A integração econômica entre os países da América do Sul é uma das prioridades da política externa brasileira desde meados do século XX. Um dos fatores essenciais para que esse processo se consolide é a construção de uma infraestrutura moderna e integrada de energia, transportes e comunicações.
A Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana, ou simplesmente IIRSA, é um programa conjunto dos 12 países da América do Sul que visa a promover a integração sul-americana de transporte, energia e telecomunicações, mediante ações conjuntas. Pretende-se, assim, estimular a integração política, econômica e sociocultural da América do Sul.
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Ponte sobre o rio Tacutu que liga as cidades de Lethem (Guiana) e Bonfim (Roraima) |
Os eixos de integração
A iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (Iirsa), criada em 2000, busca suprir essa deficiência. Criada na Primeira Reunião de Presidentes da América do Sul, realizada em Brasília, a Iirsa tem como meta integrar a infraestrutura de transportes, energia e comunicações entre os doze países signatários: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela. Para tanto, foram estabelecidos dez eixos prioritários de integração viária. Esses eixos são:
- Eixo Andino - fazem parte Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia. Este eixo possui abundantes reservas de gás natural e petróleo. O fluxo intra-regional dos bens e serviços ocorre, principalmente por via marítima, mas também por rodovias. Está previsto para este eixo, a resolução dos obstáculos para otimizar o funcionamento do corredor atual, como o acesso às cidades, portos e capacidade das rodovias, a melhoria das condições de operação nas fronteiras e o desenvolvimento de corredores transandinos leste-oeste. Há também a construção de vários gasodutos.
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Rodovia Panamericana, no Equador |
- Eixo Interoceânico de Capricórnio - compreende ao trecho que passa nas cidades de Antofagasta (Chile), Jujuy (Argentina), Assunção (Paraguai) e Porto Alegre (Rio Grande do Sul). Esse trecho possui uma infraestrutura bem consolidada, embora suas barreiras naturais, que incluem os rios Pilcomayo, Paraguai, Paraná e Uruguai, além da Cordilheira dos Andes, precisarão de um maior investimento para acelerar a integração devido suas dificuldades naturais. Trata-se de uma integração energética, incorporação de novas terras para a produção agrícola com destino à exportação e produção de biocombustíveis. O elemento articulador deste eixo é o transporte intermodal, principalmente a interconexão através da Hidrovia Paraná-Paraguai. Há também uma melhoria na malha rodoviária e ferroviária.
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Rio Paraguai na cidade de Cáceres (MT) |
- Eixo Interoceânico Central - estabelece conexão do Brasil com a Bolívia, Paraguai, Peru e Chile. A principal obra desse eixo é a Estrada Interoceânica do Sul (também conhecida como Estrada do Pacífico), que liga o Oceano Pacífico ao Oceano Atlântico, e seu principal objetivo é estabelecer uma rede de transportes para a exportação de produtos agrícolas e minerais dos países envolvidos entre os dois oceanos que banham o continente sul-americano.
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Estrada do Pacífico, que liga o Brasil ao litoral do Peru, no Oceano Pacífico. Trecho próximo à Rio Branco - AC |
- Eixo do Amazonas - conecta a navegação fluvial amazônica a portos do Peru e do Equador. O Eixo Amazonas foi definido por meio da delimitação de uma região ao longo do sistema multimodal de transportes que liga determinados portos do Pacífico, como Buenaventura na Colômbia, Esmeraldas no Equador e Paita no Peru, com os portos brasileiros de Manaus, Belém e Macapá. Esta área de influência é relativamente dinâmica, já que está relacionada também com a localização física dos projetos que incorporam aos distintos grupos em que o eixo foi dividido. Este eixo tem como destaque o rio Amazonas e seus afluentes e caracteriza-se pela sua vasta extensão, diversidade topográfica e baixa densidade demográfica.
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Navios transatlânticos no Porto de Manaus - AM |
- Eixo Sul - vai do sul do Chile (com destaque para as cidades de Talcahuano e Concepción), até o sul da Argentina (com destaque para as cidades de Neuquén e Bahía Blanca). O principal objetivo desse eixo é promover a exploração do turismo e dos recursos energéticos (principalmente o petróleo e o gás natural).
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Torres del Paine, na região da Patagônia chilena |
- Eixo Mercosul-Chile - liga São Paulo, Rio de Janeiro, Montevidéu, Buenos Aires, Santiago e termina no porto chileno de Valparaíso. Concentra os mais importantes fluxos comerciais da América do Sul. Nessa área encontram-se as capitais de todos os estados e províncias do Eixo. a infraestrutura é bastante madura e complexa, integrada por uma vasta e bem organizada rede de transportes, instalações energéticas e sistemas de comunicações.
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Porto de Valparaíso, no Chile |
- Eixo Peru-Brasil-Bolívia (engloba a Rodovia Interoceânica) - abre uma alternativa para o escoamento da soja e de outros grãos produzidos no Centro-Oeste brasileiro. O principal objetivo é criar um eixo de transportes envolvendo Brasil, Bolívia e Peru, com a conexão portuária peruana no Pacífico, permitindo a expansão do comércio destes países coma a Ásia.
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Rodovia Interoceânica, no Peru |
- Eixo Hidrovia Paraguai-Paraná - envolve os cinco países banhados pela bacia do Rio da Prata (Bolívia, Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina). Começa no município de Cáceres, no Mato Grosso, e atravessa 1.300 quilômetros até Nueva Palmira, no Uruguai. Sua área de influência é relativamente dinâmica, já que está relacionada com a localização física dos projetos que estão incorporados aos distintos grupos em que se dividiu o eixo. O principal objetivo desse eixo é promover a integração dos transportes fluviais e incrementar a oferta de energia hidrelétrica.
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Rio Paraguai, em Assunção |
- Eixo do Escudo das Guianas - compreende áreas da Venezuela, Guiana, Suriname e o extremo-norte do Brasil. Esta área de influência tem como destaque a ligação rodoviária entre Manaus e a capital da Venezuela, Caracas, e a ligação entre Manaus e Suriname. O principal objetivo desse eixo é aperfeiçoar a rede rodoviária e contribuir para o transporte de produtos, principalmente minerais.
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Rodovia que liga Manaus a Margarita, na Venezuela |
- Eixo Andino do Sul - compreende a região de fronteira entre o Chile e a Argentina que é cortada pela Cordilheira dos Andes. O principal objetivo desse eixo é incentivar o desenvolvimento da indústria do turismo e melhorar a rede de transportes por meio de investimentos na infraestrutura da rede de transportes.
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Carretera Austral (Ruta CH-7) - localizada no sul do Chile, é considerada uma das mais belas estradas do mundo |
Além dos projetos de integração viária, estão em andamento importantes iniciativas para a integração energética. Uma delas é a expansão do gasoduto Bolívia-Brasil, que deverá atravessar o Rio Grande do Sul e integrar-se à rede de gasodutos da Argentina, já conectada com a do Chile e a da Bolívia. Em grande parte por causa da integração da rede de gasodutos sul-americanos. Argentina e Brasil possuem as maiores frotas de veículos movidos a gás natural no mundo.
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Machu Picchu - Peru |
REFERÊNCIA: Terra, Lygia
Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil / Lygia Terra, Regina Araújo, Raul Borges Guimarães. - 3. ed. - São Paulo: Moderna, 2016.
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