segunda-feira, 27 de maio de 2019

A REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO (RDC)

  A República Democrática do Congo, também conhecida como RDC e Congo-Kinshasa, é um país localizado na África Central. Com uma área de 2.344.858 km² é o segundo maior país em extensão do continente africano. É também o quarto mais populoso da África e a mais populosa nação francófona do mundo. A RDC faz fronteira com vários países: enclave de Cabinda (pertencente à Angola), República do Congo e Oceano Atlântico, a oeste; com o Sudão do Sul e a República Centro-Africana, ao norte; Uganda, Ruanda, Burundi e Tanzânia, a leste; e Angola e Zâmbia, ao sul.
  Anteriormente, a República Democrática do Congo já foi chamada, em ordem cronológica: Estado Livre do Congo, Congo Belga, República do Congo (Léopoldville), República Democrática do Congo e República do Zaire. A partir de 1997, recuperou a denominação República Democrática do Congo, que permanece desde então.
Mapa da República Democrática do Congo (RDC)
HISTÓRIA
  A região que atualmente é o território da República Democrática do Congo, foi ocupada na Antiguidade por bantos da África Oriental e por povos do Rio Nilo, que ali fundaram os reinos de Luba, Baluba e do Congo, entre outros.
  Entre os séculos X e XV, os bantos e os povos do Nilo desenvolveram culturas baseadas na metalurgia do cobre e do ferro e mantiveram um comércio com as cidades mercantis da costa oriental da África. Por volta dos anos 1350 e 1400 foi fundado o Reino do Congo, que ocupava uma área de 300.000 km² de ambos os lados da foz do rio que os nativos chamavam Mzaire. Estruturaram-se vários reinos que reconheciam certa supremacia ao rei do Congo.
Reino banto do Congo
  Em 1482, o português Diogo Cão avistou a foz do rio e estabeleceu relações amistosas com o manikongo (Senhor do Congo), de autoridade divina. Em 1489, uma embaixada congolesa chegou à Lisboa, e no ano seguinte, Portugal enviou pedreiros e carpinteiros que construíram, em pedra, a parte nova da capital. O reino congolês adotou o catolicismo e, no início do século XVI, comerciantes portugueses se lançaram  ao contrabando de escravos. Os outros povos europeus penetravam nas suas florestas no século XIX, ao subirem o rio Congo. Nessa época, os principais estados da região de Katanga, entre o rio Kasai e o Lago Tanganica, eram o Reino Luba e o Império Lunda.
  No início do século XVI, um guerreiro chamado Kongolo, fundou Mwibele, capital de Luba, e submeteu os povos vizinhos. Lunga Kalala, que sucedeu a Kongolo após assassiná-lo, ampliou as fronteiras do reino. Seus sucessores, após inúmeras conquistas, criaram o Reino Lunda, que se estendia até a região setentrional de Angola. A partir de então, o Congo se constituiu a maior reserva de escravos transportados para as Américas. Já no século XIX, porém, o tráfico negreiro cedeu lugar progressivamente à ocupação colonial.
Kisangani - com uma população de 539.158 habitantes (estimativa 2019) é a quarta maior cidade da RDC
   Em 1878, Henry Stanley fundou entrepostos comerciais no rio Congo, sob a ordem do rei belga Leopoldo II (1835-1909). Tratava-se de uma região que se estendia pelo centro do continente africano, banhado pelo grande Rio Congo e seus afluentes. A região hoje é território da República Democrática do Congo (RDC).
  Leopoldo II foi um dos grandes interessados na África, que jamais se contentou ser simplesmente soberano da Bélgica. Para ele seu reino era pequeno e excessivamente controlado pelo sistema parlamentar, que fazia dele mais um símbolo do Estado do que uma força política com verdadeiro poder. Assim, desejava mandar e enriquecer mais ainda.
Leopoldo II (1835-1909)
  De acordo com as notícias das expedições realizadas pelo francês Pierre Brazza e pelo anglo-americano Henry Morton Stanley, existiam cerca de duzentos grupos étnicos e mais de quatrocentas línguas e dialetos. E a região não pertencia a nenhum dos impérios europeus. O Congo despertava no rei grande cobiça, pois ele o queria, não para a Bélgica, mas para si mesmo.
