terça-feira, 19 de junho de 2012

OS GRANDES DOMÍNIOS NATURAIS

  É incrível a diversidade dos seres vivos que habitam o planeta Terra! Em apenas um quilômetro de floresta, podemos encontrar uma enorme quantidade de espécies de bactérias, ácaros, fungos, insetos, aves e répteis.
A ESFERA DA VIDA
  Florestas fechadas entremeadas por rios, extensas áreas desérticas, porções de terras recobertas por neve, recifes de corais, essa enorme diversidade de ambientes representa uma pequena amostra da biosfera, a esfera que abriga a vida existente na Terra. A biosfera se estende desde as profundezas dos oceanos até a troposfera, a camada inferior da atmosfera.
  Os insetos ocupam posição de destaque na imensa teia de vida que compõe a biosfera. Com um número enorme de espécies e uma excepcional abundância, eles podem ser encontrados em todos os continentes e até mesmo em ambientes aquáticos. Um exemplo disso são os besouros e as moscas.
As moscas são os insetos mais comuns em todas as partes do mundo
  Aproximadamente três quartos de todas as espécies animais do mundo são de insetos, e cerca de um terço destas são de besouros. As mais de 300 mil espécies de besouros existentes possuem mandíbulas trituradoras de alimentos e, por isso, têm um papel importante no equilíbrio da biosfera.
  Há besouros carnívoros, que se alimentam de outros insetos, evitando a superpopulação de determinado grupo. Há aqueles que se alimentam apenas de vegetais e são capazes de devorar em pouco tempo a folhagem de diversas plantas, acelerando o processo de decomposição da matéria orgânica. Além disso, juntamente com as abelhas e as borboletas, exercem papel fundamental como polinizadores, ou seja, levam o pólen das flores de uma planta a outra, permitindo a continuidade da vida vegetal no planeta.
As abelhas exercem um importante papel na polinização das plantas
  Algumas espécies de moscas também são importantes para a fertilização de plantas, pois, quando voam de flor em flor, carregam em suas patas o pólen responsável pela reprodução das plantas. Entretanto, ao contrário da maioria das espécies animais, as moscas convivem tão bem com a sujeira produzida pela espécie humana que se tornaram vetores de transmissão de doenças.
  A distribuição das espécies vegetais pela biosfera é bastante sensível às condições climáticas. O tipo de clima determina a velocidade de crescimento das plantas, assim como o seu período de reprodução. Dessa forma a floração e o amadurecimento dos frutos ocorrem em momentos diferentes em cada região. Isso interfere também no ciclo de reprodução dos animais que dependem diretamente disso, como os insetos polinizadores e as aves frugívoras (que se alimentam de frutas)
Tucano - exemplo de ave frugívora
OS DOMÍNIOS NATURAIS
  Considerando as interações entre os seres vivos, podemos dividir a biosfera em domínios naturais, que são classificados de maneira hierárquica.
  Na base desses domínios naturais, estão as comunidades ecológicas, nas quais diferentes espécies de seres vivos, reunidos em determinada área, estabelecem entre si uma teia completa de interações. Assim, o que é resíduo para uma espécie, por exemplo, pode servir de alimento para outra.
  Os ecossistemas reúnem diferentes comunidades ecológicas, tais como as existentes em lagos, encostas de montanha, florestas etc.
  Os biomas, por sua vez, são formados por um conjunto de ecossistemas associados e abrangem grandes extensões.
  Entre os principais biomas terrestres, destacam-se a floresta tropical úmida ou pluvial, a savana, o deserto, a vegetação mediterrânea, as pradarias, a estepe, a floresta temperada, a taiga e a tundra.
A FLORESTA TROPICAL
  Se você sobrevoar uma região extensa de floresta tropical, certamente vai se sentir navegando sobre um mar verde. Isso porque as copas das árvores encobrem totalmente o solo. Por outro lado, se você olhar para cima, caminhando sobre o chão da floresta, dificilmente verá o céu, encoberto por uma densa camada de folhas.
  As florestas tropicais são caracterizadas pela grande presença de árvores altas e densamente agrupadas. O fato de serem perenifólias, isto é de apresentarem folhas perenes, que não caem em nenhuma das estações do ano, dá à floresta tropical um aspecto compacto, quando vistas do alto.
Floresta Amazônica
  Apesar de as florestas tropicais ocuparem apenas uma décima parte da superfície dos continentes, elas abrigam 60% das espécies vegetais e animais conhecidas no mundo.
  Em uma floresta equatorial ou tropical, as variações de temperatura são relativamente pequenas ao longo do ano. As temperaturas oscilam entre 25ºC e 30ºC, tanto de dia quanto à noite. Além disso, ocorre um volume de chuvas elevado, com índices pluviométricos de pelo menos 2.000 milímetros anuais. Por isso ela é classificada também como floresta tropical pluvial.
  Outra característica importante desse bioma é sua organização em estratos de vegetação, que comporta desde plantas rasteiras e arbustos até árvores de grande porte.
  O primeiro estrato arbóreo atinge entre 1 metro e 20 metros acima do solo. Nele, a umidade é muito elevada e a mata é escura e fechada.
Mata Atlântica
  A maior parte das espécies da árvore da floresta tropical possui entre 30 e 40 metros de altura, formando o chamado estrato arbóreo superior. As copas dessas árvores estão em contato com as outras, formando uma imensa camada de folhas sempre verdes, pois recebem luz diretamente durante o ano todo.
  Acima do estrato arbóreo superior, ainda podem ser observadas algumas árvores isoladas, que chegam a ultrapassar os 60 metros de altura.
  Um dos fatores que contribuem para a riqueza das florestas tropicais é a presença de grandes bacias hidrográficas. Situadas em regiões extremamente úmidas e que recebem uma quantidade muito grande de chuvas ao longo de todo o ano, as florestas tropicais são atravessadas por alguns dos maiores rios do mundo.
Perfil esquemático das florestas tropicais
  O rio Amazonas atravessa praticamente toda a floresta equatorial brasileira (a Floresta Amazônica) e recebe água de diversos grandes afluentes que cortam parte da mesma floresta nos países vizinhos.
  A Floresta do Congo, a maior do continente africano, é cortada pelo rio Congo, o segundo em volume de água do mundo, enquanto as florestas tropicais do Sudeste Asiático recebem as águas do rio Mekong e seus afluentes.
Rio Mekong em Luang Prabang - Laos
  Milhares de espécies de peixes e outros organismos vivem ou dependem de recursos trazidos pelos rios presentes nas florestas tropicais.
  Apesar de toda essa riqueza e diversidade, essas florestas se sustentam em solos arenosos, que apresentam deficiência de nutrientes. Como tanta matéria viva vegetal é sustentada nas florestas tropicais? A resposta está logo acima de seu solo: as camadas de folhas da própria floresta e da fauna local contêm seus nutrientes.
  Por meio de um processo chamado ciclagem de nutrientes, a matéria orgânica da floresta e da fauna que ela abriga - folhas, frutos, carcaças de animais etc. - é triturada e decomposta, gerando os nutrientes fundamentais para o crescimento e o sustento das plantas. Os principais responsáveis pela ciclagem de nutrientes são as formigas e os cupins, que trituram e misturam a matéria orgânica, e os fungos e bactérias, que decompõem a matéria em substâncias químicas utilizadas pelas plantas em sua nutrição.
Serrapilheira na Floresta Amazônica
  Quando ocorre desmatamento, a quantidade de matéria orgânica da qual provêm os nutrientes diminui de forma drástica. Além disso, a água das chuvas passa a atingir o solo desprotegido, causando a lixiviação, ou seja, a dissolução e o transporte dos poucos nutrientes que restaram. Assim, o desmatamento interrompe a ciclagem dos nutrientes e impede a recomposição da floresta.
  As florestas tropicais estão entre os ambientes mais ameaçados pelos impactos provocados pelos seres humanos. Grandes áreas delas já foram destruídas em todo o mundo, acarretando impactos em diversas escalas.
  Para o conjunto da humanidade, a degradação das florestas tropicais implica a perda da diversidade biológica e mudanças climáticas globais. Para as comunidades tradicionais desses lugares, que se dedicam à coleta dos produtos florestais, o desmatamento é uma ameaça à própria sobrevivência.
Área degradada da Floresta Amazônica
AS SAVANAS
  As savanas são uma formação vegetal na qual convivem plantas rasteiras, como diversos tipos de capins e árvores e arbustos de galhos retorcidos e folhas pequenas. Elas ocorrem em áreas de transição entre regiões de clima úmido e de clima marcado pela alternância de estações secas e chuvosas. Cobrindo mais de 10% da superfície dos continentes, dominam partes da América do Sul, da África, da Índia e da Austrália.
