A Grécia é um país localizado no sul da Europa. Seu território é formado por uma área continental, milhares de ilhas e banhado por três mares.
Os conhecimentos e as ideias da Grécia Antiga formam uma das bases da cultura da Europa e de todos os lugares que receberam influência europeia.
Os conhecimentos e as ideias da Grécia Antiga formam uma das bases da cultura da Europa e de todos os lugares que receberam influência europeia.
Uma contribuição fundamental da cultura grega à humanidade foi o conceito de democracia, desenvolvido na cidade de Atenas por volta do ano 500 a.C.
Os antigos gregos alcançaram grandes avanços na filosofia e criaram os fundamentos do pensamento científico. Destacaram-se ainda em áreas diversas do conhecimento, como a matemática, a história e a geografia. Por volta de 250 a.C., o filósofo Aristóteles já produzia mapas.
Nas artes, os gregos foram notáveis, principalmente na escultura e no teatro. As peças do teatro grego antigo são apresentadas ainda hoje no mundo moderno.
A Grécia atual e a chamada Grécia Antiga não são a mesma coisa. Atualmente, a Grécia é um país com governo e fronteiras definidas. A Grécia Antiga não era um país unificado, mas uma porção de cidades independentes, com seus governos e suas leis.
Foi a partir do segundo milênio antes de Cristo que diversos povos (aqueus, jônios, eólios e dórios) começaram a se estabelecer na região da Grécia. Ali misturaram seu modo de ser e de viver e, ao longo do tempo, construíram certa unidade cultural que ficou conhecida como Grécia Antiga ou Hélade.
Aqueus, jônios, eólios e dórios se reconheciam como helenos e nunca chamaram a si próprios de gregos. O termo grego é de origem romana. Com o tempo, esses dois termos, gregos e helenos, foram utilizados para se referir à Grécia Antiga.
Formação das cidades
A partir do século VIII a.C., formaram-se na Grécia Antiga cidades que eram chamadas de pólis. Essas cidades-Estado independentes criaram seu governo, suas leis, seu calendário e sua moeda.
A parte urbana e a parte rural de cada pólis eram diferentes. Na parte urbana era comum existirem praças, construções públicas, templos e oficinas, onde os artesãos produziam tecidos, roupas, sandálias, armas, cerâmicas, vidros, entre outros produtos. Na parte rural, era comum a população cultivar oliveiras, trigo e cevada, assim como criar cabras, ovelhas, porcos e cavalos.
No mundo grego, surgiram diversas cidades, como Atenas, Esparta, Messena, Mégara, Corinto e Tebas. Entre elas, Atenas e Esparta destacaram-se pela liderança que tiveram em certas ocasiões.
Colonização grega
Por volta dos séculos VIII a.C. e VI a.C., aconteceram várias migrações de povos gregos. Nessa época, muitos gregos saíram das cidades onde nasceram e foram viver em outras regiões, onde fundaram colônias.
Dentre os motivos que contribuíram para essa intensa migração, estavam: a escassez de terras para a agricultura na parte continental da Grécia, o grande crescimento populacional, os conflitos internos e o crescimento do comércio, que estimulou os comerciantes a ir atrás de matérias-primas em outros locais.
No início, a atividade econômica mais importante nas colônias gregas era a agricultura. Mais tarde, muitas colônias transformaram-se em centros comerciais que faziam trocas entre várias regiões. Na região da Trácia, na parte sul da Península Itálica e na região da Ásia Menor (atual Turquia) os gregos fundaram várias colônias.
A colonização ajudou no desenvolvimento da navegação, fez crescer o comércio e o artesanato. Além disso, favoreceu as trocas culturais entre os gregos e outros povos.
A primeira civilização a aparecer na Grécia foi a civilização Minoica, no mar Egeu. Essa cultura desenvolveu-se entre os anos de 2.600 a.C. e 1.450 a.C. Aparentemente, eram um povo pré-indo-europeu. Sua língua, conhecida como Eteocretense e desprovida de relação com o idioma grego, é provavelmente o que se vê no sistema de escrita denominado Linear A, encontrado na ilha de Creta.
Os minoicos eram um povo que viviam do comércio, principalmente do marítimo. Na vida religiosa, destacava-se o simbolismo, a ausência de templos e a proeminência de divindades femininas.
Apesar das causas da queda desse povo serem incertas, o mais provável é que eles foram dominados pelos micênios, um povo da Grécia continental.
A Grécia Micênica, também conhecida como "Grécia da Idade do Bronze", é o nome dado à civilização da Idade do Bronze do período Heládico Antigo (entre 2.500-1.900 a.C.). A cultura grega desse período durou desde a chegada dos gregos ao Egeu - por volta de 1.600 a.C. - até o colapso de sua civilização (por volta de 1.100 a.C.). É a esse período que refere-se o trabalho épico de Homero, bem como muitos fatos que aconteceram na mitologia grega.
O período Micênico teve seu nome adotado a partir do sítio arqueológico de Micenas, cidade situada a nordeste da Argólida, uma região do Peloponeso (enorme península no sul da Grécia). Atenas, Pilos, Tebas e Tirinto também são importantes sítios arqueológicos do período micênico grego.
A Civilização Micênica era dominada por uma aristocracia guerreira. Por volta de 1.400 a.C., os micênios estenderam seu controle sobre Creta, o centro da Civilização Minoica, e adotaram uma forma de escrita minoica para que pudessem registrar sua primitiva língua grega. Ao novo sistema de grafia (símbolos minoicos representando a nova língua grega), o sistema de escrita micênico, se convencionou chamar de Linear B.
Os micênios enterravam seus nobres em tolos - grandes câmaras de sepultamento circular com um alto teto abobadado e uma passagem de entrada aberta em forma retangular, alinhada com as pedras das quais era feito o sepulcro. Era comum enterrarem equipamentos militares com o falecido. A aristocracia frequentemente enterrava seus entes com máscaras de ouro, tiaras, armaduras e armas incrustadas de jóias. Os micênios eram enterrados na posição sentada e alguns indivíduos da aristocracia eram mumificados.
Por volta de 1.100 a.C., a Civilização Micênica começou a entrar em colapso. Várias cidades foram saqueadas e a região entrou para a chamada Idade das Trevas. Durante esse período, a Grécia viveu um declínio, tanto populacional quanto literário. Os gregos atribuíam esse declínio à invasão da região pelos povos Dórios.
A Idade das Trevas (1.200-800 a.C.) refere-se ao período da pré-história grega que começou com a invasão dórica, ocasionando o fim da Civilização Micênica, e terminando com a ascensão das primeiras cidades-Estado gregas, no século IX a.C., com os poemas épicos de Homero e as primeiras instâncias da escrita alfabética grega, no século VIII a.C.
O colapso micênico coincidiu com a queda de vários outros grandes impérios no Oriente Próximo, especialmente o Império Hitita e o Império Egípcio.
Atenas
A cidade de Atenas fica bem perto do Mar Egeu. Como em outras cidades-Estado gregas, o centro de Atenas situava-se em uma colina chamada acrópole (cidade alta).
Ao longo de sua história, os atenienses transformaram o jeito de governar sua cidade. Até meados do século VIII a.C., Atenas era comandada por um rei, que fazia tarefas de juiz, sacerdote e chefe militar.
No final do século VII a.C., o poder do rei passou a ser exercido por representantes da aristocracia. Faziam parte da aristocracia ateniense os eupátridas, palavra que significa "bem-nascido" ou nascido nas famílias nobres. Nessa época, uma pessoa que não pagava suas dívidas podia se tornar escravo do credor. Tempos depois, a escravidão por dívidas foi proibida em Atenas.
Diante do poder da aristocracia, grande parte dos atenienses (comerciantes, artesãos, camponeses etc.) começou a exigir reformas sociais. Essas reformas fizeram parte de um longo processo de lutas nas quais os atenienses se uniram para conquistar o direito de participar do governo da cidade. O processo culminou com a criação de uma nova maneira de governar Atenas, que foi chamada de democracia. Porém, na Atenas Antiga, cidadãos eram só os homens maiores de 21 anos nascidos na cidade. Estrangeiros, escravos, mulheres e menores de 21 anos não tinham direito à cidadania.
Os cidadãos atenienses podiam ocupar cargos públicos e participar da Assembleia do Povo (Eclésia), que aprovava ou rejeitava projetos sobre a vida da cidade. Nessas Assembleias, a participação era direta: cidadãos compareciam pessoalmente para votar os assuntos da vida pública.
Antes das votações, os cidadãos debatiam os assuntos nas lojas, nas praças, nos mercados ou enquanto comiam. Eles decidiam quais obras deveriam ser construídas, onde aplicar o dinheiro, com quem deveriam manter a paz ou declarar guerra.
Quem representasse perigo para a democracia poderia ser punido com o ostracismo, ou seja, a expulsão de Atenas por um período de dez anos. O ostracismo era uma punição grave e foi aplicado poucas vezes.
O órgão que elaborava os projetos públicos era o Conselho dos Quinhentos, composto de 500 cidadãos sorteados todo ano. Os projetos que fossem aprovados eram executados pelos estrategos, uma espécie de chefe de governo que cuidava da administração e, quando havia guerra, cuidava também dos assuntos militares.
No século V a.C., sob a liderança de Péricles, os atenienses consolidaram sua democracia. Péricles foi estratego por cerca de 15 anos. Durante seu governo, Atenas atingiu prosperidade econômica e esplendor cultural. Ele construiu grandes obras e embelezou a cidade, encomendando trabalhos a grandes artistas. A democracia ateniense, por ser direta, era bem diferente das democracias atuais, que é uma democracia representativa, como é o caso do Brasil, onde os cidadãos e as cidadãs elegem seus representantes para o Parlamento ou para o Governo.
Na fase democrática, os habitantes de Atenas eram divididos em três grupos sociais:
No século IV a.C., milhares de escravos viviam em Atenas. Calcula-se que as famílias de cidadãos ou metecos ricos chegavam a ter vinte escravos trabalhando em suas casas. A família que não tivesse pelo menos um escravo era considerada pobre. No meio urbano, os escravos podiam trabalhar nas casas, nas oficinas de artesanato, nos mercados, nos portos, nas escolas e outros estabelecimentos. Misturados à população livre, não usavam nada que os identificasse como escravos.
Havia também escravos nas minas de chumbo ou de prata que levavam uma vida extremamente difícil e arriscada. Eles trabalhavam em túneis estreitos e quentes. Além disso, para impedir as fugas desses escravos, muitos proprietários os acorrentavam dentro das minas.
Em Atenas, a escravidão era a forma de trabalho predominante. Mas muitos cidadãos e metecos também tinham que trabalhar para se sustentar.
Na Atenas Antiga as escolas eram particulares e nem todas as pessoas podiam pagá-las. Não havia escolas para meninas. Elas estudavam em casa.
Os meninos que iam à escola aprendiam a ler, escrever, fazer contas com o ábaco, tocar lira, cantar, dançar e recitar poesias. Era importante recitar bem, pois a poesia era para ser ouvida e não lida. Eles passavam as tardes no ginásio, fazendo exercícios e treinando.
Aos 15 anos, os jovens atenienses saíam da escola. Tornavam-se aprendizes de várias profissões, como oleiro, pedreiro, médico, entre outras. Se desejavam estudar mais, precisavam achar um professor, pois não havia universidades. Às vezes encontravam um filósofo que ensinava grupo de jovens, ao ar livre, na ágora ou no ginásio.
