O Programa Grande Carajás (PGC) ou Projeto Grande Carajás é um projeto de extração mineral, de produção agrícola, de transformação e beneficiamento mineral e de produção energética, que também inclui infraestrutura logística e de comunicação em uma imensa região do meio-norte brasileiro. Foi concebido inicialmente como programa de governo durante o período da ditadura militar, e depois se transformou em um programa de Estado sob justificativa alegada de produção de divisas para promoção de superávit primário e pagamento da dívida externa brasileira.
Estende-se por 900 mil km², numa área cortada pelas bacias dos rios Xingu, Tocantins e Araguaia, englobando terras do Pará, norte de Tocantins e sudoeste, centro e norte do Maranhão.
Em 1967, foram descobertas na Região Norte jazidas de minérios, como cobre, manganês, bauxita, níquel e, principalmente, ferro.
Em 1980, o governo federal criou o Projeto Grande Carajás. Além da exploração mineral na região, esse projeto incluía a construção de estradas e de uma ferrovia para escoar os minérios e a construção da hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, para geração de energia.
A exploração dos recursos em Carajás é gerenciada pela Companhia Vale (antiga estatal Vale do Rio Doce, hoje privatizada). Nos últimos anos, houve investimentos para a expansão do terminal marítimo de Ponta da Madeira e a ampliação da Estrada de Ferro Carajás. Em 1988, foi criada a Floresta Nacional de Carajás (Flona), Unidade de Conservação que visa à exploração sustentável dos recursos naturais.
Em 2016, a Vale inaugurou, em Carajás, o Complexo S11D, com previsão de capacidade para processar 90 milhões de toneladas de ferro por ano.
Garimpagem
A garimpagem se intensificou a partir da década de 1980, atraindo milhares de pessoas em busca de riqueza. Trata-se de uma atividade que ocasiona problemas de caráter social; é precária a qualidade de vida dos garimpeiros, que vivem em povoados sem nenhuma infraestrutura.
O garimpo também produz impactos ambientais decorrentes da utilização do mercúrio na extração dos minérios. Essa substância tóxica contamina os trabalhadores, os rios, os peixes, os animais silvestres e a população que faz uso das águas da região. Além disso, já ocorreram conflitos violentos em virtude da invasão de terras (inclusive indígenas) por garimpeiros, que chegam em grandes grupos quando descobrem ouro em determinado local.
Área de garimpagem ilegal no Pará |
História
Um geólogo a serviço da empresa norte-americana United States Steel, empresa que vinha pesquisando o subsolo amazônico desde o início dos anos 1949 à procura de minério de manganês, foi quem descobriu a reserva de minério de ferro de Carajás em 1962. A United States Steel, passou a deter 70,1% da mina, o restante ficando com a Companhia Vale do Rio Doce. Surgiram sérias divergências entre as duas companhias, que se tornaram insuperáveis até que os americanos desistiram do projeto.
Em 1970, quando muitos minérios já tinham sido localizados, constituiu-se Amazônia Mineração S.A., que associava empresas estrangeiras, inclusive a United States Steel, com a Vale. No final dos anos 1970, a Vale pagou uma vultosa indenização à sua parceira, para poder assumir sozinha o controle do empreendimento. Então foi lançado o Programa Grande Carajás (PGC).
O Programa Grande Carajás (PGC), oficialmente lançado em 1982, tinha como objetivo realizar a exploração integrada dos recursos da Província Mineral Carajás, considerada a mais rica do mundo, contendo minério de ferro de alto teor, ouro, estanho, bauxita (alumínio), manganês, níquel, cobre e minérios raros. A vida útil das reservas de ferro, estimada na década de 1980, era de cerca de 500 anos. O PGC não se limitou apenas a explorar a mineração; existiam outros projetos agropecuários de extração florestal, que tinham por objetivo criar uma zona de produção de suprimentos para as atividades de mineração.