  Leopoldo II iniciou uma campanha para estabelecer permanentemente empreendimentos europeus no Congo. Como justificativa, exibia o desejo de conhecimento e a filantropia. Organizou então uma Conferência Geográfica Africana em Bruxelas, no ano de 1876, convidando importantes personagens do campo geográfico e científico da época, pagando suas passagens e hospedando-as. Os estudiosos, encantados com o interesse e a acolhida do rei, elegeram-no presidente de honra da Associação Internacional Africana (AIA).
Explorador Henry Morton Stanley (1841-1904)
  Com o tempo, Leopoldo II obteve a aprovação das grandes potências para suas pretensões no Congo. Como resultado da Conferência de Berlim, o rei da Bélgica conseguiu autorização para a criação do Estado Livre do Congo.
  O fato é que a presença dos representantes belgas e das empresas europeias no Congo não foi de modo algum filantrópico. Milhares de chefes, em troca de garrafas de gim ou de velhos uniformes europeus, eram estimulados a assinar documentos em que cediam a soberania de seus territórios e de seus povos ao Estado Livre. Muito provavelmente, os chefes africanos não tinham uma ideia clara do significado de sua assinatura, já que o conceito político de soberania, como entendido na Europa, não tinha sentido para eles.
  Os representantes do Estado Livre do rei Leopoldo, quando deparavam com a resistência das tribos em ceder trabalhadores para as companhias europeias, ordenavam mutilações, a exemplo de algumas etnias do Congo que, em suas guerras, tinham o hábito de reunir as orelhas dos inimigos mortos.
  As autoridades do Estado Livre do Congo obrigavam os africanos a abandonar suas plantações de subsistência e os cuidados com seus rebanhos para servir aos europeus. Sem agricultura e rebanhos, as famílias dos congoleses passavam fome.
Uma das vítimas das atrocidades dos belgas no Congo junto a um missionário
  As rebeliões mais contundentes eram reprimidas com a eliminação de aldeias inteiras. Jamais se saberá com exatidão quanto dos cerca de 20 milhões de africanos do Congo pereceram nos massacres patrocinados pela "filantropia" do rei Leopoldo.
  Uma matança de tais proporções será difícil de esconder por muito tempo. No início do século XX, viajantes e missionários europeus e estadunidenses, horrorizados com o que haviam testemunhado, denunciaram nos jornais os massacres, as mutilações e a exploração do trabalho escravo no Estado Livre do Congo. Foi a primeira grande campanha internacional em favor dos direitos humanos no século XX. A campanha surtiu algum efeito. A opinião pública internacional passou a acreditar que Leopoldo II era um hipócrita mentiroso. Já a história desvenda a imagem de um verdadeiro monstro.
Masina - com uma população de 485.167 habitantes (estimativa 2019) é a quinta maior cidade da RDC
  Em 1921, nasceu o kimbanguismo, movimento messiânico liderado por Simon Kimbangu, que buscava organizar a população do Congo Belga contra a cultura europeia e as missões católicas. O nacionalismo se desenvolveu mais tarde e de forma gradativa. Quando da invasão da Bélgica pela Alemanha, o Congo entrou na Segunda Guerra Mundial, em 1940. Após o conflito, uma onda de crises abalou a colônia. A força pública se revoltou em Luluaburg e no Kasai em 1944 e, no ano seguinte, em Masiri e em Matadi. Esses movimentos foram esmagados, e houve um grande número de mortos.
Kimbanguistas em Portugal festejam o Natal ou nascimento de Jesus Cristo, em 25 de maio de 2013, num subúrbio de Lisboa
  A política colonial permitiu elevar o nível de vida do país, sobretudo na década de 1950, mas não o preparou para a independência - por exemplo, os africanos negros só depois de 1954 tiveram acesso ao ensino universitário, como também a permissão para a formação de partidos políticos.
  A crise de colonização começou pela economia: baixa no preço dos minérios, redução dos investimentos e aumento do desemprego.
  Em meados da década de 1950, começou a tomar corpo o movimento político congolês. Em 1956, o grupo Conscience Africaine, que reunia jornalistas e funcionários, divulgou um manifesto reivindicando a emancipação do país. No ano seguinte, a Bélgica autorizou a realização das primeiras eleições na colônia.
