terça-feira, 11 de agosto de 2015

TAIWAN: A "PROVÍNCIA REBELDE" DA CHINA

  Localizado na ilha de Formosa, na Ásia Oriental, Taiwan é um país insular, separado do continente por um estreito de 150 quilômetros de largura, no Oceano Pacífico.
  Também conhecida como China Nacionalista ou Formosa, Taiwan é considerada uma "ilha rebelde" por parte da China continental. Durante a Revolução Chinesa em 1949, quando os comunistas assumiram o poder na China, as lideranças nacionalistas contrárias ao comunismo, invadiram e tomaram a ilha. Até hoje, a China continental não reconhece a independência de Taiwan, que não possui representação na ONU.
  Logo após a Revolução Chinesa, os Estados Unidos deram apoio militar a Taiwan, garantindo sua autonomia. Nas últimas três décadas, a ilha apresentou um crescimento médio do PIB de 8% ao ano e tornou-se um importante parceiro comercial da China.
Mapa de Taiwan
HISTÓRIA
  A ilha de Taiwan era ligada ao continente asiático no Pleistoceno Superior, até que o nível do mar subiu cerca de 10 mil anos atrás. Restos humanos fragmentados na ilha datam de 20 mil a 30 mil anos atrás, bem como artefatos posteriores de uma cultura paleolítica.
  Há mais de 8 mil anos, os primeiros austronésios estabeleceram em Taiwan. As línguas de seus descendentes, que são conhecidos como osaborígenes de Taiwan, atualmente pertencem à família das línguas austronésias, que também inclui as línguas malaio-polinésias, abrangendo uma enorme família linguística, que inclui o tagalog das Filipinas, o malaio da Malásia, o indonésio da Indonésia, o javanês de java, o malgaxe de Madagascar e o Rappa Nui da ilha de Páscoa.
  Os chineses da etnia han começaram a se estabelecer nas ilhas Pescadores no século XIII, mas tribos hostis da ilha e sua falta de recursos comerciais valorizados tornavam o local pouco atraente para os chineses.
Taoyuan - com uma população (estimativa 2015) de 2.085.883 habitantes, é a quinta mais populosa cidade de Taiwan
  A Companhia Holandesas das Índias Orientais tentou estabelecer um posto avançado de negociação nas ilhas Pescadores em 1622, mas foram militarmente derrotados e expulsos pelas autoridades locais.
  Em 1626, os espanhóis desembarcaram e ocuparam o norte da ilha de Taiwan, nos portos de Keelung e Tamsui, objetivando formar uma base para desenvolver o seu comércio na região. O período colonial espanhol durou 16 anos, quando, em 1642, a última fortaleza espanhola caiu sob o domínio holandês. Após a queda da dinastia Ming, Koxinga (Zheng Keshuang), um auto-denominado apoiante dos Ming, chegou à ilha e capturou Fort Zelandia em 1662, expulsando o governo e os militares holandeses da ilha. Koxinga estabeleu o Reino de Tungning (1662-1683), tendo como capital a cidade de Tainan. Ele e seus herdeiros continuaram a lançar ataques à costa sudeste da China continental.
Fort Zelandia
  Em 1683, após a derrota do neto de Koxinga por uma armada liderada pelo almirante Shi Lang, do sul de Fujian, a dinastia Qing anexou formalmente a ilha de Taiwan, colocando-a sob a jurisdição da província de Fujian. O governo imperial Qing tentou reduzir a pirataria na área e emitiu uma série de editais para gerir a imigração e respeitar os direitos de terra indígenas. Imigrantes, sendo a maior parte do sul de Fujian, continuaram a entrar na ilha, promovendo a absorvição de algumas culturas nativas pelos chineses, enquanto outras tribos se retiraram para as montanhas.
  Entre o fim do século XIX e os anos 1930 ocorreram muitas rebeliões contra a ocupação japonesa, que ocorreu durante a Primeira Guerra Sino-Japonesa (1894-1895), algumas das quais resultaram em milhares de mortos. A China continental se dividiu em vários governos regionais menores no período seguinte, após o fim da monarquia em 1912. A ocupação japonesa de Taiwan durou até o final da Segunda Guerra Mundial.
  Após a rendição do Japão, em 15 de agosto de 1945, a ilha de Taiwan retornou ao controle da República da China, cuja formalização se deu mais tarde, pelo Tratado de Paz de São Francisco em 1951.
  Ao longo da primeira metade do século XX, em diversos pontos do território chinês, muitos chineses iniciaram uma longa luta para acabar com o domínio estrangeiro. Na década de 1920, destacaram-se dois grandes grupos nacionalistas. Um deles, liderado pelo general Chiang Kai-shek, pregava a expulsão de todos os estrangeiros do país e contava com o apoio dos ricos proprietários rurais e das tradicionais famílias chinesas.
  O outro grupo nacionalista tinha o comando do líder socialista Mao Tsé-tung, que acreditava que a expulsão dos estrangeiros deveria ser acompanhada de uma mudança na economia, com a implantação do socialismo.
Chiang Kai-shek (1887-1975)
  Apesar de rivais, esses grupos nacionalistas estabeleceram um acordo durante a Segunda Guerra Mundial. Desse modo, puderam lutar juntos pela expulsão dos japoneses, que haviam invadido a Manchúria em 1931. Entretanto, em 1945, no fim da Segunda Guerra, os dois grupos começaram uma guerra civil na China.
  A guerra civil entre os dois grupos nacionalista se espalhou por todo o território chinês. No final de 1948, as tropas lideradas por Mao Tsé-tung conseguiram grandes vitórias, cercando os comandados de Chiang Kai-shek.
  Após muitas negociações, o general Chiang Kai-shek e seus seguidores se refugiaram na ilha de Formosa e declararam a independência daquele território, que passou a se chamar República da China, também conhecida como Taiwan. Apoiada pelos Estados Unidos e pela Inglaterra, a ilha adotou o capitalismo, permitindo a presença de empresas privadas estrangeiras.
