quinta-feira, 28 de maio de 2015

CIDADES SUSTENTÁVEIS

  As cidades sustentáveis são aquelas que adotam uma série de práticas eficientes voltadas para a melhoria da qualidade de vida da população, desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente. Geralmente são cidades muito bem planejadas e administradas. No Brasil e no mundo, existem várias cidades sustentáveis. Apesar do desenvolvimento de cidades sustentáveis no Brasil e no mundo, não é possível dizer que nenhuma delas seja 100% sustentável. Elas praticam várias ações com esse intuito em determinadas áreas, mas não no todo, como seria o desejável. As cidades sustentáveis ajudam a minimizar, mesmo que não seja muito, os efeitos nocivos do mau uso do meio ambiente pelo homem.
  A grande concentração da população mundial nas cidades e o crescente impacto ao meio ambiente, vem despertando, cada vez mais, a consciência das empresas e dos governos à estabelecerem medidas sustentáveis que resultam em melhor qualidade de vida para seus habitantes.
Desenho de como seria a Marginal do Tietê em São Paulo se fosse desenvolvido um planejamento sustentável para a cidade
  O crescimento das cidades se dará principalmente nos países pobres e emergentes nas próximas décadas. Esse fato requer grande atenção para evitar que os impactos causados sejam muito amplos e negativos.
  As cidades sustentáveis tomam medidas para evitar utilização inadequada dos imóveis urbanos, o gerenciamento do solo, a edificação ou uso excessivo ou inadequado em relação à infraestrutura urbana, a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como polos geradores de tráfego, a deterioração das áreas urbanizadas, a poluição e a degradação ambiental.
  Mais do que nunca precisamos nos preocupar com a sustentabilidade das cidades, visando medidas que busquem desenvolver projetos sustentáveis para o melhor aproveitamento do espaço urbano, aliando desenvolvimento econômico, preservação do meio ambiente e atividades urbanas.
Uma das grandes preocupações urbanas está relacionada à questão da água
  Os programas para as cidades sustentáveis não contam apenas com políticas públicas, sendo fundamental a participação e cooperação dos cidadãos nessa empreitada. Ações individuais e coletivas colaboram para a implementação de projetos sustentáveis. Entre as ações voltadas para a sustentabilidade, destacam-se:
1. Energia renovável
  A substituição de geração de energia tradicional por energia renovável, como cata-ventos eólicos ou placas solares, é outro meio adotado pelas cidades sustentáveis. A energia solar é aquela obtida pela luz do Sol, podendo ser captada com painéis solares nas usinas fotovoltaicas e através de receptores nas usinas térmicas, chamadas heliotérmicas. A energia solar recebida pela Terra é cerca de 5 mil vezes maior do que o consumo mundial de eletricidade e energia térmica somados.
Produção de energia eólica, em Parelhas - RN
  A energia eólica é a energia obtida pela ação do vento através da utilização da energia cinética gerada pelas correntes atmosféricas. A energia eólica tem sido utilizada desde a Antiguidade para mover os barcos movidos por velas ou operação de outras máquinas. É uma espécie de energia verde. Essa energia também vem do Sol, que aquece a superfície da Terra de forma homogênea, gerando locais de baixa pressão e locais de alta pressão, fazendo com que o ar se mova gerando ventos.
Produção de energia eólica em Rio do Fogo - RN
2. Destinação dos resíduos sólidos  A correta destinação dos resíduos sólidos é condição primordial para uma cidade sustentável. A substituição da coleta tradicional por coleta seletiva de lixo destinada à reciclagem, com usinas de reciclagem, é um grande passo para promover a sustentabilidade. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), aprovada em agosto de 2010, trouxe importantes instrumentos para que municípios de todo o Brasil iniciassem o enfrentamento aos principais problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos.
A reciclagem do lixo é um grande passo para desenvolver a sustentabilidade
3. Coletores de águas pluviais
  A água das chuvas nas grandes cidades não serve para o consumo humano, pois está contaminada por diversos poluentes. Entretanto, ela é ideal para o uso em diversas atividades domésticas, como irrigar o jardim, lavar o carro e o quintal etc., por meio de um sistema de captação de água e um local de armazenamento, além do reuso da água em moradias e edifícios comerciais.
Coletar a água das chuvas é outro exemplo de sustentabilidade
4. Planejamento urbano
  A substituição de bairros que crescem de forma desorganizada por áreas de planejamento urbano por meio da construção de pequenos bairros com infraestrutura e próximos aos novos locais de trabalho.
  O modelo das cidades espraiadas (espalhadas) resulta em grandes deslocamentos, muitas vezes incentivando a utilização de carros. É uma contradição à sustentabilidade, provocando impactos negativos no meio ambiente. Por isso, surgiu o conceito de bairro planejado, com a busca de cidades mais ordenadas visando proporcionar uma melhor infraestrutura para seus moradores, unindo os fatores eficiência, qualidade de vida e sustentabilidade.
  Os bairros planejados, em geral, são desenvolvidos em grandes áreas (acima de 500 mil m²), integradas a áreas urbanas consolidadas que oferecem uma ampla variedade de produtos: residências horizontais e verticais, comércio, indústria, serviços e lazer cercados por parques e áreas verdes. Seus projetos devem apresentar uma correta hierarquia viária, que contempla carros, transporte público, ciclovias e vias de pedestres.
Os bairros planejados estão virando uma tendência no mercado imobiliário
5. Cinturões verdes
  A aproximação da produção de alimentos de grandes distâncias para produções agrícolas no entorno das cidades (cinturão verde) é uma forma de minimizar a necessidade de transportes de longa distância.
  O cinturão verde é uma área verde que pode ser composta por parques, chácaras, reservas ambientais, jardins ou pomares localizados ao redor de uma cidade (área periférica).
  Os cinturões verdes são de grande importância para a manutenção da qualidade de vida dos habitantes dos centros urbanos, principalmente das grandes cidades. Como nestas áreas ocorreu, e ainda ocorre desmatamento por causa da construção civil, elas possibilitam:
  • melhoria na qualidade do ar das cidades;
  • possibilidades de criação de áreas de lazer (parques) e educacionais (voltadas para a educação ambiental);
  • áreas de produção agrícola voltadas para a produção de frutas e hortaliças, abastecendo o mercado consumidor das cidades próximas;
  • colaboram para a manutenção do microclima da região, não deixando que as temperaturas se elevem muito;
  • promover a preservação ambiental e a manutenção do ecossistema.
Cinturão verde - uma forma de reduzir os custos dos produtos agrícolas
6. Transporte de massa
  A questão da mobilidade urbana surge como um novo desafio às políticas ambientais e urbanas, num cenário de desenvolvimento social e econômico do país e do mundo, no qual as crescentes taxas de urbanização, as limitações das políticas públicas de transporte coletivo e a retomada do crescimento econômico têm implicado num aumento expressivo da motorização individual (automóveis e motocicletas), bem como da frota de veículos dedicados ao transporte de cargas. O padrão de mobilidade centrado no transporte motorizado individual, mostra-se insustentável, tanto no que se refere à proteção ambiental, quanto no atendimento das necessidades de deslocamento que caracterizam a vida urbana.
  A resposta tradicional aos problemas de congestionamento, por meio do aumento da capacidade viária, estimula o uso do carro e gera novos congestionamentos, alimentando um ciclo vicioso responsável pela degradação da qualidade do ar, aquecimento global e comprometimento da qualidade de vida nas cidades (aumento significativo nos níveis de ruídos, perda de tempo, degradação do espaço público, atropelamentos, estresses, entre outros).
  Por isso, nas cidades sustentáveis existe a necessidade da substituição do transporte solitário pelo transporte solidário e pelo uso de bicicletas com a construção de ciclovias urbanas, e o aumento da oferta de transporte público de boa qualidade. Investir no transporte de massa é uma das alternativas para melhorar a qualidade de vida nas grandes cidades.
A construção de ciclovias é outra ação desenvolvida nas cidades sustentáveis
7. Áreas permeáveis
  A impermeabilização do solo significa perda da capacidade de absorção da água pelo solo. Este processo acontece principalmente nas cidades, em razão do asfaltamento, calçamento de ruas e calçadas, da própria construção de edificações e da cimentação dos quintais e jardins das casas. Forma-se, assim, uma espécie de capa sobre o solo, impedindo que a água seja absorvida.