No início do século XVI, entre 1509 e 1511, o pintor renascentista italiano Rafael, elaborou um dos quadros mais famosos do artista, a "Academia de Atenas", também chamada de "Escola de Atenas". A obra foi encomendada pelo papa Júlio II. A importância da obra tem como objetivo demonstrar como a filosofia e a vida intelectual da Grécia Antiga foram vistas ao final do Renascimento.
A Acrópole de Atenas, também chamada de Cecropia, por conta de seu famoso fundador, Cécrope, é uma rocha íngreme que se ergue em meio a cidade, a cerca de 50 metros de altitude, com 350 metros de comprimento e 150 metros de largura; seus lados foram naturalmente esculpidos em todos os lados, exceto no extremo oeste, e é o mais importante monumento da Grécia Antiga.
Esparta
Esparta localizava-se na Península do Peloponeso, região onde o solo era adequado para cultivar trigo, videiras e oliveiras. Sua área urbana não era grande, se comparada à Atenas.
A cidade de Esparta tinha um governo diferente da democracia ateniense. Ali havia dois reis de famílias distintas, com funções religiosas e militares, e baseado numa oligarquia, onde um pequeno grupo controlava o poder da cidade de acordo com seus interesses.
Esparta tinha uma Assembleia (Ápela) da qual faziam parte os cidadãos, chamados de esparciatas. Porém, quem controlava o poder era um conselho de 30 anciãos chamado de Gerúsia, que era integrado pelos dois reis. Havia, também, cinco chefes de governo (éforos), eleitos anualmente pela Assembleia para executar as decisões da Gerúsia.
A sociedade espartana era fortemente estratificada. Os habitantes de Esparta eram divididos em três grupos sociais:
A educação espartana, recebia o nome técnico de agogê, apresentava as particularidades de estar concentrada nas mãos do Estado e estava orientada para intervenção na guerra
O governo de Esparta cuidava da educação dos jovens esparciatas. Ao nascer, a criança espartana só merecia cuidados se fosse saudável. Caso contrário, poderia ser morta ou abandonada.
A partir dos sete anos, os filhos dos cidadãos eram entregues à orientação do Estado, que tinha professores para educá-los.
O objetivo principal da educação era transformar os jovens em soldados vigorosos. Para isso, eram importantes os exercícios físicos, como salto, corrida, lançamento de disco e de dardo.
As crianças andavam descalças, para aumentar a resistência dos pés. Usavam um só tipo de roupa o ano inteiro, para que aprendessem a suportar as mudanças de temperatura - frio e calor, e a alimentação era controlada. Caso algum jovem fosse apanhado roubando alimentos, era castigado. O objetivo de tudo isso era preparar o jovem para a guerra.
Os adolescentes cuidavam da segurança da cidade. Porém, qualquer cidadão adulto podia vigiá-los e puni-los. O respeito aos mais velhos era uma regra básica. Na hora das refeições, os jovens deviam ficar calados, só respondendo de forma breve às perguntas que os adultos fizessem.
Com 20 anos, o jovem espartano ingressava no exército. Mas só aos 30 adquiria todos os direitos políticos.
As mulheres espartanas recebiam educação semelhante à dos homens, com torneios e atividades esportivas. A ideia era que, se elas tivessem corpos fortes, gerariam filhos sadios e fortes.
Nos treinamentos de batalha, as meninas se dedicavam ao arco e a flecha. Já os meninos eram especialistas em combate corporal, assim como em táticas defensivas e ofensivas.
Expansão e conflitos
O crescimento econômico das cidades gregas provocou disputas pelos mercados, rotas comerciais e matérias-primas da região. Entre as principais disputas estão:
Para controlar esse vasto território, o Império Persa foi dividido em províncias (chamadas satrapias) cujos administradores eram chamados sátrapas. Além disso, construíram grandes estradas ligando as principais cidades, destacando-se a Estrada Real, entre Susa e Sardes, com cerca de 2.600 km de extensão. Por essas estradas circulavam tropas, mercadores e mensageiros (serviço de correio) que andavam a cavalo.
Os persas conquistaram diversas cidades gregas da Ásia Menor. Depois avançaram em direção à região da Ática, onde se encontrava a cidade de Atenas.
Várias cidades gregas, lideradas por Atenas e Esparta, uniram-se para combater a invasão persa. Iniciadas em 499 a.C., as Guerras Greco-Pérsicas ou Guerras Médicas, duraram algumas dezenas de anos. O nome "Guerras Médicas" deriva de medos, um dos povos que deram origem ao Império Persa. Nela, os gregos alcançaram a vitória final por volta de 448 a.C.
As cidades que participavam da Liga forneciam navios, soldados e dinheiro, mas continuavam com sua autonomia. Entretanto, os atenienses foram assumindo cada vez mais o controle dos recursos dessa aliança. Aos poucos, a Liga de Delos tornou-se um conjunto de cidades dominadas por Atenas. Qualquer revolução com o intuito de deixar ou modificar a confederação seria punida.
Após os conflitos com os persas, o tesouro de Delos foi transferido para Atenas, resultando no fortalecimento dessa cidade sob o controle da confederação.
A revolta de cidades menores contra o domínio de Atenas, lideradas por Esparta, levou a criação de uma nova liga, a Liga do Peloponeso, resultando numa nova guerra, a Guerra do Peloponeso.
A primeira fase da guerra (conhecida como "Guerra dos Dez Anos" ou, menos frequentemente, como "Guerra de Arquídamo", devido ao rei espartano Arquídamo II) estendeu-se até 421 a.C., quando tomou lugar a Paz de Nícias. O general e líder ateniense Péricles afirmava que sua cidade lutava uma guerra defensiva, evitando a batalha contra as tropas terrestres de força superior dos espartanos, importando todo o necessário através da poderosa marinha ateniense: o plano era resistir por mais tempo do que Esparta podia lutar - os espartanos temiam ausentar-se de sua cidade por muito tempo devido às revoltas dos hilotas. No ano 430 a.C., Atenas sofreu com uma praga que dizimou um quarto de sua população, inclusive seu líder, Péricles.
Com a ausência de Péricles no governo e na liderança militar, elementos menos conservadores chegaram ao poder e Atenas partiu para a ofensiva. A cidade capturou cerca de 400 hilotas espartanos na Batalha de Pilos. Essa quantia representava uma fração significante da força ofensiva espartana, que terminou por decidir que não poderiam se dar ao luxo de perder. Enquanto isso, Atenas havia sofrido derrotas humilhantes em Decélia e em Anfípolis. O Tratado de Nícias foi concluído com a libertação espartana de seus reféns e a recuperação ateniense da cidade de Anfípolis.
Atenas e Esparta assinaram o Tratado de Nícias em 421 a.C., prometendo mantê-lo por 50 anos.
A segunda fase da Guerra do Peloponeso teve início em 415 a.C., quando Atenas embarcou na Expedição à Sicília (415-413 a.C.) para apoiar Segesta, cidade que pedira a ajuda ateniense após ser atacada por Selinunte, líder da cidade de Siracusa, que tentava obter a hegemonia sobre a Sicília.
Inicialmente, Esparta estava disposta a não ajudar sua aliada siracusana, da mesma forma que Nícias pedira a Atenas para não se intrometer no assunto, uma vez que o tratado de paz ainda estava de pé. Porém, Alcebíades, general ateniense de grande influência entre os jovens da época, terminou por convencer os atenienses a intervir no conflito, resultando na inflamação de Esparta, obrigando-a a entrar no conflito. A campanha foi um grande desastre e, provavelmente, a maior derrota sofrida pelos atenienses até então, com Nícias morto e Alcebíades desertando Atenas e juntando forças com Esparta.
A terceira fase da guerra ocorreu entre 412 a.C. e 404 a.C., com a fortificação de Decélia, na Ática, pelos espartanos, e revoltas generalizadas entre os aliados de Atenas, que estava falida e atormentada por convulsões políticas.
Em 407 a.C., Alcebíades seria substituído em Atenas devido a uma derrota naval na Batalha de Nócio. O general espartano Lisandro, fortalecendo o poder naval de sua cidade, saiu vitorioso nessa fase da guerra, colocando fim à Guerra do Peloponeso, em 404 a.C.
Ao final da guerra, os atenienses e seus aliados saíram derrotados. Foi então que os aristocratas espartanos dominaram o mundo grego durante cerca de 30 anos (404 a.C. a 371 a.C.).
Mais tarde, o domínio espartano também foi questionado por novas revoltas nas cidades gregas, dessa vez comandadas pelos líderes de Tebas. Após vencer as tropas espartanas, os tebanos conquistaram a supremacia entre os gregos por alguns anos (de 371 a.C. a 362 a.C.).
Em 336 a.C., o filho e sucessor de Filipe, Alexandre Magno (Alexandre, o Grande, como ficou conhecido), assumiu o trono macedônico e continuou a expansão militar. À frente de um poderoso exército, Alexandre conquistou um dos maiores impérios da Antiguidade.
Alexandre Magno, no entanto, não conseguiu montar um governo duradouro para um império tão grande. Quando ele morreu, aos 32 anos, seus generais começaram a disputar o poder e o Império Macedônico foi dividido.
A expansão macedônica ampliou o contato entre as culturas grega, egípcia, persa e de outros povos do Oriente. Esse processo de trocas culturais entre orientais e gregos resultou na cultura helenística.
Helenismo
O período helenístico da história grega tem início com a conquista da Grécia pela Macedônia, no século IV a.C., e estendeu-se até o século II a.C. Inicialmente governados por Filipe II, vencedor da Batalha de Queroneia, os macedônios não se limitaram à conquista da Grécia, logo partindo para o Oriente. O principal responsável por essas grandiosas conquistas foi Alexandre, o Grande.
Educado por Aristóteles, Alexandre assimilou valores da cultura grega e, após sufocar revoltas internas, partiu para a expansão territorial, tomando a Ásia Menor, a Pérsia e chegando até as margens do rio Indo, na Índia. Com a sua morte, em 323 a.C., o grande império que conquistara começou a se desintegrar. As divisões políticas e as constantes lutas internas levaram ao enfraquecimento do Império Macedônico e à sua posterior ocupação pelos romanos.
Entretanto, a grande obra de Alexandre da Macedônia, no plano cultural, sobreviveu ao esfacelamento do seu império territorial. O movimento expansionista promovido por Alexandre foi o responsável pela difusão da cultura grega pelo Oriente, fundando cidades (várias delas com o nome de Alexandria) que se tornaram verdadeiros centros de difusão dessa cultura. Os grandes centros da cultura helenística no Oriente eram Alexandria e Antioquia, capitais do Egito ptolemaico e da Síria selêucida, respectivamente. Outros centros importantes eram Esmirna, Selêucida do Tigre, Éfeso e Pérgamo, todas fora da Grécia continental.
Elementos gregos acabaram se fundindo com as culturas locais, dando origem à chamada cultura helenística ou helenismo.
O grande feito das conquistas de Alexandre foi favorecer o surgimento de uma nova cultura, herdeira da grega, mas diferente pela enorme dosagem de elementos orientais.
