quinta-feira, 9 de outubro de 2014

JERUSALÉM: A CIDADE SAGRADA PARA AS TRÊS PRINCIPAIS RELIGIÕES MONOTEÍSTAS DO GLOBO

  Cidade de pedra numa paisagem de pedra, postada sobre planaltos calcários, a mil metros de altitude, abre-se para o árido deserto da Judeia e fica próxima ao estéril Mar Morto.
  Apesar do cenário adverso, há três milênios, desde que o rei Davi a conquistou dos jebuseus, e seu filho Salomão lá ergueu o Primeiro Templo, Jerusalém é o centro da cultura e da religião judaicas. Para os cristãos, é simplesmente o palco do maior drama de sua religião, a Paixão de Cristo. Para os muçulmanos, é a terceira cidade sagrada, após Meca e Medina.
  Quando as sirenes anunciam o shabat, o repouso sagrado judaico, os sinos das igrejas cristãs tocam, ou os muezzins chamam os fiéis para o culto islâmico, o poder de Jerusalém se manifesta em toda a plenitude.
  Há três dias de repouso religioso por semana - sextas-feiras (para os muçulmanos), sábado (para os judeus) e domingos (para os cristãos) - e uma infinidade de festas que, somadas, preenchem o ano inteiro. Os cultos se ignoram mutuamente, mas a religiosidade está no ar.
  Os judeus visitam a Cidade Velha para rezar junto ao Muro Ocidental (o chamado Muro das Lamentações, muralha remanescente do Segundo Templo). Os cristãos vêm para acompanhar a presumida rota de Jesus. Os muçulmanos vêm para tocar a pedra sob o dourado Domo da Rocha, de onde, ao que se diz, Maomé se elevou aos céus. Assim, Jerusalém é vital para as três religiões que, mesmo interligadas, vêm se confrontando por séculos e séculos.
Mapa da Cidade Velha de Jerusalém
  Para muitos, a palavra Yerushalavim (Jerusalém) é uma combinação das palavras em hebraico "yerusha" (legado) e "Shalom" (paz) - legado da paz. Para outros, "Shalom" é um cognato do nome hebraico "Shlomo" - Rei Salomão, o construtor do Primeiro Templo. Alternativamente, a segunda parte da palavra seria Salem (Shalem literalmente "completo" ou "em harmonia"), um nome recente de Jerusalém.
HISTÓRIA
  Jerusalém tem uma longa e rica história acentuada por seu significado religioso, simbólico e estratégico. Ela permanece como testemunho da vida e das culturas dos numerosos povos que ali reinaram. A longa história, sua importância central e o imaginário espiritual da cidade deram origem a uma vasta literatura sobre o passado de Jerusalém.
  Há mais de cinco mil anos, depois que um período de seca assolou a Península Arábica, os cananeus, tribos dos árabes semitas, vieram se estabelecer nos territórios a leste do mar Mediterrâneo que formam hoje a Síria, o Líbano, a Jordânia e a Palestina.
Localização de Jerusalém
  Os Jebusitas, um subgrupo cananeu, fundaram Jebus - Jerusalém - no lugar onde ela está localizada hoje e edificaram o primeiro muro ao seu redor, dotado de 30 torres e sete portões. Aproximadamente dois mil anos mais tarde, os filisteus, vindos de Creta, chegaram na terra de Canaã. Misturaram-se com as tribos cananeias e viveram na área sudoeste da moderna Palestina, sobre a costa do mar Mediterrâneo na atual área que se estende da Faixa de Gaza até Ashdod e Ashkelon. Os cananeus deram aos territórios que eles habitaram o nome bíblico de "A Terra de Canaã", enquanto os filisteus deram-lhe o nome de Filistina ou Palestina.
Muro de Jebusita, na cidade de Davi
  Os cananeus descobriram que estavam numa localização estratégica, cercada por poderosos impérios originários do Egito a sudoeste, através do mar Mediterrâneo a oeste, e a Mesopotâmia e Ásia a nordeste. Mil anos antes do nascimento de Cristo, os egípcios, assírios, babilônicos, persas, mongóis, gregos e romanos cresceram ao redor da terra dos cananeus e filisteus e a governaram por variados períodos de tempo.
  A posição geográfica da área significava que ela servia tanto como uma ponte entre os vários impérios regionais, como uma arena para lutas e conflitos entre eles. Em consequência, os cananeus nunca puderam estabelecer um Estado forte e unificado, e suas organizações políticas tomaram a forma de cidades independentes dotadas de governos ligados por relações federativas. Entre as cidades costeiras mais proeminentes dos filisteus, cananeus e fenícios que habitaram a atual área da Palestina estavam Beirute (Bairtuyus), Sidon, Tiro, Acre, Ashkelon e Gaza. As cidades cananeias do interior incluíam Jericó, Nablus (Shikim) e Jerusalém (Jebus). A religião dessas primeiras civilizações da Palestina era centrada na natureza: o céu era o Deus Pai e a Terra era a Mãe Terra. Esses povos semitas de Canaã formaram a base do tronco do qual descendem os palestinos de hoje.
Tribos da Palestina
  Por volta do século VIII a.C., Abraão veio de Ur, no sul da Mesopotâmia, para a terra de Canaã. Ele se estabeleceu nas cercanias do vale do Jordão. Abraão não era nem judeu nem cristão, mas um crente na unicidade de Deus. Ele é descrito no Gênesis como tendo adorado "o mais alto Deus". O Corão menciona que ele era um "muçulmano", não na acepção moderna de alguém que segue as leis reveladas no Alcorão, mas sim no sentido de Ter entregue "sua submissão à vontade de Deus". Assim, cristãos, judeus e muçulmanos ainda rogam por ele em todas as suas preces, como acreditam que Deus lhes exortou a fazerem.
  Agar, a concubina de Abraão, lhe gerou seu filho Ismael, de quem os atuais muçulmanos traçam a sua descendência. Porém, sua mulher Sara gerou-lhe o filho Isaac, do qual os atuais judeus traçam a sua linhagem. Abraão se mudou para um lugar perto de Hebron (Al-Khalil), onde viveu pregando o monoteísmo. Quando morreu, Ismael e Isaac sepultaram-no na mesma cova onde sua mulher Sara foi sepultada. Seu filho Isaac gerou Jacó (Israel), que viveu na região de Harran (Aram).
A partida de Abraão, por Jozsef Molnar
  Por volta de 1300 a.C., os doze filhos de Jacó (Israel) partiram para o Egito. Eles se integraram aos egípcios e José, o mais jovem dos filhos de Jacó, casou com a filha do sumo sacerdote. Originalmente era um pequeno grupo de pessoas que se multiplicara e ganhara força durante centenas de anos no Egito, tornando-se os israelitas. Foi no Egito que Moisés, o fundador do judaísmo e o mais eminente legislador e também profeta para as três religiões reveladas, nasceu e estudou filosofia egípcia, tornando-se letrado em todas as ciências dos egípcios. Moisés, juntamente com seu povo (B'nei Israel) deixaram o Egito por volta do século XIII a.C. e vagaram durante 40 anos no Sinai. Nesse tempo Moisés recebeu a Lei Divina (Os Dez Mandamentos) no monte Sinai (Tur).
