domingo, 13 de outubro de 2019

AS CAVALHADAS DE PIRENÓPOLIS

  As Cavalhadas de Pirenópolis são uma atração turístico-cultural de Pirenópolis, município do estado de Goiás. Introduzidas pelo padre Manoel Amâncio da Luz, em formato de peça teatral intitulada "O Batalhão de Carlos Magno", é uma festa de origem portuguesa e uma encenação ao ar livre das batalhas entre mouros e cristãos. A encenação é apresentada após a Festa do Divino Espírito Santo, quando dois exércitos contendo doze cavaleiros cada, durante três dias, se apresentam para um público de milhares de pessoas.
Vídeo sobre as Cavalhadas
  Pirenópolis manteve forte esta tradição, uma vez que os primeiros colonizadores desta antiga cidade mineradora eram, em sua maioria, portugueses oriundos do norte de Portugal, local onde mais se resistiu à invasão moura. Porém, o que mais motiva a população de Pirenópolis a manter viva a "rixa" entre muçulmanos e cristãos é a beleza do espetáculo e o prazer pela montaria. Esta representação dramática foi introduzida sob autorização da Coroa pelos jesuítas, com o objetivo de catequizar os gentios e escravos africanos, mostrando nisto o poder da fé cristã.
Cavaleiros representando os mouros
  A cidade se mobiliza uma semana antes das encenações, para que tudo ocorra como dita a tradição. As tropas percorrem em cortejo, de casa em casa, acompanhadas pela Banda de Couro, convocando os cavaleiros para os ensaios. Tudo regado a muita música, comidas típicas, danças e orações.
  O belo espetáculo tem como palco o Campo das Cavalhadas, também conhecido como Cavalhódromo, que fica localizado no Centro de Pirenópolis. O campo é marcado com linhas brancas feitas de cal e, no campo dos cristãos, escondida em um arbusto, fica o espião mouro vestido de onça. Os Cristãos se vestem com as cores azul e branco, e se apresentam pelo lado do poente; os Mouros entram no campo pelo lado do nascente, vestidos de vermelho. Tais cavaleiros são prestigiados pela saudosa população, que apoia e se orgulha do trabalho que eles realizam a cada ano.
Cavaleiros representando os cristãos
  Outro personagem marcante das Cavalhadas são os Mascarados, ícones de alegria, algazarra, folclore e de liberdade artística. Eles cobrem todo o corpo para não serem identificados, e chegam até a mudar de voz. Suas roupas de cetim são coloridas e extravagantes. Usam máscaras tradicionais, feitas de papel, imitando caras de boi, onça e homem, enfeitadas com flores de papel. A figura do mascarado desperta curiosidade e tem importante participação nas Cavalhadas.
  Alguns dizem que a sua origem está ligada à Portugal, podendo, também, ser de influência africana. Os Mascarados saem às ruas, a pé ou a cavalo, a partir do sábado, sendo em totalidade, principalmente, no domingo do Divino, no Campo das Cavalhadas. Após apresentações folclóricas, são convidados a entrar no campo para cantar o Hino do Divino Espírito Santo, ficando, alguns, em pé sobre seus cavalos. Em seguida são convocados a se retirar do campo, para que os cavaleiros entrem e deem início ao primeiro dia da batalha.
Mascarados
  Alguns aproveitam o momento festivo e fazem manifestações, pequenos protestos ou críticas políticas, sem deixar de ser uma manifestação de alegria e descontração. Os Mascarados são símbolos vivos da cultura e tradição, representantes do folclore pirenopolino.
Vídeo da apresentação dos Mascarados
  Há também a Cavalhadinha da Vila Matutina, que é uma releitura infantil das "Cavalhadas" e da "Festa do Divino Espírito Santo". Em 1960, no Largo do Asilo, foi encenado seu primeiro formato, por meninos que, mais tarde, vieram a ser cavaleiros. A Cavalhadinha Matutina, a cada ano, cresce mais. Já está inclusa no Calendário de Festas Tradicionais de Pirenópolis e vem se tornando reconhecida e prestigiada pela população, ocupando lugar de destaque na cultura da cidade.
  Há também a Cavalhadinha Mirim, realizada desde 1997, e é um resumo das "Cavalhadas". A Cavalhadinha Mirim acontece graças à colaboração dos pais das crianças participantes e de diversas pessoas da cidade.
Meninos representando os mouros na Cavalhadinha Matutina
REFERÊNCIA: Moreira, João Carlos
Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização: ensino médio / João Carlos Moreira, Eustáquio de Sene. -- 3. ed. -- São Paulo: Scipione, 2016.

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