A cultura helenística caracterizou-se por apresentar uma arte mais realista, exprimindo violência e dor, componentes constantes dos novos tempos de guerras. Na arquitetura, predominavam o luxo e a grandiosidade - reflexo da imponência do Império Macedônico. Na escultura, turbulência e agitação eram traços significativos.
Nas ciências, vale destacar o avanço da Matemática com Euclides de Alexandria (300 a.C.-não se sabe ao certo o ano de sua morte), criador da Geometria; da Física com Arquimedes de Siracusa (287 a.C.-212 a.C.); e da Astronomia com Aristarco (310 a.C.-230 a.C.), Hiparco (190 a.C.-120 a.C.) e Ptolomeu (168 a.C.-90 a.C.), este último defensor do geocentrismo (a Terra como centro do Universo), teoria aceita até o início dos tempos modernos (séculos XV-XVI).
O helenismo originou ainda novas correntes filosóficas como:
GEOGRAFIA
A Grécia consiste de um território continental na extremidade sul dos Balcãs, da península do Peloponeso, separada do continente pelo canal de Corinto, e de numerosas ilhas, incluindo Creta, Rodes, Eubeia e os arquipélagos do Dodecaneso e das Cíclades, no mar Egeu, além das ilhas Jônicas, no mar Jônico.
Cerca de 80% do território grego é montanhoso ou, pelo menos acidentado. O ponto mais elevado do país é o Monte Olimpo, com uma altitude de 2.917, que também é considerado o quarto mais elevado da Europa. Está situado a cerca de 100 quilômetros de distância de Tessalônica, a segunda maior cidade grega.
O clima predominante na Grécia é o mediterrâneo, com um verão bastante quente e seco e com a ocorrência das canículas (ondas fortes de calor), e um inverno frio e chuvoso. Há também a influência dos climas temperado e frio de montanha. A cadeia de montanhas de Pindo afeta fortemente o clima do país, tornando o lado ocidental dela mais úmido que o lado oriental.
Cerca de 50% do território da Grécia é coberto por florestas, possuindo uma vegetação bastante heterogênea, com a presença de formações alpinas, vegetação mediterrânea e da floresta temperada.
A vegetação mediterrânea é composta por plantas adaptadas às constantes diferenças de temperatura, como folhas permanentes, pequenas e resistentes à evaporação, como os garrigues (arbustos e vegetação rasteira), os maquis (vegetação densa e espessa de árvores e arbustos) e as oliveiras.
Atualmente, o setor primário continua a exercer um grande papel na economia da Grécia. No país é significativa a ocorrência de recursos minerais, como ferro, manganês e níquel. Os principais produtos agrícolas cultivados no país são trigo, milho, cevada, beterraba, azeitona, uva, tabaco, batata, tomate e banana. Outros produtos derivados do setor primário bastante importantes são a carne, laticínios, pão, ovos e leite.
Na Grécia, a atividade industrial é pouco expressiva. A capital Atenas destaca-se como o centro mais importante, e nela se concentram cerca de dois terços das indústrias do país. Sobressam os setores têxtil, químico e naval.
No setor terciário o turismo é a principal atividade dominante, sendo responsável por cerca de 15% do PIB (Produto Interno Bruto).
Após a entrada da Grécia na União Europeia, em 1981, o país teve um grande crescimento econômico nos anos 1990. Atualmente, o país vem passando por uma grave crise econômica, provocada pela alta dívida pública. Mesmo com os planos de ajuda econômica aprovados pela União Europeia, o país amarga uma queda no PIB, o aumento do desemprego e a falta de credibilidade no mercado internacional.
Crise financeira
A Grécia é um dos países europeus mais afetados pela crise econômica que se instalou na União Europeia. Essa crise teve início em 2008, consequência de uma série de dificuldades referentes à adoção de medidas conjuntas entre os países-membros da União Europeia. Para viabilizar a entrada na União Europeia, o país contraiu enormes dívidas, e sua frágil estrutura econômica não garantiu crescimento econômico. As dívidas ampliaram-se ainda mais e o país foi levado a realizar cortes em benefícios sociais. Os cortes nos gastos públicos contribuiu para piorar a situação, pois a garantia de renda que havia para os desempregados foi drasticamente reduzida.
Em 2011, intensificou-se ainda mais a crise, pois a Grécia declarou que não tinha condições de pagar toda a dívida pública que se formou e, para evitar a suspensão do pagamento à União Europeia, o país teve que tomar uma série de medidas.
Vários movimentos sociais promoveram uma série de passeatas e de protestos no país a partir de 2012, exigindo uma alternativa viável para contornar a crise, com a manutenção do emprego e dos direitos sociais da população.
Atualmente, o desemprego entre os jovens com até 25 anos atinge mais de 25% da população. O déficit comercial externo é outro grande problema da economia grega, pois as importações aumentaram muito mais que as exportações desde a entrada do país no bloco europeu.
O pensamento grego tinha por base a razão e, por isso valorizava o ser humano (antropocentrismo - o homem como o centro do Universo), influenciando significativamente o racionalismo ocidental dos séculos seguintes. Sófocles (495 a.C.-406 a.C.) afirmava que "Muitos são os prodígios; entretanto, nada é mais prodigioso do que o homem". Os artistas e os pensadores que fizeram da cultura grega uma das mais imponentes, pertenciam, em geral, a uma elite sustentada por numerosos escravos e pequenos camponeses.
A religião grega caracterizou-se pelo politeísmo antropomórfico, ou seja, os gregos acreditavam em vários deuses que tinham formas e atributos semelhantes aos da espécie humana: suas fraquezas, paixões, virtudes. Mas uma característica fundamental distinguia os deuses humanos: a imortalidade, que se devia ao alimento do qual os deuses se nutriam: a ambrosia (segundo a mitologia grega, a ambrosia era o manjar, o néctar ingerido pelos deuses para reafirmarem sua imortalidade).
Os gregos acreditavam que muitos de seus deuses habitavam o Monte Olimpo, de onde comandavam o destino humano. Alguns de seus diversos mitos são personagens muito conhecidos, como Hércules, famoso por sua força extraordinária, ou Teseu, que em tempos remotos teria livrado a Grécia da opressão do Minotauro.
Entre as principais divindades estão: Zeus, senhor de todos os deuses; Atena, filha de Zeus, deusa da razão e da sabedoria e protetora da cidade de Atenas; Apolo, deus da luz e das artes; Dionísio, deus do vinho; e Poseidon, deus das águas.
O surgimento e a consolidação do teatro grego também podem ser associados à mitologia, pois se deram a partir das manifestações em homenagem à Dionísio (Baco, para os romanos). As tragédias gregas mais destacadas foram escritas por Ésquilo (325 a.C.-456 a.C.), Sófocles e Eurípedes (484 a.C.-406 a.C.). O maior representante da comédia grega foi Aristófanes (445 a.C.-386 a.C.).
Na arquitetura e na escultura, buscava-se uma expressão do humanismo, com o cultivo de princípios como o racionalismo e a simplicidade, resultando em equilíbrio, harmonia e ordem. As formas de pensar dos gregos influenciaram o desenho urbano das pólis e as construções nela existentes. Um exemplo é o Pnyx, construção na qual se reunia a eclésia (assembleia dos cidadãos), erguida aproveitando uma ladeira ou colina: originalmente, os cidadãos ficavam na parte de cima para ver o orador, que ficava na parte mais baixa mas com o tempo essa disposição se inverteu, e o orador passou a ficar no alto.
Também na construção dos teatros a arquitetura da Grécia Antiga utilizou o mesmo recurso, aproveitando a inclinação de montanhas para dar suporte às arquibancadas.
Filosofia: o uso da razão
A civilização grega também foi o berço da Filosofia (palavra grega que significa "amor à sabedoria"), estudo que tem por objetivo explicações racionais e universais para a vida e para a humanidade.
Inicialmente, desenvolveu-se na filosofia grega a linha ou escola de pensamento que se tornaria conhecida como pré-socrática (antes de Sócrates), ou dos filósofos da natureza, que tentavam buscar uma explicação para a origem das coisas que fosse além do mítico e do religioso.
Mais tarde, sobretudo em Atenas e no contexto da democracia, surgiu a escola sofista (do grego "sophistés" que significa "sábio"), que abriu mão de interpretações mais amplas sobre a origem das coisas e passou a enfatizar a prática da retórica (oratória; arte de bem argumentar, falar de modo a convencer, persuadir). Deixando de lado a busca por um conhecimento mais profundo ou verdadeiro, os sofistas estimulavam a expressão de opiniões como forma de atingir objetivos concretos. Um dos representantes dessa escola foi Protágoras (485 a.C.-410 a.C.), autor da frase "O homem é a medida de todas as coisas", com a qual evidenciava o deslocamento das atenções do Universo para o ser humano.
No século V a.C., época do apogeu ateniense, destacou-se o filósofo Sócrates (470 a.C.-399 a.C.), que não apenas criticava os sofistas, mas afirmava a existência de um conhecimento verdadeiro e a capacidade do ser humano em atingi-lo pela prática filosófica apoiada no diálogo. Crítico da ordem ateniense, acabou sendo julgado e condenado à morte por "corromper a juventude".
Os princípios desenvolvidos por Sócrates foram assumidos por seu discípulo Platão (428 a.C-348 a.C.), considerado o fundador da filosofia ocidental. Em seus ensinamentos, Platão considerava a busca pelo conhecimento verdadeiro uma prática transcendente, isto é, que iria além dos dados obtidos pelos sentidos. Seria pelo pensamento que se chegaria às ideias eternas e imutáveis, como a beleza, a bondade e a verdade.
Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), um dos últimos filósofos da Grécia Antiga, vivendo no período do domínio macedônico, levou a Filosofia para outra direção, afirmando a preponderância dos sentidos como forma de obter o conhecimento verdadeiro. Platão e Aristóteles fundaram duas correntes do pensamento que dominaram o debate filosófico no Ocidente até pelo menos o final do século XVIII.
A presença da religião
A religião foi um dos principais elementos de integração entre as cidades da Grécia Antiga. Por todo o mundo grego era possível encontrar uma série de crenças, rituais, divindades e templos comuns.
Entre as características da religião grega, pode-se citar o politeísmo, porque eles cultuavam diversos deuses, e o antropomorfismo, porque os deuses gregos eram representados em forma e comportamentos semelhantes aos dos seres humanos.
Os gregos também reverenciavam os heróis ou semideuses, que eram filhos de um deus (imortal) com um ser humano (mortal). Entre os heróis gregos, destaca-se Hércules, o mais forte de todos, filho do deus Zeus com a mortal Alcmena.
Além do culto às divindades, as famílias gregas também realizavam cultos privados para os "espíritos de seus antepassados".
Nos cultos gregos, sacrificavam-se animais e faziam-se orações para agradar aos deuses em troca de proteção. Os gregos achavam que os deuses podiam se comunicar com os seres humanos de várias maneiras. Uma delas era através de um oráculo. As consultas aos oráculos podiam revelar questões sobre o passado, o presente ou o futuro.
Um dos mais conhecidos oráculos da Grécia foi o de Apolo, deus da beleza e das artes. O templo de Apolo foi construído na cidade de Delfos e, na entrada, podia-se ler"Conhece-te a ti mesmo".
Literatura grega
Os gregos criaram gêneros literários (lírica, epopeia e drama), dos quais derivam os romances, as novelas, os ensaios e as biografias.