Passagem bíblica em que Moisés abre o Mar Vermelho para a passagem dos israelitas
  Após a morte de Moisés, Josué assumiu a liderança dos israelitas e os conduziu para o oeste pelo rio Jordão até Canaã. A primeira cidade cananeia que Josué conquistou foi Jericó, destruindo-a juntamente com seus habitantes. Depois, ele assumiu o controle de Yashuu (Bayt Eli), Likihish e Hebrom, embora os filisteus tenham bloqueado o avanço do povo de Moisés rumo à costa, na área entre Gaza e Jafa, enquanto os cananeus impediram-nos de conquistar Jerusalém. Quando chegaram a Canaã, foram influenciados pelos cananeus e imitaram seus ritos religiosos, especialmente na apresentação de ofertas sacrificiais ao Deus Baal.
Mapa de Jerusalém durante o Antigo Testamento
  Nos 150 anos seguintes, os israelitas, filisteus e cananeus controlaram, alternadamente, porções da área da moderna Palestina, com os cananeus (jebusitas) controlando Jerusalém. Porém, nenhum grupo foi capaz de consolidar o controle sobre toda a área. Houve numerosas lutas entre os grupos, sendo que cada um mantinha sua própria cultura e independência.
  Por volta de 1000 a.C., o rei dos israelitas, Davi, pôde subjugar os pequenos estados de Edom, Moab e Amon. Durante sete anos ele fez de Hebron sua capital, mas, depois transferiu o centro do poder para Jerusalém.
  Após a morte de Davi, assume o trono o seu filho Salomão, que ganhou fama após ter erguido o lugar de adoração a Deus conhecido como Templo de Salomão. Para os judeus, esse templo tornou-se o centro da vida religiosa e o símbolo básico de sua unidade, além de ter sido um ponto de peregrinação emocional para o povo judeu.
Mapa da Palestina do Antigo Testamento
  Com a morte de Salomão seu reino foi dividido em dois: o Reino de Israel, ao norte, composto por dez tribos, com Samaria (Sebastia) como sua capital, e o Reino da Judeia, ao sul, composto por duas tribos, com Jerusalém como sua capital.
  Por volta de 720 a.C., os assírios, governados pelo rei Sargão, destruíram o reino israelita do norte. Em 600 a.C. os babilônios, sob o comando de Nabucodonosor, conquistaram o reino israelita do sudeste, destruindo o templo de Salomão no ano de 586 a.C. e, em ambos os casos, a maioria da população foi levada para a Assíria e a Babilônia, na Mesopotâmia, para servir como escravos e Jerusalém tornou-se colônia babilônica.
Mapa das Doze Tribos de Israel
  Por volta de 838 a.C., Ciro, rei dos persas, conquistou a Babilônia, prosseguindo suas conquistas até ocupar a Síria e a Palestina, incluindo Jerusalém e permitiu que os escravos de Nabucodonosor retornassem à Palestina. Com a volta dos israelitas foi construído o Segundo Templo, sendo concluído em 515 a.C..
  Com o florescimento do império grego, os gregos dominaram durante sete anos a Palestina, que depois passou a ser dominada pelo Egito (322-200 a.C.), quando os selêucidas da Síria conquistaram a Palestina e dominaram a região entre 200 e 142 a.C.. Nesse ano, o rei Antióquio IV, que tinha danificado o Templo de Salomão, forçou os judeus a renunciarem ao judaísmo e a abraçarem o paganismo grego.
  Por volta de 63 a.C. após os romanos terem subjugados os selêucidas na Síria, o general romano Pompeu assumiu o controle sobre Jerusalém. Com a ajuda dos romanos, Herodes se tornou rei da Judeia no ano 40 a.C., cujo reinado durou até a sua morte em 4 a.C.. Herodes o Grande, como era conhecido, dedicou-se a desenvolver e embelezar a cidade de Jerusalém. Ele construiu muralhas, torres e palácios, expandiu o Templo do Monte (Templo de Salomão) e reforçou o pátio com blocos de pedra que pesavam até cem toneladas.
Maquete do Templo de Salomão
  Em 6 d.C., a cidade, assim como grande parte da região ao seu redor, entrou sob o controle direto dos romanos, como já tinha acontecido na Judeia. Herodes e seus descendentes até Agipa II permaneceram reis-clientes da Judeia até o ano 96 d.C.
  O domínio romano sobre Jerusalém e região começou a ser contestada a partir da primeira guerra judaico-romana, quando houve a Grande Revolta Judaica em 70 d.C.. Nesse ano, durante o governo romano de Tito, os romanos infligiram aos judeus uma derrota devastadora. Tomaram Jerusalém, queimaram e destruíram totalmente o Templo de Salomão, além de subjugarem e expulsarem os judeus da Palestina. Os romanos ergueram uma nova cidade sobre as ruínas de Jerusalém, a qual eles denominaram de Aelia Capitolina, com referência ao imperador Aelius Adrianus.
Destruição do Templo de Salomão
  Em 132 d.C., ocorreu a Revolta de Bar Kokhba, uma rebelião de judeus contra o domínio romano no qual os judeus dominaram a cidade por três anos. Em 135 os romanos recapturaram a cidade e, como medida punitiva, Adriano proibiu os judeus de entrarem em Jerusalém e rebatizou toda a Judeia de Síria Palestina numa tentativa de des-judaizar o país. Essa proibição sobre os judeus continuou até o século IV. Em 395 Jerusalém tornou-se uma cidade bizantina e cristã. Embora a Palestina e seus habitantes, política e religiosamente, fizessem parte do império bizantino, a vida e a cultura dos cananeus locais permaneceram voltadas para Jerusalém.
Cerco romano e destruição de Jerusalém, por David Roberts
  Durante o século IV, o imperador Constantino I construiu partes católicas em Jerusalém, como a Igreja do Santo Sepulcro. Jerusalém obteve um grande crescimento populacional, chegando a possuir mais de 200 mil habitantes.
  Após um breve período de controle persa, a Palestina e a Síria deixaram de pertencer à Roma e passaram ao domínio do império árabe-islâmico. Jerusalém tornou-se a primeira direção das preces dos muçulmanos e a Palestina "os recintos que Deus abençoou".
Igreja do Santo Sepulcro
  Em 638, o segundo califa, Omar Ibn al-Khattab, chegou a Jerusalém. Omar acreditava que Alá ordenara respeito à santidade a cidade de Jerusalém e o respeito por Ahl al-Kitab (O povo do livro). De acordo com o islã, a liberdade de culto a Ahl al-Kitab em Jerusalém é uma dádiva de Deus e, por isso, não pode ser subtraída por mãos humanas. Assim, Omar não tomou a cidade pela força, mas de forma pacífica, instituindo a Convenção de Omar, um acordo que determinava o controle muçulmano sobre a cidade mas reconhecia o direito inalienável à liberdade de expressão para judeus e cristãos em Jerusalém.
  Omar confiou a duas famílias árabes muçulmanas em Jerusalém as chaves da Igreja do Santo Sepulcro. Ele agiu assim objetivando mandar uma mensagem aos muçulmanos de que a igreja era um templo sagrado e que não deveria ser danificado, desrespeitado ou violado, encontrando uma solução para amenizar as rixas existentes entre as várias seitas cristãs sobre quem deveria controlar a igreja. Das famílias árabes residentes na cidade, algumas se converteram ao islã imediatamente, enquanto outras mantém até os dias atuais a fé cristã. Entre essas famílias árabes cristãs e muçulmanas da velha Jerusalém estão os Khalidis, os Alamis, os Nuseibehs, os Judahs, os Nassars e os Haddads.
