O Afeganistão é um dos países mais pobres do mundo e é uma nação peculiar da Ásia: é considerado um país do Oriente Médio, da Ásia Meridional e da Ásia Central, variando de região de acordo com os critérios de alguns autores. O país não possui litoral, o que dificulta seu comércio externo. Sua economia é pouco desenvolvida, com renda per capita bastante baixa.
O Afeganistão foi área de influência inglesa de meados do século XIX até a Primeira Guerra Mundial. Apesar de ter pertencido à Inglaterra, os ingleses nunca conseguiram conquistar completamente o país, pois os clãs que dominaram o Afeganistão sempre lutaram contra a presença estrangeira.
O Afeganistão hoje é um país arrasado, que desde os anos 1980 vem sofrendo perdas humanas e materiais devido a várias guerras: contra os soviéticos, contra movimentos guerrilheiros internos e contra uma coalizão liderada pelos Estados Unidos, que bombardeou e invadiu o território afegão a partir de 2001.
Desde 1989, quando os soviéticos se retiraram do Afeganistão, seu povo luta para se reconstituir como Estado independente e para reerguer sua frágil economia.
O que hoje conhecemos do como República Islâmica do Afeganistão sempre foi uma ponte natural entre o Ocidente e o Oriente. Devido sua importância estratégica para o comércio e para a conquista de novos territórios, o Afeganistão tem sido, desde a antiguidade, conquistado por diversos impérios: persa, macedônio, hindu, mongol, turco, otomano, inglês e russo.
O povoamento do Afeganistão data da Pré-história, no Paleolítico. No ano 250 a.C., desenvolve-se o reino Bactria, que conseguiu se expandir em direção à Índia. Anos depois, o Afeganistão foi invadido pelos ários, período no qual passou a ter forte influência do budismo. Nos séculos III e IV d.C., os persas invadiram o país, através dos sassânidas. No século VIII, os hunos passaram a controlar a região, quando foram conquistados pelos árabes, que imporam o islamismo como religião oficial. No final do século X e início do século XI, o controle político árabe foi substituído pelo domínio iraniano e turco. Em 1220, sob a liderança de Gengis Khan, o país ficou sob o domínio mongol que perdurou até o século XIV, quando Tamerlão, um outro mongol, apoderou-se do norte do Afeganistão.
O monarca Ahmad Shah Durrani organizou, em 1747, um Estado com governo centralizado (já denominado Afeganistão). Durante todo o século XVIII e parte do século XIX, os afegãos ampliaram o seu poder, conquistando o Baluquistão (à leste do Irã), a Caxemira e parte do Punjab. Em 1818, houve a desintegração do emirado e, em 1835, Dost Muhammad, membro de uma notável família afegã, tomou o controle do leste do Afeganistão, recebendo o título de emir.
Em 1838 teve início a Primeira Guerra Afegã (1838-1842), quando o exército anglo-indiano invadiu o Afeganistão e manteve sob controle as principais cidades. Após uma rebelião, em 1842, os britânicos foram forçados a abandonar o país e Dost Muhammad recuperou o trono.
Em 1878, forças anglo-indianas invadiram novamente o Afeganistão. Após ter perdido a Segunda Guerra Afegã (1878-1879), Abd-ar-Rahman, neto de Dost Muhammad, subiu ao trono e cedeu o Passo de Khyber e outros territórios afegãos aos britânicos. Abd-ar-Rahman foi assassinado e seu sucessor, Amanullah Khan, declarou guerra à Grã-Bretanha.
Em 1919, o Afeganistão tornou-se independente e Amanullah Khan tornou-se rei. Durante a década de 1920, o país passou por uma série de reformas e medidas de modernização, entre as quais a educação para as mulheres, que acabaram provocando revoltas internas. Nas décadas seguintes, as lutas internas pelo poder foram constantes, e a desorganização econômica e social foi se acentuando.
Na década de 1970, as disputas internas resultaram em diversos golpes de Estado e conflitos violentos. Em 1979, um governo com projeto socialista assumiu o poder e abriu as fronteiras do país para a entrada de milhares de soldados e técnicos da antiga União Soviética, que queria ampliar sua área de influência na região. Desde o antigo império russo havia um projeto de anexar o Afeganistão e possuir, ao sul, uma saída para o oceano Índico.
