domingo, 9 de março de 2014

A CRISE NA CRIMEIA

  A Crimeia é uma república autônoma da Ucrânia e está localizada em uma península do Mar Negro. Essa região pertenceu à Rússia, no período em que os dois países faziam parte da ex-União Soviética. Em 1954, a Ucrânia anexou a Crimeia ao seu território, na época em que Nikita Krushchev - que era de origem ucraniana - governava a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). Diferente do restante do território ucraniano, a Crimeia possui uma população majoritariamente russa. Em 1991, com a desintegração da União Soviética e a criação de 15 novos países, a Crimeia passou a ser uma república semi-autônoma da Ucrânia, com fortes laços políticos com o país e com a vizinha Federação Russa.
Foto de satélite da península da Crimeia e do Mar de Azov
  A Crimeia possui seu próprio corpo legislativo e o poder executivo é detido por um Conselho de Ministros, governado por um presidente que serve de acordo com a aprovação do presidente da Ucrânia. Já os tribunais, fazem parte do sistema judicial da Ucrânia e não possuem autoridade autônoma.
GEOGRAFIA DA CRIMEIA
  A Crimeia possui uma área de 26.081 km², um pouco menor que o estado de Alagoas. Sua população em 2013 estava estimada em 2.143.321 habitantes. Faz fronteira com a região do Kherson a norte, com o Mar Negro ao sul e a oeste e com o Mar de Azov a leste. Conecta-se coma a Ucrânia pelo istmo de Perekop. No extremo oriental encontra-se a península de Kerch, de frente para a península de Taman, em terras russas. Entre as penínsulas de Kerch e Taman encontra-se o estreito de Kerch, que liga o Mar Negro ao Mar de Azov. A capital da Crimeia é Simferopol.
Simferopol - capital da Crimeia
  A costa da Crimeia é repleta de baías e portos. Na costa sudeste existe uma cadeia de montanhas conhecida como Cordilheira da Crimeia. Essas montanhas são acompanhadas por uma segunda cadeia paralela. A cadeia principal dessas montanhas ergue-se abruptamente do fundo do Mar Negro, alcançando uma altitude de 600 a 750 metros, começando no sudoeste da península, denominada de Cabo Fiolente.
Cordilheira da Crimeia
ECONOMIA DA CRIMEIA
  Durante os anos de poder soviético, as vilas e as dachas - fazendas, casas de campo ou mansão - da costa da Crimeia eram privilégio dos políticos fiéis ao regime socialista. Também encontram-se vinhedos e pomares nessa região. Outras atividades econômicas importantes são a pesca, a mineração e a produção de diversos óleos. Inúmeros edifícios da família imperial russa também embelezam a região, bem como pitorescos castelos gregos e medievais.
  Durante vários séculos a Ucrânia foi chamada de "celeiro agrícola da Rússia", devido ter sido a grande produtora de grãos que serviam para alimentar o vasto império czarista. Ainda hoje, a Ucrânia é um dos maiores produtores mundiais de milho e trigo, graças ao seu solo escuro e rico em matéria orgânica, o tchernoziom. Grande parte dos produtos agrícolas exportados pela Ucrânia passa pelos portos da Crimeia.
Baía de Laspi, no Mar Negro - Crimeia
  O turismo é outra importante fonte de renda, porém, o clima semiárido obriga a Crimeia a ser dependente da Ucrânia, tanto na questão da água como na alimentação.
  O quadro de energia na Crimeia e também na Ucrânia é bastante complicado. A maior parte da eletricidade da região vem da Ucrânia, e a Europa importa da Rússia cerca de 25% do gás natural. Além disso, o gás que a Rússia envia para a Europa passa por gasodutos que cortam a Ucrânia, que recebe ajuda russa por esse transporte. Uma guerra na região afetaria diretamente a economia europeia.
Gasodutos russos
ANTECEDENTES POLÍTICOS NA CRIMEIA
  De 1853 a 1856, a Guerra da Crimeia agitou a área, quando a França, Inglaterra e o Império Otomano lutaram contra os russos pelo controle da Crimeia e do Mar Negro. A Rússia acabou perdendo e cedeu sua reivindicação para a península, porém, antes de ceder a região da Crimeia, os russos devastaram as cidades e aldeias da região.