A Torre de Davi visto a partir de Vale Hinnom
  A lei muçulmana vigorou em Jerusalém e na Palestina desde o século VII até o começo do século XX, exceto durante o período das Cruzadas. Os cruzados capturaram a cidade em 1099, viram-na libertada pelos aiúbidas sob Saladino em 1187, sendo recapturada em 1229. Cerca de 15 anos mais tarde, os muçulmanos dominaram novamente Jerusalém, restabelecendo seu governo, e controlando a cidade até a ocupação britânica na Primeira Guerra Mundial, em 1917.
  As dinastias islâmicas - omíadas, abássidas, fatimidas, seldjúcidas, aiúbidas, mamelucos, otomanos e hashimitas - respeitaram o "status quo ante" instituído na Convenção de Omar. Todos eles participaram da reconstrução de Jerusalém, preservando a santidade de sua herança e desenvolvendo seu legado islâmico e árabe. Essas dinastias se esforçaram para reconstruir as mesquitas da Abóbada da Rocha e de al-Aqsa, referenciadas no primeiro verso da Sura 17 do Qur'na.
Captura de Jerusalém durante a Primeira Cruzada, em 1099
  Em 1517, Jerusalém e região caiu sob domínio Turco Otomano, que permaneceu no controle até 1917. Assim como grande parte do domínio Otomano, Jerusalém permaneceu como um provincial e importante centro religioso, e não participava da principal rota comercial entre Damasco e Cairo. No entanto, os turcos muçulmanos trouxeram muitas inovações: sistemas modernos de correio usado por vários consulados, o uso da roda para meio de transporte, diligências e carruagens, o carrinho de mão e a carroça, a lanterna a óleo, provocando a modernização da cidade. Em meados do século XIX, os otomanos construíram a primeira estrada pavimentada ligando Jaffa a Jerusalém e, em 1892, a ferrovia atingindo a cidade.
  Com a ocupação de Jerusalém por Muhammad Ali do Egito em 1831, missões e consulados estrangeiros começaram a se estabelecer na cidade. Em 1836, Ibrahim Pasa permitiu aos judeus reconstruirem as quatro grandes sinagogas, entre eles a Hurva.
Sinagoga Hurva, localizada na Cidade Velha de Jerusalém
  O controle turco foi reinstalado em 1840, porém, muitos egípcios muçulmanos permaneceram em Jerusalém. Judeus de Argel e da África do Norte começaram a se instalar na cidade, em número cada vez maior. Ao mesmo tempo, os otomanos construíram curtumes e matadouros perto dos lugares sagrados para os judeus e cristãos "para que um mau cheiro sempre incomode os infiéis". Nas décadas de 1840 e 1850, os poderes internacionais iniciaram um "cabo-de-guerra" na Palestina, tentando ampliar sua proteção ao longo do país para as minorias religiosas.
  Na década de 1860, novos bairros começaram a surgir fora dos muros da Cidade Velha com o objetivo de aliviar a intensa superlotação e o pouco saneamento que existia na cidade intramuros. O Composto Russo e Mishkenot Sha'ananim foram fundados em 1860.
Bairro Mishkenot Sha'ananim em Jerusalém
  Em 1917, após a Batalha de Jerusalém, o exército britânico, liderado pelo General Edmund Allenby, capturou a cidade e, em 1922, a Liga das Nações, sob a Conferência de Lausanne, confiou ao Reino Unido a administração da Palestina.
  De 1922 a 1948 a população total da cidade passou de 52.000 para 165.000 habitantes, sendo dois terços de judeus e um terço de árabes (muçulmanos e cristãos). A situação entre árabes e judeus na Palestina nunca foi tranquila. Sob o domínio britânico, novos subúrbios foram construídos no oeste e na parte norte da cidade e instituições de ensino superior, como a Universidade Hebraica, foram fundadas.
Universidade Hebraica de Jerusalém
  A medida que o Mandato Britânico da Palestina foi terminando, o Plano de Partilha das Nações Unidas de 1947 recomendou a criação de um regime internacional, em especial na cidade de Jerusalém, constituindo-a como um corpus separatum no âmbito da administração das Nações Unidas. O regime internacional deveria continuar em vigor por um período de dez anos, e seria realizado um referendo na qual os moradores de Jerusalém iriam votar para decidir o futuro regime da cidade. No entanto, este plano não foi implementado, porque a guerra de 1948 eclodiu enquanto os britânicos se retiravam da Palestina e Israel declarava-se independente.
  A guerra levou ao deslocamento das populações árabe e judaica na cidade. Cerca de 1.500 residentes do Bairro Judeu da Cidade Velha foram expulsos e algumas centenas tomados como prisioneiros quando a Legião Árabe capturou o bairro em 28 de maio de 1948. Moradores de vários bairros e aldeias árabes do oeste da Cidade Velha saíram com a chegada da guerra, mas alguns permaneceram e foram expulsos ou mortos.
Casas destruídas durante a Primeira Guerra Árabe-Israelense em 1948
  A guerra terminou com Jerusalém dividida entre Israel e Jordânia (até então chamada de Cisjordânia). Segundo o Plano de Partilha da Palestina, as áreas de Jerusalém e Belém ficariam sob controle internacional. O Armistício de 1949 criou uma linha de cessar-fogo que atravessava o centro da cidade e à esquerda o Monte Scopus como um exclave israelense. Arame farpado e barreiras de concreto separaram Jerusalém Oriental e Jerusalém Ocidental, e caçadores militares frequentemente ameaçavam o cessar-fogo. Após a criação do Estado de Israel, Jerusalém foi decretada a sua capital. A Jordânia anexou formalmente Jerusalém Oriental em 1950, sujeitando-a à lei jordaniana, em uma atitude que só foi reconhecido pelo Paquistão.
  A Jordânia assumiu o controle dos lugares sagrados na Cidade Velha. Contrariamente aos termos do acordo, foi negado o acesso aos israelitas aos locais sagrados judaicos, muitos dos quais foram profanados, e apenas foi permitido o acesso muito limitado aos locais sagrados cristãos. Durante este período, a Cúpula da Rocha e a Mesquita de al-Aqsa sofreram grandes renovações.
Plano de Partilha da Palestina
  Durante a Guerra dos Seis Dias em 1967, Israel ocupou Jerusalém Oriental e afirmou a soberania sobre toda a cidade, embora a ocupação e a posterior anexação do setor oriental tenham sido condenadas pelas resoluções 252, 446, 452 e 465 das Nações Unidas, além de contrariar a Quarta Convenção de Genebra. O acesso aos lugares sagrados judeus foi estabelecido, enquanto o Monte do Templo permaneceu sob jurisdição de um waqf islâmico (doação religiosa para muçulmanos ou para fins de caridade). O Bairro Marroquino, que era localizado adjacente ao Muro das Lamentações, foi desocupado e destruído para abrir caminho a uma praça para aqueles que visavam o muro. Desde a guerra, Israel tem expandido as fronteiras da cidade e estabelecido um "anel" de bairros judeus em terrenos vagos no leste da Linha Verde.
  No entanto, a aquisição de Jerusalém Oriental recebeu duras críticas internacionais. Na sequência da aprovação da Lei de Jerusalém, que declarou Jerusalém "completa e unida" capital de Israel, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou uma resolução que declarava a lei "uma violação do direito internacional" e solicitou que todos os Estados-membros retirassem suas embaixadas da cidade.