Tropas comunistas próximo à Pequim, em 1949
  Uma das primeiras medidas adotadas por Chiang Kai-shek foi promover a reforma agrária, dividindo as terras em pequenas propriedades. A política posta em prática em Taiwan fundamentou-se nos "Três Princípios Básicos do Povo", de Sun Yatsen (líder da revolução que derrubou a Monarquia na China): distribuição equilibrada da riqueza, melhor utilização da terra e melhores condições para o povo.
  Quando a China se declarou socialista, os Estados Unidos não reconheceram a legitimidade da China continental. Passaram a apoiar e reconhecer somente o governo da ilha de Taiwan como representante do povo chinês e pressionaram a ONU para que fizesse o mesmo. Durante muitos anos, a ilha de Taiwan foi protegida por tropas estadunidenses contra uma possível invasão da China socialista. Essa proteção e o apoio externo deram suficiente tranquilidade para a evolução capitalista da ilha de Taiwan.
  Enquanto Taiwan se desenvolvia, a China afastou-se da esfera de influência soviética. Aproveitando a situação, os Estados Unidos iniciaram conversações com os líderes chineses. A intenção era trazer a China continental para a área de influência dos Estados Unidos, o que seria uma enorme perda para os soviéticos. Além disso, a grande população da China poderia se transformar em importante mercado consumidor para as empresas estadunidenses.
Encontro entre o presidente dos Estados Unidos (Richard Nixon) e o presidente da China (Mao Tsé-tung), em fevereiro de 1972, em Pequim - China
  Na sequência dos acontecimentos, em 1971, Taiwan retira-se da ONU e é substituída pela China socialista. Apesar da aproximação dos norte-americanos com os chineses, os Estados Unidos decidiram manter a ajuda financeira e militar a Taiwan para evitar uma possível intervenção militar chinesa.
  As mudanças ocorridas na China, em especial a abertura para o capital externo e a aceitação do conceito de "um país, dois sistemas", segundo o qual o governo socialista chinês aceitava uma economia com relações capitalistas, estimularam Taiwan a iniciar uma lenta aproximação da China.
  Após a morte de Chiang Kai-shek em 1975, o vice-presidente Yen Chia-kan assumiu o comando de Taiwan, mas quem comandava mesmo o governo era  o filho de Chiang Kai-shek, Chiang Ching-kuo, que se tornou presidente em 1978. Chiang Ching-kuo promoveu o crescimento econômico de Taiwan, levando o país a ser um dos mais industrializados e desenvolvidos da Ásia.
  Em dezembro de 1978, o presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter, anunciou que o país deixava de reconhecer a República da China como uma nação independente, transferindo o reconhecimento diplomático para a República Popular da China. Apesar desse episódio, o Congresso norte-americano aprovou a Lei de Relações com Taiwan, confirmando o apoio militar à República da China.
Tainan - com uma população (estimativa 2015) de 1.910.971 habitantes, é a sexta cidade mais populosa de Taiwan
  Após a morte de Chiang Ching-kuo, o seu sucessor Lee Teng-hui,  taiwanês de nascimento e educado no Japão, acelerou as reformas democráticas e promoveu o poder e a reafirmação de uma identidade taiwanesa diferenciada da China.
  A continuação das reformas democráticas em Taiwan levou à legalização dos partidos políticos da oposição. Estas reformas culminaram nas eleições presidenciais de 1996, onde, pela primeira vez, os taiwaneses puderam eleger o seu presidente pelo sufrágio universal, quando Lee Teng-hui foi reeleito presidente.
  Em 2000 ocorreu uma nova eleição presidencial, onde a oposição, liderada por Chen Shui-bian, líder do Partido Progressista Democrático, saiu vitorioso, derrotando pela primeira vez o partido governista Kuomintang.
  A entrada de Taiwan na Organização Mundial do Comércio (OMC), em novembro de 2001, deu-se como território, não como país. Apesar de haver ingressado na OMC, esse país ainda luta pelo seu reconhecimento internacional como Estado-nação.
Hsinchu - com uma população (estimativa 2015) de 437.816 habitantes, é a sétima cidade mais populosa de Taiwan
GEOGRAFIA
  A ilha de Taiwan fica a cerca de 180 quilômetros da costa sudeste da China, sendo separada deste país pelo estreito de Taiwan, possuindo uma área de 35.881 km². Incluindo a ilha dos Pescadores e as demais ilhas do país, sua área total é de 36.179 km². Ao norte da ilha de Taiwan está o mar da China Oriental, a leste o mar das Filipinas, ao sul o estreito de Luzon, e o mar da China Meridional a sudoeste.
  A ilha é caracterizada pelo contraste entre o leste e o oeste. O leste consiste principalmente de montanhas escarpadas que ficam em cinco cordilheiras e que cortam o país de norte a sul. O oeste é suavemente ondulado, onde aparece o planalto Chianan, e é onde reside a maior parte da população. O ponto culminante de Taiwan é a montanha Yu Shan, com 3.952 metros de altitude. Há ainda outros cinco picos com altitudes superiores a 3.500 metros, fazendo de Taiwan a quarta ilha mais alta do mundo.
Yu Shan - ponto culminante de Taiwan
  O Parque Nacional Taroko, localizado no lado oriental e montanhoso da ilha, possui grandes desfiladeiros e erosão causada por um rio que flui rapidamente. Os rios são de pouca dimensão e de torrentes, com imensas cheias e pronunciação de estiagens.
  O clima de Taiwan é o tropical, sendo bastante quente e chuvoso, com duas estações de chuvas. A monção de verão (de abril a setembro) se instala em todo o país; as precipitações são abundantes e provocam inundações. A monção de inverno (de outubro a março) é frio e com pouca chuva no sul e no norte é comum aparecer tufões. Na parte central da ilha, devido as altitudes das montanhas, o clima é mais ameno, tanto no verão quanto no inverno.
Parque Nacional Taroko
ECONOMIA
  Taiwan possui uma economia dinâmica, capitalista, impulsionada pelas exportações com uma diminuição gradual do envolvimento do Estado nos investimentos e no comércio exterior.