  Apesar de sua devastação, a Guerra da Crimeia foi notável por vários avanços: Florence Nightingale e cirurgiões russos introduziram métodos modernos de enfermagem e campos de batalha, os russos aboliram o sistema medieval de servidão e o uso da fotografia e do telégrafo deu a guerra um elenco distintamente moderno.
Florence Nightingale (1820-1910) - enfermeira britânica
  A entrada de povos tártaros no século XIII foi primordial para a introdução da religião islâmica na região. Esse povo era conhecido como mercadores de escravos que invadiram terras no extremo norte, na atual Polônia.
  Durante a Segunda Guerra Mundial, os tártaros da Crimeia foram deportados para servir como trabalhadores braçais na Rússia em condições desumanas, resultando na morte de milhares de tártaros.
  Após a desintegração da União Soviética, os tártaros começaram a retornar à Crimeia e hoje representa cerca de 12% da população da região. Numa eventual anexação da Crimeia por parte da Rússia, os tártaros poderão sofrer retaliações, pois a sua grande maioria é contrária a anexação.
Principais grupos étnicos da Crimeia
  A Crimeia proclamou sua independência em 5 de maio de 1992, mas concordou em permanecer parte integrante da Ucrânia como uma República autônoma. A cidade de Sebastopol está situada dentro da República, mas tem um status municipal especial na Ucrânia.
ATUAL CRISE POLÍTICA NA CRIMEIA
  A Crimeia se tornou foco da atenção da diplomacia internacional nas últimas semanas com uma escalada militar russa e ucraniana na região. As tensões separatistas, de maioria russa, se tornaram mais acirradas com a deposição do presidente ucraniano Viktor Yanukovich, que tinha desistido de assinar um tratado de livre-comércio com a União Europeia, preferindo estreitar relações econômicas com a Rússia. A renúncia de Viktor Yanukovich levou a Rússia a aprovar o envio de tropas para "normalizar" a situação. A medida só piorou as relações entre Ucrânia e Rússia, gerando grande perigo para a região.
Soldados russos no aeroporto de Simferopol
  Na Crimeia, de maioria russa, o parlamento local foi dominado por um comando pró-Rússia, que nomeou Sergei Axionov como premiê. Esse novo governo, considerado ilegal pela Ucrânia, aprovou sua adesão à Federação Russa e a realização de um referendo sobre o status da região, que ocorrerá no dia 16 de março de 2014.
  Com a intensificação das tensões separatistas, o Parlamento russo aprovou o envio de tropas para a região da Crimeia. Essas tropas não tinham identificação, porém, demonstravam claramente que eram russas - por meio de placas registradas nos veículos - e tomaram a Crimeia, dominando bases militares e aeroportos. A Rússia justificou o movimento dizendo se reservar o direito de proteger seus interesses e os de seus cidadãos em caso de violência na Ucrânia e na região da Crimeia.
Grupo pró-Rússia sobre tanque soviético em frente ao Parlamento de Simferopol
  A escalada militar fez com que diversos oficiais do exército ucraniano se juntassem ao governo local pró-russo. Outros abandonaram seus postos. No dia 4 de março, o novo governo da Crimeia anunciou que assumiu o controle da península, dando um ultimato para que os últimos oficiais leais à Ucrânia se rendessem.
  Para muitos russos, a Crimeia e sua "Cidade Heroica" de Sebastopol, da era soviética, sitiada pelos invasores nazistas, têm uma ressonância emocional muito forte, por já ter sido parte do país e ainda ter a maioria de sua população de origem russa. Além disso, a maior parte da frota russa do Mar Negro está na Crimeia. Para a Ucrânia, a perda da Crimeia para a Rússia significaria um duro golpe.
  Crimeia (incluindo Sebastopol)
  Restante da Ucrânia
  O novo governo ucraniano, pró-União Europeia, criticou os movimentos separatistas e classificou a aprovação de intervenção militar russa como uma declaração de guerra, convocando todas as suas reservas militares para reagir a um possível ataque russo. O país pediu apoio do Conselho de Segurança da ONU para conter a crise na península e defender sua integridade territorial.
  Os Estados Unidos e outros países ocidentais exigem o recuo das tropas russas na Crimeia, ameaçando a Rússia com sanções, como a suspensão de transações comerciais com o país e o cancelamento do acordo de cooperação militar com Moscou.