  O status da cidade, e especialmente os seus lugares sagrados, continuam a ser uma questão central no conflito palestino-israelense. Colonos judaicos ocuparam lugares históricos e construíram suas casas em terras confiscadas de palestinos, a fim de expandir a presença judaica na parte oriental de Jerusalém, enquanto líderes árabes têm insistido que os judeus não têm qualquer laço histórico com a cidade. Os palestinos encaram Jerusalém Oriental como a capital do futuro Estado palestino, embora permaneça sob ocupação israelense.
Planta da Cidade Velha de Jerusalém
GEOGRAFIA
  Jerusalém está situada no sul de um planalto na Judeia, que inclui o Monte das Oliveiras a leste e o Monte Scopus, a nordeste. A elevação da Cidade Velha é de aproximadamente 760 metros. A grande Jerusalém é cercada por vales e leitos de rios secos (wadis). Os vales do Cedron, Hinom e Tyropoeon se unem em uma área ao sul da cidade antiga de Jerusalém. O Vale do Cedron segue para o leste da Cidade Velha e divide o Monte das Oliveiras a partir da cidade propriamente dita.
  Ao longo do lado sul da antiga Jerusalém está o Vale do Hinom, uma ravina íngreme associada com a escatologia cristã bíblica com o conceito de inferno ou Geena.
Vale do Hinom
  O Vale de Tyropoeon começa na região noroeste próximo ao Portão de Damasco, dirige-se ao sudoeste através do centro da Cidade Velha para baixo do Reservatório de Siloé, e a parte inferior é dividida em duas colinas: o Monte do Templo no leste, e o resto da cidade no oeste. Hoje, este vale está escondido por destroços que se acumularam ao longo dos séculos.
  Nos templos bíblicos, Jerusalém foi cercada por florestas de amêndoa, azeitona e pinheiros. Ao longo de séculos de guerras e de negligência, estas florestas foram destruídas. Os agricultores da região de Jerusalém, então, construíram terraços de pedra ao longo das encostas para reter o solo, um recurso ainda em evidência na paisagem de Jerusalém.
Portão de Damasco
  O abastecimento de água sempre foi um grande problema de Jerusalém, intrincada pela rede de antigos aquedutos, túneis, reservatórios e cisternas encontradas na cidade.
  A cidade é caracterizada por um clima mediterrâneo, com verões quentes e secos, e invernos amenos e chuvosos. Cai neve normalmente uma ou duas vezes no inverno, embora a cidade experimente forte neve a cada três ou quatro anos em média.
  Janeiro é o mês mais frio do ano, com uma temperatura média de 8ºC, julho e agosto são os meses mais quentes, com temperaturas médias de 23ºC. As temperaturas variam muito do dia para a noite, e as noites de Jerusalém são tipicamente amenas, mesmo no verão. A precipitação média anual é de aproximadamente 590 milímetros, com o período das chuvas ocorrendo principalmente entre outubro e maio.
Jerusalém coberta de neve, em dezembro de 2013
  A maior parte da poluição do ar em Jerusalém vem do tráfego de veículos. Muitas das principais ruas da cidade não foram construídas para acolher um volume tão grande de veículos, levando a congestionamentos frequentes e grande quantidade de monóxido de carbono liberado na atmosfera. A poluição industrial dentro da cidade é baixa, mas as emissões provenientes de fábricas na costa mediterrânea podem se deslocar devido aos ventos e pairar sobre a cidade.
Reservatório de Siloé
CRÍTICA AO PLANEJAMENTO URBANO DE JERUSALÉM
  Os críticos dos esforços para promover uma maioria judaica em Israel dizem que as políticas de planejamento do governo são motivados por estudos demográficos que procuram limitar as construções da população árabe, promovendo, simultaneamente, as construções destinadas aos judeus.
  De acordo com um relatório do Banco Mundial, o número de violações em construções registradas entre 1996 e 2000 foi quatro vezes e meia superior nos bairros judaicos, mas foram emitidas quatro vezes menos ordens de demolição em Jerusalém Ocidental do que em Jerusalém Oriental. Os árabes de Jerusalém tinham mais dificuldades para receber a permissão de construir do que os judeus, e "as autoridades provavelmente agem mais contra os palestinos que constroem sem licença" do que contra os judeus que violam os processos de licenciamento.
Casas de palestinos sendo destruídas em Jerusalém, em julho de 2010
  Nos últimos anos, fundações judaicas privadas têm recebido permissão do governo para desenvolver projetos em terras disputadas, como no parque arqueológico Cidade de Davi, no bairro palestino de Silwan (ao lado da Cidade Velha), e o Museu da Tolerância no cemitério de Mamila (ao lado da Praça Tzion). O governo de Israel também está desapropriando terras palestinas para a construção do Muro da Cisjordânia, sob alegação de evitar ataques terroristas. Porém, os opositores acreditam que o planejamento urbano vem sendo usado como estratégia para a judaização de Jerusalém.
Igrejas e casas em Ein Kerem, situada entre as montanhas
POLÍTICA
  Atualmente Jerusalém é um município de Israel e também a sua capital e sede do governo, embora não seja reconhecida como tal pela ONU e pela União Europeia. A cidade é governada por um conselho municipal composto por 31 membros eleitos a cada quatro anos. Desde 1975, o presidente da câmara (prefeito) é eleito por sufrágio direto cumprindo um mandato de 5 anos e nomeando 6 deputados. O Ministério para Assuntos Religiosos israelita tem responsabilidade pelos locais sagrados da cidade, embora cada comunidade religiosa deva zelar pela preservação dos seus edifícios. Órgão à parte de prefeito e deputados, os membros do conselho da cidade não recebem salários, trabalhando de forma voluntária.
  A maioria dos encontros do Conselho de Jerusalém são privados, mas a cada mês, mantém uma sessão aberta ao público. Dentro do Conselho da Cidade, grupos políticos religiosos formam uma facção especialmente poderosa, possuindo a maioria dos assentos.
Suprema Corte de Israel
ECONOMIA
  Historicamente, a economia de Jerusalém foi sustentada quase que exclusivamente por peregrinos religiosos e era localizada longe dos maiores portões de Jaffa e Gaza. Os marcos religiosos de Jerusalém hoje permanecem a principal razão de visitantes estrangeiros, com a maioria dos turistas visitando o Muro das Lamentações e a Cidade Antiga.
  Durante o mandato britânico, uma lei foi estabelecida requerendo que todos os prédios fossem construídos de Meleke (tipo de material de construção encontrado na região da Palestina e utilizado desde a Antiguidade) para preservar a característica estética e histórica única da cidade.
  O parque industrial do norte de Jerusalém Har Hotzvim é a sede de algumas das maiores corporações de Israel, entre elas a Intel, a Teva Pharmaceutical Industries e a ECI Telecom.
  Desde o estabelecimento do Estado de Israel, o governo nacional tem permanecido como o maior investidor na economia de Jerusalém. O governo, centrado na cidade, gera um grande número de empregos e oferece subsídios e incentivos para novas iniciativas em negócios e empresas iniciantes.
