terça-feira, 8 de dezembro de 2015

AS REGIÕES DESÉRTICAS DO GLOBO

  Deserto, em geografia, é uma região que recebe pouca precipitação pluviométrica. Há desertos bastante quentes, como o do Saara, na África, ou frios, como o da Patagônia, no sul da Argentina e do Chile.
  Por causa da falta de chuvas, vivem no deserto apenas as espécies que sobrevivem com pouca água, como cactos, gramíneas, camelos, algumas aves e répteis. A aridez também dificulta a ocupação humana e o desenvolvimento de atividades econômicas.
  O clima dos grandes desertos, em geral, é seco, com grande amplitude térmica diária (quente durante o dia e frio durante à noite), com uma pluviosidade inferior a 300 milímetros anuais. A vegetação desértica é rala, composta de plantas que sobrevivem com pouca água.
  Aproximadamente, 20% da superfície continental da Terra é composta por desertos. As paisagens desérticas têm alguns elementos comuns. O solo, geralmente, é composto de areia, com frequente formação de dunas. Paisagens de solo rochoso também é comum, e refletem o reduzido desenvolvimento do solo e a escassez de vegetação. As terras baixas podem ser de planícies cobertas de sal, e o processo de erosão eólica é importante na formação das paisagens desérticas.
Principais áreas desérticas do globo
  Os desertos algumas vezes contêm depósitos minerais valiosos que foram formados no ambiente árido ou expostos pela erosão. Por serem locais secos, os desertos são ideais para a preservação de artefatos humanos e fósseis. Sua vegetação é constituída por gramíneas e pequenos arbustos, é rala e  espaçada, ocupando apenas lugares em que a pouca água existente pode se acumular (fendas do solo ou debaixo das rochas).
  A fauna predominante no deserto é composta por animais roedores (ratos, cangurus), répteis (serpentes e lagartos) e insetos. Muitos dos animais das regiões desérticas só saem à noite, e outros podem passar a vida inteira sem beber água, extraindo-a do alimento que ingerem.
Canguru - animal típico do deserto australiano
  Os desertos podem ser classificados de diferentes tipos como:
  • Desertos em regiões de contra-alísios
  Os ventos contra-alísios ocorrem em duas faixas do globo divididas pela linha do Equador, e se formam pelo aquecimento do ar junto à região equatorial. Estes ventos secos dissipam a cobertura de nuvens, permitindo que mais luz do Sol aqueça o solo. A maioria dos grandes desertos da Terra está em regiões cruzadas por ventos contra-alísios. Um exemplo desse tipo de deserto é o Saara, na África, que é o maior deserto do mundo.
    Deserto do Saara, na Líbia
  • Desertos de latitudes médias
  Desertos de latitudes médias ocorrem entre os paralelos 30º e 50º Norte ou Sul, em zonas de alta pressão subtropical. Estes desertos estão em bacias de drenagem distantes dos oceanos e possuem grandes variações de temperaturas anuais. São exemplos desse tipo de deserto, o deserto de Sonora, no sudoeste da América do Norte, e o deserto de Tengger, na China.
Deserto de Tengger - China
  • Desertos devido a barreiras ao ar úmido
  Desertos deste tipo se formam devido a grandes barreiras montanhosas que impedem a chegada de nuvens úmidas nas áreas a sotavento. À medida que o ar sobe a montanha, a água se precipita e o ar perde seu conteúdo úmido, formando o deserto no lado oposto. São exemplos desse tipo de deserto, os desertos da Judeia, entre Israel e a Palestina, e o deserto do Vale da Morte, nos Estados Unidos.
Vale da Morte, Califórnia - EUA
  • Desertos costeiros
  Desertos costeiros geralmente se localizam nas bordas ocidentais de continentes próximos aos trópicos de Câncer e de Capricórnio. Eles são afetados por correntes oceânicas costeiras frias, que correm paralelamente à costa. Devido aos sistemas de vento locais dominarem os ventos alísios, estes desertos são menos estáveis que os outros tipos de desertos. No inverno, nevoeiros, produzidos por correntes frias ascendentes, frequentemente cobrem os desertos costeiros com um manto branco que bloqueia a radiação solar. São exemplos desse tipo de deserto o Atacama, no Chile (o deserto mais seco do mundo) e o deserto da Namíbia, entre a Namíbia e Angola, África.
Deserto da Namíbia - Namíbia
  • Desertos de monção
  "Monção", derivada de uma palavra árabe que significa "estação climática", refere-se a um sistema de ventos com acentuada reversão sazonal. As monções se desenvolvem devido a variações de temperatura entre o continente e o oceano. Os ventos alísios do sul do oceano Índico, é o grande responsável pela grande quantidade de chuvas que ocorre no Sul e Sudeste da Ásia durante o verão. Na Índia, a monção de verão é responsável por uma grande quantidade de chuva, principalmente no sul do país. Conforme a monção cruza o território indiano, ela perde umidade no lado oriental da cadeia montanhosa de Aravalli. No lado oeste dessa cadeia origina-se dois grandes desertos: o deserto do Rajastão, na Índia, e o deserto de Thar, no Paquistão.
Deserto do Rajastão - Índia
  • Desertos polares
  Os desertos polares são áreas onde a evaporação supera duas ou mais vezes a precipitação anual e possuem uma temperatura média no mês mais quente abaixo dos 10ºC. Os desertos polares cobrem cerca de 5 milhões de quilômetros quadrados e são quase todos cobertos de rocha ou cascalho. A maior parte dos desertos polares do planeta estão localizados principalmente na Antártida e na Groenlândia.
Região desértica da Groenlândia
CARACTERÍSTICAS DOS DESERTOS
  A areia cobre apenas 20% dos desertos terrestres. A maior parte da areia está em lençóis de areia e bancos de areia. Quase 50% das superfícies dos desertos são planícies, onde a ação eólica expõe cascalho solto. Outras superfícies de terras áridas são compostas de leitos de pedra aflorados e expostos, solos desérticos e depósitos fluviais, como depósitos aluviais, leitos secos, lagos do deserto e oásis.
  Os oásis são áreas com vegetação irrigada por fontes subterrâneas, poços ou por irrigação. Muitos oásis são artificiais e, frequentemente, é o único lugar no deserto que permite ao homem efetuar plantios e fixar moradia permanente.
Oásis de Ubari - Líbia
  Os solos que se formam em climas áridos são predominantemente minerais com pouca matéria orgânica. A repetida acumulação de água em alguns solos forma muitos depósitos de sal.
  O caliche é um depósito avermelhado, quase marrom ou tendente ao branco, encontrado em muitos solos de deserto. Ele normalmente ocorre em forma de nódulos ou como cobertura de grânulos minerais formados pela interação entre a água e o gás carbônico e liberado pelas raízes das plantas ou pela decomposição de matéria orgânica.
