segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

O QUADRILÁTERO FERRÍFERO: MAIOR PRODUTOR DE MINERAIS METÁLICOS DO BRASIL

  O Quadrilátero Ferrífero se estende por uma área aproximada de 7.000 km², na porção central do estado de Minas Gerais, e representa uma área geologicamente importante do Pré-Cambriano brasileiro devido a suas riquezas minerais, principalmente ouro, ferro e manganês. É a região mais rica de Minas Gerais e a economia é diversificada e bastante industrializada.
  A região do Quadrilátero Ferrífero é delimitada com base em um critério econômico. É a maior produtora nacional de minério de ferro. De toda a produção nacional, sai da região 60% do minério produzido no país. Abrange os seguintes municípios: Alvinópolis, Barão de Cocais, Belo Horizonte, Caeté, Congonhas, Igarapé, Itabira, Itabirito, Itatiaiuçu, Itaúna, Jeceaba, João Monlevade, Mariana, Mateus Leme, Moeda, Nova Lima,  Ouro Preto, Ouro Branco, Raposos, Rio Acima, Rio Manso, Rio Piracicaba, Sabará, Santa Bárbara, Santa Luzia, São Gonçalo do Rio Abaixo, São Joaquim de Bicas e Sarzedo. De acordo com estimativa a do IBGE para 2020, a  população dessa região é de 3.864.470 habitantes.
Placa explicativa sobre o Quadrilátero Ferrífero dentro do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça
  Foi importante polo aurífero na época do ciclo do ouro. O povoamento teve início com a mineração no século XVII. Com a sua decadência, no fim do século XVIII, a região ficou estagnada.
  Na passagem do século XVIII para o XIX, surgiram os primeiros trabalhos científicos apresentando noções de geologia da porção centro-sudeste do estado de Minas Gerais. A partir daí, esta área foi se consolidando como objeto de pesquisas geológicas. Passado pouco mais de um século, a região ficou conhecida mundialmente como uma das maiores províncias minerais do planeta. No fim do século XIX, com a fundação de Belo Horizonte, houve um novo surto de povoamento.
Mapa geológico do Quadrilátero Ferrífero
  Na região do Quadrilátero Ferrífero encontra-se parte de duas das mais importantes bacias hidrográficas do estado de Minas Gerais: os rios Doce e das Velhas.
  A produção do Quadrilátero Ferrífero abastece as usinas siderúrgicas nacionais e produz, em grande parte, para exportação através da Vale S.A., antiga CVRD (Companhia Vale do Rio Doce). O minério é escoado através da Estrada de Ferro Vitória-Minas até os terminais do Porto de Tubarão, em Vitória, capital do Espírito Santo.
  Existe também o transporte por dutos, chamado mineroduto, ligando Mariana a Anchieta, no estado de Espírito Santo, com extensão de aproximadamente 400 quilômetros e atravessando 25 municípios.
  Está em construção um mineroduto ligando o município de Alvorada de Minas até o Complexo Portuário do Açu, em São João da Barra, no estado do Rio de Janeiro. O comprimento do duto é de 525 quilômetros, passando por 32 municípios. O transporte pelo duto terá a duração de três dias, utilizando bombas de alta pressão.
Produção de minério de ferro na região do Quadrilátero Ferrífero
REFERÊNCIA: Torrezani, Neiva Camargo
Vontade de saber: geografia: 7º ano: ensino fundamental: anos finais / Neiva Camargo Torrezani. - 1. ed. - São Paulo: Quinteto Editorial, 2018.

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

OS ÍNDIOS APURINÃ

  Dispersos em locais próximos ao rio Purus, os Apurinã, que se autodenominam Popuküre, compartilham um rico complexo cosmológico e ritual. Sua história é fortemente marcada pela violência dos dois ciclos da borracha na região amazônica. Hoje lutam pelos direitos a algumas de suas terras que ainda não foram reconhecidas e que são recorrentemente invadidas por madeireiros.
  Os Apurinã vivem em diversas terras indígenas, sendo duas com os Paumari do Lago Paricá e Paumari do Lago Marahã, e uma com os índios Torá, na terra de mesmo nome. Sua língua pertence à família maipure, do tronco aruaque. A língua mais próxima seria dos Machineri, na região do alto rio Purus.
  O território habitado pelos Apurinã, no século XIX, era o médio rio Purus - rio do Sepatini ou do rio Paciá ao Laco. Mas os Apurinã são um povo tradicionalmente migrante e, hoje, seu território se estende do baixo rio Purus até Rondônia. Há áreas Apurinã nos municípios Boca do Acre, Pauini, Lábrea, Tapauá, Manacapuru, Beruri, Manaquiri, Manicoré (este último na Terra Indígena Torá), todas no estado do Amazonas, além de índios Apurinã morando em várias cidades do país, e uma aldeia na Terra Indígena Roosevelt, dos índios Cinta-Larga, com quem alguns são casados.
Área em que os índios Apurinã habitam
  Os Apurinã da região de Pauini são divididos em dois clãs: Xoaporuneru e Metumanetu. O pertencimento a um destes grupos é determinado pela linhagem paterna. Para cada um dos clãs há proibições naquilo que se pode e que não se pode comer: os Xoaporuneru não podem consumir certos tipos de inambu, e aos Metumanetu é proibido comer porco-do-mato. O casamento correto é entre Xoaporuneru e Metumanetu, pois o casamento entre membros de um mesmo clã é o mesmo que casar entre irmãos.
  Os primeiros pesquisadores, viajantes e missionários a percorrer o rio Purus, na segunda metade do século XIX, afirmavam que os Apurinã, ainda que morassem a alguma distância da beira do rio, vinham para as margens do Purus para pescar e apanhar tartarugas. Na época em que chegaram os não-índios, muitos Apurinã se refugiaram  no alto de igarapés, e outros, quando trabalharam em seringais, moraram em locais isolados.
Índios Apurinã
  Os Apurinã tiveram contato sistemático com os não-índios no contexto da exploração da borracha. No século XVIII, o rio Purus começou a ser explorado por comerciantes itinerantes, na busca das chamadas "drogas do sertão": cacau, copaíba, manteiga de tartaruga e borracha. Alguns destes itinerantes se estabeleceram e começou a haver benfeitorias para exploração, ainda no baixo Purus. Nas décadas de 50 e 60 do século XIX, aconteceram várias expedições para reconhecer e mapear o rio: nesta época, segundo relatos, alguns Apurinã já trabalhavam para os não-índios.
  O rio Purus foi povoado por causa da borracha. A exploração começou entre os anos de 1870 e 1880, e nessa época, o rio já estava todo povoado por não-índios. A decadência da borracha ocorreu na década de 1910, quando começou a produção asiática, com a qual a brasileira não conseguiu competir. Sem o mercado, os seringais foram abandonados. Os seringueiros e índios permaneceram, e voltaram a produzir para a subsistência (isso, muitas vezes, era proibido nos seringais) e a vender outros produtos, como a castanha-do-pará.
Rio Purus, em Santa Rosa do Purus - AC
  A borracha teve um novo boom com a Segunda Guerra Mundial. Os Aliados precisavam da borracha, e os seringais asiáticos estavam em poder do Eixo. Na primeira metade do século XX, cerca de 50 mil nordestinos foram enviados para a Amazônia para trabalhar como seringueiros, denominados de "soldados da borracha". Com o fim da guerra, findou também o mercado. Após este período, os seringais foram financiados pelo governo. A retirada dos subsídios levou a uma nova queda da produção, em 1985.