Grande parte da população afegã não aceitou a mudança de costumes - reforma agrária, permissão de trabalho e voto para a mulheres, proibição do chador (vestimenta que cobre a mulher da cabeça aos pés) e das leis religiosas - nem a presença de tropas estrangeiras. Formaram-se grupos guerrilheiros para combater os invasores. O grupo mais conhecido era os mujahedin ("combatentes", em árabe).
Esses guerrilheiros foram apoiados pelos Estados Unidos, pois ainda era a época da Guerra Fria e os estadunidenses combatiam a expansão de seu rival socialista.
Foram organizados também grupos armados de mercenários recrutados principalmente do mundo islâmico. Entre estes chegou Osama Bin Laden, árabe saudita membro de família milionária, que mais tarde seria apontado como o maior inimigo dos Estados Unidos.
Após dez anos de combates, os soviéticos se retiraram do Afeganistão. Contudo, a saída deles não resultou num período de paz e reconstrução do país. Logo em seguida ocorreu uma guerra civil entre os diversos grupos guerrilheiros, com cada um deles querendo assumir o poder. Esses grupos representavam etnias ou seitas religiosas diferentes e apenas se uniram durante algum tempo para combater o inimigo comum - os soviéticos.
Após uma fase de intensas disputas pelo poder, em 1995 assumiu o governo do país o grupo guerrilheiro Talibã, apoiado pelo Paquistão e pelo grupo terrorista Al Qaeda e formado por fundamentalistas sunitas da etnia patane (majoritária no Afeganistão e também no Paquistão).
O governo Talibã, que durou até dezembro de 2001, pouco contribuiu para reconstruir a economia afegã, pois se preocupou mais com a imposição de determinadas regras morais, extremamente rígidas: os canais de televisão e todos os cinemas foram fechados, a música foi proibida, as mulheres foram impedidas de sair sozinhas de casa (além de serem obrigadas a vestir um véu que cobre todo o rosto), os homens foram proibidos de se barbear, etc. Durante a vigência do governo Talibã, grande parte da população só se alimentou graças à ajuda internacional.
Em setembro de 2001 ocorreram fortes atentados terroristas contra os Estados Unidos, e as autoridades norte-americanas culparam o grupo terrorista Al Qaeda por esses atos. Como retaliação aos atentados nos Estados Unidos, o governo estadunidense declarou guerra ao terror no mundo e a todos os países que julgavam dar apoio a ações terroristas. A principal base e os campos de treinamento desse grupo terrorista situavam-se no Afeganistão. Como o governo Talibã se recusou a prender os líderes desse grupo terrorista, os Estados Unidos, com o auxílio da ONU e de inúmeros Estados, bombardearam e invadiram o Afeganistão, além de apoiarem outro grupo guerrilheiro afegão, a Aliança do Norte, que combatia o governo Talibã.
A invasão, vencida pela Aliança do Norte e seus aliados em um curto período de tempo, resultou na deposição do governo Talibã. Em dezembro de 2001, com a intermediação da ONU, da Europa Ocidental e dos Estados Unidos, foi instalado um governo de coalizão no Afeganistão, formado por pessoas de diversos grupos: representantes da Aliança do Norte, do antigo rei (que foi deposto em 1973) e de outros grupos étnicos, inclusive os patanes.
Em 2002, foi criado o Estado Islâmico Transitório do Afeganistão. Mas até os dias de hoje, a reconstrução do Afeganistão continua a depender da ajuda internacional, principalmente dos países desenvolvidos.
Assim como em outras ofensivas militares lideradas pelos Estados Unidos, essa ofensiva realizada contra o Afeganistão em 2001, a qual deu início à ocupação militar que se prolonga até os dias atuais, além do combate ao terrorismo, buscou garantir seus interesses econômicos e estratégicos na região. Ela possibilitou o aumento de suas forças militares no mundo e, particularmente, o reposicionamento de suas bases militares na Ásia, cercando-a em boa parte e sobrepondo-se à histórica influência da Rússia nessa área geográfica, além do controle de imensas jazidas petrolíferas e gás natural existentes na região.
