativa e por uma igreja. A sede abrigava também pequenos artesãos e comerciantes, que contribuíram para a autossuficiência da colônia.
Antônio Prado - RS. Última das colônias de imigrantes italianos
  A partir do centro de cada colônia, distribuíram-se caminhos e estradas que levavam aos pequenos lotes de terras doados aos imigrantes. Nessas pequenas propriedades, as famílias italianas desenvolveram uma agricultura de subsistência. Com o tempo, porém, começaram a produzir excedentes de milho, feijão, batata, trigo e arroz, que eram comercializados em todo o Rio Grande do Sul. Mas o cultivo que melhor se adaptou às condições naturais da Serra Gaúcha foi a videira.
Cultivo de uva - foi o principal produto cultivado pelos imigrantes italianos
  Várias colônias transformaram-se em cidades importantes, como Bento Gonçalves, Garibaldi e Caxias do Sul. Já o vinho, o principal derivado das videiras, tornou-se um produto tradicional da Serra Gaúcha.
 Em Santa Catarina, os imigrantes italianos concentraram-se principalmente em Tubarão, Nova Trento, Urussanga e Criciúma, embora seus descendentes estejam presentes em todo o estado.
Caxias do Sul - RS. Cidade fundada por imigrantes italianos
OS ESLAVOS
  A imigração eslava, em sua maioria poloneses, formaram a maior corrente imigratória no estado do Paraná. Entre 1869 e 1920, estima-se que 60 mil poloneses entraram no Brasil, dos quais 95% estabeleceram-se no Paraná, nas colônias de Mallet, Cruz Machado, São Mateus do Sul, Irati e União da Vitória e na região de Curitiba. Em menor quantidade, rumaram para o inteior dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Os ucranianos também rumaram, em sua maioria, para o Paraná e colonizaram a região de Prudentópolis. Imigrantes russos também vieram, mas em pouca quantidade.
Mallet - PR. Cidade que surgiu sob a forte influência eslava
  Os imigrantes eslavos se dedicaram principalmente à agricultura com plantações de milho, feijão, repolho, batata, entre outros. Difundiram-se o uso do arado e de outras técnicas agrícolas no Paraná. Trouxeram consigo um modelo de carroça tipicamente eslava, utilizada até hoje no Paraná para o transporte de materiais e de produtos agrícolas.
Casa do colono polonês, em Curitiba - PR
OS SUÍÇOS
  Os suíços foram os primeiros imigrantes europeus a se estabelecerem no Brasil depois ods portugueses. Os primeiros imigrantes suíços chegaram ao Brasil entre 1819-1820, oriundos do cantão de Friburgo. Dom João VI batizou o lugar de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro. Eram ao todo 261 famílias, totalizando 1.682 imigrantes. Os colonos suíços foram atraídos para as serras do Rio de Janeiro pelo rei Dom João VI, com o intuito de povoar a região fluminense e europizar a região das serras. Hoje seus descendentes são encontrados aos milhares por toda a serra fluminense, miscigenados com portugueses, negros, italianos, entre outros.
Nova Friburgo - RJ. Cidade fundada por imigrantes suíços
  Um outro fluxo de suíços foi encaminhado para o Sul do Brasil durante todo o século XIX, com destaque para o grupo de imigrantes chegados da Colônia Dona Francisca (hoje Joinville), em Santa Catarina.
Residência típica de imigrantes suíços em Nova Friburgo
OS SÍRIOS E OS LIBANESES
  Os imigrantes sírios e libaneses começaram a chegar ao Brasil no final do século XIX, fugindo das dificuldades econômicas de sua região de origem.
  Concentraram-se principalmente em São Paulo, mas muitos se fixaram no norte do país, especialmente no Pará, no Amazonas, no Acre e no Ceará.
  Sua principal atividade era o comércio. Inicialmente, esses imigrantes trabalharam como mascates, percorrendo os bairros das cidades grandes e as pequenas cidades do interior. Logo, porém, tornaram-se proprietários de estabelecimentos comerciais fixos e indústrias.
Uma das principais influências dos sírios-libaneses no Brasil foi a culinária
  Calcula-se que vivem hoje no Brasil entre 10 e 15 milhões  de descendentes de sírios e libaneses.
  Hoje, quase todas as grandes cidades brasileiras apresentam várias ruas e até bairros comerciais criados por esses imigrantes e seus descendentes. É o caso da rua 25 de Março, em São Paulo, e de uma área do centro do Rio de Janeiro conhecida como Saara: em ambos os locais, inúmeras lojas de origem árabe vendem uma enorme variedade de mercadorias.
Rua 25 de Março, em São Paulo - SP. Uma das maiores ruas comerciais do país, foi criada pelos imigrantes sírio-libaneses
OS JAPONESES
  O primeiro grande grupo de japoneses chegou ao Brasil em 1908. Naquela época, o Japão passava por grandes dificuldades, como a baixa produtividade agrícola e a tradicional carência de recursos naturais. A fome rondava o país porque a agricultura - com métodos e técnicas rudimentares e escassas terras férteis - não conseguia produzir o suficiente para abastecer e alimentar toda a população.
Kasato Maru - navio que trouxe a primeira leva de imigrantes japoneses para o Brasil
  A maior parte veio para trabalhar na agricultura, concentrando-se em algumas regiões do estado de São Paulo (como Marília e Bauru) e Paraná (como Londrina e Maringá).
  Os imigrantes japoneses deram grande contribuição às atividades agropecuárias no Brasil, desenvolvendo, por exemplo, novas técnicas de plantio e de produção. Mas, assim como ocorreu com a colônia italiana após a crise da agricultura a partir de 1929, muitos migraram para a cidade de São Paulo, onde foram trabalhar no comércio e na indústria. Concentraram-se principalmente no bairro da Liberdade, que se tornou um símbolo da imigração japonesa no Brasil.
Bairro da Liberdade em São Paulo. Importante ponto da imigração japonesa
  Alguns núcleos de imigrantes japoneses surgiram também em outros estados. No Pará, fixaram-se na região bragantina (município de Tomé-Açu). No Rio de Janeiro, concentraram-se em Niterói.
  Tomé-Açu, localizado no nordeste do Pará, foi o local onde os japoneses chegados ao Brasil resolveram se instalar de forma mais bem-sucedida.
  A população local vive em casas típicas de sua cultura e aos domingos se reúnem em um templo budista como forma de manter a sua religião. Nas escolas, fala-se e estuda o japonês; mantêm o hábito de tirar os sapatos ao entrar em casa e costumam praticar o sumô.
Secagem de pimenta-do-reino por descendentes de japoneses em Tomé-Açu - PA
  Na contramão dos processos de ocupação da Amazônia, Tomé-Açu desenvolveu-se economicamente muito além das perspectivas interioranas. Para os japoneses e seus dependentes o cultivo da terra está em primeiro plano, diferentemente de outros estrangeiros, que não tinham a mesma responsabilidade ambiental. A pimenta-do-reino é o principal produto cultivado por esses imigrantes.
OS HOLANDESES
  A imigração neerlandesa no Brasil, foi o movimento migratório ocorrido nos séculos XIX e XX de neerlandeses para várias regiões do Brasil. Apesar da imigração neerlandesa ter sido menos expressiva do que a de outros grupos de imigrantes, os neerlandeses formaram cooperativas e empresas agrícolas em todas as regiões onde se estabeleceram, colaborando, assim, com o desenvolvimento da economia brasileira.
Holambra - SP. Conhecida como a "Cidade das Flores", é uma cidade que foi fundada por imigrantes holandeses
FONTE: Tamdjian, James Onnig. Estudos de geografia: o espaço geográfico do Brasil, 7° ano / James Tamdjian, Ivan Lazzari Mendes. - São Paulo: FTD, 2008.