  Os Apurinã tiveram inserções diferentes nos seringais: grupos inteiros foram mortos, alguns vendiam seus produtos, outros trabalhavam como seringueiros; alguns trabalharam desde o princípio, outros tiveram contatos com não-índios somente na época dos "soldados da borracha".
  As histórias Apurinã falam de massacres, torturas, da experiência de terem sido escravos, das relações pessoais, de compadrio, das batalhas e guerras pela terra. Após a queda da borracha, nenhum produto a substituiu com a mesma importância e nenhuma outra estrutura de produção se estabeleceu com igual força na região.
Apunirã do rio Peneri, em 1984
  O Serviço de Proteção aos Índios (SPI) teve um posto no rio Seruini, afluente do rio Purus, entre os atuais municípios de Pauini e Lábrea (AM). O Posto Marienê foi fundado em 1913, após um conflito em que morreram cerca de quarenta Apurinã e sete seringueiros. O auge do posto, empreendimento com metas produtivistas, foi entre as décadas de 1920 e 1930. Depois, o posto decaiu e foram inúmeras acusações de corrupção. No início da década de 1940, o posto estava desativado. O local do posto é, hoje, a aldeia Marienê.
  O Posto Marienê reuniu muitos Apurinã em um só local. De acordo com a ideologia do SPI, sua missão era trazer os Apurinã para a "civilização", fazendo deles "trabalhadores úteis" ao país.
  Entre 1977 e 1979, a Ajudância da Funai no Acre fez os primeiros levantamentos na região de Pauini. Nessa época, começam a haver conflitos em torno da terra e a resistência, por parte dos índios, contra invasões e exploração. Na região de Pauini, no igarapé de Tacaquiri, os Apurinã, aí moradores, liderados por João Lopes Brasil -o Lopinho -, foram contra o projeto da prefeitura de passar uma estrada por dentro da área. Nos anos seguintes, os conflitos prosseguiram e a possibilidade da estrada é sempre uma sombra para os moradores da região. Outro conflito foi com as empresas madeireiras, que continua até os dias atuais.
Posto Marienê, em 1979
Festas e rituais Apurinã
  As festas Apurinã, que recebem o nome genérico de Xingané (em Apurinã, kenuru), incluem desde pequenas cantorias noturnas até grandes eventos, com convites para muitas aldeias, farta comida, vinho de macaxeira, banana, patauá e combustível para os participantes. Em algumas ocasiões são feitas festas para acalmar a sombra de um morto, na sequência e nos anos seguintes do falecimento.
  O Xingané inicia como um ritual de confronto. Os convidados chegam armados, pintados e enfeitados pela mata. Vêm gritando. Os da casa vão encontrar, também armados. Quando se encontram, avançam os líderes, iniciando uma discussão (em português denominam esse diálogo de cortar sanguiré, em Apurinã, katxipuruãta) rápida e alta, com as armas sempre apontadas para o peito um do outro. Atrás deles encontram-se os acompanhantes, de prontidão com suas armas também apontadas para os que discutem. Quando abaixam a voz, abaixam também as armas e os líderes tomam rapé na mão um do outro.
  No início da discussão, afirma-se que não se conhece o outro e perguntam quem ele é. Vem, então, o sanguiré, uma fala pessoal, sempre encerrada com a afirmação de quem se é filho e neto.
  Uma festa já não praticada, mas considerada muito importante é a dos Kamatxi. Esta festa contava com a presença dos Kamatxi, seres que moram em buritizais e que vinham por ocasião da festa. Eram utilizadas flautas e as mulheres ficavam encerradas em uma casa, não podendo ver nada.
Ritual do Xingané
  O princípio das doenças e da cura "pajé" Apurinã são as pedras. A pedra é, ao mesmo tempo, o que lhe permite curar e o que lhe permite causar doenças e matar. Segundo vários relatos, na iniciação do pajé, o primeiro passo deve ser passar meses na mata, jejuando ou comendo muito pouco e mascando katsowaru. Também se deve evitar relações sexuais. Quando o pajé recebe uma pedra, ele a introduz no corpo e assim vai introduzindo todas as pedras que recebe ou que, no futuro, vai tirar do corpo dos doentes.
  Um pajé cura utilizando katsoparu, folha que se masca, e awire, rapé. O pajé tem o seu próprio katsoparu e awire, mas a pessoa que solicita a cura, em geral, é responsável por providenciá-los para a ocasião. O pajé deve mascar o katsoparu e tomar muito rapé. Às vezes, a cura é feita de forma privada, na casa do doente; mas, muitas vezes, todos conversam, mascam, até que o pajé dê início à sessão. Ele cura chupando o local. Muitas vezes mostra a pedra e explica qual a doença, como o doente a adquiriu e o que deve fazer. Explica se é feitiço ou ação de um bicho da mata. Ele introduz a pedra no corpo e pode, então, recomendar remédios ou tratamentos. Os remédios, em geral, são plantas, mas podem também ser remédios industriais, de farmácia.
Pajé Isaka, em área atingida por incêndios em 2019
  Um dos problemas mais comuns para um pajé resolver são os bichos que puxam, levam consigo o espírito de crianças. Há uma série de alimentos que o pai e a mãe devem evitar quando a criança ainda é pequena - até que ela tenha cerca de dois anos. Os principais são os peixes e caças de grande porte, mas também feijão, cachaça, coco, abacaxi, katsoparu, manga. Esses últimos não levam a sombra, mas prejudicam a saúde da criança, uma vez que, pelo leite da mãe, ala absorveria o alimento. Durante a noite, o espírito do pajé vai resgatar a sombra da criança. Este movimento é perigoso. Se for um pajé fraco, pode, por exemplo, ficar preso na entrada de um buraco de peixe e morrer. O pajé chega com chuva e trovão, momento em que a criança respira novamente.
  Os pajés Apurinã trabalham com sonhos. Neles, seu espírito sai, visita outros lugares, cumpre tarefas. Outros espíritos guiam o pajé nestas jornadas: os bichos, ou chefes de bichos (hãwite) com quem trabalha. Cada pajé possui o seu, ou os seus: onça, cobra, mapinguari, entre outros. Outro problema comum, em crianças e em adultos, são as flechadas de "bichos", "flechadores" (kipuatitirã). Trata-se dos "chefes" (hãwite). Um varador novo é especialmente perigoso. Banha-se as crianças com a planta pipioca (kawaky) como prevenção, ou uma mulher espirra o leite de seu peito. As crianças são as menos resistentes aos flechadores, podendo morrer em decorrência destes ataques.
  Os pajés visitam várias terras, embaixo da terra onde se mora, embaixo do rio, até mesmo o céu, onde está Tsora - se forem fortes. Quanto mais forte é o pajé, menos limites há para o seu espírito. Se é assim em vida, em morte também o é. Os pajés não morrem, alguns falam, se encantam. No momento da sua morte, ouve-se um estrondo. Na morte de pajés antigos, eles davam instruções precisas de como queriam ser enterrados para que pudesse sair dos seus túmulos. em alguns casos, os túmulos dos pajés permanecem limpos. Em outros, conta-se que eles são vislumbrados entre bandos de animais, como queixadas. Na sua maioria, entretanto, vão para a Terra Sagrada.
