domingo, 8 de fevereiro de 2015

OS EMIRADOS ÁRABES UNIDOS (EAU): PAÍS RICO E MODERNO

  Um dos países mais importantes do Oriente Médio são os Emirados Árabes Unidos (EAU). Trata-se de uma confederação de Estados autônomos - chamados Emirados -, situada no sudeste da Península Arábia, no Golfo Pérsico.
  Os sete emirados são Abu Dhabi, Dubai, Sharjah, Ajman, Umm al-Quwain, Ras al-Khaimah e Fujairah. A capital e segunda maior cidade dos Emirados Árabes Unidos é Abu Dhabi.
  Antes de 1971, os Emirados Árabes Unidos eram conhecidos como Estados da Trégua, em referência a uma trégua do século XIX entre o Reino Unido e vários xeiques árabes. O nome Costa Pirata também foi utilizado em referência aos emirados que ocuparam a região do século XVIII até o início do século XX. O país tem a sexta maior reserva de petróleo do mundo.
Localização dos Emirados Árabes Unidos no globo
GEOGRAFIA
  O território dos Emirados Árabes é desértico, com alguns oásis, regiões montanhosas e praias. Faz fronteiras com o Golfo de Omã e o Golfo Pérsico, entre Omã e a Arábia Saudita, além de fazer fronteira com o Catar. O país localiza-se em uma posição estratégica ao longo das aproximações do Estreito de Ormuz, um ponto de trânsito vital para o petróleo bruto mundial. Com a Arábia Saudita, os EAU compartilha uma fronteira de 530 quilômetros ao oeste, sul e sudeste, e com Omã, são 450 quilômetros ao sudeste e nordeste. Com o Catar, a fronteira é de 90 quilômetros, na área de Khawr al Udayd, porém, essa área é disputada entre os dois países.
  O litoral dos EAU se estende por mais de 650 quilômetros ao longo da costa sul do Golfo Pérsico. A maior parte da costa consiste de salinas que se estendem para o interior. O maior porto natural está em Dubai, embora outros portos tenham sido dragados em Abu Dhabi, Sharjah e em outras cidades. Inúmeras ilhas são encontradas no Golfo Pérsico, e as propriedades de algumas delas têm sido objeto de disputas internacionais entre os EAU, o Irã e o Catar. As ilhas menores, bem como muitos recifes de corais e bancos de areia que se deslocam constantemente, ameaçam a navegação. Forte marés e tempestades de vento ocasionais complicam ainda mais a navegação próxima à costa.
Oásis Liwa, próximo de Abu Dhabi - Emirados Árabes Unidos
  O território da federação é formado por uma grande extensão desértica, coberta por salinas e areia. Essa paisagem só é quebrada pela presença das últimas ramificações dos montes al-Hajar, que se estendem pelo território de Omã. O ponto mais elevado do país é o Jabal Yibir, com 1.527 metros.
  O clima é quente e seco, com temperaturas que oscilam entre 15°C e 21°C, no inverno, e 32°C e 46°C no verão, na costa e no interior, respectivamente. A precipitação média se situa entre 75 e 100 mm anuais. Devido à aridez da região, os rios são praticamente inexistentes, e a presença de água reduz-se a pequenos oásis, onde crescem palmeiras e tamareiras.
Jabal Yibir - ponto culminante dos Emirados Árabes Unidos
HISTÓRIA
  A habitação humana mais antiga dos Emirados Árabes Unidos data do período neolítico, há cerca de 5.500 anos a.C.. Nesta fase, há provas de interação com o mundo exterior, em particular com civilizações do norte. Estes contatos persistiram e tornaram-se abrangentes, provavelmente motivados pelo comércio de cobre nas montanhas Hajar. O comércio exterior floresceu em períodos posteriores, facilitado pela domesticação do camelo.
  Por volta do século I a.C., teve início o comércio entre a Síria e cidades do sul do Iraque, seguido pela viagem marítima ao porto de Omana (atual porto de Umm al-Quwain) e, daí para a Índia, tornando-se, também, uma alternativa para a rota do Mar Vermelho pelos romanos.
  Com a chegada dos enviados do profeta Maomé, em 630 d.C., começou o processo de islamização dessa área. Após a morte do profeta, realizou-se uma das maiores batalhas no atual território dos EAU, a Guerra da Apostasia, que culminou na derrota dos não-muçulmanos e a propagação do islamismo na península Arábica.
  A expansão portuguesa pelo oceano Índico, no início do século XVI, seguindo a rota de exploração do navegador Vasco da Gama, culminou numa uma batalha entre os portugueses e os turcos-otomanos pela costa do Golfo Pérsico. A vitória dos portugueses culminou no controle dessa área durante 150 anos, levando a conquistar os habitantes da península Arábica.
Camelos andam sobre o deserto dos EAU
  No século XVI, o Império Otomano conseguiu conquistar algumas partes dos EAU e, posteriormente, essa região passou a ser denominada pelos britânicos, de "Costa Pirata", por causa de invasores que ali se concentraram e assaltavam navios marítimos. Entre os séculos XVII e XIX, europeus e árabes patrulharam a região, objetivando diminuir os ataques dos "piratas". Expedições britânicas para proteger o comércio indiano de invasores de Ras al-Khaimah levaram à campanhas contra estas sedes e de outros portos ao longo da costa em 1819. No ano seguinte, um tratado de paz foi assinadopor todos os xeiques.
  As invasões continuaram até 1835, quando os xeiques não concordaram em participar das hostilidades do mar. Em 1853, eles assinaram um tratado com o Reino Unido, sob o qual os xeiques ("Xeiques da Trégua") concordaram com uma "trégua perpétua". O tratado foi executado pelo Reino Unido, porém, disputas entre os xeiques foram encaminhadas para que os britânicos buscassem uma resolução para essas disputas.
  Em reação à ambição de outros países europeus, o Reino Unido e os Xeiques da Trégua levaram a ambos estreitarem vínculos por meio de um tratado, em 1892, onde os xeiques concordaram em ceder os territórios somente aos britânicos e a não estabelecer relações com qualquer governo estrangeiro. Em troca, os ingleses prometeram proteger a Costa da Trégua de qualquer agressão marítima e ajudar em caso de ataque terrestre.
Mesquita em Umm al-Quwain - EAU
  No fim do século XIX e início do século XX, a indústria de pérolas prosperou, proporcionando renda e emprego no Golfo Pérsico. Porém, vários fatores, como a Primeira Guerra Mundial, a crise de 1929, a Segunda Guerra Mundial e o aumento dos impostos sobre as pérolas importadas do Golfo Pérsico por parte da Índia, levaram a indústria de pérolas a desaparecer, resultando numa grave crise econômica na região.
  Em 1955, durante uma disputa com Omã pelo Oásis Buraimi, os EAU receberam apoio do Reino Unido, o que causou a vitória dos EAU, porém, essa disputa ainda continua incerta. Outra disputa territorial envolvendo os EAU refere-se à fronteira entre Abu Dhabi e a Arábia Saudita.