  Outros países do ocidente também pressionam a Rússia por uma saída diplomática. A escalada da tensão provocou uma ruptura entre as grandes potências, inclusive ameaçando a Rússia de deixar de fazer parte do G-8.
  O temor mundial é que qualquer ação militar ocidental direta provocaria uma guerra entre as superpotências nucleares. Relativamente pequena e com arsenal reduzido, as forças da Ucrânia poderiam agir, mas correriam o risco de incitar uma invasão russa muito mais ampla que poderia leva à dominação do país.
Manifestantes que apoiam a intervenção russa estendem a bandeira do país no centro de Simferopol
  A Rússia pode cortar o fornecimento de gás para a Europa, cujos gasodutos passam pela Ucrânia, e poderia provocar um ataque cibernético que poderiam ser usadas contra a Ucrânia ou o Ocidente.
FONTE: Agência de Notícias Reuters

sexta-feira, 7 de março de 2014

ASPECTOS FÍSICOS DA AMÉRICA ANGLO-SAXÔNICA

  A expressão América Anglo-Saxônica refere-se aos países das Américas que tem como principal idioma o inglês e que também possuem laços históricos, étnicos, linguísticos e culturais com o Reino Unido. Os dois países que compõem essa parte do continente são os Estados Unidos e o Canadá.
  No continente americano existe outros países que também possuem forte relação com o Reino Unido, mas não fazem parte da América Anglo-Saxônica devido a sua condição de subdesenvolvimento, como Belize e algumas ilhas do Caribe, na América Central, e a Guiana, na América do Sul.
  Os Estados Unidos é um dos países mais extensos do mundo. Ele contém terras contínuas, onde se encontram 48 dos 50 estados da Federação e ainda porções descontínuas, como os estados do Alasca (que se situa ao norte do Canadá) e o Havaí, um arquipélago vulcânico que se localiza no oceano Pacífico.
Divisão política dos Estados Unidos
  O Canadá, mesmo tendo vasta extensão (é o segundo maior país em extensão do mundo, perdendo apenas para a Federação Russa), apresenta baixa densidade demográfica. Essa característica pode ser explicada pelo fato de boa parte de sua área localizar-se nas proximidade e até mesmo dentro do Círculo Polar Ártico, o que resulta em condições climáticas extremamente rigorosas, dificultando, assim, a ocupação do território canadense.
  Os Estados Unidos e o Canadá apresentam grande diversidade de paisagens em razão da interação entre suas formas de relevo, seus tipos climáticos e suas formações vegetais.
Divisão política do Canadá
O RELEVO DA AMÉRICA ANGLO-SAXÔNICA
  Os territórios do Canadá e dos Estados Unidos são divididos em três grandes unidades de relevo: as montanhas e planaltos antigos do leste, as montanhas jovens do oeste e as planícies centrais.
Mapa físico da América Anglo-Saxônica
Montanhas e planaltos antigos do leste
  Essa área da América Anglo-Saxônica abrange os planaltos Laurenciano e do Labrador e os montes Apalaches, um conjunto de planaltos e montanhas muito antigos e desgastados pela erosão, que atua há muito tempo sobre as rochas formadas nos primeiros períodos da Terra e, por isso, apresentam altitudes moderadas, oscilando entre mil e dois mil metros. Sendo a primeira região a ser colonizada pelos europeus, encontra-se hoje intensamente transformada. Seus recursos naturais, especialmente os minérios, sustentaram por muito tempo a industrialização dos Estados Unidos. O ponto culminante dessa porção do relevo é o monte Mitchell, nos Estados Unidos, com 2.037 metros. A planície litorânea ou costeira acompanha o contorno do oceano Atlântico.
Monte Mitchell, nos Estados Unidos
Montanhas jovens do oeste
  Estão situadas em uma extensa área de contato entre a placa tectônica do Pacífico e a Norte-Americana. Nesta região, no período terciário da Era Cenozoica (entre 70 e 2 milhões de anos atrás), formou-se uma ampla cadeia de montanhas denominada de Montanhas Rochosas ou Rochosas. Essa extensa cordilheira chega a elevar-se cerca de 4 mil metros de altitude, chegando a mais de 6 mil metros.
  As Montanhas Rochosas seguem por mais de 4.800 quilômetros a partir da parte norte da Colúmbia Britânica, no oeste do Canadá, até o Novo México, no sudoeste dos Estados Unidos. O pico mais alto de toda a América Anglo-Saxônica é o monte McKinley, no Alasca, com 6.194 metros acima do nível do mar.