Apurinã da aldeia Maracanã
Produtos feitos pelos Apurinã
  Grande parte das mulheres faz vassouras (que são amplamente vendidas), além de, em alguns casos, balaios e cestas. As redes de trama aberta, maqueiras, muito raras hoje em dia, são tecidas com enviras (entrecascas de diferentes espécies de árvores).
  Artefatos de cerâmica são feitos de barro misturado ao pó derivado da queima da casca da árvore caripé. Utilizada para evitar as rachaduras na cerâmica, a casca da árvore é queimada, pisada no pilão até virar pó, que é peneirado e misturado ao barro. A cerâmica é envernizada com breu (resina) de jatobá, conferindo um aspecto brilhante à peça, em tons que vão do amarelo ao vermelho. São feitos, algumas vezes, também desenhos, com água e sal, passados na peça após a queima e antes de passar o breu do jatobá.
  Muito utilizados também são os estojos de rapé, feitos de aruá (caracol), sernambi (resíduo de borracha) e pequenos círculos de metal. Os katokana, ou mexikana, tubos para aspirar o rapé, são feitos de ossos de animais.
  Fazem parte também da cultura tradicional dos Apurinã, as cascas (aãta), canoas de casca da árvore jutaí. Hoje, elas são mais comuns nas comunidades no alto dos igarapés. A casca de jutaí é muito leve e propícia para a agilidade que os igarapés exigem. Para fazer, tira-se a casca da árvore, na época das chuvas, abre-se com fogo e faz-se o banco com outra madeira.
Cerâmica Apurinã
A importância da mandioca para os Apurinã
  A mandioca tem uma grande importância na base alimentar para o povo Apurinã. No interior da comunidade, cada família tem a sua roça.
  Como são distantes da aldeia, em certos períodos, as famílias chegam a transferir sua morada para lá.
  A lida com a mandioca se inicia na estação seca, quando os homens Apurinã preparam o terreno da roça, fazem a limpeza e queimam, conforme o sistema de coivara.
  O plantio é uma atividade que envolve toda a família: enquanto os homens abrem as covas para, junto com um filho, irem enterrando a maniva (caule da mandioca que serve como muda), a mãe vai cobrindo as covas com terra.
  Quando as raízes estão crescidas, são arrancadas da terra pelos homens, que já preparam as manivas para o próximo plantio. São eles que levam a produção de mandioca para a aldeia, onde fica a Casa de Farinha, local onde é fabricada.
  As mulheres descascam e lavam as raízes da mandioca para os homens ralarem.
Índias Apurinã descascando a mandioca
  Como a quantidade a ser produzida é, em geral, grande, utilizam uma pequena máquina rústica, chamada caititu (em alusão talvez aos catetos, porcos silvestres que atacam roças de mandioca).
  É também o homem quem espreme a massa no tipiti, um cilindro trançado de cipó, cuja extremidade superior é amarrada ao alto de uma estrutura de troncos finos. Um travessão preso à extremidade inferior vai puxando, de modo a retirar da massa todo o seu líquido.
  Num grande forno abastecido a lenha, a farinha é esparramada no tacho de cobre onde, com o auxílio de uma pá, os homens a torram. Os Apurinã consomem a mandioca na forma de farinha, beiju e caiçuma - bebida fermentada.
  A farinha associada ao peixe é a base da dieta Apurinã, que é complementada por frutas silvestres como piquiá, bacuri, cacau bravo, buriti, abacaba, açaí e patuá.
Produção de farinha em uma aldeia Apurinã
REFERÊNCIA: Funai/ Museu do Índio. A cultura da mandioca pelos Apurinã
Silva, Axé
Tempo de geografia: 6º ano / Axé Silva, Jurandyr Ross. - 4. ed. - São Paulo: Editora do Brasil, 2018 (Coleção tempo).

domingo, 12 de janeiro de 2020

A DISPUTA TERRITORIAL ENTRE EL SALVADOR, HONDURAS E NICARÁGUA

  O Golfo de Fonseca, parte do Oceano Pacífico, é um abismo na América Central, na fronteira entre El Salvador, Honduras e Nicarágua. Cobre uma área de cerca de 3.200 km², com uma costa que se estende por 261 quilômetros, dos quais, 185 quilômetros estão em Honduras, 40 quilômetros em Nicarágua e 29 quilômetros em El Salvador.
  O clima no Golfo é típico das regiões tropicais e subtropicais, com duas estações distintas, a chuvosa e a seca. O golfo recebe quase 80% de sua precipitação anual total de 1.400 a 1.600 mm durante a estação chuvosa, de maio a novembro. A estação seca ocorre entre dezembro e maio e contribui para uma taxa de evaporação anual de 2.800 mm. Como resultado de menos água fluindo para o Golfo, as correntes tendem a fluir para dentro do Oceano Pacífico, os níveis de salinidade nos estuários aumentam e ocorre uma seca sazonal.
  As temperaturas no Golfo variam em média entre 25ºC e 30ºC. Março e abril são os meses mais quentes e novembro e dezembro os mais frios.
Ilhas do Golfo de Fonseca
  A vegetação do ecossistema das áreas úmidas é dominada por manguezais. Das seis espécies de mangue identificadas no Golfo, o mangue vermelho (Rhizophora mangle) é o mais comum, ocupando principalmente as áreas permanentemente inundadas pelas marés. O mangue-preto (Bruguiera gymnorhiza) é a segunda espécie mais difundida e geralmente é encontrada ao redor dos rios onde os sedimentos são depositados ao longo da costa. O mangue-branco (Laguncularia racemosa) é o terceiro mais dominante, seguido pelo botoncilho (Conocarpus erectus); ambos são geralmente encontrados mais para o interior e são inundados pela maré com mais frequência. A predominância de espécies diferentes sobre outras se correlaciona com a frequência de inundações, qualidade da água e níveis de salinidade.
  Durante a maré baixa, os solos são habitados por caranguejos, conchas e outras espécies,  Durante a maré alta, as florestas de mangue servem como área de alimentação e habitat para peixes, camarões e outras espécies. Vários vulcões então dentro e ao redor do golfo.
  A Baía de Fonseca foi descoberta pelos europeus em 1522 por Gil González de Ávila e recebeu o nome de seu patrono, arcebispo Juan Fonseca, o inimigo implacável de Cristóvão Colombo.
  Em 1848, EG Squier, arqueólogo americano, negociou um tratado para os Estados Unidos construírem um canal através de Honduras, do Mar do Caribe ao Golfo. Frederick Chatfield, comandante britânico na América Central, temia que a presença americana em Honduras desestabilizasse a costa britânica do Mosquito e enviou sua frota para ocupar a ilha de El Tigre, na entrada do Golfo. Pouco tempo depois, Squier exigiu a saída dos britânicos, pois havia antecipado a ocupação e negociado a cessão temporária da ilha aos Estados Unidos.
Imagem de satélite do Golfo de Fonseca
  Todos os três países - Honduras, Nicarágua e El Salvador - com litoral ao longo do Golfo, estão envolvidos em uma longa disputa sobre os direitos ao Golfo e às ilhas localizadas no interior.