  Nas áreas urbanas, como a água não é adequadamente absorvida pelo solo e a rede de drenagem pluvial é muitas vezes insuficiente ou está obstruída, ocorre que, em dias de chuva intensa ou prolongada, as águas correm pelo solo impermeabilizado, e a enxurrada vai descendo desde as partes mais altas até encontrar terrenos permeáveis - o que pode acontecer nas várzeas dos rios.
  Se as várzeas também estiverem impermeabilizadas, as águas acabam chegando à calha dos rios. Se as águas chegam aos rios em volume superior ao da sua capacidade natural de escoamento, o nível das águas fluviais aumenta, podendo ocorrer um extravasamento, com alagamento das várzeas impermeabilizadas e, gradativamente, a inundação de áreas próximas.
  A substituição do asfalto, que é impermeabilizante e facilita a ocorrência de enchentes e responsável pelo aumento da temperatura ambiente, por ruas pavimentadas com blocos permeáveis, que permitem a infiltração da água das chuvas, minimizando os efeitos dos alagamentos, é uma das alternativas desenvolvidas pelas cidades sustentáveis.
A impermeabilização do solo nas grandes cidades é o principal responsável por provocar enchentes
EXEMPLOS DE CIDADES SUSTENTÁVEIS NO BRASIL E NO MUNDO
ALEMANHA
  Ao oferecer incentivos financeiros a produtores de energia renovável, a Alemanha tem estimulado o setor e, simultaneamente, reduzido as emissões de CO². As principais cidades sustentáveis do país são:
1. Freiburg
  Freiburg é considerada a cidade mais sustentável do mundo. Embora tenha surgido no século XII, no sudoeste da Alemanha, essa cidade pode ser considerada a metrópole do futuro, ou pelo menos figura entre as áreas urbanas mais desenvolvidas em termos de sustentabilidade. Utiliza energia solar para atender a demanda da população e expande rotas de ônibus elétricos e ciclovias por suas ruas e avenidas.
  Grande parte dos imóveis dos 220 mil habitantes são adeptos do conceito de "casa passiva", no qual a construção possui isolamento térmico, algo que mantém a temperatura constante, e janelas amplas com três lâminas de vidro e sacadas projetadas para iluminar os ambientes sem prejudicá-los por raios de Sol em demasia. Edificações deste tipo são 10% mais caras em relação a obras comuns, porém, consomem apenas 10% do que gastariam as regulares.
Freiburg - Alemanha
2. Heidelberg
  A cidade introduziu de forma contínua o Orçamento Ambiental - um sistema de gestão de uso de recursos naturais que complementa o orçamento financeiro e a gestão de recursos humanos. Ele aplica processos orçamentários periódicos, mecanismos e rotinas para gerir recursos naturais, de forma que os gestores municipais dediquem a mesma atenção e preocupação para esses recursos e para a qualidade ambiental. A cidade também desenvolveu um sistema integrado de gestão energética para prédios públicos.
Heidelberg - Alemanha
3. Stuttgart
  Planejada respeitando e protegendo a natureza, Stuttgart explorou padrões de vento natural e a influência da vegetação. Mais de 60% da cidade é dotada de cobertura vegetal. A aplicação correta de"infraestrutura verde" foi usada para combater o efeito de ilhas de calor urbanas, o que beneficiou o meio ambiente, aumentando a biodiversidade e a qualidade do ar.
Stuttgart - Alemanha
4. Hamburgo
  Foi nomeada como Capital Verde da Europa em 2011. A cidade tem uma estratégia de planejamento integrado e participativo e um forte compromisso para uma visão sustentável. Hamburgo possui mais de 300 empresas de energia renovável, incluindo energia solar, eólica, hidrelétrica, geotermal e proveniente de biomassa. Promovendo esse tipo de energia, não somente protege o meio ambiente e seus recursos, como também cria novos empregos.
Hamburgo - Alemanha
5. Munique
  Theresienhöhe é um antigo local em Munique, que foi transformado em um bairro denso e verde. A área tem um excelente acesso ao transporte público. Theresienhöhe é cerca de um terço do tamanho do centro histórico de Munique. A estratégia para Theresienhöhe foi implementar orientações da prefeitura do "Pacto de Desenvolvimento Urbano Verde", buscando uma proposta economicamente sustentável, que gerasse receita para construir o novo bairro.
Bairro de Theresienhöhe, em Munique - Alemanha
AUSTRÁLIA
  Por meio de experiências de aprendizagem da vida real, no país são trabalhadas a melhora na gestão dos recursos e das instalações das escolas (energia, resíduos, água, biodiversidade, paisagismo, produtos e materiais) e temas relacionados às questões sociais e financeiras. A Austrália foi o primeiro país a banir as lâmpadas incandescentes, substituindo-as por modelos mais energicamente eficientes. As principais cidades sustentáveis do país são:
1. Melbourne
  A cidade estabeleceu a ambiciosa meta de "Emissões Zero em 2020", com o objetivo de agir localmente para que a mudança climática global seja estabilizada. O Council House 2 - CH2 (novo prédio da prefeitura da cidade), foi desenhado para se tornar o prédio com melhor design sustentável da Austrália. A arquitetura visa economizar água e energia, além de melhorar o bem-estar dos seus ocupantes. O edifício se adapta a quatro situações diferentes: dia e noite e inverno e verão.
Council House 2 - CH2 (em marrom) em Melbourne - Austrália
2. Sidney
  Em Sidney, as emissões de gases estufa diminuíram 18% com a reforma de suas instalações públicas por causa da troca das lâmpadas incandescentes. Além disso, na cidade foi colocada em prática um projeto de uma rede regional de bicicletas que deve unir 164 bairros. Com essas medidas, o uso da magrela triplicou nas áreas em que a rede foi instalada. Foi em Sidney também surgiu a Hora do Planeta, em que toda a cidade desligou as luzes por 1 hora para chamar atenção para o problema do aquecimento global.
Sidney - Austrália
BRASIL
  No Brasil, não temos ainda nenhum modelo de cidade 100% sustentável, porém, muitas delas vêm adotando medidas e ações voltadas para a sustentabilidade. As principais cidades brasileiras que vem adotando modelos de sustentabilidade são:
1. Porto Alegre (RS)
  Há 22 anos, a Prefeitura de Porto Alegre implementou um sistema de co-gestão com a participação da comunidade, para a estruturação do orçamento da cidade. O Orçamento Participativo é um processo dinâmico de planejamento do orçamento que se ajusta periodicamente às necessidades locais, buscando sempre um formato facilitador do debate entre o governo municipal e a população.
Porto Alegre - RS
2. São Carlos (SP)
  Com 37 Conselhos Municipais, Orçamento Participativo e Conferências Municipais, a cidade de São Carlos promove a participação social nas diferentes áreas das políticas públicas.
São Carlos - SP
3. Paragominas (PA)
  Há três anos, o município era considerado sinônimo de desmatamento, mas com o projeto Município Verde, a situação mudou em Paragominas, virando exemplo de sustentabilidade. Hoje, o município conta com 66,45% de todo o seu território coberto por floresta nativa, consideradas como áreas de proteção ambiental.
Paragominas - PA
4. Rio Branco (AC)
  A capital do Acre possui a maior rede cicloviária per capita do país, com cerca de 160 quilômetros de vias cicláveis projetadas e mais de 100 quilômetros de vias (ciclovias e ciclofaixas) já em funcionamento para uma população de mais de 360 mil habitantes, onde a bicicleta é o principal meio de transporte do município.
Rio Branco - AC
5. Curitiba (PR)
  No Brasil, Curitiba é considera a capital brasileira de sustentabilidade, por apresentar projetos inovadores em gestão pública, destacando-se a sua gestão ambiental, que desde as primeiras ações, mostrou-se preocupada com a preservação do meio ambiente. Ao instituir o Sistema Municipal de Gestão Sustentável, a cidade demonstrou a sua vontade política em desenvolver ações voltadas à sustentabilidade ambiental, entre elas, quando decidiu regulamentar e implantar as compras públicas sustentáveis e, desta forma, integrar os aspectos ambientais, sociais e econômicos em todos os estágios do processo de compra.