  Graças à proteção e o apoio externo no processo que culminou com a separação entre as duas Chinas e a adoção do capitalismo na ilha de Taiwan, ocorreram reformas em diversas áreas. Na parte agrária, criaram-se incentivos à maior produção de alimentos, favorecendo os pequenos proprietários de terras. Na área educacional, o governo passou a conceder bolsas de estudos para capacitação técnica dos estudantes fora do país. A educação foi dirigida para formar cientistas e profissionais capazes de desenvolver e trabalhar com tecnologias novas e cada vez mais revolucionárias.
  Dessa forma, em poucos anos Taiwan transformou-se em uma plataforma de exportação, com um grande crescimento econômico entre 1970 e 1988, com uma taxa de crescimento médio de 8,5% ao ano,  considerado um dos maiores índices de expansão capitalista em todos os tempos, fazendo com que o país entrasse para o "clube" dos Novos Países Industrializados (NIPs).
Produção de chá em Taiwan
  Atualmente muitas indústrias taiwanesas investem também na China socialista. Essa relação foi se aprofundando, e hoje Taiwan já é o maior investidor estrangeiro na China, principalmente no setor de informática - Tecnologia de Informações (TI). A maior fabricante mundial de placas de computador, de origem taiwanesa, já é uma das grandes exportadoras da economia chinesa. Além disso, a maior produtora de laptops do mundo é taiwanesa, e grande parte da produção se concentra na China.
  Mas essas empresas mantiveram suas redes e seus centros de pesquisa em Taiwan. Transferiram para a China apenas a parte da montagem de seus produtos, aproveitando o crescente mercado consumidor chinês.
  Hoje, cerca de 40% das exportações de Taiwan vão para a China. Esse comércio se dá, em grande parte, dentro de uma mesma empresa: a matriz instalada em Taiwan exporta peças e equipamentos modernos para a filial instalada na China, onde são montados. Para dar mais suporte a essa integração crescente, em 2008, o governo de Taiwan adotou medidas importantes, como a implantação de voos diários para a China e a abertura de conversações para estabelecer um Tratado de Livre Comércio.
Fábrica de produtos para computador em Taiwan
  Entre as tecnologias de ponta que Taiwan desenvolve em seu território, destaca-se a optoeletrônica, que fabrica dispositivos eletrônicos que interagem com a luz, como células de energia solar. Outra tecnologia avançadíssima na ilha são os equipamentos de precisão e os painés de LCD. Boa parte dessas tecnologias existentes hoje no mundo foi desenvolvida em Taiwan. Sua liderança também é absoluta na produção de semicondutores.
  Esse estrondoso avanço vem alterando completamente o espaço geográfico de Taiwan. Existem na ilha três importantes portos e dezenas de aeroportos, além de modernas rodovias e ferrovias.
  Todas essas mudanças já podem ser sentidas na melhora da qualidade de vida de Taiwan, constatada pela elevação do IDH do país. Quase a totalidade da riqueza produzida é gerada pela indústria e pelos serviços.
Mapa da economia de Taiwan
  Nas últimas décadas, esse crescimento econômico também trouxe uma série de problemas para o país. Com a expansão da produção, a necessidade de energia é cada vez maior. Dessa forma Taiwan depende quase totalmente da importação de petróleo. Para tentar amenizar esse problema, o governo vem investindo cada vez mais em energias alternativas, como a energia eólica e solar.
  O turismo é uma importante fonte de renda para o país e essa atividade vem crescendo muito a cada ano. A maioria dos turistas são asiáticos, principalmente do Japão. Fora da Ásia, os turistas que visitam o país são principalmente dos Estados Unidos e do Reino Unido.
Keelung - com uma população (estimativa 2015) de 385.757 habitantes, é a oitava cidade mais populosa de Taiwan
POPULAÇÃO
  A população taiwanesa é de pouco mais de 23 milhões de habitantes. O governo da República da China estima que mais de 90% da população seja composta por chineses da etnia han, dos quais a maioria inclui descendentes dos primeiros imigrantes chineses que chegaram a Taiwan a partir do século XVII.
Chiayi - com uma população (estimativa 2015) de 275.504 habitantes, é a nona cidade mais populosa de Taiwan
PRINCIPAIS TRANSNACIONAIS DE TAIWAN
  As principais transnacionais taiwanesas são a Acer e a HTC Corporation. A Acer é a terceira maior fabricante de PCs do planeta. Dentre os produtos oferecidos pela Acer destacam-se os computadores de mesa (desktops), computadores móveis (laptops), servidores, periféricos de armazenamento de dados, displays, entre outros. A HTC Corporation é uma fabricante de smartphones e tablets.
Changhua - com uma população (estimativa 2015) de 238.583 habitantes, é a décima cidade mais populosa de Taiwan
ALGUNS DADOS DE TAIWAN
NOME OFICIAL: República da China
CAPITAL: Taipé
Taipé - com uma população (estimativa para 2015) de 2.685.240 habitantes, é a capital e quarta maior cidade de Taiwan
GENTÍLICO: taiwanês, formosano, formosino, taiuanês
LÍNGUA OFICIAL: mandarim
GOVERNO: República Semipresidencialista
ESTABELECIMENTO:
Império Centralizado Unificado: 221 a.C.Declaração da República: 10 de outubro de 1911
Estabelecida: 1 de janeiro de 1912
Transferência para Taiwan: 7 de dezembro de 1949
LOCALIZAÇÃO: Ásia Oriental
ÁREA: 36.179 km² (134°)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2015): 23.237.895 habitantes (49°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 642,30 habitantes/km² (9°). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativas 2015):
Nova Taipé: 3.969.950 habitantes
Nova Taipé - cidade mais populosa de Taiwan
Kaohsiung: 2.813.985 habitantes
Kaohsiung - segunda cidade mais populosa de Taiwan
Taichung: 2.701.113 habitantes
Taichung - terceira cidade mais populosa de Taiwan
PIB (Banco Mundial 2013): US$ 466,054 bilhões (27°). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
IDH (ONU 2014): 0,882 (21°). Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
Mapa do IDH dos países
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU 2012): 80,6 anos (31°). Obs: a expectativa de vida ou esperança de vida, expressa a probabilidade de tempo de vida média da população. Reflete as condições sanitárias e de saúde de uma população.