  Em 1917, o Tribunal de Justiça da América Central decidiu em um julgamento, que ficou conhecido como o caso Fonseca. Surgiu uma controvérsia entre El Salvador e Nicarágua. Este último havia entrado no Tratado Bryan-Chamorro, que concedia uma parte da baía aos Estados Unidos para o estabelecimento de uma base naval. El Salvador argumentou que isso violava seu direito à propriedade comum na baía. O tribunal ficou do lado de El Salvador, mas os Estados Unidos decidiram ignorar a decisão.
  El Salvador, Honduras e Nicarágua disputam a fixação de limites fronteiriços no Golfo de Fonseca. Os países são pequenos e têm uma costa ao longo do golfo, um mar fechado de acordo com o direito internacional, e estiveram envolvidos em uma longa disputa sobre os direitos ao golfo e às ilhas localizadas lá. Cada um desfruta de uma zona litoral soberana de 3 milhas náuticas ao longo de suas margens e ilhas no golfo.
  Em 1992, uma câmara da Corte Internacional de Justiça (CIJ) decidiu a disputa de terra, ilha e fronteira marítima, da qual a área do golfo fazia parte. El Salvador foi premiado com as ilhas de Meanguera e Meanguerita, e Honduras foi premiado com a ilha de El Tigre. A Nicarágua não era parte dessa disputa e, portanto, não está vinculada à decisão.
Ilha El Tigre
  O ICJ determinou que Nicarágua, Honduras e El Salvador deveriam compartilhar o controle da área remanescente de água no golfo como um "tridominium" compartilhado em comum. As zonas litorâneas se confinam de uma maneira que forma duas áreas separadas de águas tridominiais no golfo. A área oriental é limitada pelas zonas dos três países. A maior área ocidental (cerca de 235 km²) é limitada apenas pelas águas de El Salvador e Nicarágua e pela linha de fechamento do golfo, de modo que não se pode viajar dentro do golfo de Honduras até a área ocidental fechada, exceto passando por El Salvador e águas nicaraguenses.
  O caso foi parar no Conselho de Segurança das Nações Unidas, na Corte de Haia e na OEA (Organização dos Estados Americanos), com sede em Washington. A Marinha nicaraguense chegou a atacar pesqueiros hondurenhos que estavam supostamente navegando em sua costa. O governo de Honduras reagiu ameaçando usar aviões de combate contra Nicarágua e El Salvador.
Ilha Mangueara - El Salvador
REFERÊNCIA: Lucci, Elian Alabi
Geografia: território e sociedade: 8º ano: ensino fundamental, anos finais / Elian Alabi Lucci, Anselmo Lázaro Branco, William Fugii. -- 1. ed. -- São Paulo: Saraiva, 2018.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

AS COMUNIDADES TRADICIONAIS DA CAATINGA

  A Caatinga (chamada pelos índios pré-colombianos que viviam no Sertão nordestino de "mata branca") é o único bioma exclusivamente brasileiro, o que significa que grande parte do seu patrimônio biológico não pode ser encontrado em algum outro lugar do planeta. Este nome decorre da paisagem esbranquiçada apresentada pela vegetação durante o período seco: a maioria das plantas perde as folhas e os troncos tornam-se esbranquiçados e secos. A Caatinga ocupa uma área de cerca de 850.000 km², cerca de 10% do território nacional, englobando de forma contínua parte dos estados da Paraíba, Piauí, Ceará, Maranhão, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e o norte de Minas Gerais.
Mapa do Brasil destacando a área que engloba o bioma da Caatinga
  A Caatinga é o mais fragilizado dos biomas brasileiros. O uso insustentável de seus solos e recursos naturais ao longo de centenas de anos de ocupação, associado à imagem de local pobre e seco, fazem com que a Caatinga esteja bastante degradada. Entretanto, pesquisas recentes vêm revelando a riqueza particular do bioma em termos de biodiversidade e fenômenos característicos. Do ponto de vista da vegetação, a região que abrange o bioma da Caatinga é classificada como savana estépica. Entretanto, a paisagem é bastante diversa, com regiões distintas, cujas diferenças se devem à pluviometria, fertilidade e tipos de solo e relevo.
Flora típica da Caatinga no estado de Pernambuco
  Uma primeira divisão que pode ser feita é entre o Agreste e o Sertão. O Agreste é uma faixa de transição entre o interior seco (Sertão) e a Mata Atlântica (Zona da Mata). Já o Sertão apresenta vegetação mais rústica. Outras subdivisões comuns incluem Seridó, Curimataú, Caatinga e Carrasco. Em termos de tipos de vegetação, a Caatinga do Seridó é uma transição entre campo e caatinga arbórea. Cariri é a caatinga com vegetação menos rústica.
Área rural no município de Ipueira, região do Seridó do RN
  O Carrasco, termo aplicado à vários tipos de vegetação, corresponde a savana muito densa, seca, que ocorre no topo de chapadas, caracterizada pelo predomínio de plantas caducifólias lenhosas, arbustivas, muito ramificadas e densamente emaranhadas por trepadeiras. Ocorre sobretudo na Bacia do Meio-Norte e na Chapada do Araripe. Porém, floristicamente, alguns autores consideram o Carrasco mais próximo do cerradão (ou catanduva) do que da Caatinga. Nas serras, que apresentam mais umidade, surgem os brejos de altitude.
Caatinga na Serra da Capivara, Piauí
  As populações que habitam a Caatinga são também conhecidas como caatingueiros: são sertanejos, vaqueiros, agricultores, populações indígenas e quilombolas. Estes grupamentos humanos desenvolvem suas próprias estratégias de sobrevivência e convivência com as condições da Caatinga. São guardiões do conhecimento sobre o manejo das plantas, de suas propriedades e usos medicinais, sobre a milenar técnica de busca de águas subterrâneas com varinhas (conhecida como radiestesia) e sobre os sinais da natureza que antecedem as secas prolongadas e as chuvas.
Serrote da Caixa D'Água, em Paulista - PB
  Há quatro grupos principais que vivem na Caatinga: as catadoras de mangaba, os caatingueiros, os vazanteiros e os do fundo e fecho de pasto.
As catadoras de mangaba
  A mangaba (Hancornia speciosa) pode ser encontrada do Norte até o Sudeste do Brasil. De origem indígena (mã'gawa) significa (segundo Ferreira, 1973), coisa boa de comer. É uma árvore frutífera da família das apocináceas, com um porte médio atingindo entre 5 e 10 metros de altura.
  As catadoras de mangaba vivem da colheita desse fruto usado na fabricação de sucos, sorvetes, doces e bebidas; a maioria delas estão localizadas no estado de Sergipe. São mulheres extrativistas, lutadoras, defensoras de uma das maiores culturas sergipana e brasileira - a cultura da mangaba. Uma fruta nativa do litoral e dos cerrados do Brasil, que está presente nas áreas nativas nas quais populações tradicionais praticam o extrativismo há séculos.
Mulheres catadoras de mangaba
  A principal pauta de luta das catadoras em Sergipe é pela criação de Reservas Extrativistas (Resex), que possam garantir oficialmente áreas de proteção da ocorrência da fruta no litoral e agreste sergipano sem interferência do avanço imobiliário e do agronegócio, especialmente do monocultivo canavieiro, os dois maiores fatores de redução das mangabeiras no estado. Para isso, foi criado o Movimento Catadoras de Mangaba (MCM), que conta com o apoio da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e da Embrapa, e reúne catadoras de comunidades extrativas de importantes áreas de ocorrência da fruta no litoral sergipano.
