sexta-feira, 3 de abril de 2015

AS GUIANAS

  Situadas ao norte do Brasil, as Guianas, diferente dos demais países sul-americanos, não foram colonizadas por espanhóis e portugueses. Eram colônias da França (Guiana Francesa), Inglaterra (Guiana Inglesa) e Holanda (Guiana Holandesa). A palavra "guiana" deriva do vocábulo indígena guyana, que significa "terra de muitas águas", maneira como os indígenas chamavam a área onde se localizam atualmente a Guiana, o Suriname e a Guiana Francesa.
  Os três territórios se diferenciam dos demais países sul-americanos pelo fato de sua história colonial estar associada a ingleses, franceses e holandeses e pelo tardio processo de independência política.
  Até a primeira metade do século XX, as Guianas eram três colônias pertencentes a países europeus: à Holanda (atual Suriname), ao Reino Unido (a atual Guiana) e a Guiana Francesa, que ainda é um departamento de ultramar da França. As relações dessas três Guianas com os demais países sul-americanos sempre foram frágeis, quase inexistentes. Isso porque a maioria das nações da América do Sul foi colonizada pela Espanha ou por Portugal. Essas nações mantiveram contatos durante o período colonial, principalmente entre 1580 e 1640, quando Portugal ficou sob o domínio da Espanha. Hoje a Guiana e o Suriname tentam timidamente estreitar suas relações comerciais com os demais países da América do Sul, sem muitos avanços.
Litoral da Guiana Francesa
  Desde sua origem, a economia desses países baseou-se na extração de produtos da Floresta Amazônica e, posteriormente, na de bauxita. A agricultura de plantation é outra herança do período colonial.
  As três Guianas limitam-se ao sul com o Brasil, a oeste com a Venezuela e ao norte com o oceano Atlântico. É na porção norte, na faixa de terras mais baixas e próximas do litoral, que se concentram cerca de 90% da população total das três Guianas. Aí estão as principais cidades. Para o sul as terras são planálticas, com algumas grandes elevações (entre 2.000 e 3.000 metros, nas fronteiras com o Brasil), e vegetação densa, constituída pela Floresta Amazônica.
  As altitudes de seus relevos são modestas, com predomínio das planícies na porção norte e dos baixos planaltos ao sul. Na porção oeste da Guiana surge um sistema montanhoso, a Serra de Pacaraíma, cujo ponto culminante é o Monte Roraima, com 2.875 metros, que faz fronteira com o Brasil.
Monte Roraima
  Com territórios localizados totalmente na zona intertropical, as Guianas apresentam clima equatorial: médias térmicas elevadas no decorrer do ano, pequena amplitude térmica anual e chuvas abundantes. A cobertura vegetal dominante é a Floresta Amazônica; nas áreas de maiores altitudes surgem os campos e as savanas, e no litoral os manguezais. A farta rede hidrográfica serve à navegação e à pesca , mas também é utilizada para a produção de energia elétrica.
  O Planalto das Guianas ou Escudo Guianês, faz parte da paisagem das Guianas. Os planaltos são constituídos basicamente por terrenos cristalinos, cuja matéria-prima é destinada à fabricação de azulejos e asfaltamento de rodovias e ruas. É uma formação geológica muito antiga, sendo uma das zonas mais antigas da Terra, que surgiu na era Pré-Cambriana, e se estende pelo Brasil, Guianas, Venezuela e uma pequena parte da Colômbia.
Mapa do Planalto das Guianas
GUIANA
  Cerca de 80% do território guianense é recoberto pela Floresta Amazônica. No centro-oeste está a Serra Pacaraima e no sul a Serra Acaraí, áreas elevadas do país. O restante é dominado por terras baixas. A paisagem do país pode ser dividida em três regiões: uma planície estreita e pantanosa ao longo da costa do oceano Atlântico, uma faixa de areia branca mais para o interior onde crescem as florestas úmidas e onde se situam a maioria das reservas minerais, e as grandes terras altas do interior, que consistem principalmente de savanas e de montanhas, com destaque para o monte Roraima, o ponto culminante do país, com 2.875 metros. Os rios mais importantes da Guiana são o Essequibo, o Demerara, o Corentyne, o Rupununi e o Berbice.
Rio Essequibo, em Mango Landing - Guiana
  O clima dominante é o tropical, quente e úmido, moderado pelos ventos alísios de nordeste ao longo da costa. Existem duas estações de chuvas: a primeira vai de maio a agosto e a segunda de meados de novembro a meados de janeiro.
  A planície costeira, de cerca de 430 quilômetros de comprimento e aproximadamente 15 a 65 quilômetros de largura, é resultado da ação antrópica nos cinco e sete quilômetros iniciais, quando foram construídos pôlderes semelhantes aos dos Países Baixos para proteger o litoral da ação das marés altas.
  Em direção ao interior, continuando a planície costeira, estende-se uma faixa de 150 a 180 quilômetros de ondulantes colinas. A região é coberta de areias brancas e uma pequena savana a leste. As areias também cobrem um baixo platô cristalino.
  No sul do país, o planalto de Kaieteur, com cerca de 500 metros de altitude, forma a extensa região dos campos de Rupununi, que culmina na serra do Acaraí.
Campos de Rupununi - Guiana
  Explorada por navegantes espanhóis a partir de 1499, o território que atualmente faz parte da Guiana foi colonizado no século XVII por holandeses da Companhia das Índias Ocidentais. Em 1814, a Holanda cedeu a região aos ingleses, que a batizaram oficialmente de Guiana Inglesa em 1831, tornando-a uma colônia britânica.
  Diante das dificuldades encontradas para recrutar trabalhadores braçais entre os indígenas, as autoridades coloniais decidiram importar escravos negros. Com a abolição da escravidão em 1837, os trabalhadores indianos substituíram os negros nos cultivos de plantations do interior.
  Com a vitória eleitoral do Partido Progressista do Povo (PPP) nos anos de 1953, 1957 e 1961, teve início o processo de independência do Reino Unido. A Guiana tornou-se independente em 1966, quando passou a integrar a Comunidade Britânica. Em 1970, tornou-se uma república. A vida política do país é dominada pelo PPP, que defende os interesses da maioria indiana, e pelo Congresso Nacional do Povo (CNP).
  A curta história do país é marcada por tensões étnicas, corrupção e ineficácia governamental.
Paisagem das Cataratas de Kaieteur - Guiana
  A população guianense se caracteriza pela diversidade étnica e cultural. Mais de 50% da população da Guiana é constituída por descendentes de indianos que para lá migraram no século XIX, por causa da política britânica de incentivar a ida de mão de obra barata da Ásia. Antes disso, os britânicos já haviam levado negros africanos à Guiana para trabalhar como escravos. Mas houve uma forte rebelião no século XVIII, que foi violentamente reprimida e causou um grande receio nas autoridades britânicas. A escravidão foi abolida em 1834, e os negros e mulatos constituem atualmente cerca de 40% da população total da Guiana. Os violentos choques raciais entre indianos e negros no país tendem a marcá-lo fortemente ainda no século XXI, caso não ocorram mudanças significativas. O restante da população é formada por indígenas, europeus e pela miscigenação desses quatro povos. O padrão de vida da população do país é bastante baixo.
Crianças guianenses
  A economia guianense é tipicamente subdesenvolvida e bastante dependente do setor primário: quase não há indústrias no país, predominam as atividades extrativas minerais (com destaque para a bauxita, que é o principal produto de exportação) e a produção de gêneros agrícolas (cana-de-açúcar, café, arroz e algodão são os mais importantes), além da exploração madeireira. Com o declínio nas exportações de bauxita (minério de alumínio) nos últimos anos, a economia guianense vem passando por uma crise que se agravou ainda mais por causa dos empréstimos que o governo fez em bancos internacionais.