Monte McKinley
  As Montanhas Rochosas foram formadas há cerca de 65 milhões de anos atrás pela Orogenia Laramide. A erosão pela água e os glaciares são os principais agentes modeladores do relevo na região, dando origem a vales e picos íngremes.
  Grande parte da cordilheira foi transformada no Parque Nacional das Montanhas Rochosas. Atualmente, a área conservada preserva os ecossistemas naturais e a beleza cênica do local. O turismo é uma das principais atividades econômicas desenvolvidas na região.
Parque Nacional das Montanhas Rochosas, no Canadá
  Na porção oeste dos Estados Unidos encontra-se o Grand Canyon, formado em áreas constituídas de rochas sedimentares, que, no decorrer de milhões de anos, vem sendo desgastadas pelas águas do Rio Colorado, que percorre a região. Os processos erosivos vêm desenhando longos e profundos vales em forma de canyons.
  O Grand Canyon é considerado uma das sete maravilhas naturais do mundo e é um ponto turístico visitado por milhares de turistas anualmente. Possui  cerca de 126.025 metros e fica localizado entre Las Vegas e Albuquerque.
Grand Canyon
Planícies Centrais
  Localizado no centro da América Anglo-Saxônica, as planícies centrais são extensas áreas de planície que vão do Golfo do México até as águas do Oceano Glacial Ártico, cujas altitudes vão além dos 500 metros. O Rio Mississipi atravessa as planícies centrais nos Estados Unidos e forma, com seus afluentes vindos dos  montes Apalaches a leste e das montanhas Rochosas a oeste, uma densa rede hidrográfica. No norte, os lagos são muito numerosos, caracterizando as planícies lacustres do Canadá. No centro, aparecem as planícies dos Grandes Lagos. Essas planícies correspondem às regiões mais férteis dos dois países.
Cataratas do Niágara, nas planícies centrais canadenses
A HIDROGRAFIA DA AMÉRICA ANGLO-SAXÔNICA
  A América Anglo-Saxônica possui uma enorme região lacustre no nordeste, na fronteira dos Estados Unidos com o Canadá - a chamada região dos Grandes Lagos. Existe também vários lagos interiores, como o Superior, Michigan, Erie e Ontário, em meio a muitos outros menores. Esses lagos estão ligados ao oceano Atlântico pelo rio São Lourenço.
  A América Anglo-Saxônica possui vários rios de grande importância para os dois países. Esses rios estão divididos em quatro vertentes: Pacífico, Golfo do México, Atlântico e Ártico.
Mapa da hidrografia da América Anglo-Saxônica
Vertente do Ártico
  Essa vertente compreende os rios que nascem nas Montanhas Rochosas ou no Planalto Canadense e correm para o norte. A maior parte deles deságua na Baía de Hudson.
  A principal característica dos rios da vertente Ártica é que suas águas ficam congeladas durante boa parte do ano, pois estão localizados em altas latitudes da América Anglo-Saxônica. Além disso, são rios sem muita importância socioeconômica, pois correm sobre terras escassamente povoadas ou despovoadas.
  O Rio Mackenzie é o maior e mais importante rio da vertente Ártica. Ele nasce no Grande Lago de Escravo e deságua no Oceano Glacial Ártico, depois de percorrer mais de 4.200 quilômetros sobre terras geladas do Canadá.
Rio Mackenzie
Vertente do Pacífico
  Devido ao relevo das regiões que percorre, os rios da vertente do Pacífico são geralmente pequenos e têm curso encachoeirado, pois quase sempre descem das altas montanhas do Oeste.
  Na América Anglo-Saxônica, diferente dos rios da América Latina, onde as montanhas jovens são mais largas e de menores altitudes que na América do Sul, há alguns rios de relativa expressão. Entre eles, destaca-se o Rio Colorado.
  O Rio Colorado nasce no planalto de mesmo nome e seu curso tem 2.334 quilômetros. Ao percorrer rochas sedimentares pouco resistentes à erosão, o Rio Colorado escavou profundos vales chamados canyons, como o Grand Canyon.
Rio Colorado na Horseshoe Bend (Dobra da Fechadura)
Vertente do Golfo do México
  Diversos rios deságuam no Golfo do México, vindos tanto das montanhas jovens do oeste quanto das montanhas velhas do leste. O principal deles é o rio Mississipi.