  Nas savanas, predominam espécies vegetais dotadas de raízes profundas, cascas grossas e folhas ásperas. É o caso da mangabeira, no Brasil.
  As duas maiores regiões de savana do mundo estão localizadas na África e no Brasil. No Brasil, a savana é conhecida como cerrado, e ocorre principalmente na porção central do país.
Vegetação de cerrado
  Apesar de comporem um mesmo bioma, a savana africana e o cerrado brasileiro apresentam diferenças importantes. No cerrado, o número de espécies vegetais é maior que o da savana africana, mas esta abriga mamíferos de grande porte, como elefantes, leões, girafas e zebras, ausentes no Brasil em geral.
  A variedade de animais de grande porte também pode ser observada em outras áreas de savana do mundo. Por exemplo, na savana da Índia, também existem elefantes; na da Austrália, há os avestruzes e os emus. Com certa frequência, o período de seca provoca a migração massiva desses herbívoros para áreas mais úmidas.
Savana africana
OS DESERTOS
  Os desertos são biomas extremamente secos. Os índices pluviométricos não ultrapassam os 250 milímetros anuais.
  Em muitos casos, os desertos encontram-se em zonas de climas quentes e podem alcançar temperaturas acima de 50 °C. A umidade é muito baixa e não há formação de nuvens. À noite, a temperatura pode chegar à 0 °C. Os desertos quentes apresentam as maiores amplitudes térmicas mundiais.
  Os desertos, porém, não existem apenas em regiões quentes. Há aqueles localizados em altas latitudes, nas quais o frio predomina. É o caso dos desertos da Mongólia Interior e de Góbi, na Mongólia, e de Taklimakan, na China.
Deserto de Góbi na Mongólia
  A existência dos desertos está associada a diversos fatores, entre eles a presença de áreas de alta pressão atmosférica, que originam os ventos secos e quentes das altas latitudes em direção às regiões próximas dos trópicos de Câncer e de Capricórnio.
  Alguns desertos ou regiões semiáridas devem a sua escassez hídrica às altas montanhas, que impedem a passagem de nuvens úmidas para essas regiões.
Deserto do Atacama no Chile
O papel das correntes marítimas
  As correntes marítimas também contribuem bastante para a formação dos climas árido e semiárido.
  Correntes marítimas são massas de água em movimento, que se comportam como rios que correm dentro dos oceanos. Seu deslocamento é decorrente de diversos fatores, como o movimento de rotação da Terra e as diferenças de densidade da água do mar, as quais resultam das diferenças de temperatura e do grau de salinidade.
  As correntes marítimas possuem diferentes temperaturas e podem influenciar muito o clima das regiões por onde passam.
Mapa das correntes marítimas
  As correntes frias de Humboldt (ou do Peru), no Oceano Pacífico, e de Benguela, no Atlântico, por exemplo, influenciaram diretamente na formação dos desertos de Atacama, no Chile, e da Namíbia e do Kalahari, na África, respectivamente. Como ocorre intensa evaporação e precipitação nos pontos de ressurgência do oceano, as massas de ar chegam secas quando atingem os continentes.
Deserto do Kalahari na Namíbia
  Os desertos são constituídos principalmente por dunas de areia ou solos rochosos. As áreas desérticas arenosas formaram-se a partir de depósitos de sedimentos de antigos lagos ou de costas marinhas que existiam em remotas eras geológicas. As cactáceas são vegetais característicos desse bioma. Suas folhas são cobertas de camadas de cera ou formam espinhos, o que diminui sua transpiração, e seu caule é esponjoso, o que facilita o armazenamento de água.
  Os animais do deserto alimentam-se de sementes, e toda a água de que necessitam procede de alimentos sólidos. A maioria deles mantém atividades noturnas e passa grande parte do dia em abrigos debaixo do solo ou de formações rochosas.
Feneco ou raposa do deserto - animal típico do deserto do Saara
AS ESTEPES
  Estepe é uma palavra russa que designava originalmente a vegetação rasteira que se estende das planícies da Hungria até a Mongólia. Mas essa vegetação também pode ser encontrada no oeste dos Estados Unidos, na Argentina, na Austrália e no sul da África.
  A falta de árvores nas estepes é explicada, principalmente, pela grande irregularidade pluviométrica. Poucas plantas toleram a escassez prolongada de água, mas as espécies que vivem nas estepes possuem adaptações que lhe permitem suportar tal condição.
Estepe na Mongólia
  Folhas espessas e pequenas, muitas vezes modificadas em espinhos, são características marcantes da vegetação de estepes. Essas modificações diminuem a perda de água por evaporação.
  Em alguns casos, a ausência de árvores nas estepes é decorrência da grande  quantidade de herbívoros. Na América do Norte, os bisões contribuíram durante milhares de anos para que as florestas não se desenvolvessem nesse bioma. O mesmo parece ter ocorrido no extremo meridional da América do Sul, com os guanacos; na Europa, com os cavalos; e na Austrália, com os cangurus.
Guanacos nas estepes da América do Sul
  Nas estepes de clima mais frio, muitos animais se reúnem em grandes rebanhos, realizando migrações periódicas até zonas de clima mais favorável. Nesses ambientes abertos, viver em grupo é uma boa estratégia de sobrevivência. Alguns predadores, como os lobos, adotam a técnica de caça em grupo, são bons corredores e estão adaptados aos deslocamentos por grandes distâncias.
Estepes nas Europa
AS PRADARIAS
  As pradarias ocupam as regiões temperadas e são mais comuns em áreas distantes dos oceanos. Nelas predominam espécies de vegetação rasteira.
  Há muito tempo as pradarias são utilizadas como pastagens naturais. Na Ucrânia, na Argentina e nos Estados Unidos, onde os solos são muito férteis, o bioma das pradarias foi praticamente extinto e sua área de ocorrência original acabou sendo transformada em campos de cultivos de cereais.
  No Brasil, as pradarias continuam razoavelmente preservadas. Conhecidas como pampas, espalham-se pelas grandes planícies do Rio Grande do Sul. Nesse caso, o aproveitamento econômico das pradarias associa-se principalmente à criação extensiva de gado.
Campos de grãos nas pradarias do Canadá
A VEGETAÇÃO MEDITERRÂNEA
  A vegetação mediterrânea ocupa uma área correspondente a apenas 5% da superfície dos continentes, reunindo faixas de terra dos litorais da África do Sul, da Austrália, do Norte da África e do sul da Europa, nas quais os invernos são úmidos e frescos, e os verões, secos e muito quentes. Trata-se de um bioma também conhecido como chaparral, no qual predominam espécies vegetais rasteiras e pequenos arbustos.
Vegetação mediterrânea na Espanha
  O bioma de vegetação mediterrânea concentra 20% das espécies vegetais do planeta, grande parte das quais são exclusivas dele. Nas faixas do litoral mediterrâneo europeu e africano, as plantas mais frequentes são as oliveiras e as videiras. Os principais centros de produção de azeitonas e azeite de oliva do mundo são encontrados nessas áreas, que também abrigam importantes vinícolas.
  Em algumas porções do território europeu, principalmente no sul da Grécia, da Espanha, de Portugal e da França, predominam os garrigues e os maquis, vegetação espinhenta e ressecada. A érica, na África do Sul, e as acácias e os eucaliptos, na Austrália, são variantes do bioma conhecido como vegetação mediterrânea.
  Existem registros da presença de sociedades humanas antigas em biomas mediterrâneos, os quais vêm sendo alterados pelas atividades pastoril e agrícola há mais de 10 mil anos.
Cultivo de oliveira na Grécia
A FLORESTA TEMPERADA
  A floresta temperada é um bioma que se desenvolve em áreas cujas estações climáticas são bem definidas, com verão quente e úmido e inverno rigoroso.
  O solo dessa floresta recebe muito mais luz do que o da floresta tropical e, por causa disso, ela apresenta grande diversidade de vegetação rasteira e arbustiva em seu interior. As árvores mais comuns desse bioma são os álamos, os pinheiros, os abetos e os carvalhos.
  As espécies arbóreas da floresta temperada são caducifólias, ou seja, de folhas caducas, que envelhecem, secam e morrem. A queda das folhas no outono é uma adaptação das plantas para o frio do inverno. Se as folhas fossem perenes (como as das florestas tropicais sempre verdes), a neve poderia queimar as plantas, dificultando sua sobrevivência.
Floresta temperada no Canadá
  Atualmente as florestas temperadas estão reduzidas a bosques nas áreas montanhosas, situadas acima de 1.500 metros. Na zona temperada menos fria, as antigas florestas foram derrubadas e substituídas por campos agrícolas ou áreas urbanas.
