segunda-feira, 18 de julho de 2022

O CÓDIGO BINÁRIO

   O código ou sistema binário (sistema exponencial de base 2) é uma forma matemática utilizada como base da linguagem e arquitetura de computadores e de aparelhos com circuitos digitais. Esse sistema de lógica binária permite a interpretação das informações e a execução de ações para toda a eletrônica, a computação e a programação.

  Os computadores digitais trabalham internamente com dois níveis de tensão, pelo que o seu sistema de numeração natural é o sistema binário. Com efeito, num sistema simples como este é possível simplificar o cálculo, com o auxílio da lógica booliana. Um processador é formado por milhares de blocos lógicos complexos, formados por portas lógicas básicas, e o funcionamento desta está amparado por um postulado fundamental à eletrônica digital que determina que um circuito opere apenas com dois níveis de tensão bem definidos.

Numerais hindu-arábicos

  O refinamento dado pelo matemático Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716), no século XVIII, aos números binários possibilitou que mais tarde, já no século XX, John von Neumann (1903-1957) o utilizasse para a construção dos primeiros computadores eletrônicos, nos anos 1940.

  O sistema binário tem como base da sua linguagem apenas os números 0 e 1, representando para o computador os dois níveis de tensão interna reconhecíveis por seu processador, e equivalente a 1 bit cada - a menor unidade de informação no sistema digital.

  Assim, tudo o que é processado pela máquina e representado na tela consiste, em sua camada mais baixa, em uma representação de combinações desses dois números.

  O número 1 representa que a casa (bit) na qual ele se encontra está "ligada" e o 0 representa que a casa (bit) está "desligada". Pode-se, assim, representar qualquer número ou letra apenas com o "0" e o "1". Por exemplo, o número 30 seria representado no código binário por 11110. O número 60, por 111100. Ou, ainda, o número 150 seria representado no sistema binário por 1010110.

  Esse sistema foi crucial para o desenvolvimento dos computadores e da tecnologia eletrônica, pois facilitou a representação e o processamento (por ter apenas dois estados possíveis, 0 ou 1, diferente do sistema decimal, que conta com 10 estados diferentes), permitindo a simplificação dos circuitos eletrônicos, com o uso mais proveitoso do poder de processamento, por ser fácil de implementar na prática e apresentar grande potencial. Ele é, ainda hoje, a base da microeletrônica e das tecnologias digitais.

Abecedário binário

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Gonick, Larry. Introdução Ilustrada à Computação. São Paulo: Harper & Row do Brasil, 1984.

Bianchi, Paulo; Bezerra, Milton. Microcomputadores. Arquitetura-Projeto-Programação. Rio de Janeiro, 1983.

Murdoca, Miles K.; Heuring, Vicent P. Introdução à Arquitetura de Computadores. Rio de Janeiro, Campus, 200.

COMEDOURO PARA AS GALINHAS COM CANO DE PVC



quinta-feira, 14 de julho de 2022

PROJETO GRANDE CARAJÁS

  O Programa Grande Carajás (PGC) ou Projeto Grande Carajás é um projeto de extração mineral, de produção agrícola, de transformação e beneficiamento mineral e de produção energética, que também inclui infraestrutura logística e de comunicação em uma imensa região do meio-norte brasileiro. Foi concebido inicialmente como programa de governo durante o período da ditadura militar, e depois se transformou em um programa de Estado sob justificativa alegada de produção de divisas para promoção de superávit primário e pagamento da dívida externa brasileira.

  Estende-se por 900 mil km², numa área cortada pelas bacias dos rios Xingu, Tocantins e Araguaia, englobando terras do Pará, norte de Tocantins e sudoeste, centro e norte do Maranhão.

a) Localização da Província Mineral Carajás em imagem de satélite do Google Earth. b) Mapa do Brasil mostrando a localização do cráton Amazônico (Hasui 2012). c) Compartimentação do cráton Amazônico de acordo com Santos et al. (2003). Retirado de de Hasui, 2012.

   Em 1967, foram descobertas na Região Norte jazidas de minérios, como cobre, manganês, bauxita, níquel e, principalmente, ferro.