Cultivo de arroz na Guiana
  A Guiana vem enfrentando um grande problema: a Venezuela tem reivindicado uma extensão enorme de terra pertencente à Guiana,  com alegação de que essa área foi tomada à força pelos britânicos no século XIX. Essa área reivindicada pela Venezuela constitui o território de Essequibo, conhecida como Guiana Essequiba, que compreende quase dois terços do território guianense na sua porção oriental.
  Por causa desse conflito, a situação na fronteira entre esses dois países é de tensão permanente. A arbitragem desse litígio encontra-se, desde 1983, nas mãos da ONU (Organização das Nações Unidas), com a concordância das duas partes interessadas. Espera-se que haja um acordo, mas é provável que a Guiana perca parte desse território.
Em azul, região reivindicada pela Venezuela
  A porção sudeste da região de Berbice Oriental-Corentyne é reivindicada pelo Suriname como parte do subúrbio de Coeroeni, pertencente ao distrito surinamês de Sipaliwini. A área é delimitada pelos rios Boven-Corentyne (que na Guiana é chamado de New River), o Coeroeni e o Koetari. Esta área triangular é referido na Guiana como New River Triangle (O Triângulo do Rio Novo), enquanto que no Suriname é conhecida como região do Tigri.
A área verde mais clara é a região reivindicada pelo Suriname
ALGUNS DADOS DA GUIANA
NOME OFICIAL: República Cooperativa da Guiana
CAPITAL: Georgetown
Catedral de São Jorge, em Georgetown - capital da Guiana
GENTÍLICO: guianês ou guianense
LÍNGUA OFICIAL: inglês. Línguas reconhecidas: crioulo guianense, português, hindi, espanhol. Línguas indígenas: akawaio, macuxi, wai-wai, arawak, warao, wapixiana, arekuma.
GOVERNO: República Semipresidencialista
INDEPENDÊNCIA: do Reino Unido, em 26 de maio de 1966
LOCALIZAÇÃO: norte da América do Sul
ÁREA: 214.969 km² (83°)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2014): 772.489 habitantes (155°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 3,59 hab./km² (195°)
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa 2014):
Georgetown: 301.360 habitantes
Georgetown - capital e maior cidade da Guiana
Linden: 59.119 habitantes
Linden - segunda maior cidade da Guiana
New Amsterdã: 46.620 habitantes
New Amsterdã - terceira maior cidade da Guiana
PIB (Banco Mundial - 2013): US$ 2,788 bilhões (156°)
IDH (ONU - 2014): 0,638 (121°)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2012): 70,5 anos (125°)
CRESCIMENTO POPULACIONAL (ONU 2005-2010): -0,22% (215°)
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2013): 41,73/mil (130°). Obs: essa mortalidade refere-se ao número de crianças que morrem antes de completar 1 ano de idade, e é contada de menor para maior.
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook 2014): 2,14 filhos/mulher (106°). Obs: essa taxa refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início até o fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos) e é contada de maior para menor.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook 2013): 91,8% (125°). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (Pnud 2010/2011): 28% (164°)
PIB PER CAPITA (Fundo Monetário Internacional - FMI - 2013): US$ 3.729 (112°)
MOEDA: Dólar Guianense
RELIGIÃO: cristianismo (51,4%, sendo 22% de protestantes, 11% de católicos, 8,6% de anglicanos, 9,8% de cristãos independentes), hinduísmo (32,8%), islamismo (8,2%), outras religiões (5,6%), e ateus ou sem religião (2%).
DIVISÃO: a Guiana é dividida em 10 regiões administrativas de 27 conselhos. As regiões são (os números corresponde à região no mapa): 1. Barima-Waini 2. Cuyuni-Mazaruni 3. Demerara-Mahaica 4. Berbice Oriental-Corentyne 5. Ilhas Essequibo-Demarara Ocidental 6. Mahaica-Berbice 7. Pomeroon-Supenaam 8. Portaro-Siparuni 9. Alto Demerara-Berbice 10. Alto Takutu-Alto Essequibo.
Mapa da divisão regional da Guiana
SURINAME
  O Suriname é o menor país independente da América do Sul. O país é dividido em duas regiões geográficas: a área costeira do norte, formada por planícies e onde se registra as maiores áreas de cultivos e habita a maioria da população; e a parte sul, composta pela floresta equatorial e as savanas, pouco habitada e que cobre cerca de 80% do território do Suriname.
  O território do Suriname apresenta um relevo caracterizado pela ocorrência de colinas no centro e no sul e uma vasta planície no norte. As duas principais cadeias de montanhas são as montanhas Bakhuys e Montanhas Van Asch Van Wijk. O ponto culminante do país é o monte Juliana Top, com 1.286 metros. A vegetação é constituída principalmente pela Floresta Amazônica e Savanas, com predomínio do clima tropical.
Juliana Top - ponto culminante do Suriname
  O Suriname foi primariamente conquistado pelos espanhóis no século XVI e, em meados do século XVII, os ingleses se estabeleceram nesse território. Em 1667, com o fim da Segunda Guerra Anglo-Holandesa e a assinatura do Tratado de Breda, o atual Suriname passou a fazer parte da Holanda. Em 1863 foi abolida a escravatura, e os holandeses trouxeram trabalhadores da Índia e da Indonésia para trabalharem no cultivo dos produtos tropicais.
  Em 1954 o Suriname passou a fazer parte do Reino dos Países Baixos e em 1975 conseguiu a sua independência. No início dos anos 1980, o Suriname foi governado por um regime militar até 1988, quando foi restabelecida a democracia.
  Diferente de outros países da América Latina que tiveram governos militares nas décadas de 1960 e 1970, o Suriname sofreu com um golpe de Estado em 29 de fevereiro de 1980, provocado pelo general Desi Bouterse, que declarou o país uma República Socialista.
  Nos primeiros anos do regime militar, o governo surinamense estabeleceu relações com Cuba, enfrentando oposição interna e externa, principalmente dos Estados Unidos e dos Países Baixos.
Paisagem do Suriname
  Em abril de 1987, a Assembleia Nacional aprovou uma Constituição que proporcionou um enquadramento para o retorno às instituições democráticas do país. Nas eleições de 1988, a Frente para a Democracia e Desenvolvimento saiu vitoriosa, pondo fim ao regime militar. Nas eleições de 1991, saiu vitoriosa a Nova Frente (NF), que teve como principal proposta restabelecer o diálogo com o governo neerlandês.
  As tensões entre o Suriname e a Guiana devido à disputa por águas que já durava décadas, aumentou em junho de 2000, quando um navio surinamês, que explorava petróleo na costa próximo à divisa territorial marítima entre os dois países, foi forçado a se retirar do mar para dar lugar a empresa canadense CGX Energia, que tinha obtido permissão de exploração petrolífera da Guiana. Após várias tentativas fracassadas de se chegar a um acordo, a empresa canadense suspendeu o projeto.
  Visando fortalecer a sua economia, em janeiro de 2004, o governo surinamês estabeleceu o Dólar do Suriname como a nova moeda do país, substituindo o Florim Neerlandês.
Albina - Suriname
  O Suriname transformou-se em membro autônomo do Reino da Holanda em 1954 e tornou-se um país independente em 1975.