Homero é o nome de um grande poeta grego que teria vivido no século VI a.C. e a quem se atribui a autoria de dois poemas épicos monumentais: a Ilíada e a Odisseia. Essas obras de ficção literária mesclam mitos e aspectos históricos da formação da sociedade grega.
A Ilíada, poema com cerca de 15 mil versos, conta episódios da Guerra de Troia. A causa dessa guerra foi o rapto de Helena (esposa de Menelau, rei de Esparta) por Páris, príncipe de Troia. Em reação ao rapto, os gregos atacaram os troianos e acabaram por destruir Troia.
A Odisseia, poema com cerca de 12 mil versos, conta as aventuras de Ulisses (em grego, Odisseu), rei lendário de Ítaca, marido de Penépole, em seu longo regresso à sua terra natal após a Guerra de Troia. Durante sua longa ausência, centenas de homens assediaram sua esposa. Depois de chegar à sua terra, Ulisses vingou-se terrivelmente desses pretendentes.
Medicina
Um dos principais representantes da medicina grega antiga foi Hipócrates, nascido na cidade de Cós (cerca de 460-377 a.C.). Ele classificou sintomas de doenças, ficando conhecido como o "pai da medicina".
A cirurgia e o estudo do corpo humano avançaram bastante entre os médicos gregos até o século II a.C. Seus estudos os levaram a criar uma teoria segundo a qual as doenças eram resultado do desequilíbrio entre os líquidos (humores) do corpo humano. Muitos dos tratamentos que os médicos gregos propuseram foram aplicados em doentes no Ocidente até o século XIX.
Escultura: a beleza grega ideal
A escultura foi uma das mais importantes expressões da cultura artística grega. Entre os principais escultores gregos estavam Praxíteles, Míron e Fídias. Eles viveram no século IV a.C. Várias obras feitas por eles e outros escultores gregos desapareceram, mas são conhecidas atualmente graças às cópias que os romanos fizeram delas e que existem até os dias atuais.
Muitas esculturas gregas com temas religiosos ou mitológicos decoravam os templos e os prédios públicos. Os deuses e as deusas eram representadas como formas humanas. Os deuses masculinos eram representados nus, entre eles Zeus, Apolo e Poseidon. As deusas eram, em geral, representadas com roupas. O nu artístico representava o ideal de beleza grego e era uma característica das esculturas da Grécia Antiga. Os corpos dos atletas que competiam nus, serviam como modelo.
Os escultores gregos não faziam obras apenas com temas religiosos. Eles também criaram obras abstratas para decorar colunas arquitetônicas e esculturas relativas ao esporte, como Discóbolo.
Teatro: tragédia e comédia
No Ocidente, a arte de escrever e representar peças de teatro (dramaturgia) surgiu na Grécia. Em Atenas atingiu seu auge entre 500 a.C. e 338 a.C.
Os autores gregos escreveram muitas peças teatrais. A dramaturgia grega antiga pode ser dividida em dois tipos básicos:
Alguns dos principais autores do teatro grego foram:
Mapa da Grécia |
HISTÓRIA
A civilização grega surgiu há cerca de 4 mil anos e influenciou profundamente outras culturas ao longo da história. Essa influência se revela, por exemplo, na presença de muitas palavras de origem grega em idiomas como inglês, alemão, português, francês, italiano, espanhol, entre outros.A Grécia atual e a chamada Grécia Antiga não são a mesma coisa. Atualmente, a Grécia é um país com governo e fronteiras definidas. A Grécia Antiga não era um país unificado, mas uma porção de cidades independentes, com seus governos e suas leis.
Cidade antiga de Corfu - Grécia. Patrimônio Mundial pela UNESCO |
Aqueus, jônios, eólios e dórios se reconheciam como helenos e nunca chamaram a si próprios de gregos. O termo grego é de origem romana. Com o tempo, esses dois termos, gregos e helenos, foram utilizados para se referir à Grécia Antiga.
Ruínas de Cnossos, na ilha de Creta. Maior sítio arqueológico da Idade do Bronze na Grécia Antiga |
A partir do século VIII a.C., formaram-se na Grécia Antiga cidades que eram chamadas de pólis. Essas cidades-Estado independentes criaram seu governo, suas leis, seu calendário e sua moeda.
A parte urbana e a parte rural de cada pólis eram diferentes. Na parte urbana era comum existirem praças, construções públicas, templos e oficinas, onde os artesãos produziam tecidos, roupas, sandálias, armas, cerâmicas, vidros, entre outros produtos. Na parte rural, era comum a população cultivar oliveiras, trigo e cevada, assim como criar cabras, ovelhas, porcos e cavalos.
No mundo grego, surgiram diversas cidades, como Atenas, Esparta, Messena, Mégara, Corinto e Tebas. Entre elas, Atenas e Esparta destacaram-se pela liderança que tiveram em certas ocasiões.
Mapa da Grécia Antiga |
Por volta dos séculos VIII a.C. e VI a.C., aconteceram várias migrações de povos gregos. Nessa época, muitos gregos saíram das cidades onde nasceram e foram viver em outras regiões, onde fundaram colônias.
Dentre os motivos que contribuíram para essa intensa migração, estavam: a escassez de terras para a agricultura na parte continental da Grécia, o grande crescimento populacional, os conflitos internos e o crescimento do comércio, que estimulou os comerciantes a ir atrás de matérias-primas em outros locais.
No início, a atividade econômica mais importante nas colônias gregas era a agricultura. Mais tarde, muitas colônias transformaram-se em centros comerciais que faziam trocas entre várias regiões. Na região da Trácia, na parte sul da Península Itálica e na região da Ásia Menor (atual Turquia) os gregos fundaram várias colônias.
Reconstrução da Acrópole e do Areópago em Atenas, por Leon von Klenze (1846) |
A primeira civilização a aparecer na Grécia foi a civilização Minoica, no mar Egeu. Essa cultura desenvolveu-se entre os anos de 2.600 a.C. e 1.450 a.C. Aparentemente, eram um povo pré-indo-europeu. Sua língua, conhecida como Eteocretense e desprovida de relação com o idioma grego, é provavelmente o que se vê no sistema de escrita denominado Linear A, encontrado na ilha de Creta.
Os minoicos eram um povo que viviam do comércio, principalmente do marítimo. Na vida religiosa, destacava-se o simbolismo, a ausência de templos e a proeminência de divindades femininas.
Apesar das causas da queda desse povo serem incertas, o mais provável é que eles foram dominados pelos micênios, um povo da Grécia continental.
Detalhe de um Vaso de Míconos, com uma das mais antigas representações do cavalo de Troia - século VIII a.C. |
O período Micênico teve seu nome adotado a partir do sítio arqueológico de Micenas, cidade situada a nordeste da Argólida, uma região do Peloponeso (enorme península no sul da Grécia). Atenas, Pilos, Tebas e Tirinto também são importantes sítios arqueológicos do período micênico grego.
Sítio arqueológico de Micenas - Grécia |
Os micênios enterravam seus nobres em tolos - grandes câmaras de sepultamento circular com um alto teto abobadado e uma passagem de entrada aberta em forma retangular, alinhada com as pedras das quais era feito o sepulcro. Era comum enterrarem equipamentos militares com o falecido. A aristocracia frequentemente enterrava seus entes com máscaras de ouro, tiaras, armaduras e armas incrustadas de jóias. Os micênios eram enterrados na posição sentada e alguns indivíduos da aristocracia eram mumificados.
Tolo micênio |
A Idade das Trevas (1.200-800 a.C.) refere-se ao período da pré-história grega que começou com a invasão dórica, ocasionando o fim da Civilização Micênica, e terminando com a ascensão das primeiras cidades-Estado gregas, no século IX a.C., com os poemas épicos de Homero e as primeiras instâncias da escrita alfabética grega, no século VIII a.C.
O colapso micênico coincidiu com a queda de vários outros grandes impérios no Oriente Próximo, especialmente o Império Hitita e o Império Egípcio.
Ruínas da Cadméia - fortaleza central da antiga Tebas |
A cidade de Atenas fica bem perto do Mar Egeu. Como em outras cidades-Estado gregas, o centro de Atenas situava-se em uma colina chamada acrópole (cidade alta).
Ao longo de sua história, os atenienses transformaram o jeito de governar sua cidade. Até meados do século VIII a.C., Atenas era comandada por um rei, que fazia tarefas de juiz, sacerdote e chefe militar.
No final do século VII a.C., o poder do rei passou a ser exercido por representantes da aristocracia. Faziam parte da aristocracia ateniense os eupátridas, palavra que significa "bem-nascido" ou nascido nas famílias nobres. Nessa época, uma pessoa que não pagava suas dívidas podia se tornar escravo do credor. Tempos depois, a escravidão por dívidas foi proibida em Atenas.
Partenon - templo dedicado à deusa Atena |
Os cidadãos atenienses podiam ocupar cargos públicos e participar da Assembleia do Povo (Eclésia), que aprovava ou rejeitava projetos sobre a vida da cidade. Nessas Assembleias, a participação era direta: cidadãos compareciam pessoalmente para votar os assuntos da vida pública.
Antes das votações, os cidadãos debatiam os assuntos nas lojas, nas praças, nos mercados ou enquanto comiam. Eles decidiam quais obras deveriam ser construídas, onde aplicar o dinheiro, com quem deveriam manter a paz ou declarar guerra.
Quem representasse perigo para a democracia poderia ser punido com o ostracismo, ou seja, a expulsão de Atenas por um período de dez anos. O ostracismo era uma punição grave e foi aplicado poucas vezes.
Representação da Assembleia do Povo |
No século V a.C., sob a liderança de Péricles, os atenienses consolidaram sua democracia. Péricles foi estratego por cerca de 15 anos. Durante seu governo, Atenas atingiu prosperidade econômica e esplendor cultural. Ele construiu grandes obras e embelezou a cidade, encomendando trabalhos a grandes artistas. A democracia ateniense, por ser direta, era bem diferente das democracias atuais, que é uma democracia representativa, como é o caso do Brasil, onde os cidadãos e as cidadãs elegem seus representantes para o Parlamento ou para o Governo.
Representação da vida diária em Atenas |
- cidadãos - homens adultos (maiores de 21 anos), filhos de pais e mães atenienses. Tinham direitos políticos e podiam participar do governo da cidade. Nesse grupo haviam homens ricos e pobres, como grandes e pequenos proprietários de terra, grandes e pequenos comerciantes. Os atenienses quase nunca concediam cidadania a pessoas vindas de outras cidades;
- metecos - helenos que moravam em Atenas, mas que nasceram em outras cidades. Pagavam impostos, mas não tinham direitos políticos. Mesmo se fossem ricos, não podiam comprar terras, mas podiam trabalhar no comércio e com artesanato. Os homens metecos podiam ser convocados para o serviço militar;
- escravos - a maioria era composta de estrangeiros derrotados em guerras e vendidos aos moradores de Atenas. Caso esses escravos tivessem filhos, eles também se tornariam escravos.
Sociedade na Atenas Antiga |
Havia também escravos nas minas de chumbo ou de prata que levavam uma vida extremamente difícil e arriscada. Eles trabalhavam em túneis estreitos e quentes. Além disso, para impedir as fugas desses escravos, muitos proprietários os acorrentavam dentro das minas.
Em Atenas, a escravidão era a forma de trabalho predominante. Mas muitos cidadãos e metecos também tinham que trabalhar para se sustentar.