  O Mississipi nasce perto dos Grandes Lagos e corre para o sul, atravessando a grande planície que leva seu nome. É um típico rio de planície, sendo navegável em quase toda a sua extensão, que é de 3.779 quilômetros. Graças a sua condição de navegabilidade, esse rio desempenhou um papel histórico importante, a ponto de ser apelidado de "rio da unidade nacional".
Nascente do Rio Mississipi
  Além do Mississipi, outro rio destaca-se na vertente do Golfo do México: o Rio Grande. Esse rio nasce no Planalto do Colorado e serve de fronteira natural entre os Estados Unidos e o México. Por dividir os dois países, vários mexicanos e latino-americanos já morreram tentando atravessá-lo para buscar trabalho e melhores condições de vida nos Estados Unidos.
Rio Grande, na fronteira entre os Estados Unidos e o México
Vertente do Atlântico
  A vertente do Atlântico é a mais extensa de todo o continente americano. É também a mais importante por causa do grande número de bacias que dela fazem parte e do papel desempenhado por muitos rios no povoamento e na economia das regiões que percorrem.
  Na América Anglo-Saxônica, ao contrário da América do Sul, os rios dessa vertente são de pequena dimensão, com exceção do Rio São Lourenço, que nessa porção do continente, é o principal rio da vertente do Atlântico. Outro rio de grande importância, por banhar uma das maiores cidades do mundo, Nova York, é o Rio Hudson.
Rio Hudson
  O Rio São Lourenço, que conecta os Grandes Lagos com o oceano Atlântico. Sua foz é o Golfo de São Lourenço, o maior estuário do mundo. Às margens desse rio encontram-se importantes cidades como Kingston, Montreal, Quebec e Trois-Riviéres, no Canadá.
Rio São Lourenço, em Quebec - Canadá
A região dos Grandes Lagos
  Os  Grandes Lagos são um conjunto de cinco lagos situados na América Anglo-Saxônica. Formado pelos lagos Superior, Michigan, Huron, Erie e Ontário, os Grandes Lagos são o maior grupo de lagos de água doce do mundo. Esses lagos nasceram com o recuo da imensa calota glaciária que, há mais de 10 mil anos, cobria o Canadá e o norte dos Estados Unidos.
Imagem de satélite dos Grandes Lagos
  A região dos Grandes Lagos é dotada de uma singular importância histórica, cultural e econômica para os Estados Unidos e o Canadá, que apresentam perto das suas margens as mais tradicionais zonas de povoamento e industrialização. Além de desempenharem, há mais de um século, o papel de zona de trânsito e transporte entre polos industriais, passou a servir, a partir de 1959, também à navegação e ao comércio transoceânico em razão da abertura da via marítima do Rio São Lourenço. Essa via permite aos navios de regiões distantes chegarem a importantes cidades, como Detroit, Cleveland e Chicago, nos Estados Unidos, ou Toronto e Hamilton, nas margens canadenses, todas situadas longe das costas marítimas mais acessíveis.
Lago Superior, no Canadá
  A intensa e antiga presença humana vem gerando sérios impactos ambientais e alterações nas paisagens dessa porção da América Anglo-Saxônica, e a poluição das águas representa hoje uma das mais sérias ameaças à exuberância de sua natureza.
O CLIMA DA AMÉRICA ANGLO-SAXÔNICA
Mapa climático da América Anglo-Saxônica
  A inter-relação entre fatores naturais existentes na América Anglo-Saxônica propiciam a formação de uma grande variedade de climas e vegetação.
  A totalidade da América Anglo-Saxônica situa-se ao norte do Trópico de Câncer, onde o clima temperado, predominante na região, é responsável por temperaturas médias anuais inferiores a 20ºC. O clima temperado caracteriza regiões cuja temperatura varia regularmente ao longo do ano, com a média acima de 10ºC, nos meses mais quentes, e entre -3ºC e -18ºC, nos meses mais frios. Esse clima possui quatro estações bem definidas: um verão relativamente quente, um outono com temperaturas gradativamente mais baixas com o passar dos dias, um inverno frio, e uma primavera com temperaturas gradativamente mais altas com o passar dos dias. A umidade depende da localização e condições geográficas de uma dada região.