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU 2005-2010): 0,36% (178°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma determinada população.
TAXA DE NATALIDADE (ONU 2005-2010): 6,97/mil (193°). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook 2007): 6,48/mil (153°). Obs: a taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um índice demográfico que reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região por um período de tempo e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook 2013): 4,49/mil (23°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é contada de menor para maior.
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook 2014): 1,11 filhos/mulher (222°). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é contada de maior para menor.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook 2014): 98,29% (59°). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook 2005-2010): 73,5% (52°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
PIB PER CAPITA (FMI 2013): US$ 20.930 (37°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população.
MOEDA: Novo Dólar Taiwanês
RELIGIÃO: crenças populares chinesas (40,7%), budismo (35,1%), taoísmo (12,5%), cristianismo (6,6%), sem religião e ateus (4,4%), outras religiões (0,7%).
Templo budista Mengjia Longshan, em Taipé
DIVISÃO: a República da China é dividida em duas províncias (Província de Taiwan e Província de Fujian) e pelas municipalidades de Taipé, Kaohsiung, Nova Taipé, Taichung e Tainan. A província de Taiwan é formada pelo Condado de Penghu (Ilha dos Pescadores) e uma série de ilhas periféricas, por doze municípios e três cidades provinciais. Penghu é o único condado da província de Taiwan que não fica na ilha de Taiwan. A província de Fujian é constituída por várias ilhas ao largo do país, pelo Condado de Kinmen e parte do Condado de Lienchiang.
Mapa da divisão administrativa de Taiwan
FONTE: Araújo, Regina
Observatório de geografia / Regina Araújo, Ângela Corrêa da Silva, Raul Borges Guimarães. - 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2009.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

AMÁSIA: O FUTURO SUPERCONTINENTE DA TERRA

  Em 1596, um holandês chamado Abraham Ortelius sugeriu pela primeira vez que os continentes nem sempre estiveram nas posições em que vemos hoje nos mapas-múndi. Na época, esse estudioso criou o primeiro atlas da Idade Moderna, desenhando, à mão, por volta de 139 mapas coloridos.
  Ortelius propôs que as Américas foram afastadas da Europa e da África por terremotos e inundações. Para ele, essa ruptura se revelava ao observar as costas litorâneas dos três continentes num mapa do mundo da época.
Mapa das Américas feito por Ortelius, em 1595
  Muitos anos mais tarde, em 1915, o cientista alemão Alfred Wegener, depois de estudar cuidadosamente a questão, apresentou a chamada Teoria da Deriva Continental. Segundo essa teoria, num passado muito remoto, há cerca de 260 milhões de anos, existiu um supercontinente, a Pangeia ou "terra global", rodeado por um único oceano.
  Para Wegener, a partir de 230 milhões de anos atrás, a Pangeia teria começado a se fraturar e dividido em dois grandes continentes: Laurásia e Gondwana. Entre os dois, havia se formado um mar relativamente raso: o mar de Tethys.
Mapa da Pangeia
  Esse processo teria acontecido porque a crosta terrestre, sendo uma fina camada sólida depositada sobre outra, de consistência plástica, teria deslizado sobre uma espécie de mar pastoso de magma, expelido durante erupções vulcânicas.
  Ao longo de milhões de anos, Laurásia e Gondwana teriam continuado a fraturar-se, dando origem aos atuais continentes. Na Era Cenozoica, as formas dos continentes teriam começado a se assemelhar ainda mais com as formas atuais.
  Se observarmos atentamente um mapa-múndi, veremos que há um "encaixe" quase perfeito entre o litoral leste da América do Sul e o oeste da África. Graças às atuais imagens de satélites e a poderosos instrumentos de medição. Esses dois continentes continuam se afastando cerca de dois centímetros por ano. Outras evidências que reforçam a Teoria da Deriva Continental são as semelhanças entre os tipos de rochas, a fauna e a flora da América e da África.
Mapas que mostram evidências dos supercontinentes
  Apesar das evidências que embasaram sua teoria, Wegener não convenceu o mundo científico da sua época, porque não conseguiu responder adequadamente à principal questão que os críticos lhe faziam: que forças seriam capazes de mover os imensos blocos continentais?
  Além da Pangeia, outros supostos supercontinentes da Terra são:
1. Vaalbara
  Foi o primeiro supercontinente teorizado da Terra. Esse supercontinente existiu entre 3 e 4 bilhões de anos atrás. Ele começou a se formar possivelmente há 3,6 bilhões de anos e a se separar por volta de 2,8 bilhões de anos atrás. Vaalbara consistia do leste do Cráton Kaapvaal e do Cráton Pilbara, a noroeste da Austrália Ocidental. Ainda é incerto quando ele começou a se dividir. Evidências geocronológicas e paleomagnéticas mostram que os dois crátons tiveram uma separação rotacional latitudinal de 30º no período de 2,78 bilhões de anos e 2,77 bilhões de anos atrás.
Área do possível supercontinente Vaalbara
2. Kenorland
  Provavelmente foi formado durante a Era Arqueozoica, por volta de 2,7 bilhões de anos devido ao aparecimento dos volumes de terra neo-arqueozoicas e a formação de uma nova plataforma continental.
Possível supercontinente Kenorland
3. Colúmbia
  Também conhecido como Nuna e, mais recentemente Hudsonland ou Hudsonia, existiu entre 1,8 e 1,5 bilhão de anos atrás, na Era Paleoproterozoico. Consistiu os continentes anteriores da Laurentia, Báltico, Ucrânia, Amazônia, Austrália e, possivelmente, Sibéria, Norte da China e Kalahari. A existência de Colúmbia é baseada em dados de paleomagnética.
Supercontinente Colúmbia
4. Rodínia
  Esse supercontinente formou-se há aproximadamente 1 bilhão de anos e abrangia a maior parte da porção continental da Terra. Acredita-se que quebrou-se em oito continentes há cerca de 750 milhões de anos atrás. Durante a época que existiu este supercontinente, a Terra ficou toda congelada (hipótese da Terra bola de neve), com temperaturas muito baixas e com seu oceano tendo uma capa de gelo com uma profundidade média de 1 quilômetro. Antes do congelamento desse supercontinente, formou-se um grande deserto sem vida vegetal e animal.