A chamada Guerra do Afeganistão opôs, inicialmente, de outubro a novembro de 2001, os Estados Unidos, com a contribuição militar da organização armada muçulmana Aliança do Norte e de outros países ocidentais (Reino Unido, França, Canadá, entre outros), ao regime do Talibã. O objetivo declarado da invasão era encontrar Osama Bin Laden e outros líderes do Al Qaeda, destruir toda a organização e remover do poder o regime Talibã.
A invasão marcou o início da guerra contra o terrorismo, declarada pelo então presidente norte-americano George W. Bush. A Aliança do Norte - grupo armado adversários dos talibãs - forneceu a maior parte das forças terrestres, enquanto os Estados Unidos e a Otan - Organização do Tratado do Atlântico Norte - ofereceram, na fase inicial, o apoio tático, aéreo e logístico.
Na segunda fase, após a recaptura de Cabul, as tropas ocidentais aumentaram a sua presença a nível local. Essa operação começou com a formação da Força Internacional de Assistência para Segurança (ISAF), inicialmente criada pelo Conselho de Segurança da ONU, para garantir a segurança da capital afegã, Cabul, e seus arredores, estabilizar o país e derrotar a insurgência de grupos opositores a essa operação. O ataque inicial removeu o Talibã do poder, mas logo uma insurgência liderada pelos fundamentalistas recuperou sua força.
A invasão ao Afeganistão provocou uma série de atentados no país que dura até os dias atuais, deixando centenas de mortos e milhares de feridos, numa escalada de violência que parece não ter fim.
Essa milícia impôs regras duras de convivência e comportamento, e o cumprimento à risca da "sharia", o código legal muçulmano, que prevê, entre outras medidas, a amputação de pés e mãos de quem roubar. Apesar do rígido código moral, o governo dos Estados Unidos acusou o Talibã de sustentar-se com um imposto cobrado dos traficantes de drogas.
De acordo com a ONU, sob o comando do Talibã o Afeganistão aumentou, em 1999, a produção de ópio, que é a matéria-prima para a fabricação da heroína.
Atualmente, o objetivo do Talibã no Afeganistão é recuperar o seu território e expulsar os invasores do país. Para tentar desestabilizar as forças de coalizão e o governo afegão, o Talibã utiliza táticas de guerrilhas e ataques com homens-bomba.
A limitação dos recursos naturais e de água doce, o abastecimento inadequado de água potável, a degradação dos solos, a sobrepastagem, o desmatamento, as constantes enchentes e as secas, são os grandes problemas ambientais que o Afeganistão enfrenta.
Os principais rios afegãos são o Amu Daria, na fronteira com o Tadjiquistão, o Cabul, afluente do rio Indo, o Helmand - que é o maior rio do país - e o Hari Rud. Com exceção do rio Cabul, todos os outros rios desaguam em lagos ou pântanos.
A vegetação predominante no Afeganistão é a de estepes. Nas regiões mais elevadas do país aparecem os bosques de cedros, pinhos e outras coníferas. Nas áreas mais baixas aparecem arbustos e aveleiras (cujo fruto é a avelã), dentre outras plantas. Alguns vales são bastante férteis e povoados, como o Herat, que está localizado no noroeste do país.
A fauna afegã é composta por dromedários e camelos, cabras montanhesas, ursos, gazelas, lobos, chacais, pumas, raposas, galgos (tipo de cão de caça), além de uma variedade de aves.
A precipitação média anual do Afeganistão é de 305 milímetros, e o período mais chuvoso é entre outubro e abril. São frequentes no país as tempestades de areia, principalmente nas regiões desérticas. O país é constantemente abalado por sismos, que provoca grandes destruições.
O Parque Nacional Band-e-Amir é o primeiro e único parque nacional do Afeganistão. O Band-e-Amir é uma série de seis lagos azuis localizados no centro do Afeganistão, no sopé da cordilheira Hindu Kush, que é a segunda mais alta cordilheira do mundo e onde se encontra o ponto culminante do Afeganistão, o monte Nowshak. Esse parque é cercado por altas falésias calcárias de cor rosa, quase sem nenhuma vegetação e com lagos bastante deslumbrantes.