  No início da década de 1930 começou as pesquisas e uma tímida exploração de petróleo nos EAU. Em 1962 saiu o primeiro carregamento de petróleo bruto com destino à exportação, partindo de Abu Dhabi. O petróleo proporcionou o aumento de receitas, e o governador de Abu Dhabi, o Xeique Zayed bin Sultan Al Nahyan, empreendeu um programa de construções, construindo escolas, moradias, hospitais e rodovias. Isso aconteceu também em Dubai, onde o Xeique Rashid bin Saeed Al Maktoum, governante local, começou a utilizar as reservas, em 1969, para melhorar a qualidade de vida da população.
Ajman - Emirados Árabes Unidos
  Com o aumento da exploração petrolífera, os britânicos começaram a perder o controle sobre a exploração petrolífera. Assim, os xeiques dos Estados decidiram formar um conselho para coordenar as questões entre eles e tomar conta do programa de desenvolvimento. Eles formaram o Conselho dos Estados da Trégua, provocando o movimento que culminou na independência dos EAU. Em 1968, o Reino Unido acatou a decisão da formação do Conselho dos Estados da Trégua. Com a independência do Bahrein e do Catar, em agosto e setembro de 1971, respectivamente, os Estados que compunham os EAU decidiram, em 2 de dezembro deste ano, a se tornarem independentes.
  Os mandantes de Abu Dhabi e Dubai, formaram uma união entre seus dois emirados independentes, prepararam uma Constituição, e chamaram os mandantes dos outros cinco emirados para uma reunião e ofereceram-lhes uma oportunidade de participar deste novo país.
  Em 1991, os EAU participaram da coalizão internacional que lutou contra o Iraque na Guerra do Golfo. A partir desse ano, a federação buscou expandir suas relações internacionais e a exercer um importante papel em diversas questões relativas ao Golfo Pérsico.
 Ras al-Khaimah - Emirados Árabes Unidos
  Em 1992, os EAU entraram em conflito com o Irã pela disputa de ilhas. Desde então, o governo vem investindo em equipamentos bélicos. Em 2011, aumentou a tensão entre os dois países por causa da crescente cooperação dos Emirados Árabes com a comunidade internacional na aplicação de sanções impostas ao Irã. Em 1994, a federação assinou um acordo militar de defesa com os Estados Unidos e, no ano seguinte, com a França. Em 1996, a Constituição Provisória, que vinha sendo renovada desde 1986 pelo Conselho, tornou-se permanente.
  Após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, os EAU foram identificados como um importante centro financeiro usado pela Al-Qaeda para transportar dinheiro para os sequestradores (dois dos sequestradores Marwan al-Shehhi e Fayez Ahmed Bannihammad, eram cidadãos emiratenses). A nação imediatamente cooperou com os Estados Unidos, congelando contas ligadas aos suspeitos de terrorismo e reprimindo fortemente a lavagem de dinheiro no país. Desde então, o governo do país passou a ser inimigo dos integrantes do Al-Qaeda.
Fujairah - Emirados Árabes Unidos
ECONOMIA
A exploração do petróleo e do gás natural é a base da economia, sendo que o país é o oitavo maior produtor de petróleo e possui a sexta maior reserva petrolífera do mundo. Nas últimas décadas, o país vem investindo em outros setores, como o comércio e o turismo.
  Os EAU têm uma economia aberta com um elevado rendimento per capita e um superávit comercial anual considerável.
  A economia dos EAU, especialmente a de Dubai, foi duramente atingida pela crise econômica de 2008-2009, levando a economia do país a encolher. Porém, com a alta do preço do petróleo no mercado mundial, o país voltou a crescer economicamente. O boom da construção civil, a base industrial em expansão e o próspero setor de serviços estão ajudando os Emirados Árabes Unidos a diversificar sua economia.
  O aumento significativo das importações de bens manufaturados, como máquinas e equipamentos de transporte, representam juntos 80% das importações do país. Mais de 200 fábricas operam no complexo de Jebel Ali, em Dubai, que inclui um porto de águas profundas e uma zona franca para a fabricação e distribuição, em que todas as mercadorias para exportação desfrutam de 100% de isenção de impostos. Uma usina de grande potência com uma unidade de dessalinização de água, associada a uma fundição de alumínio e uma unidade de fabricação de aço são instalações de destaques no complexo.
Zona Franca de Jebel Ali - Dubai - EAU
  Exceto nas zonas francas, os EAU exigem, pelo menos, 51% de impostos dos cidadãos locais em todas as operações financeiras no país, como parte de sua tentativa de colocar os EAU em posições de liderança. Porém, esta lei está sob revisão por causa das normas da Organização Mundial do Comércio (OMC).
PROBLEMAS SÓCIO-POLÍTICOS
  Os direitos humanos são legalmente protegidos pela Constituição dos Emirados Árabes Unidos, que confere igualdade, liberdade, estado de direito, presunção de inocência em procedimentos legais, inviolabilidade de propriedades particulares, várias liberdades (de circulação, imprensa, expressão, comunicação, religião, associação, profissão, ser eleito para algum cargo, entre outras), desde que dentro dos limites da lei. Os EAU são considerados um dos países mais liberais do Oriente Médio, sobretudo, quando comparado com seu vizinho, a Arábia Saudita. O país tem um dos mais fortes níveis de direitos humanos da região, o que contribuiu para que os EAU passasse a fazer parte, em 2012, do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas para um mandato de três anos.
Mulheres em praia de Abu Dhabi
  Porém, muitas irregularidades ainda acontecem no EAU, principalmente no que se refere aos trabalhadores estrangeiros, em sua maioria de origem asiática, que são transformados em servos através de dívidas após sua chegada no país. A confiscação dos passaportes, apesar de ser ilegal, ocorre em grande escala, principalmente com trabalhadores não qualificados ou semi-qualificados. Operários trabalham no verão sob calor intenso, com temperaturas chegando a atingir entre 40°C e 50°C nas cidades em agosto, sem intervalo de trabalho, além de trabalharem mais do que permitido, e as leis trabalhistas, muitas vezes, não são cumpridas.
  O governo restringe a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa, enquanto a mídia local pratica a autocensura, evitando criticar diretamente o governo. A liberdade de associação e de religião também são limitadas.
Mesquita em Abu Dhabi
O EMIRADO DE DUBAI: UM GRANDE COMPLEXO TURÍSTICO
  Dubai tornou-se um grande complexo turístico, considerado hoje uma das cidades mais modernas do Oriente Médio e a cidade mais populosa dos Emirados Árabes.
  Cerca dos 20% dos habitantes nasceram nos EAU; os demais são imigrantes, com destaque para indianos, que correspondem a quase metade dos imigrantes.