Deserto do Kalahari, na Namíbia
  A vegetação do deserto é bastante esparsa e muito diversificada. A região desértica com a vegetação mais complexa é o deserto de Sonora, no sudoeste dos Estados Unidos. Nesse deserto aparece o gigantesco Cactus saguaro, que fornece ninho às aves do deserto e funciona como "árvore". O saguaro cresce lentamente, mas pode viver duzentos anos.
  A maioria das plantas do deserto são tolerantes à seca e à salinidade. Algumas armazenam água em suas folhas, raízes e caules. Outras plantas do deserto têm longas raízes que penetram até o lençol freático, são responsáveis por firmar o solo e evitar a erosão.
  As principais plantas das regiões desérticas são os cactos, porém, existem outros tipos de plantas que se adaptaram ao clima árido, como plantas da família das ervilhas e do girassol. Nos desertos frios, a vegetação predominante são as gramíneas e os arbustos.
Vegetação no deserto de Sonora, Arizona - EUA
  A chuva às vezes cai nos desertos, e são frequentes nas regiões desérticas as tempestades, que ocorrem de forma violenta. Grandes tempestades no deserto do Saara podem despejar quase 1 milímetro de chuva por minuto. Canais normalmente secos, chamados de arroios ou wadis, podem encher após chuvas pesadas e rápidas, tornando esses lugares bastante perigosos.
  Apesar das poucas chuvas que caem nos desertos, estes recebem água corrente de fontes efêmeras, alimentadas pela chuva e neve de montanhas adjacentes. Estas correntes enchem os canais com uma camada de lama e frequentemente transportam consideráveis quantidades de sedimento por um ou dois dias.
  Apesar da maioria dos desertos se situarem em bacias com drenagem fechada ou interior, uns poucos desertos são atravessados por rios "exóticos", ou seja, com nascente e parte do curso fora da área desértica. Esses rios infiltram-se no solo e perdem por evaporação grandes quantidades de água em suas jornadas pelos desertos. Porém, devido ao grande volume de água que possuem, eles mantêm a sua perenidade. Dentre esses rios se destacam o Nilo na África, o Colorado nos Estados Unidos, e o Amarelo na China.
Rio Colorado, Arizona - EUA
  Lagos se formam onde a chuva ou a água de degelo no interior das bacias de drenagem é suficiente. Os lagos dos desertos são geralmente rasos, temporários e salgados. Por serem rasos e terem um gradiente de profundidade reduzido, a força do vento pode fazer com que as águas dos lagos se espalhem por vários quilômetros quadrados. Quando os pequenos lagos secam, deixam uma crosta de sal no fundo. A área plana formada com argila, lama ou areia encrustada com sal é conhecida como salar, ou, no México, "playa". Há mais de cem "playas" nos desertos da América do Norte. Muitas são relíquias de grandes lagos que existiram durante a última era glacial.
  O Lago Bonneville possuía cerca de 52.000 km² e quase 300 metros de profundidade entre Utah, Nevada e Idaho, nos Estados Unidos, durante a última glaciação. Hoje, os remanescentes desse lago, incluem o Grande Lago Salgado, o lago Utah e o lago Sevier.
Grande Lago Salgado, em Utah - EUA
  Alguns depósitos minerais formaram, foram enriquecidos ou preservados por processos geológicos que ocorrem em regiões áridas. A água no solo lixivia os minerais e redeposita em zonas próximas ao lençol freático. Este processo de lixiviação concentra estes minerais em depósitos que podem ser minerados.
  A evaporação em terras áridas aumenta a acumulação mineral em áreas onde se formam lagos temporários. Os salares ou "playas" podem ser fontes de depósitos minerais formados por evaporação. Os minerais formados nestes depósitos após evaporação dependem da composição e da temperatura das águas salinas no momento de sua formação.
  Entre os minerais valiosos encontrados em zonas áridas destacam-se o cobre, nos desertos dos Estados Unidos, Chile, Peru e Irã; minérios de ferro, chumbo e zinco na Austrália; cromita na Turquia; ouro, prata e urânio na Austrália e nos estados Unidos. Também são comuns a ocorrência de minerais não metálicos como berilo, mica, lítio, argila, pedra-pomes, escória, entre outros.
  Algumas das áreas mais produtivas em petróleo do nosso planeta são encontradas em regiões áridas e semiáridas da África e do Oriente Médio.
Exploração de minério de ferro no deserto australiano
  As regiões desérticas são bastante hostis e potencialmente mortal para seres humanos despreparados. Nos desertos quentes, as altas temperaturas causam perda rápida de água devido ao suor e à ausência de fontes de água para recuperar o líquido perdido, podendo resultar em desidratação e morte dentro de poucos dias, além do risco de insolação. As tempestades de areia em alguns desertos, são outra ameaça para os seres humanos, pois pode causar problemas respiratórios e visuais.
  Apesar de todos esses pontos que dificultam a vida nessas regiões, alguns povos fizeram dos desertos quentes o seu lar durante milhares de anos, como os beduínos, berberes e tuaregues na África, e os índios pueblos na América do Norte. A tecnologia moderna e avançada, incluindo sistemas de irrigação, dessalinização e ar condicionado, tornaram os desertos bem mais hospitaleiros. Nos Estados Unidos e em Israel, fazendas desérticas têm sido amplamente utilizadas.
Cultivos no deserto de Neguev - Israel
PRINCIPAIS DESERTOS DO MUNDO
  Dentre os principais desertos do mundo, se destacam:
  • Deserto do Saara
Em rosa, a área coberta pelo deserto do Saara
  O deserto do Saara é o maior e mais quente deserto habitável por humanos do mundo (oficialmente só perde para a Antártica, mas esta não é um deserto permanentemente habitado, exceto por cientistas que ficam durante um curto período de tempo). Localizado no norte da África, possui uma área de 9.065.000 km², sendo habitado por uma população de mais de 2,5 milhões de pessoas. A região do Saara é habitada há mais de 500 mil anos. A área do deserto do Saara abrange os seguintes países: Argélia, Chade, Egito, Mali, Líbia, Mauritânia, Marrocos, Níger, Saara Ocidental, Sudão e Tunísia. É delimitado pelo Mar Vermelho a leste, Mar Mediterrâneo e Cadeia do Atlas ao norte, pelo Sahel ao Sul e pelo oceano Atlântico a oeste.
Oásis no deserto do Saara, em Erfoud - Marrocos
  Este deserto faz fronteira com todos os países do norte da África, onde predomina a cultura árabe. As dunas começam perto do Alto Atlas e se estendem até zonas tropicais mais ao sul.