Os lagos do Parque Nacional Band-e-Amir são criados pela água rica em dióxido de carbono que flui das falhas e fissuras na primavera, como resultado do derretimento da neve das montanhas. Esta água se infiltra lentamente através do calcário subjacente, dissolvendo o seu principal mineral, o carbonato de cálcio sob a forma de paredes de rocha calcária que hoje armazenam a água nas camadas de mineral endurecido, em bacias cada vez maiores.
A base econômica do Afeganistão é o setor primário, com destaque para a mineração (lápis-azul, gás natural, sal e talco) e na agropecuária (trigo, milho, cevada, arroz, criação de carneiros).
Grande parte da população afegã sofre com a falta de habitações, de água potável, eletricidade, assistência médica e com o desemprego, além da falta de trabalhadores qualificados.
Depois da queda do regime Talibã, o Afeganistão recebeu uma grande ajuda internacional, com o objetivo de reconstruir o país, arrasado pela guerra. O país foi tema da Conferência de Doadores de Tóquio para a Reconstrução do Afeganistão, em janeiro de 2002, onde foram atribuídos 4,5 bilhões de dólares a um fundo a ser administrado pelo Banco Mundial.
As áreas prioritárias de reconstrução foram a construção de instalações de educação, saúde e saneamento, além do aumento das capacidades de administração, o desenvolvimento do setor agrícola e a reconstrução das ligações rodoviárias, energéticas e de telecomunicações.
As atividades do setor primário afegão são baseadas na agricultura e na mineração. Embora em pequena quantidade, o país exporta lã, pedras preciosas, algodão, metais e peles. Os principais produtos agrícolas cultivados no Afeganistão são frutas secas, nozes, sementes de ricínio, asafoetida (planta medicinal), tabaco, algodão e ópio. Os principais rebanhos do país são de ovinos, equinos, asininos, bovinos, camelos, caprinos e galináceos. Os principais produtos minerais extraídos no país são ouro, lápis-lazúli, cobre, prata, berilo, carvão mineral, cromo, zinco e urânio.
Os principais parceiros comerciais do Afeganistão são Índia, Paquistão, Estados Unidos, Reino Unido, Finlândia e Alemanha.
A produção e o tráfico de ópio (principal matéria-prima da heroína) constituem uma boa parcela da economia afegã, mas o cultivo desta planta tem diminuído nos últimos anos, graças ao aquecimento da economia e à informação da população a respeito do seu cultivo. O Afeganistão é responsável por cerca de 93% da produção de ópio do mundo.
Esforços internacionais para a reconstrução do Afeganistão levaram à criação da Autoridade Interina do Afeganistão (AIE), resultado do acordo de Bonn (2001), que contribuiu para reconstruir a infraestrutura e melhorar a economia do país.
A população afegã é composta de diversos grupos étnicos, que vivem em constantes conflitos. Esses povos em geral praticam a religião muçulmana, porém são bastante diferentes dos árabes e dos turcos que predominam no Oriente Médio. Os principais grupos étnicos do Afeganistão são os patanes (pashtuns), hazaras, tajiques e uzbeques, além de várias minorias que habitam o país, como turcomanos, kazajos, entre outros.
O Afeganistão foi área de influência inglesa de meados do século XIX até a Primeira Guerra Mundial. Apesar de ter pertencido à Inglaterra, os ingleses nunca conseguiram conquistar completamente o país, pois os clãs que dominaram o Afeganistão sempre lutaram contra a presença estrangeira.
O Afeganistão hoje é um país arrasado, que desde os anos 1980 vem sofrendo perdas humanas e materiais devido a várias guerras: contra os soviéticos, contra movimentos guerrilheiros internos e contra uma coalizão liderada pelos Estados Unidos, que bombardeou e invadiu o território afegão a partir de 2001.
Desde 1989, quando os soviéticos se retiraram do Afeganistão, seu povo luta para se reconstituir como Estado independente e para reerguer sua frágil economia.