  A população do Suriname é bastante heterogênea, formada por 35% de negros ou mulatos, 35% de descendentes de indianos e 30% de chineses, japoneses, paquistaneses, descendentes de europeus e minorias indígenas, e da miscigenação entre esses povos, refletindo a forma como os governantes das metrópoles europeias deslocavam os povos de uma colônia para outra, a fim de obter mão de obra.
  O Suriname possui uma das maiores reservas de bauxita do mundo. Esse minério é o principal produto de exportação do país. Além da bauxita, o país exporta ouro, ferro, platina e manganês. Os principais produtos agrícolas são arroz, cana-de-açúcar, café, cacau e frutas tropicais.
  O Suriname enfrentou diversas crises políticas que provocaram instabilidade econômica e social. Regimes autoritários, golpes de Estado, tráfico de drogas e ataques guerrilheiros forçaram a emigração de muitos de seus habitantes e afugentaram os investimentos estrangeiros no país.
Rua de Paramaribo
ALGUNS DADOS DE SURINAME
NOME OFICIAL: República do Suriname
CAPITAL: Paramaribo
Casas em estilo colonial em Paramaribo
GENTÍLICO: surinamês ou surinamense
LÍNGUA OFICIAL: holandês
GOVERNO: República Presidencialista
INDEPENDÊNCIA: dos Países Baixos, em 25 de novembro de 1975
LOCALIZAÇÃO: norte da América do Sul
ÁREA: 163.820 km² (90°)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2014): 480.851 habitantes (164°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 2,93 hab./km² (200°)
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa 2014):
Paramaribo: 253.316 habitantes
Paramaribo - capital e maior cidade do Suriname
Lelydorp: 34.229 habitantes
Lelydorp - segunda maior cidade do Suriname
Nieuw Nickerie: 23.142 habitantes
Nieuw Nickerie - terceira maior cidade do Suriname
PIB (Banco Mundial - 2013): US$ 5,094 bilhões (145°)
IDH (ONU - 2014): 0,705 (100°)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2012): 74,5 anos (95°)
CRESCIMENTO POPULACIONAL (ONU 2005-2010): 0,56% (158°)
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2013): 21,61/mil (95°). Obs: essa mortalidade refere-se ao número de crianças que morrem antes de completar 1 ano de idade, e é contada de menor para maior.
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook 2014): 2,01 filhos/mulher (124°). Obs: essa taxa refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início até o fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos) e é contada de maior para menor.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook 2013): 92,6% (124°). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (Pnud 2010/2011): 75% (43°)
PIB PER CAPITA (Fundo Monetário Internacional - FMI - 2013): US$ 9.240 (69°)
MOEDA: Dólar do Suriname
RELIGIÃO: cristianismo (51,2%, sendo católicos - 23,9%, protestantes - 18,7%, outras religiões cristãs - 8,6%), hinduísmo (17,2%), islamismo (13,7%), sem religião e ateus (4,9%), novas religiões (4,9%), espíritas (3,5%), outras religiões (4,6%).
DIVISÃO: o Suriname está dividido em dez distritos. A maior parte da população vive no distrito de Paramaribo. Cada distrito é subdividido em ressorten. Os distritos são (os números corresponde ao distrito no mapa): 1. Brokopondo 2. Commewijne 3. Coronie 4. Marowijne 5. Nickerie 6. Para 7. Paramaribo 8. Saramacca 9. Sipaliwini 10. Wanica. Os ressorten totalizam 62.
Mapa da divisão do Suriname
GUIANA FRANCESA
   A Guiana Francesa é um departamento ultramarino da França. Cerca de 90% do território desse departamento é coberto por florestas. Os conflitos étnicos são comuns nessa possessão francesa. A população, como a das outras Guianas, é composta de diversas etnias, descendentes diretos ou miscigenados dos seguintes grupos: africanos, europeus, chineses, vietnamitas e uma minoria de árabes e indígenas. A maioria da população vive nas cidades litorâneas, sobretudo em Caiena, a capital.
  A Guiana Francesa foi descoberta em 1500 e colonizada no século XVII e, antes da chegada dos europeus, era habitada por indígenas, principalmente da nação aruaque. Na costa, viviam os caribes e no interior as tribos wayana, oyampi e emerillon. Os caribes, índios guerreiros, reagiram violentamente à presença espanhola desde o século XVI. O primeiro explorador da costa das Guianas foi Vicente Yanez Pinzón, em 1500.
Aldeia aruaque - nação nativa da Guiana Francesa
  O território da Guiana Francesa foi reconhecido no começo do século XVII e a cidade de Caiena foi fundada em 1637. A Guiana foi disputada por holandeses e franceses, mas foram os franceses que estabeleceram uma colônia na região. No fim do século XVII, começam a chegar os escravos que trabalhariam nas plantações de café e cacau. Em 1794 é abolida a escravidão, que foi novamente implantada na década seguinte. Em 1848, a escravidão é abolida definitivamente.
  A partir de 1852, a Guiana Francesa se transformou num presídio, sendo que a Ilha do Diabo era o mais famoso deles, no qual eram enviados os opositores políticos dos diversos regimes que governaram a França, chegando a mais de 80 mil prisioneiros em mais de um século, onde eles viviam em condições precárias, com elevado número de mortes.
  Em 1946, essa possessão francesa era conhecida por suas penitenciárias, como a Ilha do Diabo. A partir daquele ano, pressionado pela pressão pública mundial, o governo francês extinguiu as colônias penais, onde os presos eram mantidos sem alimentos, sofriam torturas e realizavam trabalhos forçados.
Ruínas de uma antiga prisão na Ilha do Diabo - Guiana Francesa
  Na segunda metade do século XIX foi encontrado ouro nos rios do interior da Guiana Francesa, fazendo com que muitas pessoas deixassem a agricultura para tentar a sorte nas minas em busca desse mineral metálico, provocando uma redução na produção agrícola e disputas de áreas fronteiriças.
  Em 1938 chegaram ao fim as deportações, mas a instituição prisional continuou funcionando e a repatriação começou em 1947, quando a Guiana se transformou em um departamento de ultramar. Nessa época a costa da Guiana Francesa teve um relativo desenvolvimento econômico.
  Em 1964, começa a construção do Centro Espacial de Kourou, que foi inaugurado em 1968. No início da década de 1980 foi posto em prática o Plano Vert, que tinha como finalidade aquecer a economia da Guiana Francesa, melhorando a produção agrícola e florestal.
Centro Espacial de Kourou - Guiana Francesa
  A Guiana Francesa é uma região plana com poucas colinas, sendo que o Bellevue de Inini é o ponto culminante dessa possessão francesa, com 851 metros. O relevo eleva-se desde a faixa costeira até as terras altas do sul, passando por uma planície de transição, onde se combinam os granitos do escudo guianês (ou maciço das Guianas) e os depósitos fluviais. No extremo sul estão localizadas as cadeias montanhosas Eureupogcigne e Oroye.
  Os rios são bastante caudalosos, destacando-se o Mana, Sinnamary, Approuague e o Oiapoque.
  O clima é o tropical, quente e úmido na maior parte do ano. A temperatura média desse departamento ultramarino francês é de 27°C e as precipitações ultrapassam os 3.000 milímetros anuais.
  Mais de 90% do território da Guiana Francesa está coberta por uma floresta equatorial densa, tornando-se impenetrável à medida que se aproxima das margens dos rios. Os manguezais cobrem grande parte do litoral.