Divisão da sociedade na Atenas Antiga |
Os meninos que iam à escola aprendiam a ler, escrever, fazer contas com o ábaco, tocar lira, cantar, dançar e recitar poesias. Era importante recitar bem, pois a poesia era para ser ouvida e não lida. Eles passavam as tardes no ginásio, fazendo exercícios e treinando.
Aos 15 anos, os jovens atenienses saíam da escola. Tornavam-se aprendizes de várias profissões, como oleiro, pedreiro, médico, entre outras. Se desejavam estudar mais, precisavam achar um professor, pois não havia universidades. Às vezes encontravam um filósofo que ensinava grupo de jovens, ao ar livre, na ágora ou no ginásio.
No início do século XVI, entre 1509 e 1511, o pintor renascentista italiano Rafael, elaborou um dos quadros mais famosos do artista, a "Academia de Atenas", também chamada de "Escola de Atenas". A obra foi encomendada pelo papa Júlio II. A importância da obra tem como objetivo demonstrar como a filosofia e a vida intelectual da Grécia Antiga foram vistas ao final do Renascimento.
Quadro "Escola de Atenas", de Rafael |
Representação da Acrópole de Atenas |
Esparta localizava-se na Península do Peloponeso, região onde o solo era adequado para cultivar trigo, videiras e oliveiras. Sua área urbana não era grande, se comparada à Atenas.
A cidade de Esparta tinha um governo diferente da democracia ateniense. Ali havia dois reis de famílias distintas, com funções religiosas e militares, e baseado numa oligarquia, onde um pequeno grupo controlava o poder da cidade de acordo com seus interesses.
Esparta tinha uma Assembleia (Ápela) da qual faziam parte os cidadãos, chamados de esparciatas. Porém, quem controlava o poder era um conselho de 30 anciãos chamado de Gerúsia, que era integrado pelos dois reis. Havia, também, cinco chefes de governo (éforos), eleitos anualmente pela Assembleia para executar as decisões da Gerúsia.
Ruínas de Esparta |
- esparciatas - eram os cidadãos descendentes dos fundadores da cidade. Dedicavam sua vida ao Estado, ao exército ou à administração pública. Tinham direito às terras e não podiam trabalhar no comércio. Eram os líderes guerreiros de Esparta;
- periecos - eram livres como os esparciatas, mas não tinham direitos políticos. Pagavam impostos e serviam nas tropas em tempos de guerra. Trabalhavam no comércio e no artesanato e moravam na periferia da cidade. Eram descendentes dos povos dominados pelos esparciatas;
- hilotas - eram obrigados pelos esparciatas a trabalhar em nome do Estado. Cultivavam as terras durante a vida toda para sustentar os cidadãos, mas não tinham direito a nada. Os hilotas organizaram muitas revoltas contra a opressão em que viviam. Porém, os esparciatas mantinham os hilotas em clima de terror, perseguindo e matando quem fosse considerado perigoso.
Sociedade espartana |
O governo de Esparta cuidava da educação dos jovens esparciatas. Ao nascer, a criança espartana só merecia cuidados se fosse saudável. Caso contrário, poderia ser morta ou abandonada.
A partir dos sete anos, os filhos dos cidadãos eram entregues à orientação do Estado, que tinha professores para educá-los.
O objetivo principal da educação era transformar os jovens em soldados vigorosos. Para isso, eram importantes os exercícios físicos, como salto, corrida, lançamento de disco e de dardo.
As crianças andavam descalças, para aumentar a resistência dos pés. Usavam um só tipo de roupa o ano inteiro, para que aprendessem a suportar as mudanças de temperatura - frio e calor, e a alimentação era controlada. Caso algum jovem fosse apanhado roubando alimentos, era castigado. O objetivo de tudo isso era preparar o jovem para a guerra.
Representação do jovem-soldado espartano |
Com 20 anos, o jovem espartano ingressava no exército. Mas só aos 30 adquiria todos os direitos políticos.
As mulheres espartanas recebiam educação semelhante à dos homens, com torneios e atividades esportivas. A ideia era que, se elas tivessem corpos fortes, gerariam filhos sadios e fortes.
Nos treinamentos de batalha, as meninas se dedicavam ao arco e a flecha. Já os meninos eram especialistas em combate corporal, assim como em táticas defensivas e ofensivas.
Representação de soldados espartanos em combate |
O crescimento econômico das cidades gregas provocou disputas pelos mercados, rotas comerciais e matérias-primas da região. Entre as principais disputas estão:
- As guerras Greco-Pérsicas ou Guerras Médicas
Expansão do Império Persa |
Os persas conquistaram diversas cidades gregas da Ásia Menor. Depois avançaram em direção à região da Ática, onde se encontrava a cidade de Atenas.
Várias cidades gregas, lideradas por Atenas e Esparta, uniram-se para combater a invasão persa. Iniciadas em 499 a.C., as Guerras Greco-Pérsicas ou Guerras Médicas, duraram algumas dezenas de anos. O nome "Guerras Médicas" deriva de medos, um dos povos que deram origem ao Império Persa. Nela, os gregos alcançaram a vitória final por volta de 448 a.C.
Representação das guerras Greco-Pérsica ou Guerras Médicas |
- A Liga de Delos
As cidades que participavam da Liga forneciam navios, soldados e dinheiro, mas continuavam com sua autonomia. Entretanto, os atenienses foram assumindo cada vez mais o controle dos recursos dessa aliança. Aos poucos, a Liga de Delos tornou-se um conjunto de cidades dominadas por Atenas. Qualquer revolução com o intuito de deixar ou modificar a confederação seria punida.
Após os conflitos com os persas, o tesouro de Delos foi transferido para Atenas, resultando no fortalecimento dessa cidade sob o controle da confederação.
A revolta de cidades menores contra o domínio de Atenas, lideradas por Esparta, levou a criação de uma nova liga, a Liga do Peloponeso, resultando numa nova guerra, a Guerra do Peloponeso.
Liga de Delos |
- Guerra do Peloponeso
A primeira fase da guerra (conhecida como "Guerra dos Dez Anos" ou, menos frequentemente, como "Guerra de Arquídamo", devido ao rei espartano Arquídamo II) estendeu-se até 421 a.C., quando tomou lugar a Paz de Nícias. O general e líder ateniense Péricles afirmava que sua cidade lutava uma guerra defensiva, evitando a batalha contra as tropas terrestres de força superior dos espartanos, importando todo o necessário através da poderosa marinha ateniense: o plano era resistir por mais tempo do que Esparta podia lutar - os espartanos temiam ausentar-se de sua cidade por muito tempo devido às revoltas dos hilotas. No ano 430 a.C., Atenas sofreu com uma praga que dizimou um quarto de sua população, inclusive seu líder, Péricles.
Representação da Guerra do Peloponeso |
Atenas e Esparta assinaram o Tratado de Nícias em 421 a.C., prometendo mantê-lo por 50 anos.
Mapa da Guerra do Peloponeso |
Inicialmente, Esparta estava disposta a não ajudar sua aliada siracusana, da mesma forma que Nícias pedira a Atenas para não se intrometer no assunto, uma vez que o tratado de paz ainda estava de pé. Porém, Alcebíades, general ateniense de grande influência entre os jovens da época, terminou por convencer os atenienses a intervir no conflito, resultando na inflamação de Esparta, obrigando-a a entrar no conflito. A campanha foi um grande desastre e, provavelmente, a maior derrota sofrida pelos atenienses até então, com Nícias morto e Alcebíades desertando Atenas e juntando forças com Esparta.
Representação de uma batalha entre Atenas e Esparta na Guerra do Peloponeso |
Em 407 a.C., Alcebíades seria substituído em Atenas devido a uma derrota naval na Batalha de Nócio. O general espartano Lisandro, fortalecendo o poder naval de sua cidade, saiu vitorioso nessa fase da guerra, colocando fim à Guerra do Peloponeso, em 404 a.C.
Ao final da guerra, os atenienses e seus aliados saíram derrotados. Foi então que os aristocratas espartanos dominaram o mundo grego durante cerca de 30 anos (404 a.C. a 371 a.C.).
Mais tarde, o domínio espartano também foi questionado por novas revoltas nas cidades gregas, dessa vez comandadas pelos líderes de Tebas. Após vencer as tropas espartanas, os tebanos conquistaram a supremacia entre os gregos por alguns anos (de 371 a.C. a 362 a.C.).
Tropas espartanas se preparando para invadir Atenas, na Guerra do Peloponeso |
- Conquista macedônica e o helenismo
Em 336 a.C., o filho e sucessor de Filipe, Alexandre Magno (Alexandre, o Grande, como ficou conhecido), assumiu o trono macedônico e continuou a expansão militar. À frente de um poderoso exército, Alexandre conquistou um dos maiores impérios da Antiguidade.
Alexandre Magno, no entanto, não conseguiu montar um governo duradouro para um império tão grande. Quando ele morreu, aos 32 anos, seus generais começaram a disputar o poder e o Império Macedônico foi dividido.
Império Macedônico (336-323 a.C.) |
Helenismo
O período helenístico da história grega tem início com a conquista da Grécia pela Macedônia, no século IV a.C., e estendeu-se até o século II a.C. Inicialmente governados por Filipe II, vencedor da Batalha de Queroneia, os macedônios não se limitaram à conquista da Grécia, logo partindo para o Oriente. O principal responsável por essas grandiosas conquistas foi Alexandre, o Grande.
Educado por Aristóteles, Alexandre assimilou valores da cultura grega e, após sufocar revoltas internas, partiu para a expansão territorial, tomando a Ásia Menor, a Pérsia e chegando até as margens do rio Indo, na Índia. Com a sua morte, em 323 a.C., o grande império que conquistara começou a se desintegrar. As divisões políticas e as constantes lutas internas levaram ao enfraquecimento do Império Macedônico e à sua posterior ocupação pelos romanos.
Heraclião - com uma população de 131.463 habitantes (estimativa 2017) é a quarta maior cidade da Grécia |
Elementos gregos acabaram se fundindo com as culturas locais, dando origem à chamada cultura helenística ou helenismo.
Biblioteca de Celso, nas ruínas da antiga Éfeso, atual Turquia |
A cultura helenística caracterizou-se por apresentar uma arte mais realista, exprimindo violência e dor, componentes constantes dos novos tempos de guerras. Na arquitetura, predominavam o luxo e a grandiosidade - reflexo da imponência do Império Macedônico. Na escultura, turbulência e agitação eram traços significativos.
Nas ciências, vale destacar o avanço da Matemática com Euclides de Alexandria (300 a.C.-não se sabe ao certo o ano de sua morte), criador da Geometria; da Física com Arquimedes de Siracusa (287 a.C.-212 a.C.); e da Astronomia com Aristarco (310 a.C.-230 a.C.), Hiparco (190 a.C.-120 a.C.) e Ptolomeu (168 a.C.-90 a.C.), este último defensor do geocentrismo (a Terra como centro do Universo), teoria aceita até o início dos tempos modernos (séculos XV-XVI).