  As principais formas de obtenção de receita em Dubai são provenientes do turismo, do comércio, do setor imobiliário e dos serviços financeiros. Já as receitas de petróleo e gás natural, que no passado foram responsáveis pela consolidação da economia dos EAU, atualmente contribuem bem menos.
  Duas das mais ambiciosas construções na cidade de Dubai são o The World e o Palm Islands, espécies de arquipélagos artificiais. O primeiro tem formato do mapa-múndi e é composto por cerca de 300 ilhas artificiais. O segundo arquipélago é formado por três ilhas artificiais com formato de palmeiras: Jumeirah, Jebel Ali e Deira. As moradias foram colocadas à venda e, em apenas 72 horas, as casas foram totalmente vendidas.
As ilhas artificiais de The World e Palm Islands
  Dubai tornou-se a oitava maravilha do mundo. A construção das ilhas artificiais não foi bem aceita por algumas pessoas, principalmente pelos ambientalistas. Para eles, a construção das ilhas artificiais representam uma ameaça para o percurso normal da natureza, pois matou os recifes de coral, destruiu locais de nidificação de tartarugas e desestabilizou a economia marinha (pesca) da região ocidental do Golfo Pérsico.
  Contrariando o luxo existente em Dubai, existe centenas de pessoas vivendo em condições subumanas. São os trabalhadores, que ganham em média 3,8 dólares por dia, trabalhando em turnos de 12 horas diárias, sob calor abrasador (em média 45°C). Esses homens vivem num verdadeiro pesadelo.

ALGUNS DADOS SOBRE OS EMIRADOS ÁRABES UNIDOS
NOME OFICIAL: Emirados Árabes Unidos
CAPITAL: Abu Dhabi
Visão noturna de Abu Dhabi - capital dos Emirados Árabes Unidos
GENTÍLICO: árabe, emiratense, emiradense, árabo-emiradense, árabe-emiradense
LÍNGUA OFICIAL: árabe
GOVERNO: Monarquia Constitucional Parlamentarista
INDEPEDÊNCIA: do Reino Unido
Declarada: 2 de dezembro de 1971
LOCALIZAÇÃO: Golfo Pérsico - Oriente Médio (Ásia)
ÁREA: 83.600 km² (114°)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2014): 9.023.108 habitantes (87°)
MAIORES CIDADES (Estimativa 2014): 59,72 hab./km² (116°)
Dubai: 2.666.569 habitantes
Dubai - maior cidade dos Emirados Árabes Unidos
Abu Dhabi: 1.421.044 habitantes
Abu Dhabi - capital e segunda maior cidade dos Emirados Árabes Unidos
Sharjah: 951.687 habitantes
Sharjah - terceira maior cidade dos Emirados Árabes Unidos
PIB (Banco Mundial - 2013): U$ 361,912 bilhões (32°)
IDH (ONU - 2014): 0,827 (40°)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2012): 79,2 anos (39°)
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - 2005/2010): 2,85% (19)
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2013):  Obs: essa mortalidade é contada de menor para maior.
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2014): 2,36 filhos/mulher (88°) Obs: essa taxa refere-se ao número médio de filhos que uma mulher teria até o fim do seu período reprodutivo (de 15 a 49 anos).
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factook - 2014): 77,9% (156°) Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que podem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (Pnud - 2010/2011): 78% (35°)
PIB PER CAPITA (CIA World Factbook - 2013): U$ 43.875 (19°)
MOEDA: Dirham dos Emirados
RELIGIÃO: islamismo (76,8%), católicos romanos (5,6%), católicos ortodoxos (3,2%), outras religiões cristãs (3,7%), hinduísmo (8,4%), sem religião, outras religiões e ateísmo (2,3%).
DIVISÃO: a Nação dos Emirados Árabes Unidos é constituída por sete regiões administrativas, que são chamados "emirados". Os sete emirados são: Abu Dhabi, Dubai, Sharjah, Ajman, Umm al-Quwain, Ras al-Khaimah e Fujairah. Cada emirado é uma monarquia controlada por uma família real com soberania sobre o território regional. Desses sete emirados, o emirado de Abu Dhabi, que cobre 86,7% da área total do país, é dividido em três sub-emirados: o sub-emirado que compreende a cidade de Abu Dhabi, um sub-emirado leste e um sub-emirado oeste.
Divisão administrativa dos Emirados Árabes Unidos
FONTE: Geografia nos dias de hoje, 9° ano / Cláudio Giardino ... [et al.]. - 1. ed. - São Paulo: Leya, 2012. - (Coleção nos dias de hoje).

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

O ARQUIPÉLAGO DO HAVAÍ: O PARAÍSO DOS SURFISTAS

  O Havaí localiza-se no meio do Oceano Pacífico, e é considerado o estado mais isolado dos Estados Unidos em relação ao resto do país, sendo também o mais meridional dos estados norte-americanos. Historicamente é conhecido pelo nome de Ilhas Sanduíche. O atual presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, é o único de todos os presidentes norte-americanos que nasceu no Havaí.
  O Havaí possui a maior porcentagem de asiáticos (38,6%) e a maior população multirracial (23,6%) dos Estados Unidos, bem como a menor porcentagem de brancos (24,2%) dos estados do país. Os maiores grupos étnicos do Havaí são: filipinos (14,6%), nipo-americanos (13,6%), hispânicos (8,8%), polinésios (8,2%), alemães (7,4%) e luso-americanos (4,3%).
Mulheres nativas do Havaí
GEOGRAFIA
  O Havaí é um arquipélago de origem vulcânica de aproximadamente 28 mil km² de extensão, localizado no Oceano Pacífico, possuindo 132 ilhas que se estendem por 2.450 km. A maior parte do Estado concentra-se no sudeste do arquipélago, onde estão as oito maiores ilhas e as únicas habitadas (Havaí, Kauai, Lanai, Maui, Molokai, Niihau, Oahu e Kahoolawe). O meio da cadeia do Havaí é constituído por ilhas muito pequenas e rochedos, e o extremo noroeste é formado por recifes e cadeias de areia.
  A cadeia formada pelas oito grandes ilhas possui 1.200 km de comprimento. A altitude média do Havaí é de 925 metros, e o ponto mais elevado é o vulcão Mauna Kea, na ilha do Havaí (que é a maior das ilhas), com uma altitude de 4.206 metros, que se ergue do fundo do oceano, juntamente com seu vizinho conjunto, Mauna Loa, que possui uma altitude de 4.169 metros. Ambos possuem 5.998 metros de profundidade, considerando-se no conjunto, a maior montanha do mundo (da base do oceano ao cume) com 10.204 metros.