  Curitiba é, também, a terceira cidade com menor índice de emissão de dióxido de carbono per capita do mundo, perdendo apenas para Copenhague, na Dinamarca, e Vancouver, no Canadá. Possui ainda um bom programa de conservação da biodiversidade e de reflorestamento de espécies nativas, e tem uma área verde de 51 metros quadrados por habitante.
Curitiba - PR
6. Sorocaba (SP)
  A cidade possui a segunda maior malha cicloviária do país, atrás apenas do Rio de Janeiro, contando ainda com um sistema gratuito de bicicletas públicas. Em 2008 foi uma das oito cidades escolhidas pela ONU para participar do Projeto Urban LEDS (Promovendo Estratégias de Desenvolvimento Urbano de Baixo Carbono em Países Emergentes). A cidade conquistou quatro vezes seguidas o Selo Verde e Azul pelo desempenho em dez diretrizes: Esgoto Tratado, Resíduos Sólidos, Arborização Urbana, Educação Ambiental, Cidade Sustentável, Uso da Água, Estrutura Ambiental e Conselho Ambiental.
Sorocaba - SP
7. João Pessoa (PB)
  João Pessoa é uma das capitais de melhor qualidade de vida do Nordeste, possuindo diversos locais que auxiliam a população da cidade a obter uma vida melhor e de qualidade. Suas praças contam com equipamentos de ginástica, além de ciclovias espalhadas pela cidade. Durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Eco-92), a cidade recebeu o título de "Segunda Capital mais Verde do Mundo", baseado na relação entre número de habitantes e área verde, ficando atrás apenas de Paris, capital da França.
João Pessoa - PB
CANADÁ
  Vancouver é a principal cidade sustentável do Canadá. A cidade que em 2010 foi sede das Olimpíadas de Inverno, adotou a sustentabilidade como lema e levou a ideia a sério: as medalhas entregues aos atletas foram feitas de restos de metal jogados fora.
  O Plano Estratégico da Região Habitável (LRSP) é uma estratégia para organizar o crescimento da Grande Vancouver. Este documento tornou-se um marco para a tomada de decisões sobre o uso do solo e da rede de transportes em escala regional por parte dos 21 municípios que formam a região, criado para controlar o crescimento demográfico de forma a proteger e melhorar a qualidade e a conservação do entorno, além de proporcionar comunidades habitáveis e integradas.
  Vancouver é a cidade da América do Norte com a menor pegada de carbono. Mais de 200 parques esverdeiam a sua área urbana e pelo menos 90% da sua energia já provém de fontes renováveis. Em 2005, o governo colocou em prática uma estratégia para que todos os edifícios construídos na cidade oferecessem uma melhor performance ambiental. Desde então, disponibiliza para a população todas as informações necessárias sobre como diminuir o impacto de suas residências e oferece incentivos para que seus habitantes façam uso de energia solar. Até 2020, a cidade pretende neutralizar toda a emissão de gases estufa proveniente dos seus edifícios, que hoje são responsáveis por 55% das emissões de Vancouver.
Vancouver - Canadá
CHINA
  O governo chinês está erguendo um projeto que promete mudar o cenário local. Trata-se da cidade de Dongtan, que está sendo construída com o objetivo de ser a primeira cidade ecológica do mundo.
  O projeto surgiu como iniciativa do governo chinês, dono de 56% da segunda maior construtora do país, a Shangai Industrial Investment Corporation (SIIC). Em construção, na ilha de Chongming, à 25 quilômetros de Xangai, Dongtan é o projeto de uma cidade auto-sustentável em seu consumo de energia e água, além de não emitir nenhum tipo de gases causadores do efeito estufa. Até 2020, a população da cidade será de 80 mil habitantes.
  A cidade está sendo projetada como uma vila, onde as casas serão planejadas para tirar o melhor proveito possível das condições naturais do clima, diminuindo o uso de sistemas de aquecimento ou resfriamento, que consomem muita energia, e os prédios terão no máximo seis andares, dispensando o uso de elevadores.
  Os veículos tradicionais serão banidos, por possuírem altos índices de emissão de gases poluentes, priorizando o uso de bicicletas e lambretas movidos à bateria ou carros movidos à base de hidrogênio. A cidade será auto-suficiente em energia e água. Só serão admitidas fontes alternativas e renováveis, como a força dos ventos, além do gás e da biomassa, sobretudo a partir de casca de arroz. O sistema de água será duplo, com encanamentos de água potável e não potável, o segundo usado para descargas e irrigação. Cerca de 80% do lixo produzido será reciclado e até os dejetos serão processados e reutilizados como adubo.
Dongtan - China - a cidade do futuro
COLÔMBIA
  A Colômbia possui duas cidades que adotam modelos de sustentabilidade, que são:
1. Medellin
  Por meio da aplicação de um modelo alternativo de reordenamento, reajustes no uso do solo e recuperação ambiental, a gestão do projeto "Viviendas con Corazón" teve como meta promover a sustentabilidade e melhorar as condições de vida das famílias da cidade de Medellin.
Medellin - Colômbia
2. Bogotá
  Bogotá, pela viabilização do transporte sustentável, se tornou uma cidade mais segura e saudável, com maior integração social e econômica. Esse modelo de transporte é o TransMilenio, um sistema rápido e acessível de ônibus. Graças à grande rede de bibliotecas públicas existentes na capital colombiana, a cidade foi reconhecida como a Capital Mundial do Livro e a Capital Iberoamericana da Cultura em 2007.
Bogotá - Colômbia
COREIA DO SUL
  A cidade de Seul optou pela recuperação do rio Cheonggyecheon e a renovação urbana. O foco do projeto foi criar um lugar revitalizado, onde pessoas pudessem desfrutar do tempo livre, o qual reincorporou o rio à cidade. A capital sul-coreana lançou o projeto "Smart Seoul 2015" (Seul Inteligente 2015), o qual prevê que a conectividade deverá ser gratuita e para todos até o final desse ano. A prefeitura está instalando pontos de acesso wi-fi gratuito em todos os espaços públicos da cidade. Seul é considerada líder mundial em uma pesquisa sobre "governos eletrônicos".
Rio Cheonggyecheon, em Seul - Coreia do Sul
DINAMARCA
  O país é um exemplo de como promover a sustentabilidade. As principais cidades sustentáveis são:
1. Thisted
  Thisted é uma cidade 100% autossuficiente em energia renovável. A substituição do abastecimento da cidade foi iniciada na década de 1980, com investimento em energia eólica, geotérmica, solar, entre outras.
Thisted - Dinamarca
2. Copenhague
  A cidade é uma das principais ecocidades do mundo, e uma das que mais utiliza bicicletas por habitante, sendo que este meio de transporte é utilizado por cerca de 87% das viagens feitas pelos residentes da cidade. Em 2000, a cidade fez parte de um grande projeto de fazenda eólica em alto mar chamado Middelgrunden, que se estende por dois quilômetros ao longo da costa.
  Em 2014, Copenhague ficou entre as cidades Mais Habitáveis do Mundo e faturou o título de Melhor Cidade para Ciclistas. Cerca de 40% de sua população pedala diariamente para se deslocar pela área urbana e foi lá que surgiu pela primeira vez o empréstimo público de bicicletas.
Copenhague - Dinamarca
EMIRADOS ÁRABES UNIDOS
  Localizada no emirado de Abu Dhabi, Masdar City é uma cidade planejada que está sendo construída nos Emirados Árabes Unidos e que será a primeira cidade do mundo com emissão zero de carbono, incorporando a sustentabilidade em todos os processos da sua concepção e planejamento. Sua conclusão está prevista para 2018.
  A cidade sediará uma universidade, a Masdar Institute of Science and Technology e várias empresas. A cidade possuirá uma torre eólica de 45 metros, que informa aos cidadãos a quantidade de energia consumida na cidade, além de gerar eletricidade a partir dos ventos fortes característicos da região. Painéis solares estrategicamente localizados serão responsáveis pela produção de grande parte da energia consumida. O gás natural será utilizado como forma de garantir o isolamento térmico de alguns dos edifícios da cidade. Existe também a construção de uma usina de dessalinização da água movida a partir de energia solar.
Masdar City - Emirados Árabes Unidos
EQUADOR
  No Equador, existe dois locais de sustentabilidade, que são:
1. Ilhas Galápagos
  Em março de 2010, para resolver o problema de resíduos decorrente dos níveis insustentáveis de consumo nas Ilhas Galápagos, pelo contínuo crescimento urbano da ilha, tanto pelo turismo quanto pela população nativa, foi criado o Plano de Manejo de Resíduos das Ilhas Galápagos.