Mulheres separando a mangaba após a colheita
Os caatingueiros
  Os caatingueiros cultivam vários gêneros agrícolas, criam gado e constituem-se uma coletividade dispersada por um longo espaço que agrega nas suas interfaces as atividades conciliadoras da vida social caatingueira. Eles destacam-se dos demais grupos sociais da região, pois estão completamente ligados ao bioma Caatinga, tanto em seu modo de produção quanto em seu modo de vida, com processos produtivos ajustados às condições ambientais (uma destas características é o conhecimento e a utilização de plantas e raízes medicinais).
  Os caatingueiros caracterizam-se pelo caráter mercantil de produção e pela aparente prosperidade em comparação aos demais povos e comunidades com os quais se relacionam diretamente, produzindo grande diversidade de gêneros agrícolas, produtos derivados de leite e criando gado que se alimenta das pastagens nativas da região.
  Outra característica dos caatingueiros é a sólida rede de solidariedade familiar e comunitária, expressa principalmente no momento do abate de animais, como o gado bovino e suíno, quando partes são distribuídos entre os parentes e vizinhos.
Vaqueiro da comunidade dos caatingueiros
Os vazanteiros
  Os vazanteiros, que ficam principalmente nas margens do Rio São Francisco, vivem da pesca e de atividades agrícolas. Eles possuem um modo de vida próprio, e são chamados assim porque praticam uma agricultura que está associada aos ciclos dos rios.
  O ciclo natural do rio - seca, enchente, cheia e vazante - sempre possibilitou a esses povos, que têm forte influência indígena, quilombola e ribeirinha, o acesso à terra periodicamente fertilizadas pela matéria orgânica depositada em longas extensões das margens e ilhas. As terras baixas, chamados de baixões, são os locais onde a terra é mais fértil e úmida. É lá que eles vivem e cultivam legumes, verduras, frutas e pasto. Além disso, as vazantes e os brejos, com seus buritizais e babaçuais, garantem o sustento dos extrativistas, que também compõem essas comunidades.
  Mas, a construção de reservatórios para usinas hidrelétricas ao longo da bacia do "Velho Chico" vem, sistematicamente, reduzindo e destruindo as áreas vazantes, causando profundas alterações na organização e no modo de vida desse povo.
Vazanteiras do Norte de Minas Gerais
Os grupos de fundo e fecho de pasto
  Os grupos de fundo e fecho de pasto vivem no Sertão nordestino e têm de lidar com o regime de chuvas irregular. Sua principal atividade é a criação extensiva de pequenos animais. Eles se caracterizam pela posse e uso comunitário da terra e dos seus recursos. Costuma-se afirmar que nestes espaços o bode é o rei. Isto porque, no fundo de pasto, os animais são criados livremente, sendo reconhecidos por algumas marcas feitas pelos seus donos. Tal modelo de criação facilita o acesso dos animais à água e à comida, principalmente nos períodos de estiagem severa, além de ser um exemplo de adaptação e convivência com o clima semiárido da região.
  As poucas cercas existentes nestas localidades não denotam, necessariamente, propriedade privada, apenas protegem os lotes de plantação e os pequenos animais, como as galinhas, de outros maiores, criados extensivamente.
Criador da comunidade fundo e fecho de pasto
  A produção é prioritariamente para consumo das famílias produtoras e tocadas por homens e mulheres que mantém fortes vínculos com as tradições locais e com o manejo ambiental sustentável do território. Bons conhecedores do seu habitat, eles sabem que após os períodos de seca, as plantas voltam a florescer, que os animais podem encontrar os alimentos que necessitam e que a água comunalmente dividida e racionada garante uma qualidade de vida digna a todos.
Comunidade de fundo e fecho de pasto no interior da Bahia
REFERÊNCIA: Silva, Axé
Tempo de geografia: 7º ano / Axé Silva, Jurandyr Ross. - 4. ed. - São Paulo: Editora do Brasil, 2018. - (Coleção tempo)

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

CATAR: UM PAÍS PEQUENO, PORÉM, MUITO RICO

  Localizado no Oriente Médio, o Catar (também conhecido como Qatar) é um país árabe e considerado um dos mais ricos do mundo. Isso, graças à abundância de petróleo e gás natural no seu território.
  Conhecido oficialmente como um emirado do Oriente Médio, ocupa a pequena Península do Catar, na costa nordeste da Península Arábica. Faz fronteira com a Arábia Saudita ao sul, e o Golfo Pérsico envolve o resto do país. Um estreito do Golfo Pérsico (Golfo de Bahrein) separa o Catar da nação insular vizinha, o Bahrein.
  O Catar é um emirado absolutista e hereditário comandado pela Casa de Thani desde meados do século XIX. Foi um protetorado britânico até ganhar a independência, em 1971. Desde então, tornou-se um dos estados mais ricos da região, devido às receitas oriundas do petróleo e do gás natural (possui a terceira maior reserva mundial de gás).
  Antes da descoberta do petróleo, sua economia era baseada principalmente na extração de pérolas e no comércio marítimo.
  Segundo estimativas da ONU para 2020, o Catar possui quase 3 milhões de habitantes, onde desse total, pouco mais de 400 mil são nativos catarianos. Os demais são trabalhadores estrangeiros, especialmente de outras nações árabes.
Mapa do Catar
HISTÓRIA
  A habitação humana do Catar remonta a 50 mil anos. Assentamentos e ferramentas que remontam à Idade da Pedra foram descobertos na península. Artefatos da Mesopotâmia originários do período de al-Ubaid (entre 6.500 a.C. e 3.800 a.C.) foram descobertos em assentamentos costeiros abandonados.
  O Catar era descrito como um famoso centro de criação de cavalos e camelos durante o período do Califado Omíada. No século VIII, a região começou a ser beneficiada por sua posição estratégica no Golfo Pérsico e tornar-se-ia um centro de negociação de pérolas. O desenvolvimento substancial na indústria de pérolas em torno da Península do Catar ocorreu durante a era do Califado Abássida. Navios viajando de Baçorá para Índia e China faziam escalas nos portos do Catar durante este período. Peças de porcelanato chinesa, moedas da África Ocidental e artefatos da Tailândia foram descobertas no Catar.
  Grande parte da Arábia Oriental era controlada pelos usfuridas em 1253, mas o domínio da região foi conquistado pelo príncipe de Ormuz, em 1320. Manuel I de Portugal tornou o Reino de Ormuz um Estado vassalo. O Reino de Portugal passou a controlar uma parcela significativa da Arábia Oriental em 1521. Em 1550, os habitantes da al-Hasa se colocaram voluntariamente sob domínio do Império Otomano, preferindo-o em relação ao Império Português. Depois de ter mantido uma presença militar insignificante na área, os otomanos foram expulsos pela tribo Bani Khalid em 1670.
Al Khor - com uma população de 34.377 habitantes (estimativa para 2020) é a quarta cidade mais populosa do Catar
  A família Al Kahlifa (que agora domina o Bahrein), dominou a região até 1868, quando, a pedido de nobres do Catar, os britânicos negociam o fim do domínio Khalifa, exceto no caso do pagamento de tributos.