Selva na Guiana Francesa
  A Guiana Francesa tem uma economia baseada principalmente na pesca e na extração mineral. Existe aí uma grande imigração ilegal, principalmente de brasileiros, haitianos, surinameses, atraídos pela possibilidade de obter renda em euros, a moeda que vigora nesse departamento francês. Atualmente, vem-se desenvolvendo a produção de camarão, que se transformou no principal produto de exportação. A produção agrícola em seu território é insuficiente para o abastecimento interno, o que obriga a Guiana Francesa a recorrer a importações da França.
  Em virtude da instabilidade econômica, recebe auxílio do governo francês, que lhe envia produtos industrializados e alimentos.
Lançamento de foguete no Centro Espacial de Kourou
  Nas últimas décadas, a Guiana Francesa desenvolveu uma economia florescente, estimulada pela atividade no Centro Espacial de Kourou, conhecido por hospedar a base de lançamento de foguetes e satélites da Agência Espacial Europeia (ESA). O aluguel da base de lançamento rende dividendos à administração local. Esse centro espacial, construído a partir de 1968, contribuiu bastante para o desenvolvimento econômico da Guiana Francesa, não só por gerar empregos, mas também por introduzir tecnologia de ponta e informática à região.
  Da Base de Kourou são lançados foguetes espaciais que conduzem satélites para os mais diversos fins. A localização geográfica e astronômica dessa base favorece, entre outros aspectos, a economia do combustível usado para efetuar seus lançamentos.   O sistema de transporte concentra-se no litoral. Há um aeroporto internacional em Rochambeau, perto de Caiena, a capital.
  Nas últimas décadas do século XX surgiram movimentos de independência do território e maiores direitos para a população.
Macouria - Guiana Francesa
 ALGUNS DADOS DA GUIANA FRANCESA
NOME OFICIAL: Departamento de Ultramar da França
CAPITAL: Caiena
Ruas de Caiena
GENTÍLICO: guianense
LÍNGUA OFICIAL: francês
GOVERNO: Região e Departamento Ultramarino da República Francesa
LOCALIZAÇÃO: norte da América do Sul
ÁREA: 90.000 km² (110°)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2014): 268.481 habitantes (172°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 2,84 hab./km² (202°)
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa 2014):
Caiena: 69.019 habitantes
Caiena - capital e maior cidade da Guiana Francesa
Matoury: 27.620 habitantes
Matoury - segunda maior cidade da Guiana Francesa
Saint-Laurent-du-Maroni: 25.457 habitantes
Saint-Laurent-du-Maroni - terceira maior cidade da Guiana Francesa
PIB (Banco Mundial - 2013): US$ 2,207 bilhões (159°)
IDH (ONU - 2014): 0,862 (28°)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2012): 77,27 anos (49°)
CRESCIMENTO POPULACIONAL (ONU 2005-2010): 2,41% (35°)
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2013): 14,02/mil (69°). Obs: essa mortalidade refere-se ao número de crianças que morrem antes de completar 1 ano de idade, e é contada de menor para maior.
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook 2014): 0,8 filhos/mulher (224°). Obs: essa taxa refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início até o fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos) e é contada de maior para menor.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook 2013): 83,9% (153°). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (Pnud 2010/2011): 75,7% (42°)
PIB PER CAPITA (Fundo Monetário Internacional - FMI - 2013): US$ 12.641 (58°)
MOEDA: Euro
RELIGIÃO: católicos (75,2%), islâmicos (3,5%), hindus (12,2%), outras religiões cristãs (7,8%), outras religiões (1,3%).
DIVISÃO: a Guiana Francesa é dividida em dois arrondissements (distritos), que são Caiena e Saint-Laurent-du-Maroni, dezesseis cantões e 22 comunas.
Divisão administrativa da Guiana Francesa
FONTE: Vesentini, J. William. Projeto Teláris: Geografia / J. William Vesentini, Vânia Vlach. - 1. ed. - São Paulo: Ática, 2012. - (Projeto Teláris: Geografia)

sábado, 28 de março de 2015

ARMÊNIA: O PRIMEIRO PAÍS DO MUNDO A ADOTAR O CRISTIANISMO

  A Armênia é uma nação localizada no extremo leste da Europa, próximo à fronteira com o continente asiático. Faz limites com a Turquia a oeste, Geórgia a norte, Azerbaijão a leste, e Irã ao sul, no enclave de Nakhchivan (pertencente ao Azerbaijão). O país é a menor das ex-repúblicas da antiga União Soviética.
GEOGRAFIA
  A Armênia é um pequeno país situado na região do Cáucaso. Essa cadeia montanhosa cobre a maior parte do seu território, o que dá ao país uma paisagem acidentada. No centro do território fica o lago Sevan, um dos lagos de maior altitude do planeta, situado a cerca de 2 mil metros acima do nível do mar.
Lago Sevan - Armênia
  O clima da Armênia é predominantemente continental de altitude, com verões secos e ensolarados e temperatura variando entre 22ºC e 36ºC. A elevada temperatura é motivada pela baixa umidade do ar que impera no país. À tarde é comum aparecer brisas, provenientes das montanhas, que ajudam a amenizar a temperatura. A primavera é curta e o outono é longo. Os invernos são frios com bastante neve e temperatura variando entre -10ºC e 5ºC.
  A Armênia possui um terreno bastante montanhoso e planáltico, sendo que o ponto mais elevado do país é o Monte Ararat, com 4.905 metros, que se localiza na divisa com a Turquia.
  Na Armênia estão as nascentes de alguns rios importantes da Ásia, como o Tigres e o Eufrates e seus afluentes, que se desembocam no Golfo Pérsico, e os rios Kura e Arax, que desaguam no Mar Cáspio. O maior rio da Armênia é o Arax, sendo seus afluentes os rios Akhurian, Hrazdan, Kassakh, Azat, entre outros.
Monte Ararat - Armênia
HISTÓRIA
  A História da Armênia inclui uma sucessão de fatos que vão desde o seu povoamento até a composição política atual. A Armênia foi um império regional com uma cultura rica nos anos que antecederam o século I d.C.. É povoada desde os tempos pré-históricos e era o suposto local do Jardim do Éden bíblico. Segundo a tradição judaico-cristã, foi no planalto do Ararat que a Arca de Noé encalhou após o Dilúvio.
  De 6000 a.C. a 1000 a.C., ferramentas como lanças, machados e pequenos artefatos de cobre, bronze e ferro eram comumente produzidos na Armênia e trocados nas terras vizinhas, onde esses metais eram menos abundantes.
  Na Idade do Bronze, muitos Estados floresceram na área da Grande Armênia (ou Armênia histórica), como o Império Hitita (o mais poderoso), o Mitanni, o Hayasa-Azzi, o Nairi e o reino de Urartu, que estabeleceram suas soberanias no planalto Armênio, e contribuíram para formar o povo armênio.
Parque aquático em Erevan
  Em 189 a.C., depois da derrota do rei selêucida Antíoco III pelos romanos na Batalha de Magnésia, dois dos seus generais, Artaxias I e Zariadris, fundaram dois reinos com o consentimento de Roma: a Grande Armênia (ou Armênia Superior) e a Pequena Armênia (ou Armênia Inferior, ou Sofena). Em 165 a.C., Artaxias tentou unir, sem sucesso, os dois reinos, tarefa essa que foi realizada pelo seu sucessor, Tigranes II.
   A Armênia foi o primeiro país do mundo a adotar o cristianismo como religião oficial, no ano 301 d.C., doze anos antes de Roma. Atualmente, mais de 93% de sua população pratica o cristianismo ortodoxo.