  Há várias ecorregiões neste deserto, fruto das diferenças de temperatura, precipitações, altitude e geologia, que abrigam plantas e animais de várias espécies. Dentre as ecorregiões do deserto do Saara, estão:
  • Deserto Costeiro Atlântico - ocupa uma estreita faixa ao longo da costa do oceano Atlântico e onde crescem líquens e plantas suculentas;
  • Estepe do Saara Setentrional - ocupa a faixa setentrional do deserto. É uma zona de transição entre as regiões de clima mediterrâneo (ao norte) e o deserto árido (ao sul);
  • Deserto do Saara - é a parte central do deserto, sendo extremamente seco e com pouquíssimos índices pluviométricos;
  • Estepes e Savanas Arborizadas do Saara Meridional - é a zona de transição entre o deserto árido e a savana de acácias do Sahel;
  • Monte Xerófilo do Saara Ocidental - compreende várias planícies vulcânicas em direção ao oeste do deserto, com um clima mais úmido e fresco;
  • Monte Xerófilo do Maciço de Tibesti e Monte Uweinat - zonas de altitude no centro do Saara;
  • Depressões Salinas do Saara e Deserto Costeiro do Mar Vermelho - faixa costeira do Mar Vermelho, Egito e Sudão.
Deserto do Saara, em Araouane - Mali
  Dentre os poucos animais que habitam a região, destacam-se escorpiões, lagartos, cobras, dromedários, antílopes (adaptados às condições desérticas) e cabras.
  Durante a última glaciação, o deserto do Saara foi mai úmido (como o Leste africano) do que é agora, e já possuiu densas florestas tropicais.
  Alternando longos períodos secos e outros úmidos, o solo da região reduziu-se a areia e deu origem ao grande deserto há mais de 200 mil anos. Alguns fatores colaboram para manter essa característica árida, entre eles a passagem da Corrente das Canárias pela costa atlântica. Suas águas frias evaporam pouco, o que dificulta a formação de nuvens e de chuvas em todo o oeste do deserto do Saara. Outro fator é a circulação das massas de ar no continente africano.
Rio Nilo e deserto do Saara - Egito
  A região atravessada pela linha do equador é a mais quente do planeta, a que tem maior evaporação e, consequentemente, mais chuvas. O calor faz o ar subir. Quando o ar quente atinge as altas camadas da atmosfera, é levado para a região dos trópicos, onde chega resfriado e mais denso. Por isso, desce sobre a região tropical com muita força, formando centros de alta pressão que empurra o ar em direção ao equador. As massas de ar que vêm do norte - da região do Trópico de Câncer - sopram sobre o deserto do Saara e impedem que as nuvens se acumulem em uma vasta área que praticamente não tem vegetação nem rios, deixando as chuvas ainda mais raras.
  Os ventos que sopram dos trópicos para o equador são chamados de alísios. São ventos que ocorrem nas baixas camadas da atmosfera. Muitas vezes esses ventos provocam tempestades de areia. Quando os alísios sopram com força, enormes volumes de areia podem ser levados tanto para o sul do Saara quanto para o norte, chegando a atingir a Europa. Os ventos contra-alísios sopram do equador para os trópicos em altas camadas da atmosfera e são secos.
Sistema de circulação de ventos na África
  Na maior parte do Saara, a precipitação é de apenas 25 mm anuais; na porção leste chega a ser quase nula, apenas 5 mm anuais. A concentração populacional está no entorno semiárido do deserto, onde o pastoreio nômade de cabras se destaca como atividade econômica.
  Em algumas regiões do Saara existem os oásis. Eles nascem em locais onde a água do lençol freático consegue chegar até a superfície passando pelas fendas das rochas. Ali desenvolve uma vegetação que ameniza o clima e favorece as condições de se plantar alimentos. Os oásis foram e continuam sendo importantes, pois permitem que viajantes do deserto encontrem abrigo e água em locais onde a temperatura pode chegar a 50 ºC durante o dia.
Oásis em Timimoun - Argélia
Desertificação no Sahel
  Ao sul do deserto do Saara, aparece a região chamada de Sahel, que em árabe significa "fronteira", "limite", de clima tropical semiárido, coberta por uma vegetação de estepe pouco espessa no norte e pela savana na parte meridional. O Sahel é a faixa de transição entre o deserto do Saara e a savana africana. Pobres em recursos, os países dessa região ficaram em situação de miséria extrema após serem colonizados e explorados.
Região do Sahel
  O Sahel funciona como um cinturão verde que protege a savana dos ventos secos e da areia que vem do Saara. As chuvas são escassas nessa região, mas mesmo assim é possível cultivar alimentos.
  As constantes derrubadas de árvores para estabelecimento de atividades agropastoris e para aproveitamento da madeira, única fonte de energia das populações extremamente carentes da região, vêm provocando a extensão do fenômeno de desertificação.
  Nessa região, extremamente pobre e com um crescimento demográfico elevado, as populações têm como única fonte energética a lenha, o que leva à constante derrubada de árvores. Além disso, o alto crescimento demográfico exige a ampliação dos rebanhos, que consomem enormes quantidades de pastagens e acabam esterilizando grandes extensões de terra.
Agricultor do Sahel, no Níger
  • Deserto da Líbia
  O deserto da Líbia está localizado ao norte e leste do deserto do Saara, ocupando o sudoeste do Egito, leste da Líbia noroeste do Sudão. Abrange uma área de aproximadamente 1.100.000 km². Este deserto é formado praticamente apenas por areia e rocha plana, e é habitado pelos senussis (ordem muçulmana político-religiosa). A vida selvagem é constituída praticamente por serpentes e escorpiões.
  Existem oito importantes depressões no deserto da Líbia, e todas são consideradas oásis, com exceção das menores, como Qattara, devido suas águas serem salgadas.
  A depressão de Qattara, que contém o segundo ponto mais baixo da África, possui aproximadamente 15.000 km² e grande parte está abaixo do nível do mar.
Depressão de Qattara - Líbia
  • Deserto da Namíbia
  O deserto da Namíbia estende-se ao longo da costa sudoeste da África, desde o sul da Namíbia até a costa sudoeste de Angola. A palavra namib, no idioma local, significa "enorme". Esse deserto ocupa uma área de cerca de 50 mil quilômetros quadrados, estendendo-se por 1.600 quilômetros ao longo do litoral do oceano Atlântico. Sua largura leste-oeste varia de 50 a 160 quilômetros.
  Trata-se de uma das regiões mais secas do mundo. O litoral dessa região é percorrido pela corrente fria de Benguela, que tem origem no sul do oceano Atlântico, perto da Antártida. A presença dessa corrente faz com que se formem poucas nuvens, porque a evaporação da água é mínima, e que a umidade trazida do Atlântico pelos ventos se condense antes de chegar a terra, originando o extenso e seco deserto da Namíbia.