Ilhas Galápagos - Equador
2. Baía de Caraquez
  A Baía de Caraquez é um verdadeiro paraíso para os ecoturistas. Nos anos 1990, o local foi devastado ao ser atingido por um terremoto. Então, o governo equatoriano e algumas ONGs decidiram reconstruí-la como uma cidade sustentável. Eles desenvolveram programas para conservar a biodiversidade local e controlar a erosão, implantaram esquemas de incentivo à agricultura orgânica e de reutilização dos resíduos privados e dos mercados públicos na compostagem. Nesse local surgiu a primeira fazenda orgânica certificada de camarões.
Baía de Caraquez - Equador
ESTADOS UNIDOS
  Apesar de ser o maior responsável pela emissão de CO² na atmosfera, o país vem se comprometendo, mesmo de forma tímida, a reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa. O modelo das cidades estadunidenses normalmente traz avenidas largas, com amplo espaço para os carros. Os Estados Unidos possuem várias cidades que desenvolvem modelos de sustentabilidade, sendo que as principais são:
1. São Francisco
  Com a iniciativa "Zero Waste" (Resíduos Zero), 78% dos resíduos produzidos na cidade deixaram de ser encaminhados para o aterro sanitário, para serem reintroduzidos em diversos processos produtivos. São Francisco foi a primeira cidade americana a banir o uso de sacolinhas plásticas e brinquedos infantis fabricados com produtos químicos questionáveis. É também uma das cidades líderes na construção de prédios verdes. Quase metade dos seus habitantes utilizam o transporte público ou a bicicleta para se locomover todos os dias e mais de 17% da população faz bom proveito dos parques e das áreas verdes da cidade.
São Francisco - Estados Unidos
2. Portland
  A cidade de Portland incorpora as características naturais do território na infraestrutura existente na cidade, buscando reduzir os riscos em épocas de chuva e promover a filtragem da água de forma natural, com diferentes tipologias de intervenções. A cidade também investe pesado em ciclovias e ferrovias. Além de se comprometer em reduzir a emissão de gases poluentes, passou também a utilizar apenas materiais sustentáveis em suas construções. Portland foi a primeira cidade norte-americana a aprovar um plano para reduzir as emissões de dióxido de carbono e tem promovido sistematicamente a construção de prédios verdes.
Portland - Estados Unidos
3. Seattle
  A cidade de Seattle tem uma das maiores concentrações de edifícios verdes dos Estados Unidos, além de uma poderosa indústria de construção sustentável.
Seattle - Estados Unidos
NOVA ZELÂNDIA
  Em 2002, a estratégia de resíduos da Nova Zelândia torna-se a principal política dos governos central e locais para minimizar o desperdício e desenvolver melhor o manejo. A estratégia adotada no país contém 30 metas para reduzir o volume de materiais descartados e melhorar a gestão e a eficiência na utilização dos recursos.
Wellington - Nova Zelândia
PORTUGAL
  A capital portuguesa elaborou o Mapa de Ruído da Cidade de Lisboa, lançado em 2000, o qual representou os níveis de ruído de acordo com indicadores estabelecidos pelas legislação nacional.
Lisboa - Portugal
QUÊNIA
  Kibera, uma favela de Nairóbi, capital do Quênia, encontrou uma solução para seus problemas referentes à coleta, gestão e desperdício de resíduos, através da criação de um novo tipo de espaço público, os "parques produtivos".
Favela de Kibera em Nairóbi - Quênia
REINO UNIDO
  A "Terra da Rainha" possui algumas cidades que adotam modelo de sustentabilidade, destacando-se:
1. Totnes
  Na cidade nasceu o movimento das Cidades em Transição (Transition Towns), que foi criado com o objetivo de transformar as cidades em modelos sustentáveis, menos dependentes do petróleo, mais integrados à natureza e mais resistentes a crises externas, tanto econômicas quanto ecológicas.
Totnes - Reino Unido
2. Sutton
  BedZED é uma ecovila com cem casas localizada em Sutton, uma cidade no sul de Londres, que usa técnicas de eficiência energética para criar uma "comunidade com emissão zero de carbono", sendo a maior comunidade sustentável do país.
BedZED - a maior comunidade sustentável do Reino Unido
3. Woking
  Tecnologias que geram energia em pequena escala, são distribuídas perto de onde a eletricidade é consumida e fornecem uma alternativa ao sistema de energia elétrica tradicional. Uma combinação de instalações de energias renováveis, juntamente com medidas de eficiência energética, tem conseguido reduzir as emissões de CO² decorrentes do consumo de energia.
Woking - Reino Unido
3. Bristol
  A cidade desenvolveu um programa de monitoramento em tempo real da qualidade do ar integrado com o Plano de Mobilidade Sustentável.
Bristol - Reino Unido
SUÉCIA
  País com uma das melhores qualidades de vida do planeta, as principais cidades suecas que adotam modelo de sustentabilidade são:
1. Linköping
  Os resíduos provenientes de cantinas e restaurantes são utilizados para produzir biogás. Isso resultou em menor volume de resíduos, com maior uso de combustível não fóssil no transporte público da cidade e em mais disponibilidade de biofertilizantes para a agricultura.
Linköping - Suécia
2. Växjö
  Em 1996, Växjö decidiu não depender mais de combustíveis fósseis. O município fez parcerias com empresas locais, indústrias e companhias de transporte para atingir esse objetivo. Criaram o compromisso político para eliminar o uso de combustíveis fósseis e reduzir as emissões de CO².
Växjö - Suécia
3. Estocolmo
  Estocolmo foi nomeada a primeira Capital Verde Europeia, em 2010. A cidade foi escolhida por possuir um sistema administrativo integrado que garante a consideração de aspectos ambientais em orçamentos, planejamentos operacionais, relatórios e monitoramentos, além de reduzir as emissões de CO² em 25%, entre 1990 e 2005, e ter o objetivo de zerar o uso de combustíveis fósseis até 2050. O programa Veículos Limpos em Estocolmo, que teve início em 1996, teve como objetivo transformar todos os veículos da cidade em não poluentes.
Estocolmo - Suécia
4. Malmö
  Malmö não é famosa apenas pelos inúmeros jardins e parques que se espalham pela cidade. O desenvolvimento urbano sustentável também é uma característica marcante da cidade. Quase não há congestionamentos: são 425 km de ciclovias. Pioneira na utilização de energia renovável, Malmö também é apontada como a primeira cidade de Troca Justa da Suécia. Ali, o governo tem estimulado o consumo de mercadorias locais produzidas eticamente, promovendo a conscientização dos seus habitantes sobre a importância de se estabelecer um mercado justo e sustentável. A cidade recicla mais de 70% do lixo coletado e os resíduos orgânicos são reaproveitados para a fabricação de biocombustíveis que, juntamente com a energia hidrelétrica, solar e eólica, alimenta o Western Harbor, uma comunidade 100% dependente de energia limpa.
Malmö - Suécia
ISLÂNDIA
  Reikjavik, capital da Islândia, é considerada a cidade mais sustentável do mundo. A energia é produzida por hidrelétricas e usinas geotermais. O sistema de transporte coletivo opera com "ônibus verde", que utilizam hidrogênio como combustível. O ar é considerado um dos mais puros do mundo. Há mais de 50 anos, a Islândia tem se empenhado em diminuir sua dependência de combustíveis fósseis, aproveitando seu potencial natural para a geração de eletricidade. Para testar a viabilidade de se estocar carbono, Reikjavik está criando emendas de calcário no subsolo, onde o dióxido de carbono ficará permanentemente aprisionado no solo, o que deve permitir que usinas geotérmicas se livrem dos dióxidos de carbono que elas trazem das profundezas e se tornem efetivamente neutras.
Reikjavik - Islândia
FONTE: Silva, Ângela Corrêa da. Geografia: contexto e redes / Ângela Corrêa da Silva, Nelson Bacic Olic, Ruy Lozano. - 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2013. 


