terça-feira, 23 de agosto de 2011

SOLO

  O solo é um importante  recurso natural, apresentando várias possibilidades de exploração econômica, o que torna sua preservação muito importante para  a manutenção do seu equilíbrio sociambiental. Em áreas de exploração mineral ou agrícola, é importante reduzir as agressões ambientais causadas por essas atividades.
  O solo é a base para o desenvolvimento das plantas e de diversos animais, incluindo a espécie humana. É nele que:
  • as plantas fixam suas raízes e obtém a água, o ar e os nutrientes utilizados no processo da fotossíntese;
  • a água é armazenada originando as nascentes que formam os rios e lagos e abastecem as cidades;
  • fazemos o alicerce das casas, dos prédios e de outras obras que construímos.
  A erosão dos solos compromete a produção agrícola, causa assoreamento nos rios, represas e zonas portuárias. A retirada de vegetação e ocupação dos solos por moradias em encostas íngremes provoca os escorregamentos frequentemente noticiados pela imprensa, que causam muitas mortes e danos materiais.
Erosão do solo - um dos principais problemas decorrente do mau uso do solo
  A ação humana no ambiente por meio de práticas agrícolas e formas de ocupação urbana sem planejamento ou preocupação com a conservação dos solos, acelera muito a degradação e compromete a sustentabilidade ambiental, social e econômica.
A FORMAÇÃO DO SOLO
  Os diferentes conceitos de solo estão relacionados às atividades humanas que nele se desenvolve e às ciências  que o estudam. Para a mineração, solo é um detrito que deve ser separado dos minerais explorados e depois removido; para algumas ciências, como a ecologia, é um sistema vivo composto por partículas minerais e orgânicas que possibilita o desenvolvimento de diversos ecossistemas. A geografia, em particular a pedologia (ciência que estuda a formação, desenvolvimento e composição dos solos), considera solo a parte natural e integrada à paisagem que dá suporte às plantas que nele se desenvolvem; para a edafologia (ciência que estuda  os solos, relacionando-os com as possibilidades de aproveitamento agrícola) define solo como um meio natural no qual o homem cultiva plantas, interessando-se pelas características ligadas à produção agrícola.
  O solo é formado, num processo contínuo, pela desagregação e decomposição das rochas. Quando expostas à atmosfera, as rochas sofrem a ação direta do calor do Sol e da água da chuva, entre outros fatores, que modificam seus aspectos físicos e a composição química dos minerais que as compõem. Em outras palavras, sofrem a ação do intemperismo físico e químico. Em regiões tropicais e úmidas, são necessários, em média, 100 anos para a formação de apenas dois centímetros de solo. Em áreas de clima frio e seco, esse período é ainda maior.
  O solo que resulta do intemperismo químico e físico das rochas e da adição de matéria orgânica em sua superfície se organiza em camadas com características diferentes que são denominadas horizontes. Os horizontes são identificados por letras e vão se diferenciando cada vez mais da rocha mãe à medida que aumenta sua distância em relação a ela. Ao processo que origina os solos e seus horizontes dá-se o nome de pedogênese.
  Os horizontes O, A e B são os mais importantes para a agricultura dada a sua fertilidade: quanto maior a disponibilidade equilibrada de certos elementos químicos, como o potássio, o nitrogênio, o sódio, o ferro e o magnésio, maior é sua fertilidade e o seu potencial de produtividade agrícola. Esses horizontes também são importantes para o ecossistema, por causa da densidade e variedade de vida em seu interior.
  O processo de formação dos solos, assim como a erosão, são modeladores do relevo. Ao longo do tempo geológico e em condições propícias, as rochas que sofreram intemperismo vão se transformando em solo e a sua porosidade (porcentagem de espaços vazios em relação ao volume do material sólido) permite a penetração de ar e água, criando condições favoráveis para o desenvolvimento de organismos vegetais e animais, bem como de microorganismos. Esses organismos passam a agir intensamente, acelerando a ação do intemperismo e fornecendo a matéria orgânica que participa da composição do solo, aumentando cada vez mais sua fertilidade.
  O solo é constituído de: 
Partículas minerais: apresentam composição e tamanhos diferentes, dependendo da rocha que lhe deu origem. Quanto ao tamanho, as partículas podem ser classificadas em frações: argila, silte, areia fina, areia grossa e cascalho (variando do menor ao maior tamanho).
Cascalho
Matéria orgânica: formada por restos vegetais e animais não decompostos e pelo produto desses restos depois de decompostos por microorganismos. O produto resultante dessa decomposição é o húmus.
Húmus
Água: fica retida por tempo determinado nos poros do solo. Sua reposição é feita, principalmente, pela chuva ou pela irrigação. A água do solo contém sais minerais, oxigênio e gás carbônico, constituindo um importante veículo para fornecer nutrientes aos vegetais.
Muita água no solo prejudica a colheita
Ar: ocupa os poros do solo não preenchidos pela água. É essencial para as plantas, que, por meio das raízes, absorvem oxigênio; além disso, em abundância, favorece a produção de húmus.
FATORES DE FORMAÇÃO DOS SOLOS
  O material de origem, o clima, o relevo, os organismo e a ação do tempo são os fatores determinantes para a origem e a evolução dos solos.
Material de origem: sob as mesmas condições climáticas, cada tipo de rocha dá origem a um tipo de solo diferente, dependendo de sua constituição mineralógica. Assim, os solos podem se desenvolver de materiais derivados de rochas ígneas ou metamórficas claras, como os granitos e os quartzitos, de rochas ígneas escuras, como o basalto, de materiais derivados de sedimentos consolidados, como os arenitos e as rochas calcárias, e de sedimentos não consolidados, como as dunas de areia e cinzas vulcânicas. Os materiais derivados do arenito, podem originar solos arenosos; se o arenito for pobre em calcário, o solo será quimicamente pobre.