Parque Tecnológico de Jerusalém
CULTURA
  Apesar de Jerusalém ser conhecida primeiramente pela sua significância religiosa, a cidade também é sede de muitos eventos artísticos e culturais, além de possui um grande número de museus. O Museu de Israel atrai cerca de um milhão de visitantes por ano, sendo um terço deles turistas. Os Pergaminhos do Mar Morto, descoberto na segunda metade do século XX nas cavernas de Qumran nas proximidades desse mar, estão hospedadas no Santuário do Livro. A Ala Nova funciona um extensivo programa de educação em arte. O Museu de Rockefeller, localizado no leste de Jerusalém, foi o primeiro museu arqueológico do meio oeste, tendo sido construído em 1938 durante o mandato britânico. O Museu Islâmico, localizado no Monte do Templo, foi estabelecido em 1923 e guarda muitos artefatos islâmicos.
Santuário do Livro
  Yad Vashem, o Memorial Nacional de Israel para as Vítimas do Holocausto, guarda a maior biblioteca do mundo de informações relacionadas ao holocausto. O complexo contém um museu de artes que explora o genocídio dos judeus através das exibições que focam em histórias pessoais de indivíduos e famílias mortas durante a Segunda Guerra Mundial.
  O Teatro Nacional Palestino é o único centro cultural árabe do leste de Jerusalém e procura novas ideias e abordagens inovadoras para a auto-expressão palestina.
Biblioteca Nacional de Jerusalém
SIGNIFICADO RELIGIOSO
  Jerusalém possui um papel importante para as três principais religiões monoteístas do globo: o islamismo, o judaísmo e o cristianismo. O Livro Anual de Estatística de Jerusalém listou 1.204 sinagogas, 158 igrejas e 73 mesquitas dentro da cidade. Apesar dos esforços em manter a coexistência pacífica religiosa, alguns locais, como o Monte do Templo, tem sido constantemente fonte de atritos e controvérsias.
  Jerusalém é sagrada para os judeus desde que o Rei Davi a proclamou como sua capital no século 10 a.C.. Na cidade foi construído o Templo de Salomão e o Segundo Templo. Ela é mencionada na Bíblia 632 vezes. Hoje, o Muro das Lamentações, um remanescente do muro que contornava o Segundo Templo, é o segundo local sagrado para os judeus, perdendo apenas para o Santo dos Santos, no próprio Monte do Templo. Sinagogas ao redor do mundo são tradicionalmente construídas com o seu Aron Hakodesh (receptáculo ou pequeno recinto ornamentado que contém os Sifrei Torá - rolos da Torá, livro sagrado dos judeus - voltado para Jerusalém, e as de dentro da cidade voltado para o Santo dos Santos. Orações diárias são recitadas em direção a Jerusalém e ao Monte do Templo.
Muro das Lamentações
  O cristianismo reverencia Jerusalém não apenas pela história do Antigo Testamento mas também por sua significância na vida de Jesus. De acordo com o Novo Testamento, Jesus foi levado para Jerusalém logo após o seu nascimento e depois em outra passagem quando limpou o Segundo Templo. O Cenáculo que se acreditava ser o local da última ceia de Jesus, é localizado no Monte Sião, no mesmo prédio que sedia a tumba de Davi.
  Outro lugar proeminente cristão em Jerusalém é o Gólgota, o local da crucificação de Jesus. O Evangelho de João o descreve como sendo localizado fora de Jerusalém, mas evidências arqueológicas recentes sugestionam que Gólgota fica a uma curta distância do muro da Cidade Antiga, nos confinamentos atuais da cidade.
Provável Monte Gólgota
  Jerusalém é considerada a terceira cidade sagrada do Islamismo. Aproximadamente um ano antes de ser permanentemente trocada por Medina e Meca, a qibla (direção da oração) para os muçulmanos era Jerusalém. A permanência da cidade no Islã deve-se primariamente de acordo com a Noite de Ascensão de Maomé (620 d.C.). Os muçulmanos acreditam que Maomé foi miraculosamente transportado em uma noite de Meca para o Monte do Templo em Jerusalém, onde ele ascendeu ao Paraíso para encontar os profetas anteriores do Islão. O primeiro verso do Al-Isra do Alcorão notifica o destino da jornada de Maomé como a Mesquita de Al-Aqsa (a mais distante), em referência à sua localização em Jerusalém. Atualmente, o Monte do Templo é coberto por dois marcos islâmicos para comemorar o evento - a Mesquita de Al-Aqsa, derivada do nome mencionada no Alcorão, e a a Cúpula da Rocha, que fica em cima da Pedra Fundamental, na qual os muçulmanos acreditam que Maomé ascendeu ao céu.
Cúpula da Rocha visto através do Portão do Algodão
FONTE: Garcia, Valquíria Pires. Projeto radix: geografia / Valquíria Pires Garcia -- Beluce Bellucci. -- 2. ed. -- São Paulo: Scipione, 2012. -- (Coleção projeto radix)

domingo, 21 de setembro de 2014

A AGROPECUÁRIA TRADICIONAL DE SUBSISTÊNCIA

  Durante o século XX a agropecuária comercial moderna foi introduzida em várias partes do mundo, alterando as práticas agrícolas, os ecossistemas, os hábitos das populações e, consequentemente, as paisagens geográficas. No entanto, é importante ressaltar que existem ainda grandes extensões de terra, sobretudo nos países subdesenvolvidos, em que, por meio da utilização de práticas arcaicas, cultivam-se alimentos como o arroz, o feijão, a mandioca e a batata e criam-se bovinos, caprinos e ovinos.
  De maneira geral, as atividades ligadas à agropecuária tradicional de subsistência são desenvolvidas por meio de técnicas seculares de cultivo (como o terraceamento e o pousio) e de pastoreio (como a transumância). São exemplos de sistemas tradicionais a atividade rizicultora na Ásia, a agricultura itinerante ou de roça na América do Sul e na África e o pastoreio nômade na África. Nesses sistemas agrícolas, as tarefas diárias são desenvolvidas por famílias camponesas dentro de suas propriedades (mão de obra familiar) ou ainda, como no caso da atividade rizicultora asiática, por todos os integrantes da comunidade, em uma área de propriedade coletiva.
  Para os camponeses, a terra é um meio de garantir a subsistência da família e da comunidade a que pertencem. Os excedentes da produção são trocados ou vendidos para que possam ser adquiridos bens não produzidos nas propriedades ou nas terras comunais. Portanto, mantêm-se nesses lugares relações de produção muito diversas das presentes na agropecuária capitalista moderna.
Irrigação em cultivo de milho, em Dourados - MS
  O modelo econômico capitalista atingiu a produção agrícola, na qual ocorreu um rápido processo de modernização no campo (mecanização, utilização de defensivos agrícolas, sementes geneticamente modificadas, etc.) visando à maximização da produção. Esse fenômeno foi responsável pela redução do campesinato ou do pequeno produtor de subsistência. Entretanto, essa modalidade da agricultura resiste à modernização e é muito praticada em várias partes do mundo, especialmente na América Latina, Ásia e África.
  A agricultura de subsistência se caracteriza pela utilização de métodos tradicionais de cultivo, realizados por famílias camponesas ou por comunidades rurais. Essa modalidade é desenvolvida, geralmente, em pequenas propriedades e a produção é bem inferior se comparada às áreas rurais mecanizadas. Contudo, o camponês estabelece relações de produção para garantir a subsistência da família e da comunidade a que pertence.
