sábado, 16 de junho de 2018
terça-feira, 12 de junho de 2018
domingo, 3 de junho de 2018
quinta-feira, 31 de maio de 2018
OS PRINCIPAIS EIXOS DE INTEGRAÇÃO ECONÔMICA DA AMÉRICA DO SUL
A integração econômica entre os países da América do Sul é uma das prioridades da política externa brasileira desde meados do século XX. Um dos fatores essenciais para que esse processo se consolide é a construção de uma infraestrutura moderna e integrada de energia, transportes e comunicações.
A Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana, ou simplesmente IIRSA, é um programa conjunto dos 12 países da América do Sul que visa a promover a integração sul-americana de transporte, energia e telecomunicações, mediante ações conjuntas. Pretende-se, assim, estimular a integração política, econômica e sociocultural da América do Sul.
Os eixos de integração
A Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana, ou simplesmente IIRSA, é um programa conjunto dos 12 países da América do Sul que visa a promover a integração sul-americana de transporte, energia e telecomunicações, mediante ações conjuntas. Pretende-se, assim, estimular a integração política, econômica e sociocultural da América do Sul.
Ponte sobre o rio Tacutu que liga as cidades de Lethem (Guiana) e Bonfim (Roraima) |
A iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (Iirsa), criada em 2000, busca suprir essa deficiência. Criada na Primeira Reunião de Presidentes da América do Sul, realizada em Brasília, a Iirsa tem como meta integrar a infraestrutura de transportes, energia e comunicações entre os doze países signatários: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela. Para tanto, foram estabelecidos dez eixos prioritários de integração viária. Esses eixos são:
- Eixo Andino - fazem parte Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia. Este eixo possui abundantes reservas de gás natural e petróleo. O fluxo intra-regional dos bens e serviços ocorre, principalmente por via marítima, mas também por rodovias. Está previsto para este eixo, a resolução dos obstáculos para otimizar o funcionamento do corredor atual, como o acesso às cidades, portos e capacidade das rodovias, a melhoria das condições de operação nas fronteiras e o desenvolvimento de corredores transandinos leste-oeste. Há também a construção de vários gasodutos.
- Eixo Interoceânico de Capricórnio - compreende ao trecho que passa nas cidades de Antofagasta (Chile), Jujuy (Argentina), Assunção (Paraguai) e Porto Alegre (Rio Grande do Sul). Esse trecho possui uma infraestrutura bem consolidada, embora suas barreiras naturais, que incluem os rios Pilcomayo, Paraguai, Paraná e Uruguai, além da Cordilheira dos Andes, precisarão de um maior investimento para acelerar a integração devido suas dificuldades naturais. Trata-se de uma integração energética, incorporação de novas terras para a produção agrícola com destino à exportação e produção de biocombustíveis. O elemento articulador deste eixo é o transporte intermodal, principalmente a interconexão através da Hidrovia Paraná-Paraguai. Há também uma melhoria na malha rodoviária e ferroviária.
- Eixo Interoceânico Central - estabelece conexão do Brasil com a Bolívia, Paraguai, Peru e Chile. A principal obra desse eixo é a Estrada Interoceânica do Sul (também conhecida como Estrada do Pacífico), que liga o Oceano Pacífico ao Oceano Atlântico, e seu principal objetivo é estabelecer uma rede de transportes para a exportação de produtos agrícolas e minerais dos países envolvidos entre os dois oceanos que banham o continente sul-americano.
Estrada do Pacífico, que liga o Brasil ao litoral do Peru, no Oceano Pacífico. Trecho próximo à Rio Branco - AC |
- Eixo do Amazonas - conecta a navegação fluvial amazônica a portos do Peru e do Equador. O Eixo Amazonas foi definido por meio da delimitação de uma região ao longo do sistema multimodal de transportes que liga determinados portos do Pacífico, como Buenaventura na Colômbia, Esmeraldas no Equador e Paita no Peru, com os portos brasileiros de Manaus, Belém e Macapá. Esta área de influência é relativamente dinâmica, já que está relacionada também com a localização física dos projetos que incorporam aos distintos grupos em que o eixo foi dividido. Este eixo tem como destaque o rio Amazonas e seus afluentes e caracteriza-se pela sua vasta extensão, diversidade topográfica e baixa densidade demográfica.
Navios transatlânticos no Porto de Manaus - AM |
- Eixo Sul - vai do sul do Chile (com destaque para as cidades de Talcahuano e Concepción), até o sul da Argentina (com destaque para as cidades de Neuquén e Bahía Blanca). O principal objetivo desse eixo é promover a exploração do turismo e dos recursos energéticos (principalmente o petróleo e o gás natural).
- Eixo Mercosul-Chile - liga São Paulo, Rio de Janeiro, Montevidéu, Buenos Aires, Santiago e termina no porto chileno de Valparaíso. Concentra os mais importantes fluxos comerciais da América do Sul. Nessa área encontram-se as capitais de todos os estados e províncias do Eixo. a infraestrutura é bastante madura e complexa, integrada por uma vasta e bem organizada rede de transportes, instalações energéticas e sistemas de comunicações.
Porto de Valparaíso, no Chile |
- Eixo Peru-Brasil-Bolívia (engloba a Rodovia Interoceânica) - abre uma alternativa para o escoamento da soja e de outros grãos produzidos no Centro-Oeste brasileiro. O principal objetivo é criar um eixo de transportes envolvendo Brasil, Bolívia e Peru, com a conexão portuária peruana no Pacífico, permitindo a expansão do comércio destes países coma a Ásia.
Rodovia Interoceânica, no Peru |
- Eixo Hidrovia Paraguai-Paraná - envolve os cinco países banhados pela bacia do Rio da Prata (Bolívia, Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina). Começa no município de Cáceres, no Mato Grosso, e atravessa 1.300 quilômetros até Nueva Palmira, no Uruguai. Sua área de influência é relativamente dinâmica, já que está relacionada com a localização física dos projetos que estão incorporados aos distintos grupos em que se dividiu o eixo. O principal objetivo desse eixo é promover a integração dos transportes fluviais e incrementar a oferta de energia hidrelétrica.
Rio Paraguai, em Assunção |
- Eixo do Escudo das Guianas - compreende áreas da Venezuela, Guiana, Suriname e o extremo-norte do Brasil. Esta área de influência tem como destaque a ligação rodoviária entre Manaus e a capital da Venezuela, Caracas, e a ligação entre Manaus e Suriname. O principal objetivo desse eixo é aperfeiçoar a rede rodoviária e contribuir para o transporte de produtos, principalmente minerais.
Rodovia que liga Manaus a Margarita, na Venezuela |
- Eixo Andino do Sul - compreende a região de fronteira entre o Chile e a Argentina que é cortada pela Cordilheira dos Andes. O principal objetivo desse eixo é incentivar o desenvolvimento da indústria do turismo e melhorar a rede de transportes por meio de investimentos na infraestrutura da rede de transportes.
Carretera Austral (Ruta CH-7) - localizada no sul do Chile, é considerada uma das mais belas estradas do mundo |
Machu Picchu - Peru |
REFERÊNCIA: Terra, Lygia
Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil / Lygia Terra, Regina Araújo, Raul Borges Guimarães. - 3. ed. - São Paulo: Moderna, 2016.
quarta-feira, 30 de maio de 2018
terça-feira, 29 de maio de 2018
sexta-feira, 25 de maio de 2018
AS PLANÍCIES CENTRAIS DA AMÉRICA DO NORTE
Chama-se Planícies Centrais (também chamada de Grandes Planícies) uma faixa larga de pradarias que se estendem a leste das Montanhas Rochosas, nos Estados Unidos e no Canadá, na porção central da América Anglo-Saxônica, indo desde o sul do Canadá até o Golfo do México. Têm origem na deposição de sedimentos em eras geológicas recentes, trazidos por rios ou lagos naturais.
As Grandes Planícies ocupam a totalidade ou parte dos Estados do Novo México, Texas, Oklahoma, Colorado, Kansas, Nebraska, Wyoming, Montana, Dakota do Sul e Dakota do Norte, nos Estados Unidos, e das províncias canadenses de Manitoba, Saskatchewan e Alberta, onde são denominadas de pradarias (praieries), formando assim as Pradarias Canadenses.
Mapa das Planícies Centrais |
Historicamente, as Planícies Centrais eram domínio dos bisontes (grandes mamíferos ruminantes) e dos Índios das Planícies (Pikuni, Crows, Sioux, Cheyenne, Arapaho e Comanche, entre outros), que os caçavam. A porção oriental das Planícies Centrais era habitada por tribos semi-sedentárias, que viviam em cabanas de terra.
Com a chegada de Francisco Vásquez de Coronado, um conquistador espanhol enviado pelo Vice-Rei da Nova Espanha, Antonio de Mendoza, assistiu-se à primeira incursão europeia nas Planícies Centrais na direção oeste-noroeste (territórios que atualmente fazem parte do Texas, Kansas e Nebraska), entre 1540 e 1542. Também neste período, Hernando de Soto, atravessou as Planícies Centrais na direção oeste-noroeste, território que atualmente compreende os estados de Oklahoma e do Texas, percurso denominado atualmente de De Soto Trail. O sonho dos espanhóis era encontrar ouro na região.
Nos séculos seguintes, o negócio das peles trouxe milhares de europeus às Planícies Centrais. Caçadores de peles franceses, espanhóis, britânicos, russos e jovens dos Estados Unidos percorreram parte da região em busca desse produto. Com a compra da Luisiana, em 1803, e a subsequente Expedição de Lewis e Clark, em 1804, as Planícies Centrais tornaram-se mais acessíveis. Um centro importante de peles foi instalado em Fort Lisa, à beira do rio Missouri, no Nebraska, tendo estas primeiras implantações aberto a porta para uma vasta expansão para o Oeste, com povoações cobrindo quase todo o território das Grandes Planícies.
A colonização das Planícies Centrais levou à quase extinção do búfalo e à deslocação dos nativos americanos para reservas pela década de 1870. Uma parte importante das Planícies Centrais tornaram-se pradarias, onde se estabeleceram enormes ranchos. Durante a primavera e o outono, o gado era recolhido, sendo os vitelos (bezerros ou novilhos) marcados e o gado posto à venda. A prática desta atividade, em inglês ranching, começou no Texas e gradualmente foi se desenvolvendo cada vez mais para o norte. Desde a década de 1950, as Planícies Centrais tornaram-se áreas de culturas produtivas devido à irrigação extensiva.
O clima da maior parte das Planícies Centrais é semiárido, o que corresponde a uma elevada amplitude térmica anual e diária, com chuvas ocasionais e temporárias.
O relevo suave da Planície Central, que favorece a utilização de máquinas, e a fertilidade do solo foram fundamentais para o crescimento da agricultura dos Estados Unidos, que é a mais desenvolvida do planeta, com produtividade superior aos demais países desenvolvidos. O país é o maior exportador de grãos do mundo, além de grande produtor de soja, milho, algodão, trigo, batata e laranja, entre outros. Essas características naturais, aliadas à alta tecnologia e aos investimentos, fazem da América Anglo-Saxônica grande líder na produção agrícola mundial.
Planície Central perto de Kearney, Nebraska |
Camping on the Prairie - quadro de óleo sobre papel de Paul Kane, de 1846 |
O clima da maior parte das Planícies Centrais é semiárido, o que corresponde a uma elevada amplitude térmica anual e diária, com chuvas ocasionais e temporárias.
Bisão-americano (Bison bison) - animal típico das Planícies Centrais |
A alta mecanização agrícola, a irrigação de extensas áreas áridas, o uso da biotecnologia e o sistema de belts (cinturões agrícolas) caracterizam a agricultura dos Estados Unidos.
Os belts são áreas especializadas no cultivo de determinados produtos utilizando o sistema de monocultura. Localizam-se nas proximidades das Grande Planícies e nas proximidades dos Grandes Lagos, na fronteira com o Canadá. Além de abastecer a indústria interna, os produtos desses cinturões compõem parte das exportações estadunidenses.
Para o plantio nesse sistema, observa-se principalmente o aspecto climático. Assim, no sul do país, que apresenta temperaturas médias mais elevadas, são plantados produtos tropicais, como o algodão e a cana-de-açúcar, enquanto no centro-norte cultiva o trigo, produto típico de climas mais amenos. Além
O Rio Mississipi, atravessa as Planícies Centrais nos Estados Unidos e forma uma densa rede hidrográfica, com seus afluentes vindos dos Montes Apalaches a leste e das Montanhas Rochosas a oeste, tendo como principal afluente o rio Missouri. Esse rio exerce um papel muito importante para a economia regional, circulando milhões de toneladas de mercadorias todos os anos. A Bacia do Mississipi-Missouri oferece condições de navegabilidade em quase toda sua extensão. Boa parte da produção agrícola da região é transportada através de seus rios. A bacia também abastece muitas cidades do país, além de ser utilizada em sistemas de irrigação agrícola.
As pradarias canadenses são uma região localizada ao sul e sudoeste do Canadá, e compreende a porção canadense das Planícies Centrais, abrangendo áreas nas províncias de Alberta, Saskatchewan e Manitoba. Cobre também partes da Colúmbia Britânica, embora essa província não seja tipicamente incluída na região em um sentido político. Caracteriza-se pelo seu solo sedimentar e pelo seu terreno pouco acidentado.
