terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

O KEYNESIANISMO E O INTERVENCIONISMO ESTATAL

  A depressão que se seguiu após 1929 pôs em xeque a lógica liberal. Atribuíam-se à competição desenfreada e à superprodução as causas da convulsão. Na década da crise, surgiriam os trabalhos daquele que viria a ser o mais importante economista do século XX: John Maynard Keynes (1883-1946) e sua obra principal, Teoria geral do emprego, do juro e da moeda, escrita em 1936 e que consiste numa organização político-econômica, oposta às concepções liberais, fundamentada na afirmação do Estado como agente indispensável de controle da economia, com o objetivo de conduzir a um sistema de pleno emprego. Tais teorias tiveram uma enorme influência na renovação das teorias clássicas e na reformulação da política de livre-mercado.
John Maynard Keynes - autor da teoria do keynesianismo
  A escola keynesiana se fundamenta no princípio de que o ciclo econômico não é auto-regulado como defendem os neoclássicos, uma vez que é determinado por um suposto "espírito animal" (animal spirit, no original inglês) dos empresários.
  A teoria keynesiana parte do pressuposto de que o mercado não pode nem deve ficar desregrado; faz-se necessária uma forte intervenção do Estado na economia, exatamente o oposto do que preconizava seu antecessor, Adam Smith, cujas ideias nortearam o liberalismo clássico, principal vertente do capitalismo até então. Agora o liberalismo estava em baixa, e eram as ideias de Keynes que iriam se sobrepor. Entre elas, estava a garantia do pleno emprego como forma de manter aquecido o mercado, já que o trabalhador empregado é um consumidor em potencial - e era o Estado que deveria oferecer essa garantia. Outra pregação keynesiana é a forte intervenção do Estado em prol de uma política de redução de juros, a fim de desestimular o investimento no setor financeiro e o redirecionamento para o setor produtivo. O Estado deveria patrocinar vultosos investimentos públicos como forma de manter a economia em pleno funcionamento.
Fila de desempregados nas ruas de Nova York após a Grande Depressão de 1929
  O keynesianismo ascendia à condição de principal corrente do pensamento econômico no momento da maior crise da história do capitalismo. Suas ideias influenciaram os principais governantes da época que buscavam saídas para a crise. A influência mais notável foi no New Deal, o plano de recuperação econômica para a Grande Depressão, do presidente estadunidense  Franklin D. Roosevelt, que governou os Estados Unidos de 1933 a 1945.
  A teoria de Keynes é baseada no princípio de que os consumidores aplicam as proporções de seus gastos de bens e poupança, em função da renda. Quanto maior a renda, maior porcentagem desta é poupada. Assim, se a renda agregada aumenta em função do aumento do emprego, a taxa de poupança aumenta simultaneamente; e como a taxa de acumulação de capital aumenta, a produtividade marginal do capital reduz-se e o investimento é reduzido, já que o lucro é proporcional à produtividade marginal do capital. Então ocorre um excesso de poupança em relação ao investimento, o que faz com que a demanda (procura) efetiva fique abaixo da oferta e, assim, o emprego se reduza para um ponto de equilíbrio em que a poupança e o investimento fiquem iguais. Como esse equilíbrio pode significar a ocorrência de desemprego involuntário em economias avançadas (onde a quantidade de capital acumulado seja grande e sua produtividade pequena), Keynes defendeu a tese de que o Estado deveria intervir na fase recessiva dos ciclos econômicos com sua capacidade de imprimir moeda para aumentar a procura efetiva através de déficits do orçamento do Estado e assim manter o pleno emprego.
Teoria proposta por Keynes
  O ciclo de negócios, segundo Keynes, ocorre porque os empresários têm "impulsos animais" psicológicos que os impedem de investir a poupança dos consumidores, o que gera desemprego e reduz a demanda efetiva novamente e, por sua vez, causa uma crise econômica. A crise, para terminar, deve ter uma intervenção estatal que aumente a demanda efetiva através do aumento dos gastos públicos.
  Keynes, porém, nunca defendeu a estatização da economia, nos moldes em que foi feita na União Soviética. O que ele defendia na década de 1930 e que os novos desenvolvimentistas defendem atualmente é uma participação ativa de um Estado enérgico nos segmentos da economia que, embora necessários para o bom desenvolvimento de um país, não interessam ou não podem ser atendidos pela iniciativa privada.
  Após a Segunda Guerra Mundial, o keynesianismo consolidou-se como modelo econômico e foi hegemônico na Europa e nos Estados Unidos até meados dos anos 1970, quando passou a ser questionado pelos chamados monetaristas, críticos da política de limitação ao investimento financeiro.
Charge ironizando o setor privado na economia com base na teoria keynesiana
REFERÊNCIA: Silva, Edilson Adão Cândido da
Geografia em rede, 1º ano / Edilson Adão Cândido da Silva, Laércio Furquim Júnior. - 2. ed. - São Paulo: FTD, 2016. - (Coleção geografia em rede).

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