Agricultura de subsistência em Carnaúba dos Dantas - RN
AGRICULTURA ITINERANTE
  A agricultura itinerante (ou de roça, como também é conhecida no Brasil) desenvolve-se plenamente em áreas pouco integradas ao sistema agrícola capitalista, principalmente nas regiões interioranas da América Latina e da África Subsaariana. Nesse sistema agrícola, geralmente aplicado em pequenas propriedades rurais ou em áreas de posse, emprega-se mão de obra familiar e técnicas bastante rudimentares de cultivo. Uma delas consiste em derrubar a floresta ou a mata próxima ao local onde os camponeses estão sediados. Em seguida, ateia-se fogo na capoeira remanescente da derrubada, a chamada queimada, como forma de limpar o terreno para o preparo do solo e para a semeadura.
  Por meio da utilização continuada dessas técnicas tradicionais, em poucos anos tem-se uma rápida exaustão da fertilidade dos solos, fato que obriga as famílias camponesas a buscarem novas áreas para o cultivo, mantendo-as em constante deslocamento (daí a denominação  de agricultura itinerante para esse sistema agrícola). A área abandonada, por sua vez, entra em um período de pousio, que permite a regeneração parcial da fertilidade do solo.
Agricultura itinerante em Senegal - África
  São características da agricultura itinerante:
  •  ao não fazer uso de técnicas corretas de manuseamento como: adubar e construir trechos de água, somados a ação das chuvas ou da falta de chuvas, a terra poderá vir a esgotar-se de uma maneira mais rápida e levar o agricultor a abandoná-la e usar o método em outra área, o que pode fazer com que tudo torne a acontecer, acarretando em mais desmatamento, mesmo que seja sem a intenção de fazê-lo;
  • manuseio por mão de obra familiar e uso de técnicas tradicionais e rudimentares;
  • alimentos mais produzidos: milho, nabo, feijão, mandioca, rabenete, entre outros.
Esquema da agricultura itinerante
RIZICULTURA ASIÁTICA
  Na Ásia, continente mais populoso do mundo, há grande demanda por alimentos. Por isso, as áreas rurais são intensamente aproveitadas, sobretudo para o cultivo de arroz, base da alimentação de grande parte da população dos países asiáticos.
  A escassez de áreas para cultivo levou os camponeses asiáticos a praticar a rizicultura mesmo em lugares onde o relevo é muito acidentado, como nas encostas das montanhas. Isso foi possível graças ao emprego da técnica de terraceamento, isto é, a construção de "degraus" (terraços) em áreas de encostas íngremes, que aumenta a área cultivável de arroz e protegem os terrenos da ação erosiva das águas pluviais. Além da rizicultura em terraços, também são cultivadas áreas de planícies inundáveis, por meio do sistema de jardinagem.
Cultivo do arroz na Indonésia
  A agricultura de jardinagem é praticado em pequenas e médias propriedades cultivadas pelo dono da terra e sua família ou em parcelas de grandes propriedades. Nelas é obtida alta produtividade, através da seleção de sementes, da utilização de fertilizantes, da aplicação de avanços biotecnológicos e de técnicas de preservação do solo que permitem a fixação da família na propriedade por tempo indeterminado.
  Em países como Filipinas, Tailândia, Indonésia, entre outros, devido a elevada densidade demográfica, as famílias contam com áreas muitas vezes inferiores a 1 hectare e as condições de vida são bastante precárias. Em países que realizam a reforma agrária, como Japão e Taiwan, e ao redor dos grandes centros urbanos de áreas tropicais, após a comercialização da produção e a realização de investimentos para a nova safra, há um excedente de capital que permite melhorar, a cada ano, as condições de trabalho e a qualidade de vida da família.
Agricultura de jardinagem na Índia
  A agricultura de terraços, de terraceamento ou de curva de nível é uma técnica agrícola e geográfica de conservação do solo, destinada ao controle de erosão hídrica, utilizada em terrenos muito inclinados. Baseia-se no parcelamento de rampas niveladas, requerendo muita mão de obra, elevados conhecimentos técnicos e pouca mecanização por causa da dificuldade na utilização de máquinas em ambientes mais íngremes. Quando bem planejado e bem construído, reduz as perdas de solo e água pela erosão e previne a formação de sulcos e grotas. São comuns esse tipo de cultivo em regiões do sul e sudeste da Ásia, na China e no Japão, sendo utilizado principalmente na produção de arroz.
Agricultura de terraceamento na China
  Essas técnicas são empregadas há mais de 2 mil anos e exigem o trabalho contínuo e conjunto dos camponeses em todas as etapas da produção: no plantio e no replantio de mudas, no controle de pragas e do nível da água armazenada nos terraços e na colheita dos grãos. Em muitas ocasiões, famílias inteiras trabalham em áreas agrícolas comunais, e dividem equitativamente as safras.
Esquema da rizicultura
PASTOREIO NÔMADE NA ÁFRICA
  O pastoreio nômade é uma prática pecuária tradicional que ainda persiste em algumas partes do mundo, especialmente onde a agricultura é impraticável ou antieconômica, como em áreas desérticas ou semidesérticas do planeta.
  Na região do Sahel, área que margeia o sul do deserto do Saara, na África, diversos povos praticam o pastoreio nômade. Na estação úmida, eles conduzem seus rebanhos (ovinos, bovinos, equinos e de camelos) para as áreas de pastagens na estepe, que ficam ao norte. Quando começa o período de estiagem, os pastores migram para o sul, nas áreas de campos de Savanas, onde permanecem até o ciclo de chuvas seguinte.
Pastoreio nômade no Sudão
AGRICULTURA DE POUSIO E A ROTAÇÃO DE CULTURAS
  A agricultura de pousio refere-se ao descanso ou repouso proporcionado às terras cultiváveis, interrompendo-lhe as culturas para tornar o solo mais fértil. Além desta finalidade, pode ser usado como meio de controle de ervas daninhas, consorciada a outras práticas, como a rotação de culturas.
  O pousio aumenta a recuperação da bioestrutura do solo e a profundidade do enraizamento, tendo como consequência o aumento das trocas de substâncias umidificadas e seu reabastecimento, como ocorre bastante em regiões tropicais.
  A prática é comum entre pequenos agricultores que, após o plantio por três anos consecutivos, deixam a área em pousio por 3 a 5 anos o que, a depender do local, não é suficiente para a recuperação da fertilidade; em tais casos, recomenda-se o uso de leguminosas para acelerar a recuperação, pois esta promove a fixação de nitrogênio.
  A rotação de culturas é uma técnica agrícola de conservação que visa diminuir a exaustão do solo. Isto é feito trocando as culturas a cada novo plantio de forma que as necessidades de adubação sejam diferentes a cada ciclo. Consiste em alternar espécies vegetais numa mesma área agrícola. As espécies escolhidas devem ter, ao mesmo tempo, propósitos comercial e de recuperação do solo.
Esquema da rotação de cultura e agricultura de pousio
FONTE: Boligian, Levon. Geografia espaço e vivência, vol. 2 / Levon Boligian, Andressa Turcatel Alves Boligian. -- 2. ed. -- São Paulo: Saraiva, 2013.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

A IGREJA MEDIEVAL

  A Igreja Católica representou um papel fundamental na formação e consolidação do feudalismo. Era a maior e mais poderosa instituição do período. Sua influência alastrou-se aos poucos entre os povos romanos e germânicos, transformando-a no principal elo de toda a população e garantindo certa uniformidade cultural à Europa Ocidental. O triunfo do cristianismo contribuiu para a religiosidade que marcou a Idade Média. Foi nessa época que a Igreja começou a se organizar com o objetivo de zelar pela homogeneidade dos princípios da religião cristã e promover a conversão dos pagãos.