  Após o período madeísta (428-636), a Armênia emergiu como Emirado da Armênia, com uma relativa autonomia junto ao Império Árabe, reunindo terras armênias que estavam sob o domínio do Império Bizantino. A principal terra era regulada pelo príncipe da Armênia, reconhecido pelo califa e pelo imperador bizantino. Era parte da divisão administrativa Arminiyya, criada pelos árabes, que incluía partes do que hoje é a Geórgia e da Albânia Caucasiana, e sua capital era a cidade armênia de Dvin. Esse emirado terminou em 884, quando os armênios conseguiram a independência do já enfraquecido Império Árabe.
Reino da Armênia
  O Reino da Armênia reemergiu sob a dinastia Bagrátida da Armênia, que durou até 1045. Neste tempo, diversas áreas da Armênia Bagrátida foram separadas como reinos e principados independentes. Nesse mesmo ano, o Império Bizantino conquistou a Armênia Bagrátida e os demais Estados armênios caíram sob o domínio dos bizantinos. Em 1071, os turcos seljúcidas derrotaram os bizantinos e conquistaram a Armênia na batalha de Manziquerta, estabelecendo o Império Seljúcida.
  Nos anos 1100, os príncipes da família nobre armênia dos Zacáridas estabeleceram uma semi-independência dos principados armênios do norte e da Armênia oriental, passando a chamar-se Armênia Zacárida.
Mosteiro de Khor Virap - Armênia
  Durante a década de 1230, o Ilcanato mongol (um dos quatro Estados sucessores do Império Mongol) conquistou o principado dos Zacáridas, assim como o resto da Armênia. Os invasores mongóis vieram seguidos de outras tribos da Ásia Central. Após incessantes invasões - cada uma trazendo muita destruição - o domínio de diversas dinastias, e depois de uma sucessão de ocupações (parta, romana, árabe, mongol e persa), a Armênia enfraqueceu substancialmente. Em 1454, o Império Otomano e a Pérsia Safávida (dinastia xiita iraniana) dividiram a Armênia entre si.
  A Armênia tornou-se parte integrante do Império Otomano com o reinado de Selim II (1524 a 1574). A anexação tinha sido iniciada no século anterior, quando Mehmed II ofereceu apoio otomano para iniciar o Patriarcado Armênio de Constantinopla. Esta situação perdurou por 300 anos até a guerra Russo-Turca de 1828-1829, quando a parte oriental do território foi cedida ao Império Russo. A parte restante, conhecida como Armênia Ocidental ou Armênia Otomana, continuou sob o domínio otomano até o final da Primeira Guerra Mundial.
Paisagem da Armênia
  Quando estavam sob o domínio otomano, os armênios tinham uma relativa autonomia dos seus enclaves e com os demais grupos constituintes do império. Porém, os cristãos viviam em um sistema social muçulmano estrito. Os armênios enfrentaram uma discriminação que se intensificou no século XIX. Quando reivindicaram maiores direitos, o sultão Abdul Hamid II, organizou massacres e promoveu a deportação de armênios entre 1894 e 1896, num episódio que ficou conhecido como os "massacres hamidianos".
  Quando o Império Otomano entrou em colapso, os Jovens Turcos (coalizão de diversos grupos que tinham em comum o desejo de reformar o governo e a administração do Império Otomano) assumiram o poder em 1908. Os armênios, que viviam em toda a parte do até então Império Otomano, depositaram as esperanças no Comitê para a União e o Progresso, criado pelos Jovens Turcos.
Kapan - Armênia
  Com o advento da Primeira Guerra Mundial, o Império Otomano e o Império Russo ocuparam o Cáucaso durante a "Campanha Persa". O novo governo turco começou a suspeitar dos armênios, sobretudo por causa do grande número de voluntários armênios no exército do Império Russo. Em 24 de abril de 1915, os otomanos prenderam e exterminaram cerca de 600 intelectuais armênios, e as autoridades otomanas começaram a deportar e perseguir os habitantes armênios que viviam na península da Anatólia. Nesse período começou uma onda de massacres que ficou conhecido como "genocídio armênio", onde mais de 1,5 milhão de armênios foram mortos ou levados para os campos de concentração, numa verdadeira onda de limpeza étnica. Com esse genocídio, a Armênia Ocidental foi devastada e despovoada, e o povo armênio perdeu inúmeras riquezas e tesouros culturais de valor incalculável.
Corpos de armênios assassinados pelos turcos em 1915
  Com o fim da Primeira Guerra Mundial, a desintegração do Império Otomano e o colapso do Império Russo, foi criada a República Democrática da Armênia, em 1918. Em 1920, a Armênia e as forças nacionalistas turcas se enfrentaram na Guerra Turco-Armênia, um violento conflito que culminou com o Tratado de Alexandropol, no qual os armênios entregaram a maior parte das armas e suas terras para os turcos. Ao mesmo tempo, a Armênia foi invadida pelo Exército Vermelho soviético.
  Em 1922, a Armênia tornou-se uma das repúblicas que formavam a União Soviética, como parte da República Socialista Federativa Soviética Transcaucasiana, que englobava também a Geórgia e o Azerbaijão. Essa república existiu até 1936, quando foi dividida em três repúblicas distintas: República Socialista Soviética da Armênia, República Socialista Soviética do Azerbaijão - que incluía a região autônoma de Nagorno-Karaback -, e a República Socialista Soviética da Geórgia.
República Socialista Federativa Soviética Transcaucasiana
  A década de 1980 foi marcada pela tensão desenvolvida entre a Armênia e o Azerbaijão sobre o território de Nagorno-Karabakh.
  Em 1991, com a desintegração da União Soviética, a Armênia restabeleceu sua independência, sendo a primeira república não-báltica a se desassociar da antiga URSS. Os primeiros anos pós-soviéticos foram assolados por dificuldades econômicas, bem como pelo começo repentino em grande escala do confronto armado entre a Armênia e o Azerbaijão pela região de Nagorno-Karabakh. Essa guerra terminou após um cessar-fogo intermediado pela Rússia estabelecido em 1994. Nesse acordo, 14% das terras de Nagorno-Karabakh que pertenciam ao Azerbaijão passaram para o território da Armênia.
Região de Nagorno-Karabakh
ECONOMIA
  A economia da Armênia depende, em grande parte, de pesados auxílios estrangeiros, além da agropecuária, do setor mineral e das indústrias de alimentos e bebidas. Antes da sua independência, a economia era bastante dependente das indústrias de base, como químicas, eletrônicas, maquinarias, alimentos, borracha sintética e têxtil, porém a falta de investimentos nessas indústrias contribuíram para que muitas delas ficassem sucateadas, obrigando-as a fecharem suas portas.
  Na década de 1990, o país passou por uma grande crise econômica, principalmente devido ao conflito com seu vizinho Azerbaijão, pelo controle do território de Nagorno-Karabakh, situado no Azerbaijão, mas com população de maioria armênia.
  Depois de 2002, o país passou por um grande crescimento econômico, em grande parte baseado no setor de construção civil e no setor de serviços. Como sua economia estava muito dependente do exterior, a crise de 2008 atingiu o país de maneira intensa. Em 2009, o PIB armênio teve uma redução de mais de 14%.
Catedral de Etchmiadzin, em Vagharshapat - Armênia
  Os principais recursos minerais do país são cobre, zinco, ouro, chumbo, molibdênio, prata e ferro. A maior parte da energia é produzida com combustível importada da Rússia, principalmente o gás natural e combustível nuclear. Pequenas quantidades de carvão mineral e petróleo produzidas na Armênia são suficientes para abastecer o país.
  Na agricultura, os principais produtos cultivados no país são: batata, legumes e verduras, trigo, cevada, uva e maçã. Na pecuária, destacam-se as criações de bovinos, suínos, ovinos e aves.