Essa região é a principal responsável pela produção agrícola do Canadá, principalmente trigo, aveia, cevada, centeio e milho.
Essa região é a principal responsável pela produção agrícola do Canadá, principalmente trigo, aveia, cevada, centeio e milho.
Estrada que passa pelas pradarias de Alberta - Canadá |
REFERÊNCIA: Geografia espaço e vivência. 9º ano / Levon Boligian. [et al...]. - 5. ed. -- São Paulo: Saraiva, 2015.
quarta-feira, 23 de maio de 2018
domingo, 20 de maio de 2018
CONHEÇA UM POUCO SOBRE A VENEZUELA
A Venezuela está localizada na parte norte da América do Sul. É constituída por uma parte continental e um grande número de pequenas ilhas no Mar do Caribe.
O país é amplamente conhecido por suas vastas reservas de petróleo, pela diversidade ambiental do seu território e por seus diversos recursos naturais. É considerada uma nação megadiversa, com uma fauna diversificada e com uma grande variedade de habitats protegidos. As cores da bandeira venezuelana são o amarelo, azul e vermelho, onde o amarelo representa a riqueza da terra, o azul o mar e o céu do país, e o vermelho o sangue derramado pelos heróis da independência.
Atualmente, a Venezuela passa por um período conturbado em que é palco de uma série de protestos contra o governo de Nicolás Maduro. Além das denúncias por atos autoritários e repressão, o país tem sinais de rebeldia militar, que o governo diz ter controlado rapidamente, e o confronto entre legisladores oposicionistas e constituintes, estes últimos eleitos em pleitos considerados ilegítimos para alguns governos estrangeiros e observadores.
Esses acontecimentos geram dúvidas sobre o que realmente está acontecendo no país e sobre os meios de o governo atuar para garantir a sua estabilidade.
O quadro natural da Venezuela, assim como o dos demais países andinos, é bastante diversificado: há terras altas e clima frio, nos Andes; planaltos e clima quente e úmido, na Floresta Amazônica; e terras baixas e clima com duas estações bem definidas (uma seca e outra chuvosa), nos Lhanos (um tipo de savana.
Com 2.800 quilômetros de costa, a Venezuela possui uma variedade de paisagens. As extensões da Cordilheira dos Andes vão do extremo nordeste até o noroeste do país e continuam ao longo da costa norte do Caribe. O Pico Bolívar é o ponto mais elevado, possuindo uma altitude de 4.979 metros acima do nível do mar.
O núcleo de granito e da Cordilheira é, em grande parte, flanqueado por camadas sedimentares do Cretáceo, dobradas numa estrutura anticlinal. Entre esses sistemas orográficos existem planícies cobertas de camadas terciárias e quaternárias de cascalho, areia e argila. A depressão em que se encontram lagunas e lagos, como o de Maracaibo, apresenta, na superfície, depósitos de aluvião do Quaternário, sobre camadas do Cretáceo e do Terciário, onde ocorrem importantes jazidas petrolíferas.
O relevo venezuelano divide-se três porções:
O clima da Venezuela é predominantemente tropical, com as estações caracterizadas mais pelo índice pluviométrico do que pela diferença de temperatura. Existem duas estações bem definidas: o inverno chuvoso e o verão seco. A temperatura média anual de Caracas é de 19,4ºC. Nas montanhas, essa média é de 18,4ºC, como em Méridas. Nas regiões mais elevadas ocorrem as chamadas neves eternas.
A hidrografia da Venezuela é feita na maior parte pelo rio Orinoco, que ocupa cerca de 4/5 do país. Entre os seus principais afluentes estão o Caroni, Aro, Caura, Cuchivero e Ventuari, que nascem no Planalto das Guianas; Apure, Arauca e o Capanaparo, que nascem nos Andes; e Manapire, Suata, Pao e Caris, que nascem nas planícies. Os demais rios são curtos e pouco navegáveis. O principal lago do país é o Maracaibo.
A fauna da Venezuela é semelhante a dos seus vizinhos sul-americanos. Dentre os principais animais do país destacam-se a onça-pintada, o jaguar, o bicho-preguiça, várias espécies de macaco, tamanduá, entre outros. O país está entre os vinte melhores em termos de endemismo. Entre os seus animais, 23% são répteis e 50% das espécies de anfíbios são endêmicos.
Na sua terceira viagem para a América, Cristóvão Colombo, em 1498, chegou à bacia do rio Orinoco, ancorando seus navios na península de Paria, que o almirante tomou por uma ilha, denominando-a "terra de Gracia".
Em 1499, Alonso de Ojeda explorou o país, navegando ao longo do mar do Caribe até o lago Maracaibo. O navegador batizou o país de "Venezuela" devido à semelhança que encontrou entre as palafitas indígenas e a cidade italiana de Veneza.
A primeira cidade venezuelana foi Santa Cruz, fundada por Ojeda em 1502. O primeiro governo a vigorar foi o da jurisdição de Coquibacoa, concedido a Alonso de Ojeda em 1501. Estendia-se desde o Cabo de la Vela (atualmente em território colombiano) até o cabo de Chichiriviche.
Inicialmente, os espanhóis não se apoderaram da terra firme, pois a pesca da pérola em algumas ilhas próximas à costa nordeste os atraiu mais. Com a queda na produção de ostras, os colonizadores deslocaram-se para a terra firme. O primeiro estabelecimento permanente espanhol na Venezuela foi Cumaná, fundada em 1523.
Em 1528, no mesmo ano em que a província da Venezuela foi criada, devido ao endividamento da Espanha aos banqueiros alemães, o rei Carlos V concedeu o território venezuelano como pagamento da dívida. Durante quase duas décadas, expedições alemães adentraram no território venezuelano em busca de pedras preciosas, porém, sem sucesso. Em 1546, o território foi devolvido à Espanha. Em 1562, Felipe II criou a província de Nova Andalucia ou Cumaná.
Na segunda metade do século XVI, inicia-se o desenvolvimento da atividade agrícola baseada no trabalho escravo. Caracas é fundada em 1567 e no fim deste século já havia mais de 20 núcleos de povoamento nos Andes venezuelanos e no litoral do mar do Caribe. As planícies e a região do lago Maracaibo aos poucos foram ocupadas nos séculos XVII e XVIII por missionários católicos.
Em 1591, a província de Trinidad foi desmembrada da Venezuela. Entre 1634 e 1636, as ilhas de Aruba, Curaçao e Bonaire foram pedidas para os holandeses, pouco tempo após estes terem se instalado na Guiana, em 1627.
Em 1717, a Venezuela deixa de pertencer a Audiência de Santo Domingo para fazer parte do Vice-Reino de Nova Granada, cuja sede era em Bogotá. Em 1721 é fundada a Real e Pontifícia Universidade de Caracas (atual Universidade Central da Venezuela). Em 1728, é criada a Companhia Guipuzcoana de Caracas, que detinha o monopólio da venda do cacau à metrópole e das mercadorias espanholas à Venezuela. Sua missão era também reprimir o tráfico de escravos, que tinha como principal centro, a ilha de Curaçau, e as incursões estrangeiras ao território venezuelano. Essa companhia foi dissolvida na década de 1780 devido aos interesses contrários dos produtores venezuelanos.
Os movimentos independentistas mais importantes, antes do século XIX, foram a participação local na Revolta dos Comuneros da Nova Granada e o de Manuel de Gual e José Maria España, no qual participou toda a sociedade colonial, em 1797. Em 1806, Francisco de Miranda, apoiado pelos Estados Unidos e financiada pela Inglaterra, organiza uma pequena expedição de patriotas e desembarca no território venezuelano objetivando explorar as riquezas existentes na colônia.
Quando a Espanha caiu em poder de Napoleão Bonaparte, em 1807, os criollos (brancos nascidos na colônia) de Caracas iniciaram a Revolução Venezuelana. Os representantes espanhóis, entre eles o governador Vicente Emparán, foram destituídos, sendo estabelecida uma junta governativa local, com a finalidade de salvaguardar os direitos do rei espanhol Fernando VII, preso na França.
O Primeiro Congresso nomeou um triunvirato composto por Cristóbal Mendoza, Juan de Escalona e Baltasar Padrón. Unindo-se aos representantes de outras partes do país, a junta governativa declarou a independência da Venezuela, em 5 de julho de 1811. Francisco de Miranda, que retornara à América chamado por Simón Bolívar, assumiu o comando da nova república.
A reação espanhola foi favorecida por um terremoto em 1812. Os patriotas foram traídos e derrotados em Puerto Cabello. Miranda, que assinara a capitulação em 25 de julho de 1812 e ia embarcar para o Reino Unido, foi detido por Bolívar e enviado como prisioneiro para a Espanha, onde morreu em 1816. Bolívar recebeu salvo-conduto para Curaçao.
Em 1813, a junta revolucionária nomeou Simón Bolívar comandante das forças venezuelanas. Filho de ricos fazendeiros criollos, era um dos líderes do movimento de independência. Bolívar invadiu a Venezuela, sofrendo diversas derrotas em sua luta contra as forças espanholas. Conquistou Caracas em 1813, mas a forte presença do espanhol José Tomáz Rodriguez Boves no comando das tropas realistas acabou com a tentativa. Em 1814, a segunda república foi extinta, e os patriotas novamente se exilaram.
Ajudado pelo presidente Pétion, da nova República do Haiti, e por uma legião estrangeira de soldados britânicos e irlandeses, Bolívar reiniciou a luta dois anos depois. Em 1816, Simón Bolívar foi ratificado como presidente da república, graças ao apoio que conseguira do general José Antonio Páez, caudilho dos llaneros.
Na Batalha de Boyacá, em 1819, Bolívar libertou Nova Granada, e os exércitos de Nova Granada e da Venezuela se unificaram. Com capital em Bogotá, a República da Grande Colômbia, que reunia Nova Granada e Venezuela, foi proclamada em 17 de dezembro de 1819. Pela primeira vez a Espanha viu a Venezuela como um país constituído. Neste mesmo ano foi criado o Congresso de Angostura, onde Bolívar apresentou o projeto de uma Constituição baseada nos princípios da liberdade republicana.
De 15 de fevereiro de 1819 até 17 de dezembro desse mesmo ano, Simón Bolívar foi presidente da Venezuela. A partir dessa data até 1830, a Venezuela fez parte da Grã-Colômbia, da qual Bolívar também era presidente.
Em 1829, a Venezuela se separou da Grande Colômbia e o Equador fez o mesmo pouco tempo depois. No ano seguinte, Bolívar morreu perto da cidade colombiana de Santa Marta, sem ter conseguido realizar o sonho de unir a América hispânica.
Em 1831, um congresso constituinte proclamou a independência da Venezuela e elegeu José Antonio Páez presidente. A Constituição conservadora criava um Estado centralista, restringia o voto aos proprietários de terras e mantinha a escravidão.
Páez dominou a vida política do país até 1848. Governou durante dois períodos constitucionais (1831-1935 e 1839-1844). Posteriormente, instaurou uma ditadura de 1861 a 1863. Seu governo representou para a Venezuela uma fase de estabilidade, na qual se reconstruiu a economia, enfraquecida pelos muitos anos de guerra. Prosperaram a cultura de cacau e café, base do comércio exterior do país.
Em 1840, Antonio Leocádio Guzmán fundou o Partido Liberal, cuja base social era a burguesia média progressista das cidades, que reivindicava a extensão do direito ao voto e a abolição da escravatura. Guzmán criou um jornal, El Venezolano, que se converteu em porta-voz das aspirações liberais. A crise econômica que se produziu em meados da década de 1840, motivada pela queda dos preços do cacau e do café no mercado internacional, favoreceu o crescimento da oposição aos governos conservadores. O período que se seguiu (1843-1870) foi de caos e violência política, sucedendo uma ditadura, de 1848 a 1858, e a guerra civil, durante os dez anos seguintes.
Nas eleições presidenciais de 1846, saiu vitorioso o general José Tadeo Monagas, que, embora conservador, buscou o apoio dos liberais contra a maioria conservadora do Congresso. Páez se sublevou, mas foi derrotado e obrigado a se exilar em 1848.
De 1846 a 1858, alternaram-se na presidência os irmãos José Tadeo e José Gregório Monagas. Os dois estabeleceram um regime ditatorial e populista que limitava a liberdade de ação do Congresso. As reformas postuladas pelos liberais, em sua maior parte, não saíram do papel: aprovaram-se leis que aboliam a escravidão, estendiam o direito de voto, baniam a pena de morte e limitavam as taxas de juros, que, no entanto, nunca foram implementadas.
Em 1857, José Tadeo Monagas tentou impor uma nova Constituição ao país, que estendia o mandato presidencial de quatro para seis anos e eliminava todas as restrições à reeleição. Liberais e conservadores se uniram, porém, contra ele, e conseguiram que abandonasse o poder em março do ano seguinte.
Inaugurou-se um período de agitação política, com as chamadas guerras federalistas (1858-1863): conservadores centralistas contra liberais federalistas. O general Páez retornou em 1861 e restaurou a hegemonia conservadora por dois anos, mas foi derrotado em 1863 pelas forças federalistas do general Juan Falcón. A Constituição de 1864 incorporou as ideias federalistas, mas o governo de Falcón não foi bem-sucedido.