  No século IX, não existia na Europa Ocidental quem não acreditasse em Deus. Controlando a fé, a Igreja normatizava os costumes, a produção cultural, o comportamento e, sobretudo, a ordem social. Aqueles que se desviavam de suas normas eram rigorosamente punidos. Sua influência também se fazia sentir na política, ao sagrar reis e legitimar o poder dos senhores feudais.
A luxuosidade do clero ia de contraste com a pobreza da maioria da população
  Presentes em todos os níveis sociais, os membros da Igreja medieval incitaram valores como a passividade e a subordinação dos homens comuns perante o senhor, tanto o senhor espiritual (clérigo), encarregado de proteger as almas, quanto o senhor feudal da terra (nobre), que protegia os corpos.
  O poder da Igreja, não estava restrito ao plano espiritual, por mais importante que fosse a espiritualidade para as sociedades medievais; era também temporal. Isso porque ela foi, pouco a pouco, se transformando na maior proprietária de terras da Idade Média e construindo fortes vínculos com a estrutura feudal.
  Além dos territórios diretamente controlados pelo papa (o Patrimônio de São Pedro), o alto clero (composto pelos bispos, arcebispos e abades) e várias ordens religiosas possuíam muitos feudos. O celibato clerical, criado nos primeiros séculos do cristianismo e rigorosamente aplicado a partir do século XI, contribuía para a manutenção do patrimônio eclesiástico feudal, ao evitar a divisão entre possíveis herdeiros dos membros do clero.
Durante a Idade Média a Igreja passou a ser a maior proprietária de terras na Europa
  O crescente apego de parte do clero à terra e aos bens materiais acabou gerando reações dentro da própria Igreja. Surgiram ordens religiosas que procuravam afastar seus membros das tentações do mundo por meio do isolamento em mosteiros e abadias e de votos de castidade, pobreza e silêncio. Distinguiu-se, a partir de então, o clero secular (que vivia no saeculum, no "mundo", em contato com a terra, a administração e a exploração das riquezas) do clero regular (que vivia de acordo com a regula, as "regras", como eram chamados os votos que os religiosos faziam).
  A nova organização social que despontava na Europa com a desagregação do Império Romano - o feudalismo - só assumiu sua forma mais acabada por volta dos séculos VIII e IX. Nessa época, outra onda de invasões, desta vez empreendidas pelos povos árabes, húngaros, eslavos e normandos (ou vikings), isolou a Europa Ocidental do Oriente.
Aspecto de uma cidade medieval
  A expansão islâmica, também chamada de conquistas islâmicas ou conquistas árabes, começou logo após a morte de Maomé, e atingiu seu apogeu em meados do século VIII. Ele havia estabelecido uma nova organização política unificada na península Arábica, a qual, sob o subsequente domínio dos califas dos califados Rashidun e Omíada, experimentou uma rápida expansão do poder árabe para muito além da península, sob a forma de um vasto Império Árabe muçulmano, com uma área de influência que se estendia do noroeste da Índia, através da Ásia Central, Oriente Médio, África do Norte, península Itálica meridional e península Ibérica até os Pirineus.
  A derrota das forças muçulmanas na Batalha de Poitier, em 732, proporcionou a reconquista do sul da França pelos Francos, embora o principal fator para a interrupção da expulsão tenha sido a deposição da dinastia Omíada e a sua substituição pela dinastia Abássida. Os Abássidas transferiram a capital para Bagdá e concentraram o seu interesse no Oriente Médio em desfavor da Europa, ao mesmo tempo que perdiam o domínio de uma vasta extensão territorial. Os descendentes dos Omíadas obtiveram o domínio da península Ibérica, os Aglábidas do norte da África e os Tulúnidas passaram a governar o Egito.
Expansão árabe
  Em meados do século VIII, assiste-se ao renascimento e ao aparecimento de novas rotas comerciais no Mediterrâneo, tendo as antigas rotas romanas sido substituídas pelo comércio entre os reinos dos Francos e dos Árabes.
  Com o tempo, num mundo em que uma restrita minoria era alfabetizada, as igrejas, os mosteiros e as abadias converteram-se nos principais centros da cultura letrada. Nesses mosteiros e abadias medievais funcionavam as escolas e as bibliotecas da época. Era lá que se preservavam e restauravam textos antigos da herança greco-romana.
  Apesar de todo o seu poder e influência na sociedade, a estrutura da Igreja medieval encontrou dificuldades em manter a homogeneidade da doutrina cristã. Era comum o surgimento de seitas, facções ou orientações que, embora fundadas em princípios cristãos, se opunha à doutrina oficial da Igreja - eram as chamadas heresias. O difícil relacionamento com a Igreja bizantina também foi fator de ameaça ao poderio da Igreja com sede em Roma, que culminou, em 1054, no Cisma do Oriente.
  A cristandade foi o fator determinante de unidade entre a Europa Oriental e Ocidental antes da conquista árabe; no entanto, a perda do domínio do mediterrâneo viria a estagnar as rotas comerciais marítimas entre as duas regiões. A própria Igreja Bizantina, que viria a tornar-se Igreja Ortodoxa, era distinta em termos de práticas, liturgia e língua da Igreja ocidental, que viria a se tornar Igreja Católica.
Representação da Igreja na Idade Média
  As diferenças teológicas e políticas tornaram-se cada vez mais enrugadas e, em meados do século VIII, a abordagem de matérias como a iconoclastia, o casamento de sacerdotes e a separação de poderes entre a Igreja e o Estado era de tal forma contrastante que as diferenças culturais e religiosas eram eram bem mais superiores do que as semelhanças.
  A estrutura eclesiástica do Império Romano no ocidente sobreviveu relativamente intacta às invasões bárbaras, mas o papado pouca autoridade exercia, sendo raros os bispos ocidentais que procuravam no papa a liderança religiosa ou política. A maior parte dos papas anteriores a 750 debruçava-se sobretudo sobre questões bizantinas  e teológicas orientais. A grande maioria das mais de 850 cartas hoje conservadas do papa Gregório I dizem respeito a assuntos sobre a Itália ou Constantinopla. A única região da Europa que o papado exercia influência era a província romana da Britânia, para onde Gregório enviou, em 597, a missão gregoriana com o intuito de converter os anglo-saxões ao cristianismo. Os missionários irlandeses, que entre os séculos V e VII foram os mais ativos da Europa Ocidental, foram autores de várias campanhas de cristianização, primeiro nas ilhas Britânicas e depois no continente.
Santo Agostinho pregando para o rei saxão Etelberto e sua corte
  Durante a Alta Idade Média, assiste-se à implementação do monarquismo no Ocidente, inspirado sobretudo pela tradição monástica dos Padres do Deserto sírios e egípcios, que pregavam os ideais monásticos (abdicação dos objetivos comuns dos homens em prol da prática religiosa). Os ideais monásticos são rapidamente difundidos do Mediterrâneo para a Europa durante os séculos V e VI através de documentos hagiográficos (tipo de biografia que consiste na descrição da vida de algum santo, beato e servos de Deus proclamados por algumas igrejas cristãs, sobretudo pela Igreja Católica, pela sua vida e pela prática de virtudes heroicas), como A Vida de Antão.