Supercontinente Rodínia
5. Panótia
  Existiu entre 600  e 540 milhões de anos atrás. Este supercontinente quebrou-se em vários pedaços, originando a Laurentia ( o que hoje é a América do Norte), Báltica (norte da Europa) e a Sibéria, além de um outro grande pedaço que se tornaria mais tarde a China, Índia, África, América do Sul e Antártica.
Supercontinente Panótia
6. Laurásia
  O supercontinente Laurásia incluía os continentes que atualmente constituem o Hemisfério Norte: América do Norte, Europa, Ásia (sem a Índia) e Groenlândia. Surgiu logo após a divisão da Pangeia, entre 225-200 milhões de anos atrás.
7. Gondwana
  O supercontinente Gondwana incluía a maior parte das terras que hoje constituem o Hemisfério Sul, sendo formado pela África, América do Sul, Antártica, Índia e Austrália, e corresponde a parte sul da Pangeia.
A divisão da Pangeia deu origem a dois supercontinetes: Laurásia (ao norte) e Gondwana (ao sul)
8. Amásia
   Daqui a entre 50 milhões de 200 milhões de anos, a superfície da Terra será dominada por um novo supercontinente, a exemplo do que ocorreu no passado  com os antigos Nuna, Rodínia e Pangeia. Desta vez, o movimento das placas tectônicas deverá unir as Américas com a Ásia, fazendo surgir a Amásia, de acordo com estudos publicados pela revista "Nature".
  Segundo os pesquisadores, ao contrário das teorias tradicionais, que preveem que o novo supercontinente se formará ou próximo de onde a Pangeia estava (introversão), fechando o Atlântico como num movimento de sanfona; ou do lado oposto do globo em que o supercontinente de 300 milhões de anos atrás se localizava (extroversão), no meio de onde hoje é o Oceano Pacífico.
Vídeo com animação da Terra no período entre 600 milhões de anos até os dias atuais
  Dados paleomagnéticos apontam que na verdade os novos supercontinentes se formam em ângulos de 90 graus com relação ao anterior (ortoversão). Assim, a Amásia se uniria em torno do anel de subdução deixado pelo seu predecessor - hoje conhecido como Anel de Fogo do Pacífico pela concentração de vulcões nas áreas de encontro das placas tectônicas nas bordas do oceano.
Animação da Pangeia
  O novo supercontinente se chamará Amásia devido à fusão entre a Ásia e a América e pelo fechamento do Oceano Glacial Ártico e o Mar do Caribe.
  O pesquisador norte-americano Ross Mitchell, um geólogo da Universidade de Yale, acredita que a América ficará situada sobre uma área de extrema atividade sísmica e vulcânica, o Anel de Fogo, e que sua topografia irá se alterar completamente devido à atração do Polo Norte, o que ocasionará o desaparecimento do Mar do Caribe e o Oceano Glacial Ártico.
Simulação da Pangeia
FONTE: Silva, Ângela Corrêa da
Geografia: contextos e redes / Ângela Corrêa da Silva, Nelson Bacic Olic, Ruy Lozano. - 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2013. 

sexta-feira, 31 de julho de 2015

HUNGRIA

Rio Danúbio, em Budapeste
  A Hungria ocupa a maior parte da Grande Planície Húngara, no centro-sul da Europa, e, embora sem saída para o mar, tem boa comunicação fluvial com outros países através do Rio Danúbio. Esse rio separa os dois centros urbanos (Buda e Peste) que formam a capital, Budapeste. Indiscutivelmente, Budapeste foi nas últimas décadas a verdadeira metrópole da Europa oriental, pois fornecia produtos e serviços diversificados a uma população com razoável poder aquisitivo. O país limita-se ao norte com a Eslováquia, Ucrânia e Áustria, a leste com a Romênia, a oeste com a Áustria e a Eslovênia, e a sul com a Croácia e a Sérvia.
  A Hungria é membro da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), da União Europeia e do Grupo Visegrád (também chamado V4, é uma aliança para fins de cooperação entre quatro países da Europa Central: Hungria, Polônia, República Tcheca e Eslováquia).
Mapa da Hungria
HISTÓRIA
  A Hungria é formada por descendentes da tribo dos magiares, cavaleiros oriundos das margens do rio Volga. Esse povo vieram da região norte dos Montes Urais, onde levava uma vida nômade.
  A região que abrange a atual Hungria era uma parte das províncias romanas da Dácia e da Panônia. Localizadas no território limite do Império Romano, essas províncias foram das primeiras a cair em mãos de tribos germânicas que começaram a invadir o território no final do século II.
  Durante o século VIII, os moravos, um dos povos eslavos, se apossaram das regiões norte e leste e, de 791 a 797, Carlos Magno, rei dos francos, anexou o restante da região. Nos anos 895 e 896, os magiares tomaram o controle da Panônia e da Morávia sob o comando do chefe Arpad. Em 955, Oto I, o Grande, imperador do Sacro Império Romano-Germânico, os derrotou na grande batalha de Lechfeld, facilitando a penetração do cristianismo e da cultura do ocidente na Hungria.
  Estevão I, que mais tarde passou a se chamar Santo Estevão da Hungria, conseguiu unificar o país no início do século XI (997) e se torna o primeiro Rei da Hungria, no ano 1000, pela outorga do papa Silvestre II, convertendo toda a região ao cristianismo e recebendo o título de rei apostólico.
Estátua de Santo Estevão, em Budapeste
  O cristianismo acabou com o paganismo, tornando-se a religião oficial. A autoridade real centralizou-se e o país dividiu-se em comitats (condados) administrativos. A população não-magiar passou a ser tratada como uma etnia submissa. Os sucessores de Estevão incorporaram os territórios da Croácia, Bósnia, parte da Transilvânia e da Dalmácia.