  Sob pressão militar e política do governador otomano Midate Paxá, o governador tribal al-Thani submeteu-se ao domínio otomano em 1871. O governo otomano impôs medidas reformistas (Tanzimat) em matéria de impostos e de registro de terras para integrar plenamente estas áreas ao império. Apesar da desaprovação de tribos locais, al-Thani continuou apoiando o domínio otomano.
  As relações catari-otomanas estagnaram-se e, em 1882, ela sofreu novos retrocessos quando os otomanos se recusaram a ajudar al-Thani em sua expedição para Al Khor, então ocupado por Abu Dabi. Além disso, os otomanos apoiavam Mohammed bin Abdul Waha, que tentou suplantar al-Thani como o caimacã (título de governador usado no Império Otomano e atualmente é usado na Turquia) do Catar em 1888. Isto conduziu al-Thani a se rebelar contra os otomanos, a quem ele acreditava que tentavam usurpar o controle da península. Al-Thani renunciou ao cargo e de caimacã e parou de pagar impostos ao império em agosto de 1892.
Forte Zubara
  O Império Otomano caiu em desordem depois de perder batalhas em diferentes frentes de operações do Oriente Médio durante a Primeira Guerra Mundial. Nesse período ocorreu a Revolta Árabe contra o Império Otomano, no qual o Catar participou. A revolta foi bem sucedida e o domínio otomano na região diminuiu ainda mais. O Reino Unido e o Império Otomano reconheceram o xeique Abdulá Ibne Jassim al-Thani e o direito de seus sucessores de governar toda a Península do Catar. Os otomanos renunciaram a todos os seus direitos sobre a região e, após a eclosão da Primeira Guerra Mundial, al-Thani (que era pró-britânico) obrigou-os a abandonar Doha em 1915.
  Como resultado da divisão do Império Otomano, o Catar se tornou um protetorado britânico em 3 de novembro de 1916. Nesse dia, o Reino Unido assinou um tratado onde o xeique al-Thani concordava em não criar quaisquer relações com qualquer outra potência sem o consentimento prévio do governo britânico. Em troca, o Império Britânico garantiria a proteção do Catar de toda a agressão por mar. Em 5 de maio de 1935, al-Thani assinou outro tratado com o governo britânico que concedeu a proteção do Catar contra ameaças internas e externas. Em 1939, foram descobertas as primeiras reservas de petróleo.
Pescadores de pérolas no Golfo Pérsico no início do século XX
  A esfera de influência dos britânicos começou a diminuir após a Segunda Guerra Mundial, particularmente após a independência da Índia e do Paquistão, em 1947.
  Durante as décadas de 1950 e 1960, as receitas de petróleo aumentam, e esse recurso substitui as pérolas e a pesca e passa a ser a principal fonte de renda do Catar. Os lucros do petróleo aumentam gradualmente, passando a financiar a expansão e a modernização da infraestrutura local. A pressão para a retirada do Reino Unido dos emirados árabes no Golfo Pérsico aumentaram durante a década de 1950.
  Em 1968, o Reino Unido anuncia que não irá mais manter o protetorado que exercera até então sob os emirados do Golfo Pérsico. O Catar decide juntar-se aos outros oito estados sob proteção britânica (os Sete Emirados da Trégua, que consistiam nos atuais Catar, nos emirados que formariam os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein) em um plano para formar uma união de emirados árabes. Disputas regionais, no entanto, rapidamente compeliram o país a declarar a independência da coalizão, que acabaria por evoluir para os Emirados Árabes Unidos.
Um distrito antigo em Doha, planejado com ruas estreitas e paredes rebocadas. lembra o passado da cidade
  Em meados de 1971, como a data de cessação da relação de protetorado britânico (ao final de 1971) se aproximava, os nove emirados ainda não haviam concordado com os termos da união. Assim, em 3 de setembro de 1971, o Catar declarou sua independência como uma entidade separada, se tornando um Estado soberano. O governo então decidiu voltar a realizar o abastecimento de armas para os franceses. Essa ligação seria reforçada ao longo do tempo e os franceses se tornariam seu maior fornecedor no novo milênio.
  Em 1972, o califa bin Hamad al-Thani tomou o poder em um golpe palaciano durante um período de discórdia na família governante. Em 1974, a Qatar Geral Petroleum Corporation assumiu o controle de todas as operações de petróleo no país e o Catar rapidamente cresceu em riqueza. O depósito de gás natural do Campo Norte, então a maior do mundo, foi descoberto por volta de 1976, e o país foi um dos primeiros a ter embarcações de gás natural liquefeito.
Al-Wakrah - com uma população de 34.149 habitantes (estimativa para 2020) é a quinta cidade mais populosa do Catar
  Em 1991, o Catar desempenhou um papel significativo na Guerra do Golfo, particularmente durante a Batalha de Khafji, na qual os tanques do país prestaram apoio para unidades da Guarda Nacional da Arábia Saudita, que estava enfrentando o exército iraquiano. O país permitiu que tropas canadenses, que faziam parte da coalizão internacional, usassem o território catari como uma base aérea e também que forças dos Estados Unidos e da França operassem em seus territórios.
  Em 27 de junho de 1995, o xeque Hamad bin Khalifa al-Thani, depôs seu pai, Amir Khalifa al-Thani, em um golpe de Estado. Um mal sucedido contragolpe foi encenado em 1996. Hamad e seu pai Amir se reconciliam, apesar de alguns defensores do contragolpe permanecerem na prisão.
  Recentemente, o Catar vem adotando práticas que o levam em direção à democracia, permitindo uma imprensa mais livre e aberta. Os cidadãos catari aprovaram uma nova Constituição através de um referendo público em abril de 2003, sendo que a Carta entrou em vigor em junho de 2005.
  No Catar não há legislaturas independentes e os partidos políticos são proibidos. As eleições parlamentares, que foram originalmente prometidas para 2005, acabaram adiadas indefinidamente.
  O oitavo emir do Catar é Tamin bin Hamad al-Thani, filho de Hamad bin Khalifa, que governa o país desde 25 de junho de 2013. O chanceler supremo possui o poder exclusivo de nomear e destituir o primeiro-ministro e ministros, que, juntos, compõem o Conselho de Ministros, que é a autoridade suprema do país.
Tamin bin Hamad al-Thani - atual emir do Catar
GEOGRAFIA
  A Península do Catar se projeta por 160 quilômetros no Golfo Pérsico, ao norte da Arábia Saudita. Encontra-se entre as latitudes 24º e 27º N e longitude 50º  e 52º E. A maioria do país é composta por uma planície árida de baixa altitude e coberta por uma densa camada arenosa. O ponto mais elevado do país é a colina Qurayn Abu al Bawl, com uma altitude de 103 metros.
  A sudeste  encontra-se o Khor al Adaid (mar interior), uma área de dunas de areia que cercam uma entrada do Golfo. Há invernos amenos e verões quentes e úmidos. O clima predominante no Catar é o desértico.
  No Jebel Dukhan, a oeste, há uma série de afloramentos baixos de calcário no sentido norte-sul a partir de Zikrit. A área de Jebel Dukhan também contém as principais jazidas de petróleo do país, enquanto os campos de gás natural se encontram no mar, a noroeste da península.