Criação de cabras e ovelhas na Armênia
ALGUNS DADOS SOBRE A ARMÊNIA
NOME OFICIAL: República da Armênia
CAPITAL: Yerevan
Visão noturna de Yerevan
GENTÍLICO: armênio
LÍNGUA OFICIAL: armênio
GOVERNO: República Semipresidencialista
FORMAÇÃO E INDEPENDÊNCIA:
Data Tradicional: 11 de agosto de 2492 a.C.
Nairi: 1200 a.C.
Urartu: 840 a.C.
Dinastia Orôntida: 560 a.C.
Reino da Armênia: 190 a.C.República Democrata da Armênia: estabelecida em 28 de maio de 1918
Independência da União Soviética: 23 de agosto de 1990 (declarada);
21 de setembro de 1991 (reconhecida)
25 de dezembro de 1991 (finalizada)
LOCALIZAÇÃO: Europa Oriental
ÁREA: 29.800 km² (139º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2014): 3.068.586 habitantes (135º)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 102,97 hab./km² (74º)
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa 2014):
Yerevan: 1.256.452 habitantes
Yerevan - capital e maior cidade da Armênia
Guiumri: 175.632 habitantes
Guiumri - segunda maior cidade da Armênia
Vanadzor: 119.209 habitantes
Vanadzor - terceira maior cidade da Armênia
PIB (Banco Mundial - 2013: US$ 10,551 bilhões (128º)
IDH (ONU - 2014): 0,730 (87º)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2012): 74,4 anos (96º)
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - 2005-2010): -0,21% (214º)
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2013): 26,17/mil (111º). Obs: essa mortalidade refere-se ao número de crianças que morrem antes de completar 1 ano de idade, e é contada de menor para maior.
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2014): 1,64 filhos/mulher (177º). Obs: essa taxa refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início até o fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos) e é contada de maior para menor.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2013): 99,6% (22º). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (Pnud - 2010/2011): 64% (77°)
PIB PER CAPITA (Fundo Monetário Internacional - FMI - 2013): US$ 3.208 (120°)
MOEDA: Dram Armênio
RELIGIÃO: cristãos ortodoxos (93,2%), outras religiões cristãs (2,8%), sem religião ou ateus (2,4%), islâmicos (1,6%).
Catedral de Etchmiadzin
DIVISÃO: a Armênia está organizada político-territorialmente em onze subdivisões. Destas onze, dez são chamadas marzer, que é derivada da palavra persa marz, cujo significado é "fronteira", "limite". Yerevan é tratada separadamente e recebe status especial de hamayng, por ser a capital do país. O líder do executivo em cada uma das 10 marzes é o marzpet ou governador da marz, apontado pelo governo da Armênia. Em Yerevan, o líder do executivo é o prefeito, apontado pelo presidente. A república possui 953 vilarejos, 48 cidades e 932 comunidades, das quais 871 são rurais e 61 urbanas. Os números abaixo corresponde a marzer no mapa.1. Aragatsotn 2. Ararate 3. Armavir 4. Gegharkunik 5. Kotayk 6. Lorri 7. Shirak 8. Siunique 9. Tavush 10. Vayatos Dzor 11. Yerevan.
Mapa da subdivisão da Armênia
FONTE: Sampaio, Fernando dos Santos. Para viver juntos: geografia, 9° ano: ensino fundamental / Fernando dos Santos Sampaio, Marlon Clóvis de Medeiros. - 3. ed. - São Paulo: Edições SM, 2012. - (Para viver juntos).

terça-feira, 24 de março de 2015

AGENTES EXTERNOS MODIFICADORES DO RELEVO

  Os agentes externos ou exógenos corresponde ao conjunto dos processos erosivos relacionados à atmosfera e aos diversos tipos climáticos do globo, às características morfológicas e aos tipos de rochas. Esses agentes modificam o relevo. O ser humano, por meio de suas atividades, pode desencadear ou acelerar a erosão.
EROSÃO E INTEMPERISMO
  A erosão é um processo natural que se completa em três etapas: desgaste, transporte e acúmulo de sedimentos. Nesses processos há atuação dos agentes externos, como os ventos, as águas e as geleiras, que transportam os fragmentos de rocha das áreas mais elevadas para as mais baixas. Ela se inicia com o desgaste das rochas  em decorrência do intemperismo. O relevo resultante da sedimentação das rochas no processo de erosão é denominado de colúvio.
  A erosão pode provocar:
  • arrastamento de areia que podem encobrir porções de terrenos férteis e sepultá-los com materiais áridos;
  • morte da fauna e da flora do fundo dos rios e lagos por soterramento;
  • turbidez nas águas, dificultando a ação da luz solar na realização da fotossíntese, importante para a purificação e oxigenação das águas;
  • o transporte de inseticidas e adubos até os corpos d'água, causando desequilíbrio na fauna e flora desses corpos de água;
  • a formação de voçorocas, que consiste na formação de grandes buracos de erosão causados pela água da chuva e intempéries em solos onde a vegetação é escassa e não protege mais o solo. Esse fenômeno destrói as terras cultiváveis;
Voçoroca em Piracicaba - SP
  • formação de ravinas, que é um processo erosivo provocado essencialmente pelo escoamento de água (erosão hídrica), causando grandes depressões no solo e é parecido com a voçoroca. A diferença é que as ravinas lembram grandes valas ou pequenos vales, possuem dezenas de metros de profundidade e largura. A voçoroca é formada pela erosão do rego e, geralmente, atinge o lençol freático.
Ravina, em Mineiros - GO
  O intemperismo, também conhecido como meteorização, é o conjunto de processos que gera a desagregação física e a decomposição química dos minerais das rochas. O intemperismo é de grande importância para a formação dos solos, pois em algumas regiões onde há grandes formações rochosas a fixação de plantas é mais difícil em relações a regiões de solo estruturalmente menos rochosos. Há três tipos de intemperismo: físico, químico e biológico.
Arenitos erodidos em Vila Velha - PR
Intemperismo Físico
  No intemperismo físico, também  chamado de mecânico, ocorre a dilatação e contração das rochas devido à alternância de temperaturas, entre o dia e a noite e no decorrer das estações do ano, e ao congelamento da água nas fissuras das rochas. A alternância de volume dos minerais presentes nas rochas ocorre de forma desigual, tornando a rocha quebradiça. Esse é o principal agente do intemperismo em regiões de clima seco, em que a amplitude térmica é alta. Nesse tipo de intemperismo, as rochas tendem a se fragmentar pelo enfraquecimento de suas estruturas, e os minerais que compõem as rochas têm diferentes coeficientes de dilatação, ampliando a fragmentação das rochas. A cor e a granulometria da rocha influenciam a sua fragmentação, e as rochas mais escuras tendem a aquecer com mais facilidade, e as mais grosseiras tendem a se desintegrar mais facilmente do que as de grãos pequenos.
Rochas que sofrem com o intemperismo físico, no Atacama - Chile
Intemperismo Químico
  O intemperismo químico ocorre em áreas de temperatura e umidade mais constantes, como as regiões tropicais, de clima quente e úmido. Esse tipo de intemperismo se dá pela ação da água. A água da chuva e dos rios se infiltra nas fissuras das rochas e provoca sua dissolução. Isso ocorre por causa da reação entre elementos químicos (oxigênio, hidrogênio e dióxido de carbono).
