quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O PÓS-PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL E O PERÍODO ENTRE GUERRAS

  Após a Primeira Guerra Mundial, o quadro político europeu já se mostrava muito diferente.
  A leste, o vasto império do czar da Rússia, derrubado por uma revolução socialista em 1917, deu lugar ao primeiro Estado de regime socialista - a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) -, organizado no final de 1922.
   Também em 1922, na Itália, o líder fascista Benito Mussolini foi conduzido ao poder. Financiada pelos grandes empresários temerosos de uma revolução, a ascenção do fascismo expressava também a insatisfação italiana com o teor do Tratado de Versalhes.
Mapa da Europa em 1914
  Após a rendição alemã, realizou-se uma série de conferências entre 1919 e 1920, com a participação de representantes de 27 nações consideradas vencedoras da guerra, sob a liderança de representantes dos Estados Unidos, da Inglaterra, da França e da Itália. As conferências ocorreram nas proximidades de Paris, e o principal local utilizado foi o Palácio de Versalhes. Por isso, o conjunto de decisões tomadas ficou conhecido como Tratado de Versalhes e impôs duras condições aos alemães.
Reunião que estabeleceu o Tratado de Versalhes em 1919
  Os artigos desse tratado determinavam que o governo alemão deveria reduzir ao mínimo o poderio militar de seus exércitos, ficando proibido de manter uma aviação e uma marinha militares. Os alemães teriam de devolver a Alsácia-Lorena à soberania francesa, além de ceder outros territórios aos governos da Bélgica, Dinamarca e Polônia e também as minas de carvão existentes na região de Sarre à França por um período de 15 anos. Deveriam também entregar seu império colonial aos franceses, ingleses e belgas, além de quase todos os seus navios mercantes às marinhas francesa, inglesa e belga.  Finalmente, teriam de pagar uma indenização de 33 bilhões de dólares aos governos dos países vencedores.
  Internamente, a situação da Alemanha também não era tranquila. Em 1918, antes do fim da guerra, políticos social-democratas chegaram ao poder, dando início à República de Weimar, cujo nome é uma referência à cidade onde foi redigida a Constituição Republicana que instaurou o parlamentarismo federalista e democrático em 1919, com presidente eleito pelo voto direto. Em 1933, a República de Weimar foi substituída pela ditadura nazista.
República de Weimar
  Em pouco tempo as decisões impostas aos alemães provocaram intensa reação das forças políticas que se organizavam no país. Os alemães consideravam as condições do Tratado de Versalhes injustas, vingativas e humilhantes. Anos mais tarde, o desejo de mudar os termos desse tratado motivaria a enorme expansão do nacionalismo alemão e uma maciça propaganda patriótica.
  Adolf Hitler, líder do partido nacional-socialista (nazista) inspirado no fascismo italiano, aproveitou-se do sentimento de baixa autoestima que acometia o povo alemão para chegar ao poder em 1933 e iniciar a retomada do projeto militar do país. As relações com o mundo passaram a se basear na negação das instituições democráticas e na crença da superioridade da raça ariana (da qual os nazistas afirmavam que os alemães faziam parte), com perseguição aos indivíduos considerados inferiores (judeus, ciganos, homossexuais, portadores de deficiência física e mental).
Adolf Hitler
  Além do Tratado de Versalhes - que se referia apenas aos alemães -, os representantes dos países envolvidos na guerra assinaram outros acordos. Por meio deles os impérios Austro-Húngaro e Otomano foram desmembrados, dando origem a países como Tchecoslováquia, Hungria, Polônia, Iugoslávia, Áustria, Letônia, Lituânia, Estônia, Síria, Líbano e Iraque. A maioria deles abandonou o regime monárquico e transformou-se em república.
Mapa da Europa em 1920
A LIGA DAS NAÇÕES
  Em 28 de abril de 1919, os membros da Conferência de Paz de Versalhes aprovaram a criação da Liga  ou Sociedade das Nações, acatando uma proposta do presidente dos Estados Unidos, na época, Woodrow Wilson.
  Com sede na cidade suíça de Genebra, a Liga das Nações começou a funcionar em janeiro de 1920. Esse órgão internacional era formado por representante de países de todos os continentes, e sua principal missão era mediar os conflitos internacionais, tentando preservar a paz mundial.
  Os senadores dos Estados Unidos vetaram a participação do país na Liga das Nações, pois discordavam da fiscalização que os membros dessa entidade poderiam fazer sobre os tratados assinados após a guerra. Assim, o governo estadunidense manteve uma política internacional isolacionista. A Liga das Nações não teve forças suficientes para articular a paz internacional. Não conseguiu impedir, por exemplo, a invasão japonesa na Manchúria em 1931, o ataque italiano à Etiópia em 1935 e a Guerra do Chaco entre Paraguai e Bolívia (1932-1935).
Reunião da Liga das Nações em Genebra
A ASCENSÃO DOS ESTADOS UNIDOS