Colina Qurayn Abu al Bawl - ponto mais elevado do Catar
  O Catar assinou a Convenção sobre Diversidade Biológica, em 11 de junho de 1992 e tornou-se parte da Convenção em 21 de agosto de 1996. O país, posteriormente, produziu um Plano Nacional de Estratégia para a Biodiversidade e Ação, que foi recebido pela Convenção em 18 de maio de 2005. Um total de 142 espécies de fungos foram registrados no Catar.
  Por duas décadas, o Catar teve as mais altas emissões de dióxido de carbono per capita do mundo, com 49,1 toneladas por pessoa em 2008. Os residentes do país são também um dos maiores consumidores de água per capita do mundo, utilizando cerca de 400 litros por dia.
  Em 2008, o país lançou sua Visão Nacional 2030, que destaca o desenvolvimento ambiental como um dos quatro objetivos principais do Catar durante as próximas décadas. A Visão Nacional se compromete a desenvolver alternativas sustentáveis para energia à base de petróleo para preservar o meio ambiente local e global.
Imagem de satélite da Península do Catar
ECONOMIA
  A economia do Catar tem como base a exportação de petróleo e gás natural, que representam mais de 50% do PIB do país, cerca de 85% das receitas de exportação e 70% das receitas do governo. O país tem experimentado um rápido crescimento econômico nas últimas décadas graças aos elevados preços do petróleo. A política econômica é focada no desenvolvimento não associado às reservas de gás natural e em aumentar os investimentos privados e estrangeiros em setores não energéticos.
  Antes da descoberta de petróleo, a economia do Catar era centrada na pesca e na extração de pérolas. Após a introdução da pérola japonesa cultivada no mercado mundial em 1920 e 1930, a indústria de pérolas do Catar entrou em declínio. No entanto, a descoberta de petróleo, no início dos anos 1940, transformou completamente a economia do Estado. O país apresenta um elevado padrão de vida para seus habitantes, com muitos serviços sociais oferecidos aos seus cidadãos e todas as comodidades de qualquer Estado moderno.
Al Jumaliyah - com uma população de 14.212 habitantes (estimativa para 2020) é a sexta cidade mais populosa do Catar
  Enquanto o petróleo e o gás natural permanecerão, provavelmente por algum tempo ainda, como sendo a espinha dorsal da economia catari, o país pretende estimular o setor privado e desenvolver uma "economia baseada no conhecimento". Em 2004, o governo do Catar estabeleceu o Parque Científico e Tecnológico do Catar objetivando atrair e manter empresas de base tecnológica e empresários do exterior. O país também criou a "Cidade da Educação", que consiste em campus de universidades internacionais.
  O Catar pretende se tornar um modelo em transformação econômica e social na região. O investimento em larga escala em todos os setores sociais e econômicos também levam ao desenvolvimento de um mercado financeiro forte. O Centro Financeiro do Catar (CRC) oferece às instituições financeiras com os serviços de classe mundial em investimento, margem e empréstimos sem juros, e apoio ao capital. Estas plataformas estão situadas em uma economia baseada no desenvolvimento de seus recursos de hidrocarbonetos, mais especificamente a sua exportação de petróleo. Ela foi criada com uma perspectiva  de longo prazo para apoiar o desenvolvimento do Catar e da região, desenvolvendo os mercados locais e regionais e reforçando os laços entre as economias baseadas em energia e entre os mercados financeiros globais.
A Pérola (The Pearl) - é uma ilha artificial construída na costa de Doha
  Em 1996, o governo do Catar lançou a rede de televisão Al Jazeera, com sede principal em Doha. Inicialmente com um canal de notícias em árabe, desde então se expandiu para vários canais de televisão especializados, tornando a rede mundialmente famosa.
  A mídia impressa tem crescido, com mais de três jornais em língua inglesa e títulos em língua árabe. O grupo Oryx Advertising é a maior editora do Catar, responsáveis pelas publicações das revistas Qatar Today (única revista mensal de negócios em inglês), Qatar Al Youm (a única revista mensal de negócios em árabe), Woman Today (única revista para trabalhadores do sexo feminino) e GLAM (primeira revista internacional de moda no país. Com o advento das redes sociais, portais de notícias online como Gulf Times Online e Qatar Chronicle ganharam popularidade entre o público catari. No Catar é proibido criticar o emir na comunicação social, de acordo com o artigo 46 da Lei de Imprensa do país.
  Os países para os quais o Catar mais exporta (vende) são: Coreia do Sul, Japão, Índia, China e Cingapura. Os países dos quais o Catar mais importa (compra) são: Reino Unido, França, Alemanha e China.
Redação do canal de notícias catariano Al Jazeera
  A Qatar Airways é a companhia aérea de bandeira do Catar. Essa empresa voa para 81 destinos, desde a América do Norte, Europa, Oriente Médio, África, Ásia e América do Sul.
  O Catar ganhou o direito de sediar a Copa do Mundo de Futebol de 2022, torneio mundial de futebol organizado pela FIFA (Federação Internacional de Futebol). Essa será a primeira vez que um país do Oriente Médio sediará o torneio. O evento será realizado entre os dias 21 de novembro e 18 de dezembro de 2022, sendo a primeira vez que o torneio será realizado no final do ano. Essa escolha deve-se às questões geográficas características do Catar.
  Por ser um país de clima desértico e apresentar elevadas temperaturas, que ultrapassam os 40ºC nos meses de junho e julho, quando habitualmente o torneio é realizado, foi decidido, então, que a mudança da data era necessária a fim de não prejudicar as seleções.
Lusail Stadium - ainda em construção e localizado na cidade de Lusail, será o palco da final da Copa do Mundo 2022
POPULAÇÃO
  A população do Catar varia consideravelmente dependendo da época, uma vez que o país depende fortemente do trabalho migrante. As projeções divulgadas pelo governo indicam que a população total do país poderá chegar a 2,8 milhões de pessoas em 2020. Em 2019, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), a população do país é de 2.766.514 habitantes. Desse total, 359.698 (13%) são cidadãos do Catar, 663.950 (24%) são originários do Subcontinente Indiano, 442.633 (16%) são oriundos do Nepal, 138.322 (5%) são de Bangladesh, 110.658 (4%) são paquistaneses, 55.329 (2%) são do Sri Lanka, 304.310 (11%) são do Sudeste Asiático (principalmente das Filipinas) e 691.614 (25%) são de outros países do globo.
Mesaieed - com uma população de 10.720 habitantes (estimativa para 2020) é a sétima cidade mais populosa do Catar
  Os primeiros registros demográficos do Catar datam de 1892 e foram conduzidos pelos governadores otomanos da região. Com base neste censo, que inclui apenas os residentes das cidades, a população total em 1892 era de 9.830 habitantes.
  O Censo de 2010 registrou uma população total de 1.699.435 habitantes. Em janeiro de 2013, a Autoridade de Estatísticas do Catar estimou a população do país em 1.903.447 habitantes, dos quais 1.405.164 eram homens e 498.283 mulheres. Na época do primeiro censo, realizado em 1970, a população era de 111.133 habitantes. A população triplicou na década de 2000, a partir de pouco mais de 600.000 pessoas em 2001, deixando os nativos do Catar com menos de 15% da população total. O afluxo de trabalhadores do sexo masculino desequilibrou o equilíbrio entre os sexos e as mulheres são agora apenas um quarto da população.
Habitantes do Catar
  Os gentílicos do Catar são catarense e catariano (a). Existe também a alternativa catari, registrada no Vocabulário da Academia Brasileira de Letras e no Dicionário Priberam.