  O ano de 1959 foi marcado por constantes distúrbios, que muitas vezes degeneravam em combates de rua, com mortos e feridos. O desejo de independência dos principais partidos nacionalistas levou os belgas, em 30 de junho de 1960, a conceder a independência do Congo Belga, com o nome de República do Congo (Congo-Kinshasa), porém, poucos dias depois o país estava mergulhado na anarquia e com vários surtos de rebelião e lutas tribais.
Kananga - com uma população de 463.546 habitantes (estimativa 2019) é a sexta maior cidade da RDC
  Depois das eleições realizadas antes da independência, os líderes do Movimento Nacional do Congo (também chamado de Movimento Nacional Congolês), dirigido por Patrice Lumumba e a Abako (Associação do Baixo Congo), presidida por Joseph Kasavubu, resolveram de comum acordo que Lumumba deveria ser o primeiro-ministro e que Kasavubu deveria ocupar a presidência, sob a liderança de Patrice Lumumba. Em 30 de junho de 1960, o Congo conquistou a independência com o nome de República do Congo. Também ficou conhecido naquele período como Congo-Léopoldville, para se diferenciar do Congo Francês, que também havia adotado o nome oficial de República do Congo. Em 1964, o antigo Congo Belga acrescentou o adjetivo "Democrática".
  Nas eleições parlamentares de 1960, Lumumba recebeu a maioria dos votos e assumiu o cargo de primeiro-ministro. Joseph Kasavubu assumiu a Presidência. A maioria dos colonos europeus deixou o país. Em julho de 1960 eclodiu uma rebelião contra Lumumba, liderada por Moïse Tshombe, com o apoio da Bélgica, Estados Unidos e França. Antes do final do ano, Kasavubu afastou Lumumba, eleito de forma democrática, do cargo de primeiro-ministro, num golpe de Estado. Lumumba alegou que o ato foi inconstitucional e deu-se início a uma crise. Novamente com o apoio dos Estados Unidos, França e Bélgica, Lumumba é sequestrado e assassinado em janeiro de 1961. Tropas de diversos países (incluindo o Brasil), foram enviados pela ONU para restabelecer a ordem, o que ocorreu em 1963, com a fuga de Tshombe. As tropas da ONU retiraram-sem em junho de 1964.
Patrice Lumumba (1925-1961)
  A Guerra Fria teve papel fundamental na política interna do Congo, na década de 1960, onde o país foi vitimado pelo conflito. Em seu interior, conflitos entre forças internacionais dos blocos socialista e capitalista marcaram a sua política e desenvolvimento pelas próximas décadas. As forças que apoiavam a volta do governo socialista de Lumumba eram formadas por guerrilheiros de vários países, como os rebeldes de Ruanda. Após diversos combates, Tshombe regressou e assumiu a presidência com o apoio da Bélgica e dos Estados Unidos. Em novembro de 1965, ele foi derrubado por um golpe liderado pelo futuro ditador, Mobutu Joseph Désiré.
Moïse Tshombe (1919-1969)
  Mobutu estabeleceu uma ditadura personalista com forte apoio militar do governo dos Estados Unidos desde o golpe militar que o levou ao poder, e por todos os 32 anos que permaneceu como ditador único e soberano no Congo. A ajuda norte-americana foi encerrada com a queda do regime comunista/soviético no Leste Europeu.
  No início dos anos 1970, Mobutu lançou sua política de "africanização", proibindo nomes ocidentais e cristãos. Como parte da campanha, mudou o nome do país para Zaire, em 1971, e da capital para Kinshasa (anteriormente Leopoldiville). Ele próprio passou a se chamar Mobutu Sese Seko Koko Ngbendu wa za Banga, que significa "o todo poderoso guerreiro que, por sua resistência e inabalável vontade de vencer, vai de conquista em conquista deixando fogo à sua passagem".