Mauna Kea - ponto culminante do Havaí
  Todas as ilhas do Havaí foram formadas por vulcões, que lentamente emergiram do leito do mar, através do que a geologia chama de ponto quente (hot spot). A teoria mantém que à medida que a placa tectônica do fundo do Oceano Pacífico move-se em direção ao noroeste, o ponto que mantém sua posição vai lentamente criando vulcões. Isso explica o fato de que são apenas os vulcões do sudeste do Havaí que continuam ativos. A cadeia de rochedos e recifes ao centro e noroeste da cadeia havaiana, já foram vulcões ativos, bem como as ilhas que possuíam tamanho comparável às oito grandes, mas ventos, ondas e correntes do mar lentamente erodiram essas ilhas, fazendo-as diminuir de superfície.
  O Havaí abriga o Parque Nacional dos Vulcões do Havaí, um Patrimônio Mundial.
Vulcão em erupção no Havaí
  O Havaí possui um clima tropical, com temperaturas elevadas o ano inteiro. A média de temperatura varia muito pouco de região para região, sendo as de temperaturas mais elevadas, as de regiões que estão ao nível do mar. As temperaturas variam de 25°C em média no verão e 22°C durante o inverno. A temperatura mais elevada já registrada no Havaí foi de 38°C, em Pahala, no dia 27 de abril de 1931, e a mais baixa foi de -11°C, no monte Mauna Kea, em 17 de maio de 1979. Nas zonas de montanhas, as chuvas intensas produzem transbordamentos dos rios e enchentes nos vales. Chove praticamente todos os dias nas ilhas.
  Quando há erupções vulcânicas nas ilhas, uma capa de fumaça se eleva no céu durante alguns dias, especialmente na zona de Kona. Os habitantes nativos chamam essa neblina de vog, ou "névoa vulcânica".
Névoa vulcânica na ilha de Maui
HISTÓRIA
  Nativos polinésios viviam no arquipélago havaiano bem antes da chegada dos europeus, sendo que a região era governada por vários chefes polinésios locais, até 1810, quando Kamehameha I centralizou o governo do arquipélago e instituiu uma monarquia. Um dos primeiros europeus a desembarcar em terras havaianas foi James Cook.
  O Reino do Havaí foi estabelecido durante os anos 1795 a 1810, com a subjugação dos chefes tribais independentes de Oahu, Mauai, Molokai, Lanai, Kauai e Niihau e pelo chefe tribal da Ilha Havaí (ou Big Island) dentro de um governo unificado. O Reino foi derrubado em 17 de janeiro de 1893 e a República do Havaí foi estabelecida em 1894, sendo  anexado em 1898 pelos Estados Unidos, que instalou no seu território a importante base militar de Pearl Harbor (destruída pelos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial).
Paisagem de Oahu - Havaí
  Graças à descoberta e a posição geográfica do arquipélago do Havaí, este tornou-se um ponto de escala frequente de navios europeus. Doenças contagiosas causadas por micróbios transportadas pelos marinheiros europeus e com as quais os nativos locais nunca tinham tido contato, mataram dezenas de nativos polinésios na região ao longo do século XIX.
  Antes da chegada dos europeus o arquipélago havaiano estava fragmentado em uma série de tribos governadas por um chefe indígena. Algumas ilhas eram governadas por uma única tribo, enquanto que outras eram governadas por tribos diferentes. Tais tribos polinésias batalhavam entre si após a morte de um chefe. Em 1782, um líder indígena, Kamehameha, iniciou uma longa guerra, que duraria treze anos, com outras tribos da região. Auxiliado por armas modernas, comercializadas com os navegadores e comerciantes europeus e americanos que utilizavam a ilha como escala em suas viagens, Kamehameha uniu todo o arquipélago, com exceção das ilhas de Kauai e Niihau, em 1795. Entre 1796 e 1803, ele comandou duas invasões a essas ilhas, que fracassaram devido a uma rebelião e a uma epidemia.
Kamehameha (1758-1819) - unificador das ilhas que formou o Reino do Havaí
  Kamehameha instituiu uma monarquia no Havaí e apropriou-se de todas as terras do arquipélago, cedendo lotes de terra para famílias rurais. Em 1810, Kauai e Niihau concordaram em unir-se pacificamente ao Reino de Kamehameha, e essa dinastia governaria o arquipélago até 1872.
  Ao longo do século XIX, a economia do Havaí prosperaria, com a venda de madeira de alta qualidade para a China, de água potável e suprimentos para navios que faziam viagens no Oceano Pacífico.
  Kamehameha II, filho de Kamehameha, tornou-se monarca do arquipélago havaiano em 1819, após a morte de seu pai, e aboliu a prática da religião havaiana em locais públicos, embora permitisse essa prática em locais privados.
  Em 1820, o governo americano enviou um grupo de missionários e professores brancos protestantes, que eventualmente converteriam a maior parte da população do Havaí para o protestantismo. Foi criado também uma forma de escrita para o idioma havaiano e fundaram-se as primeiras escolas no Havaí. Em 1824, após a morte de Kamehameha II, assumiu o trono um outro filho de Kamehameha, Kauikeaouli, que passou a se chamar Kamehameha III.
Kamehameha II (1797-1824)
  Missionários católicos espanhóis e franceses desembarcaram em 1827 no Havaí. Inicialmente, não foram bem recebidos pelos nativos havaianos, que já eram, em sua maioria, protestantes. Em 1831, os havaianos forçaram a pequena população cristã de descendência europeia a sair do arquipélago, enquanto grande parte dos cristãos de origem havaiana foram presos. Em 1836, uma fragata francesa bloqueou o porto de Honolulu, e obrigou Kamehameha III a libertar os cristãos aprisionados e a permitir a liberdade de expressão religiosa.
  Kamehameha III criou, em 1839, a primeira constituição do Havaí e um sólido governo central composto pelos poderes executivo, legislativo e judiciário. Com essa Constituição, o governo americano reconheceu o Havaí como um Estado independente.
Kamehameha III (1813-1854)
  Desde a década de 1850 em diante, o Havaí começou a receber centenas de imigrantes asiáticos, sendo os chineses os primeiros imigrantes, vindo depois polinésios de outras ilhas da Oceania. De 1880 até 1930, entrou no arquipélago uma grande quantidade de imigrantes japoneses.
  Outra leva de imigrantes foram os de origem portuguesa, principalmente das ilhas de Açores e Madeira. Esta comunidade dedicou-se ao cultivo da cana-de-açúcar, misturando um vasto patrimônio cultural com os costumes dos havaianos.
  Em 1874, Kalakaua tornou-se rei do Havaí. Ele promoveu os costumes e a cultura havaiana entre a população nativa. Porém, a população do Havaí, especialmente agricultores, não gostavam dos laços políticos e econômicos que Kalakaua tinha com o governo e com comerciantes americanos. Entre outros atos, Kalakaua permitiu que os americanos construíssem uma base naval em Pearl Harbor. Foi também obrigado a criar uma nova Constituição em 1887, que limitava seus poderes.