Solo de terra roxa - origina-se a partir do derramamento de lavas vulcânicas
Clima: a temperatura e a umidade regulam a velocidade, a intensidade, o tipo de intemperismo das rochas, a distribuição e o deslocamento de materiais ao longo do perfil. Quanto mais quente e úmido for o clima, mais rápida e intensa será a decomposição das rochas, pois o aumento da temperatura e da umidade aceleram a velocidade das reações químicas.
Em áreas de clima semiárido predomina o intemperismo físico
Relevo: com suas diferentes formas, proporciona desigual distribuição de água da chuva, de luz e calor, além de favorecer ou não os processos de erosão. A chuva, a princípio, é igual em uma área relativamente pequena, mas as diferenças da topografia facilitam  o acúmulo de água em áreas mais baixas e côncavas. As vertentes mais expostas à insolação tornam-se mais quentes e secas que outras faces menos iluminadas, que, no Hemisfério Sul, voltam-se predominantemente para a direção sul.
Relevo - outro fator essencial na formação do solo
Organismos: compreendem os microorganismos (bactérias, algas e fungos), os vegetais e animais. Agem na decomposição dos restos vegetais e animais e na conservação do solo. 
Tempo: período de exposição da superfície terrestre às condições da atmosfera. Solos jovens são normalmente mais rasos que solos mais velhos.
Solos jovens - geralmente estão próximos à superfície
CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
  A perda anual de milhares de solos agricultáveis, sobretudo em consequência da erosão, é um dos mais graves problemas ambientais e o que abrange as maiores extensões terrestres. A principal causa da erosão, notadamente em países de clima tropical, é a retirada total da vegetação (muitas vezes feita por meio de queimadas) para implantação das culturas agrícolas e das pastagens.
Desmatamento e queimadas - um dos principais causadores da erosão
  Caso predomine a erosão hídrica, quanto maior a velocidade de escoamento e o volume de água, maior a capacidade de transportar material em suspensão; quanto menor a velocidade, mais intensa a sedimentação e menor a intensidade da erosão. Por sua vez, a velocidade e o volume do escoamento dependem da declividade do relevo, da quantidade e intensidade de chuva, da densidade da cobertura vegetal e do tipo de solo, fatores que podem facilitar ou dificultar a infiltração. Em uma floresta essa velocidade é baixa, pois a água encontra muitos obstáculos (como raízes, troncos e folhas) e fica maior tempo em contato com o solo, o que favorece a infiltração. Em uma área desmatada, a velocidade de escoamento superficial é alta e a água transporta muito material em suspensão, o que intensifica a erosão e diminui a quantidade de água que se infiltra no solo.
O desmatamento gera problemas não só no campo, mas também nas cidades
  Toda atividade agrícola provoca a degradação dos solos, mas a intensidade varia, dependendo do tipo de cultura e das técnicas utilizadas (uso de agroquímicos, espaçamento entre fileiras, cobertura do solo, prática de queimadas, entre outras).
  Algumas práticas possibilitam a quebra da velocidade  de escoamento das águas das chuvas e consequentemente diminuem a erosão. São elas:
Terraceamento: consiste em fazer cortes nas superfícies íngremes para formar degraus - terraços.Esse procedimento possibilita a expansão de áreas agrícolas em regiões montanhosas e populosas, por isso é muito comum em países asiáticos como a China, Japão, Tailândia e Filipinas.
Sistema de terraceamento na Indonésia
CURVAS DE NÍVEL: prática que consiste em arar o solo e depois semeá-lo seguindo cotas altimétricas do relevo (curvas de nível ou isoípas), o que por si só já reduz a velocidade de escoamento superficial da água da chuva. Para reduzi-la ainda mais, é comum a construção de obstáculos no terreno, espécies de lombadas, com terras retiradas dos próprios sulcos resultantes da aração. Com esse método simples, a perda de solo agricultável é sensivelmente reduzida.
Cultivo em curvas de nível
ASSOCIAÇÃO DE CULTURAS: em cultivos que deixam boa parte do solo exposto à erosão (como algodão e café), é comum plantar, entre uma fileira e outra, espécies leguminosas, como o feijão, que recobrem bem o terreno. Além de evitar a erosão, essa prática favorece o equilíbrio orgânico do solo.
Associação de culturas - uma prática de evitar o desgaste do solo
CULTIVO DE ÁRVORES: em regiões onde os ventos são fortes e a erosão eólica é intensa, pode-se cultivar árvores em linha para formar uma barreira que quebre sua velocidade e, consequentemente, reduza a capacidade erosiva.
Os quebra-ventos, uma forma de reduzir a erosão eólica
  Alguns cuidados podem manter ou até mesmo melhorar a fertilidade do solo, o que contribui para a sua conservação. É importante adequar as culturas aos tipos de solo, respeitando seu limite de possibilidade de uso; adubar o solo, tanto para corrigir uma deficiência como para repor o que a cultura lhe retira, e revezar culturas, já que cada uma delas tem exigências diferentes em relação aos nutrientes do solo.
Adubação - uma das formas de cuidar do solo
VOÇOROCAS
  As chuvas fortes também podem originar sulcos no terreno. Se não forem controlados, podem se aprofundar a cada nova chuva e, com o escoamento que ocorre no subsolo, resultar em sulcos de enormes dimensões, chamados voçorocas (ou boçorocas). Em alguns lugares as voçorocas chegam a atingir dezenas de metros de largura e profundidade, além de centenas de metros de comprimento, impossibilitando o uso do solo tanto para atividades agrícolas como urbanas.
Voçoroca em Avaré - SP