Dunas no deserto do Namibe - Angola
  • Deserto do Kalahari
  O deserto do Kalahari possui cerca de 600.000 km² e localiza-se no sul da África, estendendo-se pelos territórios de Botsuana, Namíbia, Angola, Zâmbia e África do Sul. Em boa parte desse deserto, em que predomina a vegetação arbustiva, a precipitação média anual é de 250 mm; em outras porções, a pluviosidade fica abaixo dos 170 mm anuais. É habitado por tribos nômades, que vivem da coleta e da caça.
  O deserto do Kalahari é formado pela forte influência da Corrente de Benguela, que não permite a formação de massas de ar úmidas. Porém, esse deserto é na verdade uma área semiárida, pois recebe umidade, embora pouca, de outras regiões da África.
  O Kalahari possui uma vasta área coberta por areia avermelhada sem afloramento de água em caráter permanente. A flora do Kalahari apresenta árvores dispersas, como palmeiras e baobás, formações arbustivas, matagais xerófilos e herbáceos próprios de savanas. A fauna é constituída principalmente por suricatas e hienas.
Deserto do Kalahari, na África do Sul
  • Deserto do Atacama
  O deserto do Atacama está localizado no norte do Chile, próximo à fronteira com o Peru, e é o deserto mais alto e seco do mundo. Está a uma altitude média de 2.440 metros e possui uma extensão de 1.000 km².
  O surgimento do deserto do Atacama está relacionado a corrente fria de Humboldt. O ar quente e úmido vindo do oeste, ao passar pelas águas frias dessa corrente marinha, perde bastante umidade, chegando quase seco ao litoral. O resfriamento e o condensamento do vapor d'água provoca precipitações no oceano. O vento chega com umidade insuficiente para provocar chuva em áreas continentais.
Visão noturna do deserto do Atacama
  As temperaturas no deserto do Atacama variam entre 0ºC à noite e 40ºC durante o dia. Em função destas condições existem poucas cidades e vilas no deserto. A principal cidade desse deserto é São Pedro de Atacama, que possui uma população de menos de 3 mil habitantes. Por ser bem isolada, essa cidade é considerada um oásis no meio do deserto, e é o principal ponto de encontro de viajantes.
  A região foi primeiramente habitada pelos atacamenhos, povo que habitava a região, juntamente com os aymaras. Esses povos deixaram um legado inestimável em termos arqueológicos.
São Pedro de Atacama - Chile
  O deserto do Atacama é bastante quente durante o dia e frio durante à noite. Além das correntes marinhas do Pacífico, que dificultam a formação de chuvas, outro fator que influencia no índice pluviométrico da região é a Cordilheira dos Andes, que impede a chegada de umidade vindo da Amazônia.
  O deserto do Atacama é formado basicamente por árvores de pequeno porte, como a algaroba, e pequenos arbustos, que crescem na sua maioria ao longo dos vales e na região da pré-cordilheira, além dos cactos, que crescem nas serras próximas à costa.
  Apesar de ser um deserto bastante seco e não apresentar um índice pluviométrico relevante, o deserto do Atacama apresenta alguns lagos que permanece com água o ano quase todo, servindo de fonte de vida, tanto para os habitantes da região quanto para os animais que lá habitam.
  O deserto do Atacama é muito visitado por turistas, principalmente de aventuras, que procuram a região para praticarem esportes radicais, além dos turistas que buscam apreciar a paisagem e os monumentos arqueológicos.
Paisagem do deserto do Atacama
  • Deserto da Patagônia
  O deserto da Patagônia é o maior deserto das Américas e está localizado no sul da Argentina e em uma pequena parte do Chile. É um deserto gelado, que possui geleiras que avançam e retrocedem de acordo com a época do ano, e é formado por bosques verdes que logo se petrificam pela variação de temperatura.
  A Patagônia passou a ter uma grande importância econômica para a Argentina no início do século XX, quando foi descoberta imensas jazidas minerais, principalmente de petróleo e gás natural. Além do petróleo e do gás natural, o subsolo da Patagônia é também rico em minério de ferro.
Paisagem da Patagônia
  Além da extração mineral, a agricultura de cereais e a pecuária, além do turismo, são as outras atividades econômicas que predominam na região.
  O deserto da Patagônia é limitado pelo oceano Atlântico a leste e pela Cordilheira dos Andes a oeste. As temperaturas variam de - 20ºC no inverno, até 45ºC no verão. A vegetação predominante na Patagônia são as estepes, além de árvores de maior porte, que são encontradas nos bosques próximos à Cordilheira dos Andes.
  A paisagem da Patagônia é constituída por geleiras gigantescas, montanhas, lagos e rios formados pela ação do degelo, bem como paisagens pampeanas e desertos.
Paisagem do deserto da Patagônia
  • Deserto de Mojave
  O deserto de Mojave é o nome dado a parte mais elevada do deserto da Califórnia. Esse deserto possui um clima bastante hostil e abriga algumas formações geológicas importantes, como o Vale da Morte, com seus leitos de lagos secos e cheios de sal. Abriga também o maior cemitério de aviões do mundo, que consiste em um depósito onde jatos antigos de grandes empresas aéreas ficam aguardando serem desmontados para aproveitamento de seus materiais recicláveis.
  O deserto tem esse nome devido a grande predominância de cobras mojave, um tipo de cobra da família da cascavel. A principal cidade abrangida pelo deserto é a cidade de Las Vegas, no estado de Nevada.
Deserto de Mojava, Nevada - EUA
  • Deserto de Sonora
  O deserto de Sonora, também conhecido como deserto de Gila e Baixo Deserto, é a parte mais baixa do deserto da Califórnia, e está localizado na fronteira entre os Estados Unidos e o México. Possui uma área de aproximadamente 311.000 km². O deserto é cortado pelos rios Colorado e Gila, e sua extensão cobre os estados do Arizona, Califórnia e Novo México.
  O deserto é muito quente durante o dia e frio durante à noite, e bastante seco durante o ano, com temperaturas variando de 0ºC a 40ºC.
  A escassez de chuva nessa região é devido à altitude e às montanhas, que impedem as nuvens que vêm do oceano Pacífico cheguem ao deserto. A vegetação do deserto de Sonora é formada basicamente por árvores de pequeno porte, arbustos e cactos, com destaque para o cacto saguaro. Apesar de ser bastante seco, o deserto de Sonora apresenta alguns lagos que possuem água quase o ano todo.
Paisagem do deserto de Sonora, Arizona - EUA
  • Deserto de Chihuahua
  O deserto de Chihuahua se estende pela região da fronteira entre os Estados Unidos e o México, possuindo terras nos estados do Arizona, Texas e Novo México (EUA) e Chihuhahua, Coahuila, Durango e Zacatecas (México). Esse deserto possui vales separados por cordilheiras, com elevações que alcançam mais de 3 mil metros na Sierra Madre Ocidental, e cidades importantes, como Ciudad Juarez e Chihuahua, no México. É o maior deserto da América do Norte, com mais de 450 mil km².