  A ação da água da chuva, carregada de elementos atmosféricos, como o CO², que ataca os minerais da rocha em sua superfície exposta e em suas fraturas, decompõe-se, dando origem a novos minerais, estáveis às condições da superfície terrestre, e a solutos que migram pelas fraturas da rocha ou nas águas superficiais em direção ao mar, resultando em várias reações químicas: oxidação, hidratação, dissolução, hidrólise e acidólise.
Rocha que sofre com o intemperismo químico, em Mimoso do Sul - ES
Intemperismo Biológico
  O intemperismo biológico ocorre por meio dos seres vivos, onde estes desempenham, de forma direta ou indireta, o desgaste das rochas, e seu papel é bastante importante para a formação do solo. Este tipo de intemperismo produz os solos mais férteis do mundo, sendo muito comum na Rússia e na Ucrânia.
  As raízes das árvores penetram nas fissuras  e alargam ou trituram as paredes rochosas em busca de sais minerais, liberando ácidos húmicos que irão causar o intemperismo químico. Já as bactérias entram nas fissuras e nos poros das rochas, produzindo sulfetos e outros compostos característicos do meio. Os animais roedores e escavadores e outros animais lançam excreções nas rochas, que provocam a sua desintegração.
Rocha que sofre com o intemperismo biológico, na região Amazônica0
TIPOS DE EROSÃO
  A atuação das águas pluviais (das chuvas) e fluviais (dos rios) costuma ser intensa nas regiões de climas temperados e tropicais.
  No caso das águas pluviais, é comum nas áreas com relevo em declive formarem-se as enxurradas que, dependendo da intensidade das chuvas e, principalmente, de sua duração, podem causar deslizamentos de terra em encostas, particularmente naquelas onde a vegetação foi retirada. Esse processo erosivo é comum nos trechos de serras, em diversas regiões do espaço brasileiro, no período das chuvas.
  Nas encostas dos espaços urbanos que são ocupadas por moradias, a erosão pluvial é intensificada, provocando deslizamentos que acarretam a destruição das casas e até a morte de pessoas que viviam nesses locais, muitos deles considerados áreas de risco.
Área erodida pelas chuvas em 2011, em Teresópolis - RJ
  No Brasil, essas áreas, em geral menos valorizadas, são ocupadas sobretudo por pessoas de baixa renda, que não têm como comprar um imóvel em locais melhores e mais seguros. Isso evidencia as fortes desigualdades sociais existentes no país. No entanto, existem também casas de pessoas de renda média ou alta nas encostas dos morros. Ambos os casos evidenciam a ineficácia da atuação do poder público.
  O desmatamento aumenta o escoamento superficial da água das chuvas e, consequentemente, agrava o processo de perda de solo. Os sedimentos vão então parar nos rios, localizados em áreas de menor altitude. Disso resulta o assoreamento dos rios, com o acúmulo dos detritos no leito e a diminuição da capacidade de vazão. Entre as consequências está o aumento significativo da intensidade das cheias nos centros urbanos.
  Por conta da intensidade das chuvas, de ampla impermeabilização dos solos nos espaços urbanos e da ocupação de áreas de inundação, situadas às margens dos rios, as enchentes também são uma constante no Brasil.
  Apesar de existirem leis determinando que parcelas dos terrenos devem permanecer com piso drenante, como gramas e outras plantas, sem cobertura de cimento, concreto, asfalto, lajotas etc., essas leis acabam não sendo cumpridas. Tal fato, associado à ocupação das margens de rios e córregos (planícies de inundação) e ao acúmulo de lixo nas vias públicas, que as chuvas levam para os bueiros e tubulações contribui para o agravamento das enchentes, sobretudo nas grandes cidades.
Cratera aberta pela água das chuvas em 2014, em Mãe Luíza, Natal - RN
Erosão Fluvial
  Erosão fluvial é o desgaste do leito e das margens dos rios pelas suas águas. No processo de erosão fluvial, o leito do rio é ampliado gradativamente e formam-se suas vertentes (encostas ou margens), que delimitam o seu vale. A intensidade de ampliação do leito do rio depende do volume de água que ele apresenta, da forma do relevo e da natureza das rochas por onde ele corre. Essa alteração no relevo não é percebida na escala de tempo da vida humana, e esse processo pode levar a alterações no curso do rio.
  Percorrendo trechos de relevo pouco inclinado, nos quais a intensidade da força das águas não é grande, o material desagregado pelas águas dos rios (aluvião) acumula-se ao longo das margens (curso médio e inferior), principalmente no período das cheias, podendo dar origem às planícies. Esse tipo de planície é chamada de aluvial e é rica em material orgânico, favorecendo o desenvolvimento da agricultura. É o caso da planície Amazônica. O processo de erosão fluvial também modela vales profundos e cânions.
Grand Canyon, Arizona - EUA
Erosão Pluvial
  A erosão pluvial é provocada pela retirada de material da parte do solo pelas águas da chuva. Esta ação é acelerada quando a água encontra o solo desprotegido de vegetação. A primeira ação da chuva se dá através do impacto das gotas d'água sobre o solo. Este é capaz de provocar a desagregação dos torrões agregados do solo, lançando o material mais fino para cima e para longe, fenômeno conhecido como salpicamento. A força do impacto também força o material mais fino para baixo da superfície, provocando a obstrução da porosidade do solo, aumentando o fluxo superficial e a erosão.
  A ação da erosão pluvial aumenta à medida que mais água da chuva se acumula no terreno.
  As principais formas de erosão pluvial são:
  • erosão laminar: ocorre quando a água corre uniformemente pela superfície como um todo, transportando as partículas sem formar canais definidos. Apesar de ser uma forma mais amena de erosão, é responsável por grandes prejuízos na atividade agrícola e por transportar grande quantidade de sedimentos que vão assorear os rios;
  • erosão em sulcos de escorrência: ocorre quando a água se concentra em determinados sulcos do terreno, atingindo grande volume de fluxo e transportando maior quantidade de partículas, formando ravinas na superfície. Estas ravinas podem rapidamente atingir alguns metros de profundidade.
Erosão em sulcos de escorrência, na BR-101, próximo à João Pessoa - PB
Erosão Marinha
  A erosão marinha é um longo processo de atrito da água do mar com as rochas que acabam cedendo, transformando-se em grãos. Esse trabalho constante atua sobre o litoral transformando o relevo em planície e deve-se praticamente à ação de um fator presente na termodinâmica: a convecção dos ventos, responsáveis pelo surgimento das ondas, correntes e marés. Ocorre tanto nas costas rochosas como nas praias arenosas.
  Nas costas rochosas, a ação das águas do mar - abrasão marinha - sobre os costões do relevo litorâneo tende a desgastá-los. Quando esses costões são constituídos de rochas cristalinas, formam-se as falésias. Se forem formados por rochas sedimentares, surgem as barreiras.
Falésia na Praia de Cotovelo, Parnamirim - RN
  Nas praias arenosas a erosão constitui um grave problema para as populações costeiras. Os danos causados podem ir desde a destruição de habitações e infraestruturas até graves problemas ambientais.   As águas do mar realizam também um trabalho de acumulação: as ondas que batem continuamente nas áreas baixas litorâneas depositam nesses lugares areia e outros materiais, como restos de animais marinhos. Esse é um dos processos que resultam na formação das praias.
Dunas de Genipabu, Extremoz - RN
Erosão Glacial
  As geleiras, ao se deslocarem, agindo sobre a crosta terrestre, provocam erosão, denominada erosão glaciária. Os movimentos ou alternâncias de gelo e o derretimento das geleiras são fatores que também contribuem para o desgaste do relevo. Os fragmentos rochosos são arrastados pelas geleiras e se deslocam pelo terreno, dando origem às morainas.