Kalakaua (1836-1891)
  Quando Kalakaua morreu, sua irmã, Liliuokalani, tornou-se rainha do Havaí. Ela apoiava a população havaiana em seu descontentamento contra a população de novos estrangeiros ou de descendência europeia. Porém, à época, comerciantes e agricultores americanos já controlavam grande parte da economia do arquipélago. Em 1893, tropas americanas e grupos de militantes liderados por americanos, alemães e britânicos, tomaram o Havaí e depuseram Liliuokalani.
  A invasão norte-americana causou grande descontentamento entre a população do Havaí, fazendo com que o próprio presidente americano, à época Grover Cleveland, aconselhasse que a rainha voltasse ao trono. Tanto Liliuokani (que recusou o perdão publicamente aos líderes desta invasão) quanto os principais líderes desta invasão recusaram. Liliuokani foi a última monarca do arquipélago.
Rainha Liliuokani (1838-1917)
  Em 1894, uma república foi instituída, com um americano, Sanford Dole, como presidente. A república foi abolida em 1898, quando uma parte do Congresso dos Estados Unidos criou uma resolução conjunta, que é usada especificamente internamente como um meio para adquirir o Reino do Havaí como seu novo território, em agosto de 1898. Em 14 de junho de 1900, o Havaí tornou-se um território dos Estados Unidos.
  A localização estratégica do Havaí, no meio do Oceano Pacífico, fez com que o governo norte-americano iniciasse a construção de uma base naval primária no arquipélago, através de uma grande expansão das instalações portuárias de Pearl Harbor, durante a Primeira Guerra Mundial.
  Em 7 de dezembro de 1941, a base naval americana de Pearl Harbor foi atacada por aviões da força aérea japonesa. Este ataque, que destruiu vários navios, aviões e instalações militares, bem como a morte de mais de 2,4 mil militares, foi o episódio que levou os Estados Unidos à entrarem de vez na Segunda Guerra Mundial ao lado dos Aliados. A Lei Marcial foi declarada no Havaí. O estado de lei marcial foi revogado somente em 1944.
Base naval de Pearl Harbor destruída pelos japoneses, em 1941
  A grande população japonesa do Havaí fez com que muitos cidadãos americanos de origem europeia temessem sabotagem ou espionagem por parte dos americanos de descendência japonesa.
  Em 1957, o Congresso americano aprovou a emenda que autorizava a elevação do Havaí à categoria de Estado. Em 21 de agosto de 1959, como consequência do interesse estadunidense em fortalecer sua presença militar no Pacífico, o Havaí foi transformado no quinquagésimo estado dos Estados Unidos.
  Desde a década de 1970, grande parte da população havaiana começou a apoiar um movimento que pede maior autonomia do Havaí em relação aos Estados Unidos. Este movimento pede por auto-soberania, sem remoção dos laços políticos e econômicos existentes com os Estados Unidos. Em 1993, o então presidente, Bill Clinton, aprovou uma resolução, onde o governo americano oficialmente desculpava-se do papel que tiveram durante a revolução de 1893.
Praia no Havaí
ECONOMIA
  A economia do Havaí depende exclusivamente do turismo, da exploração mineral, da atividade pesqueira e da atividade agrícola direcionada principalmente ao plantio de cana-de-açúcar e de frutas, como abacaxi, além da atividade industrial voltada à transformação de produtos oriundos das atividades ligadas ao cultivo agrícola.
  O Havaí possui a menor taxa de desemprego dos Estados Unidos, que é de apenas 3,3%. O setor primário responde por 1% do PIB. A indústria agropecuária responde por 0,8% do PIB do Estado e emprega aproximadamente 21 mil pessoas. A pesca e a silvicultura respondem juntas por 0,2% do PIB, e empregam aproximadamente 2 mil pessoas.
  O setor secundário responde por 7% do PIB, com destaque para a indústria de construção, que responde por 4% do PIB e emprega aproximadamente 32 mil pessoas. A manufatura e a mineração respondem, juntas, por 3% do PIB e empregam cerca de 22 mil pessoas.
  O setor terciário é responsável pela maior parte do PIB do Havaí, com 92% do total, e emprega mais de 249 mil pessoas. O turismo é a principal fonte de renda, onde todos os anos, milhões de turistas visitam o Estado. Além das praias, o surf destaca-se como importante atrativo turístico. Foi no Havaí que esse esporte nasceu e se desenvolveu.
As ondas gigantescas fazem do Havaí o paraíso dos surfistas
ALGUNS DADOS SOBRE O HAVAÍ
NOME OFICIAL: Estado do Havaí
CAPITAL: Honolulu
Visão noturna de Honolulu - capital do Havaí
GENTÍLICO: havaiano, havaiana
LÍNGUA OFICIAL: inglês, havaiano
PROCLAMAÇÃO DO ESTADO: 21 de agosto de 1959
LOCALIZAÇÃO: Oceano Pacífico
ÁREA: 28.313,02 km² (43° maior estado em extensão dos Estados Unidos)
POPULAÇÃO: (Estimativa - 2014): 1.527.618 habitantes (40° estado mais populoso dos Estados Unidos)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 53,95 hab./km² (22° estado mais povoado dos Estados Unidos)
MAIORES CIDADES (Estimativa 2014):
Honolulu: 378.738 habitantes
Honolulu - capital e maior cidade do Havaí
Pearl City: 53.564 habitantes
Pearl City - segunda maior cidade do Havaí
Hilo: 48.584 habitantes
Hilo - terceira maior cidade do Havaí
PIB (Referente a 2010): U$ 68,900 bilhões (39° estado mais rico dos Estados Unidos)
IDH (2013): 0,961 (3° estado com maior IDH dos Estados Unidos)
MOEDA: Dólar Americano
RELIGIÃO: protestantes (38,8%), católicos (23,8%), mórmons (3,3%), budistas (9%), judeus (0,7%), sem religião, agnósticos, ateus e outras religiões (24,4%).
FONTE: Antunes, Celso Avelino. Geografia e participação: 8° ano / Celso Avelino Antunes, Maria do Carmo Pereira e Maria Inês Vieira. - 2. ed. - São Paulo: IBEP, 2012.

sábado, 31 de janeiro de 2015

OS MOVIMENTOS SOCIAIS

Filarmônica 11 de Dezembro da cidade de Carnaúba dos Dantas - RN
 Os movimentos sociais são ações coletivas de caráter social, cultural e político. São compostos de pessoas que se reúnem e se organizam para reivindicar ou promover algo a partir de interesses comuns. Desenvolvem um contexto de solidariedade alternativa que tenta resistir ou modificar as instituições estabelecidas, sejam locais, nacionais ou mesmo internacionais.
  Anteriormente, baseavam-se mais fortemente na luta dos operários por melhores condições no trabalho. Mais recentemente, no mundo globalizado, passaram também a enfatizar questões de identidade - sexo (defesa das mulheres), raça (luta contra preconceito), nacionalidade (construção da cidadania) etc. -; ecológicas (movimentos de defesa da natureza); de defesa do consumidor; reforma agrária (como o MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, no Brasil); contra a violência e exclusão social; a favor dos direitos humanos e da saúde (como os Médicos Sem Fronteiras e a Cruz Vermelha, em todo o mundo) e muitas outras.