Deserto de Chihuahua - México
  • Deserto de Thar
  O deserto de Thar, também conhecido como Grande Deserto Indiano, é extremamente árido e domina a paisagem do noroeste da Índia, desde o Hindu Kush até o oceano Índico. Está situado em sua maior parte no território indiano do Estado do Rajastão, mas possui terras também no Paquistão, na província de Sind. Cerca de 10% do deserto de Thar é formado por dunas móveis. O restante do território que compreende o deserto é formado por dunas fixas, afloramentos de rochas e bancos de sal, áreas quase desprovidas de vegetação.
Deserto de Thar - Índia
  • Deserto da Arábia
  O deserto da Arábia está localizado em terras da Arábia Saudita, Síria, Jordânia, Omã, Iraque, Kuwait, Qatar e Iêmen, possuindo uma área total de 2.330.000 km². É um deserto que possui pouca biodiversidade animal, com destaque para gazelas, uma espécie de gato, camundongos e lagartos, que convivem com espécies em risco de extinção, como as hienas, o chacal e texugos (da família dos roedores). Devido a caça, a invasão territorial, a destruição dos habitats e a grande exploração mineral, principalmente do petróleo, a vida animal neste deserto está bastante comprometida.
Deserto da Arábia, na Arábia Saudita
  O clima é muito seco, e oscila entre temperaturas extremas de calor e secas sazonais, com médias variando de 40ºC a 50ºC no verão, e 5ºC a 15ºC no inverno.
  O deserto da Arábia é habitada por vários povos, como árabes, curdos, turcos, assírios e armênios. Essa região sofreu uma grave crise ambiental na década de 1990, decorrente da sabotagem do petróleo kuwaitiano pelas forças iraquianas de Saddam Hussein, durante a Guerra do Golfo, o que causou enormes derrames de hidrocarbonetos, provocando a liberação de toxinas na atmosfera. Grande parte do petróleo consumido no mundo sai desse deserto.
    Deserto da Arábia, nos Emirados Árabes Unidos
  • Deserto de Neguev
  O deserto de Neguev está localizado no sul de Israel, em uma região triangular entre o Egito do lado ocidental, e a Jordânia do lado oriental, e ocupa cerca de 60% do território israelense. Seu solo é extremamente rochoso, o que dificulta a agricultura. Apesar dos fatores que dificultam o cultivo agrícola no deserto, desde os períodos mais remotos da história da humanidade, algumas civilizações conseguiram cultivar e sobreviver neste local.
  Nessa região, as precipitações pluviométricas são muito baixas, mas no inverno, são comuns chuvas repentinas e breves. Cursos d'água temporários (ueds) cortam a região mais acidentada.
  A agricultura irrigada, a mineração e a urbanização empreendida no século XX, mudaram a face do Neguev. A modernização agrícola do Neguev iniciou-se com a implantação, em 1943, dos kibutzim (fazendas coletivas). Após a criação do Estado de Israel, em 1948, a região ganhou importância, produzindo grandes safras de cereais, forragem, frutas, legumes e verduras.
    Deserto de Neguev - Israel
  • Deserto de Gobi
  O deserto de Gobi está situado entre a província chinesa da Mongólia Interior e o sul da Mongólia. É um dos desertos mais áridos do mundo. Muito distante de qualquer oceano, não recebe nenhuma influência da maritimidade e fica longos períodos sem chuvas. O deserto afeta a vida de milhões de chineses, principalmente. Durante o inverno, o vento frio e seco lança enormes nuvens de areia sobre diversas cidades chinesas.
  A ocorrência do deserto de Gobi se deve às montanhas que formam a Cordilheira do Himalaia- elas se transformam em barreiras que impedem os ventos úmidos, vindos do mar, de atravessar o continente. Assim, formam-se áreas desérticas e semiáridas na região do Gobi.
  A população do deserto de Gobi é historicamente nômade, vagueia pela região em busca dos raros campos férteis onde é possível cultivar alimentos. A economia destaca-se pelo pastoreio, especialmente de bovinos, ovinos e caprinos.
Deserto de Gobi - Mongólia
  Nas últimas décadas, o governo chinês implantou diversos projetos de irrigação no deserto de Gobi, para atrair população de outras regiões do país que estão muito povoadas. O governo oferece terras gratuitas e perfura poços artesianos para famílias que queiram se instalar nessa região. Mesmo com as vantagens oferecidas pelo governo, são poucas as famílias que se arriscam a deslocar-se para essa parte do país.
  As tempestades de areia oriundas do deserto de Gobi são especialmente afetadas por agregar elementos poluentes das áreas industrializadas e populosas da China, prejudicando diretamente a vida das pessoas e dos animais da região.
Oásis em forma de meia-lua, no deserto de Gobi - China
  • Deserto de Taklamakan
  O deserto de Taklamakan está localizado na província chinesa de Xinjiang. É formado por enormes planaltos áridos. Esses planaltos estão separados por áreas mais baixas que constituem típicas depressões. É um deserto dominado por extremos de temperatura. No verão o calor é intenso, e no inverno as temperaturas descem bem abaixo de zero.
  A população dessa região é formada principalmente por pastores que ainda praticam o nomadismo, sempre em busca de pastagens para os seus rebanhos, formados geralmente por caprinos e ovinos.
  Nos últimos 30 anos, o governo chinês tem permitido a entrada de empresas estrangeiras nesse deserto para explorar as jazidas de petróleo e gás natural que se formaram em suas bacias sedimentares. A indústria petroquímica promoveu a construção de gasodutos e oleodutos, fato que deu maior dinamismo à economia local.
Deserto de Taklamakan - China
  • Deserto Australiano
  A Austrália é um país predominantemente árido e quente, com uma rede hidrográfica pouco extensa. A aridez na Austrália é explicada por dois fatores. Primeiro, as altas pressões atmosféricas dominantes ao longo do Trópico de Capricórnio. Como o trópico corta o centro da Austrália, essa região constitui uma zona dispersora de ventos, que sopram tanto para o norte quanto para o sul, afastando a umidade oceânica e as nuvens e dando origem aos desertos. Outro fator que influencia a ocorrência de desertos no território australiano é a ação de correntes marinhas frias que se deslocam ao longo do oceano Índico.
  A maioria dos desertos australianos situam-se na porção centro-oeste, cobrindo boa parte do país. Essa característica tende a dificultar o desenvolvimento das atividades agrícolas. Trata-se de desertos quentes que abrangem o Grande Deserto de Gibson, o Grande Deserto de Areia, o Grande Deserto de Vitória, o Deserto de Sturt Stony e o Deserto de Simpson.