  A partir do século XII, a autoridade real começa a entrar em declínio, devido principalmente a distribuição de propriedades da coroa, pelo imperador bizantino Manuel I Comnenos, aos seus partidários da nobreza húngara, propiciando o desenvolvimento do feudalismo.
  Em 1308, Carlos Roberto de Anjou e da Sicília foi eleito rei da Hungria com o nome de Carlos I da Hungria, estabelecendo no país a dinastia Anjou. Durante o seu reinado, que acabou em 1342, ele restaurou a ordem, impondo limitações aos nobres e consolidando o reino. Adquiriu também novos territórios, entre os quais se encontravam em zonas da Bósnia e em parte da Sérvia. Através de seu casamento com Isabel, irmã de Casimiro III, o Grande, rei da Polônia, garantiu a sucessão do seu filho Luís ao trono polonês.
Szeged - com 165.542 habitantes, é a quarta maior cidade da Hungria
  Em 1458, foi eleito rei Matias Corvino, apesar de forte oposição por parte dos partidários do imperador do Sacro Império, Frederico III da Estíria. O novo monarca introduziu diversas reformas administrativas, criou um exército permanente e desenvolveu o comércio e a cultura no país. Obteve o controle da Áustria dos Habsburgo em 1485, transferindo sua residência para Viena. Após a morte de Matias, em 1490, os senhores feudais adquiriram novamente seus antigos privilégios.
  Em 1526, o exército turco de Solimão I, o Magnífico, derrotou o exército húngaro na batalha de Mohacs. Durante mais de 150 anos após a derrota de Mohacs, a Hungria foi testemunha de lutas contínuas entre os imperadores Habsburgo do Sacro Império, que se apossaram da parte oeste do reino, os turcos estabelecidos na parte central e grupos da nobreza húngara.
  Durante a luta pela posse da Hungria, a Transilvânia se tornou o centro do movimento magiar contra o domínio dos turcos e dos austríacos. Os magiares abandonaram a Igreja Católica durante a Reforma Protestante, agravando sua inimizade contra os Habsburgo. Desde meados do século XVI, com a Contra-Reforma imposta pela Igreja Católica, a luta entre os protestantes magiares e os católicos Habsburgo tornou-se cada vez mais violenta, acarretando na chamada Guerra dos Quinze Anos (1591-1606).
Ponte das Correntes, em Budapeste
  A guerra turco-austríaca se estendeu de 1593 a 1648, quando o imperador Rodolfo II se viu obrigado a conceder aos magiares da Transilvânia a autonomia política e religiosa e várias concessões territoriais. Pelas prescrições da Paz de Karlowitz (1699), os turcos só conservaram o Banato de Temesvar, uma região que eles perderiam 19 anos depois, garantindo a Transilvânia para a dinastia Habsburgo.
  Após a explosão da Revolução Francesa, em 1789, inúmeros nacionalistas magiares, influenciados pelas ideias revolucionárias, fizeram ressurgir o nacionalismo húngaro a partir de 1815. Este despertar trouxe como consequência a criação do Partido Liberal, que lançou uma campanha em favor de um governo constitucional e de reformas que reduziam algumas das exigências dos senhores feudais sobre os camponeses.
Parque Nacional Kiskunság - Hungria
  O governo austríaco viu-se ameaçado pela revolução liberal que eclodiu em Viena em 1848, permitindo a formação de um governo húngaro. A Hungria rompeu praticamente todos os laços com a Áustria. Em 1849, a Dieta húngara proclamou a deposição da dinastia dos Habsburgo e a independência da Hungria. Nesse mesmo ano, o imperador austríaco Francisco José I formou uma aliança militar com Nicolau I da Rússia e venceu o exército húngaro. Depois da derrota austríaca em 1859, durante o processo de unificação italiana, o regime imperial sofreu uma série de impasses diplomáticos e militares.
  A Prússia derrotou a Áustria na guerra Austro-Prussiana, fortalecendo amplamente a posição dos húngaros. Sob as regulamentações do Compromisso (Ausgleich), que se adotou em 1867, a Áustria e a Hungria se tornaram uma monarquia dual sob o comando de um soberano único que seria imperador da Áustria e rei da Hungria. A monarquia dual vigorou até seu declínio total com a derrota na Primeira Guerra Mundial.
Mapa do Império Austro-Húngaro
  Em 1918, o Império Austro-Húngaro foi dissolvido oficialmente e o Conselho Nacional proclamou a República Democrática Húngara. Em 1919, os comunistas, liderados por Béla Kun, derrotaram o governo e instauraram uma República de Conselhos (soviets), socializando a economia. Nesse mesmo ano, os tchecos invadiram o norte da Hungria e os romenos o sul, promovendo a abdicação de Béla Kun e do Conselho e os romenos ocuparam Budapeste. Sob a supervisão dos aliados, formou-se um governo interino dominado por Miklos Horthy.
  Em 1920, ocorreu eleições gerais, com o objetivo de formar uma assembleia nacional que acabou dissolvendo todos os vínculos com a Áustria, proclamando a monarquia e nomeando Horthy como regente. Nesse mesmo ano, o governo húngaro aceitou o Tratado de Trianon, que estabelecia as condições de paz com os aliados, perdendo inúmeros territórios. Horthy manteve a ditadura no país por quase duas décadas.
Paisagem do inverno na Hungria
  Com o início da Segunda Guerra Mundial, o governo húngaro proclamou-se neutro, mas suas ações posteriores indicavam uma total simpatia com as forças do Eixo (Itália, Alemanha e Japão).  Ao final da guerra foi proclamada a república parlamentarista na Hungria, com Ferenc Nagy como presidente do Conselho e Matyas Rakosi, secretário geral do Partido Comunista Húngaro, no cargo de vice-presidente. Em 1949, novas eleições aconteceram, com uma única lista de candidatos composta apenas por comunistas. A assembleia adotou uma nova Constituição, que proclamou a República Popular Húngara.