Mapa do Afeganistão |
HISTÓRIA
O Afeganistão foi império emirado e monarquia antes de se tornar república, em 1973. Sempre às voltas com tentativas de golpes, rebeliões e revoltas populares.O que hoje conhecemos do como República Islâmica do Afeganistão sempre foi uma ponte natural entre o Ocidente e o Oriente. Devido sua importância estratégica para o comércio e para a conquista de novos territórios, o Afeganistão tem sido, desde a antiguidade, conquistado por diversos impérios: persa, macedônio, hindu, mongol, turco, otomano, inglês e russo.
O povoamento do Afeganistão data da Pré-história, no Paleolítico. No ano 250 a.C., desenvolve-se o reino Bactria, que conseguiu se expandir em direção à Índia. Anos depois, o Afeganistão foi invadido pelos ários, período no qual passou a ter forte influência do budismo. Nos séculos III e IV d.C., os persas invadiram o país, através dos sassânidas. No século VIII, os hunos passaram a controlar a região, quando foram conquistados pelos árabes, que imporam o islamismo como religião oficial. No final do século X e início do século XI, o controle político árabe foi substituído pelo domínio iraniano e turco. Em 1220, sob a liderança de Gengis Khan, o país ficou sob o domínio mongol que perdurou até o século XIV, quando Tamerlão, um outro mongol, apoderou-se do norte do Afeganistão.
Império Safávida contra o Império Mongol, em Kandahar (1638) |
Em 1838 teve início a Primeira Guerra Afegã (1838-1842), quando o exército anglo-indiano invadiu o Afeganistão e manteve sob controle as principais cidades. Após uma rebelião, em 1842, os britânicos foram forçados a abandonar o país e Dost Muhammad recuperou o trono.
Em 1878, forças anglo-indianas invadiram novamente o Afeganistão. Após ter perdido a Segunda Guerra Afegã (1878-1879), Abd-ar-Rahman, neto de Dost Muhammad, subiu ao trono e cedeu o Passo de Khyber e outros territórios afegãos aos britânicos. Abd-ar-Rahman foi assassinado e seu sucessor, Amanullah Khan, declarou guerra à Grã-Bretanha.
Em 1919, o Afeganistão tornou-se independente e Amanullah Khan tornou-se rei. Durante a década de 1920, o país passou por uma série de reformas e medidas de modernização, entre as quais a educação para as mulheres, que acabaram provocando revoltas internas. Nas décadas seguintes, as lutas internas pelo poder foram constantes, e a desorganização econômica e social foi se acentuando.
Dost Mohammad Khan com seu filho mais novo (1839) |
Grande parte da população afegã não aceitou a mudança de costumes - reforma agrária, permissão de trabalho e voto para a mulheres, proibição do chador (vestimenta que cobre a mulher da cabeça aos pés) e das leis religiosas - nem a presença de tropas estrangeiras. Formaram-se grupos guerrilheiros para combater os invasores. O grupo mais conhecido era os mujahedin ("combatentes", em árabe).
Esses guerrilheiros foram apoiados pelos Estados Unidos, pois ainda era a época da Guerra Fria e os estadunidenses combatiam a expansão de seu rival socialista.
Foram organizados também grupos armados de mercenários recrutados principalmente do mundo islâmico. Entre estes chegou Osama Bin Laden, árabe saudita membro de família milionária, que mais tarde seria apontado como o maior inimigo dos Estados Unidos.
Soldados soviéticos invadem o Afeganistão, em 1978 |
Após uma fase de intensas disputas pelo poder, em 1995 assumiu o governo do país o grupo guerrilheiro Talibã, apoiado pelo Paquistão e pelo grupo terrorista Al Qaeda e formado por fundamentalistas sunitas da etnia patane (majoritária no Afeganistão e também no Paquistão).
O governo Talibã, que durou até dezembro de 2001, pouco contribuiu para reconstruir a economia afegã, pois se preocupou mais com a imposição de determinadas regras morais, extremamente rígidas: os canais de televisão e todos os cinemas foram fechados, a música foi proibida, as mulheres foram impedidas de sair sozinhas de casa (além de serem obrigadas a vestir um véu que cobre todo o rosto), os homens foram proibidos de se barbear, etc. Durante a vigência do governo Talibã, grande parte da população só se alimentou graças à ajuda internacional.