Localização dos desertos australianos
  Os australianos se referem aos desertos como outback, cujo significado é "tudo o que está para trás", se referindo ao "interior" do país. As populações que tradicionalmente habitam os desertos são os aborígenes.
  Nos desertos australianos, o ar seco e o solo pedregoso-arenoso deixam extensas áreas sem nenhuma vegetação.
  Dentre os principais desertos australianos, destacam-se:
Deserto de Gibson
  O deserto de Gibson cobre uma grande área da Austrália Ocidental, possuindo cerca de 155.000 km². Situa-se ao longo do trópico de Capricórnio, e inclui uma área de planícies onduladas de areia e campos de dunas e rochas, além de montanhas de cascalhos e porções significativas com elevado grau de formações de laterita.
  Vários lagos de água salgada isoladas ocorrem no centro desse deserto. Em grande parte da região, principalmente na sua porção ocidental mais seca, os únicos habitantes humanos são os aborígenes australianos, muitos dos quais tiveram contato muito limitado com o mundo exterior.
  O deserto de Gibson faz parte da meseta da Austrália Ocidental. O nome desse deserto deve-se a Alfred Gibson, navegador que morreu em sua tentativa de cruzar a Austrália durante uma expedição em 1874, junto a outro navegador, Ernest Giles, que sobreviveu e batizou o deserto em honra ao seu colega.
  As precipitações no deserto de Gibson fica em torno dos 200-250 mm anuais. O clima é bastante seco, com máximas térmicas que atingem os 40ºC no verão e 18ºC no inverno.
Paisagem do deserto de Gibson
Grande Deserto de Areia
  O Grande Deserto de Areia ou Arenoso, estende-se ao longo de 360.000 km² e está localizado no noroeste da Austrália. Faz parte de uma vasta e plana região conhecida como Deserto do Oeste, no estado da Austrália Ocidental.
  O Grande Deserto Arenoso contém extensas áreas de dunas. Ao nordeste desse deserto  localiza-se a cratera do Wolfe Creek - formação causada pelo impacto de um meteorito. Essa cratera possui uma média de 875 metros de diâmetros e 60 metros de profundidade.
Cratera Wolfe Creek
  Na costa há várias granjas de ovelhas. O resto da região é escassamente povoada. As precipitações são escassas ao longo de toda a costa e no norte. A área do deserto mais chuvosa é próximo à região de Kimberley, com uma média superior a 300 milímetros, mas distribuída de forma bastante irregular.
  Na fauna do Grande Deserto de Areia predominam os roedores, répteis e insetos adaptados à falta d'água, além de grandes mamíferos. Esse deserto possui uma grande biodiversidade, graças à água subterrânea da bacia artesiana dos rios Murray e Darling.
Grande Deserto Arenoso - Austrália
Grande Deserto de Vitória
  O Grande Deserto de Vitória é uma ecorregião inóspita, árida e escassamente povoada do sul da Austrália, localizada entre os estados da Austrália Meridional e Austrália Ocidental, e que apresenta grande quantidade de pequenas dunas de areia e extensos lagos de água salgada. Possui uma superfície de 424.400 km², é muito árido e quente, com escassa produção agrícola. Dentro deste deserto encontra-se o Mamungari Conservation Park, uma das doze Reservas Mundiais da Biosfera da Austrália.
Grande Deserto de Vitória - Austrália
FONTE: Perspectiva geografia, 6 / Cláudia Magalhães ... [et al.]. 2. ed. - São Paulo: Editora do Brasil, 2012. (Coleção perspectiva)

domingo, 29 de novembro de 2015

GANA: A TERRA DO OURO

Vila rural em Gana
  Gana foi o primeiro grande império da África Ocidental. Começou como um pequeno Estado, por volta de 300 d.C. e durou quase mil anos. A capital de Gana, KumbiSaleh, tinha uma população de cerca de 15 mil pessoas. A cidade se dividia em duas áreas. O rei vivia numa parte, num palácio feito de pedra e decorado com pinturas e entalhes. Seus súditos também viviam nessa área, mas em casas feitas de barro. Na outra área da cidade viviam  os muçulmanos que participavam do comércio transaariano. Ali construíram casas e mesquitas de pedra. Os habitantes de Gana eram agricultores. Adoravam muitos deuses e acreditavam que as pessoas continuavam a viver em forma de espírito depois de mortas. Quando um rei de Gana morria, o povo construía uma cabana especial para ele. Colocavam tapetes confortáveis no chão para que ele se deitasse, água, comida e também os servos do rei. A cabana era então coberta de areia e os servos eram enterrados vivos. O Império de Gana enriqueceu porque ficava no extremo sul da rota comercial transaariana. Muitos viajantes africanos visitavam esse reino, que ficou conhecido como a Terra do Ouro.
Mapa de Gana
HISTÓRIA
  A história de Gana anteriormente à chegada dos europeus, deriva essencialmente da tradição oral, que refere as migrações dos antigos reinos do Sahel, hoje regiões da Mauritânia e de Mali.
  Há evidências arqueológicas mostrando que os seres humanos viveram na atual Gana desde a Idade do Bronze. No entanto, até o século XI, a maioria da área do Gana foi em grande parte desocupada. No início deste século, começouo povoamento definitivo de Gana.
  As dificuldades geográficas explícitas da região começaram a ser superadas quando as populações da África Subsaariana (ou África Negra) passaram a ter contato com a porção norte do continente. Graças à domesticação do camelo, foi possível que comunidades pastoris próximas do deserto do Saara começassem a empreender novas atividades econômicas. Na época das secas, os pastores berberes se deslocavam para a região do Sahel para realizar trocas comerciais com os povos da região.
  Entre essas populações se destacavam os soniquês, que ocupavam uma região próxima às margens dos rios Senegal e Níger. Esse povo começou a se organizar em comunidades agricultoras estáveis, que se uniram por conta dos ataques de tribos nômades. A região que era rica em ouro, aliou sua produção agrícola ao comércio na região para empreender a formação do Reino de Gana, estabelecendo uma monarquia no interior da África.
Takoradi - com uma população de 256.166 habitantes (estimativas 2015) é a quarta maior cidade de Gana
  O Reino de Gana consolidou-se por volta do século IV. Era um império em que o imperador unificava os territórios conquistados e lhes impunha seus domínios e suas leis. A dominação sobre as cidades, aldeias e grupos humanos visava cobrar tributos e engrossar a fileira de soldados, lavradores e servidores.