  Em 1980, o governo federal criou o Projeto Grande Carajás. Além da exploração mineral na região, esse projeto incluía a construção de estradas e de uma ferrovia para escoar os minérios e a construção da hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, para geração de energia.

  A exploração dos recursos em Carajás é gerenciada pela Companhia Vale (antiga estatal Vale do Rio Doce, hoje privatizada). Nos últimos anos, houve investimentos para a expansão do terminal marítimo de Ponta da Madeira e a ampliação da Estrada de Ferro Carajás. Em 1988, foi criada a Floresta Nacional de Carajás (Flona), Unidade de Conservação que visa à exploração sustentável dos recursos naturais.

  Em 2016, a Vale inaugurou, em Carajás, o Complexo S11D, com previsão de capacidade para processar 90 milhões de toneladas de ferro por ano.

Projeto Carajás, em 1980; o PGC foi capitaneado pela Companhia Vale do Rio Doce durante o governo de João Baptista Figueiredo

Garimpagem

  A garimpagem se intensificou a partir da década de 1980, atraindo milhares de pessoas em busca de riqueza. Trata-se de uma atividade que ocasiona problemas de caráter social; é precária a qualidade de vida dos garimpeiros, que vivem em povoados sem nenhuma infraestrutura.

  O garimpo também produz impactos ambientais decorrentes da utilização do mercúrio na extração dos minérios. Essa substância tóxica contamina os trabalhadores, os rios, os peixes, os animais silvestres e a população que faz uso das águas da região. Além disso, já ocorreram conflitos violentos em virtude da invasão de terras (inclusive indígenas) por garimpeiros, que chegam em grandes grupos quando descobrem ouro em determinado local.

Área de garimpagem ilegal no Pará

História

  Um geólogo a serviço da empresa norte-americana United States Steel, empresa que vinha pesquisando o subsolo amazônico desde o início dos anos 1949 à procura de minério de manganês, foi quem descobriu a reserva de minério de ferro de Carajás em 1962. A United States Steel, passou a deter 70,1% da mina, o restante ficando com a Companhia Vale do Rio Doce. Surgiram sérias divergências entre as duas companhias, que se tornaram insuperáveis até que os americanos desistiram do projeto.

  Em 1970, quando muitos minérios já tinham sido localizados, constituiu-se Amazônia Mineração S.A., que associava empresas estrangeiras, inclusive a United States Steel, com a Vale. No final dos anos 1970, a Vale pagou uma vultosa indenização à sua parceira, para poder assumir sozinha o controle do empreendimento. Então foi lançado o Programa Grande Carajás (PGC).

  O Programa Grande Carajás (PGC), oficialmente lançado em 1982, tinha como objetivo realizar a exploração integrada dos recursos da Província Mineral Carajás, considerada a mais rica do mundo, contendo minério de ferro de alto teor, ouro, estanho, bauxita (alumínio), manganês, níquel, cobre e minérios raros. A vida útil das reservas de ferro, estimada na década de 1980, era de cerca de 500 anos. O PGC não se limitou apenas a explorar a mineração; existiam outros projetos agropecuários de extração florestal, que tinham por objetivo criar uma zona de produção de suprimentos para as atividades de mineração.

  O PGC foi regulamentado pelos Decreto-lei nº 1.813, de 24 de novembro de 1980 e Decreto do Poder Executivo nº 85.387 de 24 de novembro de 1980, que criou o conselho interministerial do PGC para supervisionar o programa.

Mina de ferro em Carajás, vista por satélite em julho de 2009

A Usina Hidrelétrica de Tucuruí

  A Usina Hidrelétrica de Tucuruí é uma central hidroelétrica no Rio Tocantins, no município de Tucuruí, Pará, e distante cerca de 300 quilômetros ao sul de Belém. Possui uma capacidade geradora instalada de 8.370 MW.

  Em potência instalada, Tucuruí é uma das maiores do mundo e a segunda maior usina hidrelétrica 100% brasileira, ficando atrás apenas de Belo Monte. Seu vertedouro, com capacidade para 110.000 m³/s, é o segundo maior do mundo. A construção foi iniciada em 24 de novembro de 1974 e inaugurada em 22 de novembro de 1984 pelo presidente João Baptista Figueiredo.