Mulheres afegãs durante o regime do governo Talibã |
A invasão, vencida pela Aliança do Norte e seus aliados em um curto período de tempo, resultou na deposição do governo Talibã. Em dezembro de 2001, com a intermediação da ONU, da Europa Ocidental e dos Estados Unidos, foi instalado um governo de coalizão no Afeganistão, formado por pessoas de diversos grupos: representantes da Aliança do Norte, do antigo rei (que foi deposto em 1973) e de outros grupos étnicos, inclusive os patanes.
Em 2002, foi criado o Estado Islâmico Transitório do Afeganistão. Mas até os dias de hoje, a reconstrução do Afeganistão continua a depender da ajuda internacional, principalmente dos países desenvolvidos.
Soldados da Aliança do Norte |
A GUERRA DO AFEGANISTÃO
No plano internacional, o Afeganistão foi eleito o foco inicial da primeira campanha militar da chamada Operação Liberdade Duradoura, deflagrada pelo governo norte-americano de George W. Bush após os atentados de 11 de setembro de 2001. Esse país asiático supostamente abrigava Osama Bin Laden e seu grupo, a Al Qaeda.Assim como em outras ofensivas militares lideradas pelos Estados Unidos, essa ofensiva realizada contra o Afeganistão em 2001, a qual deu início à ocupação militar que se prolonga até os dias atuais, além do combate ao terrorismo, buscou garantir seus interesses econômicos e estratégicos na região. Ela possibilitou o aumento de suas forças militares no mundo e, particularmente, o reposicionamento de suas bases militares na Ásia, cercando-a em boa parte e sobrepondo-se à histórica influência da Rússia nessa área geográfica, além do controle de imensas jazidas petrolíferas e gás natural existentes na região.
A chamada Guerra do Afeganistão opôs, inicialmente, de outubro a novembro de 2001, os Estados Unidos, com a contribuição militar da organização armada muçulmana Aliança do Norte e de outros países ocidentais (Reino Unido, França, Canadá, entre outros), ao regime do Talibã. O objetivo declarado da invasão era encontrar Osama Bin Laden e outros líderes do Al Qaeda, destruir toda a organização e remover do poder o regime Talibã.
Soldados da Coligação Militar Internacional (ISAF), patrulham as ruas de Cabul |
Na segunda fase, após a recaptura de Cabul, as tropas ocidentais aumentaram a sua presença a nível local. Essa operação começou com a formação da Força Internacional de Assistência para Segurança (ISAF), inicialmente criada pelo Conselho de Segurança da ONU, para garantir a segurança da capital afegã, Cabul, e seus arredores, estabilizar o país e derrotar a insurgência de grupos opositores a essa operação. O ataque inicial removeu o Talibã do poder, mas logo uma insurgência liderada pelos fundamentalistas recuperou sua força.
A invasão ao Afeganistão provocou uma série de atentados no país que dura até os dias atuais, deixando centenas de mortos e milhares de feridos, numa escalada de violência que parece não ter fim.
Atentado suicida em Cabul, em dezembro de 2012 |
OS TALIBÃS
O grupo Talibã foi formado por fundamentalistas e bancado, financeira e belicamente, pelo Paquistão. Em setembro de 1996, o Talibã conquistou Cabul e assumiu o controle de 70% do território do Afeganistão. Os Talibãs vinham das madrassas, escolas paquistanesas que se apegavam rigidamente aos ensinamentos religiosos islâmicos.Essa milícia impôs regras duras de convivência e comportamento, e o cumprimento à risca da "sharia", o código legal muçulmano, que prevê, entre outras medidas, a amputação de pés e mãos de quem roubar. Apesar do rígido código moral, o governo dos Estados Unidos acusou o Talibã de sustentar-se com um imposto cobrado dos traficantes de drogas.
De acordo com a ONU, sob o comando do Talibã o Afeganistão aumentou, em 1999, a produção de ópio, que é a matéria-prima para a fabricação da heroína.