Moraína no monte Ishinca - Peru
  A erosão glacial pode também dar origem aos fiordes. Os fiordes formam-se devido à ação das imensas massas de gelo, chamadas glaciares, que se movimentam rumo ao mar como se fossem grandes rios congelados, e só existem em regiões costeiras montanhosas de clima frio. A sua origem remonta há aproximadamente 12 mil anos, quando o mar ocupou os espaços que os glaciares escavaram na costa atlântica durante a última Era Glaciar.
Fiorde na Noruega
Erosão Eólica
  A erosão eólica ocorre diretamente pela ação dos ventos ou por meio do lançamento de pequenas partículas de rochas contra outras rochas, que pode provocar um lento desgaste por meio do atrito, devido à retirada superficial de fragmentos mais finos. O material desagregado pela ação do vento pode também ser transportado e depositado em outros locais, dando origem às dunas.
  A diminuição da velocidade do vento ou deflação ocorre frequentemente em regiões de campos de dunas com a retirada preferencial de material superficial mais fino, permanecendo, muitas vezes, uma camada de pedregulhos e seixos, adaptando à superfície erodida. Em locais de forte e constante deflação podem se formar zonas rebaixadas, em meio a regiões desérticas, e com as escassas chuvas formam lagos rasos (playa), secos na maior parte do tempo, com lama endurecida ou camadas de sal.
Dunas no Deserto do Saara - Líbia
Erosão provocada pelos seres vivos
  Os seres vivos também são agentes modificadores do relevo, principalmente os seres humanos, que interferem na dinâmica da natureza construindo estradas, túneis, viadutos, pavimentando ruas e avenidas e extraindo riquezas naturais. As formas de relevo são modificadas num processo mais acelerado do que aquele promovido pelos agentes naturais.
Erosão na BR-101, sobre o rio Pitimbu, em Natal - RN
FONTE: Lucci, Elian Alabi. Território e sociedade no mundo globalizado I: ensino médio / Elian Alabi Lucci, Anselmo Lázaro Branco, Cláudio Mendonça. - 2. ed. - São Paulo: Saraiva, 2013.

terça-feira, 17 de março de 2015

O REINO DE KUSH

  Durante os últimos séculos da história independente do Egito antigo (IX a.C. - VI a.C.), ganhou destaque o reino de Kush, ao sul, na região mais tarde denominada Núbia, onde atualmente fica o Sudão e o Sudão do Sul. Além de aquela ser uma região rica em ouro, sua capital, a cidade de Napata, tinha importante atuação como intermediária comercial entre Tebas (Egito) e a África Central.
  O reino de Kush localizava-se entre a primeira e a sexta catarata do rio Nilo e foi estabelecido após o colapso da Era do Bronze e da desintegração do Novo Império egípcio. O nome dado a esta civilização é proveniente do Velho Testamento, que registra um personagem bíblico, Kush (Cuche), um dos filhos de Cão que se estabeleceu no nordeste da África. Na Idade Antiga e na Bíblia, Kush era uma grande região que abrangia o norte do Sudão, o sul do Egito e partes da Etiópia, Eritreia e Somália.
  Outro destaque do reino de Kush foi a afirmação feminina no topo do comando político. Conhecidas como "rainhas-mães", destacaram-se no reinado da rainha Shanakdakhete (170 a.C. - 160 a.C.), quando o centro administrativo estava na cidade de Meroé, e também no das rainhas Amanirenas e Amanishakehto.
Mapa do Reino de Kush
  Os cuchitas eram africanos negros, agricultores em sua grande maioria, mas entre eles haviam também artesãos e mercadores. Às vezes capturavam pessoas de outros povos e tornavam os cativos seus escravos.
  O reino de Kush era muito rico, possuía minas de ouro e terras agricultáveis. Além disso ficava numa ótima localização para comercialização com outros povos. Transportavam mercadorias pelo rio Nilo e também por estradas que levavam ao mar Vermelho. Vendiam ouro, incenso, marfim, ébano, óleos, penas de avestruz e pele de leopardo.
   As primeiras sociedades a se desenvolver na área surgiram na Núbia antes da Primeira Dinastia do Egito (3100-2890 a.C.). Por volta de 2500 a.C., os egípcios começaram a avançar na direção sul e é por meio deles que a maior parte das informações sobre Kush ficaram conhecidas. Mas esta expansão foi detida pela queda do Médio Império no Egito. A expansão egípcia começou em aproximadamente 1500 a.C., mas encontrou resistência organizada. Os egípcios conseguiram vencer a resistência e fizeram da região uma colônia sua, durante o reinado de Tutmósis I, cujo exército mantinha ali um certo número de fortalezas.
  Aproveitando-se das disputas políticas e dos conflitos no vizinho Egito, os núbios de Kush dominaram o Império Egípcio e estabeleceram um novo governo sob seu controle, conhecido como kushita ou dos faraós negros, que reinaram por algumas décadas no século XI a.C..
Napata - capital do reino de Kush
  Este novo reino foi unificado por Alara (rei núbio considerado o primeiro rei e fundador da Dinastia Napata) entre os anos 780 e 755 a.C.. Alara era visto pelos seus sucessores como o fundador do reino cuchita. O reino cresceu em influência e veio a dominar a região meridional egípcia de Elefantina e depois Tebas, no reinado de Kachta, sucessor de Alara.
  Além de Napata, várias cidades núbias antigas são alvos de estudos arqueológicos e históricos atualmente. Dentre elas estão as cidades de Pnubs, Naga, Cartum, Dongola, Atbara, Meroé, Farás, Argos, Wad bem Naga, Kawa, Soba. Por meio do estudo de suas ruínas e vestígios, estão sendo levantados dados sobre o histórico do reino de Kush e da importante atuação que teve na região egípcia e centro-sul africano.
Templo de Apedemak, em Naga - no Reino de Kush
  O poderio kushita no Egito só desapareceu com a invasão assíria, cujos exércitos possuíam armas de ferro mais eficientes que as de bronze dos egípcios e núbios. Em 591 a.C., os egípcios invadiram Kush - possivelmente porque esta, governada por Aspelta, preparava-se para atacar o Egito - e saquearam Napata.
  Diversos registros arqueológicos mostram que os sucessores de Aspelta transferiram a capital do reino de Kush para Meroé, mais ao sul de Napata. Meroé, ao contrário de Napata, possuía vastas florestas que serviam de combustível para os alto-fornos. Por volta de 300 a.C., os soberanos cuchitas começaram a ser sepultados em Meroé, indicando uma ruptura com os sacerdotes de Napata.
Pirâmides de Meroé - Sudão
  Quando os assírios invadiram o reino em 671 a.C., Kush se tornou um Estado independente. O último rei cuchita a tentar retomar o controle do Egito foi Tantamani, que foi definitivamente derrotado pela Assíria.
  Em 653 a.C., os assírios foram derrotados pelo egípcio Psamético, príncipe de Sais, que retomou a independência egípcia. A partir de então os faraós egípcios buscaram apagar os vestígios da presença do domínio kushita no Egito.
  Segundo a teoria tradicional, Kush teria sido destruída por uma invasão do reino etíope Axum, por volta de 350 a.C.. Por volta do século VI d.C., novos Estados se haviam formado na área antes controlada por Kush.
Ruínas de Dongola - Sudão
FONTE: Vicentino, Cláudio. História geral e do Brasil / Cláudio Vicentino, Gianpaolo Dorigo. - 2. ed. - São Paulo: Scipione, 2013.

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