  Um número significativa de organizações populares está concentrado no chamado Terceiro Setor, composto de associações comunitárias, organizações não governamentais (ONGs), fundações e até empresas denominadas "cidadãs", que contribuem para transformar o meio social no qual se inserem.
População protesta contra a Ditadura Militar no Brasil, no início dos anos 1980
Princípios dos movimentos sociais
  Dentre os princípios dos movimentos sociais, segundo o sociólogo francês Alain Touraine, estão:
1. Princípio de identidade - corresponde à autodefinição do ator social e à sua consciência de pertencer a um grupo ou classe social. Um movimento social só pode se organizar se essa definição for consciente. Entretanto, a formação do movimento precede essa consciência. É o conflito que constitui e organiza o ator.
2. Princípio de oposição - um movimento só se organiza se puder nomear seu adversário, mas a sua ação não pressupõe essa identificação. O conflito faz surgir o adversário, forma a consciência dos atores.
3. Princípio de totalidade - os atores em conflito, mesmo quando este seja circunscrito ou localizado, questionam a orientação geral do sistema. Um movimento social não é inteligível senão na luta tendo em vista o "controle da historicidade", isto é, dos modelos de conduta a partir dos quais uma sociedade produz suas práticas.
Alain Touraine
AS ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS (ONGs)
  As Organizações Não Governamentais (ONGs) são organizações formadas pela sociedade civil ou por grupos sociais sem fins lucrativos e que tem como missão a resolução de algum problema da sociedade, seja ele econômico, racial, ambiental, entre outros, ou a reivindicação de direitos e melhorias e fiscalização do poder público.
  As ONGs podem ser particulares ou públicas, desde que não tenham como principal objetivo a geração de lucros e, que se houver geração de lucros, estes sejam destinados para o fim a que se dedica a organização, não podendo este ser repassado aos proprietários ou diretores da organização.
  As organizações da sociedade civil são uma forma de suprimir as falhas do governo com relação à assistência e resolução dos problemas sociais, ambientais e até mesmo econômicos, podendo também auxiliá-lo na resolução desses problemas. As ONGs têm ainda a capacidade de despertar o civismo e a cooperação social nos seus participantes.
  Constituindo uma forte ferramenta de mobilização social, as organizações da sociedade civil contribuem para a manutenção da democracia, uma vez que possibilita a manifestação dos interesses das minorias.
  No Brasil, as ONGs ganharam força a partir do processo de redemocratização política que se deu após o período da Ditadura Militar (1964-1985). Mas foi a partir da década de 1990 que surgiram as principais organizações não governamentais no país, como o Instituto Ethos (1998) e a Rede de ONG's da Mata Atlântica (1992).
  Dentre as principais organizações não governamentais estão:
Fundações:
  • Fundação SOS Mata Atlântica - criada em 1986 para defender os últimos remanescentes de Mata Atlântica, gerando conhecimento e oferecendo capacitação de pessoas, essa fundação é uma organização não governamental privada, sem vínculos partidários ou religiosos e sem fins lucrativos. Recebe financiamento de diversas e grandes empresas privadas nas mais diferentes áreas de atuação como bancos, indústrias automotivas, alimentícias, de produtos de higiene pessoal, além de pessoas que se filiam à causa.
  • Fundação ABRINQ - criada em 1990, nasceu de uma proposta de empresas fabricantes de brinquedos sensibilizadas pela situação preocupante da infância no Brasil. Seu principal objetivo é mobilizar a sociedade para questões relacionadas aos direitos da infância e da adolescência, tanto por meio de ações, programas e projetos, como por meio do estímulo ao fortalecimento de políticas públicas de garantia à infância e adolescência. É mantida por pessoas, empresas e organizações nacionais e internacionais que lutam pela causa da criança e do adolescente. Dentre as principais ações da Abrinq estão: oferecer a crianças e adolescentes o acesso à educação, saúde, cultura, lazer, formação profissional e inclusão digital; proteger as crianças e os adolescentes que sofrem violação dos seus direitos ou que estão em situação de risco, por meio do combate ao trabalho infantil e da proteção de crianças e adolescentes nas diferentes formas de violência; sensibilizar e conscientizar a sociedade, o setor público, as organizações da sociedade civil e as empresas para se posicionar e participar das questões da infância e da adolescência do nosso país.
Associações
  • Anda (Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente) - fundada em 1978 por estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem como principal objetivo a preservação das florestas, ainda que sua influência tenha sido durante toda a sua história associada ao movimento ambientalista no estado de Minas Gerais, sendo uma das ONGs mais atuantes do Brasil.
  • Associações culturais - As associações culturais têm como missão e fim institucional apoiar e realizar iniciativas voltadas para o desenvolvimento social, artístico e cultural das comunidades, objetivando promover a arte e a cultura, implementando programas que vise o pleno exercício da cidadania cultural para o desenvolvimento da qualidade de vida da população, montar e apoiar oficinas, escolas informais, espetáculos nas áreas artísticas, apoiar estudos e pesquisas, captar fundos e recursos, patrocinar pesquisas e projetos relativos à geração de renda em arte e cultura, beneficiar grupos populares em situação de vulnerabilidade, entre outros.
Associação Cultural Maestro Felinto Lúcio Dantas, de Acari - RN
Institutos
  • Instituto Ethos - criado em 1998, o Instituto Ethos de Responsabilidade Social tem como missão "mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade sustentável e justa.
  • Instituto Akatu - criado no dia 15 de março de 2001, o Akatu, que em tupi significa "semente boa" ou "mundo melhor", tem como objetivo promover a responsabilidade social para educar e mobilizar a sociedade para o consumo consciente e a construção de uma sustentabilidade para o nosso planeta.
PRINCIPAIS MOVIMENTOS SOCIAIS DO BRASIL E DO MUNDO
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
  O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é um movimento político-social brasileiro que busca uma melhor distribuição das terras brasileiras. Esse movimento teve origem no modelo de reforma agrária imposto pelo regime militar, principalmente na década de 1970, que priorizava as terras devolutas em regiões remotas, com objetivo de exportação de excedentes populacionais e integração estratégica. Contrariamente a este modelo, o MST busca fundamentalmente a redistribuição das terras improdutivas.
  O MST teve origem no ano de 1984, na cidade de Cascavel, no Paraná, defendendo que a expansão da fronteira agrícola, os megaprojetos - como a construção de grandes barragens - e a mecanização da agricultura seriam formas de eliminar as pequenas e médias unidades de produção agrícola e aumentar a concentração da propriedade da terra.