  A Usina Hidrelétrica de Tucuruí é a principal usina integrante do Subsistema Norte do Sistema Interligado Nacional (SIN), sendo responsável pelo abastecimento de grande parte das redes: Celpa (Pará), Cemar (Maranhão) e Celtins (Tocantins).

Usina Hidrelétrica de Tucuruí

A Estrada de Ferro Carajás

  A Estrada de Ferro Carajás (EF-315), também conhecida pela sigla EFC, é uma ferrovia diagonal brasileira com 892 quilômetros de extensão, em bitola larga, operada pela mineradora Vale S.A. Passa pelos estados do Maranhão e do Pará, ligando o Porto de Ponta da Madeira, no município de São Luís (MA), a Marabá e Parauapebas (PA). Sua denominação no Plano Nacional de Viação é EF-315, mas também foi apelidada de Ponta da Madeira-Carajás. Transporta atualmente mais de 1.500 usuários por dia.

  É uma das maiores ferrovias de transporte de passageiros em operação no Brasil, possuindo 5 estações e 10 paradas, percorrendo os municípios maranhenses de São Luís, Santa Inês e Açailândia, e os municípios paraenses Marabá e Parauapebas. É especializada no transporte de cargas minerais, extraídas das minas da Serra dos Carajás, e levados até os portos da Baía de São Marcos, no Maranhão, para exportação. Por seus trilhos são transportados mais de 120 milhões de toneladas de carga e 350 mil passageiros por ano.

Trem carregando minério de ferro na Estrada de Ferro Carajás, em Açailândia (MA)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

LOPES, Rodrigo P. Carajás: a influência histórica da indústrias de mineração, in A Economia brasileira e suas perspectivas. Rio de Janeiro: APEC, 1983.

LOPES, Rodrigo P. Carajás e as reservas minerais brasileiras, A Economia brasileira e suas perspectivas. Rio de Janeiro: APEC, 1984. v. 23.

VIERA, Cláudio Afonso. Análise dos impactos do Programa Grande Carajás. São Paulo: FIPE, 1985.

ALMEIDA JÚNIOR, José Maria Gonçalves de. Carajás: desafio político, ecologia e desenvolvimento. São Paulo: Brasiliense, 1986.

Hasui Y. Cráton Amazônico: Províncias Rio Branco e Tapajós. In: Hasuy Y., Carneiro, C. D., Almeida, F.., Bartorelli, A. Geologia do Brasil. São Paulo: Beca, 2012.

Santos, J. O. S. Geotectônica dos Estudos das Guianas e Brasil-Central. In: Geologia, tectônica e recursos minerais do Brasil: texto, mapas & SIG. Bizzi L. A., Schobbenhaus C., Vidotti R. M., Gonçalves J. H. (eds). Brasília: CPRM - Serviço Geológico do Brasil, 2003.

quinta-feira, 7 de julho de 2022

AS MISSÕES DE PAZ DA ONU

   A Organização das Nações Unidas (ONU), o maior dos organismos internacionais, nasceu em 1945 com um propósito maior: manter a paz mundial. Para isso, organizou um sistema de segurança internacional visando evitar guerras. Não obteve êxito na plenitude, mas manteve-se como principal operadora da paz mundial nesses 75 anos de existência, especialmente por meio de suas missões em diversos países.

  A ONU é composta por seis órgãos principais e cabe a cada um deles, o Conselho de Segurança, formado por 15 membros, garantir a segurança internacional e o enfrentamento às ameaças de paz. Igualmente competem ao Conselho de Segurança as sanções aos países-membros considerados agressores, assim como decidir sobre operações especiais de paz em países atingidos por conflitos quando todas as tentativas de resolução foram superadas.

  Forças de Manutenção de Paz das Nações Unidas são forças militares multinacionais instituídas pela ONU com a aprovação e objetivos designados pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas para atuar em zonas de conflito armado. Seus participantes são conhecidos como boinas azuis ou capacetes azuis.