Mobutu Sese Seko (1930-1997)
  A corrupção tornou-se algo comum a ponto de ser designada pelo próprio Mobutu como o "mal do Zaire". Líderes rivais uniram-se em 1988 para organizar a oposição, mas foram presos ou exilados. Pressões internacionais levaram Mobutu a adotar o pluripartidarismo em 1990. Em outubro de 1991, o líder oposicionista Etienne Tshisekedi foi nomeado como primeiro-ministro, mas recusou-se a prestar juramento a Mobutu e é substituído. Os Estados Unidos puseram em dúvida a legitimidade do governo e a Alemanha cortou a ajuda financeira ao país. Em 1993, o Alto Conselho da República, criado pela conferência nacional, ordenou o desligamento de Mobutu dos negócios de Estado e convocou greve geral. Mobutu ignorou a resolução. No final do mês, o Exército amotinou-se quando ele tentou pagar os soldos com notas de 5 milhões de zaies (cerca de 2 dólares dos Estados Unidos), já recusados em 1992 por não terem valor. Mobutu responsabilizou Tshisekedi pela rebelião, que deixou mais de mil mortos, e nomeou um governo de união nacional. Estados Unidos e União Europeia não o reconheceram e apoiaram a instalação de um regime de transição formado pela aliança oposicionista liderada por Tshisekedi. Em junho de 1995, o período de transição foi prolongado por dois anos. Eleições gerais, previstas para o mês seguinte, não se realizaram.
Etienne Tshisekedi (1932-2017)
  Em 1994, mais de 1 milhão de ruandeses (em sua maioria hutus), foragidos do genocídio em seu país, ingressaram no leste do Zaire. A chegada dos refugiados desestabilizou a região, habitada há mais de 200 anos pelos tutsis baniamulenges, inimigos históricos dos hutus. Sentindo-se negligenciados por Mobutu, que tolerou a presença dos hutus na região, os baniamulenges iniciaram uma rebelião em outubro de 1996, liderados por Laurent-Désiré Kabila, revolucionário marxista, apoiado pelo governo da República Popular da China. O movimento contou com o apoio decisivo da vizinha Uganda e do regime tutsi de Ruanda, e ganhou rapidamente a adesão da população, insatisfeita com a pobreza e a corrupção no governo.
  Nos meses seguintes, aumentaram os choques entre a guerrilha, batizada de Aliança das Forças Democráticas pela Libertação do Congo-Zaire (AFDL) e o Exército, que enfrentou deserção em massa. A escalada da ofensiva coincidiu com a ausência de Mobutu, que viajou para a Europa em agosto para submeter-se a tratamento médico para câncer (cancro, em português europeu) na próstata. Apesar de muito doente, retornou ao território em dezembro com o objetivo de deter a rebelião. Em 1997, a guerra civil alastrou-se pelo território, nos sentidos Norte-Sul, Leste-Oeste. Em fevereiro, a Força Aérea bombardeou as cidades de Bukavu, Shabunda e Walikake, sob controle rebelde. Mobutu propôs cessar-fogo à guerrilha em março, mas a AFDL não negociou. No mesmo mês, os rebeldes conquistaram Lubumbashi, Mbuji-Mavi (a "capital dos diamantes") e Kisangani (as três maiores cidades depois de Kinshasa).
Likasi - com uma população de 422.414 habitantes (estimativa 2019) é a sétima maior cidade da RDC
  Os rebeldes propuseram ao Exército a ocupação pacífica de Kinshasa e, em 17 de maio de 1997, entraram na capital sob aplausos da população. Laurent-Désiré Kabila assumiu o poder e retomou o antigo nome do país - República Democrática do Congo - adotado em 1964 e 1971. No dia anterior à tomada de Kinshasa, Mobutu partiu para o Palácio Gbadolite (o "Versalhes africano"), na selva, de onde fugiu para o Togo. Mobutu faleceu no dia 7 de setembro de 1997 em Rabat, no Marrocos.
  Apesar da promessa de democracia, um dos primeiros atos do novo governo foi a suspensão dos partidos e a proibição de manifestações políticas. As medidas autoritárias e o rompimento de Laurent-Désiré Kabila com Ruanda e Uganda provocaram insatisfação popular, sobretudo dos antigos aliados, os tutsis baniamulenges. Em janeiro de 1998, militares baniamulenges se amotinaram contra o regime. Em fevereiro, o governo prendeu chefes tribais e professores universitários na região de Kivu, leste do país, onde vivem os tutsis. A revolta se alastrou, recebendo o apoio ruandês e ugandense contra Laurent-Désiré Kabila e, em junho, degenerou uma guerra civil. Os combates contra o governo ocorreram nos sentidos Norte-Sul e Leste-Oeste, repetindo a trajetória da ofensiva que no ano anterior depusera Mobutu e levou Kabila ao poder.