  Paralelamente, o modelo de reforma agrária adotado pelo regime militar priorizava a colonização de terras devolutas em regiões remotas, tais como as áreas ao longo da rodovia Transamazônica, com o objetivo de "exportar excedentes populacionais" e favorecer a integração do território, considerada estratégica. Esse modelo, no entender do movimento, era inadequado e eventualmente catastrófico para centenas de famílias, que acabaram abandonadas, isoladas em um ambiente inóspito, condenadas a cultivar terras que se revelaram impróprias para o uso agrícola.
Construção da Transamazônica
  Nessa época, intensificou-se o êxodo rural, com a migração de mais de 30 milhões de camponeses para as cidades, atraídos pelo desenvolvimento urbano e industrial, durante o chamado "Milagre Econômico". Grande parte desses camponeses ficou desempregado ou subempregado, sobretudo no início dos anos 1980, quando a economia brasileira entrou em crise. Alguns tentaram resistir nas cidades, outros se mobilizaram para voltar ao campo. Desta tensão, movimentos locais e regionais se desenvolveram na luta pela terra.
  Em 1984, apoiados pela Comissão Pastoral da Terra, representantes dos movimentos sociais, sindicatos de trabalhadores rurais e outras organizações ruralistas reuniram-se em Cascavel, no Paraná, para a realização do Primeiro Encontro Nacional dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, fundando o MST.
João Pedro Stédile - um dos fundadores do MST
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST)
  O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) é um movimento de caráter social, político e popular organizado em 1997 pelo Movimento do Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) para atuar nas grandes cidades com o objetivo de lutar pela reforma urbana, por um modelo de cidade mais justa e pelo direito à moradia. É uma organização autônoma, com princípios, programa e forma de funcionamento próprios. Além do trabalho organizado de luta por moradia, o MTST mobiliza pessoas em bairros pobres, organizando lutas e propondo soluções para problemas que afligem os bairros periféricos pobres. Defende também uma transformação profunda da forma da sociedade, como única maneira de atender aos interesses dos trabalhadores. Aposta na luta direta, em especial através das ocupações de terrenos urbanos ociosos, orientada no sentido da construção de poder popular.
Movimento Nacional dos Catadores (as) de Materiais Recicláveis (MNCR)
  O Movimento Nacional dos Catadores (as) de Materiais Recicláveis (MNCR) é um movimento social que surgiu em meados de 1999 durante o Primeiro Encontro Nacional dos Catadores de Papel, sendo fundado em junho de 2001 durante o Primeiro Congresso Nacional dos Catadores (as) de Materiais Recicláveis em Brasília, e vem organizando os catadores e catadoras de materiais recicláveis por todo o Brasil. Nesse congresso foi lançada a Carta de Brasília, documento que expressa as necessidades do povo que sobrevive da coleta de materiais recicláveis. O principal objetivo desse movimento é valorizar os catadores de materiais recicláveis, bem como inserir os mesmos dentro da sociedade e formar cidadãos para um mundo mais justo e sustentável.
Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB)
  A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) é uma associação nacional de entidades que representam os povos indígenas do Brasil. Essa associação nasceu durante o Acampamento Terra Livre de 2005, num momento em que as lideranças indígenas regionais começavam a se tornar notórias nacionalmente, mas se encontravam ainda bastante dispersas e isoladas. Os propósitos declarados da fundação eram:
  • fortalecer a união dos povos indígenas e a articulação entre as diferentes regiões e organizações indígenas do país;
  • unificar as lutas dos povos indígenas, a pauta de reivindicações e as demandas e a política do movimento indígena;
  • mobilizar os povos e as organizações indígenas do país contra as ameaças e agressões aos direitos indígenas.
  Fazem parte da APIB: Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME), Articulação dos Povos Indígenas do Pantanal e Região (ARPIPAN), Articulação dos Povos Indígenas do Sudeste  (ARPINSUDESTE), Articulação dos Povos Indígenas do Sul (ARPINSUL), Grande Assembleia do Povo Guarani (ATY GUASSÚ) e a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB).
Movimento Negro (MN)
  O Movimento Negro (MN) é um movimento social composto por pessoas de diversas origens étnicas, que defendem a igualdade civil entre as pessoas, independentemente de sua ascendência racial. O movimento negro, assim como outros movimentos sociais, é liderado por indivíduos que percebem a relevância da igualdade racial para o desenvolvimento do Brasil.
  O militante negro quase sempre tende a vestir roupas com a expressão 100% negro, ouve rap e/ou pagode, usam cores da bandeira da Jamaica e acredita que a solução de todos os problemas sociais brasileiros virá quando a sociedade deixar de ser racista.
Integrantes do Movimento Negro
Comissão Pastoral da Terra (CPT)
  A Comissão Pastoral da Terra (CPT) é um órgão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), vinculado à Comissão Episcopal para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz e nascido em 22 de junho de 1975 durante o Encontro de Pastoral da Amazônia, convocado pela CNBB e realizado em Goiânia (GO).
  Fundada em plena ditadura militar, como resposta à grave situação dos trabalhadores rurais, posseiros e peões, sobretudo na Amazônia, a CPT teve um importante papel na defesa das pessoas contra a crueldade deste sistema de governo, que só fazia o jogo dos interesses capitalistas nacionais e transnacionais. A CPT também atua junto aos trabalhadores assalariados e boias-frias.
Grito dos Excluídos
  O Grito dos Excluídos é um conjunto de manifestações populares que ocorrem no Brasil ao longo da Semana da Pátria, que culminam com o Dia da Independência do Brasil, em 7 de Setembro. Estas manifestações têm como objetivo dar visibilidade aos excluídos da sociedade, denunciar os mecanismos sociais de exclusão e sinalizar/propor caminhos alternativos para uma sociedade mais inclusiva. Participam do movimento: as igrejas do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, movimentos sociais, organizações e entidades envolvidas com a justiça social.
  As manifestações são variadas: celebrações, atos públicos, romarias, caminhadas, seminários e debates, teatro, música, dança, feiras de economia solidária, além de outras.
Via Campesina
  A Via Campesina é uma organização internacional de camponeses composta por movimentos sociais e organizações de todo o mundo. A organização visa articular os processos de mobilização social dos povos do campo em nível internacional. Essa organização coordena organizações camponesas de pequenos e médios agricultores, trabalhadores agrícolas, mulheres camponesas e comunidades indígenas da Ásia, África, América e Europa, sendo um movimento autônomo e pluralista.
LGBTT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros)
  A LGBTT é a sigla de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros, e é utilizado para identificar todas as orientações sexuais minoritárias e manifestações de identidades de gênero divergentes do sexo designado no nascimento.
  Inicialmente, o termo mais comum era GLS, sendo a representação para gays e lésbicas. Com o crescimento do movimento contra a homofobia e da livre expressão sexual, a sigla foi alterada para GLBS, que foi mudado GLBTS com a inclusão da categoria dos transgêneros.