Clima temperado continental úmido de Nova York - EUA
  A cadeia montanhosa, localizada a oeste do território, representa uma barreira natural para as massas de ar que vêm do oceano Pacífico em direção ao interior do continente. Essa barreira bloqueia a umidade das chuvas e contribui para a formação de áreas de desertos.
  As áreas desérticas da América Anglo-Saxônica correspondem ao deserto de Sonora, do qual faz parte os desertos do Arizona e o de Mojave, na Califórnia, localizados no oeste dos Estados Unidos.
Deserto de Sonora, no Arizona - EUA

  Nos territórios anglo-saxões localizados nas porções norte do continente, registra-se a presença de climas mais frios, visto que há menor incidência direta de radiação solar nas áreas de elevada latitude. Nessas áreas predomina o clima polar.
  O clima polar possui temperaturas médias muito baixas ficando entre -30ºC. No verão as temperaturas não ultrapassam os 10ºC, porém, durante o inverno a temperatura pode chegar a -50ºC. Os ventos são intensos e o solo fica coberto de gelo a maior parte do ano. No inverno há dias em que o Sol não nasce - a chamada noite polar - e no verão, há dias em que o Sol não se põe no horizonte - o chamado sol da meia-noite.
Área de clima polar em Nunavut - Canadá
  A corrente marítima quente do Golfo, propicia a entrada de ventos úmidos e a formação de climas mais chuvosos na porção leste dos Estados Unidos. Já as correntes frias, como a da Califórnia que atinge a porção oeste do território estadunidense, diminuem a evaporação, favorecendo a existência de climas mais frios e secos.
A VEGETAÇÃO DA AMÉRICA ANGLO-SAXÔNICA
Mapa das formações vegetais da América Anglo-Saxônica
  A vegetação obedece às condições impostas pelo clima. Na América Anglo-Saxônica, as principais formações vegetais presentes são a floresta temperada, a floresta boreal ou taiga, a savana, a vegetação de estepes e pradarias, a vegetação mediterrânea, a vegetação de altitude, a tundra e a vegetação desértica.
Tundra
  Localizada no extremo norte do continente, nos territórios do Canadá e do Alasca, a vegetação de tundra é um tipo de vegetação que só ocorre durante o curto verão polar, quando o gelo derrete e a vegetação floresce e se reproduz. É composta por arbustos, ciperáceas - plantas herbáceas -, gramíneas, líquens e musgos. Logo após o verão, quando se reinicia o longo inverno, a tundra volta a desaparecer sob o gelo.
Vegetação de tundra no norte do Canadá
Floresta de coníferas
  Também denominada de floresta boreal ou taiga, desenvolve-se em regiões de clima frio que apresenta apenas duas estações: um inverno longo e um verão curto. No Canadá, usa-se o termo floresta boreal para designar a parte mais meridional desse bioma, e o termo taiga é usado para designar as áreas menos arborizadas ao sul da linha de vegetação arbórea do Ártico.
  Na floresta de coníferas, diferente da tundra, o solo descongela por completo no verão permitindo a formação de florestas aciculifoliadas - plantas com folhas em forma de agulha - e há migração de animais de grande e médio portes. As principais espécies desse tipo de vegetação são larícios, abetos, pinheiros e espruces, além de algumas plantas de folhas largas, como vidoeiros, faias, salgueiros e sorveiras.
Floresta boreal no Canadá
Floresta temperada
  A floresta temperada é um tipo de vegetação que cresce nas áreas onde as quatro estações do ano são bem definidas. A vegetação predominante é a caducifólia - que perde suas folhas durante uma certa estação do ano. As principais espécies são o carvalho, os bardos, as faias, as nogueiras, entre outras. Atualmente, essa vegetação se encontra fortemente alterada pela ação humana.
Floresta temperada em Oregon - EUA
Vegetação de estepes e pradarias
  As estepes e as pradarias ocorrem na região central dos Estados Unidos, cuja vegetação predominante são gramíneas e herbáceas. É uma formação vegetal de planície com poucas árvores, composta de herbáceas e pequenos bosques. As estepes ocorrem mais em áreas de clima semiárido e as pradarias ocorrem em áreas de clima mais úmido. Às vezes aparece numa zona de transição vegetativa e climática entre a área de savana e o deserto.