  Gana, como Estado, possuía um núcleo coeso de poder, mas era sobretudo uma enorme esfera de influência. Nele, havia povos que respondiam diretamente ao rei e outros que, sujeitos a seus sobas (chefes) tradicionais, apenas se sabiam ligados ao caia-manga (soberano de Gana) por vínculos espirituais, pelo dever militar e pelo pagamento de tributos. As mais diversas formas de organização política conviviam dentro do reino, cuja frágil estrutura era talvez permanentemente refeita pela ação das armas, com cisões e acréscimos de súditos, e mantida pela divisão dos povos em segmentos de nobres, homens livres, servos e escravos.
Reino de Gana
  Articulados com os povos nômades do deserto, denominados berberes, os ganeses e os habitantes de reinos próximos procuravam manter o controle das rotas comerciais pelas quais os produtos africanos integravam-se ao comércio oriental. Os principais produtos comercializados em Gana eram ouro (que valeu à região a denominação de Costa do Ouro), escravos (que sustentavam a economia do reino) e sal (importante para a conservação de alimentos e para a manutenção da saúde dos povos que cruzavam os desertos, uma vez que esse produto provoca a retenção de líquidos no organismo).  O ouro era escoado principalmente para a região do mar Mediterrâneo, onde os árabes utilizavam na cunhagem de moedas. Para controlar as regiões de exploração aurífera, o rei era responsável direto pelo controle produtivo. Para proteger a região aurífera, o uso de lendas sobre criaturas fantásticas era utilizado para afastar a cobiça dos outros povos. O sal também tinha grande valor mediante sua importância para a conservação de alimentos e a retenção de líquido para os povos que vagueavam no deserto.
Grande Mesquita de Djenné - localizada na cidade de Djenné, no Mali, é uma construção datado do final do Reino de Gana e início do Reino de Mali
  O Reino de Gana adquiriu grande expressão com o surgimento e expansão do islamismo, pois se beneficiou do desenvolvimento econômico e cultural propiciado pelas estruturas políticas imperiais dos muçulmanos. O auge da economia comercial em Gana se deu no século VIII.
  Mesmo possuindo um amplo território e uma organização política típica dos governos imperiais, Gana não possuía uma cultura militarizada ou expansionista. O Estado era mantido através de um eficiente sistema de cobrança de impostos localizados nos principais entrepostos comerciais de um território não muito bem definido.
  O Reino de Gana começou a sentir os primeiros sinais de sua crise com o esgotamento das minas de ouro, que sustentavam a sua economia. Além disso, após o século VIII, a expansão islâmica ameaçou a estrutura centralizada do governo. Os chamados almorávidas (ermitões muçulmanos) teriam empreendido os conflitos que, em nome de Alá, desestruturaram o Reino de Gana. A partir de então, os reinos de Mali, Sosso e Songai disputaram a região.
  O primeiro contato de Gana com os europeus ocorreu em 1471, quando um grupo de portugueses desembarcou em Gana e começou a negociar com o Rei Elmina. Em 1482 os portugueses construíram o Castelo de São Jorge da Mina, que tornou-se uma importante feitoria portuguesa na África.
Castelo de São Jorge da Mina, em Elmina - Gana
  De 1557 a 1578, os portugueses dominaram a região até Acra. Durante os três séculos seguintes, Gana foi dominada por portugueses, suecos, dinamarqueses, holandeses e alemães, que controlaram várias partes da costa de Gana, conhecida como Costa do Ouro. Os portugueses perderam grande parte da sua área de controle (incorporada na Costa do Ouro Portuguesa) e, em 1642, cedeu sua possessão à Holanda. No início do século XIX, os ingleses conseguiram dominar toda a Costa do Ouro, transformando-a numa colônia inglesa, afastando todos os concorrentes europeus e derrotando os reinos nativos (localizados no interior do país).
  Em 1957, Gana conquistou sua independência com o lema: "É melhor ser independente para governar sozinho, bem ou mal, do que ser governado pelos outros". O país foi renomeado para Gana devido às indicações que os atuais habitantes descendem de povos que se movimentaram para o Sul do Império de Gana. Após a independência, houve o retorno de libertos afro-descendentes brasileiros, que formaram uma comunidade chamada Tabom, que inicialmente estabeleceu-se na capital Acra, no bairro de Jamestow.
Ashiaman - com uma população de 223.204 habitantes (estimativa 2015) é a quinta maior cidade de Gana
GEOGRAFIA
  Gana situa-se a apenas alguns graus a norte da linha do Equador. Metade do país fica a menos de 152 metros acima do nível do mar e o seu ponto culminante é o Monte Afadja, com uma altitude de 885 metros. A montanha está localizada na Cordilheira de Agumatsa, perto da fronteira com o Togo. O lugar é conhecido como Aduadu.
  O país possui 537 quilômetros de costa, composta principalmente por litorais baixos e arenosos, atrás dos quais se estendem planícies cobertas por vegetação de pequeno porte, interceptada por vários rios e ribeiros. O norte do país possui uma altitude que varia entre 91 a 396 metros acima do nível do mar e o território está coberto por pequenos arbustos, savanas e vegetação rasteira.
Monte Afadjato - ponto culminante de Gana
  O clima dominante em Gana é o equatorial, caracterizado pela influência da maritimidade. Na faixa litorânea o clima é bastante úmido, com chuvas bem distribuídas durante o ano. No norte do país, o clima é bastante quente e seco. Existem duas estações de chuvas: no sul ocorrem com maior intensidade entre os meses de maio-junho e agosto-setembro; no norte, a estação chuvosa ocorre principalmente no verão, que vai de junho a agosto. Um vento quente de nordeste, o harmatão, sopra entre os meses de janeiro e fevereiro.
  O lago Volta, o maior lago artificial do mundo, estende-se desde a barragem de Akosombo, no sudeste de Gana, até a cidade de Yapei, no norte. Esse lago é responsável por gerar a maior parte da eletricidade do país, além de ser uma importante via de transporte e de servir para a aquicultura.
Lago Volta - maior lago artificial do mundo
  No país encontra-se o Parque Nacional de Mole. Esse parque é um importante refúgio de vida selvagem, e está localizado no noroeste de Gana, em uma paisagem formada por savanas e vegetação rasteira, a uma altitude média de 150 metros acima do nível do mar.
Elefantes no Parque Nacional de Mole - Gana
POPULAÇÃO
  Atualmente, Gana é habitada por cerca de 52 etnias, e o país não viveu grandes conflitos étnicos que originaram guerras civis, como acontece na maioria dos países africanos. A língua oficial de Gana é o inglês, porém, a maioria dos ganeses falam pelo menos uma língua local.
  Durante o período colonial português (entre os séculos XVI e XIX), vários habitantes do território que atualmente corresponde à Gana foram levados para trabalharem como escravos no Brasil. Com o fim da escravidão, muitos deles voltaram para seu territ
  Etnicamente, a população de Gana divide-se em: Akan (47,5%), Mole-Dagbon (16,6%), Ewe (13,9%), Ga-Dangme (7,4%), Gurma (5,7%), Guan (3,7%), Grusi (2,5%), Mande-Busanga (1,1%), outras etnias (1,6%).