Em 1868 ocorreu uma nova guerra civil, da qual saiu vencedora a facção liberal de Antonio Guzmán Blanco. Guzmán Blanco governou o país primeiramente durante sete anos (1870-1877) e, em seguida, durante cinco anos (1879-1884). Em um terceiro período, conhecido como o Período da Aclamação, Blanco voltou a governar de 1886 a 1888, quando foi deposto. Durante os anos em que ele governou, laicizou o Estado e modernizou a economia. Obtiveram-se progressos em direção à democracia com a realização da primeira eleição (1881) e foram introduzidas algumas reformas econômicas e educacionais progressistas, mas seu governo personalista trouxe prejuízos ao país.
De 1888 a 1892, líderes civis tentaram estabelecer governos representativos, até que o general Joaquín Crespo assumiu o poder, governando primeiro durante dois anos (1884-1886) e à frente da Revolução Legalista de 1892 a 1898. Durante os seis anos de seu governo, Crespo teve que enfrentar uma permanente desordem civil. A antiga disputa com o Reino Unido pela definição da fronteira entre a Venezuela e a Guiana Inglesa se inflamou depois que se descobriu ouro na região em litígio. Um tribunal internacional, reunido por iniciativa dos Estados Unidos, deu parecer favorável ao Reino Unido, em 1889, mas a sentença nunca foi reconhecida pela Venezuela.
Com a morte de Joaquín Crespo, o governo despótico retornou quando o caudilho general Cipriano Castro, do estado de Táchira, ocupou Caracas em 1899, e assumiu a presidência. Durante os 46 anos seguintes, quatro militares de Táchira tomaram sucessivamente o poder. No governo de Castro, o país foi conturbado por revoltas internas e intervenções externas. Em 1908, Castro viajou para a Europa e deixou o general Juan Vicente Gómez interinamente na presidência. Este último governou de fato até sua morte, em 1935. Durante esse longo período, além de eventuais substituições por títeres (pessoas que são manipuladas por outras) do presidente, houve um presidente constitucional chamado Juan Bautista Pérez, que governou de 1929 a 1931. Gómez governou despoticamente, anulando a oposição e silenciando a imprensa.
A descoberta de petróleo antes da Primeira Guerra Mundial fez da Venezuela, em 1920, o maior exportador mundial do produto. As condições vantajosas oferecidas por Juan Vicente Gómez atraíram as companhias estrangeiras, que passaram a controlar a exploração petrolífera.
Eleazar López Contreras substituiu Gómez e era considerado um político mais liberal e progressista. Ele governou de 1935 a 1941, iniciando a era da nova democracia no país. O general Isaías Medina Angarita, que tomou o poder depois de López, restaurou as liberdades civis e tentou criar uma base popular para seu governo. Com o declínio da exploração petrolífera durante a Segunda Guerra Mundial, a renda nacional baixou e Medina modificou os contratos com as companhias estrangeiras de petróleo.
Em 1945, um grupo de oficiais do Exército, aliado ao Partido de Ação Democrática, depôs Medina. O líder do partido, Rómulo Betancourt, chefiou uma junta civil-militar, que governou por decreto durante 28 meses. A Constituição de 1947, reproduziu as ideias trabalhistas do partido.
O romancista Rómulo Gallegos, eleito para a presidência pela Ação Democrática, governou apenas nove meses devido, sobretudo, às medidas que tomou contra os militares enriquecidos ilicitamente durante a ditadura e à tentativa de aumentar os royalties estatais sobre o petróleo e apressar a reforma agrária. Rómulo Gallegos foi deposto por um golpe de Estado em 1948.
Formou-se então uma junta militar liderada por Carlos Delgado Chalbaud e Marcos Pérez Jiménez. O assassinato de Chalbaud, em 1950, deixou livre o caminho para Jiménez, que impôs sobre o país um novo governo pessoal, proibindo toda a oposição e não reconhecendo o resultado das eleições de 1952. A época, Pérez Jiménez se caracterizou pela modernização da capital em detrimento do programa de reformas sociais que havia elaborado o governo democrático anterior. Um golpe de Estado derrubou-o em 23 de janeiro de 1958 e levou ao poder, provisoriamente, uma junta civil-militar presidida por Wolfgang Larrazábal.
Nas eleições de dezembro de 1958 venceu Rómulo Betancourt, que conseguiu exercer um mandato civil completo (1959-1964). Seu segundo governo caracterizou-se pelo esquerdismo mais moderado, que permitiu a colaboração da Ação Democrática com o segundo grande partido político do país, o Comitê de Organização Política Eleitoral Independente ou COPEI (também denominado Partido Social Cristão), e ampliou a base social do governo democrático. Lançaram-se planos de modernização agrícola e industrial e de promoção da saúde e da educação. Em março de 1960 ocorreu um atentado contra a vida do presidente praticado por agentes dominicanos. No ano seguinte, deterioraram-se também as relações com Cuba, em resposta ao apoio do governo de Fidel Castro à guerrilha venezuelana.
Na eleição presidencial de 1963, Betancourt foi sucedido pacificamente por Raul Leoni, da Ação Democrática, que ganhou por uma pequena margem de votos. Leoni formou um governo de coalizão com a União Republicana Democrática, de esquerda. Um novo período de prosperidade na indústria petrolífera permitiu acelerar os projetos econômicos e sociais do governo, que em poucos anos construiu uma poderosa indústria petroquímica. As eleições de 1968, foram vencidas, contudo, pela oposição social-cristã, que instalou na presidência seu dirigente, Rafael Caldera. Pela primeira vez na história da Venezuela, o poder passava a um sucessor da oposição sem que fosse alterada a normalidade constitucional.
Caldera trouxe estabilidade política e econômica ao país, embora os raptos e os assassinatos continuassem a crescer. O presidente melhorou as relações econômicas com Cuba, com a União Soviética e com os ditadores militares da América Latina. No início da década de 1970, o país passou a controlar de forma majoritária os bancos privados estrangeiros e a indústria de gás natural.
As eleições de dezembro de 1973 foram vencidas por Carlos Andrés Pérez, líder do Partido de Ação Democrática (AD), o qual fez aumentar a estabilidade nacional. As relações com os Estados Unidos desempenharam um importante papel na vida econômica do país (exportações de petróleo e ferro, principalmente), mas o novo presidente redobrou os esforços governamentais para dotar o país de uma infraestrutura industrial, nacionalizou a indústria de minério de ferro, em 1975, e de petróleo, no ano seguinte. Em virtude da grande elevação do preço do petróleo provocada pela Guerra do Yom Kippur (1973), a Venezuela, como membro-fundador da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), quadruplicou seus lucros com a venda do petróleo. Uma onda consumista sacudiu o país, cuja frágil estrutura econômica foi incapaz de absorver a nova riqueza sem experimentar aumento da inflação. Em 1979, encerrou-se o mandato de Pérez.
O agravamento da crise econômica, devido à queda dos preços do petróleo no mercado internacional, persistiu durante o governo do social-cristão Luis Herrera Campins, eleito em 1978, e gerou inquietação social. O aumento da instabilidade econômica da Venezuela, após as eleições gerais de 1984 foram contestadas por todos os partidos e pelos treze candidatos à presidência.
Jaime Lusinchi, líder da Ação Democrática, governou o país de 1983 a 1988, e lançou um programa de austeridade econômica impopular. Lusinchi realizou uma política neoliberal e heterodoxa, mas que mantinha o modelo rentista, o que deixou a Venezuela vulnerável às oscilações dos preços internacionais do petróleo. Houve um aprofundamento da corrupção pública e das crises econômica, social e política. Ele tentou realizar um pacto social entre o Governo e as associações de comércio e negociou créditos bancários com o objetivo de diminuir a dívida pública. Mas, em 1988, a Venezuela suspendeu o pagamento da dívida externa, que tinha aumentado desde a queda dos preços do petróleo na década de 1970.
Em dezembro de 1988, Carlos Andrés Pérez foi novamente eleito presidente e, imediatamente, instituiu o crescente aumento dos preços dos produtos e adotou outras medidas radicais com o objetivo de satisfazer as imposições do Fundo Monetário Internacional (FMI). Adotou uma política de austeridade financeira, que aumentou a renda per capita do país, mas, em contrapartida, ampliou o desemprego e aprofundou as desigualdades na distribuição da renda, gerando greves de trabalhadores e conflitos sociais que causaram a morte de cerca de trezentas pessoas. A queda dos preços do petróleo, o aumento do tráfico de drogas e as medidas restritivas adotadas pelo presidente geraram forte instabilidade política, com sérios distúrbios em 1989. Em fevereiro de 1992, um grupo de jovens oficiais militares, sob o comando do coronel Hugo Chávez Frías, de tendência esquerdista, tentou organizar um golpe de Estado, mas as tropas fiéis ao presidente Andrés Pérez neutralizaram o golpe e prenderam Hugo Chávez, o qual ficou preso por dois anos.
Pérez foi acusado de desvio de dinheiro público e, em maio de 1993, foi destituído do cargo depois de condenado em processo de impeachment por corrupção (que um ano depois o levou para a cadeia). Em seu lugar, assumiu o presidente do Congresso, senador Octávio Lapege, até que o Congresso elegesse um presidente interino para terminar o mandato. Foi eleito pela Ação Democrática o senador Ramón José Velásquez, que prestou juramento em junho de 1993 e governou o país por oito meses.
Nas eleições de dezembro de 1993, tomou novamente posse o ex-presidente Rafael Caldera, liderando um novo partido, a Convergência Nacional, apoiado por outras organizações. Assumiu em 1994 por um período de cinco anos. Em 1995, a Venezuela atravessou uma grave crise financeira e bancária que obrigou o país a gastar grande parte de suas divisas e adotou um programa econômico recessivo. Em 1996, um plano rigoroso desencadeou uma reviravolta no quadro sócio-econômico, que tinha o maior rendimento por habitante da América Latina, e se viu ultrapassado pela Argentina, Uruguai, Chile e Brasil.
As dificuldades econômicas, que incluíam a crise bancária e obrigou o país a gastar grande parte de suas divisas, a queda no crescimento e o aumento do desemprego e da pobreza, levaram o governo a suspender as garantias constitucionais relativas às atividades econômicas durante três meses, e a adotar um programa econômico recessivo, controlando os preços, congelando o câmbio e intervindo no mercado financeiro, entre outras medidas, provocando violentas manifestações populares entre a segunda metade de 1996 e março de 1997.
A perda de prestígio dos políticos tradicionais se traduziu na aparição de candidaturas estranhas, como o da ex-miss Venezuela Irene Sáez. O coronel reformado Hugo Chávez, líder do fracassado golpe de fevereiro de 1992 contra o então presidente Pérez e fundador do Movimento Quinta República (MVR), venceu as eleições presidenciais realizadas em 6 de dezembro de 1998, com 56% dos votos válidos, derrotando Henrique Salas Romer, que obteve 39% dos votos.
Empossado para o quinquênio de fevereiro de 1999 a fevereiro de 2004, Chávez prometeu modificar o Legislativo, moralizar a administração pública e promover uma efetiva redistribuição da renda nacional. Foi convocado um plebiscito para que o povo opinasse sobre a instalação ou não de uma Assembleia Nacional Constituinte. Com 92% dos votos favoráveis, os venezuelanos aprovaram, no dia 25 de abril de 1999, a proposta presidencial de criar uma assembleia que redigisse uma nova Constituição.
Convocada as eleições para formar a Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela em 25 de abril de 1999, esta reuniu-se pela primeira vez no dia 3 de agosto do mesmo ano, e assumiu o poder máximo do Estado. A soberaníssima, nas palavras de Chávez, se autodotou de poderes para suspender as demais instituições políticas do país. Nos dias que se seguiram, Chávez pôs o seu cargo à disposição da Assembleia (para caracterizar que esta era agora a autoridade suprema do Estado), e no dia 11 de agosto, depois de ser confirmado na presidência, jurou novamente o cargo. No dia 12 de agosto, Chávez teve o seu primeiro decreto executivo para a reorganização de todos os órgãos do poder público aprovado pela Assembleia.
Em nova convocação às urnas, em 15 de dezembro de 1999, os venezuelanos referendaram, por ampla maioria, a recém-escrita Constituição, que levaria adiante o projeto de Hugo Chávez para a transformação do país. A nova Carta Magna foi aprovada por 71,2% dos votantes, apesar de o índice de abstenção ter sido muito alto, pois 54% dos eleitores não compareceram às urnas. Com esse resultado, Chávez recebeu um respaldo importante para o processo de mudança das estruturas políticas, econômicas e jurídicas do país.
A nova Constituição, a vigésima sexta da história da Venezuela, aumentou o mandato do presidente de cinco para seis anos, e passou a permitir uma reeleição consecutiva; mas não subordina, todavia, o poder militar ao civil. O Senado e o Congresso foram extintos, tendo sido substituídos por uma nova instituição unicameral: a Assembleia Nacional. Foram considerados nulos todos os mandatos estabelecidos pela constituição anterior e convocada eleições gerais para julho de 2000, inclusive para presidente da República, tendo sido Hugo Chávez reeleito para o sextiênio de janeiro de 2001 a janeiro de 2007. A Carta, ainda alterou o nome do país para República Bolivariana da Venezuela e aumentou os direitos culturais e linguísticos dos povos indígenas.
Um referendo sobre a permanência de Chávez no poder foi realizado em agosto de 2004. Chávez venceu o referendo revogatório com 58,25% dos votos. Em 2005, instaurou-se uma crise diplomática com a Colômbia. Em dezembro de 2006, Hugo Chávez foi reeleito para o sextiênio 2007-2013. Em 2007 tomou posse junto a um Congresso plenamente fiel, já que a oposição havia boicotado as eleições legislativas de 2005.