  Apesar de ser um dos biomas mais degradados do mundo, a predominância das florestas temperadas em algumas áreas foi tão grande que elas se tornaram símbolos de países. Por exemplo, a bandeira do Canadá é decorada com uma folhar de ácer, uma árvore típica das florestas temperadas daquele país.
Floresta de Sherwood na Inglaterra
A TAIGA
  Ao norte da floresta temperada se encontra um amplo cinturão de florestas de coníferas, conhecidas pelo termo russo taiga. Uma conífera é uma planta que forma sementes em pinhas, mas não possui flores. As pinhas ou cones são estruturas em escamas protetoras que se abrem e liberam as sementes.
  Apesar de sua forma delgada, as folhas de coníferas são muito eficientes para captar luz. Elas são perenifólias, pois aproveitam a energia solar para realizar fotossíntese o ano todo. As pinhas possuem sementes nutritivas, por isso é grande a diversidade de aves na copa dessas árvores.
  A fauna dominante das florestas de coníferas é composta de insetos e pequenos mamíferos. Muitos desses mamíferos passam o verão se alimentando ou guardando alimentos para suportar o severo clima de inverno.
Esquilo se alimentando de uma pinha
  O bioma da taiga desenvolve-se em sentido latitudinal. Ele está presente do Mar Báltico, na Europa, passando pela Rússia até o norte da China e do Japão, na Ásia; na América do Norte vai do Alasca à costa do Atlântico Norte. Trata-se da maior área de floresta do mundo.
  Na taiga encontram-se sequoias, árvores nativas da América do Norte que podem viver milênios e atingir cerca de 100 metros de altura. Essa espécie permite estudos interessantes relativos às condições climáticas do passado, ou seja, aos paleoclimas.
Sequoias do Sequoia National Park, nos Estados Unidos
  O crescimento das árvores, em geral, varia conforme as estações do ano. Os anéis de seus troncos revelam crescimentos anuais bem delimitados, o que permite saber ainda se o inverno foi longo ou curto e estabelecer a data em foram cortadas.
  Em função das características do bioma temperado frio, algumas espécies de pinheiro apresentam crescimento mais rápido. Por causa disso, e também devido à homogeneidade, as florestas de coníferas são muito exploradas para a retirada de madeira, que é utilizada pela indústria de papel e celulose, de móveis e de construção civil. O Canadá e a Suécia são os maiores produtores mundiais dessa matéria-prima tão valiosa.
Floresta de taiga no Canadá
A TUNDRA
  "Terra sem árvores" é o significado do termo tundra, na língua dos lapões, povos da Lapônia, situada no extremo norte da Escandinávia, região mais setentrional do Hemisfério Norte.
  A tundra ocupa 5% das terras emersas do planeta. É uma formação vegetal que se desenvolve em regiões muito frias, cujo subsolo mantém-se congelado durante o ano inteiro. No curto período do verão, a radiação solar e o derretimento do gelo superficial permite a formação de áreas pantanosas, propícias ao desenvolvimento de musgos e liquens. Essa é a vegetação de tundra.
Tundra no norte do Canadá
  Nessas condições, a tundra apresenta um ciclo lento de renovação. Por causa disso, nos terrenos da Lapônia destinadas ao rebanho de renas,  cria-se apenas uma cabeça por quilômetro quadrado, de forma a minimizar os impactos e a impedir a degradação do pasto natural.
  Apesar do frio e da escassez de vegetação, a tundra abriga uma fauna variada, com um número elevado de animais, alguns de grande porte, como as renas, os ursos polares e as raposas do Ártico. Lebres e diversos tipos de roedores sobrevivem em tocas. Nas zonas costeiras, vivem várias espécies de aves e também de animais marinhos. Entre estes últimos, estão as pequenas e as grandes baleias. No Ártico, aves e baleias migram para o sul durante o inverno, em busca de temperaturas mais amenas.
Boi almiscarado - um dos grandes animais do bioma da tundra
FONTE: Araújo, Regina. Observatório de geografia: 6° ano: temas e desafios / Regina Araújo, Ângela Corrêa da Silva, Raul Borges Guimarães. - São Paulo: Moderna, 2009.

sábado, 16 de junho de 2012

A NOVA DINÂMICA DA REDE URBANA BRASILEIRA SEGUNDO O IBGE

  Existem no país doze grandes redes de influência, que interligam até mesmo municípios situados em diferentes estados. A rede centralizada por São Paulo, por exemplo, também abrange parte de Minas Gerais, do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia e Acre. O Rio de Janeiro tem projeção no próprio estado, no Espírito Santo, no sul da Bahia e na Zona da Mata mineira.
  A rede de Brasília influi no oeste da Bahia, em alguns municípios de Goiás e no noroeste de Minas Gerais. As outras nove redes de influência são centralizadas por Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Goiânia, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre.
Sistemas urbanos no Brasil
  Foram analisadas informações fornecidas pela rede de agências do IBGE sobre 4.625 municípios, e registros administrativos do próprio instituto, de órgãos estatais e empresas. A atual configuração da rede urbana brasileira é comparada com estudos feitos pelo IBGE em 1972, 1987 e 2000.
  Entre os diversos dados comparativos coletados a respeito das 12 redes de influência, nota-se que, para fazer compras, a população brasileira se desloca cerca de 49 km, em média. Na rede de influência de Manaus, no entanto, essa distância é de 218 km. Para frequentar uma universidade, o deslocamento médio, em Mato Grosso é de 112 km, contra 41 km na rede de influência do Rio de Janeiro. Pacientes percorrem, em média no país, 108 km em busca de atendimento médico.
  O estudo Regiões de Influência das Cidades mostra as redes formadas pelos principais centros urbanos do País, baseadas na presença de órgãos do executivo, judiciário, de grandes empresas e na oferta de ensino superior, serviços de saúde e domínios de internet. Tais redes, às vezes, se sobrepõem à divisão territorial oficial, estabelecendo forte influência até mesmo entre cidades situadas em diferentes unidades da federação.
  Para definir os centros da rede urbana brasileira, buscam-se informações de subordinação administrativa no setor público federal, no caso da gestão federal, e de localização das sedes e filiais de empresas, para estabelecer a gestão empresarial. A oferta de equipamentos e serviços - informações de ligações aéreas, de deslocamentos para internações hospitalares, das áreas de cobertura das emissoras de televisão, da oferta de ensino superior, da diversidade de atividades comerciais e de serviços, da oferta de serviços bancários, e da presença de domínios de Internet - complementa a identificação dos centros de gestão do território.
 Mapa do crescimento das capitais brasileiras
  Nos 4.625 municípios (entre os 5.564 existentes) que não foram identificados como centros de gestão, a Rede de Agências do IBGE respondeu a um questionário específico, em fins de 2007, que investigou: as principais ligações de transportes regulares, em particular as que se dirigem aos centros de gestão; os principais destinos dos moradores locais, para obter produtos e serviços (compras, educação superior, aeroportos, serviços de saúde, aquisição de insumos e destino dos produtos agropecuários).
HIERARQUIA DAS METRÓPOLES E CENTROS TECEM AS REDES DE INFLUÊNCIA
  As áreas de influência dos centros foram delineadas a partir da intensidade das ligações entre as cidades, com base em dados secundários e os obtidos no questionário específico. Foram identificadas 12 redes de primeiro nível. As cidades foram classificadas em cinco níveis, por sua vez, subdivididos em dois ou três subníveis:
1. Metrópoles - os 12 principais centros urbanos do país, com grande porte, fortes relacionamentos entre si e, em geral, extensa área de influência direta. Tem três subníveis:
a) Grande metrópole nacional - São Paulo, o maior conjunto urbano do país, com 19,8 milhões de  habitantes, está no primeiro nível da gestão territorial.    É considerada a Grande Metrópole Nacional, devido possuir uma projeção em todo o país, e sua rede abrange, além do próprio estado de São Paulo, parte do Triângulo Mineiro e do sul de Minas, estendendo-se para Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia e Acre. Concentra, nos municípios que a compõem, cerca de 28,0% da população brasileira e 40,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
São Paulo - maior cidade brasileira
b) Metrópole nacional - Rio de Janeiro e Brasília, com uma população de 12,7 milhões de habitantes e 3,7 milhões de habitantes, respectivamente, também estão no primeiro nível da gestão territorial. Juntamente com São Paulo, constituem foco para centros localizados em todo o país.
  O Rio de Janeiro, tem projeção no próprio estado, no Espírito Santo, em parcela do sul da Bahia e na Zona da Mata de Minas Gerais, onde divide influência com Belo Horizonte. Essa rede conta com 11,3% da população do país e 14,4% do PIB nacional.