sábado, 23 de maio de 2015

SÃO GONÇALO DO AMARANTE: UM DOS MUNICÍPIOS QUE MAIS CRESCE NO RIO GRANDE DO NORTE

  O município de São Gonçalo do Amarante é, atualmente, um dos municípios que mais crescem no Rio Grande do Norte. O município foi palco de um dos eventos mais significativos de toda a história do Estado, o Massacre de Uruaçu, ocorrido em 1645, quando os holandeses mataram cerca de 80 pessoas. O município conta também com uma rica tradição cultural, possuindo vários lugares históricos e monumentos.
  São Gonçalo do Amarante abriga também o Aeroporto Internacional Governador Aluísio Alves, inaugurado em 2014 e projetado para ser um dos maiores do mundo.
  A área do município é de 249,124 km², com uma população estimada em 2014, segundo dados do IBGE, de 96.759 habitantes, com uma densidade demográfica de 388,39 hab./km².
Em vermelho o mapa de São Gonçalo do Amarante - RN
HISTÓRIA
  Antes da sua ocupação pelos portugueses, a área que atualmente compreende o município de São Gonçalo do Amarante era habitado pelos índios potiguaras. A primeira penetração de brancos no território do atual município se deu provavelmente no início do século XVII, quando membros da família Estevão Machado de Miranda requereram uma sesmaria e fundaram o Engenho Potengi, onde foram sacrificados pelos holandeses em 1645, em Uruaçu. Após o massacre, apenas em 1689 teriam ocorrido as expedições que deram origem ao repovoamento do local, vindos de Pernambuco, após a expulsão dos invasores.
  O Engenho Potengi teve uma importância histórica e econômica expressiva, tanto para a Capitania do Rio Grande, como para São Gonçalo do Amarante. Suas últimas proprietárias foram Fenomila e Esmeraldina Machado, descendentes de Estevão Machado de Miranda.
Local onde ficava o antigo Engenho Potengi, em São Gonçalo do Amarante - RN
  Por volta de 1710, os primeiros exploradores a se fixarem no município foram os portugueses Paschoal Gomes de Lima e Ambrósio Miguel de Serinhaém, que vieram de Pernambuco e construíram duas casas e a capela onde hoje se encontra a Igreja Matriz, próximo ao antigo Engenho Potengi. No altar da capela foi colocada uma imagem de São Gonçalo do Amarante, feita de pedra, dando origem ao topônimo do município.
  Em 1757, esteve em visita ao Rio Grande do Norte o ouvidor Domingos Monteiro da Rocha. Naquela época, a freguesia de Natal contava apenas com três povoações: Ceará-Mirim, São Gonçalo e Papari (atual Nísia Floresta).
  Em 11 de abril de 1833, durante o governo de Manoel Lobo de Miranda Henrique, que possuía laços de parentesco com famílias de São Gonçalo, foi criado o município de São Gonçalo do Amarante. Em 1856, durante o governo de Antônio Bernardes de Passos, São Gonçalo foi atingido por uma epidemia de cólera que matou 171 pessoas, deixando a vila completamente decadente e devastada. Em 1868, por meio de uma lei provincial nº 604, de 11 de março do mesmo ano e sancionada pelo governador Gustavo Augusto de Sá, o município perdeu sua autonomia, sendo anexado ao município de Natal, capital da província do Rio Grande do Norte. Em 1874, por meio da lei nº 689, de 3 de agosto, a vila foi desmembrada e novamente elevada à condição de município, com a mesma denominação e os mesmos limites.
Rio Potengi, em São Gonçalo do Amarante - RN
  Em 1879, São Gonçalo perdeu novamente o status de município e voltou a ser vila, quando passou a pertencer a Macaíba, antes denominada Cuité. Em 1890, alguns meses após a Proclamação da República, o vice-presidente do Estado do Rio Grande do Norte, José Inácio Fernandes Barros, elevou a vila de São Gonçalo do Amarante novamente à condição de município.
  Com o decreto-lei estadual nº 268 de 1943, São Gonçalo do Amarante mais uma vez perdeu sua autonomia política, voltando de novo a ser distrito de Macaíba, com o nome de Felipe Camarão, perdendo, também, parte de suas terras para São Paulo do Potengi. Através da sanção da lei estadual nº 2.324, de 11 de dezembro de 1958, o distrito obteve definitivamente sua emancipação política, com o seu nome alterado, de Felipe Camarão para seu nome atual, São Gonçalo do Amarante, promulgado pelo vice-governador Dr. José Augusto Varela.
São Gonçalo do Amarante, Portugal: município topônimo de São Gonçalo do Amarante - RN
GEOGRAFIA
  O município de São Gonçalo do Amarante está localizado na mesorregião Leste Potiguar, fazendo parte da microrregião de Macaíba e da Região Metropolitana de Natal, numa área conurbada com a capital potiguar, compreendendo também à área turística denominada Polo Costa das Dunas. Está localizado à margem esquerda do rio Potengi, fazendo limites com  Natal a leste, Macaíba a sul, Ceará-Mirim e Extremoz a norte e Ielmo Marinho a oeste.
Mapa do Rio Grande do Norte, com destaque para São Gonçalo do Amarante
  O clima predominante em São Gonçalo do Amarante é o tropical chuvoso, com temperatura média em torno dos 27°C, com chuvas concentradas nos meses de abril, maio, junho e julho. A precipitação média anual é de 1.250 milímetros, com a umidade relativa do ar média em torno de 76% e insolação chegando a 2.700 horas anuais.
  São Gonçalo do Amarante está a uma altitude de 10 metros acima do nível do mar, onde no município predomina um relevo de planícies fluviais, formadas por terrenos planos e baixos compostos por argila, de cor amarela/avermelhada. Próximo às várzeas do rio Potengi ocorre a presença de sedimentos costeiros e terraços de tabuleiros do Grupo Barreiras. O solo predominante é o aluvial, ocorrendo também os solos de mangue.
  O rio Potengi corta grande parte do município de São Gonçalo do Amarante, com sua bacia hidrográfica compreendendo cerca de 82,65% da área. Os 17,35% restantes compreende a bacia do rio Doce. Os principais afluentes do rio Potengi em São Gonçalo do Amarante são os rios Jundiaí, Camaragibe, do Prata, Guajiru e o córrego dos Guajirus.
  As principais lagoas do município são Bela Vista,, Onça, Santo Antônio, Serrinha e Tapará.
  Originalmente, São Gonçalo do Amarante era coberta, em sua grande parte, pela Floresta Litorânea ou Mata Atlântica, pela vegetação de mangues, nas várzeas do rio Potengi, e pela Floresta Subcaducifólia. Grande parte da vegetação original do município já foi quase toda devastada.
Rio Potengi, em São Gonçalo do Amarante - RN
ECONOMIA
  A economia de São Gonçalo do Amarante é baseada, em sua maior parte, pelo setor terciário. No setor primário destaca-se a agricultura de subsistência, com o cultivo voltado para a produção de frutas e legumes. Na pecuária, destacam-se a criação de bovinos (voltados à produção de leite), de caprinos e de ovinos. Na pesca destaca-se a criação de crustáceos e moluscos, principalmente camarão, marisco, ostra e sururu. A carcinicultura é desenvolvida ao longo do rio Potengi, principalmente em áreas de mangues.
A carcinicultura é uma importante fonte de renda em São Gonçalo do Amarante
  O setor secundário é responsável pela segunda maior parcela do PIB (Produto Interno Bruto) de São Gonçalo do Amarante. A indústria mais abundante é a cerâmica vermelha, principalmente a produção de tijolos. Na comunidade de Serrinha, a extração mineral de pedreiras, usadas na pavimentação de ruas e avenidas e na construção civil, é uma das principais fontes de renda da comunidade. Na divisa entre os municípios de Natal, São Gonçalo do Amarante e Extremoz, encontra-se o Distrito Industrial de Natal, onde no município são-gonçalense existe quase 20 indústrias instaladas, com diversos ramos de atividades.
Cerâmica em São Gonçalo do Amarante - RN
  O setor terciário é responsável por quase metade da economia do município. O comércio realizado em São Gonçalo do Amarante se destaca na venda de produtos alimentícios, em estabelecimentos comerciais, como bares, lanchonetes, mercados, mercearias, supermercados e uma variedade de pequenas lojas espalhadas pelo município. O ponto de maior destaque comercial da área do município é a avenida Tomaz Landim. O artesanato e o turismo são outras importantes atividades econômicas desenvolvidas em São Gonçalo do Amarante.