Mapa de Ptolomeu |
- estoicismo - fundada por Zenão de Cítio (490 a.C.-430 a.C.) - discípulo de Parmênides de Eleia (530 a.C.-460 a.C.), defendia a felicidade como equilíbrio interior, o qual oferecia ao ser humano a possibilidade de aceitar, como serenidade, a dor e o prazer, a sorte e o infortúnio;
Representação do estoicismo |
- epicurismo - fundada em Atenas por Epicuro de Samos (341 a.C.-270 a.C.), pregava a obtenção do prazer, base da felicidade humana, e defendia o afastamento dos aspectos negativos da vida;
Representação do epicurismo |
- ceticismo - do grego sképtomai, "olhar", "investigar", fundada por Pirro (318 a.C.-272 a.C.), esta filosofia caracterizava-se pela negação da possibilidade de conhecer com certeza qualquer verdade. O conhecimento depende do sujeito e do objeto estudado, sendo portanto, relativo. A felicidade consistiria em não julgar coisa alguma.
A incredulidade de São Tomé - exemplo de ceticismo |
O helenismo ainda acrescentou à cultura grega uma instituição já presente na cultura oriental: o despotismo, segundo o qual a autoridade do governante era inquestionável.
A divisão do Império Macedônico, que se seguiu à morte de Alexandre, e as sucessivas lutas internas resultaram em seu enfraquecimento político, o que possibilitou a conquista romana nos séculos II a.C. e I a.C. Entretanto, mesmo conquistando a Grécia, Roma assimilou muitos de seus valores culturais, especialmente na forma helenística.
Após o período helenístico, a Grécia foi dominada pelos romanos e depois pelo Império Bizantino. A divisão do Império Romano em Ocidente e Oriente e o subsequente colapso do Império Romano do Ocidente, foram desenvolvimentos que acentuaram constantemente a posição dos gregos no império e terminaram permitindo que fossem identificados com ele de forma completa.
O papel de Constantinopla começou quando Constantino transformou Bizâncio na nova capital do Império Romano, cujo nome veio a ser mudado para Constantinopla. A cidade, localizada no coração do helenismo, tornou-se um ponto de referência para os gregos até a era moderna.
Os imperadores Constantino e Justiniano exerceram seu domínio sobre Roma durante o período de 324 e 610 d.C. Assimilando a tradição romana, os imperadores buscavam prover a base para subsequentes melhorias e para a formação do Império Bizantino. Esforços para salvaguardar as fronteiras do império e para restaurar os territórios romanos marcaram os primeiros séculos. Ao mesmo tempo, a formação definitiva e o estabelecimento da doutrina ortodoxa, bem como uma série de conflitos resultantes de heresias desenvolvidas nas fronteiras do império, marcaram o período inicial da história bizantina.
No primeiro período da metade da era bizantina (610-867), o império foi atacado tanto por antigos inimigos (persas, lombardos, ávaros e eslavos) como por novos grupos que apareciam pela primeira vez na história (árabes e búlgaros). A principal característica desse período consiste no fato de que os ataques inimigos não se resumiam às áreas fronteiriças do Estado, mas estendiam-se muito além, chegando a ameaçar a própria capital.
A predominância dos pequenos agricultores livres, a expansão dos estados militares e o desenvolvimento do sistema de temas (divisões administrativas do império) deram o toque final ao processo evolutivo que começara no período anterior. No setor administrativo, a administração e a sociedade era baseada no sistema grego, enquanto que o processo de restauração da ortodoxia após o movimento iconoclástico permitiu com sucesso a retomada de ações missionárias entre os povos vizinhos e seus posicionamentos na esfera de influência cultural bizantina. Durante esse período, o Estado foi geograficamente reduzido e economicamente prejudicado, uma vez que haviam perdido regiões produtoras de riquezas. Apesar disso, o Estado obteve uma homogeneidade linguística, dogmática e cultural bem maior.
O ano de 1204 marca o início do período bizantino tardio, quando teve lugar o acontecimento de maior importância para o império. Constantinopla foi perdida pelos gregos pela primeira vez, e o império foi conquistado por cruzados do mundo latino, sendo substituído por um novo império, e o latim passou a ser a língua oficial do Estado durante 57 anos. Além disso, o período de ocupação latina influenciou de forma definitiva os desenvolvimentos internos do império, uma vez que elementos feudais começaram a fazer parte do modo de vida bizantino.
Em 1261, o império grego encontrava-se dividido entre os membros da antiga dinastia Comneno greco-bizantina (Despotado de Épiro) e entre a dinastia Paleólogo (a última dinastia até a queda de Constantinopla). Após o enfraquecimento gradual das estruturas do Estado grego bizantino e a redução de seu território devido às invasões dos turcos, o Império Bizantino Grego passou para as mãos dos otomanos, em 1453, data considerada como o fim do período bizantino.
Quando os otomanos chegaram, duas migrações gregas tiveram lugar. A primeira compreendia a camada intelectual grega, que migrou para a Europa ocidental, influenciando o advento do Renascimento. A segunda migração foi a dos gregos deixando as planícies da península grega e instalando-se nas montanhas. O país, formado, em sua maior parte, por terrenos montanhosos, impediu a conquista pelos otomanos de toda a península grega, uma vez que não chegaram a desenvolver uma presença militar ou administrativa nas montanhas. Houve muitos clãs gregos das montanhas por toda a península e pelas ilhas. Os esfaquiotas de Creta, os suliotas de Épiro e os maniotas do Peloponeso estavam entre os clãs das montanhas mais resilientes durante todo o período do Império Otomano.
Entre o final do século XVI e o século XVII, muitos gregos migraram das montanhas para as planícies. O sistema do millet (corte jurídica distinta pertencente à "lei pessoal" sob a qual uma comunidade confessional era autorizada a se auto-governar) contribuiu para a coesão étnica dos gregos ortodoxos ao segregar a população do Império Otomano de acordo com a religião de cada um.
A Igreja Ortodoxa Grega, uma instituição etno-religiosa, prestou auxílio aos gregos de todas as regiões geográficas da península para que preservassem sua herança étnica, cultural, linguística e racial durante os severos anos do Império Otomano. Os gregos que viviam nas planícies durante a ocupação otomana eram os cristãos que sofriam com o governo estrangeiro ou criptocristãos (muçulmanos gregos que praticavam em segredo a fé da igreja ortodoxa). Muitos gregos tornaram-se criptocristãos com o intuito de evitar pesadas taxações, enquanto, ao mesmo tempo, expressavam sua identidade por manter relações com a Igreja Ortodoxa Grega em segredo.
Os gregos que se convertiam ao Islã e que não eram criptocristãos eram considerados turcos aos olhos dos gregos ortodoxos, ainda que não adotassem a língua turca. Por outro lado, a camada convertida teve imenso papel na criação da cultura grega moderna, uma vez que tradições e costumes turcos foram aprendidos durante todo o período ocupacional.
O Império Otomano dominou a Grécia até o início do século XIX. Em 1821, os gregos insurgiram-se, declarando sua independência na Guerra de Independência da Grécia, acontecendo sua emancipação em 1829 e sendo reconhecida em 3 de fevereiro de 1830.
Durante o século XIX e o começo do século XX, numa série de guerras contra os otomanos, a Grécia buscou estender suas fronteiras a fim de incluir a população étnica grega do Império Otomano, lentamente alargando seu território e população até alcançar a sua configuração atual em 1947.
Na Primeira Guerra Mundial, a Grécia juntou-se à Tríplice Entente (que reunia a França, o Reino Unido e o Império Russo) para lutar contra o Império Otomano e a Tríplice Aliança (que reunia, além do Império Otomano, o Império Austro-Húngaro, a Alemanha e a Itália). Depois da guerra foram concedidas à Grécia partes da Ásia Menor (península da Anatólia), incluindo a cidade de Esmirna, cuja população era, em grande parte, grega. Na época, porém, os nacionalistas turcos, liderados por Mustafa Kemal Atatürk, derrubaram o governo otomano, organizaram um ataque militar contra as tropas gregas e derrotaram-nas.
Apesar das forças armadas do país serem numericamente pequenas e mal equipadas, a Grécia contribuiu de forma decisiva com os Aliados durante a Segunda Guerra Mundial. No dia 28 de outubro de 1940, a Itália invadiu a Grécia, mas as tropas gregas expulsaram os invasores após uma sangrenta batalha, marcando a primeira vitória dos Aliados na guerra. Hitler envolveu-se diretamente na batalha dos italianos contra os gregos, objetivando garantir o domínio sobre o sul da Europa. Tropas da Alemanha, Hungria, Bulgária e Itália invadiram a Grécia, obtendo um grande êxito.
Durante a ocupação nazista, milhares de gregos morreram em combate direto, em campos de concentração ou de inanição (doença provocada pela falta de alimentos). Muitos judeus gregos foram assassinados - apesar da proteção que eles tinham da Igreja Ortodoxa Grega.
Após a guerra e durante as décadas de 1950 e 1960, a Grécia começa a crescer economicamente, graças à ajuda norte-americana por meio do Plano Marshall e, posteriormente, pelo crescimento do turismo.
Em 1967, as forças armadas gregas tomaram o poder através de um golpe de Estado, derrubando o governo de direita de Panayiotis Kanellopoulos e estabeleceu uma junta militar, que durou de 1967 a 1974, estabelecendo um regime de coronelismo no país. Em 1973, o regime militar aboliu a Monarquia.
Em 1974, a Grécia planejou um golpe para derrubar o presidente do Chipre - um pretexto para a primeira onda de invasões turcas ao Chipre. Os acontecimentos no Chipre e as manifestações que se seguiram à violenta repressão da insurreição da Politécnica de Atenas levaram à eclosão de um novo regime militar no país.
Em 1975, após o plebiscito que confirmou a deposição do rei Constantino II, uma Constituição republicana democrática foi estabelecida. Desde então houve um grande crescimento econômico do país, que passou a fazer parte da União Europeia em 1981, e passou a adotar o Euro como moeda em 2001.
Novas infraestruturas, fundos da União Europeia e rendimentos turísticos em ascensão, sua marinha mercante, seus serviços, suas indústrias elétrica e de telecomunicações, promoveram aos gregos um elevado padrão de vida.
Atualmente, continuam as tensões entre a Grécia e a Turquia acerca do Chipre e da delimitação de fronteiras no mar Egeu, porém, vem diminuindo graças ao interesse dos turcos de fazerem parte da União Europeia.
A divisão do Império Macedônico, que se seguiu à morte de Alexandre, e as sucessivas lutas internas resultaram em seu enfraquecimento político, o que possibilitou a conquista romana nos séculos II a.C. e I a.C. Entretanto, mesmo conquistando a Grécia, Roma assimilou muitos de seus valores culturais, especialmente na forma helenística.
Laocoonte - escultura em mármore nos Museus Vaticanos - exemplo da cultura greco-romana |
O papel de Constantinopla começou quando Constantino transformou Bizâncio na nova capital do Império Romano, cujo nome veio a ser mudado para Constantinopla. A cidade, localizada no coração do helenismo, tornou-se um ponto de referência para os gregos até a era moderna.
Os imperadores Constantino e Justiniano exerceram seu domínio sobre Roma durante o período de 324 e 610 d.C. Assimilando a tradição romana, os imperadores buscavam prover a base para subsequentes melhorias e para a formação do Império Bizantino. Esforços para salvaguardar as fronteiras do império e para restaurar os territórios romanos marcaram os primeiros séculos. Ao mesmo tempo, a formação definitiva e o estabelecimento da doutrina ortodoxa, bem como uma série de conflitos resultantes de heresias desenvolvidas nas fronteiras do império, marcaram o período inicial da história bizantina.