Rio de Janeiro - segunda maior cidade do país
  A população da rede de Brasília representa 2,5% da população brasileira e 4,3% do PIB nacional. A extensão dessa rede compreende o oeste da Bahia, alguns municípios de Goiás e do noroeste de Minas Gerais. Essa rede tem alta concentração de população e renda no centro, que responde por 72,7% da população e 90,3% do PIB da rede. Entre todas as redes urbanas do Brasil, esta tem o mais alto PIB per capita (R$ 25,3 mil).
Brasília (DF) - capital do Brasil
c) Metrópole - Manaus (2.141.667 habitantes), Belém (2.122.079 habitantes), Fortaleza (3.610.379 habitantes), Recife (3.898.470 habitantes), Salvador (3.574.804 habitantes), Belo Horizonte (5.413.627 habitantes), Curitiba (3.168.980 habitantes), Goiânia (2.206.134 habitantes) e Porto Alegre (3.979.561 habitantes), constituem o segundo nível da gestão territorial. Manaus e Goiânia, apesar de estarem no terceiro nível da gestão territorial, têm porte e projeção nacional que lhes garantem a inclusão neste conjunto.
  A rede urbana de Belo Horizonte responde por 9,1% da população e 7,5% do PIB do país. A metrópole concentra 30,5% da população e 40,4% do PIB da rede. O PIB per capita do centro é mais alto, de R$ 12,7 mil, e nos demais municípios da rede ele não passa de R$ 8,2 mil per capita. Minas Gerais corresponde à área de influência desse centro, exceto a área do sul do estado, ligada a São Paulo, e as áreas de influência compartilhada - a Zona da Mata com o Rio de Janeiro e parte do Triângulo, com São Paulo.
Belo Horizonte - terceira maior metrópole do país
  Manaus, controla uma das redes de maior área (19% do território do país), e de menor densidade (2,2 hab./km²), correspondendo a 1,9% da população do país e 1,7% do PIB nacional. De modo similar à rede imediata de Brasília, Manaus concentra a maior parte da população e do PIB da rede, respectivamente, 47,3% e 75,5%. Tal concentração tem como efeito grande disparidade no PIB per capita, que é de R$ 10,4 mil para o conjunto da rede, correspondendo R$ 16,5 mil ao centro, Manaus, e R$ 4,8 mil aos demais municípios.
Manaus - AM
  A rede de Belém, assim como a de Manaus, tem baixa densidade, 5,5 hab./km², correspondendo a 4,2% da população do país. Em 2005, a rede respondia por 2% do PIB nacional, com PIB per capita de R$ 5,7 mil, um dos menores do país, sendo o valor de Belém de R$ 7,9 mil, e o dos demais municípios de R$ 4,8 mil.
Belém - PA
  A rede de Fortaleza, a terceira maior em população do país (11,2%), contava, em 2005, com apenas 4,5% do PIB nacional. Como consequência, possui o menor PIB per capita entre as redes, com R$ 4,7 mil, registrando em Fortaleza R$ 7,6 mil e no restante da rede R$ 4,1 mil. Com população dispersa, apenas 15,8% da população total encontram-se na metrópole, que concentra 25,7% do PIB da rede. Abrange o Ceará, Piauí e Maranhão e compartilha a área do Rio Grande do Norte com Recife.
Fortaleza - CE
  A rede urbana de Recife, é a quarta mais populosa do país, com 10,3% de seus habitantes. Deste total, 19,5% se concentram em Recife. Em 2005, a rede detinha 4,7% do PIB nacional, sendo Recife responsável por 29,0% desta parcela, com um PIB per capita de R$ 8 mil, e de R$ 4,7 mil no restante da rede.
No primeiro plano, Olinda; no segundo, Recife - PE
  Salvador e sua rede urbana respondem por 8,8% da população do país e 4,9% do PIB nacional. Salvador concentra 22,4% da população e 44% do PIB da rede, com um PIB per capita de R$ 12,6 mil, enquanto para os demais municípios componentes, este valor é de R$ 4,6 mil.
Salvador - BA
  Curitiba e sua rede reúnem 8,8% da população do país e 9,9% do PIB nacional. Em Curitiba, concentram-se 18,6% da população e 23,5% do PIB da rede. O PIB per capita indica menos desigualdade na renda, ainda que o do centro seja superior ao do restante da rede (R$ 16,6 mil e R$ 12,3 mil, respectivamente), com uma das menores razões, entre todas as redes.
Curitiba - PR
  A população da rede urbana de Porto Alegre representa 8,3% do total nacional e o PIB é de 9,7%. Porto Alegre concentra 19,2% da população e 24,1% do PIB da rede; o seu PIB per capita, de R$ 17,1 mil, é relativamente pouco superior ao do restante da rede (R$ 12,8 mil).
Porto Alegre - RS
  Goiânia e sua rede urbana concentram 3,5% da população e 2,8% do PIB nacional. Goiânia concentra 30,2% da população e 29,7% do PIB da rede; possui um PIB per capita de R$ 9,2 mil, e é o único caso de centro com esse valor inferior ao do restante da rede, que é de R$ 9,5 mil. Abrange os estados de Goiás e Tocantins, tendo ainda alguma penetração no Pará, Maranhão, Piauí e Mato Grosso.
Goiânia - GO
2. Capital regional - são 70 centros que, como as metrópoles, também se relacionam com o estrato superior da rede urbana. Com capacidade de gestão no nível imediatamente inferior ao das metrópoles, têm área de influência de âmbito regional, sendo referidas como destino, para um conjunto de atividades, por grande número de municípios. Este nível também tem três subdivisões:
a) Capital regional A - possui 11 cidades com medianas de 955 mil habitantes e 487 relacionamentos. São elas: São Luís (MA), Aracaju (SE), Campinas (SP), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Florianópolis (SC), João Pessoa (PB), Maceió (AL), Natal (RN), Teresina (PI) e Vitória (ES).
Natal - uma dascapitais regionais A
b) Capital regional B - compreende 21 cidades com medianas de 435 mil habitantes e 406 relacionamentos. Fazem parte as seguintes cidades: Blumenau, Chapecó e Joinville (SC), Campina Grande (PB), Cascavel, Londrina e Maringá (PR), Caxias do Sul, Passo Fundo e Santa Maria (RS), Feira de Santana, Ilhéus/Itabuna e Vitória da Conquista (BA), Juiz de Fora, Montes Claros, Uberlândia e Uberaba (MG), Ribeirão Preto e São José do Rio Preto (SP), Palmas (TO) e Porto Velho (RO).
Campina Grande (PB) - uma das capitais regionais B
c) Capital regional C - compreende 38 cidades com medianas de 250 mil habitantes e 162 relacionamentos. Fazem parte: Araçatuba, Araraquara, Bauru, Marília, Sorocaba, São José dos Campos, Santos, Presidente Prudente e Piracicaba (SP), Araguaína (TO), Arapiraca (AL), Barreiras (BA), Petrolina(PE)/Juazeiro(BA), Boa Vista (RR), Cachoeiro de Itapemirim (ES), Volta Redonda/Barra Mansa, Campos dos Goytacazes (RJ), Caruaru (PE), Criciúma (SC), Ipatinga/Coronel Fabriciano/Timóteo, Teófilo Otoni, Divinópolis, Governador Valadares, Passos, Poços de Caldas (MG), Juazeiro do Norte/Crato/Barbalha, Sobral (CE), Dourados (MS), Novo Hamburgo/São Leopoldo, Pelotas/Rio Grande, Ijuí (RS), Imperatriz (MA), Macapá (AP), Marabá, Santarém (PA) Mossoró (RN), Rio Branco (AC) e Ponta Grossa (PR).
Mossoró (RN) - capital regional C
3. Centros subrregionais - são 169 centros com atividades de gestão menos complexas, dominantemente entre os níveis 4 e 5 da gestão territorial; têm sua área de atuação mais reduzida, e seus relacionamentos com centros externos à sua própria rede dão-se, em geral, apenas com as três metrópoles nacionais. Com presença mais adensada nas áreas de maior ocupação do Nordeste e do Centro-Sul, e presença mais esparsa nas regiões Norte e Centro-Oeste. Estão subdivididos em dois grupos:
a) Centro subrregional A - constituído por 84 cidades com medianas de 95 mil habitantes e 112 relacionamentos. Fazem parte: Caicó e Pau dos Ferros (RN), Cajazeiras, Guarabira, Patos e Sousa (PB), Garanhuns e Serra Talhada (PE), Cratéus, Iguatu e Quixadá (CE), Floriano, Parnaíba e Picos (PI), Bacabal, Caxias, Pinheiro e Santa Inês (MA), Guanambi, Irecê, Jacobina, Jequié, Paulo Afonso, Santo Antônio de Jesus e Teixeira de Freitas (BA), Alfenas, Barbacena, Lavras, Manhuaçu, Muriaé, Patos de Minas, Ponte Nova, Pouso Alegre e Ubá (MG), Anápolis, Itumbiara e Rio Verde (GO), Apucarana, Umuarama, Campo Mourão, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, Guarapuava, Paranaguá, Paranavaí, Pato Branco e Toledo (PR), Bagé, Bento Gonçalves, Erechim, Lajeado, Santa Cruz do Sul, Santa Rosa, Santo Ângelo e Uruguaiana (RS), Barra do Garças, Sinop, Cáceres e Rondonópolis (MT), Barretos, Botucatu, Catanduva, Franca, Jaú, Limeira, Ourinhos, Rio Claro, São João da Boa Vista e São Carlos (SP), Cabo Frio, Itaperuna, Macaé e Nova Friburgo (RJ), Castanhal e Redenção (PA), Caçador, Itajaí, Joaçaba, Lages, Rio do Sul e Tubarão (SC), Colatina e São Mateus (ES) e Ji-Paraná (RO).