Em dezembro de 2007, em referendo sobre a reforma da Constituição venezuelana, o presidente obteve o primeiro revés, já que a reforma foi recusada pela população. Em 2008, Chávez também saiu derrotado nas eleições regionais. Os fracassos nas votações de 2007 e 2008 foram, em parte, recompensados em 2009, quando 54% dos venezuelanos votaram a favor da reeleição ilimitada em mais um referendo.
Em 30 de junho de 2011, em pronunciamento transmitido pela TV, o presidente anunciou que sofria de um câncer. Em 2012, Chávez anunciou a nacionalização de onze plataformas de petróleo norte-americanas vinculadas à empresa Helmerich & Payne. Anteriormente, foi anunciada a estatização de fábricas do México, da França e da Suíça. Em outubro de 2012, foi mais uma vez reeleito com 54% dos votos contra 44% do seu adversário, Henrique Caprilles. Em 5 de março, o vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou, em pronunciamento nacional na TV, a morte do presidente Hugo Chávez, vítima de um câncer na região pélvica com o qual convivia há um ano e meio.
A Venezuela possui importantes reservas petrolíferas. Segundo dados da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), o país possui as maiores reservas de petróleo do mundo, superando as da Arábia Saudita, sendo também um dos maiores produtores mundiais. Seu principal local de extração é o Lago Maracaibo.
A maior parte das reservas de petróleo da Venezuela encontram-se na Bacia do Rio Orinoco, onde a extração é mais difícil e mais cara. Por isso, alguns analistas acreditam que muitas descobertas recentes de petróleo no país seriam economicamente inviáveis.
A dependência excessiva da Venezuela em relação à produção de petróleo faz com que a situação econômica do país seja instável, devido às flutuações do preço do produto no mercado internacional.
A exploração de petróleo na Venezuela teve início em 1918, com a presença de empresas estrangeiras que extraíam, refinavam e comercializavam o produto, cabendo ao governo venezuelano um percentual do lucro.
Visando obter mais recursos com o petróleo, o governo da Venezuela decidiu-se, na década de 1970, pela nacionalização dos poços, assumindo a exploração e deixando o refino a cargo de empresas estrangeiras. Apesar de ter de pagar indenizações às empresas que exploravam o petróleo venezuelano, o lucro obtido com a nacionalização foi surpreendente e permitiu ao país investir sobretudo na industrialização e na melhoria da infraestrutura das cidades.
A prosperidade econômica do país nas décadas de 1970 e 1980, decorrente do grande aumento na produção de petróleo, não beneficiou toda a sua população, mas apenas uma minoria, que concentra grande parte da renda nacional. No final dos anos 1990, cerca de 55% da população estava na faixa de pobreza e o nível de pobres extremos era de aproximadamente 25%.
Um dos grandes problemas econômicos da Venezuela é a elevada taxa de importação. O país importa cerca de 75% daquilo que consome.
Nesse contexto, foi eleito presidente o coronel Hugo Chávez. Com um forte discurso nacionalista e antiestadunidense e um projeto de universalização dos direitos sociais, passou a representar uma esperança para as classes desfavorecidas. Uma nova Constituição foi aprovada em 1999, mudando o nome para República Bolivariana da Venezuela.
Valendo-se da alta do preço do petróleo no mercado internacional, que ampliou sensivelmente os valores exportados pelo país no início do século XXI, o governo Chávez promoveu um conjunto de reformas: a regulamentação da reforma agrária, o regime de cogestão entre Estado e funcionários nas empresas falidas, a restrição da participação de grupos transnacionais na exploração de petróleo, a nacionalização de empresas em setores considerados estratégicos (telecomunicações, energia elétrica, exploração mineral).
Mas com a crise de 2008 e aquela que começou a se delinear em 2012, a economia venezuelana, ancorada na exploração e processamento do petróleo, viu suas receitas despencarem. A partir desse momento, o país vem convivendo com a escassez de produtos e racionamento de energia elétrica. Com isso, muitas de suas indústrias - siderúrgicas e metalúrgicas - vêm trabalhando com apenas cerca de 50% a 60% de sua capacidade produtiva.
Na política externa, Chávez procurou estreitar relações com Cuba, com o Irã e com a Rússia.
Foram ampliados os investimentos em programas sociais, como os de alfabetização, de alimentos a preços baixos e de assistência médica a comunidades carentes. Em 2011, a porcentagem de população vivendo em situação de pobreza havia caído para 27%.
Apesar dos avanços obtidos em relação aos indicadores sociais e econômicos, analistas políticos e outros especialistas alertaram sobre os problemas decorrentes da concentração de poderes nas mãos de Chávez, o que gerou uma situação em que não se distingue o que é partido político, o que é governo e o que é Estado, separação fundamental para os regimes democráticos. Após a morte de Chávez, em 2013, seu vice, Nicolás Maduro, assumiu a presidência e continuou mantendo essa forte centralização de poder.
O setor de combustíveis responde por 95% das exportações da Venezuela. Os Estados Unidos, apesar dos conflitos diplomáticos travados com o governo venezuelano, são o destino de mais da metade das exportações do país. Houve redução desse comércio unilateral somente com a crise de 2008, quando os Estados Unidos reduziram a importação de petróleo.
A Venezuela é um dos maiores produtores de petróleo do mundo. Apesar disso, 80% dos venezuelanos são pobres, e 31,5% deles vivem abaixo da linha de pobreza.
A causa dessa grande desigualdade social está relacionada ao seu passado. Desde a década de 1910, os governantes da Venezuela permitiram que o petróleo fosse explorado por empresas transnacionais. Mas essas poderosas companhias pagavam muito pouco ao governo venezuelano por esse importante recurso natural. Em consequência do baixo faturamento e da corrupção desmedida, o país ficou sem recursos para proporcionar aos seus habitantes acesso à educação, à saúde e à moradia.
Para agravar essa situação, nas últimas décadas a população carente da Venezuela cresceu muito. Gigantescas favelas tomaram conta da periferia das maiores cidades, sobretudo da capital, Caracas.
Esse quadro social precário foi pano de fundo de grande instabilidade política. Golpes de Estado, ditaduras, eleições fraudadas e muitos outros problemas geraram um forte sentimento de desesperança nos venezuelanos. No fim da década de 1980, alguns militares se rebelaram contra essa situação, e uma revolta popular destruiu grande parte do centro de Caracas.
O descontentamento era ainda maior no fim da década de 1990. Nessa época, surgiram novas lideranças políticas, que passaram a ser vistas por muitos venezuelanos como alternativas reais de mudança no panorama de desigualdade social do país. Um desses líderes era Hugo Chávez, ex-militar e ex-golpista, que em 1998, foi eleito presidente da República pela primeira vez.
A Venezuela está entre os países mais urbanizados da América Latina. Cerca de 93,7% dos venezuelanos moram em áreas urbanas, principalmente na parte norte do país. Apesar da metade da área territorial da Venezuela se situar ao sul do rio Orinoco, esta região abriga apenas 5% da população.
Durante a maior parte do século XX, a Venezuela manteve relações amistosas com os países latino-americanos e ocidentais. As relações entre a Venezuela e o governo dos Estados Unidos pioraram após o golpe de Estado na Venezuela em 2002, durante o qual o governo estadunidense reconheceu a presidência interina de Pedro Carmona. Ao mesmo tempo, laços com vários países da América Latina e do Oriente Médio, que não eram aliados dos Estados Unidos foram fortalecidos.
A Venezuela busca alternativas de integração hemisférica, através de propostas como a Aliança Bolivariana para as Américas - ALBA - e a rede de televisão pan-latino-americana, TeleSUR.
A Aliança Bolivariana para os Povos das Américas, ou Tratado de Comércio dos Povos, é uma plataforma de cooperação internacional baseada na ideia da integração social, política e econômica entre os países da América Latina e do Caribe. Essa aliança é fortemente influenciada por doutrinas de esquerda, e representa uma tentativa de integração econômica e regional que não se baseia essencialmente na liberalização comercial, mas na visão do bem-estar social, na troca e de mútuo auxílio econômico. Os países-membros discutem a introdução de uma moeda regional, o SUCRE. Em 24 de junho de 2009, o bloco foi rebatizado de Aliança Bolivariana para as Américas.
Chamado de República Bolivariana da Venezuela (em homenagem a Simón Bolívar) desde 1999, a Venezuela recebeu grande atenção da mídia internacional no século XXI durante o governo do ex-presidente Hugo Chávez, que criou uma série de medidas políticas controversas em seu mandato.
A Venezuela é uma das quatro nações do mundo, junto com a Rússia, a Nicarágua e Nauru, que reconheceu a independência da Abecássia e da Ossétia do Sul, regiões localizadas na Geórgia, além de ser um dos grandes defensores na Organização dos Estados Americanos (OEA) para adotar a sua Convenção Anti-Corrupção.
Empossado para o quinquênio de fevereiro de 1999 a fevereiro de 2004, Hugo Chávez, presidente mais jovem da história da Venezuela, prometeu modificar o Legislativo, moralizar a administração pública e promover uma efetiva redistribuição da renda nacional. Foi convocado um plebiscito para que o povo opinasse sobre a instalação ou não de uma Assembleia Nacional Constituinte. Com 92% de votos favoráveis, os venezuelanos aprovaram, no dia 25 de abril de 1999, a proposta presidencial de criar uma assembleia para que redigisse uma nova Constituição.
Convocada eleições para formar a Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela em 25 de julho de 1999, esta reuniu-se pela primeira vez em 3 de agosto do mesmo ano, e Chávez assumiu o poder máximo do Estado. Com isso, Chávez se autodotou de poderes para suspender as demais instituições políticas do país. Dias depois, o presidente pôs seu cargo à disposição da Assembleia, e no dia 11 de agosto, depois de ser confirmado na presidência, se apossou do cargo. O primeiro decreto de Chávez ocorreu no dia 12 de agosto, reorganizando todos os órgãos do poder público.
Em nova convocação às urnas no dia 15 de dezembro de 1999, os venezuelanos referendaram, por ampla maioria, a recém-escrita Constituição que levaria adiante o projeto de Hugo Chávez para a transformação do país. A nova Carta Magna foi aprovada por 71,2% dos votantes, apesar de o índice de abstenção ter sido muito alto, pois 54% dos eleitores não compareceram às urnas. Com esse resultado, Chávez recebeu um respaldo importante para o processo de mudança das estruturas políticas, econômicas e jurídicas do país.
A nova Constituição, aumentou o mandato do presidente da República de cinco para seis anos, com direito a reeleição consecutiva. O Senado e o Congresso foram extintos, tendo sido substituído por uma nova instituição unicameral: a Assembleia Nacional. Foram considerados nulos todos os mandatos estabelecidos pela constituição anterior e convocadas eleições gerais para julho de 2000. Nessa eleição, Hugo Chávez foi reeleito para o sextiênio 2001-2007. A Constituição alterou o nome do país para República Bolivariana da Venezuela e aumentou os direitos culturais e linguísticos dos povos indígenas.
Após a reeleição, Chávez pôs em prática um programa de revolução bolivariana, porém, enfrentou uma forte oposição, com muitas manifestações, greves e a tentativa de um golpe de Estado, visando derrubar o seu mandato. Após os confrontos nas ruas das principais cidades venezuelanas, Chávez promoveu a nacionalização de vários setores da economia. Estatizou a siderúrgica Sidor, principal produtor de aço do país, além da nacionalização da PDVSA (Petróleos de Venezuela). Em 2002, a Venezuela enfrentou uma grave crise política, econômica e social, após Chávez ter demitido gestores da PDVSA e substituí-los por pessoas de sua confiança. Essa crise resultou num golpe de Estado civil-militar, que destituiu Chávez do cargo por 48 horas. Líderes das Forças Armadas anunciaram a destituição do presidente, em 12 de abril de 2002, assumindo a presidência o líder empresarial Pedro Carmona. O golpe resultou num contragolpe dois dias depois, após o clamor popular pedir a volta de Chávez, recebendo o apoio das forças leais do presidente deposto. Chávez reassumiu a presidência em 14 de abril de 2002, após um decreto que revogou sua deposição, apesar da instabilidade política ter continuado.
Chávez sofreu um golpe militar em 2002, mas voltou ao poder graças ao amplo apoio popular.
Um referendo sobre a permanência de Hugo Chávez no poder, dá a vitória ao mesmo com 58,25% dos votos. Em 2005, instaurou-se uma crise diplomática com a Colômbia devido à presença de guerrilheiros colombianos no território venezuelano. Nesse mesmo ano, a Venezuela fecha acordo para fornecer a países amigos petróleo a preço subsidiado. A oposição boicota a eleição legislativa que estava marcado para novembro. Porém, partidos leais ao presidente controlam o Congresso, aumentando o poder de Chávez no país.
Em dezembro de 2006, Chávez se reelege para um terceiro mandato com 63% dos votos. O seu adversário, Manuel Rosales é processado por enriquecimento ilícito e busca refúgio no Peru, alegando perseguição política.
Em 2007, Chávez anuncia a nacionalização de várias empresas de energia e comunicação. Durante um referendo sobre a reforma da Constituição venezuelana, Chávez sofre uma derrota, e a reforma pretendida foi recusada pela população.