Istambul, antiga Constantinopla - capital do Império Bizantino |
A predominância dos pequenos agricultores livres, a expansão dos estados militares e o desenvolvimento do sistema de temas (divisões administrativas do império) deram o toque final ao processo evolutivo que começara no período anterior. No setor administrativo, a administração e a sociedade era baseada no sistema grego, enquanto que o processo de restauração da ortodoxia após o movimento iconoclástico permitiu com sucesso a retomada de ações missionárias entre os povos vizinhos e seus posicionamentos na esfera de influência cultural bizantina. Durante esse período, o Estado foi geograficamente reduzido e economicamente prejudicado, uma vez que haviam perdido regiões produtoras de riquezas. Apesar disso, o Estado obteve uma homogeneidade linguística, dogmática e cultural bem maior.
Lárissa - com uma população de 124.916 habitantes (estimativa 2017) é a quinta maior cidade da Grécia |
Em 1261, o império grego encontrava-se dividido entre os membros da antiga dinastia Comneno greco-bizantina (Despotado de Épiro) e entre a dinastia Paleólogo (a última dinastia até a queda de Constantinopla). Após o enfraquecimento gradual das estruturas do Estado grego bizantino e a redução de seu território devido às invasões dos turcos, o Império Bizantino Grego passou para as mãos dos otomanos, em 1453, data considerada como o fim do período bizantino.
Vólos - com uma população de 82.785 habitantes (estimativa 2017) é a sexta maior cidade da Grécia |
Entre o final do século XVI e o século XVII, muitos gregos migraram das montanhas para as planícies. O sistema do millet (corte jurídica distinta pertencente à "lei pessoal" sob a qual uma comunidade confessional era autorizada a se auto-governar) contribuiu para a coesão étnica dos gregos ortodoxos ao segregar a população do Império Otomano de acordo com a religião de cada um.
Janina - com uma população de 61.887 habitantes (estimativa 2017) é a sétima maior cidade da Grécia |
Os gregos que se convertiam ao Islã e que não eram criptocristãos eram considerados turcos aos olhos dos gregos ortodoxos, ainda que não adotassem a língua turca. Por outro lado, a camada convertida teve imenso papel na criação da cultura grega moderna, uma vez que tradições e costumes turcos foram aprendidos durante todo o período ocupacional.
Kavala - com uma população de 58.909 habitantes (estimativa 2017) é a oitava maior cidade da Grécia |
Durante o século XIX e o começo do século XX, numa série de guerras contra os otomanos, a Grécia buscou estender suas fronteiras a fim de incluir a população étnica grega do Império Otomano, lentamente alargando seu território e população até alcançar a sua configuração atual em 1947.
Na Primeira Guerra Mundial, a Grécia juntou-se à Tríplice Entente (que reunia a França, o Reino Unido e o Império Russo) para lutar contra o Império Otomano e a Tríplice Aliança (que reunia, além do Império Otomano, o Império Austro-Húngaro, a Alemanha e a Itália). Depois da guerra foram concedidas à Grécia partes da Ásia Menor (península da Anatólia), incluindo a cidade de Esmirna, cuja população era, em grande parte, grega. Na época, porém, os nacionalistas turcos, liderados por Mustafa Kemal Atatürk, derrubaram o governo otomano, organizaram um ataque militar contra as tropas gregas e derrotaram-nas.
Serres - com uma população de 54.493 habitantes (estimativa 2017) é a nona maior cidade da Grécia |
Durante a ocupação nazista, milhares de gregos morreram em combate direto, em campos de concentração ou de inanição (doença provocada pela falta de alimentos). Muitos judeus gregos foram assassinados - apesar da proteção que eles tinham da Igreja Ortodoxa Grega.
Após a guerra e durante as décadas de 1950 e 1960, a Grécia começa a crescer economicamente, graças à ajuda norte-americana por meio do Plano Marshall e, posteriormente, pelo crescimento do turismo.
Em 1967, as forças armadas gregas tomaram o poder através de um golpe de Estado, derrubando o governo de direita de Panayiotis Kanellopoulos e estabeleceu uma junta militar, que durou de 1967 a 1974, estabelecendo um regime de coronelismo no país. Em 1973, o regime militar aboliu a Monarquia.
Cálcis - com uma população de 53.809 habitantes (estimativa 2017) é a décima maior cidade da Grécia |
Em 1975, após o plebiscito que confirmou a deposição do rei Constantino II, uma Constituição republicana democrática foi estabelecida. Desde então houve um grande crescimento econômico do país, que passou a fazer parte da União Europeia em 1981, e passou a adotar o Euro como moeda em 2001.
Novas infraestruturas, fundos da União Europeia e rendimentos turísticos em ascensão, sua marinha mercante, seus serviços, suas indústrias elétrica e de telecomunicações, promoveram aos gregos um elevado padrão de vida.
Atualmente, continuam as tensões entre a Grécia e a Turquia acerca do Chipre e da delimitação de fronteiras no mar Egeu, porém, vem diminuindo graças ao interesse dos turcos de fazerem parte da União Europeia.
Chania - com uma população de 53.798 habitantes (estimativa 2017) é a 11ª maior cidade da Grécia |
Cerca de 80% do território grego é montanhoso ou, pelo menos acidentado. O ponto mais elevado do país é o Monte Olimpo, com uma altitude de 2.917, que também é considerado o quarto mais elevado da Europa. Está situado a cerca de 100 quilômetros de distância de Tessalônica, a segunda maior cidade grega.
Monte Olimpo - ponto mais elevado da Grécia |
Cerca de 50% do território da Grécia é coberto por florestas, possuindo uma vegetação bastante heterogênea, com a presença de formações alpinas, vegetação mediterrânea e da floresta temperada.
A vegetação mediterrânea é composta por plantas adaptadas às constantes diferenças de temperatura, como folhas permanentes, pequenas e resistentes à evaporação, como os garrigues (arbustos e vegetação rasteira), os maquis (vegetação densa e espessa de árvores e arbustos) e as oliveiras.
Praia de Navagio, em Zakynthos - Grécia |
ECONOMIA
A economia da Grécia da Grécia Antiga tinha por base o setor primário, principalmente o cultivo de oliveira, trigo e vinhedos. O artesanato, com destaque para a cerâmica, teve grande aceitação no Mar Mediterrâneo. As ânforas (vasos cerâmicos de forma geralmente ovoide e possuidora de duas alças, confeccionados para conservar líquidos) transportavam vinhos, azeites e perfumes para várias regiões. Com o comércio marítimo, os gregos alcançaram grande desenvolvimento, chegando até mesmo a cunhar moedas de metal. Os escravos devedores ou prisioneiros de guerras foram utilizados como mão de obra na Grécia. Cada cidade-estado tinha sua própria forma político-administrativa, organização social e deuses protetores.Ânfora utilizada na Grécia Antiga |
Na Grécia, a atividade industrial é pouco expressiva. A capital Atenas destaca-se como o centro mais importante, e nela se concentram cerca de dois terços das indústrias do país. Sobressam os setores têxtil, químico e naval.
Rodes - com uma população de 52.537 habitantes (estimativa 2017) é a 12ª maior cidade da Grécia |
Após a entrada da Grécia na União Europeia, em 1981, o país teve um grande crescimento econômico nos anos 1990. Atualmente, o país vem passando por uma grave crise econômica, provocada pela alta dívida pública. Mesmo com os planos de ajuda econômica aprovados pela União Europeia, o país amarga uma queda no PIB, o aumento do desemprego e a falta de credibilidade no mercado internacional.
Monastério da Santíssima Trindade, em Meteora - Grécia |
A Grécia é um dos países europeus mais afetados pela crise econômica que se instalou na União Europeia. Essa crise teve início em 2008, consequência de uma série de dificuldades referentes à adoção de medidas conjuntas entre os países-membros da União Europeia. Para viabilizar a entrada na União Europeia, o país contraiu enormes dívidas, e sua frágil estrutura econômica não garantiu crescimento econômico. As dívidas ampliaram-se ainda mais e o país foi levado a realizar cortes em benefícios sociais. Os cortes nos gastos públicos contribuiu para piorar a situação, pois a garantia de renda que havia para os desempregados foi drasticamente reduzida.
Em 2011, intensificou-se ainda mais a crise, pois a Grécia declarou que não tinha condições de pagar toda a dívida pública que se formou e, para evitar a suspensão do pagamento à União Europeia, o país teve que tomar uma série de medidas.
Vários movimentos sociais promoveram uma série de passeatas e de protestos no país a partir de 2012, exigindo uma alternativa viável para contornar a crise, com a manutenção do emprego e dos direitos sociais da população.
Atualmente, o desemprego entre os jovens com até 25 anos atinge mais de 25% da população. O déficit comercial externo é outro grande problema da economia grega, pois as importações aumentaram muito mais que as exportações desde a entrada do país no bloco europeu.
CULTURA
A Grécia atravessou um período de notável desenvolvimento artístico-cultural. O Século de Péricles constituiu o momento áureo da cultura grega, quando viveram os principais teatrólogos, filósofos, arquitetos e artistas.O pensamento grego tinha por base a razão e, por isso valorizava o ser humano (antropocentrismo - o homem como o centro do Universo), influenciando significativamente o racionalismo ocidental dos séculos seguintes. Sófocles (495 a.C.-406 a.C.) afirmava que "Muitos são os prodígios; entretanto, nada é mais prodigioso do que o homem". Os artistas e os pensadores que fizeram da cultura grega uma das mais imponentes, pertenciam, em geral, a uma elite sustentada por numerosos escravos e pequenos camponeses.
Teatro de Dionísio, em Atenas |
Os gregos acreditavam que muitos de seus deuses habitavam o Monte Olimpo, de onde comandavam o destino humano. Alguns de seus diversos mitos são personagens muito conhecidos, como Hércules, famoso por sua força extraordinária, ou Teseu, que em tempos remotos teria livrado a Grécia da opressão do Minotauro.
Entre as principais divindades estão: Zeus, senhor de todos os deuses; Atena, filha de Zeus, deusa da razão e da sabedoria e protetora da cidade de Atenas; Apolo, deus da luz e das artes; Dionísio, deus do vinho; e Poseidon, deus das águas.
Representação de alguns deuses gregos |
Na arquitetura e na escultura, buscava-se uma expressão do humanismo, com o cultivo de princípios como o racionalismo e a simplicidade, resultando em equilíbrio, harmonia e ordem. As formas de pensar dos gregos influenciaram o desenho urbano das pólis e as construções nela existentes. Um exemplo é o Pnyx, construção na qual se reunia a eclésia (assembleia dos cidadãos), erguida aproveitando uma ladeira ou colina: originalmente, os cidadãos ficavam na parte de cima para ver o orador, que ficava na parte mais baixa mas com o tempo essa disposição se inverteu, e o orador passou a ficar no alto.
Antigo Pnyx, nos arredores de Atenas |
Filosofia: o uso da razão
A civilização grega também foi o berço da Filosofia (palavra grega que significa "amor à sabedoria"), estudo que tem por objetivo explicações racionais e universais para a vida e para a humanidade.
Inicialmente, desenvolveu-se na filosofia grega a linha ou escola de pensamento que se tornaria conhecida como pré-socrática (antes de Sócrates), ou dos filósofos da natureza, que tentavam buscar uma explicação para a origem das coisas que fosse além do mítico e do religioso.