Vegetação de pradarias em Kansas - EUA
Vegetação desértica
  Ocorre nas regiões onde atua o clima desértico, muito seco ao longo do ano. Nessas áreas encontram-se plantas adaptadas a escassez de água, as denominadas plantas xerófilas.
  As paisagens desérticas têm alguns elementos em comum. O solo do deserto é principalmente composto de areia, com frequente formação de dunas. Paisagens de solo rochoso são típicas, e refletem o reduzido desenvolvimento do solo e a escassez de vegetação. Os processos de erosão eólica (provocada pelo vento) são importantes fatores na formação de paisagens desérticas.
Deserto do Arizona - EUA
Vegetação de alta montanha
  Localizada nas áreas de altas montanhas, trata-se de uma vegetação bastante variável conforme a altitude e a posição do relevo. Predominantemente campestre, é composta de gramíneas e arbustos nas partes mais baixas do relevo, e musgos e línquens nas partes mais elevadas.
Vegetação de montanhas no Canadá
Vegetação mediterrânea
  O litoral sudoeste dos Estados Unidos apresenta uma vegetação densamente arborizada, caracterizada por árvores de pequeno e médio porte adaptadas a períodos secos. Essa região, normalmente, recebe ventos úmidos e chuva durante o inverno, apresentando verões quentes e secos e invernos úmidos e frios.
Vegetação mediterrânea, na Califórnia - EUA
FONTE: Torrezani, Neiva Camargo. Vontade de saber geografia, 8º ano / Neiva Camargo Torrezani. - 1. ed. - São Paulo: FTD, 2012.

segunda-feira, 3 de março de 2014

NOVAS RELAÇÕES DE TRABALHO NOS ESPAÇOS DA GLOBALIZAÇÃO

  A globalização é um dos processos de aprofundamento internacional da integração econômica, social, cultural e política que teria sido impulsionada pelo barateamento dos meios de transporte e comunicação dos países no final do século XX e início do século XXI.
  Embora vários estudiosos situem a origem da globalização em tempos modernos, outros traçam a sua história muito antes da era das descobertas e viagens ao Novo Mundo pelos europeus. No final do século XIX e início do século XX, a conexão das economias e culturas do mundo cresceu muito rapidamente.
  O termo globalização tem estado em uso crescente desde meados da década de 1980 e, especialmente, a partir de 1990.
  Em 2000, o Fundo Monetário Internacional (FMI) identificou quatro aspectos básicos da globalização: comércio e transações financeiras, movimentos de capital e de investimento, migração e movimento de pessoas e a disseminação de conhecimento. Além disso, os desafios ambientais, como a mudança climática, poluição do ar e excesso de pesca do oceano estão ligadas à globalização.
A expansão das transnacionais pelo mundo é um dos exemplos da globalização
  As novas tecnologias presentes nos espaços da globalização alteraram as relações espaço-tempo, intensificando a produção e os fluxos de mercadorias, pessoas e informações entre os lugares.
  O trabalho de vendas ou de atendimento ao consumidor está presente em quase todos os produtos comercializados e serviços prestados, como na área de saúde, de TV a cabo, telefonia fixa e móvel, internet, energia elétrica, serviços bancários, de cartão de crédito, entre outros. É comum a presença de dezenas de funcionários num mesmo ambiente de trabalho onde se utilizam, principalmente, as tecnologias do computador e do telefone. Essa forma de se relacionar entre empresas, prestadores de serviços, clientes, e entre as pessoas, é uma das características atuais da economia capitalista que predomina no mundo globalizado.
Tecnologia da Informação (TI)
  A influência da tecnologia transformou as relações na sociedade e contribuiu para uma nova organização do trabalho nos mais diversos setores da economia - financeiro, saúde, educação, lazer, entre outros -, tanto nos países industrializados como nos que estão em desenvolvimento.
  A produção para atender diferentes mercados, em todos os países e continentes, e a necessidade de ter custos menores acompanhados de inovações tecnológicas intensificaram  o uso da automação no processo produtivo. Essa informação reduziu o número de vagas e, consequentemente, de empregados nas empresas, provocando o chamado desemprego estrutural.
  O desemprego estrutural resulta das mudanças da estrutura da economia. Estas provocam desajustamentos no emprego da mão de obra, assim como alterações na composição da economia associada ao desenvolvimento. Existem duas causas para este tipo de desemprego: insuficiência da procura de bens e de serviços e insuficiência de investimento em torno da combinação de fatores produtivos desfavoráveis.