Av. Tomaz Landim - a avenida mais movimentada do município de São Gonçalo do Amarante - RN
  O artesanato em São Gonçalo do Amarante tem se destacado a nível regional e nacional, tanto em argila, como em cipó, fibra, sisal, corda, etc. No município o que mais se destacou, ao longo do tempo, foi o artesanato em argila, principalmente no distrito de Santo Antônio do Potengi, justificado pela existência de matéria-prima em abundância e também pela facilidade em adquiri-la tão próxima à localidade.
Mercado Municipal do Artesanato, em Santo Antônio do Potengi, São Gonçalo do Amarante - RN
  Na culinária de São Gonçalo do Amarante, são pratos típicos tradicionais o camarão, a galinha caipira e vários tipos de crustáceos. Na zona rural do município está localizada a comunidade-referência na gastronomia da Região Metropolitana de Natal: a comunidade Pajuçara, que é pouco populosa, mas dispõe de vários estabelecimentos onde o camarão é o prato típico mais consumido. A partir deles, diversos pratos derivados são preparados, como o camarão gratinado e o pirão de camarão, combinado ainda com outras comidas. Além do camarão, também se destaca a produção de doces e licores com sabor de frutas tropicais, na comunidade de Rio da Prata.
A comunidade de Pajuçara, em São Gonçalo do Amarante, se destaca na culinária da Região Metropolitana de Natal, principalmente de pratos derivados do camarão
  O turismo é uma das atividades que mais tem crescido em São Gonçalo do Amarante nas últimas décadas. O município dispõe de várias atrações turísticas, que vão desde monumentos antigos até festivais existentes na sede e nas comunidades são gonçalense.
COMUNIDADES HISTÓRICAS DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE
Barreiros
  O povoado de Barreiros é um dos mais antigos de São Gonçalo do Amarante, e está localizado próximo ao estuário do rio Potengi, onde é realizado a prática da pesca. Barreiros teve uma importância muito grande para o povoamento de São Gonçalo do Amarante pois, na época de sua colonização, abrigava um porto fluvial que dava acesso a Natal.
Entrada para a comunidade Barreiros
Utinga
  O antigo engenho de Utinga já funcionava em 1638. Naquele remoto ano, o espião Ariano Verdonk, a serviço do governo holandês, fazia referências ao engenho Cunhaú e a outros dois engenhos existentes na jurisdição do Rio Grande, os quais fabricavam pouco açúcar: Potengi e Utinga. Nesse mesmo ano, segundo o historiador potiguar Olavo de Medeiros Filho, um mapa holandês redesenhado por J. Ving-Boons, como também outro mapa de 1643, de Jorge Marcgrave relativo à Capitania do Rio Grande, apresentava o topônimo Itinga (em tupi-guarani, Água Branca), informando existir ali um engenho e uma capela. É possível que a atual capela tenha sido construída no mesmo local da anterior, já existente na época do domínio holandês.
  A atual capela foi erguida por volta de 1730, segundo documentos oficiais, e é dedicada à Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. No frontispício da capela aparece o ano de 1787 e representa, provavelmente, a época em que o templo sofreu alguma reforma. A capela de Utinga e duas residências próximas apresentam características arquitetônicas do século XVII, o que comprova o período em que ambas foram construídas.
  A capela serviu como rota para a ocupação holandesa no século XVII e desde 1989 é tombada pela Fundação José Augusto. Provavelmente, a estrada mais antiga do Estado, que ligava Baía da Traição, na Paraíba, até Natal, passava pela capela de Utinga. Atualmente, nesta antiga estrada, localiza-se uma porção significativa da atual BR-101, RN-160 e SGA-286.
Capela de Utinga, em São Gonçalo do Amarante - RN
Regomoleiro
  O povoado de Rego Moleiro (ou Regomoleiro, como é mais conhecido) foi palco de dois fatos marcantes ocorridos na história de São Gonçalo do Amarante: o primeiro deles foi a morte de um dos defensores dos interesses holandeses na região, Jacob Rabbi; o outro é a participação da primeira mulher presidente da Câmara de Vereadores do município, Maria do Carmo Brito.
  Seu nome original era Rodrigo Moleiro, nome do proprietário de um antigo moinho de cereais. Em 1910, sugeriu-se a mudança do povoado para Alberto Maranhão, por sua sugestão da intendência municipal, contudo, tal mudança não chegou a acontecer.
  No povoado situa-se a capela de Rego Moleiro, uma das edificações mais antigas de São Gonçalo do Amarante, cuja data de construção é desconhecida. Sua característica arquitetônica denuncia tratar-se de uma edificação muito antiga. Sabe-se apenas que o povoado surgiu por volta de 1706.
Comunidade de Rego Moleiro, em São Gonçalo do Amarante
Santo Antônio dos Barreiros
  O povoado de Santo Antônio dos Barreiros (também chamado de Santo Antônio do Potengi) foi criado em 1885 como vila, e surgiu a partir do interesse de uma família latifundiária que habitava suas terras. Surgiu próximo à vila dos Barreiros, daí o seu nome. Na década de 1970 foi elevado à categoria de distrito, com o nome de Santo Antônio do Potengi, que vem passando por um processo de urbanização e é o segundo distrito mais importante de São Gonçalo do Amarante, depois do distrito-sede. Guarda importantes marcos da história do município, como o antigo casarão da família Matoso e o engenho São Francisco.
Centro de Santo Antônio do Potengi - São Gonçalo do Amarante - RN
  A capela de Santo Antônio do Potengi data do século XVIII, encontrando-se num local bem elevado, de onde se descortina a comunidade, a vista panorâmica do rio Potengi e algumas cerâmicas. Não se sabe a data exata da construção da capela, sabe-se apenas que em 1727 ela já existia.
  O historiador Olavo de Medeiros Filho, ao pesquisar os livros remanescentes de registros, batizados, casamentos e óbitos da freguesia de Nossa Senhora da Apresentação do Rio Grande do Norte, deparou-se com referências à capela de Santo Antônio do Potengi desde 1727, período durante o qual conservou-se a antiga documentação. Apresenta também uma data no seu frontispício 1885, provavelmente indicativo de uma restauração procedida na capela.
Igreja de Santo Antônio, em Santo Antônio do Potengi - São Gonçalo do Amarante - RN
Igreja Nova
  Igreja Nova surgiu em 1867, na condição de vila e seu fundador chamava-se João Félix de Lima. Passou a distrito na década de 1970. Enquanto distrito não teve o mesmo crescimento de Santo Antônio, mas tem se destacado no panorama político do município, onde existem duas famílias influentes na política: Protásio e Fernandes de Oliveira.
  No ano da fundação da Vila de Igreja Nova (1867) foi erguida uma capela em homenagem a Nossa Senhora da Conceição, que passou a ser padroeira da localidade, e recebeu o nome de Igreja Nova, nome vinculado ao templo ali erguido. A capela de Igreja Nova é um monumento de relevante interesse arquitetônico.
Capela Nossa Senhora da Conceição, em Igreja Nova - São Gonçalo do Amarante - RN
Poço Limpo (atual Ielmo Marinho)
  Surgiu em 1875, pertenceu ao município de São Gonçalo do Amarante até 1943. Foi neste povoado onde ocorreu sérios atritos, como a lei do sistema métrico decimal, chamado de "briga do quebra-quilo". Atualmente, este município conseguiu autonomia política, passando a chamar-se Ielmo Marinho.
Rua de Ielmo Marinho - antigo Poço Limpo
Uruaçu e o massacre feito pelos holandeses
  O povoado surgiu por volta de 1609, tendo sua origem no arraial de Uruaçu, um sítio isolado e deserto, onde as pessoas da província se uniram em resistência aos flamengos (holandeses), em 1645. O arraial foi arrasado na manhã de 3 de outubro desse mesmo ano, originando em seguida o povoado atual. Foram homens, mulheres, e crianças indefesas que ali foram sacrificados em nome da fé cristã.
  A chacina de Uruaçu encheu de pavor os habitantes do Rio Grande do Norte. Os que conseguiram fugir procuraram o exército dos patriotas em Pernambuco, os que não alcançaram, procuraram refúgio na Paraíba. Muitos não tiveram tempo de abandonar a capitania devastada, deixando casas e engenhos. Aproximadamente 70 pessoas, com suas famílias, recolheram-se num lugar deserto, nas vizinhanças do engenho Ferreiro Torto, em Macaíba.