  A língua oficial de Gana é o inglês, no entanto, a maioria dos ganeses falam pelo menos uma língua local.
Camponeses de Gana
ECONOMIA
  Gana possui uma das economias mais estáveis do continente africano. O país é grande exportador de ouro, diamante, manganês, bauxita e madeira. Outro elemento de suma importância para a economia nacional é o cacau, produto que caracteriza o país como o segundo maior produtor mundial, perdendo apenas para a Costa do Marfim.
  A economia de Gana é baseada na extração de recursos naturais.  O país conta com uma ampla disponibilidade de recursos minerais para a exportação, dos quais se destacam a extração de ouro (que corresponde quase a metade das exportações minerais do país), de diamantes, magnésio e bauxita. A agricultura é o setor que ocupa a maior parte da população economicamente ativa (PEA), com cerca de 55% dos trabalhadores, e contribui com cerca de 22,7% do Produto Interno Bruto (PIB). A principal área de atividade econômica do país é a de serviços, que corresponde por mais da metade do PIB ganês. Desde os anos 1980, o país conta com um amplo crescimento industrial e do setor de turismo.
Tema - com uma população de 171.344 habitantes (estimativa 2015) é a sexta maior cidade de Gana
  A agricultura faz de Gana um dos países mais ricos da África tropical. O principal produto agrícola é o cacau, que responde por mais da metade das exportações do país. O governo controla a exportação de cacau pela compra de toda a produção a preços inferiores ao do mercado internacional, mas muitos produtores exportam o produto de forma ilegal. Outros produtos agrícolas bastante exportados pelo país (embora em quantidades bem menores) são o café e a banana. São cultivados ainda a batata e a mandioca no norte, e milho, sorgo e arroz no sul.
  Os principais rebanhos do país são o bovino, caprino e ovino. A pesca, apesar de ser pouco desenvolvida, é suficiente para abastecer o mercado interno, sobretudo, o consumo de pescado seco.
Agricultores de Gana
  A indústria está concentrada na fabricação de alimentos, bebidas, cigarros e produtos químicos, farmacêuticos e metalúrgicos. A indústria absorve um quinto da mão de obra do país. A indústria madeireira tem certa importância, mas carece de infraestrutura quanto ao transporte e maquinaria.
  No setor mineral, além de ouro, diamante, manganês e bauxita, o país desenvolve uma pequena exploração de petróleo. A energia elétrica é obtida quase totalmente em centrais hidrelétricas, sobretudo na represa de Akosombo, no rio Volta.
Teshie - com uma população de 158.998 habitantes (estimativa 2015) é a sétima maior cidade de Gana
  A economia de Gana se fortaleceu graças a uma sólida gestão durante um quarto de século, a um ambiente de negócios competitivo e a reduções persistentes nos níveis de pobreza.  Mesmo com uma economia diversificada, Gana apresenta grandes problemas socioeconômicos. Aproximadamente 10% da população é subnutrida e pouco mais de 10% das residências possuem rede de esgoto.
Cape Coast - com uma população de 157.302 habitantes (estimativa 2015) é a oitava maior cidade de Gana
CULTURA
  Na cultura de Gana é bem visível a presença atual do tecido conhecido como kente, que é amplamente reconhecido por suas cores e simbolismo. O kente é feito por habilidosos tecelões ganeses, e os principais centros de tecelagem situam-se em volta da cidade de Kumasi. Ali se encontram vários tecelões produzindo longas peças de kente. Estas peças podem ser costuradas juntas para formarem os grandes turbantes que são usados por alguns ganeses (especialmente chefes) e são comprados por turistas em Acra e Kumasi.
Sekondi - com uma população de 152.745 habitantes (estimativa 2015) é a nona maior cidade de Gana
  Após a independência, a música de Gana floresceu, particularmente um estilo dançante chamado Highlife, que é muito tocado nos bares e clubes do país. Muitos ganeses são adeptos da percussão, e não é incomum escutarem-se tambores sendo tocados em eventos sociais.
Obuasi - com uma população de 151.627 habitantes (estimativa 2015) é a décima maior cidade de Gana
ALGUNS DADOS DE GANA
NOME: República do Gana
CAPITAL: Acra
Acra - capital de Gana
GENTÍLICO: ganês (a), ganense
LÍNGUA OFICIAL: inglês
GOVERNO: República Presidencialista
INDEPENDÊNCIA: do Reino Unido
Data: 6 de março de 1957
República: 1º de julho de 1960
Constituição: 28 de abril de 1992
LOCALIZAÇÃO: África Ocidental
ÁREA: 238.533 km² (80º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2015): 27.043.093 habitantes (46°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 113,37 hab./km² (67°). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - Estimativa 2015):  1,99% (53°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma  determinada população.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa 2015):
Acra: 2.159.394 habitantes
Centro de Acra - capital e maior cidade de Gana
Kumasi: 1.615.323 habitantes
Kumasi - segunda maior cidade de Gana
Tamale: 396.600 habitantes
Tamale - terceira maior cidade de Gana
PIB (FMI - 2014): US$ 40,124 bilhões (85º). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
PIB PER CAPITA (FMI 2014): US$ 1.729 (135°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população. 
IDH (ONU - 2014): 0,573 (138°). Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
Mapa do IDH dos países
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2014): 62,71 anos (151º). Obs: a expectativa de vida ou esperança de vida, expressa a probabilidade de tempo de vida média da população. Reflete as condições sanitárias e de saúde de uma população.
TAXA DE NATALIDADE (ONU - 2014): 29,85/mil (50º). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook 2014): 9,72/mil (71º). Obs: a taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um índice demográfico que reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região por um período de tempo e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2014): 51,09/mil (175°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é contada de menor para maior.
TAXA DE FECUNDIDADE (Nações Unidas - 2015): 4,06 filhos/mulher (36º). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é contada de maior para menor.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2014): 71,5% (173°). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2014): 50,6% (113°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
MOEDA: Cedi
RELIGIÃO: crenças tradicionais (38%), islamismo (30%), cristianismo (24%, sendo 12,1% de católicos, 4,9% de cristãos africanos, 4,9% de protestantes e 2,1% de anglicanos), outras religiões (8%).
DIVISÃO: as principais subdivisões de Gana denominam-se regiões, que são: Alto Oriental, Alto Ocidental, Região Norte, Brong-Ahafo, Volta, Ashanti, Região Oriental, Região Ocidental, Central e Grande Acra.
Regiões de Gana
FONTE: Moreira, Igor
Mundo da geografia: 8º ano / Igor Moreira; ilustrações Antonio Eder, Divo. Curitiba: Positivo, 2012.

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