  Para impedir a formação das voçorocas, a primeira ação deve ser o desvio do fluxo de água. Se a topografia do relevo não permitir esse desvio, deve-se controlar a velocidade e o volume da água que escorre sobre o sulco. Isso pode ser feito com o plantio de grama (se a declividade das paredes do sulco não for muito acentuada) ou com a construção de taludes - degraus responsáveis pela diminuição da velocidade de escoamento da água.
  Outra solução bastante utilizada e difundida é a construção de uma barragem e o consequente represamento da água que escoa tanto pela superfície quanto pelo subsolo. Esse represamento faz com que a voçoroca fique submersa e receba sedimentos trazidos pela água, que com o tempo a estabilizam.
Fazer o plantio de árvores é uma das soluções para conter as voçorocas
MOVIMENTOS DE MASSA
  Em encostas que apresentam declividade acentuada, os movimentos de massa são fenômenos naturais, ou seja, fazem parte da dinâmica externa da crosta terrestre e são agentes que participam da modelagem do relevo ao longo do tempo.
  Os movimentos de massa devem ser analisados considerando-se basicamente dois fatores: a natureza do material movimentado (solo, detritos ou rocha) e a velocidade do movimento. Nos extremos, podem ocorrer quedas ou rolamentos de grandes blocos de rocha montanha abaixo ou escoamento lento de solo em vertentes de baixa declividade, mas os movimentos mais frequentes e que causam mais impactos sociais e ambientais são os escorregamentos de solo em encostas.
Construções em encostas - um dos grandes problemas das áreas urbanas
  No Brasil, onde existem muitas regiões serranas sujeitas a elevados índices pluviométricos, os escorregamentos de solos nas encostas são muito frequentes, principalmente no verão, quando as chuvas são abundantes e tornam o solo mais saturado e pesado. Esse fenômeno faz parte da dinâmica da natureza e acontece independente da intervenção humana.
Deslizamento de terra em Petrópolis- RJ
  Há, entretanto, um grande número de movimentos de massa provocados pela ação antrópica. Geralmente estão associados ao desmatamento e ao peso acumulado sobre o solo, como pedreiras e depósitos de lixo.
CONSERVAÇÃO DOS SOLOS EM FLORESTA
  Em uma floresta, as árvores servem de anteparo para as gotas de chuva que escorrem pelos seus troncos, infiltrando-se no subsolo. Além de diminuir a velocidade de escoamento superficial, as árvores evitam o impacto direto da chuva no solo. A retirada da cobertura vegetal prejudica o solo, expondo-o aos fatores de intemperismo e erosão, cujas consequências são graves, como:
  • aumento do processo erosivo e empobrecimento do solo;
  • assoreamento de rios e lagos, resultante do aumento no volume de sedimentos, o que provoca desequilíbrio nos ecossistemas aquáticos, enchentes e, muitas vezes, prejudica a navegação;
  • extinção de nascentes: o rebaixamento do lençol freático, resultante da menor infiltração da água das chuvas no subsolo, pode provocar problemas de abastecimento de água nas cidades e na agricultura;
  • possível diminuição nos índices pluviométricos e da evapotranspiração;
  • elevação das temperaturas locais e regionais, como consequência da maior radiação de calor para a atmosfera por causa do solo exposto;
  • agravamento dos processos de desertificação e arenização graças à combinação dos fenômenos como diminuição de chuvas, elevação das temperaturas, empobrecimento dos solos e acentuada diminuição da biodiversidade;
  • redução ou fim das atividades extrativas vegetais e a inviabilização do turismo ecológico;
  • proliferação de pragas e doenças pelos desequilíbrios nas cadeias alimentares.
Preservar as florestas é a melhor forma de conter a erosão do solo
FONTE: SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil, volume 1: espaço geográfico e globalização: ensino médio/ Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. - São Paulo: Scipione, 2010.

2 comentários:

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

muito instrutivo

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