Laurent-Désiré Kabila (1939-2001)
  Enfraquecido, Laurent-Désiré Kabila pediu socorro a Angola, Zimbábue e Namíbia para frear o avanço dos tutsis baniamulenges, que já ocupavam grandes áreas do território congolês e ameaçavam invadir Kinshasa. Em 2 de agosto, tropas, tanques, aviões e helicópteros dos três países entraram no Congo e atacaram posições dos rebeldes. Em resposta, Uganda e Ruanda ameaçaram intervir diretamente. A entrada de forças estrangeiras no conflito deteve a revolta militar contra Laurent-Désiré Kabila em menos de duas semanas, mas obrigou o presidente a prometer eleições gerais para 1999. No mesmo ano, foi assinado o Acordo de Lusaka, firmando um cessar-fogo. Contudo, ele não foi cumprido e a ONU organizou uma missão de paz no país.
  Visando a conquista de extensas jazidas de diamantes no país, Ruanda e Uganda passaram a apoiar milícias diferentes.
Bukavu - com uma população de 225.389 habitantes (estimativa 2019) é a décima maior cidade da RDC
  Em 2001, Laurent-Désiré Kabila foi morto por seu guarda-costas. Joseph Kabila, seu filho, assumiu o governo, iniciou o processo de paz e prometeu eleições. Acordos para a democratização avançaram.
  Em abril de 2003, mil pessoas da minoria Hena foram massacradas numa região ainda marcada por confrontos, rica em ouro. No fim desse ano iniciou-se a ação do governo provisório.
Joseph Kabila
  Em 23 de junho de 2004, o Tribunal Penal Internacional (TPI), decidiu abrir uma investigação sobre a guerra civil pelo qual a República Democrática do Congo sofreu entre as décadas de 1990 e início dos anos 2000. Thomas Lubanga Dyilo, um ex-líder rebelde, foi preso e acusado de ser o principal culpado pelos crimes de guerra ocorridos na República Democrática do Congo, além de ser co-autor do alistamento e recrutamento de crianças menores de 15 anos para a Força Patriótica para a Libertação do Congo (FPLV) e usá-las para participar ativamente nas hostilidades, no contexto de um conflito armado interno, a partir de 1 de setembro de 2002 a 13 de agosto de 2003.
  Foi condenado, em 10 de julho de 2012, mais de oito anos após a abertura do processo criminal, a um total de 14 anos de prisão. Essa foi a primeira condenação desde a criação do Tribunal Penal Internacional. Ele está detido no Centro de Detenção de Haia.
Thomas Lubanga Dyilo - condenado a 14 anos por ser o principal responsável pela guerra civil na RDC entre a década de 1990 e início dos anos 2000
  German Katanga, também conhecido como "Simba", comandante alegado da Força de Resistência Patriótica em Ituri (FRPI), teve mandado de prisão expedido em 25 de junho de 2007 pelo Tribunal Penal Internacional, tendo-se rendido ao Tribunal e transferido para o Centro de Detenção em Haia, em 17 de outubro de 2007. German Katanga é acusado de ter supostamente cometido, através de outras pessoas: três crimes contra a humanidade (assassinato, escravidão sexual e estupro), e sete crimes de guerra (usar crianças com menos de 15 anos de idade para participar ativamente das hostilidades, deliberar um ataque contra uma população civil ou contra civis individuais e pessoas civis que não participem diretamente nas hostilidades, homicídio intencional, destruição de propriedade, saque, escravidão sexual e estupro).
  Em 7 de março de 2014, Katanga foi condenado pelo Tribunal Penal Internacional por cinco acusações de crimes de guerra e crimes contra a humanidade, e pelo extermínio da aldeia de Bogoro, em fevereiro de 2003. O veredicto foi a segunda condenação em 12 anos de funcionamento do Tribunal Penal Internacional.
Germain Katanga - outro congolês condenado pelos crimes de guerra
  No início de 2006, na sequência da ratificação de uma nova Constituição, aprovada por referendo, cuja aprovação foi de 84,31% dos eleitores, a bandeira do país foi alterada, assumindo um modelo semelhante ao já utilizado no período entre 1963 e 1971. Em 30 de junho de 2006 realizaram-se as eleições, onde Joseph Kabila obteve 57% dos votos.