sábado, 26 de novembro de 2011

REGIÃO HIDROGRÁFICA DO SÃO FRANCISCO

  A Região Hidrográfica do São Francisco é uma das mais importantes do país. O São Francisco e seus 168 afluentes drenam uma área total de aproximadamente 637.000 km², onde vivem cerca de 13 milhões de pessoas. Com 2.700 km de extensão, drena as águas de sete unidades da federação: a maior parte de Minas Gerais e da Bahia, além de pequenas parcelas do Distrito Federal, de Alagoas, Goiás, Pernambuco e Sergipe.
Nascente do rio São Francisco, na Serra da Canastra, no município de Medeiros - MG
  A vazão média anual corresponde a 2% do total do país. Nessa região hidrográfica estão presentes diferentes biomas: Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga, além de ecossistemas costeiros e insulares. O cerrado cobre praticamente metade da área da bacia, de Minas Gerais até o sul e o oeste da Bahia, e a caatinga predomina no nordeste da Bahia, onde o clima é mais seco.
  O rio São Francisco nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais, e corre em direção ao norte, atravessando o sertão nordestino, que é muito seco em determinadas épocas do ano. Apesar disso, ele jamais seca, pois sua nascente, é uma região que recebe muitas chuvas ao longo do ano.
Rio São Francisco próximo à sua nascente em Minas Gerais
  Como nasce no Sudeste e desemboca no litoral nordestino, o São Francisco facilitou o povoamento e a criação de gado em vastas regiões do sertão e possibilitou também a interligação de diversas cidades situadas às suas margens, por meio de barcos típicos, chamados de gaiolas. Por isso ficou conhecido como Rio da Integração Nacional.
  No médio São Francisco, as águas do rio são utilizadas para irrigar fazendas produtoras de frutas. Na região de Juazeiro/Petrolina, encontra-se um dos maiores polos de fruticultura do Brasil.
Agricultura irrigada entre os municípios de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE)
  Outra importante característica do São Francisco é seu grande potencial hidrelétrico, explorado por usinas como Três Marias, Sobradinho, Paulo Afonso, Xingó, Moxotó e Itaparica.
  Nas últimas décadas, a ação destruidora das atividades agrícolas passou a representar um sério risco à sobrevivência do São Francisco. O desmatamento e a erosão causados pela agricultura predatória provocaram o assoreamento do rio, comprometendo a navegabilidade e até mesmo o fluxo das águas.
Usina de Paulo Afonso IV em Paulo Afonso - BA
FONTE: Tamdjian, James Onnig. Estudos de geografia: o espaço geográfico do Brasil, 7° ano / James Tamdjian, Ivan Lazzari Mendes. - São Paulo: FTD, 2008.