  Em novembro de 1956, Budapeste foi bombardeada pelas tropas do Pacto de Varsóvia. O motivo desse bombardeio foi as reformas feitas pela cúpula do Partido Comunista, inspiradas pelo líder Imre Nagy e pela crença em tempos menos sombrios, após a morte do ditador soviético Josef Stalin, em 1953.
Parque Nacional Kiskunság - Hungria
  A ascensão de Nikita Khruschev na URSS, com a sua campanha de "desestalinização", alimentava as esperanças em um novo começo para os Estados do bloco soviético. Na Hungria, os reformistas ousaram detonar um dos alicerces do totalitarismo soviético, suprimindo o princípio do partido único.
  Os húngaros ultrapassaram o limite ao anunciar a retirada do Pacto de Varsóvia. Criada apenas um ano antes, a organização militar cristalizava o poder da URSS sobre o Leste Europeu e demarcava a esfera de influência de Moscou na Europa. A decisão húngara, assentada sobre o princípio da soberania nacional, ameaçava deflagrar uma reação em cadeia, desintegrando o bloco geopolítico que acabava de se estruturar.
Tanque soviético destruído Budapeste, em 1956
  A invasão ordenada por Khruschev definia os limites da "desestalinização", reafirmando o controle soviético sobre os territórios que configuravam as fronteiras estratégicas da superpotência, no auge da Guerra Fria. A resistência desesperada de Budapeste deixou um saldo de 20 mil mortos e 160 mil exilados. Imre Nagy e seu ministro da Defesa, o general Pál Maléter, foram presos e fuzilados dois anos mais tarde. Heróis trágicos, tornaram-se mártires nacionais e símbolos de uma época de chumbo.
  János Kádár, com o apoio do governo soviético, assume o poder na Hungria e instala uma ditadura que dura de 1956 a 1988. Kádár, durante o seu longo governo, garante a estabilidade e o crescimento econômico da nação. Suas medidas econômicas e liberalizantes tornam o país um precursor da perestroika - programa de reforma política, econômica e social implementado em meados da década de 1980 na União Soviética, pelo presidente Mikhail Gorbachev.
János Kádár (1912-1989)
  A democratização no país se acelera em 1989, influenciado pela morte de Kádar e pelas gigantescas manifestações que ocorriam na Hungria e no bloco socialista em favor do fim da liberdade política e econômica. Em outubro desse ano, o Partido Comunista decreta sua dissolução, reconstituindo-se como Partido Socialista, levando o país a abandonar o comunismo.
  As primeiras eleições livres dessa nova fase da Hungria aconteceram em 1990, onde os socialistas perderam as eleições por uma pequena minoria de votos. Porém, em 1994, voltaram ao poder, apoiados pela queda do padrão de vida da população e da economia húngara. Desde então, os socialistas e os centro-direitistas disputam o poder político. O país procurou uma aproximação com o Ocidente, aderindo em 1999 à Otan e em 2004 à União Europeia.
Pécs - com 157.275 habitantes, é a quinta maior cidade da Hungria
GEOGRAFIA
  A paisagem húngara consiste principalmente das planícies planas a onduladas da Bacia Carpática, com colinas e montanhas baixas, apresentando altitudes que não superam os 200 metros. No norte, próximo à fronteira com a Eslováquia, as altitudes são um pouco mais elevadas, e onde se encontra o ponto culminante do país, o Monte Kékes, com 1.014 metros.
  Os principais rios do país são do Danúbio e o Tirza, sendo o primeiro navegável por 418 quilômetros em território húngaro e o rio que banha a capital Bucareste. O rio Tirza é navegável por 444 quilômetros. O lago Balaton cobre uma área de 592 km², e é considerado o maior lago da Europa Central e Oriental, sendo conhecido como "Mar Húngaro", devido a sua dimensão. Outros lagos menores são o Velence e o Neusiedl, que tem 315 km², mas apenas 75 km² no território húngaro, sendo o restante localizado em território austríaco.
Pôr do sol no Lago Balaton
  A Hungria possui um clima temperado continental, sendo bastante frio e úmido durante o inverno e quente no verão. A temperatura média anual do país é de 9,7°C, com grande amplitude térmica (extremos de 42°C e -29°C). A média pluviométrica é de 600 milímetros anuais. As chuvas são bastante irregulares, com maiores precipitações a oeste do Danúbio. Uma pequena vila, próxima à cidade de Pécs, possui um clima diferenciado do resto do país, semelhante ao clima mediterrâneo.
Monte Kékes - ponto culminante da Hungria
ECONOMIA
  Com extensa área de solos férteis, a Hungria foi um dos países que conseguiu estabelecer de maneira mais eficiente uma distribuição de terras no período socialista. Sua agricultura se baseava nas granjas estatais, nas cooperativas e nas pequenas propriedades. Isso proporcionou o desenvolvimento da agricultura e da pecuária para exportação e abastecimento interno. O país apresenta uma agricultura moderna.
Szombathely - com 98.936 habitantes, é a décima maior cidade da Hungria
  Até 1914, a Hungria destacava-se principalmente em atividades do setor primário, pois o Império Austro-Húngaro não lhe permitia desenvolver o setor secundário para que as indústrias da porção austríaca não sofressem concorrência interna. As vastas planícies que cobrem 90% do território do país e as terras férteis em abundância, comum nessa parte da Europa, favoreceram bastante o desenvolvimento da agricultura em toda a sua história.
  Durante o período socialista, a agricultura foi mecanizada e modernizada. Porém, com o fim da URSS, a agricultura húngara perdeu o apoio que tinha do Estado, provocando uma grande crise no setor.
Paisagem rural da Hungria
  Após a Segunda Guerra Mundial, a Hungria passou a dar maior atenção às indústrias de base, sem descuidar das indústrias de bens de consumo. Na década de 1980, o país foi considerado o mais moderno industrialmente dos países socialistas, exportando bens de consumo até para grandes potências, como a Alemanha e os Estados Unidos.
  A transição da economia socialista para a economia capitalista, a partir do início dos anos 1990, promoveu uma reestruturação industrial na Hungria com a abertura dos mercados, os cortes de subsídios às empresas estatais e a liberalização dos preços, o que acarretou um surto inflacionário no país. Muitas dessas empresas faliram, e o país sofreu com a queda de produção e dos níveis de emprego.