O PGC foi regulamentado pelos Decreto-lei nº 1.813, de 24 de novembro de 1980 e Decreto do Poder Executivo nº 85.387 de 24 de novembro de 1980, que criou o conselho interministerial do PGC para supervisionar o programa.
Mina de ferro em Carajás, vista por satélite em julho de 2009 |
A Usina Hidrelétrica de Tucuruí
A Usina Hidrelétrica de Tucuruí é uma central hidroelétrica no Rio Tocantins, no município de Tucuruí, Pará, e distante cerca de 300 quilômetros ao sul de Belém. Possui uma capacidade geradora instalada de 8.370 MW.
Em potência instalada, Tucuruí é uma das maiores do mundo e a segunda maior usina hidrelétrica 100% brasileira, ficando atrás apenas de Belo Monte. Seu vertedouro, com capacidade para 110.000 m³/s, é o segundo maior do mundo. A construção foi iniciada em 24 de novembro de 1974 e inaugurada em 22 de novembro de 1984 pelo presidente João Baptista Figueiredo.
A Usina Hidrelétrica de Tucuruí é a principal usina integrante do Subsistema Norte do Sistema Interligado Nacional (SIN), sendo responsável pelo abastecimento de grande parte das redes: Celpa (Pará), Cemar (Maranhão) e Celtins (Tocantins).
Usina Hidrelétrica de Tucuruí |
A Estrada de Ferro Carajás
A Estrada de Ferro Carajás (EF-315), também conhecida pela sigla EFC, é uma ferrovia diagonal brasileira com 892 quilômetros de extensão, em bitola larga, operada pela mineradora Vale S.A. Passa pelos estados do Maranhão e do Pará, ligando o Porto de Ponta da Madeira, no município de São Luís (MA), a Marabá e Parauapebas (PA). Sua denominação no Plano Nacional de Viação é EF-315, mas também foi apelidada de Ponta da Madeira-Carajás. Transporta atualmente mais de 1.500 usuários por dia.
É uma das maiores ferrovias de transporte de passageiros em operação no Brasil, possuindo 5 estações e 10 paradas, percorrendo os municípios maranhenses de São Luís, Santa Inês e Açailândia, e os municípios paraenses Marabá e Parauapebas. É especializada no transporte de cargas minerais, extraídas das minas da Serra dos Carajás, e levados até os portos da Baía de São Marcos, no Maranhão, para exportação. Por seus trilhos são transportados mais de 120 milhões de toneladas de carga e 350 mil passageiros por ano.
Trem carregando minério de ferro na Estrada de Ferro Carajás, em Açailândia (MA) |
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
LOPES, Rodrigo P. Carajás: a influência histórica da indústrias de mineração, in A Economia brasileira e suas perspectivas. Rio de Janeiro: APEC, 1983.
LOPES, Rodrigo P. Carajás e as reservas minerais brasileiras, A Economia brasileira e suas perspectivas. Rio de Janeiro: APEC, 1984. v. 23.
VIERA, Cláudio Afonso. Análise dos impactos do Programa Grande Carajás. São Paulo: FIPE, 1985.
ALMEIDA JÚNIOR, José Maria Gonçalves de. Carajás: desafio político, ecologia e desenvolvimento. São Paulo: Brasiliense, 1986.
Hasui Y. Cráton Amazônico: Províncias Rio Branco e Tapajós. In: Hasuy Y., Carneiro, C. D., Almeida, F.., Bartorelli, A. Geologia do Brasil. São Paulo: Beca, 2012.
Santos, J. O. S. Geotectônica dos Estudos das Guianas e Brasil-Central. In: Geologia, tectônica e recursos minerais do Brasil: texto, mapas & SIG. Bizzi L. A., Schobbenhaus C., Vidotti R. M., Gonçalves J. H. (eds). Brasília: CPRM - Serviço Geológico do Brasil, 2003.
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