  Desde o final do século XIX, a produção industrial vinha se ampliando nos Estados Unidos, expandindo o campo de atuação econômica de seus empresários em diferentes partes do mundo.
  Quando a Primeira Guerra Mundial começou, a agricultura e a indústria estadunidenses cresceram ainda mais. Em princípio, os estadunidenses conservaram-se em uma posição de neutralidade, limitando-se a abastecer os países aliados envolvidos no conflito. Além disso, enquanto os europeus estavam concentrados em seu esforço de guerra, os industriais estadunidenses aproveitavam para vender seus produtos a outros mercados mundiais, principalmente Ásia e América Latina.
Cartaz de incentivo à produção agrícola  nos Estados Unidos, feito por James Montgomery Flagg em 1918, em plena Primeira Guerra.
  Assim, concentrando cerca da metade de todo o ouro que circulava no mundo, os banqueiros e o governo dos Estados Unidos saíram da Primeira Guerra como credores dos governos da arrasada Europa.
A CRISE DE 1929
  Durante a Primeira Guerra Mundial, a economia norte-americana estava em pleno desenvolvimento. As indústrias dos EUA produziam e exportavam em grandes quantidades, principalmente para os países europeus.
  Após a guerra o quadro não mudou, pois os países europeus estavam voltados para a reconstrução das indústrias e cidades, necessitanto manter suas importações, principalmente dos EUA. A situação começou a mudar no final da década de 1920. Reconstruídas, as nações europeias diminuíram drasticamente a importação de produtos industrializados e agrícolas dos Estados Unidos.
Pessoas em frente à Bolsa de Nova York, em 1929, após a Quebra da Bolsa de Nova York
Causas da crise
  Com a diminuição das exportações para a Europa, as indústrias norte-americanas começaram a aumentar os estoques de produtos, pois já não conseguiam mais vender como antes. Grande parte destas empresas possuíam ações na Bolsa de Valores de Nova York e milhões de norte-americanos tinham investimentos nestas ações.
Efeitos da crise
  Em outubro de 1929, percebendo a desvalorização das ações de muitas empresas, houve uma correria de investidores que pretendiam vender suas ações. O efeito foi devastador, pois as ações se desvalorizaram fortemente em poucos dias. Pessoas muito ricas, passaram, da noite para o dia, para a classe pobre. O número de falências de empresas foi enorme e o desemprego atingiu quase 30% dos trabalhadores.
Ficheiro:Poor mother and children, California 1936 by Dorothea Lange.jpg
A Grande Depressão causou pobreza geral nos Estados Unidos e em diversos países do mundo.
  A crise, também conhecida como "A Grande Depressão", foi a maior de toda a história dos Estados Unidos. Como nesta época, diversos países do mundo mantinham relações comerciais com os EUA, a crise acabou se espalhando por quase todos os continentes.
Efeitos no Brasil
  A crise de 1929 afetou também o Brasil. Os Estados Unidos eram o maior comprador do café brasileiro. Com a crise, a importação deste produto diminuiu muito e os preços do café brasileiro caíram. Para que não houvesse uma desvalorização excessiva, o governo brasileiro comprou e queimou toneladas de café. Desta forma, diminuiu a oferta, conseguindo manter o preço do principal produto brasileiro da época. Por outro lado, este fato trouxe algo positivo para a economia brasileira. Com a crise do café, muitos cafeicultores começaram a investir no setor industrial, alavancando a indústria brasileira.
Queima de café em Santos - SP, no iníco dos anos 1930
New Deal: a solução
  A solução para a crise surgiu apenas no ano de 1933. No governo de Franklin Delano Roosevelt, foi colocado em prática o plano conhecido como New Deal. De acordo com o plano econômico, o governo norte-americano passou a controlar os preços e a produção das indústrias e das fazendas. Com isto, o governo conseguiu controlar a inflação e evitar a formação de estoques. Fez parte do plano também o grande investimento em obras públicas (estradas, aeroportos, ferrovias, energia elétrica, entre outros), conseguindo diminuir significativamente o desemprego. O programa foi tão bem sucedido que no começo da década de 1940 a economia norte-americana já estava funciondo normalmente.
FONTE: Cotrim, Gilberto. Saber e fazer história: história geral e do Brasil, 9° ano: mundo contemporâneo e Brasil República / Gilberto Cotrim, Jaime Rodrigues. 6. ed. - São Paulo: Saraiva, 2009.

8 comentários:

Anônimo disse...

Olá Professor Marciliano, parabens pela explanação, também so Professor de história. até mais Abs

Unknown disse...

Hoje em dia é dificil encontra textos bons como esse, parabéns professor !

Unknown disse...

Hoje em dia é dfiícil ver textos bons como esse, parabéns professor !

Marciano Dantas de Medeiros disse...

Obrigado Letícia

Anônimo disse...

Ótimo texto bem exclarecedor !

Vinnicius Vieira disse...

Muito obrigado! Me ajudou muito! Pena que tive que copiar tudo isso kkkk mas valeu a pena!

Unknown disse...

Muito obrigado professor! Ótima explicação! Me ajudou bastante!
👏👏

Unknown disse...

Mui bueno su texto mestre!!!

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