  Nos últimos anos, o país iniciou uma recuperação econômica, marcada pelo aumento dos investimentos estrangeiros e pela instalação de várias empresas transnacionais.
Nyíregyháza - com 119.270 habitantes, é a sétima maior cidade da Hungria
  Juntamente com a Polônia e a República Tcheca, a Hungria foi o país europeu oriental que mais avançou no desmonte da economia planificada e na introdução da economia de mercado ou capitalista, e também um dos que mais receberam investimentos estrangeiros desde os anos 1990. Com a privatização de empresas estatais e o fechamento de outras deficitárias, o desemprego aumentou bastante na Hungria, gerando grande descontentamento popular.
  Em 2004, o país ingressou na União Europeia, mas o seu desempenho econômico não foi muito satisfatório, pois apresentou baixos índices de crescimento do PIB, sobretudo com a crise de 2008.
Györ - com 129.929 habitantes, é a sexta maior cidade da Hungria
  A Hungria é um grande produtor de manganês, e seus principais produtos de exportação são máquinas, produtos mecânicos e alimentos industrializados. A indústria húngara herdou as características do sistema socialista, com base no setor de bens de produção, que foi modernizado e em grande parte privatizado após a queda do regime. Dentre os principais ramos industriais destacam-se o siderúrgico, o automobilístico, o químico, o de eletrodomésticos e eletrônicos.
  O turismo vem crescendo a cada ano no país. A grande infraestrutura cultural da Hungria transformou o país em um dos maiores destinos turísticos do Leste Europeu. Destaca-se a cidade de Budapeste, que possui, entre outras atrações, inúmeros castelos e construções do período medieval.
Kecskemét - com 110.286 habitantes, é a oitava maior cidade da Hungria
POPULAÇÃO
  A população da Hungria possui um elevado padrão de vida. Mais de um terço da população húngara vive em países vizinhos, como Croácia, Romênia, Eslováquia, Eslovênia, Ucrânia, Sérvia e Montenegro, por causa da perda de territórios após a Primeira Guerra Mundial.
  O final da censura e do impedimento de organização de partidos políticos fez surgir várias correntes, que promovem manifestações e disputam o poder: os social-democratas, os antigos comunistas, os nacionalistas radicais e até grupos neonazistas - os skinheads ("cabeças raspadas"), que promovem ações contra ciganos (minoria bastante significativa na Hungria, correspondente a cerca de 4% de sua população total), judeus e outros grupos étnicos.
Székesfehérvár - com 109.849 habitantes, é a nona maior cidade da Hungria
ALGUNS DADOS SOBRE A HUNGRIA
NOME OFICIAL: República da Hungria
CAPITAL: Budapeste
Parlamento Húngaro, em Budapeste
GENTÍLICO: húngaro (a)
LÍNGUA OFICIAL: húngaro
GOVERNO: República Parlamentarista
INDEPENDÊNCIA: do Império Austro-Húngaro, em 31 de outubro de 1918
Formação do Reino da Hungria: fevereiro de 1000
Ocupada pelos Otomanos: 29 de agosto de 1526
Império Austro-Húngaro: 8 de junho de 1867
República da Hungria: 16 de novembro de 1918
LOCALIZAÇÃO: Europa Centro-Oriental
ÁREA: 93.032 km² (108°)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2015): 9.970.638 habitantes (80°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 107,17 habitantes/km² (69°). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativas 2015):
Budapeste: 1.747.001 habitantes (2012)
Budapeste - capital e maior cidade da Hungria
Debrecen: 211.878 habitantes
Debrecen - segunda maior cidade da Hungria
Miskolc: 173.337 habitantes
Miskolc - terceira maior cidade da Hungria
PIB (Banco Mundial 2013): US$ 129,959 bilhões (58°). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
IDH (ONU 2014): 0,818 (43°). Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
Mapa do IDH dos países
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU 2012): 75,0 anos (74°). Obs: a expectativa de vida ou esperança de vida, expressa a probabilidade de tempo de vida média da população. Reflete as condições sanitárias e de saúde de uma população.
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU 2005-2010): -0,29% (218°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma determinada população.
TAXA DE NATALIDADE (ONU 2005-2010): 9,66/mil (173°). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook 2007): 13,11/mil (39°). Obs: a taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um índice demográfico que reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região por um período de tempo e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook 2013): 5,82/mil (36°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é contada de menor para maior.
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook 2014): 1,42 filhos/mulher (206°). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é contada de maior para menor.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook 2014): 99,0% (25°). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook 2005-2010): 68,3% (66°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
PIB PER CAPITA (FMI 2013): US$ 13.404 (54°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população.
MOEDA: Florim Húngaro
RELIGIÃO: 86,7% da população húngara segue o cristianismo (sendo 57,8% de católicos, 23,9% de protestantes e 5% de outras religiões cristãs), 11,3% não têm religião, e 2% seguem outras religiões (principalmente judaísmo e islamismo).
Catedral Basílica de Santo Estevão, em Budapeste
DIVISÃO: administrativamente, a Hungria é dividida em 19 condados mais a capital, que é independente de qualquer condado. Para propósitos demográficos e de desenvolvimento, os 19 condados e Budapeste são agrupados em sete regiões. Os 19 condados são subdivididos em 173 sub-regiões e Budapeste é a sua própria sub-região. Cada sub-região pode ser classificada em cidade ou vila, ou ainda em condado urbano - uma cidade com direito de condado, mas que tem que se submeter às ordens do condado na qual está inserida, não possuindo independência política do condado.
  As sete regiões da Hungria são: Transdanúbia Ocidental, Transdanúbia Meridional, Transdanúbia Central, Hungria Central, Hungria Setentrional, Grande Planície Setentrional e Grande Planície Meridional.
Mapa da Hungria com os 19 condados (em laranja está a capital Budapeste)
FONTE: Projeto Araribá: geografia / organizadora Editora Moderna; editor responsável Fernando Carlo Vedovate. - 3. ed. - São Paulo: Moderna, 2010.

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