Ji-Paraná (RO) - um dos centros subrregionais A
b) Centro subrregional B - constituído por 79 cidades, com medianas de 71 mil habitantes e 71 relacionamentos. Fazem parte: Açu e Currais Novos (RN), Abaetetuba, Altamira, Bragança, Breves, Cametá, Capanema, Itaituba, Paragominas e Tucuruí (PA), Afogados da Ingazeira, Palmares, Araripina, Arcoverde e Vitória de Santo Antão  (PE), Alagoinhas, Bom Jesus da Lapa, Brumado, Cruz das Almas, Eunápolis, Itaberaba, Ribeira do Pombal, Senhor do Bonfim e Valença (BA), Andradina, Araras, Assis, Avaré, Bragança Paulista, Guaratinguetá, Itepetininga, Itapeva e Registro (SP), Angra dos Reis, Resende e Teresópolis (RJ), Araranguá, Balneário Camboriú, Brusque, Concórdia, Mafra, São Miguel do Oeste e Videira (SC), Ariquemes, Cacoal e Vilhena (RO), Balsas, Chapadinha, Pedreiras e Presidente Dutra  (MA), Campo Maior e São Raimundo Nonato (PI), Caratinga, Cataguases, Conselheiro Lafaiete, Itajubá, Ituiutaba, Janaúba, São João del Rei, São Lourenço e Viçosa (MG), Carazinho, Cruz Alta e Frederico Westphalen (RS), Cianorte, Ivaiporã, Santo Antônio da Platina e  União da Vitória (PR), Cruzeiro do Sul (AC), Gurupi (TO), Itabaiana (SE), Itapipoca (CE), Itaporanga (PB), Linhares (ES), Parintins e Tefé (AM) e Santana do Ipanema (AL).
São João del Rey (MG) - centro subrregional B
4. Centro de zona - constituído por 556 cidades de menor porte e atuação restrita à sua área imediata. Exercem funções de gestão elementares. Subdivide-se em:
a) Centros de zona A - compreende 189 municípios, com medianas de 45 mil habitantes e 49 relacionamentos. Predominam os níveis 5 e 6 da gestão territorial (94 e 72 cidades, respectivamente), com nove cidades no quarto nível e 16 não classificadas como centros de gestão. São elas: Acaraú, Aracati, Canindé, Icó, Limoeiro do Norte e Russas (CE), Açailândia, Barra do Corda, Codó, Cururupu e Governador Nunes Freire (MA), Adamantina, Amparo, Bebedouro, Birigui, Cruzeiro, Dracena, Fernandópolis, Ituverava, Jales, Jundiaí, Lins, Mogi Guaçu, Olímpia, Penápolis, Santa Fé do Sul, São José do Rio Pardo, Tatuí, Tupã e Votuporanga  (SP), Além Paraíba, Almenara, Araçuaí, Araxá, Caldas Novas, Campo Belo, Capelinha, Carangola, Caxambu, Curvelo, Diamantina, Formiga, Frutal, Guanhães, Guaxupé, Itabira, Januária, João Monlevade, Pará de Minas, Patrocínio, Pirapora, Salinas, São Sebastião do Paraíso, Três Corações e Unaí (MG), Almeirim,  Conceição do Araguaia e Parauapebas (PA), Alta Floresta, Diamantino, Juina, Mirassol d'Oeste, Primavera do Leste, São Félix do Araguaia e Sorriso (MT), Aquidauana, Corumbá, Mundo Novo, Naviraí, Nova Andradina, Ponta Porã e Três Lagoas (MS), Aracruz e Nova Venécia (ES), Arapongas, Assis Chateubriand, Cornélio Procópio, Dois Vizinhos, Ibaiti, Irati, Jacarezinho, Jandaia do Sul, Laranjeiras do Sul, Loanda, Marechal Cândido Rondon, Medianeira, Palmas e Telêmaco Borba (PR), Barreiros, Belo Jardim, Carpina, Goiana, Limoeiro, Pesqueira, Salgueiro, Ouricuri, Surubim e Timbaúba (PE), Bom Jesus, Corrente, Esperantina, Oeiras e Piripiri (PI), Caçapava do Sul, Camaquã, Cerro Largo, Estrela, Encantado,  Guaporé, Ibirubá, Lagoa Vermelha, Marau, Montenegro, Nova Prata, Osório, Vacaria, Palmeira das Missões, Santiago, São Borja, São Gabriel, São Jerônimo, São Luís Gonzaga, Sarandi, Soledade, Taquara, Torres, Três de Maio, Três Passos e Venâncio Aires (RS), Caetité, Camacan, Conceição do Coité, Ipiaú, Itamaraju, Itapetinga, Macaúbas, Porto Seguro, Santa Maria da Vitória, Seabra, Serrinha e Sique-Xique (BA), Campos Novos, Canoinhas, Curitibanos, Imbituba, Maravilha, Pinhalzinho, São Bento do Sul, Tijucas e Timbó (SC), Catalão, Ceres, Goiás, Iporá, Jataí, Mineiros, Morrinhos, Pires do Rio, Porangatu, Quirinópolis, São Luís de Montes Belos e Uruaçu (GO), Catolé do Rocha, Itabaiana, Mamanguape, Monteiro e Pombal (PB), Colinas do Tocantins, Dianópolis, Guaraí, Paraíso de Minas, Porto Nacional e Tocantinópolis (TO), Estância, Lagarto, Nossa Senhora da Glória e Propriá (SE), Itacoatiara e Tabatinga (AM), Jaru e Rolim de Moura (RO), João Câmara e Macau (RN), Palmeira dos Índios, Penedo, União dos Palmares e São Miguel dos Campos (AL), Santo Antônio de Pádua e Três Rios (RJ).