Em 2008, Chávez saiu derrotado nas eleições regionais. Nesse mesmo ano, ajuda a mediar a libertação de seis reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farcs). Apesar disso, as relações com o presidente da Colômbia Álvaro Uribe se deterioraram, após um ataque colombiano a um acampamento das Farcs no Equador, um dos países aliados da Venezuela. A fronteira é fechada temporariamente para o tráfego de caminhões, contratos são suspensos, afetando a economia de Bogotá.
Em 2009, a tensão volta a aumentar, após a permissão colombiana para que os Estados Unidos usassem suas bases militares no combate ao tráfico de drogas. São anunciados planos para privatizar o Banco da Venezuela (cujos proprietários eram espanhóis) e outras empresas. A oposição muda de estratégia e obtém algumas vitórias nas eleições de novembro, como a prefeitura de Caracas. Os aliados do presidente mantêm o controle de 17 dos 22 governos estaduais. Nesse mesmo ano, a Venezuela faz acordos com a Rússia para estabelecer exercícios militares navais conjuntos e cooperação nuclear.
Entre 1999 e 2010, o país arrecadou US$ 417 bilhões com a venda de petróleo, investindo boa parte do lucro em projetos sociais. Porém, a situação econômica interna continuava com problemas. A moeda do país - o bolívar - foi desvalorizada em 17% em relação ao dólar para importações prioritárias e em 50% para produtos considerados essenciais no período. Na diplomacia, o país cortou relações com a Colômbia. Em junho de 2010, Chávez passa por uma cirurgia de emergência em Cuba.
Em setembro de 2010, Chávez sofre a primeira derrota nas urnas durante as eleições legislativas. Seu partido não conquista os dois terços da Assembleia Nacional, necessária para facilitar os projetos do governo. Em dezembro, a Assembleia Nacional aprova a Lei habilitante, que dá ao presidente, pela quarta vez em 11 anos, poderes para governar por decreto por um ano e meio.
Em janeiro de 2012, o presidente anunciou estar curado do câncer. Nesse mesmo ano anunciou a nacionalização de onze plataformas de petróleo norte-americanas, sendo que antes já tinha nacionalizado fábricas do México, da França e da Suíça. Em outubro foi mais uma vez reeleito, porém, com uma pequena diferença de votos: 54% contra 44% do seu adversário, Henrique Capriles.
Em 28 de novembro de 2012, Chávez retorna a Cuba para um novo tratamento. Sua presença era aguardada na Reunião de Cúpula do Mercosul, em Brasília, no dia 7 de dezembro. O cancelamento de sua participação aumentou os rumores de sua saúde. O presidente retorna de Cuba, anuncia a volta de células cancerígenas e indica Nicolás Maduro como seu herdeiro político, retornando depois à Cuba para uma nova fase de tratamento.
Numa operação relâmpago e sob intenso sigilo, Hugo Chávez retorna à Venezuela na madrugada de 18 de fevereiro de 2013. O Hospital Militar de Caracas é posto sob intenso esquema de segurança e não são divulgadas imagens do presidente, que teria viajado sedado.
No dia 5 de março de 2013, o vice-presidente venezuelano Nicolás Maduro, anunciou a morte de Hugo Chávez, aos 58 anos, em Caracas, decorrente de um câncer na região pélvica e de uma infecção respiratória aguda.
Desde o início do seu governo, Chávez acusou os Estados Unidos e as empresas transnacionais de explorarem as riquezas naturais da Venezuela. Ele criticou o capitalismo, afirmando que a única alternativa justa era aprofundar a igualdade, levando a sociedade venezuelana ao socialismo. Seguindo essa linha, rompeu as tradicionais ligações das transnacionais com a Venezuela e retomou o controle estatal de todo o setor petroquímico.
A Venezuela tem enfrentado momentos de tensão desde o início de fevereiro de 2014, com protestos de estudantes e opositores contra o governo. A situação se agravou no dia 12 de fevereiro, quando uma manifestação contra o presidente Nicolás Maduro terminou com um saldo de três mortos e mais de vinte pessoas feridas. Ao mesmo tempo em que milhares de manifestantes saíram às ruas para criticar o governo - por causa do elevado índice de inflação, da insegurança, da escassez de produtos e da alta criminalidade -, outras milhares de pessoas aliadas do presidente se manifestaram em favor de Maduro e contra os oposicionistas.
Após as primeiras mortes, governo e oposição trocaram acusações. Maduro acusou "gruspúculos fascistas" que teriam se infiltrado nos protestos. Já o líder oposicionista Leopoldo López, que convocou seus partidários para irem às ruas, disse que o governo planejou a violência para desacreditar seu movimento pacífico. Após as acusações, o governo venezuelano decretou a prisão de López, provocando novos protestos no país.
As manifestações são uma reedição da disputa política nas ruas que marcou os anos de Hugo Chávez e a campanha que levou Maduro a ser eleito em 2013, após a morte do ditador.
O contexto atual também complica a situação do governo - os protestos ocorrem em meio a ausência de produtos industrializados nas prateleiras, e do controle das regras da economia para o setor empresarial.
Tentando controlar a crescente inflação, Maduro criou um decreto-lei de "preços justos", que limita o lucro de empresários locais a 30% sobre o valor da mercadoria. A escassez de produtos aumentou ainda mais após a adoção dessa medida, aumentando também, os protestos no país.
A região de Essequibo compreende uma área entre o rio Essequibo e a divisa tradicional da Guiana com a Venezuela. Dispõe de uma série de recursos naturais, como ouro, bauxita, urânio, potencial hidrelétrico e, em seu oceano, petróleo.
A disputa na região remonta ao século XIX, quando os ingleses compraram as terras do Essequibo, que até então estava sob o domínio holandês, estabelecendo a Guiana Inglesa, em conjunto com as colônias vizinhas de Berbice e Demarara.
Estando sob o controle do território, a Coroa Britânica contratou o naturalista Robert Schomburgk para realizar expedições pela área com o intuito de estabelecer as fronteiras da nova colônia.
Destas expedições, resultou a Linha Schomburgk. Porém, tal demarcação foi muito contestada, tanto pelo Brasil quanto pela Venezuela. No caso brasileiro, ela foi resolvida ainda no início do século XX por Joaquim Nabuco e ficou conhecida como Questão do Pirara. Da área reclamada, cerca de 59% (19.630 km²) ficou sob domínio inglês/guianense, enquanto o Brasil ficou com 41% (13.570 km²), perdendo o acesso à Bacia do Essequibo.
Já para a Venezuela, era arbitrária a colocação da região a oeste do Essequibo como território inglês. Para eles, a região foi originalmente ocupada por missões espanholas, sendo venezuelana por direito.
Os Estados Unidos, pautados na Doutrina Monroe (a América para os americanos) e repudiando a intromissão europeia em questões no continente americano, passou a apoiar a Venezuela, convocando um tribunal arbitral para solucionar o conflito.
Para a viabilização do tribunal, que se reuniu durante dois anos e meio em Paris, foram indicados cinco juristas, dois americanos (sendo um indicado pela Venezuela e outro indicado pelos Estados Unidos), dois ingleses e um russo, indicado por ambas as partes, que daria o voto de minerva caso necessário.
As negociações geraram o Laudo de Paris, definindo que a maior parte da área reclamada (entre os rios Essequibo e Cuyuni) ficaria sob o domínio inglês, enquanto uma porção a oeste do rio Cuyuni, antes reivindicada pelos ingleses, passaria para a tutela venezuelana. Esta configuração do território permaneceu assim por cerca de sessenta anos.
Em meados de 1962, durante o governo de Rómulo Betancourt, a Venezuela passou a contestar a decisão do laudo de Paris. Dentre os motivos que trouxeram o assunto à tona novamente, estava o surgimento de suspeitas de um conluio entre o diplomata russo responsável pelo voto de minerva, Frederic de Martens, que fez seu doutorado na Universidade de Cambridge (Inglaterra) e os dois jurados ingleses. Além do mais, se passou a questionar o porquê de, enquanto a Inglaterra ter dois jurados com nacionalidade inglesa, a Venezuela foi representada por americanos, sendo apenas um deles nomeado por Caracas.
As potências ocidentais, como os Estados Unidos e até mesmo a Inglaterra, deram razões às ponderações venezuelanas. Este apoio se deve principalmente pelo fato de que, neste período, a Guiana Inglesa estava prestes a conseguir sua independência, com a ascensão de um governo marxista-leninista. Em um contexto de Guerra Fria, onde os comunistas conquistavam o poder em Cuba, era temido pelas potências do mundo capitalista, especialmente pelos Estados Unidos, a formação de mais um Estado socialista nas Américas.
Assim, a Venezuela conseguiu a assinatura do Acordo de Genebra, que iria promover uma Comissão Mista para reabrir as negociações. Os venezuelanos passaram a considerar Essequibo como parte do seu território nos mapas oficiais, mesmo esta região correspondendo a cerca de 2/3 da área total da recém independente Guiana.
Após algumas ações mais incisivas de ambos os lados, a partir de 1970 a Guiana acabou ficando em situação desfavorável para reivindicar uma quebra no acordo. Isto se deve ao Brasil, que na época sob o regime militar, militarizou sua fronteira com a ex-colônia inglesa, agora sob o comando de um governo esquerdista. Sendo impossível uma disputa em duas frentes por parte de Georgetown, capital da Guiana, o país recém independente buscou relações mais amistosas com a Venezuela, diminuindo a força de seu posicionamento em relação ao Essequibo.
Quando um governo de direita chegou ao poder na Guiana, as tensões voltaram a existir. A Venezuela passou a agir diplomaticamente contra os guianenses, se opondo à construção de uma hidrelétrica no país e à contratação de empréstimos por parte de Georgetown em órgãos financeiros supra-nacionais. A questão de Essequibo, neste período, passou a ser questão de segurança nacional para os dois países.
A partir da década de 1980, a disputa passou para a esfera da Organização das Nações Unidas (ONU). A partir daí, as relações amistosas voltaram a ser estabelecidas. Guiana e Venezuela passaram a tomar medidas de cooperação, como ocorreu no caso da integração elétrica entre os dois países e na aliança militar contra o tráfico de drogas. Tal cenário foi ainda reforçado no governo Hugo Chávez, quando Caracas perdoou a dívida externa da Guiana para com os venezuelanos.
Diferentemente do que fez seu antecessor, Nicolás Maduro tem voltado a reivindicar o Essequibo como território venezuelano. O principal motivo para isto foi a descoberta de petróleo no oceano em águas guianenses por parte da transnacional Exxon Mobil.
Atualmente, a Guiana importa todo o seu petróleo dos vizinhos venezuelanos. A exploração de novas jazidas no país poderiam dar independência do produto a Georgetown, ao mesmo tempo que traria um novo concorrente para a exploração petrolífera regional.
Além disso, alguns problemas ideológicos são bem evidentes. Maduro tem como principal adversário em escala global os Estados Unidos, e o crescimento da influência americana no país vizinho, por meio de suas transnacionais, pode atrapalhar o andamento do seu governo.
O país é amplamente conhecido por suas vastas reservas de petróleo, pela diversidade ambiental do seu território e por seus diversos recursos naturais. É considerada uma nação megadiversa, com uma fauna diversificada e com uma grande variedade de habitats protegidos. As cores da bandeira venezuelana são o amarelo, azul e vermelho, onde o amarelo representa a riqueza da terra, o azul o mar e o céu do país, e o vermelho o sangue derramado pelos heróis da independência.
Mapa da Venezuela |
Esses acontecimentos geram dúvidas sobre o que realmente está acontecendo no país e sobre os meios de o governo atuar para garantir a sua estabilidade.
Confronto entre manifestantes e a polícia nas ruas da Venezuela |
GEOGRAFIA
O território venezuelano é composto por uma parte continental e outra insular. O país possui uma área de 912.050 km², sendo o 32º maior país em extensão do mundo. Faz fronteira com o Brasil ao sul, com a Colômbia a oeste, com a Guiana a leste e com o Mar do Caribe e o Oceano Atlântico ao norte.O quadro natural da Venezuela, assim como o dos demais países andinos, é bastante diversificado: há terras altas e clima frio, nos Andes; planaltos e clima quente e úmido, na Floresta Amazônica; e terras baixas e clima com duas estações bem definidas (uma seca e outra chuvosa), nos Lhanos (um tipo de savana.
Mapa físico da Venezuela |
O núcleo de granito e da Cordilheira é, em grande parte, flanqueado por camadas sedimentares do Cretáceo, dobradas numa estrutura anticlinal. Entre esses sistemas orográficos existem planícies cobertas de camadas terciárias e quaternárias de cascalho, areia e argila. A depressão em que se encontram lagunas e lagos, como o de Maracaibo, apresenta, na superfície, depósitos de aluvião do Quaternário, sobre camadas do Cretáceo e do Terciário, onde ocorrem importantes jazidas petrolíferas.
Pico Bolívar - ponto mais elevado da Venezuela |
- Montanhas Setentrionais - constituem uma ramificação da cordilheira Ocidental dos Andes Setentrionais. Penetram no país pelo oeste, prosseguem na direção nordeste e leste até chegar ao golfo de Paria e a ilha de Trinidad, onde diminui gradualmente a sua altitude. A parte ocidental denomina-se serra Nevada de Mérida, onde seus picos atingem mais de 4.800 metros, como o Pico Bolívar. Essa região é coberta pelos páramos, um ecossistema neotropical de montanha encontrado em três países andinos: Venezuela, Equador e Colômbia. Na direção leste, as montanhas Setentrionais, conhecidas como Andes Marítimos, declinam até quase desaparecer, ressurgindo no golfo de Paria.