  O principal objetivo desse movimento é visibilizar a transfobia (discriminação relativa à pessoas transexuais e transgênero) sofrida por pessoas transexuais, particularmente, os travestis. O principal movimento organizado por essa associação é a Parada do Orgulho Gay.
Marcha da Reforma Urbana
  Iniciativa dos movimentos sociais CONAM (Confederação Nacional de Associações de Moradores), MNLM (Movimento Nacional de Luta pela Moradia), UNMP (União Nacional por Moradia Popular), CMP (Central de Movimentos Populares), FNRU (Fórum Nacional de Reforma Urbana) e da FNSA (Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental), a Marcha da Reforma Urbana conseguiu sensibilizar a sociedade e o poder público, garantindo conquistas importantes na promoção do direito à cidade.
  O objetivo desse movimento é mobilizar a sociedade e o poder público para a necessidade de colocar a questão urbana no centro da questão social, apresentando uma agenda de políticas públicas que garantam a efetivação do direito a cidades socialmente mais justas, democráticas e sustentáveis.
Ação Global dos Povos (AGP)
  A Ação Global dos Povos (AGP) é um movimento radical e social, que realiza campanhas populares e ações diretas em resistência ao capitalismo e para justiça ambiental e social. O objetivo desse movimento é lutar contra o capitalismo e a globalização e a formação de uma sociedade mais justa e com maior preocupação com o meio ambiente. A maior função da AGP seria servir um espaço político para ações descentralizadas de dias de ação globais anticapitalistas e movimentos populares de resistência ao capitalismo.
  Os principais princípios da AGP são:
  • rejeição muito clara ao capitalismo, ao imperialismo, ao feudalismo e a todo acordo comercial, instituições e governos que promovem uma globalização destrutiva;
  • rejeição a todas as formas e sistemas de dominação e discriminação, como o patriarcado, o racismo e o fundamentalismo religioso de todos os credos;
  • confronto com as organizações antidemocráticas e tendenciosas e com o capital transnacional;
  • apoio à ação direta, à desobediência civil e às lutas dos movimentos sociais, propondo formas de resistência que maximizem o respeito à vida e os direitos dos povos oprimidos, assim como a construção de alternativas locais ao capitalismo global;
  • filosofia organizacional baseada na descentralização e na autonomia.
Marcha Mundial das Mulheres (MMM)
  A Marcha Mundial das Mulheres (MMM) é um movimento feminista internacional que se iniciou em 2000, com a finalidade de realizar uma campanha mundial contra a pobreza e a violência contra as mulheres. Nesse mesmo ano, realizou-se a primeira marcha, com uma grande mobilização que reuniu mulheres do mundo todo, que iniciou no dia 8 de Março (Dia Internacional da Mulher) e terminou no dia 17 de outubro, tomando por base o chamado "2000 razões para marchar contra a pobreza e a violência sexista".
  A MMM propõe-se a organizar as mulheres urbanas e rurais a partir da base e se aliar com os diferentes movimentos sociais na defesa das mulheres como sujeitos ativos na luta pela transformação de suas vidas e, para isso, a superação do sistema capitalista patriarcal, racista, homofóbico e destruidor do meio ambiente.
Fórum Social Mundial (FSM)
  O fórum Social Mundial é um evento altermundialista organizado por movimentos sociais, ONGs e pela comunidade civil de vários países, com o objetivo de elaborar alternativas para uma transformação social global, além de discutir e lutar contra o neoliberalismo, o imperialismo e, sobretudo, contra as desigualdades sociais provocadas pela globalização. É caracterizado por ser não governamental e apartidário.
  Nos encontros da FMS objetiva-se promover debates abertos descentralizados, assim como a formulação de propostas que sirvam de alternativas para o padrão econômico e social mundial, a troca de experiências entre os diversos movimentos sociais e a promoção de uma articulação entre pessoas, movimentos e instituições que se opõem ao neoliberalismo.
  O primeiro encontro do FMS aconteceu em 2001, na cidade de Porto Alegre (RS). Nesse encontro, quatro grandes temas foram debatidos: a produção de riquezas e a reprodução social; o acesso às riquezas e à sustentabilidade; a afirmação da sociedade civil e dos espaços públicos; e o poder político e a ética na nova sociedade. Esse fórum é uma oposição ao Fórum Econômico Mundial, que ocorre todos os anos em Davos, na Suíça.
Médicos sem Fronteiras
  O Médicos sem Fronteiras ou Médecins sans Frontiéres (MSF) é uma organização internacional, não governamental e sem fins lucrativos que oferece ajuda médica e humanitária a populações em situações de emergência, em casos como conflitos armados, catástrofes, epidemias, fome e exclusão social. É a maior organização não governamental de ajuda humanitária do mundo na área da saúde.
  O MSF proporciona também ações de longo prazo, na ajuda a refugiados, em casos de conflitos prolongados, instabilidade crônica ou após a ocorrência de catástrofes naturais ou provocadas pela ação humana. A organização foi criada com a ideia de que todas as pessoas têm direito a tratamento médico, e que essa necessidade é mais importante do que as fronteiras nacionais.
Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV)
  O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) é uma organização humanitária, independente e neutra, que se esforça em proporcionar proteção e assistência às vítimas de guerra e de outras situações de violência.
  Com sua sede em Genebra, na Suíça, possui um mandato da comunidade internacional para servir de guardião do Direito Internacional Humanitário, além de ser o órgão fundador do Movimento da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.
  No seu constante diálogo com os Estados, o CICV insiste continuamente no seu caráter neutro e independente em relação a qualquer governo ou a qualquer outra autoridade.
Caritas Internacional
  A Caritas Internacional é uma confederação de 162 organizações humanitárias da Igreja Católica que atua em mais de duzentos países, cuja missão é trabalhar para construir um mundo melhor, especialmente para os pobres e oprimidos. Atua na promoção social dos excluídos e excluídas e trabalha na defesa dos direitos humanos, da segurança alimentar e do desenvolvimento sustentável solidário, em defesa da vida e na participação da construção solidária de uma sociedade justa, igualitária e plural.
Greenpeace
  A Greenpeace é uma organização não governamental de ambiente com sede em Amsterdã, Países Baixos, e com escritórios espalhados em mais de 40 países, que atual internacionalmente em questões relacionadas à preservação do meio ambiente e desenvolvimento sustentável, com campanhas dedicadas às áreas de florestas, clima, nuclear, oceanos, engenharia genética, substâncias tóxicas, transgênicos e energia renovável. A organização busca sensibilizar a opinião pública através de atos, publicidades e outros meios. Sua atuação é baseada nos pilares filosófico-morais da desobediência civil e tem como princípio básico, a ação direta.
FONTE: Lucci, Elian Alabi. Geografia: homem & espaço, 7° ano / Elian Alabi Lucci, Anselmo Lázaro Branco. - 20. ed. - São Paulo: Saraiva, 2010.

ADSENSE

Pesquisar este blog