PARQUE EÓLICO DE RIO DO FOGO

  O Parque Eólico de Rio do Fogo é o terceiro maior parque eólico do Brasil. Fica localizado na cidade de Rio do Fogo - RN, distante cerca de 81 km de Natal. Esse parque eólico tem 62 aerogeradores e capacidade instalada para produzir 49,3 Mega Watts (MW), ou 800 KW para cada um dos 62 aerogeradores distribuídos em uma enorme área de dunas, relativamente próximo à praia. Foi inaugurado em julho de 2006 e à época era o maior da América Latina.
  O estado do Rio Grande do Norte é visto como o maior potencial do país para gerar energia eólica, e tem ventos soprando a favor de pelo menos 17 municípios em estágio de desenvolvimento regular ou moderado, a exemplo de João Câmara, Touros e Galinhos. Esses ventos prometem levar, até essas cidades, um surto de crescimento sem precedentes, gerando emprego e renda, principalmente em áreas como a construção civil, operação e manutenção de equipamentos.
VANTAGENS DA GERAÇÃO EÓLICA PARA O SETOR ELÉTRICO E O MEIO AMBIENTE
  Dentre os fatores que favorecem a produção de energia eólica estão:  energia a partir de uma fonte renovável; contribuição para a diversificação da matriz energética brasileira;  rápida implantação; potencial de geração de crédito de carbono. O vento é uma fonte de combustível limpa e renovável, não causa nenhum tipo de poluição na atmosfera ou no meio ambiente, e sempre vai existir. Usinas de energia podem queimar combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo, que são fontes de energia que se acabam e são poluentes. As turbinas eólicas não produzem emissões atmosféricas que causam problemas de efeito estufa ou chuva ácida.
BENEFÍCIOS SOCIOECONÔMICOS
  Desenvolvimento de uma área de baixa aptidão agrícola; geração de postos de trabalho durante a obra e a fase de operação e manutenção; novos arranjos produtivos (o turismo, principalmente); maior visibilidade do município.
DESVANTAGENS DA ENERGIA EÓLICA
  Uma das desvantagens é a poluição sonora, onde o vento bate nas pás das hélices, que podem assustar as aves em migração; nem sempre há vento gerando no local onde está sendo implantada a energia eólica; provoca a poluição visual, pois modifica a paisagem; entre outros.
FONTE: Felipe. José Lacerda Alves. Economia Rio Grande do Norte: estudo geo-histórico e econômico: ensino médio / José Lacerda Alves Felipe, Edilson Alves de Carvalho. - João Pessoa: Editora Grafset, 2002.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A EXPANSÃO DAS FRONTEIRAS ECONÔMICAS E A URBANIZAÇÃO BRASILEIRA