Teatro de Mileto - Grécia |
No quadro de Rafael, Escola de Atenas, o autor destaca a presença dos principais filósofos gregos |
Os princípios desenvolvidos por Sócrates foram assumidos por seu discípulo Platão (428 a.C-348 a.C.), considerado o fundador da filosofia ocidental. Em seus ensinamentos, Platão considerava a busca pelo conhecimento verdadeiro uma prática transcendente, isto é, que iria além dos dados obtidos pelos sentidos. Seria pelo pensamento que se chegaria às ideias eternas e imutáveis, como a beleza, a bondade e a verdade.
Representação da cidade de Troia |
Representação do Cavalo de Troia |
A religião foi um dos principais elementos de integração entre as cidades da Grécia Antiga. Por todo o mundo grego era possível encontrar uma série de crenças, rituais, divindades e templos comuns.
Entre as características da religião grega, pode-se citar o politeísmo, porque eles cultuavam diversos deuses, e o antropomorfismo, porque os deuses gregos eram representados em forma e comportamentos semelhantes aos dos seres humanos.
Poseidon - o Deus dos mares |
Além do culto às divindades, as famílias gregas também realizavam cultos privados para os "espíritos de seus antepassados".
Nos cultos gregos, sacrificavam-se animais e faziam-se orações para agradar aos deuses em troca de proteção. Os gregos achavam que os deuses podiam se comunicar com os seres humanos de várias maneiras. Uma delas era através de um oráculo. As consultas aos oráculos podiam revelar questões sobre o passado, o presente ou o futuro.
Um dos mais conhecidos oráculos da Grécia foi o de Apolo, deus da beleza e das artes. O templo de Apolo foi construído na cidade de Delfos e, na entrada, podia-se ler"Conhece-te a ti mesmo".
Oráculo de Apolo, em Delfos - Grécia |
Os gregos criaram gêneros literários (lírica, epopeia e drama), dos quais derivam os romances, as novelas, os ensaios e as biografias.
Homero é o nome de um grande poeta grego que teria vivido no século VI a.C. e a quem se atribui a autoria de dois poemas épicos monumentais: a Ilíada e a Odisseia. Essas obras de ficção literária mesclam mitos e aspectos históricos da formação da sociedade grega.
A Ilíada, poema com cerca de 15 mil versos, conta episódios da Guerra de Troia. A causa dessa guerra foi o rapto de Helena (esposa de Menelau, rei de Esparta) por Páris, príncipe de Troia. Em reação ao rapto, os gregos atacaram os troianos e acabaram por destruir Troia.
A Odisseia, poema com cerca de 12 mil versos, conta as aventuras de Ulisses (em grego, Odisseu), rei lendário de Ítaca, marido de Penépole, em seu longo regresso à sua terra natal após a Guerra de Troia. Durante sua longa ausência, centenas de homens assediaram sua esposa. Depois de chegar à sua terra, Ulisses vingou-se terrivelmente desses pretendentes.
Ruínas de Troia |
Um dos principais representantes da medicina grega antiga foi Hipócrates, nascido na cidade de Cós (cerca de 460-377 a.C.). Ele classificou sintomas de doenças, ficando conhecido como o "pai da medicina".
A cirurgia e o estudo do corpo humano avançaram bastante entre os médicos gregos até o século II a.C. Seus estudos os levaram a criar uma teoria segundo a qual as doenças eram resultado do desequilíbrio entre os líquidos (humores) do corpo humano. Muitos dos tratamentos que os médicos gregos propuseram foram aplicados em doentes no Ocidente até o século XIX.
Representação de uma consulta médica na Grécia Antiga |
A escultura foi uma das mais importantes expressões da cultura artística grega. Entre os principais escultores gregos estavam Praxíteles, Míron e Fídias. Eles viveram no século IV a.C. Várias obras feitas por eles e outros escultores gregos desapareceram, mas são conhecidas atualmente graças às cópias que os romanos fizeram delas e que existem até os dias atuais.
Muitas esculturas gregas com temas religiosos ou mitológicos decoravam os templos e os prédios públicos. Os deuses e as deusas eram representadas como formas humanas. Os deuses masculinos eram representados nus, entre eles Zeus, Apolo e Poseidon. As deusas eram, em geral, representadas com roupas. O nu artístico representava o ideal de beleza grego e era uma característica das esculturas da Grécia Antiga. Os corpos dos atletas que competiam nus, serviam como modelo.
Os escultores gregos não faziam obras apenas com temas religiosos. Eles também criaram obras abstratas para decorar colunas arquitetônicas e esculturas relativas ao esporte, como Discóbolo.
Estátua de Zeus, em Roma - Itália |
No Ocidente, a arte de escrever e representar peças de teatro (dramaturgia) surgiu na Grécia. Em Atenas atingiu seu auge entre 500 a.C. e 338 a.C.
Os autores gregos escreveram muitas peças teatrais. A dramaturgia grega antiga pode ser dividida em dois tipos básicos:
- as tragédias: deixavam a plateia comovida narrando dramas da vida. Representavam a vida de personagens ilustres e heroico e, no final, quase sempre havia algum acontecimento fatal;
- as comédias: sátiras que despertavam o riso ou a indignação dos espectadores. Ironizavam alguém ou alguma situação do cotidiano. Tratavam de temas variados, como guerra, política e mitologia.
Teatro de Epidauro - Grécia |
- Ésquilo, que escreveu as tragédias Prometeu acorrentado e Os persas;
- Eurípedes, autor das tragédias Medeia e Andrômaca;
- Aristófanes, autor das comédias As rãs e Os cavaleiros;
- Sófocles, que escreveu as tragédias Édipo rei e Electra.
Édipo e a esfinge - pintura de Jean Auguste Dominique Ingres, 1808 |
Alfabeto grego
Os gregos aperfeiçoaram o alfabeto fenício, inserindo as vogais, e, com o tempo, o transmitiram a diversos povos. O alfabeto grego era composto de 24 letras. O alfabeto utilizado para escrever a língua grega teve o seu desenvolvimento por volta do século IX a.C., utilizando-se até os nossos dias, tanto no grego moderno como também na matemática, na física, astronomia, etc.
Com o alfabeto, a escrita deixou de ser utilizada apenas por especialistas, como os escribas.
Alfabeto grego |
As Olimpíadas
Um evento cultural que unia gregos de diversas pólis eram os jogos realizados na cidade de Olímpia e que, por isso, ficaram conhecidos como Jogos Olímpicos ou Olimpíadas.
Os Jogos Olímpicos, realizados de quatro em quatro anos, eram cerimônias ao mesmo tempo religiosas e esportivas em honra a Zeus (o deus grego mais importante). Além dos esportes, também havia nesse evento competições musicais e poéticas.
Os gregos davam tanta importância às Olimpíadas que chegavam a interromper guerras para não prejudicar a realização dos jogos. Pessoas de lugares distantes viajavam até Olímpia para assistir às competições. Calcula-se que o estádio de Olímpia tinha capacidade para receber cerca de 40 mil pessoas sentadas.
Os atletas competiam representando sua cidade. Para isso, não podiam ser escravos ou ter sido condenados. As mulheres eram proibidas de participar dos jogos, seja como esportistas ou espectadoras.
Iniciados em 776 a.C., os Jogos Olímpicos da Antiguidade foram celebrados até o ano 393 d.C. Nessa data, o imperador romano Teodósio I, que era cristão e combatia os cultos pagãos (não cristãos), mandou fechar o templo de Zeus em Olímpia.
Representação de uma luta nos Jogos Olímpicos da Grécia Antiga |
INDEPENDÊNCIA: do Império Otomano
Data: 25 de março de 1821
Reconhecida: 3 de fevereiro de 1830
GENTÍLICO: grego
LÍNGUA OFICIAL: grego
GOVERNO: República Parlamentarista
LOCALIZAÇÃO: Europa Meridional
ÁREA: 131.990 km² (95º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2017): 10.892.536 habitantes (81°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 82,52 hab./km² (89°). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - Estimativa 2015): 0,21% (190°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma determinada população.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa 2017):
PIB (FMI - 2016): US$ 195,320 bilhão (47º). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
PIB PER CAPITA (FMI 2016): US$ 18.064 (38°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população.
IDH (ONU - 2016): 0,865 (29°). Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
acima de 0,900
0,850-0,899
0,800-0,849
0,750-0,799
0,700-0,749
|
0,650–0,699
0,600–0,649
0,550–0,599
0,500–0,549
0,450–0,499
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0,400–0,449
0,350–0,399
0,300–0,349
abaixo de 0,300
Sem dados
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TAXA DE NATALIDADE (ONU - 2016): 9,62/mil (177º). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook 2016): 10,24/mil (63º). Obs: a taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um índice demográfico que reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região por um período de tempo e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2016): 4,92/mil (43°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é contada de menor para maior.
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2016): 1,42 filhos/mulher (210º). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é contada de maior para menor.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2015): 98,6% (53°). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2015): 61,5% (85°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
MOEDA: Euro
RELIGIÃO: católicos ortodoxos (92,9%), outras religiões (4,7%), sem religião ou ateus (2,4%).
DIVISÃO: a Grécia está dividida em 13 periferias (nove no continente e quatro grupos de ilhas), que são subdivididos em 51 prefeituras, e um Estado autônomo. As periferias são (os números correspondem às regiões no mapa, e entre parênteses, a capital): 1. Ática (Atenas) 2. Grécia Central (Lâmia) 3. Macedônia Central (Tessalônica) 4. Creta (Heraclião) 5. Macedônia Oriental e Trácia (Comotini) 6. Épiro (Janina) 7. Ilhas Jônicas (Corfu) 8. Egeu Setentrional (Mitilene) 9. Peloponeso (Trípoli) 10. Egeu Meridional (Hermópolis) 11. Tessália (Lárissa) 12. Grécia Ocidental (Patras) 13. Macedônia Ocidental (Cozani) 14. Estado Autônomo de Monte Atos.
DIVISÃO: a Grécia está dividida em 13 periferias (nove no continente e quatro grupos de ilhas), que são subdivididos em 51 prefeituras, e um Estado autônomo. As periferias são (os números correspondem às regiões no mapa, e entre parênteses, a capital): 1. Ática (Atenas) 2. Grécia Central (Lâmia) 3. Macedônia Central (Tessalônica) 4. Creta (Heraclião) 5. Macedônia Oriental e Trácia (Comotini) 6. Épiro (Janina) 7. Ilhas Jônicas (Corfu) 8. Egeu Setentrional (Mitilene) 9. Peloponeso (Trípoli) 10. Egeu Meridional (Hermópolis) 11. Tessália (Lárissa) 12. Grécia Ocidental (Patras) 13. Macedônia Ocidental (Cozani) 14. Estado Autônomo de Monte Atos.
Mapa da divisão regional da Grécia |
REFERÊNCIA: Sampaio, Fernandes dos Santos
Para viver juntos: geografia, 6º ano: anos finais: ensino fundamental / Fernando dos Santos Sampaio. São Paulo: Edições SM, 2015.
Um comentário:
GOSTEI MUITO DESSE MATERIAL, É RESUMIDO MAS TRAS AS MELHORES INFORMAÇÕES QUE SÃO NECESSÁRIAS PARA PESQUISAS.
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