Soldados das Forças de Paz da ONU na Eritreia

  As missões de paz da ONU são uma iniciativa para socorrer países atingidos por conflitos. A grande maioria dos conflitos internacionais de hoje é de guerras civis, ou seja, não são guerras entre Estados, mas entre grupos internos. Por sua vez, essas guerras civis são devastadoras e quase sempre muito cruéis. Cabe à ONU tentar evitar esses conflitos e agir para minimizar os danos. Em seguida, a organização busca estabelecer condições para que esses povos e países interrompam o quanto antes conflitos iniciados e alcancem uma paz estável e duradoura. Sem dúvida, esse é um dos grandes desafios do mundo contemporâneo.

  Desde 1949 a ONU envia missões de paz a diversos países. Sua primeira missão se deu naquele ano, quando da guerra árabe-israelense. Desde então, dezenas de outras missões foram enviadas com o propósito de assistir populações locais.

  Basicamente, podemos entender essas operações da ONU sob dois momentos distintos da história: durante a Guerra Fria, de 1945 a 1991, e no período pós-Guerra Fria até os dias atuais. Nesse segundo período, o contexto geopolítico do mundo mudou, e os conflitos também. Consequentemente, a forma de intervenção da ONU nos países em conflitos se intensificou e hoje as intervenções são muito mais efetivas que à época da Guerra Fria, com tarefas que vão desde ajudar a construir novos governos, assegurar direitos humanos, proceder a desarmamentos, até promover novas eleições em países que puseram fim aos seus conflitos, como foram os casos de Burundi, Afeganistão, Haiti, Libéria, Iraque, República Democrática do Congo, entre outros.

Soldado norueguês das Forças de Paz da ONU após o cerco de Saravejo, Bósnia-Herzegovina, 1992-1993

  Uma particularidade interessante, porém delicada, nas missões de paz da ONU é o trabalho de "desminagem", ou seja, a desativação de minas explosivas, empregadas por milícias rivais em guerras étnicas ou civis, muito comuns, especial e lamentavelmente no continente africano. Angola, por exemplo, é um país traumatizado por uma violenta guerra civil no passado e lhe deu o triste rótulo de país com o maior número de amputados do mundo. São pessoas vitimadas por essas minas explosivas, chamadas de "minas antipessoais", tipo de arma banidas por tratados internacionais em razão de suas consequências extremamente cruéis.

  Com o término da Guerra Fria no início dos anos 1990, as intervenções e missões internacionais da ONU tornaram-se mais frequentes. Estados Unidos e União Soviética (depois Rússia), que sempre se bloquearam mutuamente nas ações do Conselho de Segurança devido ao poder de veto, passaram a ter uma convivência que permitiu decisões consensuais no órgão e, consequentemente, mais fluidez nas intervenções em conflitos regionais. Foi o que se configurou com o aumento exponencial de missões e operações de paz dos soldados da ONU e de resoluções de conflitos. No entanto, apesar da melhora, muitos conflitos regionais e guerras civis seguem existindo nos dias atuais.

  Muitas pessoas criticam estas missões de paz por cometerem vários crimes contra a humanidade, atos de desrespeito contra a população nativa, corporativismo e expurgar críticos de dentro da organização.

Soldados das Forças de Paz da ONU

A participação do Brasil nas missões de paz da ONU

  Desde 1948, quando se iniciaram as missões de paz da ONU, o Brasil já participou de diversas operações. Entre as mais recentes, duas se destacaram e ficaram mais conhecidas: as operações no Haiti e na República Democrática do Congo. Em ambas o Brasil teve papel protagonista.

  Contudo, o procedimento para a participação brasileira em intervenções externas obedecem a um rígido caminho.

Missões de Paz do Brasil

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

FONTOURA, Paulo Roberto C.T. O Brasil e as Operações de Manutenção de Paz das Nações Unidas. Brasília: FUNAG, 1999.

ANDRADE, I. O.; HAMANN, E. P.; SOARES, M. A. Texto para Discussão 2442. A participação do Brasil nas operações de paz das Nações Unidas: evolução, desafios e oportunidades. Rio de Janeiro: IPEA, 2019.

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