Laguna Verde, no Parque Nacional de Serra Nevada - Venezuela |
- Bacia do Orinoco - a bacia do Orinoco é uma extensa planície aluvial que sobe suavemente até encontrar os Andes, no centro do país. Ao sul dessa planície eleva-se o Planalto das Guianas. Na bacia do rio Orinoco, encontra-se os llanos, um ecossistema que se enquadra no sistema das savanas, onde a principal atividade econômica desenvolvida é a criação de gado. No interior da Venezuela existe uma paisagem muito diferente dos Andes, formada por uma vasta planície muito parecida com as savanas, conhecida como llanos. Os llanos são atravessados pelo rio Orinoco, o maior do país, com mais de 3 mil quilômetros de extensão. No seu alto curso, que começa no Maciço das Guianas, área fronteiriça com o Brasil, a uma altura de 1.074 metros, o Orinoco alimenta grande usinas hidrelétricas. Já o seu delta abre-se sobre gigantescas jazidas de petróleo. O centro-sul do país é recoberto pela Floresta Amazônica, com sua rica biodiversidade.
Rio Orinoco, em Ciudad Bolívar - Venezuela |
- Planalto das Guianas - a parte venezuelana do Planalto das Guianas é denominada de La Gran Sabana. No complexo embasamento do Planalto das Guianas e na linha de cristal dos maciços Marítimo e da Cordilheira da Venezuela, encontram-se as mais antigas formações rochosas da América do Sul. A parte venezuelana do Planalto das Guianas consiste num grande bloco de granito de gnaisses e de outras rochas cristalinas do Arqueano, com camadas subjacentes de arenito e de argila xistosa.
Tepui Kukenán - monte localizado na Venezuela |
Mapa climático da Venezuela |
Salto Ángel, Venezuela - a mais alta queda de água do planeta |
Mapa das regiões naturais da Venezuela |
HISTÓRIA
O território venezuelano foi um dos primeiros habitados pelos hominídeos na América do Sul, possivelmente há cerca de 15 mil anos. Os grupos indígenas mais importantes da era pré-colombiana venezuelana eram: chibchas, arawakos, caribes e guajiros.Na sua terceira viagem para a América, Cristóvão Colombo, em 1498, chegou à bacia do rio Orinoco, ancorando seus navios na península de Paria, que o almirante tomou por uma ilha, denominando-a "terra de Gracia".
Em 1499, Alonso de Ojeda explorou o país, navegando ao longo do mar do Caribe até o lago Maracaibo. O navegador batizou o país de "Venezuela" devido à semelhança que encontrou entre as palafitas indígenas e a cidade italiana de Veneza.
Ponte sobre o Lago Maracaibo |
Inicialmente, os espanhóis não se apoderaram da terra firme, pois a pesca da pérola em algumas ilhas próximas à costa nordeste os atraiu mais. Com a queda na produção de ostras, os colonizadores deslocaram-se para a terra firme. O primeiro estabelecimento permanente espanhol na Venezuela foi Cumaná, fundada em 1523.
Cumaná - com uma população de 393.478 habitantes (estimativa 2018) é a 11ª maior cidade da Venezuela |
Na segunda metade do século XVI, inicia-se o desenvolvimento da atividade agrícola baseada no trabalho escravo. Caracas é fundada em 1567 e no fim deste século já havia mais de 20 núcleos de povoamento nos Andes venezuelanos e no litoral do mar do Caribe. As planícies e a região do lago Maracaibo aos poucos foram ocupadas nos séculos XVII e XVIII por missionários católicos.
Barquisimeto - com uma população de 1.552.817 (estimativa 2018) é a quarta maior cidade da Venezuela |
Em 1717, a Venezuela deixa de pertencer a Audiência de Santo Domingo para fazer parte do Vice-Reino de Nova Granada, cuja sede era em Bogotá. Em 1721 é fundada a Real e Pontifícia Universidade de Caracas (atual Universidade Central da Venezuela). Em 1728, é criada a Companhia Guipuzcoana de Caracas, que detinha o monopólio da venda do cacau à metrópole e das mercadorias espanholas à Venezuela. Sua missão era também reprimir o tráfico de escravos, que tinha como principal centro, a ilha de Curaçau, e as incursões estrangeiras ao território venezuelano. Essa companhia foi dissolvida na década de 1780 devido aos interesses contrários dos produtores venezuelanos.
Palacio de las Academias - antiga sede da Universidade de Caracas |
Quando a Espanha caiu em poder de Napoleão Bonaparte, em 1807, os criollos (brancos nascidos na colônia) de Caracas iniciaram a Revolução Venezuelana. Os representantes espanhóis, entre eles o governador Vicente Emparán, foram destituídos, sendo estabelecida uma junta governativa local, com a finalidade de salvaguardar os direitos do rei espanhol Fernando VII, preso na França.
Maracay - com uma população de 1.498.078 (estimativa 2018) é a quinta maior cidade da Venezuela |
A reação espanhola foi favorecida por um terremoto em 1812. Os patriotas foram traídos e derrotados em Puerto Cabello. Miranda, que assinara a capitulação em 25 de julho de 1812 e ia embarcar para o Reino Unido, foi detido por Bolívar e enviado como prisioneiro para a Espanha, onde morreu em 1816. Bolívar recebeu salvo-conduto para Curaçao.
Ilha de Curaçao - atualmente pertence aos Países Baixos |
Ajudado pelo presidente Pétion, da nova República do Haiti, e por uma legião estrangeira de soldados britânicos e irlandeses, Bolívar reiniciou a luta dois anos depois. Em 1816, Simón Bolívar foi ratificado como presidente da república, graças ao apoio que conseguira do general José Antonio Páez, caudilho dos llaneros.
Simón Bolívar (1783-1830) |
De 15 de fevereiro de 1819 até 17 de dezembro desse mesmo ano, Simón Bolívar foi presidente da Venezuela. A partir dessa data até 1830, a Venezuela fez parte da Grã-Colômbia, da qual Bolívar também era presidente.
Em 1829, a Venezuela se separou da Grande Colômbia e o Equador fez o mesmo pouco tempo depois. No ano seguinte, Bolívar morreu perto da cidade colombiana de Santa Marta, sem ter conseguido realizar o sonho de unir a América hispânica.
Ciudad Guayana - com uma população de 1.134.108 (estimativa 2018) é a sexta maior cidade da Venezuela |
Páez dominou a vida política do país até 1848. Governou durante dois períodos constitucionais (1831-1935 e 1839-1844). Posteriormente, instaurou uma ditadura de 1861 a 1863. Seu governo representou para a Venezuela uma fase de estabilidade, na qual se reconstruiu a economia, enfraquecida pelos muitos anos de guerra. Prosperaram a cultura de cacau e café, base do comércio exterior do país.
José Antonio Páez (1790-1873) |
Antonio Leocádio Guzmán (1801-1884) |
De 1846 a 1858, alternaram-se na presidência os irmãos José Tadeo e José Gregório Monagas. Os dois estabeleceram um regime ditatorial e populista que limitava a liberdade de ação do Congresso. As reformas postuladas pelos liberais, em sua maior parte, não saíram do papel: aprovaram-se leis que aboliam a escravidão, estendiam o direito de voto, baniam a pena de morte e limitavam as taxas de juros, que, no entanto, nunca foram implementadas.
José Tadeo Monagas (1784-1868) |
Inaugurou-se um período de agitação política, com as chamadas guerras federalistas (1858-1863): conservadores centralistas contra liberais federalistas. O general Páez retornou em 1861 e restaurou a hegemonia conservadora por dois anos, mas foi derrotado em 1863 pelas forças federalistas do general Juan Falcón. A Constituição de 1864 incorporou as ideias federalistas, mas o governo de Falcón não foi bem-sucedido.
San Cristóbal - com uma população de 1.055.161 (estimativa 2018) é a sétima maior cidade da Venezuela |
Antonio Guzmán Blanco (1829-1899) |
Joaquín Crespo (1841-1898) |
Juan Vicente Gómez (1857-1935) |
Eleazar López Contreras substituiu Gómez e era considerado um político mais liberal e progressista. Ele governou de 1935 a 1941, iniciando a era da nova democracia no país. O general Isaías Medina Angarita, que tomou o poder depois de López, restaurou as liberdades civis e tentou criar uma base popular para seu governo. Com o declínio da exploração petrolífera durante a Segunda Guerra Mundial, a renda nacional baixou e Medina modificou os contratos com as companhias estrangeiras de petróleo.
Isaías Medina Angarita (1897-1953) |
O romancista Rómulo Gallegos, eleito para a presidência pela Ação Democrática, governou apenas nove meses devido, sobretudo, às medidas que tomou contra os militares enriquecidos ilicitamente durante a ditadura e à tentativa de aumentar os royalties estatais sobre o petróleo e apressar a reforma agrária. Rómulo Gallegos foi deposto por um golpe de Estado em 1948.
Maturín - com uma população de 548.104 (estimativa 2018) é a oitava maior cidade da Venezuela |
Nas eleições de dezembro de 1958 venceu Rómulo Betancourt, que conseguiu exercer um mandato civil completo (1959-1964). Seu segundo governo caracterizou-se pelo esquerdismo mais moderado, que permitiu a colaboração da Ação Democrática com o segundo grande partido político do país, o Comitê de Organização Política Eleitoral Independente ou COPEI (também denominado Partido Social Cristão), e ampliou a base social do governo democrático. Lançaram-se planos de modernização agrícola e industrial e de promoção da saúde e da educação. Em março de 1960 ocorreu um atentado contra a vida do presidente praticado por agentes dominicanos. No ano seguinte, deterioraram-se também as relações com Cuba, em resposta ao apoio do governo de Fidel Castro à guerrilha venezuelana.
Rómulo Betancourt (1908-1981) |
Rafael Caldera (1916-2009) |
As eleições de dezembro de 1973 foram vencidas por Carlos Andrés Pérez, líder do Partido de Ação Democrática (AD), o qual fez aumentar a estabilidade nacional. As relações com os Estados Unidos desempenharam um importante papel na vida econômica do país (exportações de petróleo e ferro, principalmente), mas o novo presidente redobrou os esforços governamentais para dotar o país de uma infraestrutura industrial, nacionalizou a indústria de minério de ferro, em 1975, e de petróleo, no ano seguinte. Em virtude da grande elevação do preço do petróleo provocada pela Guerra do Yom Kippur (1973), a Venezuela, como membro-fundador da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), quadruplicou seus lucros com a venda do petróleo. Uma onda consumista sacudiu o país, cuja frágil estrutura econômica foi incapaz de absorver a nova riqueza sem experimentar aumento da inflação. Em 1979, encerrou-se o mandato de Pérez.
Carlos Andrés Pérez (1922-2010) |
Jaime Lusinchi, líder da Ação Democrática, governou o país de 1983 a 1988, e lançou um programa de austeridade econômica impopular. Lusinchi realizou uma política neoliberal e heterodoxa, mas que mantinha o modelo rentista, o que deixou a Venezuela vulnerável às oscilações dos preços internacionais do petróleo. Houve um aprofundamento da corrupção pública e das crises econômica, social e política. Ele tentou realizar um pacto social entre o Governo e as associações de comércio e negociou créditos bancários com o objetivo de diminuir a dívida pública. Mas, em 1988, a Venezuela suspendeu o pagamento da dívida externa, que tinha aumentado desde a queda dos preços do petróleo na década de 1970.
Jaime Lusinchin (1924-2014) |
Barcelona - com uma população de 489.335 (estimativa 2018) é a nona maior cidade da Venezuela |
Nas eleições de dezembro de 1993, tomou novamente posse o ex-presidente Rafael Caldera, liderando um novo partido, a Convergência Nacional, apoiado por outras organizações. Assumiu em 1994 por um período de cinco anos. Em 1995, a Venezuela atravessou uma grave crise financeira e bancária que obrigou o país a gastar grande parte de suas divisas e adotou um programa econômico recessivo. Em 1996, um plano rigoroso desencadeou uma reviravolta no quadro sócio-econômico, que tinha o maior rendimento por habitante da América Latina, e se viu ultrapassado pela Argentina, Uruguai, Chile e Brasil.
Petare - com uma população de 400.038 (estimativa 2018) é a décima maior cidade da Venezuela |
A perda de prestígio dos políticos tradicionais se traduziu na aparição de candidaturas estranhas, como o da ex-miss Venezuela Irene Sáez. O coronel reformado Hugo Chávez, líder do fracassado golpe de fevereiro de 1992 contra o então presidente Pérez e fundador do Movimento Quinta República (MVR), venceu as eleições presidenciais realizadas em 6 de dezembro de 1998, com 56% dos votos válidos, derrotando Henrique Salas Romer, que obteve 39% dos votos.