Kolwezi - com uma população de 418.020 habitantes (estimativa 2019) é a oitava maior cidade da RDC
GEOGRAFIA
  A República Democrática do Congo é cortada pelo rio Congo como um "U" invertido, que é a principal fonte de abastecimento de água do país. Esse rio nasce na Zâmbia, entra no país ao sul, percorrendo a RDC no sentido norte com o nome de Lualaba, formando uma das maiores bacias hidrográficas do mundo, a Bacia do Congo e sua vasta floresta equatorial (Floresta do Congo), recebendo águas do sistema Luapula-Luvua, vindos da região norte da Zâmbia, onde localiza-se sua real nascente no rio Chambeshi; e outras águas oriundas do Lago Tanganica pelo rio Lukuga a leste. Contornando a enorme planície congolesa para oeste e novamente para sul e sudoeste, fazendo fronteira com a República do Congo, recebendo águas dos seus outros grandes afluentes, como os rios Ubangi e Cassai, desaguando no Oceano Atlântico na fronteira com Angola.
Rio Congo
  A leste desta imensa planície florestal selvagem, erguem-se os maciços e montanhas, formando vales e desfiladeiros provenientes e causados pela ação do tectonismo do Rift Valley Ocidental, os quais formaram os Grandes Lagos Africanos, e as principais cadeias montanhosas, como os montes Mitumba, Virunga e Ruwenzori. Esta última cadeia faz parte da fronteira leste com Uganda, dividindo o ponto mais elevado entre os dois países: o Monte Stanley (ou Monte Margherita) e seus 5.109 metros acima do nível do mar, a terceira maior montanha da África.
Monte Stanley - ponto culminante da República Democrática do Congo
  Na República Democrática do Congo estão localizados os dois principais vulcões da África: o Monte Nyiragongo e o Monte Nyamuragira, em área próxima à cidade de Goma e à fronteira com Ruanda. Juntos, esses dois vulcões são responsáveis por 40% das erupções vulcânicas históricas da África.
  O Monte Nyiragongo é um estratovulcão ativo que está localizado nas Montanhas Virunga. Possui uma altitude de 3.470 metros e sua cratera principal está localizada a 250 metros de profundidade, à dois quilômetros da borda do vulcão e, às vezes, contém lagos de lava.
Monte Nyiragongo
  O Monte Nyamuragira é um vulcão em escudo ativo nas Montanhas Virunga. Foi descrito como o vulcão mais ativo da África e entrou em erupção 30 vezes desde 1880. Assim como as erupções do topo, houve inúmeras erupções dos flancos do vulcão, criando novos vulcões menores que duraram somente um curto período de tempo (o Murara durou entre 1976 a 1977). Esse vulcão é responsável por uma grande porção do dióxido de enxofre liberado na atmosfera por vulcões.
Monte Nyamuragira
  O clima predominante na República Democrática do Congo é o equatorial, quente e úmido, com chuvas frequentes quase o ano todo graças à elevada umidade da floresta e do grande número de rios perenes. Nos planaltos e montanhas a leste, predomina o clima tropical de altitude e o subtropical, com temperaturas amenas. São poucas áreas que recorrem ao clima seco de savanas.
Imagem de satélite da República Democrática do Congo
  Alguns parques importantes são: o Parque Nacional de Virunga e o Parque Nacional Maiko.
  O Parque Nacional de Virunga (anteriormente Parque Nacional Albert), encontra-se desde as Montanhas Virunga até os Montes Ruwenzori, limitando o Parque Nacional dos Vulcões, em Ruanda, e o Parque Nacional dos Montes Ruwenzori, em Uganda. Cobre uma área aproximada de 7.800 km² e foi estabelecido em 1925 como o primeiro parque nacional da África. Foi classificado como Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1979.
Parque Nacional de Virunga
  O Parque Nacional Maiki está localizado em uma das áreas florestais mais remotas do país e abrange uma área de 10.885 km². É dividido em três setores, entre os estados do Kivu do Norte, a Província Oriental e Maniema. Três das espécies endêmicas da República Democrática do Congo são encontradas nesse parque: o gorila Grauer, o ocapi e o pavão-do-congo. Maiko é também um importante local para a conservação do elefante africano da selva, o chimpanzé oriental e o gene aquático endêmico.
Parque Nacional Maiko
POPULAÇÃO
  De acordo com projeções da Organização das Nações Unidas (ONU) para 2019, a população da República Democrática do Congo é de 86.727.573 de habitantes, sendo o quarto país mais populoso do continente africano - atrás apenas da Nigéria (193.392.517 habitantes), da Etiópia (98.665.000 habitantes) e do Egito (98.313.500 habitantes) - e o décimo sexto mais populoso do mundo.