  O lugar deserto que se falava era Uruaçu, e o lugar do morticínio que ficava aproximadamente a 1 km de distância do povoado, era "Tinguijada". Em homenagem ao massacre de Uruaçu, foi construída, em 1921, a capela de Uruaçu.
Capela em Uruaçu - São Gonçalo do Amarante - RN
  As vítimas do massacre de Uruaçu vieram de sítios e dos engenhos adjacentes (Utinga, Ferreiro Torto e Potengi) e seguiram para o Castelo de Keulen (atual forte dos Reis Magos). Foram levados de Uruaçu como reféns, o Sr. Estevão Machado de Miranda (proprietário do engenho Potengi) e seu sogro João Lustal Navarro (antigo proprietário do engenho Potengi), Francisco Mendes Pereira, Vicente de Souza Pereira, José da Silveira, Simão Correia, além de outros como padre Ambrósio Francisco Ferro (vigário de Natal na época), Diogo Pereira, José do Porto, Francisco Bastos e outros.
  Na manhã de 3 de outubro de 1945, foram todos levados em uma jangada pelo estuário do rio Potengi, para o local destinado ao sacrifício, onde todos foram condenados pelo crime de amor à pátria e à religião.
  Poucos sobreviveram à terrível chacina. Foi o caso de Helena da Cruz (uma das filhas de Estevão Machado de Miranda), que os holandeses trocaram com os índios por um cão de caça. O restante dos sobreviventes, mulheres e crianças, foram mandados para a Paraíba pelo holandês "Bullestratem".
  Por volta de 1654, os holandeses foram derrotados na capitania de Pernambuco, e abandonaram depois a capitania do Rio Grande. A capitania, quase destruída, retornou ao trabalho de repovoamento, já que sua população, em torno de 60%, fora dizimada.
Quadro que mostra os sobreviventes sendo levados pelos holandeses
  Alguns remanescentes da terrível tragédia retornaram à nossa capitania por volta de 1687. O engenho Potengi destacou-se com sua policiada (uma das casas fortes), erguida contra a fúria dos índios Janduís (índios que habitavam o interior da capitania do Rio Grande e que se aliaram aos holandeses), fato este que serviu de obstáculo no processo de repovoamento da nossa capitania.
PRINCIPAIS PONTOS TURÍSTICOS DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE
Igreja Matriz de São Gonçalo do Amarante
  A Igreja Matriz de São Gonçalo do Amarante foi construída no mesmo local da antiga capelinha, edificada no início do século XVIII, por iniciativa dos portugueses Paschoal Gomes de Lima e Ambrósio Miguel de Serinhaém.
  Em 1719, o padre Simão Rodrigues de Sá, da paróquia de Natal, chegou ao sítio de São Gonçalo do Amarante, onde benzeu a capelinha e celebrou a primeira missa em 2 de fevereiro e, logo depois do almoço, fez o consórcio solene de uma filha de Ambrósio Miguel de Serinhaém com o filho de Paschoal Gomes de Lima, sendo este o primeiro casamento celebrado em São Gonçalo do Amarante.
  Em 1838, iniciaram-se as obras de ampliação da capelinha, concluída em 1840. O primeiro vigário da nova matriz foi o padre José Monteiro de Lima, nomeado mediante concurso em 1844. Ele permaneceu na paróquia durante 28 anos, até o seu falecimento, ocorrido em 15 de janeiro de 1872. Seus restos mortais foram sepultados na própria matriz.
Matriz de São Gonçalo do Amarante - RN
  A matriz de São Gonçalo do Amarante é um monumento de relevante interesse arquitetônico, constituindo um raro exemplar da arquitetura barroca no Rio Grande do Norte. Possui altares confeccionados em madeira de excelente qualidade, construído no século XIX por Pantaleão de Oliveira, um artífice nascido em São Gonçalo do Amarante. Um dos altares foi destruído por um incêndio, na noite de 31 de março de 1950, sendo reconstruído em 1957. Em 1963, foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Interior da Igreja de São Gonçalo do Amarante
Casarão Olho d'Água do Lucas
  O Casarão Olho d'Água do Lucas foi construído na metade do século XIX, em 1853, e possui esse nome em homenagem à família Lucas, a primeira detentora do casarão. O monumento possui escombros do engenho local e desenhos antigos feitos pelos escravos. O casarão encontra-se em processo de tombamento pela Fundação José Augusto.
Casarão Olho d'Água do Lucas, em São Gonçalo do Amarante - RN
Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves
  A construção do Aeroporto Governador Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante, foi iniciada em 1996, com a primeira previsão de inauguração para 2009. As obras foram paralisadas diversas vezes, chegando ao início de 2011, com a pista de 3 mil metros de extensão por 60 metros de largura.
  Em abril de 2011 o Governo Federal lançou o edital para a construção do restante do aeroporto (terminais de passageiros e de carga, equipamentos de navegação, pátios, acessos viários e estacionamentos), pela iniciativa privada responsável por explorar o aeroporto por 25 anos. Esse modelo de concessão foi denominado de Parceria Público-Privada (PPP), sendo o primeiro aeroporto brasileiro a operar com essa experiência, já que os demais aeroportos são operados pela Infraero.
Parte externa do Aeroporto Governador Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante - RN
  O aeroporto Governador Aluízio Alves foi projetado para receber 5 milhões de passageiros e 25 mil toneladas de carga por ano. O projeto também é torná-lo uma cidade de negócios (aerotrópolis), com shoppings, lojas, escritórios e no seu entorno uma zona de atividades industriais, com uma capacidade extraordinária de dinamizar o turismo, a indústria, a produção agrícola, a carcinicultura, a pesca e o comércio do Rio Grande do Norte, por conta das novas possibilidades logísticas de exportação.
Saguão do Aeroporto Governador Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante - RN
  O acesso ao aeroporto se dá por duas rodovias federais. O acesso norte é realizado pela BR-406, com acesso direto à capital do estado, e a BR-101 Norte. Já o acesso sul é realizado pela conjunção da BR-226 e BR-304, que dá acesso ao município limítrofe de Parnamirim e a BR-101 Sul.
  Em operação desde o dia 31 de maio de 2014, o Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves é o primeiro do Brasil administrado 100% pela iniciativa privada.
Via de acesso ao Aeroporto Governador Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante - RN
Monumento dos Mártires
  O Santuário dos Mártires de Uruaçu está localizado na comunidade rural de Uruaçu e foi erguido para homenagear os primeiros mártires brasileiros. O espaço é aberto aos turistas e religiosos, e a cada mês de outubro recebe milhares de fiéis de todas as partes do Rio Grande do Norte e do país que acompanham as celebrações e festividades em homenagens aos Protomártires do Brasil.
  O local abrange uma área de dois hectares, doada pela família Veríssimo, proprietária da fazenda. O Monumento dos Mártires foi projetado pelo arquiteto Francisco Soares Júnior, tendo capacidade para receber 50 mil peregrinos. No altar, há um painel medindo 30 metros.
Monumento dos Mártires, em Uruaçu - São Gonçalo do Amarante - RN
CULTURA DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE
  A Cultura popular de São Gonçalo do Amarante é bastante rica. A responsável pelo setor cultural do município é a Secretaria Municipal de Cultura, que tem como objetivo planejar e executar a sua política cultural por meio da elaboração de programas, projetos e atividades que visem ao desenvolvimento cultural. Além da secretaria, há também a Fundação Cultural Dona Militana, órgão de administração direta vinculada ao gabinete do  prefeito.
  São Gonçalo do Amarante conta com o Teatro Municipal Prefeito Poti Cavalcanti, inaugurado em 2003, com capacidade para 238 pessoas, além de ser considerado como o templo de cultura de todo o município, sediando vários tipos de eventos.
Teatro Municipal Prefeito Poti Cavalcanti, em São Gonçalo do Amarante - RN
Dona Militana
  São Gonçalo do Amarante também é a terra de algumas personalidades culturais importantes. Entre elas, a senhora Militana Salustino do Nascimento, conhecida como Dona Militana.