Codó (MA) - centro de zona A
b) Centro de zona B - compreende 364 cidades, com medianas de 23 mil habitantes e 16 relacionamentos. A maior parte, 235, não havia sido classificada como centro de gestão territorial, e outras 107 estavam no mesmo nível. São elas: Abaeté, Abre-Campo, Águas Formosas, Aimorés, Andradas, Araguari, Arcos, Arinos, Baependi, Bambuí, Bicas, Boa Esperança, Bom Jardim de Minas, Buritis, Cambuí, Campos Altos, Carmo do Paranaíba, Coluna, Congonhas, Cruzília, Dores do Indaiá, Entre Rios de Minas, Extrema, Ipanema, Itacarambi, Itamonte, Iturama, Jacutinga, Joaíma, João Pinheiro, Lagoa da Prata, Lambari, Leopoldina, Machado, Malacacheta, Manga, Mantena, Monte Carmelo, Oliveira, Ouro Fino, Paracatu, Paraisópolis, Peçanha, Pedra Azul, Pitangui, Piumhi, Porteirinha, Resplendor, Rio Pomba, Santa Bárbara, Santa Maria do Suaçuí, Santos Dumont, São Francisco, São Gotardo, São João Evangelista, São João Nepomuceno, Serro, Taiobeiras, Três Pontas, Turmalina, Várzea da Palma, Vazante, Virginópolis, Visconde do Rio Branco e Wenceslau Braz (MG); Aparecida, Apiaí, Auriflama, Bariri, Capivari, Garça, General Salgado, Guararapes, Ilha Solteira, Itápolis, Itararé, Leme, Lorena, Lucélia, Matão, Mococa, Monte Aprazível, Nanuque, Orlândia, Osvaldo Cruz, Palmeira d’Oeste, Paraguaçu Paulista, Piraju, Presidente Epitácio, Presidente Venceslau, Rancharia, Santa Cruz do Rio Pardo, São Joaquim da Barra, São Sebastião, Taquaritinga, Taiobeiras e Tietê (SP); Araruama, Bom Jesus de Itabapoana, Itaocara, Quatis, Rio Bonito e Valença (RJ); Afonso Cláudio, Barra de São Francisco, Castelo, Espírito Santo do Pinhal, São Gabriel da Palha e Venda Nova do Imigrante (ES); Alexandria, Apodi, Canguaretama, Parelhas, Passa e Fica, Patu, Santa Cruz, Santo Antônio, São Miguel, São Paulo do Potengi e Umarizal (RN); Brejo Santo, Camocim, Cruz, Guaraciaba do Norte, Ipu, Iracema, Itapajé, Jaguaribe, São Benedito, Senador Pompeu e Tauá (CE); Araruna, Desterro, Piancó, Princesa Isabel, Santa Luzia, São Bento, São João do Rio do Peixe, Sumé e Uiraúna (PB); Belém de São Francisco, Floresta, Santa Cruz da Baixa Verde, São José do Egito, São Vicente Férrer e Tabira (PE); Barra Bonita, Batalha, Delmiro Gouveia, Olho d’Água das Flores, Pão de Açúcar e Porto Calvo (AL); Canindé de São Francisco, Neópolis e Nossa Senhora das Dores (SE); Amargosa, Barra, Boquira, Caculé, Capim Grosso, Cícero Dantas, Esperantinópolis, Euclides da Cunha, Gandu, Ibicaraí, Ibotirama, Jaguaquara, Livramento de Nossa Senhora, Nazaré, Paramirim, Riachão do Jacuípe, Rio Real, Santana, Serra Dourada e Valente (BA); Alto Parnaíba, Araioses, Carutapera, Coelho Neto, Colinas, Fortaleza dos Nogueiras, Grajaú, Lago da Pedra, Maracaçumé, Mirinzal, Pio XII, Poções, Presidente Juscelino, Santa Helena, Santa Luzia do Paruá, São Bento, São João dos Patos, Tutoia, Viana, Vitorino Freire e Zé Doca (MA); Água Branca, Alto Longá, Amarante, Anísio de Abreu, Avelino Lopes, Barras, Canto do Buriti, Caracol, Castelo do Piauí, Curimatá, Fronteiras, Gilbués, Jaicós, Luzilândia, Paulistana, Pedro II, Piracuruca, Santa Filomena, São João do Piauí, São Miguel do Tapuio, Simões, Simplício Mendes, União, Uruçuí e Valença do Piauí (PI); Carauari, Eirunepé e Lábrea (AM); Capitão Poço, Monte Alegre, Monte Alto, Tucumã, Vigia e Xinguara (PA); Araguaçu, Araguatins, Fátima, Miracema do Tocantins, Natividade, Palmeirópolis, Pedro Afonso e Taguatinga (TO); Cerejeiras, Guajará-Mirim e Ouro Preto do Oeste (RO); Brasileia, Sena Madureira e Tarauacá (AC); Anicuns, Campos Belos, Crixás, Goianésia, Goiatuba, Inhumas, Itaberaí, Itapaci, Itapuranga, Jussara, Niquelândia, Posse, Rubiataba, Sanclerlândia e São Miguel do Araguaia (GO); Água Boa, Alto Araguaia, Araputanga, Barra do Bugres, Campo Novo do Parecis, Colíder, Comodoro, Confresa, Jaciara, Juara, Lucas do Rio Verde, Miranda, Nova Mutum, Peixoto de Azevedo, Pontes e Lacerda, Terra Nova do Norte e Vila Rica (MT); Amambai, Bataguassu, Bela Vista, Camapuã, Cassilândia, Chapadão, Coxim e Jardim (MS); Andirá, Barracão, Campina da Lagoa, Capanema, Chopinzinho, Coronel Vivida, Faxinal, Goioerê, Guaíra, Jaguariaíva, Matinhos, Nova Londrina, Palmeira, Paranacity, Pitanga, Prudentópolis, Quedas do Iguaçu, Rio Negro, Roncador, São João do Ivaí, São Mateus do Sul e Siqueira Campos (PR); Alegrete, Arroio do Meio, Arvorezinha, Boa Vista do Buricá, Capão da Canoa, Casca, Constantina, Cristal do Sul, Espumoso, Garibaldi, Getúlio Vargas, Horizontina, Itaqui, Mostardas, Muçum, Nonoai, Nova Petrópolis, Pinheiro Machado, Rodeio Bonito, Salto do Jacuí, Salvador do Sul, Sananduva, Santa Vitória do Palmar, Santana do Livramento, Santo Antônio da Patrulha, Santo Augusto, São Sebastião do Caí, São Valentim, Serafina Corrêa, Sinimbu, Sobradinho, Tapejara, Tapes, Tenente Portela, Teutônia, Tramandaí, Tucunduva e Veranópolis (RS); Abelardo Luz, Braço do Norte, Capinzal, Ibirama, Indaial, Itapiranga, Ituporanga, Ponte Serrada, Porto União, Presidente Getúlio, São Domingos, São João Batista, São José do Cedro, São Lourenço do Oeste, Seara, Sombrio, Tangará, Taió e Xaxim (SC).
Aparecida (SP) - centro de zona B
5. Centro local -  as demais 4.473 cidades, cuja centralidade e atuação não extrapolam os limites do seu município, servindo apenas aos seus habitantes, têm população dominantemente a 10 mil habitantes (mediana de 8 a 133 mil habitantes). Em relação aos elementos da análise, os 802 centros acima do nível 5 abrangem 548 centros de gestão do território e 254 cidades com centralidade identificada a partir dos questionários, que foram incluídas no conjunto final. Destas 254 cidades, a maior parte está classificada como centro de zona.
Carnaúba dos Dantas (RN) - exemplo de centro local
Brasil tem 12 redes urbanas comandadas por metrópoles
  No topo da hierarquia urbana, 12 metrópoles comandam redes urbanas. As redes são diferenciadas em termos de tamanho, organização e complexidade e apresentam interpenetrações, pela ocorrência de vinculação a mais de um centro, resultando em dupla ou tripla inserção na rede. Um bom exemplo é Florianópolis, que integra as áreas de Curitiba e Porto Alegre, e o de Natal, nas redes comandadas por Recife e Fortaleza. Por essa razão, a soma dos valores apresentados para cada uma das redes supera o total nacional.
Florianópolis - SC
A hierarquia dos centros se alterou em quatro décadas
  Ao comparar-se os centros urbanos identificados em 1966 com aqueles examinados neste estudo, verifica-se que os centros que emergiram no período se localizam predominantemente nos estados de Mato Grosso, Rondônia e Tocantins, no oeste do Amazonas e no sul do Pará. Com menor intensidade, houve ascensão de novos centros no Maranhão e Piauí. Nas áreas de ocupação mais antiga, como São Paulo, Rio de Janeiro e sul de Minas Gerais, o quadro é mais estável, e algumas cidades deixam de exercer maior centralidade, possivelmente com as mudanças em comunicação e transportes.
Vilhena (RO) - cidade que teve um grande crescimento nas últimas décadas
  Os 12 centros atualmente identificados como metrópoles (São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Goiânia), são praticamente os mesmos de 40 anos atrás, com exceção de Brasília e Manaus.
  Brasília, então recém-criada, foi classificada com Centro Regional B em 1966. No estudo de 1978, foi classificada como Capital Regional, mantendo-se a subordinação à Goiânia. Já em 1993, foi considerada cabeça-de-rede. Em 2007, torna-se uma das duas Metrópoles Nacionais do país. Manaus, subordinada à Belém no estudo de 1966, tornou-se metrópole regional no estudo de 1978.

Centros de segundo nível também mudaram de status
  No segundo nível, das Capitais Regionais, há alguns centros que, em 1966, eram classificadas no terceiro nível, o dos Centros Sub-regionais. São exemplos deste movimento ascendente, na região Norte: Porto Velho (RO), Rio Branco (AC), Marabá e Santarém (PA) e Macapá (AP); no Nordeste: Imperatriz (MA) e Barreiras (BA); no Centro-Sul: Volta Redonda/Barra Mansa (RJ), Santos e São José dos Campos (SP), Cascavel (PR) e Dourados (MS). Casos mais extremos são os de Boa Vista (RR), de Araguaína (TO), de Ipatinga/Coronel Fabriciano/Timóteo (MG) e de Novo Hamburgo/São Leopoldo (RS), que saltaram do quarto nível para o segundo, e o de Palmas (TO), criada em 1989, também no segundo nível.
Barreiras - BA
  Inversamente, centros do segundo nível, em 1966, estão agora no terceiro nível. São exemplos, no Nordeste: Floriano (PI), Garanhuns (PE) e Jequié (BA); no Centro-Sul: Muriaé (MG), Ourinhos (SP), Pato Branco (PR), Lages (SC), Santa Rosa e Santa Cruz (RS) e Anápolis (GO).