Mulher da etnia Kongo
  No país, aproximadamente 250 grupos étnicos foram identificados e nomeados, sendo as etnias mais numerosas Kongo, Luba e Mongo. Existem cerca de 700 línguas e dialetos, sendo um dos países com o maior número de dialetos do mundo. As línguas mais faladas são o francês, kongo, tshiluba, suaíli e lingala. Cerca de 95% dos congoleses são cristãos.
  Muitos congoleses emigram de seu país buscando um padrão de vida melhor no exterior. O país mais procurado pelos emigrantes é a França (com aproximadamente 19 mil congoleses), Canadá (com 14.125 congoleses) e Angola (com cerca de 1 milhão de congoleses).
Tshikapa - com uma população de 267.462 habitantes (estimativa 2019) é a nona maior cidade da RDC
ECONOMIA
  A economia da República Democrática do Congo depende fortemente da mineração. Essa atividade, no entanto, ocorre principalmente no setor informal e não é refletido no PIB (Produto Interno Bruto).
  As empresas estrangeiras retraíram-se devido à incerteza quanto ao resultado dos conflitos, à falta de infraestrutura e ao difícil ambiente empresarial. A guerra intensificou o impacto de problemas básicos, como uma moldura legal incerta, corrupção, inflação e falta de abertura nas políticas econômicas e operações financeiras do governo.
Garimpeiros procurando ouro em uma mina na República Democrática do Congo
  A região congolesa de Katanga possui alguns dos melhores depósitos mundiais de cobre e cobalto. Outras áreas do país possui fontes ricas de minerais diversos, incluindo diamantes, ouro, ferro e urânio. Após anos de guerras, ditaduras e tumultos, a infraestrutura da República Democrática do Congo ou está em ruínas ou é inexistente, e as operações de extração estão produzindo apenas uma fração de seu potencial.
  A agricultura representa cerca de 55% do PIB do país. Antes dominado por grandes empresas transnacionais, dedicadas aos cultivos de cacau, café e dendê, o setor baseia-se cada vez mais na agricultura de subsistência.
Agricultores trabalhando na colheita do arroz na República Democrática do Congo
CULTURA
  A cultura da República Democrática do Congo reflete a diversidade das suas centenas de grupos étnicos e suas diferentes formas de vida em todo o país, da foz do Rio Congo na costa, através do rio, acima da selva e savana, no seu centro, para as montanhas mais densamente povoadas no extremo leste.
  Fora da África, qualquer música da República Democrática do Congo (como também da República do Congo) é chamada soukous, que refere-se a uma dança popular do final dos anos 1960. O termo rumba ou rock-rumba também é usado geralmente para referir-se à música congolesa, embora ambas palavras tenham as suas próprias dificuldades e nem sejam muito exatas nem exatamente descritivas. No Congo não há nenhum termo específico da sua própria música, a não ser a expressão "muziki na biso" (nossa música).
Principais línguas bantus na República Democrática do Congo
  A música congolesa teve influência nos estilos musicais da África Subsaariana, onde surgiu uma quarta geração de músicos liderados fundamentalmente pelos integrantes do dividido grupo musical Wenge Musica 4X4, causado pela rivalidade entre as duas figuras emblemáticas do grupo, JB Mpiana e Werrason. Existe uma quinta geração na música congolesa, liderada pelos músicos Fally Ipupa, do antigo grupo Quartier Latin, Koffi Olomide e Ferre Gola, provenientes do grupo Maison Mère de Werrason. Outros músicos desta geração são: Didier Kalonji, Celeo Scram, Didier Lacoste, Jus d'Eté, Fabricas, Heritie Watanabi, Baby Ndombe, todos ex-integrantes do grupo Maison Mere, Solei Watanga, Jipson Butukundolo, Modogo Abarambua, Samy Shiton, Suzuki Luzubu, Babia Ndonga Chokoro, todos ex Quartien Latin e outros tantos de menor sucesso e impacto na nova geração.