  Dona Militana nasceu em Santo Antônio do Potengi, em 19 de março de 1925, e faleceu em 19 de junho de 2010, em São Gonçalo do Amarante, sendo filha do Mestre do Fandango, Sr. Atanásio Salustino do Nascimento e de Maria Militana do Nascimento. Aos sete anos já trabalhava na roça, plantando mandioca e feijão. Apesar de analfabeta e de ser proibida de cantar pelo seu pai, foi na lida do campo que memorizou os romances, sendo considerado por muitos, como a maior romanceira do Brasil.
Comunidade Oiteiros, em São Gonçalo do Amarante - RN. Local onde Dona Militana viveu
  Gostava de ser chamada de Maria José, por não gostar de seu nome e também por homenagear o santo de sua devoção. Na década de 1990, o folclorista Deífilo Gurgel conheceu os cantos de Dona Militana e permitiu que o país inteiro conhecesse o talento dela. A romanceira chegou a gravar um CD triplo intitulado "Cantares", lançado em São Paulo e no Rio de Janeiro.
  Em 1999, a Prefeitura de São Gonçalo do Amarante, através da Secretaria Municipal de Educação e Cultura realizou um projeto denominado "SÃO GONÇALO MOSTRA SUA ARTE", com o objetivo de resgatar sua história e suas tradições culturais através das artes. Um dos resultados deste projeto foi o lançamento do CD Songa também dá coco, conservando letras, ritmos, contos, danças, músicas e os romances de Dona Militana.
Dona Militana (1925-2010)
  Dona Militana aprendeu a cantar com seu pai romances ibéricos e nacionais. Sua memória guarda, por tradição oral, um considerável acervo, o que fez dela uma enciclopédia viva da cultura popular. Ela cantava seus romanceiros numa cadência que lembra o cantochão, com ritmo baseado na acentuação e nas divisões do fraseado. Na maioria das vezes, as narrativas cantadas são histórias trágicas, como a do "Conde de Amarante", em que a esposa chora a ausência do marido, enquanto dá ao filho "o leite da amargura" e se despede da vida. Outros romances, como "Nau Catarineta", trazem poesias de terras distantes, desconhecidas, lugares por onde Militana navegava com a memória e a imaginação:
"Ainda avistamos três moças
Oh tão linda!
Debaixo de um laranjal
Uma lavando ouro pedra
Oh tão linda!
Outra lavando metal."
  Em 2005, ela recebeu das mãos do presidente Lula a Comenda Máxima da Cultura Popular, em Brasília.
Dona Militana era uma católica bastante fervorosa
Grupos Folclóricos de São Gonçalo do Amarante
1. Grupo Coco de Calemba
  O Grupo Coco de Calemba surgiu em 2008, na perspectiva de reativar as manifestações populares do município. a intenção é revitalizar em parceria com o ritmo e a música do Grupo de Raiz (da Melhor Idade), o Bambelô da Alegria e outras músicas de domínio público.
Grupo Coco de Calemba
2. Grupo Boi Calemba Pintadinho
  Também conhecido como Boi de Reis ou Bumba Meu Boi, o Boi-Calemba é um auto popular que trata da morte e ressurreição de um boi. Os personagens que participam da brincadeira são em número de quinze, aproximadamente, compreendendo os Enfeitados, (Mestre, Galantes e Damas), os Mascarados (cômicos do espetáculo), em número de três: Mateus, Birico e Catarina, e os componentes da orquestrinha de pau e corda, banjo ou cavaquinho, com pandeiro e triângulo, na percussão.
  O Grupo Boi Calemba Pintadinho é um dos grupos mais tradicionais do Rio Grande do Norte, possuindo mais de 100 anos de existência.
Grupo Boi Calemba Pintadinho
3. Pastoril de Dona Joaquina
  O pastoril é um dos quatro principais espetáculos populares do Nordeste brasileiro. O pastoril é uma tradição centenária de São Gonçalo do Amarante e voltou a tomar força com a oficialização do pastoril Dona Joaquina, em 2005. O grupo reúne descendentes e simpatizantes dos antigos grupos de pastoris da cidade, resgatando e mantendo a tradição cultural da Lapinha e do Pastoril na região. O grupo potiguar é formado por 18 pastorinhas, com idade entre 16 e 25 anos.
  Oriundo dos dramas litúrgicos representados nas Igrejas, aos poucos desvinculou-se dessa característica natalina, tornando-se o folguedo de maior aceitação popular no município. Essa brincadeira de mocinhas, traz como marca principal a herança recebida de avós, bisavós e de todas as matriarcas da região onde se origina o grupo.
Pastoril de Dona Joaquina
4. Congos de Guerra
  Os Congos de Guerra é um grupo folclórico de Santo Antônio do Potengi, em São Gonçalo do Amarante, remanescentes dos antigos Congos de Saiote, também do município.
  Os Congos contam a história de uma batalha entre as hostes guerreiras de dois soberanos africanos, o rei Henrique Cariongo e sua famosa irmã, a rainha Ginga.
  A indumentária dos Congos é praticamente feita na base da improvisação, Os personagens principais são o rei Cariongo, o príncipe Sueno, seu filho, o secretário do rei, o embaixador da rainha Ginga, além dos soldados de Cariongo e de sua irmã, aproximadamente quinze brincantes. O repertório musical inclui marchas guerreiras, benditos e outras cantigas. O núcleo dramático é praticamente todo o auto: o combate entre os dois monarcas.
Congos de Guerra, de São Gonçalo do Amarante - RN
ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE
  O IDH-M (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) de São Gonçalo do Amarante, de acordo com o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) - 2010, é de 0,661, o que situa o município na faixa de Desenvolvimento Humano Médio. A dimensão que mais contribuiu para o IDH-M municipal foi o fator Longevidade, com índice de 0,829, seguida da Renda, com índice de 0,619, e da Educação, com índice de 0,564. O IDH-M mede a qualidade de vida de uma população, tendo como base a expectativa de vida (longevidade), a saúde e a educação e a distribuição de renda.
  O IDH-M passou de 0,395 em 1991 para 0,524 em 2000 - uma taxa de crescimento de 32,66%. Entre 2000 e 2010 o IDH-M passou de 0,524 para 0,661 - uma taxa de 26,15%.
FONTE: Pnud, Ipea e FJP
  No município, a dimensão cujo índice mais cresceu em termos absolutos foi a Educação (com crescimento de 0,353), seguida pela Longevidade e pela Renda.
  A Educação de São Gonçalo do Amarante obteve um IDH-M em 1991 de 0,211, passando para 0,361 em 2000 e 0,564 em 2010.
ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO MUNICIPAL E SEUS COMPONENTES – SÃO GONÇALO DO AMARANTE - RN
IDH-M E COMPONENTES
1991
2000
2010
IDH-M Educação
0,211
0,361
0,564
% de 18 anos ou mais com ensino fundamental completo
20,47
28,21
48,49
% de 5 a 6 anos frequentando a escola
43,19
85,66
90,92
% de 11 a 13 anos frequentando os anos finais do ensino fundamental
20,82
42,66
80,82
% de 15 a 17 anos com ensino fundamental completo
11,59
21,40
45,34
% de 18 a 20 anos com ensino médio completo
9,92
13,30
26,58
IDH-M Longevidade
0,599
0,735
0,829
Esperança de vida ao nascer (em anos)
60,94
69,11
74,72
IDH-M Renda
0,486
0,543
0,619
Renda per capita (em R$)
165,07
234,24
377,16
Fonte: Pnud, Ipea e FJP
   São Gonçalo do Amarante ocupa a 2.870ª posição entre os 5.565 municípios brasileiros, segundo o IDH-M da Unidade Federativa (UF), passando de 0,493 para 0,727.   Entre 1991 e 2000, a população sãogonçalense cresceu a uma taxa média anual de 4,95%, passando de 46.034 para 71.083 habitantes. Entre 2000 e 2010, a população de São Gonçalo do Amarante cresceu a uma taxa média anual de 2,12, enquanto no Brasil, a taxa de crescimento populacional foi de 1,63% no mesmo período. Nesta década, a taxa de urbanização do município passou de 16,10% para 84,52%. De acordo com o censo do IBGE-2010, nesse ano o município contava com uma população de 87.668 pessoas.
Visão aérea de São Gonçalo do Amarante - RN
FONTE: Brito, Iaponira Peixoto. Estudos Sociais do Município de São Gonçalo do Amarante. Natal: Gráfica RN, 2002.
Prefeitura Municipal de São Gonçalo do Amarante - RN

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