Floriano - PI
  As principais mudanças no período devem-se ao adensamento ou à emergência de redes em territórios de ocupação rarefeita, e ao fortalecimento do papel das capitais estaduais, um processo já sinalizado no estudo de 1978. Além disso, o surgimento de novos centros de nível intermediário provocou a subdivisão das áreas de influência dos grandes centros, entre 1966 e 2007. Houve transformações nas regiões Norte e Centro-Oeste. Manaus, que em período anterior, já dividira a extensa área abrangida por Belém, teve sua área dividida pela ascensão de Porto Velho, que, incorporando a rede de Rio Branco, passa a vincular-se, preferencialmente, não mais a Manaus, mas a São Paulo e Brasília.
Porto Velho - RO
  A criação do estado do Tocantins - e de sua capital - alterou a estruturação da rede de Goiânia. Palmas, além de assumir a função de capital do novo estado, demonstra forte centralidade e, embora se mantenha na região de influência de Goiânia, efetivamente articula sua própria rede.
  A área de Imperatriz passa a ligar-se com São Luís, e não mais com Belém. Recife tem sua influência reduzida, perdendo a área do Piauí para Teresina, e passando a dividir a rede de Natal com Fortaleza. O alcance de Fortaleza amplia-se, tanto a leste, por Natal, como pela expansão das redes de São Luís e de Teresina. Florianópolis assume o controle de quase toda Santa Catarina (exceto da rede de Joinville, no norte, ligada à Curitiba) e passa a ter dupla vinculação: com Curitiba e com Porto Alegre.
São Luís - MA
No Centro-Oeste e Norte, as atividades de comércio e serviços concentram-se nas capitais
  Em 5.275 unidades territoriais pesquisadas, 23 centros estão na classe 1 do comércio, enquanto apenas São Paulo e Rio de Janeiro estão na classe 1 dos serviços. Os estados do Sudeste destacam-se na diversidade de oferta de comércio e serviços, especialmente São Paulo. O setro também é relevante no Sul.
  Já no Centro-Oeste e no Norte, o comércio e os serviços concentram-se nas áreas de maior densidade populacional e nas capitais. A região Nordeste apresenta duas dinâmicas distintas, uma do interior, outra do litoral, especificamente das capitais, tanto para o comércio quanto para os serviços. A rede urbana dessa região é fortemente comandada pelas capitais dos estados, apoiadas em poucos centros no interior, como os de Campina Grande (PB), Juazeiro-Petrolina (BA-PE), Caruaru (PE), Mossoró (RN), Juazeiro do Norte-Crato-Barbalha (CE), Feira de Santana, Ilhéus-Itabuna e Vitória da Conquista (BA).
Petrolina-Juazeiro (PE-BA)
Mais de 40% dos municípios brasileiros contavam com apenas um banco em 2004
  Existem 2.391 cidades que contam com apenas um banco. Das cinquenta maiores instituições financeiras por ativo total, 32 têm sede em São Paulo, quatro estão em Brasília, três no Rio de Janeiro, duas em Fortaleza, Belo Horizonte e Porto Alegre, e uma em Belém, Salvador, Vitória, Curitiba e Florianópolis. No Sudeste e no Sul estão os maiores bancos privados de capital nacional ou estrangeiro, enquanto nas demais regiões predominam instituições oficiais, federais e estaduais.
  São Paulo ocupa o primeiro nível, seguido pelo Rio de Janeiro e por Brasília, no segundo nível. No terceiro nível, destacam-se Belo Horizonte, Curitiba, Campinas e Porto Alegre e, no Nordeste - Fortaleza, Recife e Salvador. O quarto nível, o último em que estão maciçamente presentes todos os bancos de atuação nacional e de significativo número de outras instituições, inclui a maior parte das demais capitais estaduais, as demais subáreas de concentração de população que constituem a área de São Paulo, e tradicionais capitais regionais do Centro-Sul, a exemplo de Juiz de Fora, Uberlândia, São José do Rio Preto, Londrina, Maringá, Joinville, Pelotas-Rio Grande, bem como centros do porte de Santa Cruz do Sul e Rio Verde.
São José do Rio Preto - SP
Ensino de graduação no RJ está concentrado na capital, enquanto em MG está distribuído pelo interior
  Em 2004, havia cursos de graduação em 1.261 centros, atendendo a um total de 4,1 milhões de alunos matriculados em 18.644 cursos distribuídos por áreas do conhecimento: Agricultura e Veterinária; Ciências Sociais, Negócios e Direito; Ciências; Matemática e Computação; Educação; Engenharia, Produção e Construção; Humanidades e Artes; Programas ou Cursos Gerais; Saúde e Bem-Estar Social; e Serviços.
  Foram identificados dois centros no primeiro nível (São Paulo e Rio de Janeiro) e nove no segundo nível (oito capitais e a área de Campinas). Em 2004, São Paulo tinha 1,1 milhão de matrículas no ensino de graduação (53,8% na capital e o restante no interior do estado), Rio de Janeiro tinha 444 mil matrículas (84,1% na capital) e Minas Gerais, 421 mil matrículas (35% na capital).
  Apesar de ser um centro de primeiro nível, Rio de Janeiro tem o ensino de graduação muito concentrado na capital. No Nordeste e no Norte, pode-se destacar a grande quantidade de pequenos municípios do interior que contam com cursos superiores nos estados de Tocantins, Maranhão, Bahia, Amazonas e Pará. Como contraponto, Amapá e Roraima mostram um sistema de ensino superior ainda acanhado.
Unicamp (Universidade de Campinas) - Campinas - SP
Capitais concentram cerca de 70% dos cursos de pós-graduação
  Ao final de 2005, havia 3.325 cursos de pós-graduação strictu sensu, repartidos entre os cursos de mestrado, mestrado profissional e doutorado. Os cursos eram encontrados em apenas 109 centros, revelando a concentração do sistema brasileiro de pós-graduação. Chama atenção a enorme disparidade entre os números de cursos por grande região, com a região Sudeste (1.880) superando em muito a região Sul (638).
  Há cursos no interior, apesar de eles ainda se encontrarem, em sua maioria, nas capitais dos estados. As 27 capitais oferecem 2.284 cursos (68,7%), enquanto os 82 centros do interior compreendem 1.041 (ou 31,3%). Fora das regiões Sudeste e Sul, o papel concentrador das capitais é ainda mais marcante. No Norte (112 cursos), Belém e Manaus destacam-se claramente em relação às demais capitais.
Reitoria da UFRN - Natal - RN
Grandes centros regionais tradicionais destacam-se na área de saúde
  Em relação aos serviços de saúde, destacam-se São Paulo e Rio de Janeiro. O segundo e o terceiro níveis correspondem aos centros capazes de prestar atendimento mais complexo, distinguindo-se entre si pelo tamanho. No segundo, estão as áreas das maiores capitais estaduais: Belo Horizonte, Recife, Fortaleza, Porto Alegre, Curitiba, Goiânia, Salvador, Belém e Manaus, bem como Brasília e Campinas. No terceiro nível, além de dez capitais estaduais (Vitória, João Pessoa, Cuiabá, Campo Grande, Maceió, Teresina, São Luís, Natal, Aracaju e Florianópolis) destacam-se grandes centros regionais tradicionais, como Campina Grande, Juiz de Fora, Uberlândia, Ribeirão Preto e Londrina, entre outros.
  No quarto nível, os centros são de menor porte, mas ainda predominam condições de atendimento de mais alta complexidade. Embora apresente alta concentração nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, o quarto nível está representado em todo o país, em centros regionais longamente estabelecidos, a exemplo de Montes Claros, Joinville, Maringá, Arapiraca, Feira de Santana, Caruaru, Teresópolis, Sobral, Parnaíba e em centros de projeção mais recente, como Sinop e Palmas.
Centro de Arapiraca - AL
São Paulo e Rio de Janeiro comandam sistema de redes de televisão aberta
  São Paulo e Rio de Janeiro comandam o sistema de redes de TV aberta, gerando e propagando grande parte de sua programação. O sistema conta com 171 centros que emitem sinais, diferenciados em cinco níveis, e outros 5.036 que apenas recebem os sinais e integram as áreas de influência, diferenciando-se os mais conectados, que recebem maior número de redes nacionais, daqueles cujo grau de conexão é menor. As áreas de cobertura dos municípios com emissoras de TV afiliadas, tanto as nacionais quanto as regionais, variam regionalmente e acompanham as diferenças de concentração espacial de população e renda.