Visão panorâmica da Ilha Margarita, no Mar do Caribe - Venezuela |
Convocada as eleições para formar a Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela em 25 de abril de 1999, esta reuniu-se pela primeira vez no dia 3 de agosto do mesmo ano, e assumiu o poder máximo do Estado. A soberaníssima, nas palavras de Chávez, se autodotou de poderes para suspender as demais instituições políticas do país. Nos dias que se seguiram, Chávez pôs o seu cargo à disposição da Assembleia (para caracterizar que esta era agora a autoridade suprema do Estado), e no dia 11 de agosto, depois de ser confirmado na presidência, jurou novamente o cargo. No dia 12 de agosto, Chávez teve o seu primeiro decreto executivo para a reorganização de todos os órgãos do poder público aprovado pela Assembleia.
Barinas - com uma população de 373.219 habitantes (estimativa 2018) é a 12ª maior cidade venezuelana |
A nova Constituição, a vigésima sexta da história da Venezuela, aumentou o mandato do presidente de cinco para seis anos, e passou a permitir uma reeleição consecutiva; mas não subordina, todavia, o poder militar ao civil. O Senado e o Congresso foram extintos, tendo sido substituídos por uma nova instituição unicameral: a Assembleia Nacional. Foram considerados nulos todos os mandatos estabelecidos pela constituição anterior e convocada eleições gerais para julho de 2000, inclusive para presidente da República, tendo sido Hugo Chávez reeleito para o sextiênio de janeiro de 2001 a janeiro de 2007. A Carta, ainda alterou o nome do país para República Bolivariana da Venezuela e aumentou os direitos culturais e linguísticos dos povos indígenas.
Vídeo sobre a geografia da Venezuela
Após a reeleição, Hugo Chávez pôs em prática um programa de revolução bolivariana, mas rapidamente confrontou-se com uma forte oposição (manifestações, greves e tentativa de golpe de Estado). Chávez promoveu a nacionalização de vários setores da economia do país. Inicialmente, estatizou a siderúrgica Sidor, responsável por 85% da produção de aço no país. No mesmo período, começou o processo de nacionalização da empresa Petróleos de Venezuela (PDVSA), ação concluída em 2007. Em 2002, a Venezuela passou por uma grave crise política após Chávez demitir gestores da PDVSA e substituí-los por pessoas de sua confiança. Em abril desse ano, a crise política, econômica e social que tinha instalado no país levou a um golpe de Estado civil-militar, que destituiu Hugo Chávez do cargo por 48 horas. Líderes das Forças Armadas anunciaram a destituição do presidente Chávez, em 12 de abril de 2002, tendo o líder empresarial Pedro Carmona feito juramento como presidente da Venezuela. O golpe, entretanto, foi seguido por um contragolpe dois dias depois, quando as forças leais a Chávez perceberam o clamor popular pelo líder. Chávez reassumiu a presidência em 14 de abril de 2002, após um decreto que revogou sua deposição, mas a instabilidade política e a crescente polarização social mantiveram-se.Cabimas - com uma população de 315.030 habitantes (estimativa 2018) é a 13ª maior cidade da Venezuela |
Em dezembro de 2007, em referendo sobre a reforma da Constituição venezuelana, o presidente obteve o primeiro revés, já que a reforma foi recusada pela população. Em 2008, Chávez também saiu derrotado nas eleições regionais. Os fracassos nas votações de 2007 e 2008 foram, em parte, recompensados em 2009, quando 54% dos venezuelanos votaram a favor da reeleição ilimitada em mais um referendo.
Em 30 de junho de 2011, em pronunciamento transmitido pela TV, o presidente anunciou que sofria de um câncer. Em 2012, Chávez anunciou a nacionalização de onze plataformas de petróleo norte-americanas vinculadas à empresa Helmerich & Payne. Anteriormente, foi anunciada a estatização de fábricas do México, da França e da Suíça. Em outubro de 2012, foi mais uma vez reeleito com 54% dos votos contra 44% do seu adversário, Henrique Caprilles. Em 5 de março, o vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou, em pronunciamento nacional na TV, a morte do presidente Hugo Chávez, vítima de um câncer na região pélvica com o qual convivia há um ano e meio.
Ponto Fijo - com uma população de 290.895 habitantes (estimativa 2018) é a 14ª maior cidade da Venezuela |
ECONOMIA
A economia venezuelana baseia-se no petróleo e na exploração do minério de ferro. A expansão dessas atividades atraiu para o país outras indústrias: químicas, de papel e celulose e de borracha.A Venezuela possui importantes reservas petrolíferas. Segundo dados da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), o país possui as maiores reservas de petróleo do mundo, superando as da Arábia Saudita, sendo também um dos maiores produtores mundiais. Seu principal local de extração é o Lago Maracaibo.
A maior parte das reservas de petróleo da Venezuela encontram-se na Bacia do Rio Orinoco, onde a extração é mais difícil e mais cara. Por isso, alguns analistas acreditam que muitas descobertas recentes de petróleo no país seriam economicamente inviáveis.
A dependência excessiva da Venezuela em relação à produção de petróleo faz com que a situação econômica do país seja instável, devido às flutuações do preço do produto no mercado internacional.
Produção de petróleo no Lago Maracaibo - Venezuela |
Visando obter mais recursos com o petróleo, o governo da Venezuela decidiu-se, na década de 1970, pela nacionalização dos poços, assumindo a exploração e deixando o refino a cargo de empresas estrangeiras. Apesar de ter de pagar indenizações às empresas que exploravam o petróleo venezuelano, o lucro obtido com a nacionalização foi surpreendente e permitiu ao país investir sobretudo na industrialização e na melhoria da infraestrutura das cidades.
A prosperidade econômica do país nas décadas de 1970 e 1980, decorrente do grande aumento na produção de petróleo, não beneficiou toda a sua população, mas apenas uma minoria, que concentra grande parte da renda nacional. No final dos anos 1990, cerca de 55% da população estava na faixa de pobreza e o nível de pobres extremos era de aproximadamente 25%.
Um dos grandes problemas econômicos da Venezuela é a elevada taxa de importação. O país importa cerca de 75% daquilo que consome.
Nesse contexto, foi eleito presidente o coronel Hugo Chávez. Com um forte discurso nacionalista e antiestadunidense e um projeto de universalização dos direitos sociais, passou a representar uma esperança para as classes desfavorecidas. Uma nova Constituição foi aprovada em 1999, mudando o nome para República Bolivariana da Venezuela.
Hugo Chávez (1954-2013) |
Mas com a crise de 2008 e aquela que começou a se delinear em 2012, a economia venezuelana, ancorada na exploração e processamento do petróleo, viu suas receitas despencarem. A partir desse momento, o país vem convivendo com a escassez de produtos e racionamento de energia elétrica. Com isso, muitas de suas indústrias - siderúrgicas e metalúrgicas - vêm trabalhando com apenas cerca de 50% a 60% de sua capacidade produtiva.
Puerto la Cruz - com uma população de 285.869 habitantes (estimativa 2018) é a 15ª maior cidade da Venezuela |
Foram ampliados os investimentos em programas sociais, como os de alfabetização, de alimentos a preços baixos e de assistência médica a comunidades carentes. Em 2011, a porcentagem de população vivendo em situação de pobreza havia caído para 27%.
Apesar dos avanços obtidos em relação aos indicadores sociais e econômicos, analistas políticos e outros especialistas alertaram sobre os problemas decorrentes da concentração de poderes nas mãos de Chávez, o que gerou uma situação em que não se distingue o que é partido político, o que é governo e o que é Estado, separação fundamental para os regimes democráticos. Após a morte de Chávez, em 2013, seu vice, Nicolás Maduro, assumiu a presidência e continuou mantendo essa forte centralização de poder.
O setor de combustíveis responde por 95% das exportações da Venezuela. Os Estados Unidos, apesar dos conflitos diplomáticos travados com o governo venezuelano, são o destino de mais da metade das exportações do país. Houve redução desse comércio unilateral somente com a crise de 2008, quando os Estados Unidos reduziram a importação de petróleo.
Complexo Parque Central Torre, em Caracas - Venezuela |
POPULAÇÃO
A população venezuelana é de pouco mais de 32 milhões de habitantes, composta predominantemente por mestiços de ameríndios e brancos de origem espanhola. A grande maioria da população vive em cidades.A Venezuela é um dos maiores produtores de petróleo do mundo. Apesar disso, 80% dos venezuelanos são pobres, e 31,5% deles vivem abaixo da linha de pobreza.
A causa dessa grande desigualdade social está relacionada ao seu passado. Desde a década de 1910, os governantes da Venezuela permitiram que o petróleo fosse explorado por empresas transnacionais. Mas essas poderosas companhias pagavam muito pouco ao governo venezuelano por esse importante recurso natural. Em consequência do baixo faturamento e da corrupção desmedida, o país ficou sem recursos para proporcionar aos seus habitantes acesso à educação, à saúde e à moradia.
Para agravar essa situação, nas últimas décadas a população carente da Venezuela cresceu muito. Gigantescas favelas tomaram conta da periferia das maiores cidades, sobretudo da capital, Caracas.
Favela na cidade de Caracas |
O descontentamento era ainda maior no fim da década de 1990. Nessa época, surgiram novas lideranças políticas, que passaram a ser vistas por muitos venezuelanos como alternativas reais de mudança no panorama de desigualdade social do país. Um desses líderes era Hugo Chávez, ex-militar e ex-golpista, que em 1998, foi eleito presidente da República pela primeira vez.
A Venezuela está entre os países mais urbanizados da América Latina. Cerca de 93,7% dos venezuelanos moram em áreas urbanas, principalmente na parte norte do país. Apesar da metade da área territorial da Venezuela se situar ao sul do rio Orinoco, esta região abriga apenas 5% da população.
Guarenas - com uma população de 277.530 habitantes (estimativa 2018) é a 16ª maior cidade da Venezuela |
POLÍTICA
Apesar da quantidade e da variedade de riquezas do território da Venezuela, muitos venezuelanos têm deixado o país por causa dos problemas políticos e econômicos vividos por eles. Nas décadas de 1970 e 1980 a maioria dos venezuelanos que deixavam o país eram trabalhadores em busca de oportunidades nos Estados Unidos. Hoje, ao contrário, tem sido a população mais rica que tem deixado o país rumo aos EUA, desgostosa com a atual política, que começou com o governo de Hugo Chávez e, após a sua morte, com a instabilidade pela qual o país vem atravessando.Durante a maior parte do século XX, a Venezuela manteve relações amistosas com os países latino-americanos e ocidentais. As relações entre a Venezuela e o governo dos Estados Unidos pioraram após o golpe de Estado na Venezuela em 2002, durante o qual o governo estadunidense reconheceu a presidência interina de Pedro Carmona. Ao mesmo tempo, laços com vários países da América Latina e do Oriente Médio, que não eram aliados dos Estados Unidos foram fortalecidos.
A Venezuela busca alternativas de integração hemisférica, através de propostas como a Aliança Bolivariana para as Américas - ALBA - e a rede de televisão pan-latino-americana, TeleSUR.
Los Teques - com uma população de 264.064 habitantes (estimativa 2018) é a 17ª maior cidade da Venezuela |
Chamado de República Bolivariana da Venezuela (em homenagem a Simón Bolívar) desde 1999, a Venezuela recebeu grande atenção da mídia internacional no século XXI durante o governo do ex-presidente Hugo Chávez, que criou uma série de medidas políticas controversas em seu mandato.
A Venezuela é uma das quatro nações do mundo, junto com a Rússia, a Nicarágua e Nauru, que reconheceu a independência da Abecássia e da Ossétia do Sul, regiões localizadas na Geórgia, além de ser um dos grandes defensores na Organização dos Estados Americanos (OEA) para adotar a sua Convenção Anti-Corrupção.
Mérida - com uma população de 262.843 habitantes (estimativa 2018) é a 18ª maior cidade da Venezuela |
O governo de Hugo Chávez
Convocada eleições para formar a Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela em 25 de julho de 1999, esta reuniu-se pela primeira vez em 3 de agosto do mesmo ano, e Chávez assumiu o poder máximo do Estado. Com isso, Chávez se autodotou de poderes para suspender as demais instituições políticas do país. Dias depois, o presidente pôs seu cargo à disposição da Assembleia, e no dia 11 de agosto, depois de ser confirmado na presidência, se apossou do cargo. O primeiro decreto de Chávez ocorreu no dia 12 de agosto, reorganizando todos os órgãos do poder público.
Em nova convocação às urnas no dia 15 de dezembro de 1999, os venezuelanos referendaram, por ampla maioria, a recém-escrita Constituição que levaria adiante o projeto de Hugo Chávez para a transformação do país. A nova Carta Magna foi aprovada por 71,2% dos votantes, apesar de o índice de abstenção ter sido muito alto, pois 54% dos eleitores não compareceram às urnas. Com esse resultado, Chávez recebeu um respaldo importante para o processo de mudança das estruturas políticas, econômicas e jurídicas do país.
Ciudad Ojeda - com uma população de 257.571 habitantes (estimativa 2018) é a 19ª maior cidade da Venezuela |
Guanare - com uma população de 231.172 habitantes (estimativa 2018) é a 20ª maior cidade da Venezuela |
Em dezembro de 2006, Chávez se reelege para um terceiro mandato com 63% dos votos. O seu adversário, Manuel Rosales é processado por enriquecimento ilícito e busca refúgio no Peru, alegando perseguição política.
Em 2007, Chávez anuncia a nacionalização de várias empresas de energia e comunicação. Durante um referendo sobre a reforma da Constituição venezuelana, Chávez sofre uma derrota, e a reforma pretendida foi recusada pela população.