O uso cada vez maior da tecnologia vem provocando o chamado desemprego estrutural
  Nos países mais desenvolvidos, a utilização cada vez maior de recursos tecnológicos na produção industrial e na prestação de serviços gera desemprego nas fábricas. Em contrapartida, crescem as atividades no setor de serviços e o emprego nessa área. Já nos países menos desenvolvidos, o uso da tecnologia impulsionam também as atividades de serviços, mas provocam desemprego ainda maior na produção industrial e aumenta a pobreza. Os principais setores atingidos pelo desemprego estrutural são a agricultura, a estrutura de terceirização, a prestação de serviços e a indústria.
A mecanização da agricultura contribui para o êxodo rural
  Até a primeira metade do século XX, quando grande parte dos empregos estava voltada para a produção de bens, como automóveis, eletrodomésticos, roupas e outros objetos de uso pessoal, o trabalhador passava muitas horas na linha de produção, realizando movimentos repetitivos e mecânicos. Esse modelo de organização do trabalho tinha o objetivo de fabricar mercadorias de forma mais eficiente e rápida possível.
  Os trabalhadores - inclusive os mais especializados, os que não atuavam diretamente na linha de produção e que trabalhavam no setor administrativo - geralmente criavam vínculos fortes com a empresa, permanecendo no mesmo lugar de trabalho por vários anos, na mesma atividade. Porém, a partir da segunda metade do século XX, as mudanças na economia provocadas pela expansão mundial das grandes empresas e pela competitividade tornaram mais flexíveis a organização da produção e as relações de trabalho.
Uma das grandes mudanças nas relações de trabalho se deu com o fordismo
  Assim, o objetivo de melhorar os índices de produtividade dos funcionários e da competitividade do produto continua o mesmo, mas os instrumentos que tornam isso possível num mercado agora globalizado avançaram enormemente. A capacidade de inovar, interagir e cooperar no ambiente de trabalho são atualmente habilidades e atitudes valorizadas nas novas relações de trabalho a fim de aumentar a eficiência do empregado, e são estimuladas pelas empresas com gratificações e prêmios.
  O local de trabalho, por sua vez, também se tornou mais flexível. Em algumas atividades profissionais, as tarefas podem ser desenvolvidas fora do ambiente da empresa. Com a utilização de computadores pessoais ou portáteis, da internet, de celulares, tablets e sistemas de voz e imagem via internet, alguns profissionais podem inclusive trabalhar em casa, na mesma cidade da empresa ou até em outro país.
O avanço das telecomunicações permitiu as pessoas trabalharem sem sair de casa
  Apesar das mudanças nas relações de trabalho e de produção assinaladas nas últimas décadas, nem todas as empresas têm modelos de organização modernos. Muitas atividades produtivas procuram se tornar atuais, enfrentando várias dificuldades para serem competitivas no mercado.
  Além disso, muitos trabalhadores ainda vivenciam condições consideradas degradantes de trabalho em vários países do mundo: jornadas de trabalho sem períodos de descanso adequados, trabalhadores constantemente vigiados e controlados para atingirem a quantidade prevista de produção, salários baixos, muitas vezes insuficientes para garantir a sua sobrevivência.
A vigilância é uma das formas de pressionar os trabalhadores
  Com o avanço da tecnologia, os trabalhadores não qualificados são os que mais sofrem no mercado de trabalho. Sem oportunidades, acabam por entrar no mundo do subemprego.
  Subemprego é uma situação econômica localizada entre o emprego e o desemprego. Ocorre normalmente quando a pessoa não tem recursos financeiros ou formação técnica profissional para se recolocar no mercado de trabalho. Tal situação, que deveria ser temporária, transforma-se em definitiva quando o trabalhador não consegue mais voltar à economia formal, se transformando em trabalhador informal (sem apoio da Previdência Social, salário fixo, carteira assinada, seguro-desemprego, férias, décimo terceiro salário, entre outros).
  São exemplos de subemprego: camelôs, flanelinhas, catadores de material reciclável, ambulantes, entre outros.
Trabalhador informal
FONTE: Geografia nos dias de hoje, 9º ano / Cláudio Giardino ... [et al.]. - 1. ed. - São Paulo: Leya, 2012. - (Coleção nos dias de hoje)

ADSENSE

Pesquisar este blog