Ligações aéreas no Brasil tem estrutura concentrada
  As ligações aéreas no Brasil têm estrutura concentrada. No total de ligações, 32 pares de cidades são responsáveis por pouco mais da metade dos passageiros transportados (50,2%), e o transporte de carga possui padrão semelhante, da mesma ordem de grandeza. Existe, de acordo com o estudo, concentração no volume dos fluxos, notadamente no Centro-Sul do país.
Média das distâncias percorridas nos transportes coletivos no Amazonas é de 270 km
  Em relação aos transportes coletivos, destaca-se a atração exercida por São Paulo e Rio de Janeiro em pontos distantes do Nordeste. No interior do estado da Bahia, ocorre outro fluxo longo de caráter interestadual, voltado para Brasília. O mesmo acontece entre algumas cidades de Roraima e Manaus, num movimento que contribui para tornar a média das distâncias percorridas a partir de municípios de Roraima (270 km), a maior do país. O Amazonas é o outro estado em que a média das distâncias das viagens ficou acima dos 200 km, destoando até mesmo da média da região Norte, que foi de 107 km.
  Santa Catarina aparece com a menor média de distância dos deslocamentos (30 km), e Florianópolis, com o menor grau de atração no quesito transportes: apenas um fluxo longo foi registrado como primeiro destino (partindo do município de Mondaí). Outros estados com baixa média de distâncias percorridas são Rio de Janeiro (31 km), São Paulo (32 km) e Alagoas (33 km). A média nacional ficou em 61 km, e abaixo dela estão apenas as regiões Sul, com 36 km, e Sudeste, com 43 km, indicando maiores facilidades de transporte que contrastam com as grandes dificuldades de mobilidade das demais regiões do país.
Rodovia dos Imigrantes na Serra do Mar - SP
Na região Norte, o deslocamento médio para fazer compras é mais que o dobro que na média do país
  A média dos deslocamentos para compras no comércio varejista da população brasileira é de 48 km. Como característica geral, entretanto, observa-se que a tendência é no sentido de deslocamentos progressivamente mais longos, a partir das opções seguintes. Por exemplo, a média da segunda opção de deslocamento para compras é de 79 km, de 94 km para a terceira opção, e de 121 km para a quarta opção. Esse padrão, contudo, varia, em linhas gerais, de acordo com a estrutura da rede urbana brasileira: densa no Sudeste, Sul e litoral nordestino; mais esparsa no Centro-Oeste e no interior do Nordeste; e bem dispersa no Norte.
  Na região Norte, os deslocamentos de primeira opção envolvem em média 102 km, enquanto, no Sudeste, os mesmos deslocamentos equivalem em média a 38 km. No estado de São Paulo, por exemplo, que possui uma rede urbana bem estruturada e escalonada, predominam fluxos curtos e homogêneos. No Amazonas, no entanto, as redes que se formam envolvem deslocamentos longos, e chama a atenção o espraiamento da área capitaneada por Manaus, que exerce grande centralidade no estado.
  Há casos que fogem ao padrão regional, como o de Montes Claros, no norte de Minas Gerais, que exerce um forte poder de atração no norte mineiro, com deslocamentos médios de 110 km como primeira opção. Caso ímpar, é o de Macapá, que aparece como centro único no estado do Amapá.
Além da dispersão da rede urbana na região Norte, a precariedade das estradas dificultam o acesso das pessoas, como é o caso da Transamazônica, no estado do Amazonas
Universitários no Mato Grosso e região Norte deslocam-se em média mais de 100 km para estudar
  As regiões com menores médias de distância de deslocamento para cursar ensino superior eram 37 km, no Sul, e 47 km, no Sudeste, sendo Santa Catarina o estado com menor média, 28 km, seguido de São Paulo, com média de 35 km. Entretanto, os fluxos longos também se destacam, em geral, direcionados às capitais de alguns estados onde a rede de cidades médias e pequenas é menos pulverizada e apresenta menor dinamismo. É o que ocorre na Bahia, Ceará, Piauí, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Amapá e Amazonas.
  Os maiores deslocamentos ocorrem na região Norte e no estado de Mato Grosso. Este último, com média de 112 km, aproxima-se dos estados do Acre, Roraima e Amapá, todos com média acima dos 100 km, valores, no entanto, bem abaixo dos 295 km em média, percorridos no estado do Amazonas, que evidenciam a forte polarização exercida por Manaus.
Campus da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém - PA
Cidades das regiões Norte e Centro-Oeste buscam opções de lazer a mais de 100 km
  As médias das distâncias de deslocamento para opções de lazer fora do próprio município revelam as desigualdades no acesso ao entretenimento. As regiões Norte e Centro-Oeste têm médias bem acima da média nacional, que é de 65 km: 108 e 107 km, respectivamente. Nas demais regiões, os valores são de 58 km, no Nordeste; 50 km, no Sudeste; e 36 km, no Sul.
  Para lazer, predominam deslocamentos curtos do sul de Minas Gerais ao Rio Grande do Sul, e em boa parte do Nordeste; de fluxos de média extensão, na longa faixa iniciada no oeste de Minas Gerais e prolongada pela maior parte do interior do país; e de longos fluxos voltados para algumas capitais, indicando a grande carência, em vasta porção do território, de estabelecimentos que ofereçam eventos voltados ao lazer da população.
  Destaca-se a centralidade exercida por capitais como Belo Horizonte, Goiânia, Brasília, Salvador, Teresina, Manaus, Boa Vista e Macapá. Estas duas últimas foram mencionadas por todos os municípios pesquisados nos seus respectivos estados como sendo a primeira, e praticamente única, opção, visto que, no Amapá, apenas mais um município, Porto Grande, foi mencionado por Ferreita Gomes e, em Roraima, Pacaraima foi citado pelo município de Normandia. Ambos os destinos constam, porém, como segunda opção. Fica patente, assim, tanto a polarização exercida por parte de Boa Vista e Macapá quanto a grande limitação de opções de lazer nos demais municípios daqueles estados.
Festival folclórico de Parintins - AM
Pacientes percorrem em média 108 km em busca de atendimento especializado
  Quando procura atendimento fora do município, a população desloca-se em média 54 km na busca por serviços de saúde. Para a segunda opção, percebem-se fluxos mais longos, que podem representar deslocamentos para tratamento de maior nível de especialização, com deslocamentos que compreendem, em média, 108 km. Na terceira e quarta opções, as médias são de 144 km e 169 km, respectivamente.
  Ganham destaque centros de referência do sistema de saúde do país, como é o caso, por exemplo, de Goiânia, Teresina e Barretos. Analisando as diversidades regionais, observa-se um padrão que acompanha a organização da rede urbana brasileira. Nas regiões Sudeste e Sul, por exemplo, onde a rede urbana é bastante densa, predominam fluxos mais curtos, uma vez que os serviços de saúde se encontram distribuídos de forma mais oblíqua. Na região Norte, em parte do Centro-Oeste e do Nordeste, a rede urbana menos estruturada e os serviços de saúde ofertados em centros específicos, explicam a presença de fluxos mais longos. Mais uma vez chama a atenção a forte centralidade exercida por Manaus, na região Norte.
  Ao observar-se a segunda opção, ou seja, aquela que vai além dos serviços de saúde de uso mais frequente, as capitais exercem forte atração para a população do interior dos estados. Esse fenômeno se repete em todos os estados, com especial destaque, porém, no Nordeste do país, em Minas Gerais e Goiás. Vale ressaltar ainda a atratividade exercida por Brasília no oeste baiano.
Pronto Socorro João Lúcio na cidade de Manaus - AM
Deslocamento médio das pessoas até aeroportos é de 146 km
  O estudo verificou que as fronteiras dos estados exercem peso na definição das áreas de influência dos aeroportos. Deve-se considerar, ainda, a influência do caráter da viagem nos deslocamentos. A variação quanto à distância dos deslocamentos de primeira e segunda opção é relativamente pequena. Na primeira opção, os deslocamentos são em média de 146 km, enquanto para a segunda opção, são de 185 km.
  Acompanhando a ocupação populacional do território, a faixa litorânea, de ocupação mais densa, é mais bem atendida por aeroportos. Nas outras áreas, as rede é mais esparsa, implicando em longos deslocamentos para acesso aos aeroportos, por exemplo, em Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia.
  De modo geral, como primeira opção, notam-se ligações mais curtas. Contudo, aparecem centros que exercem dupla influência, pela relativa equidistância, com aeroportos de mesma categoria. Um exemplo de dupla influência é a exercida por Londrina e Maringá no Paraná; por Foz do Iguaçu e Cascavel, também no Paraná; por São Luís, no Maranhão e por Teresina, no Piauí. As áreas de influência desses centros, pelo menos no que se refere ao item aeroportos, são compartilhadas.
Aeroporto Internacional Marechal Cunha Machado, em São Luís - MA

FONTE: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

ADSENSE

Pesquisar este blog