  Um importante aspecto da urbanização brasileira, concomitante ao processo de crescimento demográfico das grandes cidades, foi o aumento considerável na quantidade de centros urbanos locais. Na década de 1950, havia no país, aproximadamente, 1.890 cidades. No começo da década de 2000, já havia cerca de 5.500 núcleos urbanos.
  Muitos desses centros urbanos surgiram à medida que as fronteiras econômicas ou agrícolas se expandiram em direção à porção ocidental do país. A primeira frente pioneira (como são chamadas historicamente as fronteiras agrícolas) do século XX foi a que se expandiu para o interior paulista e paranaense nas décadas de 1940 e 1950. Entre as décadas de 1950 e 1960, as frentes desbravaram o interior dos estados do Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso). Durante a década de 1970 e o início da década de 1980, elas chegaram à região Norte do país.
Extrema de Rondônia - RO. Desmembrado de Porto Velho, é um dos mais novos municípios do Brasil
  As fronteiras agrícolas do Norte e do Centro-Oeste atraíram milhões de pessoas, principalmente migrantes oriundos do interior das regiões Nordeste, Sudeste e Sul. Esses migrantes eram, em sua maioria, lavradores à procura de trabalho nas novas áreas de cultivo e de criação que se abriam, já que, em muitos casos, haviam sido expropriados de suas terras nas regiões de origem. Os chamados posseiros se apropriaram de terras devolutas, ainda encobertas de florestas e cerrados, formaram pequenas e médias propriedades e desenvolveram o cultivo de produtos alimentares por meio da mão de obra familiar.
Assentamento Curuquetê, em Sul de Lábrea - AM
  Na maioria das vezes, após o assentamento dos lavradores migrantes, as fronteiras agrícolas passaram  a assisitir também à chegada de grandes fazendeiros e de empresários, que adquiriram extensas áreas de terras, desencadeando um intenso processo de concentração fundiária nessas regiões. Os maiores índices de concentração fundiária se referem às fronteiras agrícolas do Norte e do Centro-Oeste, em razão da instalação de grandes estabelecimentos rurais dedicados à extração madeireira, à mineração, à produção pecuária bovina ou à monocultura de produtos de exportação, como a soja.
Cultivo de soja em área que antes era coberta pela Floresta Amazônica
  Essa realidade tem afetado os pequenos lavradores, muitos dos quais têm sido expulsos de suas terras por grileiros. Em consequência, o êxodo rural aumenta, o que explica, em grande parte, a elevação das taxas de urbanização dessas regiões nas últimas décadas, sobretudo com o incremento populacional das áreas urbanas das capitais estaduais e das cidades-polo.
Área desmatada na Amazônia
FONTE: Boligian, Levon. Geografia espaço e vivência, volume único / Levon Boligian, Andressa Turcatel Alves Boligian. -- 3. ed. -- São Paulo: Atual, 2011.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A DÍVIDA EXTERNA BRASILEIRA

  A implantação da infraestrutura necessária ao processo de industrialização do país foi viabilizada por grandes investimentos públicos. Para realizar tais investimentos, o Estado brasileiro contraiu vários empréstimos em bancos e instituições financeiras internacionais, a maioria deles com sede nos países desenvolvidos.
  A dívida externa não é novidade: no período imperial, no século XIX, o Brasil já devia a bancos ingleses. No século XX, os débitos começaram a crescer na década de 1950, com o projeto desenvolvimentista nacional: os governos militares contraíram os maiores volumes de empréstimos, com os quais pretendiam sustentar o chamado milagre brasileiro (fenômeno caracterizado pelas altas taxas de crescimento do PIB nacional - cerca de 10% ao ano - durante a década de 1970, proporcionadas pelo vertiginoso crescimento da indústria do país).
  Acordos foram firmados entre os governos militares e as multinacionais, e o Estado criou a infraestrutura necessária ao estabelecimento dessas empresas. Tal fato lançou o Brasil, durante essa década, ao posto de país mais industrializado da América Latina. O ritmo intenso impresso ao crescimento econômico foi viabilizado pela injeção, nos setores produtivos, de dinheiro público adquirido por meio de empréstimos internacionais em instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial (BIRD) e o chamado Clube de Paris, grupo formado por várias instituições financeiras internacionais.
  O Clube de Paris é uma instituição informal constituída por 19 países desenvolvidos, cuja missão é ajudar financeiramente países com dificuldades econômicas.
  O primeiro encontro aconteceu em 1956, quando a Argentina concordou em reunir-se com seus credores na cidade de Paris. Atualmente, ocorrem cerca de 10 a 11 encontros por ano dos membros do Clube. O Brasil já realizou, desde 1961 - ano em que ocorreu o primeiro contrato - seis acordos com o Clube. Estes acordos foram totalmente quitados em janeiro de 2006, quando o governo federal despendeu cerca de R$ 2,6 bilhões para pagar antecipadamente as duas últimas parcelas do compromisso firmado em 1992 e que venceriam em dezembro de 2006.
Mapa do Clube de Paris
  A dívida externa brasileira continua sendo uma das maiores do mundo subdesenvolvido, ainda que venha sendo saldada com alguns de seus credores.
  Os empréstimos internacionais viabilizaram os investimentos estatais em infraestrutura e em fomento à produção, mas nas últimas décadas o crescimento da dívida externa comprometeu o desenvolvimento socioeconômico brasileiro. Grande parte dos recursos públicos obtidos por meio da arrecadação de impostos e dos lucros de empresas estatais, que deveriam ser aplicados nos setores produtivo (no caso da concessão de empréstimos a pequenos e médios empresários e produtores rurais) e social (como os investimentos na melhoria dos serviços de saúde, educação, habitação, etc.), foi destinada ao pagamento de parcelas  da dívida (acrescida de juros exorbitantes) aos bancos internacionais.
FONTE: Boligian, Levon. Geografia espaço e vivência, volume único / Levon Boligian, Andressa Turcatel Alves Boligian. -- 3. ed. -- São Paulo: Atual, 2011.

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