Atualmente, o objetivo do Talibã no Afeganistão é recuperar o seu território e expulsar os invasores do país. Para tentar desestabilizar as forças de coalizão e o governo afegão, o Talibã utiliza táticas de guerrilhas e ataques com homens-bomba.
Membros do Talibã |
GEOGRAFIA
O Afeganistão é um país interior e montanhoso. O ponto mais elevado do país é o monte Nowshak, com 7.485 metros acima do nível do mar e o ponto mais baixo é o Amur Daria, que está a 258 metros de altitude. Grandes extensões do país são áridas, e o fornecimento de água doce é limitado. O clima do Afeganistão é o continental árido e semiárido, com verões quentes e invernos frios.A limitação dos recursos naturais e de água doce, o abastecimento inadequado de água potável, a degradação dos solos, a sobrepastagem, o desmatamento, as constantes enchentes e as secas, são os grandes problemas ambientais que o Afeganistão enfrenta.
Os principais rios afegãos são o Amu Daria, na fronteira com o Tadjiquistão, o Cabul, afluente do rio Indo, o Helmand - que é o maior rio do país - e o Hari Rud. Com exceção do rio Cabul, todos os outros rios desaguam em lagos ou pântanos.
Monte Nowshak - ponto culminante do Afeganistão |
A fauna afegã é composta por dromedários e camelos, cabras montanhesas, ursos, gazelas, lobos, chacais, pumas, raposas, galgos (tipo de cão de caça), além de uma variedade de aves.
A precipitação média anual do Afeganistão é de 305 milímetros, e o período mais chuvoso é entre outubro e abril. São frequentes no país as tempestades de areia, principalmente nas regiões desérticas. O país é constantemente abalado por sismos, que provoca grandes destruições.
Paisagem montanhosa do Afeganistão |
Os lagos do Parque Nacional Band-e-Amir são criados pela água rica em dióxido de carbono que flui das falhas e fissuras na primavera, como resultado do derretimento da neve das montanhas. Esta água se infiltra lentamente através do calcário subjacente, dissolvendo o seu principal mineral, o carbonato de cálcio sob a forma de paredes de rocha calcária que hoje armazenam a água nas camadas de mineral endurecido, em bacias cada vez maiores.
Parque Nacional de Band-e Amir - Afeganistão |
ECONOMIA
O Afeganistão é um dos países mais pobres do mundo. O país enfrenta sérios problemas econômicos e sociais que se agravaram com os constantes conflitos que enfrenta há décadas. Em razão dessa turbulência, há poucos dados sobre a economia do país.A base econômica do Afeganistão é o setor primário, com destaque para a mineração (lápis-azul, gás natural, sal e talco) e na agropecuária (trigo, milho, cevada, arroz, criação de carneiros).
Grande parte da população afegã sofre com a falta de habitações, de água potável, eletricidade, assistência médica e com o desemprego, além da falta de trabalhadores qualificados.
Mazar-i-Sharif - com uma população de 432.750 habitantes (estimativa 2015) é a quarta maior cidade do Afeganistão |
As áreas prioritárias de reconstrução foram a construção de instalações de educação, saúde e saneamento, além do aumento das capacidades de administração, o desenvolvimento do setor agrícola e a reconstrução das ligações rodoviárias, energéticas e de telecomunicações.
Jalalabad - com uma população de 237.058 habitantes (estimativa 2015) é a quinta maior cidade do Afeganistão |
Os principais parceiros comerciais do Afeganistão são Índia, Paquistão, Estados Unidos, Reino Unido, Finlândia e Alemanha.
Mesquita em Lashkar Gar - com uma população de 232.584 habitantes (estimativa 2015) é a sexta maior cidade do Afeganistão |
Esforços internacionais para a reconstrução do Afeganistão levaram à criação da Autoridade Interina do Afeganistão (AIE), resultado do acordo de Bonn (2001), que contribuiu para reconstruir a infraestrutura e melhorar a economia do país.
A população afegã é composta de diversos grupos étnicos, que vivem em constantes conflitos. Esses povos em geral praticam a religião muçulmana, porém são bastante diferentes dos árabes e dos turcos que predominam no Oriente Médio. Os principais grupos étnicos do Afeganistão são os patanes (pashtuns), hazaras, tajiques e uzbeques, além de várias minorias que habitam o país, como turcomanos, kazajos, entre outros.