Santo Antão do Deserto
  Os mosteiros exerceram uma influência profunda na vida religiosa e política da Alta Idade Média, tutelando vastas regiões em nome de famílias poderosas, atuando como centros de propaganda e de apoio monárquico em regiões recentemente conquistadas, e organizando missões de evangelização. Eram também o principal, e por vezes único, centro de educação e literária em determinada região, copiando também muitos manuscritos sobreviventes dos clássicos romanos.
Mosteiro beneditino de São Pedro da Roda, em Girona - Espanha
FONTE: Vicentino, Cláudio. História geral e do Brasil / Cláudio Vicentino, Gianpaolo  Dorigo - 2. ed. - São Paulo: Scipione, 2013.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

O RELEVO SUBMARINO

  A superfície terrestre apresenta uma grande variedade de formas e irregularidades. Ao analisar o fundo dos oceanos também foi detectada uma diversidade de formas em sua composição.
  Com o desenvolvimento tecnológico alcançado durante a década de 1960, foi possível realizar análises aprofundadas do relevo submarino e estabelecer uma classificação de acordo com as diferentes formas apresentadas.
  As principais formas do relevo submarino são as plataformas e os taludes continentais; as ilhas, as bacias e as cadeias oceânicas; e as fossas marinhas.
Perfil do relevo submarino
  O relevo submarino começou a ser mais bem estudado pelos cientistas apenas na segunda metade do século XIX. Porém, somente a partir da década de 1940, com o desenvolvimento de novas técnicas e equipamentos de exploração, como sonares e radares, foi possível obter informações mais precisas e detalhadas sobre o fundo dos oceanos. Atualmente, as expedições submarinas contam com robôs submersíveis não tripulados, capazes de mergulhar em fossas de até 6.000 metros de profundidade e mapear com grande precisão o relevo oceânico. Essas máquinas fazem todo o trabalho por controle remoto, enviando os dados coletados à estação de comando na superfície terrestre.
  O submersível-robô MIR-1 é conduzido a uma missão exploratória do lago Baikal, em 2010.
Submersível-robô MIR-1
  O relevo submarino divide-se em:
1. Plataforma Continental
  A plataforma pode ser caracterizada por ser o prolongamento submerso dos continentes, com apenas algumas modificações promovidas pela erosão marinha ou por depósitos sedimentares. É uma zona que declina suavemente do continente para o fundo dos oceanos. Em média, as plataformas medem de 70 km de largura e estendem-se até 200 m de profundidade. Nesta parte do relevo submarino são obtidos os recursos minerais e é realizada a maior parte das atividades pesqueiras.
  A área da plataforma é subdividida em plataforma continental proximal, plataforma continental média e plataforma continental distal, cada uma delas com as suas especificidades nos domínios da geomorfologia, da sedimentologia e da biologia marinha.
Desenho esquemático da plataforma continental
2. Talude Continental
  O talude continental é a porção do fundo do oceano com declive muito pronunciado. É uma zona muito inclinada e estreita, que se inicia aos 200 metros de profundidade e termina por volta dos 2.000 metros.
  O embasamento do talude corresponde à crosta continental entremeada por magmatismo básico e estirada pela tectônica extensional que originou o rift e a bacia oceânica. É caracterizada por gradiente topográfico acentuado onde são geradas, com frequência, correntes de turbidez.
  Do ponto de vista biológico, essa formação corresponde à zona batial.
Perfil esquemático do talude continental
3. Bacia Oceânica
  Também chamada de planície abissal, a bacia oceânica é uma região profunda que varia de 2.000 a 5.000 metros. O relevo é suave e coberto por muitos sedimentos. Encontra-se entre as margens continentais e as dorsais oceânicas. Essa região é muitas vezes cortada pelas dorsais oceânicas e podem mostrar ravinas ou montes submarinos.
  Na bacia oceânica ocorre os montes abissais, que são pequenas elevações de até 900 metros acima do fundo oceânico circundante. Estes montes cobrem de 80 a 85% do fundo do oceano Pacífico e são as formas fisiográficas mais abundantes da Terra. Próximo as margens continentais, os sedimentos originados dos continentes cobrem completamente os montes abissais formando planícies abissais.
Perfil esquemático da planície oceânica
4. Fossas Marinhas
  As fossas marinhas são as regiões mais profundas dos oceanos, vales que chegam a atingir profundidades superiores a 8.000 metros. Essas regiões são caracterizadas pela ausência total de luz e por uma pressão insuportável para a maioria dos seres vivos, pois possuem temperaturas muito baixas. Essa zona é habitada principalmente por bactérias heterotróficas ou quimiotróficas e seres necrófagos, que se alimentam de restos de seres vivos e detritos orgânicos. Os habitantes dos fundos marinhos incluem esponjas, anêmonas-do-mar, bem como uma variedade de peixes cegos, alguns com filamentos fluorescentes que podem atrair potenciais presas.
Perfil esquemático da Fossa das Marianas - ponto oceânico mais profundo da Terra
5. Cadeias Oceânicas
  Também chamadas de dorsal oceânica, dorsal submarina, dorsal meso-oceânica ou crista média oceânica, as cadeias oceânicas são grandes cadeias montanhosas localizadas sobre o assoalho oceânico, que se originam a partir do afastamento das placas tectônicas.
  O surgimento das placas e seu consequente afastamento são devido às correntes convectivas de magma divergentes no manto, que dão origem aos riftes. As dorsais submarinas dos oceanos estão conectadas, formando a maior cadeias de montanhas do mundo, com cerca de 65.000 km de extensão. Esta cadeia montanhosa seria vista do espaço, não fossem os oceanos.
Localização da dorsal meso-oceânica do Atlântico
6. Ilhas
  As ilhas oceânicas são porções da crosta que emergem do relevo dos oceanos. As ilhas oceânicas possuem ecossistemas únicos e, geralmente, uma elevada biodiversidade com impacto nos processos ecológicos e nos serviços dos ecossistemas.
  As ilhas oceânicas ficam no cume dos vulcões subterrâneos. Formam-se quando um vulcão entra em erupção e empurra o seu fundo para cima, criando uma montanha. A ilha é o cume dessa montanha.
  Fazem parte do Brasil ilhas oceânicas distantes do litoral como as que formam os arquipélago de Fernando de Noronha, dos Abrolhos e de São Pedro e São Paulo. As ilhas do arquipélago do Havaí, no oceano Pacífico também são oceânicas.
Ilha de Fernando de Noronha
  Os atóis são outro tipo de ilha nos oceanos. Um atol é um cinturão de terra em torno de uma superfície de água pouco profunda chamada laguna. Os atóis se formam quando os corais constroem uma colônia, ou recife, em redor do ponto mais alto de uma ilha vulcânica. Os recifes podem atingir a superfície da água e transformar-se em terra. A ilha vulcânica pode afundar com o peso do anel de coral em redor, deixando apenas a laguna na superfície. As Ilhas Marshall, na Oceania, são um país formado por atóis. No Brasil, destaca-se o Atol das Rocas.
Ilhas Marshall
FONTE: Geografia espaço e vivência: introdução à ciência geográfica, 6º ano / Levon Boligian ... [et al.]. - 4. ed. - São Paulo: Saraiva, 2012.

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