Vídeo sobre a República Democrática do Congo (Fonte: TV Brasil)
ALGUNS DADOS SOBRE A REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO
NOME: República Democrática do Congo
INDEPENDÊNCIA: da Bélgica, em 30 de junho de 1960
CAPITAL: Kinshasa
Avenida em Kinshasa - capital da República Democrática do Congo
GENTÍLICO: congolês(esa), congolense, conguês(a)
LÍNGUA OFICIAL: francês (Lingala, Quincongo, Kituba, Suaíli e Tshiluba têm status de línguas nacionais)
GOVERNO: República Semipresidencialista
LOCALIZAÇÃO: África Central
ÁREA: 2.344.858 km² (11º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa para 2019): 86.727.573 habitantes (16°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 36,98 hab./km² (143°). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CRESCIMENTO POPULACIONAL (ONU - Estimativa 2019): 3,22% (9°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma  determinada população.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa para 2019):
Kinshasa: 7.785.965 habitantes
Kinshasa - maior cidade da RDC e terceira maior do continente africano
Lubumbashi: 1.373.770 habitantes
Lubumbashi - segunda maior cidade da RDC
Mbuji-Mayi: 874.761 habitantes
Mbuji-Myi - terceira maior cidade da RDC
PIB (FMI - 2018): US$ 38,873 bilhões (87º). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
PIB PER CAPITA (FMI 2018): US$ 476,00 (176°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população. 
IDH (ONU - 2018): 0,457 (176°). Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
  Muito alto
  Alto
  Médio
  Baixo
  Sem dados
Mapa do IDH
EXPECTATIVA DE VIDA (OMS - 2018): 47,42 anos (190º). Obs: a expectativa de vida refere-se ao número médio de anos para ser vivido por um grupo de pessoas nascidas no mesmo ano, se a mortalidade em cada idade se mantém constante no futuro, e é contada da maior para a menor.
TAXA DE NATALIDADE (ONU - 2018): 42,96/mil (10º). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é classificada do maior para o menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2018): 76,63/mil (210°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é classificada do menor para o maior.
Mapa da taxa de mortalidade infantil no mundo
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2018): 4,54 filhos/mulher (25°). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é classificada do maior para o menor.
Mapa da taxa de fecundidade no mundo
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2018): 66,8% (182º). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
Mapa da taxa de alfabetização no mundo
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2018): 34,7% (150°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
Mapa da taxa de urbanização no mundo
MOEDA: Franco Congolês
RELIGIÃO: católicos romanos (49,7%), cristãos independentes (20,8%), protestantes (19%), outras religiões cristãs (5,7%), outras religiões (4,3%), sem religião (0,5%).
Templo de Nkamba, do kimbanguismo
DIVISÃO: a República Democrática do Congo é basicamente subdividida em províncias. Cada província tem um governador. Até 2006 haviam onze províncias. Com a aprovação da Constituição neste ano, foi definido que, num prazo máximo de 36 meses fossem instituídas novas províncias, totalizando atualmente 25 províncias e Kinshasa, cidade com status de província. Os números correspondem à província no mapa e entre parênteses as capitais: 1. Kinshasa (Kinshasa) 2. Congo Central (Matadi) 3. Kwango (Kenge) 4. Kwilu (Kikwit) 5. Mai-Ndombe (Inongo) 6. Kasai (Luebo) 7. Lulua (Kananga) 8. Kasai Oriental (Mbuji-Mayi) 9. Lomami (Kabinda) 10. Sankuru (Lodja) 11. Maniema (Kindu) 12. Sud-Kivu (Bukavu) 13. Nord-Kivu (Goma) 14. Ituri (Bunia) 15. Haut-Uele (Isiro) 16. Tshopo (Kisangani) 17. Bas-Uele (Buta) 18. Nord-Ubangi (Gbadolite) 19. Mongala (Lisala) 20. Sud-Ubangi (Gemena) 21. Équateur (Mbandaka) 22. Tshuapa (Boende) 23. Tanganyika (Kalemie) 24. Haut-Lomami (Kamina) 25. Lualaba (Kolwezi) 26. Haut-Katanga (Lubumbashi).
Mapa da RDC com suas respectivas províncias
REFERÊNCIA: Baldraia, André
Ser protagonista: geografia, 3° ano: ensino médio / André Baldraia, Fernando dos Santos Sampaio, Ivone Silveira Sucena: organizadora Edições SM: editor responsável Flávio Monzatto de Souza. - 3. ed. - São Paulo: Edições SM, 2016. - (Coleção ser protagonista).

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