Em 2008, Chávez saiu derrotado nas eleições regionais. Nesse mesmo ano, ajuda a mediar a libertação de seis reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farcs). Apesar disso, as relações com o presidente da Colômbia Álvaro Uribe se deterioraram, após um ataque colombiano a um acampamento das Farcs no Equador, um dos países aliados da Venezuela. A fronteira é fechada temporariamente para o tráfego de caminhões, contratos são suspensos, afetando a economia de Bogotá.
Assembleia Nacional da Venezuela, em Caracas |
Entre 1999 e 2010, o país arrecadou US$ 417 bilhões com a venda de petróleo, investindo boa parte do lucro em projetos sociais. Porém, a situação econômica interna continuava com problemas. A moeda do país - o bolívar - foi desvalorizada em 17% em relação ao dólar para importações prioritárias e em 50% para produtos considerados essenciais no período. Na diplomacia, o país cortou relações com a Colômbia. Em junho de 2010, Chávez passa por uma cirurgia de emergência em Cuba.
Em setembro de 2010, Chávez sofre a primeira derrota nas urnas durante as eleições legislativas. Seu partido não conquista os dois terços da Assembleia Nacional, necessária para facilitar os projetos do governo. Em dezembro, a Assembleia Nacional aprova a Lei habilitante, que dá ao presidente, pela quarta vez em 11 anos, poderes para governar por decreto por um ano e meio.
Vídeo sobre a crise econômica na Venezuela
No dia 30 de junho de 2011, em pronunciamento transmitido pela TV, o presidente anunciou que sofria de um câncer.Em janeiro de 2012, o presidente anunciou estar curado do câncer. Nesse mesmo ano anunciou a nacionalização de onze plataformas de petróleo norte-americanas, sendo que antes já tinha nacionalizado fábricas do México, da França e da Suíça. Em outubro foi mais uma vez reeleito, porém, com uma pequena diferença de votos: 54% contra 44% do seu adversário, Henrique Capriles.
Em 28 de novembro de 2012, Chávez retorna a Cuba para um novo tratamento. Sua presença era aguardada na Reunião de Cúpula do Mercosul, em Brasília, no dia 7 de dezembro. O cancelamento de sua participação aumentou os rumores de sua saúde. O presidente retorna de Cuba, anuncia a volta de células cancerígenas e indica Nicolás Maduro como seu herdeiro político, retornando depois à Cuba para uma nova fase de tratamento.
Numa operação relâmpago e sob intenso sigilo, Hugo Chávez retorna à Venezuela na madrugada de 18 de fevereiro de 2013. O Hospital Militar de Caracas é posto sob intenso esquema de segurança e não são divulgadas imagens do presidente, que teria viajado sedado.
No dia 5 de março de 2013, o vice-presidente venezuelano Nicolás Maduro, anunciou a morte de Hugo Chávez, aos 58 anos, em Caracas, decorrente de um câncer na região pélvica e de uma infecção respiratória aguda.
Desde o início do seu governo, Chávez acusou os Estados Unidos e as empresas transnacionais de explorarem as riquezas naturais da Venezuela. Ele criticou o capitalismo, afirmando que a única alternativa justa era aprofundar a igualdade, levando a sociedade venezuelana ao socialismo. Seguindo essa linha, rompeu as tradicionais ligações das transnacionais com a Venezuela e retomou o controle estatal de todo o setor petroquímico.
Caça Sukhoi Su-30 da Força Aérea da Venezuela |
Confrontos na Venezuela
Após as primeiras mortes, governo e oposição trocaram acusações. Maduro acusou "gruspúculos fascistas" que teriam se infiltrado nos protestos. Já o líder oposicionista Leopoldo López, que convocou seus partidários para irem às ruas, disse que o governo planejou a violência para desacreditar seu movimento pacífico. Após as acusações, o governo venezuelano decretou a prisão de López, provocando novos protestos no país.
Manifestantes enfrentando a polícia venezuelana em abril de 2017 |
O contexto atual também complica a situação do governo - os protestos ocorrem em meio a ausência de produtos industrializados nas prateleiras, e do controle das regras da economia para o setor empresarial.
Tentando controlar a crescente inflação, Maduro criou um decreto-lei de "preços justos", que limita o lucro de empresários locais a 30% sobre o valor da mercadoria. A escassez de produtos aumentou ainda mais após a adoção dessa medida, aumentando também, os protestos no país.
Vídeo sobre o conflito na Venezuela
Disputa territorial entre a Venezuela e a GuianaA região de Essequibo compreende uma área entre o rio Essequibo e a divisa tradicional da Guiana com a Venezuela. Dispõe de uma série de recursos naturais, como ouro, bauxita, urânio, potencial hidrelétrico e, em seu oceano, petróleo.
A disputa na região remonta ao século XIX, quando os ingleses compraram as terras do Essequibo, que até então estava sob o domínio holandês, estabelecendo a Guiana Inglesa, em conjunto com as colônias vizinhas de Berbice e Demarara.
Estando sob o controle do território, a Coroa Britânica contratou o naturalista Robert Schomburgk para realizar expedições pela área com o intuito de estabelecer as fronteiras da nova colônia.
Destas expedições, resultou a Linha Schomburgk. Porém, tal demarcação foi muito contestada, tanto pelo Brasil quanto pela Venezuela. No caso brasileiro, ela foi resolvida ainda no início do século XX por Joaquim Nabuco e ficou conhecida como Questão do Pirara. Da área reclamada, cerca de 59% (19.630 km²) ficou sob domínio inglês/guianense, enquanto o Brasil ficou com 41% (13.570 km²), perdendo o acesso à Bacia do Essequibo.
Questão do Pirara |
Os Estados Unidos, pautados na Doutrina Monroe (a América para os americanos) e repudiando a intromissão europeia em questões no continente americano, passou a apoiar a Venezuela, convocando um tribunal arbitral para solucionar o conflito.
Para a viabilização do tribunal, que se reuniu durante dois anos e meio em Paris, foram indicados cinco juristas, dois americanos (sendo um indicado pela Venezuela e outro indicado pelos Estados Unidos), dois ingleses e um russo, indicado por ambas as partes, que daria o voto de minerva caso necessário.
As negociações geraram o Laudo de Paris, definindo que a maior parte da área reclamada (entre os rios Essequibo e Cuyuni) ficaria sob o domínio inglês, enquanto uma porção a oeste do rio Cuyuni, antes reivindicada pelos ingleses, passaria para a tutela venezuelana. Esta configuração do território permaneceu assim por cerca de sessenta anos.
Monte Roraima, que marca a fronteira entre Venezuela, Brasil e a área em litígio da Guiana Essequiba |
As potências ocidentais, como os Estados Unidos e até mesmo a Inglaterra, deram razões às ponderações venezuelanas. Este apoio se deve principalmente pelo fato de que, neste período, a Guiana Inglesa estava prestes a conseguir sua independência, com a ascensão de um governo marxista-leninista. Em um contexto de Guerra Fria, onde os comunistas conquistavam o poder em Cuba, era temido pelas potências do mundo capitalista, especialmente pelos Estados Unidos, a formação de mais um Estado socialista nas Américas.
Assim, a Venezuela conseguiu a assinatura do Acordo de Genebra, que iria promover uma Comissão Mista para reabrir as negociações. Os venezuelanos passaram a considerar Essequibo como parte do seu território nos mapas oficiais, mesmo esta região correspondendo a cerca de 2/3 da área total da recém independente Guiana.
Cataratas de Kaieteur, na região de Portaro-Siparuni, no centro da Guiana Essequiba |
Quando um governo de direita chegou ao poder na Guiana, as tensões voltaram a existir. A Venezuela passou a agir diplomaticamente contra os guianenses, se opondo à construção de uma hidrelétrica no país e à contratação de empréstimos por parte de Georgetown em órgãos financeiros supra-nacionais. A questão de Essequibo, neste período, passou a ser questão de segurança nacional para os dois países.
Mapa da Grã-Colômbia, em 1819, que inclui a região de Essequibo |
Diferentemente do que fez seu antecessor, Nicolás Maduro tem voltado a reivindicar o Essequibo como território venezuelano. O principal motivo para isto foi a descoberta de petróleo no oceano em águas guianenses por parte da transnacional Exxon Mobil.
Atualmente, a Guiana importa todo o seu petróleo dos vizinhos venezuelanos. A exploração de novas jazidas no país poderiam dar independência do produto a Georgetown, ao mesmo tempo que traria um novo concorrente para a exploração petrolífera regional.
Além disso, alguns problemas ideológicos são bem evidentes. Maduro tem como principal adversário em escala global os Estados Unidos, e o crescimento da influência americana no país vizinho, por meio de suas transnacionais, pode atrapalhar o andamento do seu governo.
Barcaça cruzando o rio Essequibo, em Mango Landing - Guiana |
ALGUNS DADOS SOBRE A VENEZUELA
INDEPENDÊNCIA: da Espanha
Iniciada: 19 de abril de 1810
Declarada: 5 de julho de 1811
Reconhecida: 30 de março de 1845
GENTÍLICO: venezuelano (a)
LÍNGUA OFICIAL: espanhol
GOVERNO: República Presidencialista
LOCALIZAÇÃO: América do Sul
ÁREA: 912.050 km² (32º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2018): 32.154.486 habitantes (44°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 35,25 hab./km² (146°). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CRESCIMENTO POPULACIONAL (ONU - Estimativa 2018): 1,67% (77°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma determinada população.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa 2018):
PIB (FMI - 2017): US$ 373,978 bilhões (31º). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
PIB PER CAPITA (FMI 2018): US$ 10.399 (102°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população.
IDH (ONU - 2017): 0,767 (71°). Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
Muito alto
Alto
Médio
Baixo
Sem dados
Mapa do IDH |
TAXA DE NATALIDADE (ONU - 2017): 21,22/mil (92º). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é classificada do maior para o menor.
TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook 2017): 4,92/mil (174º). Obs: a taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um índice demográfico que reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região por um período de tempo e é classificada do maior para o menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2017): 20,18/mil (129°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é classificada do menor para o maior.
Mapa da taxa de mortalidade infantil no mundo |
TAXA DE FECUNDIDADE (Population Reference Bureal - PRB - 2017): 2,4 filhos/mulher (98º). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é classificada do maior para o menor.
Mapa da taxa de fecundidade no mundo |
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2017): 93,1% (116). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
Mapa da taxa de alfabetização no mundo |
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2017): 93,7% (10°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
Mapa da taxa de urbanização no mundo |
MOEDA: Bolívar Venezuelano
RELIGIÃO: cerca 97,7% dos venezuelanos são cristãos (sendo 85,7% católicos romanos e 12% protestantes) e 2,3% seguem outras religiões e/ou sem religião.
DIVISÃO: a Venezuela é uma república federal dividida em 23 estados, um Distrito Capita (que compreende a cidade de Caracas e sua área metropolitana), as Dependências Federais (formada por 72 ilhas e ilhotas, na maioria sem população humana) e um território em reivindicação com a Guaiana (Guiana Esequibo). Os 23 estados são (entre parênteses estão o nome das capitais estaduais): Amazonas (Puerto Ayacucho), Anzoátegui (Barcelona), Apure (San Fernando de Apure), Aragua (Maracay), Barinas (Barinas), Bolívar (Ciudad Bolívar), Carabobo (Valencia), Cojedes (San Carlos), Delta Amacuro (Tucupita), Falcón (Coro), Guárico (San Juan de Los Morros), Lara (Barquisimeto), Mérida (Mérida), Miranda (Los Teques), Monagas (Maturín), Nueva Esparta (La Assunción), Portuguesa (Guanare), Sucre (Cumaná), Táchira (San Cristóbal), Trujillo (Trujillo), Yaracuy (San Felipe), Vargas (La Guaira) e Zulia (Maracaibo). A Guiana Essequibo (território da Guiana reivindicado pela Venezuela) está destacado no mapa.
DIVISÃO: a Venezuela é uma república federal dividida em 23 estados, um Distrito Capita (que compreende a cidade de Caracas e sua área metropolitana), as Dependências Federais (formada por 72 ilhas e ilhotas, na maioria sem população humana) e um território em reivindicação com a Guaiana (Guiana Esequibo). Os 23 estados são (entre parênteses estão o nome das capitais estaduais): Amazonas (Puerto Ayacucho), Anzoátegui (Barcelona), Apure (San Fernando de Apure), Aragua (Maracay), Barinas (Barinas), Bolívar (Ciudad Bolívar), Carabobo (Valencia), Cojedes (San Carlos), Delta Amacuro (Tucupita), Falcón (Coro), Guárico (San Juan de Los Morros), Lara (Barquisimeto), Mérida (Mérida), Miranda (Los Teques), Monagas (Maturín), Nueva Esparta (La Assunción), Portuguesa (Guanare), Sucre (Cumaná), Táchira (San Cristóbal), Trujillo (Trujillo), Yaracuy (San Felipe), Vargas (La Guaira) e Zulia (Maracaibo). A Guiana Essequibo (território da Guiana reivindicado pela Venezuela) está destacado no mapa.
Mapa da divisão administrativa da Venezuela |
REFERÊNCIA: Lucci, Elian Alabi
Geografia: homem & espaço, 8º ano / Elian Alabi Lucci, Anselmo Lázaro Branco. -- 27. ed. -- São Paulo: Saraiva, 2015.
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