NOME: República Islâmica do Afeganistão
CAPITAL: CabulRegião central de Cabul |
GENTÍLICO: afegão, afegã, afegane, afegânico
LÍNGUA OFICIAL: pastó e dari
GOVERNO: República Islâmica
INDEPENDÊNCIA: do Reino Unido
Declarada: 8 de agosto de 1919
Reconhecida: 19 de agosto de 1919
Declarada: 8 de agosto de 1919
Reconhecida: 19 de agosto de 1919
LOCALIZAÇÃO: centro da Ásia, numa encruzilhada entre a Ásia Central, Ásia Meridional e Oriente Médio. Obs: alguns autores classificam o Afeganistão como integrante do Oriente Médio, outros como da Ásia Meridional e outros ainda classificam o país como integrante da Ásia Central.
ÁREA: 652.090 km² (41º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2015): 28.065.451 habitantes (47°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 43,04 hab./km² (133°). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - Estimativa 2015): 3,85% (3°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma determinada população.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa 2015):
Kandahar: 591.078 habitantesKandahar - segunda maior cidade do Afeganistão |
Herat - terceira maior cidade do Afeganistão |
PIB (FMI - 2014): US$ 19,847 bilhões (105º). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
PIB PER CAPITA (FMI 2014): US$ 678 (166°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população.
IDH (ONU - 2014): 0,468 (169°). Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
acima de 0,900
0,850-0,899
0,800-0,849
0,750-0,799
0,700-0,749
|
0,650–0,699
0,600–0,649
0,550–0,599
0,500–0,549
0,450–0,499
|
0,400–0,449
0,350–0,399
0,300–0,349
abaixo de 0,300
Sem dados
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TAXA DE NATALIDADE (ONU - 2014): 46,21/mil (4º). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook 2014): 20,34/mil (11º). Obs: a taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um índice demográfico que reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região por um período de tempo e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2014): 121,63/mil (222°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é contada de menor para maior.
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2015): 5,33 filhos/mulher (10º). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é contada de maior para menor.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2014): 28,1% (211°). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2014): 24,6% (175°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
MOEDA: Afegani
RELIGIÃO: cerca de 99% da população afegã professa o islamismo e 1% da população segue outras religiões.
DIVISÃO: o Afeganistão está dividido administrativamente em 34 vilaietes ou províncias. As províncias são (os números correspondem à província no mapa): 1. Badakhshan 2. Badghis 3. Baghlan 4. Balkh 5. Bamiyan 6. Daikondi 7. Farah 8. Fariab 9. Ghazni 10. Ghowr 11. Helmand 12. Herat 13. Jozjan 14. Cabul 15.Candahar 16. Kapisa 17. Khost 18. Konar 19. Konduz 20. Laghman 21. Logar 22. Nangarhar 23. Nimro 24. Nurestão 25. Paktia 26. Paktika 27. Panjshir 28. Parwan 29. Samangan 30. Sar-i Pol 31. Takhar 32. Uruzgan 33. Vardak 34. Zabol.
DIVISÃO: o Afeganistão está dividido administrativamente em 34 vilaietes ou províncias. As províncias são (os números correspondem à província no mapa): 1. Badakhshan 2. Badghis 3. Baghlan 4. Balkh 5. Bamiyan 6. Daikondi 7. Farah 8. Fariab 9. Ghazni 10. Ghowr 11. Helmand 12. Herat 13. Jozjan 14. Cabul 15.Candahar 16. Kapisa 17. Khost 18. Konar 19. Konduz 20. Laghman 21. Logar 22. Nangarhar 23. Nimro 24. Nurestão 25. Paktia 26. Paktika 27. Panjshir 28. Parwan 29. Samangan 30. Sar-i Pol 31. Takhar 32. Uruzgan 33. Vardak 34. Zabol.
Divisão administrativa do Afeganistão |
FONTE: Vesentini, J. William
Projeto Télaris: Geografia / J. William Vesentini, Vânia Vlach. 1. ed. - São Paulo: Ática, 2012. (Projeto Télaris: Geografia)
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