  O islamismo sunita é a religião predominante e oficial do Catar. A maioria dos cidadãos catarenses pertencem ao movimento salafista, do islamismo sunita, com cerca de 5% seguindo o islamismo xiita. As outras religiões praticadas no país são de seguidores estrangeiros. A lei xaria é a principal fonte da legislação do Catar de acordo com a Constituição.
Mulheres usando o hijab (conjunto de vestimentas preconizado pela doutrina islâmica) num mercado de Doha
CULTURA
  Como a xaria é a principal fonte da legislação do país de acordo com a Constituição, o sistema legal é uma mistura do direito civil e do direito islâmico. A lei xaria é aplicada em casos relativos ao direito de família, herança e vários atos criminosos (como adultério, roubo e assassinato). Em alguns casos, tribunais de família com base na xaria consideram que o testemunho de uma mulher vale metade da de um homem, ou nem sequer o aceitam. O direito de família codificado foi introduzido em 2006. A poligamia islâmica é permitido no país para os homens.
  O árabe é a língua oficial do Catar, sendo que o árabe catari é o dialeto local. A Língua de Sinais do Catar é a línguas da comunidade surda. O inglês é comumente usado como uma segunda língua, usada principalmente no comércio, mas medidas estão sendo tomadas para tentar preservar o árabe da invasão anglófona. O inglês é particularmente útil para a comunicação no Catar devido ao grande número de expatriados. Em 2012, o Catar entrou para a Organização Internacional da Francofonia como um membro associado, justificando a sua inscrição pelo consequente número de falantes de francês no país (cerca de 10% da população). Muitas outras línguas também são faladas, como o balúchi, hindi, malaiala, urdu, pachto, tâmil, telugo, nepali, cingalês, bengali e tagalog.
Jariyan al Batnah - com uma população de 6.851 habitantes (estimativa para 2020) é a oitava cidade mais populosa do Catar
  A flagelação é usada no país como um castigo para o consumo de álcool ou para relações sexuais ilícitas. O Artigo 88 do Código Penal do Catar declara a punição com cem chibatadas em caso de adultério. Apenas muçulmanos considerados clinicamente aptos são susceptíveis a tais sentenças.
  A lapidação (forma de execução de condenados à morte) é uma punição legal no Catar. A apostasia (afastamento definitivo e deliberado de uma coisa, uma renúncia de sua fé anterior ou doutrinação) é um crime punível com a pena de morte no país. A blasfêmia é punida com até sete anos de prisão, enquanto que o proselitismo (empenho de converter uma ou mais pessoas) de qualquer outra religião que não seja o islamismo, pode ser punido com até 10 anos de prisão. Relações homossexuais também são punidas com pena de morte.
Madinat ash Shamal - com uma população de 5.864 habitantes (estimativa para 2020) é a nona cidade mais populosa do Catar
  O consumo de álcool é parcialmente legal no Catar. Alguns hotéis de luxo estão autorizados  a vender álcool para seus clientes não muçulmanos. Em 2014, o Catar lançou uma campanha para lembrar aos turistas do código de vestimenta modesta. As turistas mulheres são aconselhadas a não usar leqqings (calças justas que vão da cintura até o tornozelo), minissaias, vestidos sem mangas e roupas curtas ou apertadas em público. Os homens são desaconselhados a vestir apenas bermudas e camisolas interiores. O futebol é o esporte mais popular do Catar.
  O Catar, embora seja muito recente como país, traz em sua história o traço da cultura Khaleeji, que vem do povo beduíno. Essa cultura é encontrada principalmente nos estados árabes do Golfo Pérsico e tem suas raízes no mar. Apesar de seu núcleo ser essencialmente árabe, a cultura Khaleeji sofreu influência da Pérsia, sul da Ásia e Chifre da África devido à extensa troca comercial que existia na região.
  A comida tradicional do Catar é regada de arroz e frutos do mar, o frango e o cordeiro também é comum aparecer no prato do cardápio catari. A carne de camelo é consumida em grandes ocasiões e os doces de leite de camela são considerados iguarias.
Al Ghuwariyah - com uma população de 2.344 habitantes (estimativa para 2020) é a décima cidade mais populosa do Catar
ALGUNS DADOS SOBRE O CATAR
NOME: Estado do Catar
INDEPENDÊNCIA: do Reino Unido em 3 de setembro de 1971
CAPITAL: Doha
Distrito de West Bay, em Doha, capital do Catar
GENTÍLICO: catarense, catari, catariano (a)
LÍNGUA OFICIAL: árabe
GOVERNO: Monarquia Absoluta
LOCALIZAÇÃO: Oriente Médio
ÁREA: 11.437 km² (159º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa para 2020): 2.824.831 habitantes (138°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 246,99 hab./km² (35°). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CRESCIMENTO POPULACIONAL (ONU - Estimativa 2019): 2,11% (46°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma  determinada população.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa para 2019):
Doha: 1.470.527 habitantes
Arquitetura moderna de Doha, capital e maior cidade do Catar
Al Rayyan: 495.933 habitantes
Al Rayyan - segunda maior cidade do Catar
Umm Salal: 34.730 habitantes
Umm Salal - terceira maior cidade do Catar
PIB (FMI - 2018): US$ 185,395 bilhões (50º). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
PIB PER CAPITA (FMI 2018): US$ 76.576 (3°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população. 
IDH (ONU - 2019): 0,848 (41°). Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
  Muito alto
  Alto
  Médio
  Baixo
  Sem dados
Mapa do IDH
EXPECTATIVA DE VIDA (OMS - 2018): 77,88 anos (41º). Obs: a expectativa de vida refere-se ao número médio de anos para ser vivido por um grupo de pessoas nascidas no mesmo ano, se a mortalidade em cada idade se mantém constante no futuro, e é contada da maior para a menor.
TAXA DE NATALIDADE (ONU - 2018): 15,56/mil (128º). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é classificada do maior para o menor.
TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook - 2018): 4,72/mil (179º). Obs: o índice de mortalidade reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região em um período de tempo e é contada da maior para a menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2018): 6,81/mil (57°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é classificada do menor para o maior.
Mapa da taxa de mortalidade infantil no mundo
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2018): 1,89 filhos/mulher (136°). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é classificada do maior para o menor.
Mapa da taxa de fecundidade no mundo
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2018): 96,3% (81º). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
Mapa da taxa de alfabetização no mundo
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2018): 96,4% (7°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
Mapa da taxa de urbanização no mundo
MOEDA: Rial
RELIGIÃO: o islamismo é a religião oficial do país. A distribuição da religião de acordo com os seus seguidores se dá da seguinte maneira: islamismo (67,7%),  hinduísmo (13,8%), cristianismo (13,8%), budismo (3,1%), sem religião religião (0,9%), outras religiões (0,7%).
DIVISÃO: o Catar está dividido em 10 municípios (baladias). Os municípios são: 1. Ad Dawhah 2. Al Ghuwaruyah 3. Al Jumaliyah 4. Al Khawr 5. Al Wakrah 6. Al Rayyan 7. Jariyan al Batnah 8. Madinat ash Shamal 9. Umm Salal 10. Mesaieed.
Mapa da divisão territorial do Catar
REFERÊNCIA: Wikipédia - a enciclopédia livre

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